Minha fé não é absurda Pr. Aluízio A. Silva Você não é bobo. Não acredita em qualquer coisa. Sabe distinguir o possível daquilo que é mentira. A inteligência testa as ideias para saber se são dignas de crédito. Por que, quando se trata de religião, as pessoas estão prontas para acreditar em qualquer coisa? Para crer em Deus, não precisamos rejeitar a inteligência. Existem muitas coisas loucas e absurdas feitas em nome de Deus e isso faz com que a fé pareça algo irracional. Por causa disso muitas pessoas simplesmente escolhem o caminho oposto, elas dizem não há Deus. Vivemos num tempo onde o ateísmo e o agnosticismo têm crescido entre pessoas ditas inteligentes e instruídas e para essas pessoas a fé não passa do ato desesperado de um salto no escuro. Mas isso não é verdade. Crer em Deus não é um salto no escuro sem saber se há algo lá embaixo. A fé em Deus não é algo absurdo. A verdade é que a nossa fé está baseada na lógica e no bom senso. Não renunciamos à nossa inteligência para crer em Deus. A fé e a razão podem caminhar juntas e a razão pode até mesmo fortalecer a nossa fé. O insensato é que diz que não há Deus; a lógica e a razão honesta sempre se rendem ao conhecimento de um criador. “Diz o insensato no seu coração: Não há Deus. Corrompem-se e praticam abominação; já não há quem faça o bem (Sl 14.1). Eu não posso tocar fisicamente em Deus. Não posso vê-lo com os meus olhos e nem posso prometer que você ouvirá a sua voz. Tão pouco posso provar a sua existência cientificamente ou apresentar uma equação onde demonstro por a+b que Deus existe. Isso é uma impossibilidade por que Deus está além de qualquer equação matemática, de qualquer tubo de ensaio. Não podemos provar a existência cientificamente, mas há diversas razões sólidas pelas quais podemos concluir com clareza lógica que Deus existe e que Ele fala conosco. Gostaria de apresentar quatro argumentos básicos que embasam a nossa fé em Deus. Não somos gente mística que renunciou à razão para crer em Deus. Uma vez que você reconheça a existência de Deus você poderá ter a sua própria experiência pessoal com Ele. 1. O Argumento cosmológico Cosmologia é uma palavra grega composta de outras duas, cosmos e logos, e significa “o sentido do mundo”, ou “a razão do mundo”. Esse argumento é baseado em três fundamentos lógicos. O primeiro fundamento lógico é que as coisas existem. Isto nos leva à inevitável pergunta: “por que as coisas existem? Por que estão aqui? Como vieram a existir? A ciência moderna diz que tudo é fruto do acaso. Dizem que houve um momento nos primórdios do planeta em que houve um caldeirão de substâncias químicas e gases sulfurosos que começaram a reagir quimicamente de tal maneira que a vida surgiu por acaso. Uma vez que alguma coisa existe, temos de perguntar para qual finalidade ela existe. Se o universo fosse apenas o vazio, não haveria tal questionamento, porque o nada não tem razão de existir. Mas uma vez que algo existe precisamos questionar a razão da sua existência. O segundo fundamento lógico da cosmologia é o princípio da dependência. As coisas dependem de algo fora delas para existirem. Se você for observador você verá que uma árvore depende da terra, depende da água e depende do sol. Uma árvore precisa de ar, a grama precisa de água, um animal depende de outros e assim por diante. Existe toda uma cadeia alimentar e ecológica sobre a terra. Existe uma completa interdependência. Nada existe por si só. Nada é totalmente independente ou auto-suficiente. O terceiro fundamento lógico é resultado dos dois primeiros. Se tudo é interdependente então deve existir um originador que está fora de todo o sistema. Este originador terá de ser necessariamente autosuficiente, independente de tudo o que foi criado. Em outras palavras ele teria de ser eterno e ilimitado. Ele deve ser maior do que tudo o que existe, porque é o originador. Mas você pode argumentar dizendo que é possível que tudo tenha surgido por acaso e que não existe a necessidade de um originador. Isso me introduz no meu próximo argumento. 2. O argumento teleológico O primeiro argumento, o cosmológico, olha todas as coisas e pergunta: “Quem pôs tudo ali?” O segundo argumento, que chamamos de teleológico, pergunta: “Por que tudo é tão complexo e ordenado?” O bom senso diz às pessoas que é impossível que tudo exista com tamanha ordem por mero acaso. O caos não pode gerar ordem. Deve haver uma inteligência por detrás. Mas hoje a ciência diz que tudo, até mesmo a vida é fruto de mero acaso. Um fortuito choque de gases. Mas essa conclusão é completamente ilógica. Ela agride a inteligência. A teoria cosmológica mais aceita em nossas dias é chamada teoria do “Big Bang”. Essa é uma expressão em inglês que significa algo como “uma grande explosão”. Segundo essa teoria o universo surgiu de uma grande explosão. Eu não discuto que tenha havido tal explosão, mas nada explode a partir do nada. Toda essa ordem e harmonia que vemos veio de uma explosão caótica? Diga-me, qual a probabilidade de que a explosão de uma fábrica de aço venha a criar um automóvel? Ou a explosão de uma gráfica venha a produzir um único livro? Ou ainda a explosão de uma confecção venha a produzir uma calça jeans de marca? Nós somos seres infinitamente mais complexos que um carro ou um livro ainda que magistralmente escrito. A lógica nos diz que não pode haver um desenho sem um desenhista. Não pode haver um projeto sem um projetista. O homem não poderia existir sem um criador. Um cientista calculou que a probabilidade de uma única molécula surgir por acaso é 10 elevado a 243. A lógica diz que há um Deus. Gosto de pensar nessa teoria da seguinte maneira: “Deus disse: big; então, bang!” Se esse argumento não o convenceu, eu quero ainda apresentar um terceiro argumento chamado de argumento da natureza moral. 3. O argumento da natureza moral Por que o ser humano possui um senso do certo e do errado dentro de si? Quem disse para ele que certas coisas são certas e outras são erradas? Na sua experiência você aprendeu de seus pais, mas você deve admitir que houve um dia em que essa consciência foi despertada no homem. Em todas as culturas de todas as épocas as pessoas veneram virtudes como o amor, a solidariedade, a fidelidade, a lealdade e a justiça. E em todas as culturas eles deploram a injustiça, o ódio, o roubo, a calúnia e o homicídio. Em toda cultura há um senso interior de perfeição e do ideal. Por que alguém que surgiu do nada iria sonhar com a perfeição? O desejo do homem de seguir uma determinada ordem moral e não outra mostra que dentro do homem existe uma natureza que procura o ideal, o perfeito. E essa natureza é a prova de que ele veio de Deus. Esse anseio pelo perfeito e ideal está na base de toda busca religiosa. E isso me introduz no meu último argumento, o da experiência religiosa. 4. O argumento da experiência religiosa Esse argumento por si só seria pouco, mas ele toma força quando o colocamos junto com os anteriores. É o fato de que milhões de pessoas em toda a história testemunham que tiveram uma experiência com Deus. Gente boa, de família, pessoas inteligentes e dignas. Milhões delas. Não seria possível que todas elas estivessem erradas. Se fosse um julgamento o testemunho de tantas pessoas certamente seria aceito, porque comumente elas são as melhores pessoas. Sei que muitas guerras já foram travadas em nome de Deus, mas devemos reconhecer que as melhores pessoas que já passaram por esse planeta eram pessoas religiosas que criam em Deus. Se realmente existe um Deus acima de nós e que nos criou então se segue algumas conclusões inevitáveis. A primeira conclusão é que deve haver um caminho para se chegar a Ele. Esse caminho é o Senhor Jesus, pois ninguém em toda a história disse ser o único caminho como Ele disse. “Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6). Todas as religiões ensinam ao homem um caminho para agradar a Deus. O cristianismo, porém, não ensina um caminho. Jesus nunca disse que veio para ensinar-nos um caminho, Ele apenas disse: “Eu sou o caminho”. Ele nunca disse que iria orar a Deus para que nós tivéssemos vida ou que iria nos ensinar uma maneira de termos vida. Ele apenas afirmou: “Eu sou a vida”. Ele nunca disse que veio nos ensinar a verdade, mas simplesmente afirmou: “Eu sou a verdade”. Por isso, Paulo diz que todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos em Cristo. A segunda conclusão inescapável é que todos terão de comparecer diante Dele para prestar contas de suas vidas. Portanto hoje é o dia, esse é o tempo aceitável diante de Deus. A decisão é sua. Creia, portanto, para que receba a vida. Em toda a história só houve um que afirmou ser um com Deus e a própria expressão de Deus – foi o Senhor Jesus. Você precisa se posicionar a respeito Dele. Houve um dia em que Jesus se declarou igual a Deus (Jo 5.18). Ele disse: “Eu e o Pai somos um, quem vê a mim, vê o Pai” (Jo 14.9). Os judeus entenderam isso, tanto que quiseram até apedrejá-Lo por causa dessa afirmação. Ele disse: “Antes que Abraão existisse, Eu Sou” (Jo 8.58). Eu Sou é o nome de Deus. Você não pode afirmar que Jesus era um grande homem e, ainda assim, não crer nessas afirmações que Ele fez a respeito de si mesmo. Você só tem três saídas com relação a essas afirmações de Jesus: a primeira possibilidade é que Ele era um mentiroso e enganador, porque, se Ele não era Deus, como afirmou sê-Lo, isso faz d’Ele um mentiroso. Você não pode dizer que um mentiroso é um grande homem. Ele pode ter ensinado coisas bonitas, mas se era mentiroso e enganador, não era grande coisa. A outra possibilidade é reconhecer que Ele era completamente maluco, um doido que tinha delírios ao afirmar ser Deus. Se você não admite que Ele foi um mentiroso e enganador, então talvez admita que Ele foi um lunático. Mas se admitir que Ele foi um louco varrido, por favor, não diga que foi um grande homem. Se não crê na primeira e nem na segunda possibilidade, então só resta uma alternativa: Ele falou a verdade quando disse ser Deus. Caso tenha dito a verdade, então Ele é Deus, e não apenas um grande homem. Não dá para aceitar os ensinos de Jesus e, ao mesmo tempo, rejeitá-Lo. Jesus é o Senhor. Um salvador feliz de nos salvar Pr. Aluízio Silva Deus realmente nos ama. Ele ama nos curar, restaurar e salvar. Ele não é um Deus que nos deprime ou coloca para baixo, mas é um Deus amoroso. O diabo sempre procura convencer as pessoas de que Deus não é generoso, que Ele está retendo alguma coisa. Sempre parecendo que Deus não está interessado em nos abençoar, mas a cruz de Cristo destrói todas essas mentiras. Deus nos amou de tal maneira que, mesmo não tendo que nos dar coisa alguma, decidiu dar-nos seu próprio Filho. Por isso, Deus hoje é justo em nos justificar. Mas como pode o homem ser justo diante de Deus? Até mesmo os nossos pensamentos são pecaminosos. Como, então, pode o homem ser justo diante de um Deus com padrões perfeitos? Deus é um Deus santo. As Escrituras declaram que Ele é justo em todos os seus caminhos. Se Deus negasse a sua santidade, todo o universo se desintegraria. Deus é santo e justo, mas a sua essência é amor. Quando olhamos para a cruz, vemos que o nosso Deus se entrega, se sacrifica e se dá por amor. Deus nos ama por causa d'Ele mesmo, e não por causa de algo bom que porventura houvesse em nós. Na sua justiça, Deus encontrou um meio de expressar seu amor. Sendo Ele justo, teve de punir nossos pecados, então Ele enviou seu Filho para ser punido em nosso lugar. Quando Cristo morreu pelos nossos pecados, a justiça e a santidade de Deus foram satisfeitas. Desde o princípio, quando Deus mesmo sacrificou o cordeiro no Éden para vestir Adão e sua esposa, Ele pintou o quadro que sem sangue não há remissão de pecado. Durante séculos, os judeus sacrificaram o cordeiro na Páscoa e nos sacrifícios diários anunciando que o Cordeiro viria. Até que chegou o dia em que João Batista apontou para Jesus e declarou: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo!” Deus não pôde achar em lugar algum um homem que pudesse fazer a redenção, pois em todo o homem há pecado. Mas, por fim, a virgem engravidou. A semente de Deus foi colocada na mulher. O Senhor Jesus não tinha a natureza do pecado. Não houve sangue humano na geração de Cristo. Nem Maria nem José tiveram qualquer participação na natureza de Cristo. Ele nasceu para ser o Cordeiro perfeito para o sacrifício pelos nossos pecados. Na cruz, sua justiça foi satisfeita, de tal maneira que, se hoje Deus rejeitasse um pecador, Ele estaria dizendo que o sacrifício de Cristo foi inútil. Ele teria de se desculpar com Cristo, mas Deus nunca pede desculpas pela simples razão de que Ele nunca comete erros. Dessa forma, pela cruz, a justiça de Deus é grandemente realçada. Como juiz, Deus nunca poderia deixar o pecado impune, mas, em Cristo, Ele mesmo pagou pelo pecado em nosso lugar. Quando o diabo questiona como um pecador pode adorar a Deus como um filho, o Pai simplesmente aponta para a cruz. O diabo é um legalista que jamais poderá compreender a graça de Deus. Deus não poderia simplesmente perdoar e esquecer o nosso pecado sem todo o sacrifício da cruz. Não poderia fazer isso porque todo pecado deve ser punido. Graças a Deus porque a punição dos nossos pecados foi completa na cruz. Na cruz, Deus nos fez justos. Se Ele não nos tratar como justos quando vamos a Ele hoje, Ele seria injusto. Se Ele fizesse isso, estaria dizendo que o sacrifício de Cristo foi inválido. Por isso, é tão sério tentar se justificar diante de Deus sem a cruz. Quando confiamos em algum tipo de justiça própria, desprezamos o Calvário e assim saímos de debaixo do favor de Deus. Deus não nos declara justos por misericórdia ou compaixão, mas por causa da sua justiça. Mas a cruz não mostra só a justiça de Deus, mostra também o seu amor, pois Ele entregou seu próprio Filho por nós. Na cruz, a justiça e o amor se encontraram. O amor não negou a justiça e a justiça foi a prova do amor. Hoje, Deus é justo ao nos declarar justos. Por outro lado, a cruz mostra também o quão terrível é o pecado, pois foi necessária a vinda do próprio Filho de Deus para pagar a sua pena. Ele não foi contrariado para a cruz Em João 12.27, o Senhor diz que a sua alma está angustiada; mas, em momento algum, Ele pede ao Pai que o livre da cruz. Na verdade, Ele diz que foi precisamente para isso que veio. No entanto, em Mateus 26.39, lemos que, no Getsêmani, novamente o Senhor se angustiou e orou para que o Pai passasse d'Ele aquele cálice. A interpretação aceita historicamente diz que o Senhor Jesus estava perguntando ao Pai se realmente não havia outro meio de salvar o homem. Creio que isso está correto. Mas muitos pensam que o Senhor não queria nos salvar e estava pedindo para não ir para a cruz. Eu realmente não creio nisso porque o Senhor disse que foi para aquele momento que Ele veio. Em Hebreus 5.7, vemos uma percepção bem diferente do Getsêmani. O autor de Hebreus diz que o Senhor clamou com lágrimas e súplicas para ser livrado da morte e foi ouvido. Esse clamor certamente não foi para ser livrado da morte na cruz, pois, nesse caso, não teria sido ouvido. Foi então numa outra ocasião. A única outra ocasião foi no Getsêmani. Podemos concluir que, naquele momento em que suava sangue, o Senhor estava morrendo. Ele, então, clamou ao Pai para livrá-lo da morte naquele instante, pois Ele deveria morrer na cruz. Nesse caso, faz sentido concluir que Ele foi livrado daquela morte no Getsêmani para que pudesse cumprir sua missão morrendo por nós na cruz. Isso nos dá um quadro maravilhoso do nosso salvador. Ele não estava pedindo para ser poupado da cruz. Ele estava, na verdade, pedindo o contrário. Ele não queria morrrer antes de chegar ao Calvário. É como se Ele dissesse: “Eu vim para morrer na cruz. Não posso morrer aqui antes de cumprir minha missão. Livrame dessa morte para que eu entregue na cruz a minha vida!” É importante também entendermos que, quando o Senhor perguntou se era possível passar d'Ele o cálice, estava, na verdade, perguntando se havia alguma outra possibilidade, alguma outra maneira de salvar o homem. A resposta do céu foi definitiva. O homem não pode ser salvo por suas boas obras, caráter ou esforço. Não há salvação em nada e nem em ninguém fora de Cristo e seu sacrifício na cruz. Eu sei que é precioso pensar que o Senhor era homem como nós e certamente Ele sentia repugnância ao pecado por causa da sua natureza santa, daí ter pedido para que passasse d'Ele o cálice. Mas, nesse caso, Ele teria ido para a cruz apenas por obediência. Isso é ótimo, mas é maravilhoso também perceber que Ele foi para a cruz porque tinha o mesmo amor que o Pai tem por nós. Salvos de uma maneira graciosa O Senhor não é apenas o salvador, mas um Salvador que nos salva com amor. Se o pastor da centésima ovelha fosse um salvador mal-humorado, o resgate da ovelha teria um sentido completamente diferente. No fim do dia, o pastor percebe que uma ovelha se perdeu. Muito contrariado, sai para procurá-la. Quando a encontra, qual a primeira palavra que Ele diz: "Olha o trabalhão que você me deu! Na hora de entrar para jantar, precisei sair de casa no meio da escuridão para encontrá-la. Que vergonha!" Ele a pega nos ombros, mas muito contrariado, lamenta como ela está pesada. No caminho, vai lembrando a ovelha de como está sendo difícil salvá-la. Quando chega à sua casa, Ele quebra a perna da ovelha e diz: "Isso vai doer mais em mim do que em você, mas vou quebrar a sua perna para o seu bem". O difícil é a ovelha acreditar nisso. Ela vai declarar o Salmo 23, dizendo: "O Senhor é o meu pastor e Ele vai quebrar a minha perna [...]". O Senhor não é um salvador assim. Ele está feliz de encontrar a ovelha. Quando chega à sua casa, Ele dá uma festa por tê-la achado. Ele não fica todo o tempo lembrando como você é uma ovelha problemática, mas Ele é um salvador feliz por salvá-lo. Nunca pense que Deus desistiu de você porque você caiu tantas vezes que Ele perdeu a paciência. Não deixe que o maligno lance nenhuma dúvida sobre o quanto Ele pacientemente ama você e o traz de volta para os seus braços. Foi mais trabalhoso salvar o homem do que criar o universo. Para criar todas as coisas, bastou que Deus dissesse, liberasse a ordem, e todas as coisas se fizeram. Mas, para salvar o homem, foi preciso derramar o sangue sem pecado. Para criar o universo, bastou Ele dizer: "Haja luz!" E tudo veio a existir. Mas, para realizar a redenção, foram necessárias as riquezas da graça de Deus. Não seria possível apenas dizer: "Haja a redenção!" O caminho da redenção foi muito mais difícil. Foi necessário que o Espírito Santo gerasse o redentor. Mas, antes, Ele teve de encontrar a virgem apropriada para concebê-lo. Quanta graça foi necessária para que o Deus infinito ficasse nove meses no ventre de uma mulher! Quanta graça foi necessária para o próprio Deus, que é santo, vir habitar no meio de pecadores e se chamar Deus conosco, Emanuel! Foi necessária uma graça extraordinária para que o Emanuel aprendesse a obediência pelo sofrimento, sofresse a tentação do pecado e a presença de pecadores ao seu redor. Foram trinta anos vivendo como carpinteiro, limitado pelo tempo e pelo corpo físico. Embora fosse chamado amigo de pecadores e os amasse, Ele sofreu todo tipo de oposição, foi perseguido e caluniado. Depois de três anos de ministério, foi traído por alguns e abandonado por todos. Pense quanta graça foi necessária para fazer tudo isso! Ele entregou-se aos que vieram prendê-lo. Poderia ter pedido ao Pai que enviasse doze legiões de anjos para resgatá-lo, mas absteve-se de fazê-lo (Mt 26.53). Quanta graça foi necessária para esse Deus ir para a cruz sofrer tanta humilhação e vergonha! Quanta graça precisou ao ouvir o povo dizendo que escolhia a Barrabás! Depois de preso, foi julgado diante do sumo sacerdote, de Pilatos e de Herodes. Foi, então, pregado na cruz e permaneceu dependurado lá por seis horas, das nove da manhã às três da tarde. Que grande graça foi necessária para tudo isso! Quanta graça foi necessária para entrar na morte, ser condenado no lugar do homem, ser levado ao inferno e depois ressuscitar! A redenção foi um trabalho mais penoso e mais difícil que a criação de todo o universo. Por causa das riquezas da graça de Deus, nós somos hoje feitos filhos de Deus pela redenção do seu sangue. Somos a pérola preciosa A ostra é um animal impuro para um judeu, por isso eles não usam pérolas, porque procedem da impureza. Mas o Senhor Jesus se fez essa ostra enviada do céu. Nesse sentido, Ele se fez semelhante ao pecado, mas sem nunca pecar. Ele se fez essa ostra enviada do céu para o mar de morte deste mundo. Deus, então, pegou você, um simples grão de areia, e o inseriu na ostra. A ostra foi ferida e você foi enxertado nela como grão de areia. A vida da ostra começou a segregar uma substância de vida ao redor desse grão e, depois de algum tempo, o grão de areia é transformado numa pérola. Nós estamos nesse processo de transformação. Aquele que começou a boa obra vai completá-la. Nunca duvide do seu amor paciente que nunca desiste. Creia e confesse Pr. Aluízio Silva Existe algo que somente os filhos de Deus possuem: a fé segundo Deus. Sem fé, é impossível agradar a Deus. Aquele que crê atrai a atenção do Senhor sobre si. É claro que a santidade também agrada ao Senhor, mas nada o atrai como a fé. Na verdade, a fé é um tipo especial de santidade. Aquela mulher que sofria de fluxo quebrou a lei ao tocar nas vestes do Senhor. Pela lei, ela não podia tocar em ninguém, mas mesmo assim sua fé fez o Senhor parar toda a multidão. A fé é a coisa mais importante aos olhos de Deus. Na esfera do espírito, a fé simplesmente destrói as obras do diabo, por isso ele sempre tenta nos manter na esfera dos sentidos. Muitos somente dão atenção ao que veem, ouvem e sentem. Enquanto permanece na esfera da fé, você é vencedor, mas quando o inimigo consegue mantê-lo na esfera dos cinco sentidos, você é derrotado. Nós não ensinamos fé da forma como o faz a nova era. Eles ensinam que o importante é ter fé, não importando em quê. Acreditam na força da fé por si mesma. É um tipo de autossugestão. Mas isso é absolutamente falso. É vital saber em quem você crê. Também é importante dizer que exercitar fé é muito mais simples do que a maioria dos crentes pensa. A primeira coisa que precisamos saber sobre fé é que ela opera por meio de nossas palavras. A fé é um espírito (2Co 4.13) Veja que a fé não é questão de fórmula, mas de espírito. Paulo diz que temos o mesmo espírito de fé de Abraão, Moisés ou Davi. Sendo a fé um espírito, ela é contagiosa e por isso pode se espalhar. Você deve se lembrar do dia em que os doze espias foram enviados para espiar a terra de Canaã. Depois de quarenta dias, eles voltaram e dez deles disseram: “Não podemos conquistar essa terra. As muralhas são muito largas, os gigantes, muito altos, e nós somos muito pequenos”. Mas dois deles, Josué e Calebe, disseram: “Vamos conquistar a terra, como pão, os podemos devorar; retirou-se deles o seu amparo; o SENHOR é conosco; não os temais” (Nm 14.9). Toda a nação acreditou nos dez espias e, por causa disso, morreram no deserto; mas, a respeito de Calebe, o Senhor disse que nele havia um espírito diferente. O que havia nele? Um espírito de fé. Que o Senhor possa dizer a respeito de nós que temos um espírito diferente (Nm 14.24). Quando cremos, falamos Na segunda parte de 2 Coríntios 4.13, Paulo diz: “Eu cri; por isso, é que falei. Também nós cremos; por isso, também falamos”. A nossa fé é liberada em nossas palavras. Simplesmente não podemos crer em silêncio. Se você crê em algo, fale em voz alta. A maneira como exercitamos fé é bem simples: nós cremos e falamos. Como recebemos a salvação? É claro que é pela fé. Mas como exercitamos essa fé? Simplesmente falando (Rm 10.10). A maneira como recebemos todas as bênçãos é da mesma forma como recebemos a maior de todas – a salvação. Tudo o que o Senhor conquistou na cruz é nosso, mas por que alguns crentes desfrutam de mais bênçãos que outros? Será que é por que o Senhor dá mais para uns que para outros? Claro que não! A maneira como recebemos todas as bênçãos do Calvário é a mesma como recebemos a salvação: crendo e falando. Fale ao monte (Mc 11.12-14; 20-23) Deixe-me compartilhar algumas coisas sobre figueiras em Israel. Durante o inverno, as figueiras perdem suas folhas e então, na primavera, as folhas brotam novamente. Quando as folhas voltam, todos sabem que dentro de mais seis semanas o tempo dos figos estará chegando. Mas comumente, no tempo quando as folhas brotam, também brotam os figos temporãos. Era por esses figos que o Senhor estava procurando. Mas se uma figueira não tinha esses primeiros figos temporãos, isso demonstrava que, seis semanas depois, não haveria figo nenhum. As folhas da figueira foram mencionadas pela primeira vez quando Adão e Eva tentaram fazer cintas para si (Gn 3.7). Elas simbolizam a obra humana procurando ter justiça própria diante de Deus. É um esforço humano para tentar cobrir o pecado sem o sangue de Jesus. A figueira com folhas sem frutos foi amaldiçoada por Jesus. Mas o que queremos enfatizar hoje é a forma como o Senhor ministrou fé. Não é normal falar com árvores, mas foi exatamente o que o Senhor fez. Isso significa que podemos falar com demônios e eles fugirão, podemos falar com a tempestade e ela vai se acalmar, podemos falar com a doença e ela vai sair. Esta é a maneira bíblica de expressarmos fé. Foi exatamente este o ensino do Senhor: “Se alguém disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar, assim sucederá”. É preciso falar ao monte. Devemos falar às nossas circunstâncias. O monte pode ser qualquer coisa que se oponha diante de você. Pode ser uma enfermidade, um problema financeiro, um obstáculo ou qualquer outra coisa. Gostamos de falar com Deus a respeito da montanha, mas o Senhor disse que devemos falar ao monte. O que o Senhor nos ensina é o mesmo que Paulo disse: “Tendo, porém, o mesmo espírito da fé, como está escrito: Eu cri; por isso, é que falei” (2 Cor 4:13). Não podemos exercer fé em silêncio. É preciso liberar a palavra (Pv 18.1). A fé e as obras Fé é a moeda do céu. Mas frequentemente o inimigo enviará alguém para lhe dizer que crer e confessar não é o suficiente, você deve fazer alguma coisa. Certamente, ele lhe dirá que, antes de exercitar fé, você precisa ter uma vida santa. O inimigo lhe dirá: “Você tem problemas com a ira e também com a impureza, como você acha que apenas crer e falar será suficiente? A verdade é que ele está com medo de que você comece a andar em fé. Quando passamos a acreditar que crer e falar não é o suficiente, então concluímos que precisamos ter alguma ação, alguma obra. Creio que esta tem sido a causa de muitos problemas espirituais na vida de homens de Deus. Por acreditar que confessar e crer não era suficiente, um homem com diabetes resolveu parar de tomar insulina. Infelizmente, ele não viveu muito tempo. Um pastor achou que confessar e crer era insuficiente e resolveu fazer uma grande dívida para comprar o prédio da igreja. Lamentavelmente, seu ministério faliu. O que havia de errado com essas pessoas? Elas deixaram de exercitar fé da maneira de Deus e resolveram agir na força humana. O resultado foi o inverso que esperavam. Mas não devemos ter um comportamento coerente com a nossa fé? É claro que sim! Se estou orando por chuva, é melhor comprar um guarda-chuva. Se estou orando por um carro, então preciso começar a aprender a dirigir. Mas eu não vou sair e comprar um carro sem dinheiro. Quando ajo assim, estou tentando fazer algo acontecer na minha força. A Palavra de Deus não diz que a fé sem obras é morta? Este é um texto bíblico que tem sido muito abusado. As pessoas já nem atentam para o contexto em que Tiago disse essas palavras. Alguns usam esse texto para dizer que a fé só tem valor se praticarmos também a lei. Há duas ilustrações que Tiago usa ao fazer essa afirmação. Primeiro, ele fala de Abraão prestes a sacrificar Isaque, e depois, de Raabe recebendo os espias. Abraão estava prestes a matar, e Raabe teve de mentir para proteger os espias. Não são, portanto, boas ilustrações para sancionar os dez mandamentos. Tiago pergunta: “Não foi por obras que Abraão foi justificado quando ofereceu sobre o altar o próprio filho, Isaque?” Evidentemente, ele não foi justificado diante de Deus. Muito antes de Abraão ter um filho, Deus já o havia justificado diante dele. Gênesis 15.6 diz que Abraão creu no Senhor, e isso lhe foi imputado para justiça. Vinte anos depois, ele oferece Isaque no altar. Isso já não era justificação diante de Deus, mas diante dos homens. Todos nós temos uma justiça diante dos homens e uma justiça diante de Deus. A nossa justiça diante de Deus é pela fé, mas a nossa justiça diante dos homens é segundo as nossas obras feitas em fé. A verdade é que fé e obras são conceitos opostos. O padrão de fé de Jesus é: "Creia e fale! Creia e confesse!" Não é: "Creia e faça alguma coisa!" Quando Deus criou todas as coisas, ele apenas falou. Não houve uma ação correspondente. Ele não falou e depois fez alguma coisa. Este é o tipo de fé segundo Deus. Todas as vezes que alguém nos diz que crer e falar não é suficiente, o resultado é que paramos de falar e o fluir também cessa. A fé também é bloqueada quando pensamos que só podemos confessar se tivermos uma vida completamente santa. Mas a santidade é recebida pela fé do mesmo modo que a salvação. Não é uma questão de performance, mas de fé. Pedro, explicando aos irmãos de Jerusalém sobre a conversão de Cornélio, disse que o coração deles tinha sido purificado pela fé (At 15.8-9). Paulo diz que Cristo se tornou para nós salvação e santificação. Então, não é uma questão de performance, mas de ter a presença dele em nós (1Co 1.30). Uma vez que entendemos que somos santos nele, temos ousadia para crer e falar. E, quando exercitamos fé dessa maneira simples, vemos a manifestação do poder de Deus. Como permanecer debaixo do favor Pr. Aluízio Silva Há pessoas que trabalham muito e parecem não desfrutar do fruto do seu trabalho. Algumas coisas que poderiam ser feitas em alguns dias levam meses ou até anos. Há alguns que parecem trabalhar fielmente, são diligentes e dedicados, mas ainda assim todo o seu esforço parece infrutífero. São pessoas que exercitam fé e se entregam à oração, mas seus esforços produzem pouco resultado. Creio que o problema é a falta da bênção do Senhor. Mas não estamos todos debaixo do favor de Deus em Cristo? Sim e não. O favor está sempre sobre nós, o problema é que nem sempre permanecemos na posição do favor. Quando saímos dessa posição, nós remamos muito, mas a praia parece sempre muito distante. Se não estamos debaixo do favor, todos os nossos esforços são inúteis. Podemos até ter cinco pães e dois peixinhos, mas eles não serão suficientes para alimentar a multidão. A vida normal de um crente é uma vida abençoada debaixo do favor, e a obra normal de um cristão é uma obra abençoada. Se a nossa experiência contradiz isso, devemos ir ao Senhor para receber luz. Evidentemente, estar debaixo do favor não significa que não teremos lutas e problemas. As Escrituras dizem que José estava debaixo do favor de Deus e mesmo assim passou por adversidades. Mas cada provação foi como um degrau a mais onde ele pôde desfrutar de maior favor ainda. O favor de Deus não tem nada a ver com nossa habilidade ou capacidade. Algumas vezes, olhamos para um irmão e, de acordo com a nossa avaliação, deveria haver certos resultados no seu trabalho. Mas os resultados não correspondem às nossas expectativas. Todavia, há um outro irmão que consideramos mal equipado para o serviço, mas o seu trabalho tem um grande resultado. O fruto é totalmente desproporcional à sua capacidade. Como explicar isso? É porque a frutificação depende do favor de Deus, e não de nossas habilidades. Quando estamos debaixo do favor, os resultados são sempre surpreendentes. Desfrutar do favor é a coisa mais importante em nossas vidas. A vontade de Deus é que todos os seus filhos desfrutem desse favor continuamente, mas tristemente muitos não permanecem na posição do favor. O que pode nos levar a perder o favor? Creio que Paulo nos dá a resposta em Gálatas 5.4-5. Decaímos da graça quando vivemos segundo a lei. Se vivemos ainda na lei, deixamos de desfrutar do favor. Aqueles que vivem na lei invariavelmente manifestarão em algum momento duas características: justiça própria e sentimento de condenação. 1. A justiça própria Sempre pensamos que a falta de favor está relacionada com o pecado, mas o Senhor não se intimida diante do pecado. Sabemos que apenas os pecadores receberam o milagre do Senhor Jesus. A Palavra de Deus condena o pecado, mas precisamos admitir que o pecado não foi impedimento para que pessoas recebessem os milagres de Jesus. Por outro lado, não temos o relato de nenhum fariseu recebendo coisa alguma do Senhor. Por que isso aconteceu? Simplesmente por causa da justiça própria. Quando temos justiça própria, decaímos da graça e saímos de debaixo do favor. A justiça própria é uma forma de dizer que não precisamos da obra de Cristo, que podemos ser aprovados por Deus por nossos próprios méritos. Em Cristo, não somos mais pecadores, mas precisamos reconhecer que ainda temos a carne e em nossa carne não habita bem nenhum. Precisamos rejeitar toda justiça que procede da lei, pois ela é segundo a carne. É verdade que assumimos que temos pecado, mas dificilmente assumimos que em nossa carne não habita nada bom. Sempre pensamos que há coisas boas em nós e, por causa disso, seremos abençoados. Mas não há nada bom em nossa carne. Somente podemos ser abençoados por causa da obra de Cristo. Se confiarmos em nossa justiça própria, perdemos o favor. Sempre que pensamos que somos parcialmente bons e que há algumas partes boas em nós, somos desqualificados para o favor. Em Levítico 13, lemos sobre a lei da lepra. Se uma pessoa tivesse lepra na cabeça, era considerada impura. Se tivesse na barba, era impura. Se tivesse numa queimadura ou numa ferida, era impura. Mas se a lepra estivesse no corpo inteiro, era declarada limpa (Lv 13.12-13). Em outras palavras, quando reconhecemos que não há nada de bom em nossa carne, somos qualificados para o favor. Até mesmo quando estamos de joelhos confessando o nosso pecado, pensamos: “Até que não sou tão mau assim! Estou quebrantado confessando meu pecado”. Isso é justiça própria. Em 2 Coríntios, Paulo exorta os irmãos a não receberem a graça de Deus em vão. Mas como isso acontece? Para responder a essa pergunta, temos de ir ao verso anterior, no qual ele diz que Cristo foi feito pecado por nós, para que n'Ele fôssemos feitos justiça de Deus: "Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus" (2Co 5.21). "E nós, na qualidade de cooperadores com ele, também vos exortamos a que não recebais em vão a graça de Deus" (2Co 6.1). A melhor coisa que podemos fazer na presença de Deus é tomar o lugar de Cristo, pois Ele já tomou o nosso lugar. Cristo não teve de pecar para ser feito pecado e nem você tem de praticar a justiça para ser feito justo. É tudo obra de Deus. Estar debaixo do favor é deixar a graça reinar em nossa vida, mas a graça somente pode reinar por meio da justiça. Você quer que o favor reine em sua vida? Então rejeite toda justiça própria (Rm 5.21). 2. O sentimento de vergonha e condenação Quando a graça reina, você entra no favor. Mas a graça não pode reinar com sentimento de condenação. A graça não pode reinar por meio do esforço próprio para se fazer o melhor. A graça não pode reinar pela vergonha nem pela constante consciência do pecado. Aqueles que procuram guardar a lei nem sempre presumem que cumpriram toda a vontade de Deus. Algumas vezes, eles sabem que caíram no pecado e o resultado disso é que se enchem de condenação. Aqueles que possuem justiça própria estão sempre olhando para si mesmos, pensando o quanto são bons e aprovados em suas obras, mas aqueles que aceitam condenação também são ocupados consigo mesmos sempre, se olhando com o alvo de encontrar alguma coisa boa em si. Aqueles que se entregam à introspecção estão sempre nos avaliando para ver se são santos. Mas o que é santidade? O entendimento convencional diz que santidade é fazer a coisa certa. Mas a palavra "santidade" significa “separado”, é hagiasmos no original. Isso significa que você foi diferenciado do resto do mundo de incrédulos. Lá no Egito, o povo de Israel foi separado das pragas do Egito. Isso significa que fomos separados da crise que está acontecendo lá fora. Fomos separados de toda praga e enfermidade que assola o mundo. Mas você se pergunta: “Será que sou mesmo santo? Deus não manda você mesmo se sondar, mas o Salmo 139.23-24 diz que Ele mesmo nos sonda. E quando Ele nos sonda, Ele vê que temos a justiça de Cristo. Somos justos e inculpáveis. A ideia de estar certo antes de adorar a Deus é uma tradição humana. Não tem sentido eu me lavar antes de tomar banho. Alguns dizem: “Preciso consertar a minha vida antes de vir a Jesus”. Isso é dito por pessoas não convertidas e por crentes também. Depois de convertidos, dizemos: “Preciso consertar a minha vida antes de ser usado por Deus, antes de receber o milagre, antes de liderar, etc. Em Lucas 7.37, uma mulher pecadora veio adorar o Senhor. Mas foi só no fim que os seus pecados foram perdoados (v. 47). O Senhor quer que tenhamos consciência do perdão, e não consciência do pecado (Hb 10.14-17). Em Hebreus 10.22-23, ainda diz: […] aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura. Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel. (Hb 10.22-23) Uma má consciência mencionada em Hebreus 10 é uma consciência que está sempre consciente do pecado, e não do perdão. É a culpa e a condenação que impede as pessoas de receberem a cura e toda sorte de bênção. Elas simplesmente concluem que não merecem. Elas não duvidam que Deus pode fazer, elas duvidam que Ele queira fazer porque pensam que tudo depende do próprio merecimento. Por que a condenação é tão perigosa? Por causa da culpa. Sempre que nos sentimos culpados, instintivamente concluímos que alguém precisa pagar pelo pecado. Geralmente nós mesmos temos de pagar. Vou descrever o que acontece quando você é consciente do pecado: seu corpo responde à necessidade de punição e você começa a desenvolver depressão e doenças. Muitos crentes não estão doentes por causa do pecado, mas por causa da culpa que vem pela condenação na mente. Outras vezes, em vez de se punir, você começa a punir a sua família, porque alguém precisa ser culpado. Aí começa o abuso verbal e até físico. Inconscientemente, você passa a acreditar que não merece o sucesso e começa a se autossabotar para se punir e levar a si mesmo a falhar. Você sabota também os relacionamentos. Você simplesmente acha que não merece o sucesso. Você precisa entender que Jesus já foi punido em seu lugar. Pare de se condenar e se punir. A existência da culpa e da condenação na sua vida mostra que você não acredita realmente que foi perdoado. Não acredita que está debaixo do favor. A lei sempre diz: "Faça isso!" É sempre uma demanda. Mas a graça fornece o suprimento para cumprir a vontade de Deus. A lei exige justiça, mas a graça nos dá o suprimento para sermos justos. As provas do amor de Deus (Ef 1.3-14) Pastor Naor Pedroza O texto de Efésios 1.3-14 começa dizendo que Deus tem nos abençoado com toda sorte de bênçãos espirituais em Cristo, ou seja, não fica nada de fora. Vale lembrar que é algo que Ele já fez e continua fazendo: “tem nos abençoado”. Todas essas bênçãos são provas do seu grande amor por nós, que é a grande chave da vida cristã vitoriosa, o fato de que Ele nos ama. Após o versículo 3, os versículos 4 a 14 apresentam uma lista de todas as bênçãos espirituais com as quais Deus nos tem abençoado. Quando pensamos em bênçãos, pensamos nas coisas terrenas, mas elas não são nada comparadas ao que Deus tem nos dado no mundo espiritual. Vamos compartilhar hoje as três primeiras bênçãos que mostram seu grande amor por nós. 1. Escolhidos para ser santos (v. 4) 2. Predestinados para ser filhos (v. 5) 3. Recebemos a glória da graça de Deus (v. 6) Primeira bênção: escolhidos para ser santos (v. 4) Fomos escolhidos n’Ele. Nesta mensagem, chegamos à eleição de Deus (Ef 1.4), à questão de termos sido escolhidos para ser santos. A escolha de Deus é sua primeira bênção concedida a nós. Entre inúmeras pessoas, Ele nos escolheu. Isso não é incrível e maravilhoso, pensar que entre tantas pessoas melhores do que nós, e apesar de nós, Ele nos escolheu porque nos ama e nos amou mesmo antes de existirmos?! Isso é maravilhoso! 1. Escolhidos n'Ele Deus nos escolheu n'Ele, isto é, em Cristo. Fora de Cristo, não somos sua escolha. Essa escolha é chamada de doutrina da eleição. Todo cristão precisa saber que as bênçãos espirituais não lhe vieram porque ele era bom ou possuía algum mérito, mas unicamente porque foi escolhido por Deus antes da fundação do mundo. Estávamos todos mortos nos pecados, como poderíamos ir a Deus? O fato é que Ele veio a nós porque nos havia escolhido (Ef 2.1). Aqui nos deparamos com um mistério profundo e assombroso, e há somente duas explicações para uma afirmação tão estonteante. A primeira é que fomos escolhidos por Deus simplesmente por causa da sua vontade, do seu bom prazer, da sua satisfação, inteiramente independente de qualquer coisa que tenhamos feito. A segunda explicação é que Paulo está dizendo que os cristãos que gozam essas bênçãos foram escolhidos antes da fundação do mundo por causa da sua presciência ou pré-conhecimento. É como se Deus soubesse de antemão aqueles que creriam n'Ele e então os escolheu na eternidade (1Pe 1.2). Não se envolva em discussões. Independente da forma como encaramos a eleição, precisamos ter diante de nós a reverência completa de reconhecermos o que a Palavra de Deus diz: Ele nos escolheu. A Palavra de Deus não argumenta, apenas afirma: fomos escolhidos (2Ts 2.13). O homem natural odeia essa doutrina porque nenhuma outra mostra a incapacidade humana de se salvar como ela. Tudo é por Ele, por meio d'Ele e para Ele. Você não pode mais ficar longe d'Ele, você foi atraído, cativado por esse amor, não pode mais se afastar. Uma vez que é Deus quem nos salva, não podemos perdê-la; uma vez que Ele me escolheu antes da fundação do mundo, Ele não muda. Não fique preso em debates teológicos, mas apenas veja o quanto você é amado, a ponto de ter sido escolhido por Deus. 2. Antes da fundação do mundo O versículo 4 diz que Deus nos escolheu antes da fundação do mundo, na eternidade passada. Ele nos escolheu antes de nos criar de acordo com sua infinita antevisão. A expressão "antes da fundação do mundo" indica que o universo foi estabelecido para a existência do homem afim de cumprir o propósito eterno de Deus. O homem é o ponto central de seu propósito eterno. Tudo Ele criou pensando em nós e para nós. Quão grande amor! 3. Para ser santos Deus nos escolheu para que fôssemos santos. Segundo o conceito natural, santidade é ausência de pecado. De acordo com tal conceito, alguém é santo se não pecar, mas isso é absolutamente errado. Santo significa mais que ser separado para Deus, significa ser diferente, distinto de tudo o que é comum. Somente Deus é diferente, distinto de todas as coisas. Portanto, Ele é santo; a santidade é sua natureza. A maneira de Deus nos fazer santos é colocar-se a si mesmo dentro de nós, para que todo o nosso ser seja permeado e cheio com a sua natureza santa. Para nós, os escolhidos de Deus, ser santo é participar da sua natureza divina (2Pe 1.4) e ter todo o nosso ser permeado com o próprio Deus. Antes de tudo, não fomos escolhidos para ser salvos, perdoados, nem fomos escolhidos para ser felizes, mas fomos escolhidos para ser santos. Se você diz ter sido escolhido e não anda em santidade, então não foi escolhido. No universo, somente Deus é santo. Portanto, ser santo significa ser um com Deus. É incrível pensar nesse amor que nos elegeu e separou para ser participantes de uma classe exclusiva que não existe na criação, a classe à qual o próprio Deus, e somente Ele, pertence. 4. Irrepreensíveis O versículo 4 também diz que fomos escolhidos n’Ele para ser irrepreensíveis, ou seja, sem mácula. Os escolhidos de Deus devem ser cheios somente do próprio Deus e não ter nenhuma partícula estranha, tais como coisas do homem natural caído, a carne, o ego ou coisas mundanas. Após ser totalmente lavada pela água na Palavra, a igreja é santificada desse modo (Ef 5.26-27). Mas a grande notícia do seu amor aqui, é que, de fato, somos irrepreensíveis diante de Deus, pois estamos naquele que é perfeito, Cristo, que se tornou nossa justiça e perfeição. Isso mais uma vez mostra a classe da criação a que pertencemos e nos coloca na posição ímpar de podermos nos achegar à presença do Pai como um filho que cumpriu todas as condições para receber tudo o que pede. 5. Perante Ele Ser santos e sem mácula perante Ele. "Perante Ele" quer dizer ser santos e sem mácula aos olhos de Deus de acordo com seu padrão divino. Isso nos qualifica a permanecer em sua presença e desfrutá-la. Aos olhos de Deus, não há nada de errado em você, é isso que quer dizer esse versículo, logo Deus não está zangado com você, pelo contrário, está feliz e satisfeito, e isso significa que você pode ter paz e alegria em viver com o pai e pode se aproximar sem medo, tendo a certeza de que é aceito e amado, porque, aos olhos d'Ele, você cumpriu todas as exigências e é perfeito. Tudo isso em Cristo. 6. Em amor Seremos santos e sem mácula perante Ele em amor. Amor aqui se refere ao amor com o qual Deus ama os seus escolhidos e com o qual os seus escolhidos o amam. É nesse amor, em tal amor, que os escolhidos de Deus se tornam santos e irrepreensíveis perante Ele. A santidade revelada na Bíblia é absolutamente diferente dos ensinamentos de hoje a respeito da autocorreção e melhora de comportamento. Primeiramente, somos separados para Deus, e então somos continuamente cheios d'Ele até que toda a mistura em nós seja tragada pela natureza de Deus. A segunda bênção: fomos predestinados para ser filhos (v. 5) A primeira bênção é que fomos escolhidos n'Ele antes da fundação do mundo, mas a segunda é que não apenas fomos escolhidos, mas o fomos para ser filhos de Deus antes mesmo de Ele ter nos criado. Precisamos ser regenerados a fim de ser seus filhos. Deus nos escolheu, e por isso nos marcou, nos predestinou. Predestinar significa “marcar de antemão”. Ele nos elegeu e depois nos marcou de antemão para certo destino. Deus nos predestinou para a filiação por meio de Jesus Cristo. De acordo com o bom prazer de sua vontade Deus nos predestinou para a filiação de acordo com o beneplácito (bom prazer) de sua vontade, que é seu propósito. Ele nos predestinou para ser filhos de acordo com esse prazer, com o desejo do seu coração. Deus não predestinou ninguém para o inferno. O inferno foi preparado para o diabo e seus anjos. A vontade de Deus é que todos sejam salvos (1Tm 2.4). O homem escolhe fugir de Deus. Deus deseja muitos filhos. Ser santo é ser unido com Deus. Nascemos humanos, mas Deus deseja que sejamos divinos. Ser santo é questão de natureza, mas ser filho é questão de ser colocado na forma de Cristo. Não temos somente sua natureza santa, mas também a pessoa de seu Filho. Ser filho é ter o Espírito do Filho de Deus. Deus nos predestinou para a filiação colocando o Espírito de seu Filho em nós. Quando cremos no Senhor Jesus e somos regenerados, o Espírito de Deus entra em nós como Espírito do Filho de Deus. Por isso, podemos clamar Aba Pai (Papaizinho) – intimidade. O Espírito Santo nos dá essa liberdade. Ser filho é ter a vida e a natureza do Filho de Deus. Somos filhos gerados de fato (Tg 1.18). A semente de Deus foi colocada em nós e temos a mesma semente do Pai em nós, assim como o homem caído nasce com a semente do diabo nele. Somos seus filhos porque temos a sua natureza, sua vida, zoe. Ser filho é desfrutar da posição de filhos de Deus. Ser filho é ter a intimidade de chamar "Paizinho" porque temos o filho de Deus em nós, segundo porque temos a natureza e terceiro é termos a posição de filho de podermos usufruir tudo, ter a liberdade. Por sermos filhos de Deus, herdamos tudo o que é d'Ele e tudo o que Ele tem. A terceira bênção: a graça de Deus nos fez agradáveis a Ele (v. 6 - VC) Para entendermos a glória da graça de Deus, precisamos ter revelação da nossa filiação, a nossa posição de filhos e herdeiros. A graça de Deus nos faz agradáveis a Ele. No amado, nós desfrutamos do favor e do amor de Deus. A palavra usada por Paulo é a mesma usada em Lucas 1.28, onde o anjo diz que Maria foi muito favorecida. Altamente favorecida e agraciada por carregar o Ente Santo, o Filho de Deus. Também somos favorecidos e agraciados, pois carregamos o Filho de Deus dentro de nós (Cl 1.27). Este Filho de Deus que carregamos em nós é chamado de “o amado” (Mt 3.17 e 17.5). Não fazemos ideia do quanto Deus o ama, Ele, que é o próprio Deus, que sempre existiu. Toda a dor, vergonha, humilhação e separação experimentada na cruz foi por aquele que é amado eternamente por Deus. O amado um dia teve de clamar: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” Por causa de nós. Deus fez seu Filho pecador por nós, para que, n'Ele, fôssemos feitos justiça de Deus (2Co 5.21). Mas o amado nos foi enviado justamente para revelar-nos o quanto somos amados de Deus. Ele nos ama do mesmo jeito que ama Jesus. Nós somos os filhos nos quais Ele tem todo prazer (Jo 17.23 e Sf 3.17). A coisa mais importante para uma vida cristã saudável é ter a plena consciência de que você é filho de Deus e é amado, altamente favorecido do amado de Deus. Se temos revelação, nossa vida, nossos posicionamentos serão alterados. É o amor de Deus que cura a nossa alma e nos faz ter paz e viver livres.