1 ÍNDICE DE GESTANTES PORTADORAS DE HIV EM UMA REGIONAL DE SAÚDE NO ESTADO DO PARANÁ RESUMO Resumo: A infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) é um dos problemas de saúde pública a nível mundial, infectando principalmente mulheres em idade reprodutiva e aumentando assim a probabilidade de transmissão vertical.A pesquisa tem por finalidade fazer uma análise do índice de gestantes portadoras de HIV, notificadas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), da Oitava Regional de Saúde de Francisco BeltrãoParaná, correlacionando ainda os casos com níveis socioeconômicos, dados do pré-natal e do parto. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Paranaense (UNIPAR) e Plataforma Brasil de acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNES) e aprovado sob o protocolo n° 239.907. A amostra foi constituída por 21 gestantes HIV positivas, notificadas na Oitava Regional de Saúde de Francisco Beltrão- Paraná pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN. Referente a dados demográficos a faixa etária predominante foi 21 a 30 anos (57,1%), com escolaridade prevalente no ensino fundamental (52,4%). O município com maior incidência foi Francisco Beltrão (19,0%), seguido após por Ampére e Santa Izabel do Oeste (14,2%), a maioria realizou pré-natal (90,5%), assim como a profilaxia antirretroviral (85,7%). A descoberta da infecção pelo HIV nas gestantes em sua na maioria, no primeiro trimestre de gestação (38,3%) seguida do segundo trimestre (33,3%). No que se refere à assistência ao parto, destaca-se o parto cesárea eletiva (81.0%),que é o mais indicado em caso de HIV positivas. E quanto à evolução da gravidez a maior porcentagem é de nascidos vivos (90.5%).Diante disso, pode-se observar que o índice de gestantes HIV positivas notificadas no SINAN da Oitava Regional de Saúde de Francisco Beltrão – Paraná mostrou-se inferior aos estudos relatados na literatura, em consequência a melhora na qualidade da assistência prestada as gestantes. Entretanto, através deste estudo, percebe-se que os anos de escolaridade das pacientes são muito baixos, e que, ás vezes, a infecção pelo HIV pode estar associada à falta de conhecimento e informação. Portanto, para que o enfermeiro possa desenvolver boa assistência a gestante HIV, devem ser implantadas ações e políticas públicas que visam melhor qualidade de vida as portadoras do vírus, enfatizando-se a atuação de uma equipe interdisciplinar voltada aos cuidados preventivos, paliativos e ao acolhimento dessa população. Descritores: HIV, gestantes, vírus. INDEX OF HIV IN PREGNANCY BEARERS OF A REGIONAL HEALTH IN PARANÁ STATE ABSTRACT The infection with virus human immunodeficiency (HIV) is one of the problems Public Health, mainly, infected women of reproductive age and increasing likelihood vertical transmission. 2 The sample consisted of 21 HIV-positive mothers, notified the “Oitava Regional de Saúde de Francisco Beltrão- Paraná by Information System on Diseases of Compulsory Declaration – SINAN: Regarding demographics the predominant age group was 21-30 years (57.1%), schooling prevalent in primary (52.4%). The municipality with the highest incidence was Francisco Beltrão (19.0%), most pre-natal care (90.5%) and antiretroviral prophylaxis (85.7%). Through this work, the data obtained indicated that actions at the primary and the formulation of public policies helped the good prognosis of both the pregnant woman and the child, contributing to improve the quality of life of this population. Descriptors: HIV, pregnant women, virus. ÍNDICE DE VIH EN PORTADORES DE EMBARAZO DE UNA SALUD REGIONAL EN EL ESTADO DE PARANÁ RESUMEN La infección con virus de inmunodeficiencia humana (VIH) es un problema de salud pública en todo el mundo, infectando principalmente a las mujeres de edad reproductiva y por lo tanto el aumento de la probabilidad de transmisión. La muestra estuvo conformada por 21 madres VIH-positivas, notificó a la Regional de Salud Octava Francisco Beltrán, Sistema de Información de Enfermedades de Declaración Obligatoria Parana - SINAN. En cuanto a la demografía del grupo de edad predominante fue 21 a 30 años (57,1%), la escolaridad común en primaria (52,4%). El municipio con mayor incidencia fue Francisco Beltrán (19,0%), la mayor atención prenatal (90,5%) y la profilaxis antirretroviral (85,7%). A través de este estudio, los datos indicaron que las acciones en los niveles primario y la formulación de políticas públicas de ayuda en el buen pronóstico de la mujer embarazada y el niño, lo que contribuye a mejorar la calidad de vida de esta población. Descriptores: VIH, mujeres embarazadas, virus. 3 INTRODUÇÃO A incidência do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) no mundo se apresenta em grande porcentagem, estima-se que hoje existam 33,2milhões de pessoas portadoras do vírus. O que mais preocupa é que a maioria desses indivíduos são mulheres em idade reprodutiva, que consequentemente podem contribuir com o aumento também da quantidade de crianças infectadas pelo HIV. Devido a isso, o Ministério da Saúde implantou como rotina no prénatal, exames que possibilitam o diagnóstico do vírus HIV. Essa conduta foi positiva, pois em caso de gestantes HIV, pode-se fazer o uso de medicações antirretrovirais ainda no início da gestação diminuindo a possibilidade de transmissão vertical(1). Em um estudo feito sobre as probabilidades de como pode ocorrer a transmissão vertical, revelou que 65% dos casos acontecem durante o parto, 35% ainda intra-útero e 7% a 22% ocorre através da amamentação. Relata ainda a efetividade da medicação antirretroviral zidovudina durante a gestação, na redução da transmissão vertical (67,5%)(2). Devido à cobertura de realização de testes para o HIV no pré-natal estarem sendo menores do que o desejado, o Ministério da Saúde lançou em 2003 o Projeto Nascer Maternidade. Este visa atuar em maternidades do Sistema Único de Saúde (SUS) localizadas em municípios que atendam mais de 500 partos por ano, preconizando a diminuição da transmissão vertical e orientando a todas as gestantes a importância do acompanhamento por profissionais de saúde durante a gestação. Para aquelas que por algum motivo não realizaram o pré-natal e, portanto não tenham feito o teste anti-HIV, podem realizá-lo na maternidade(3). A assistência à gestante durante o pré-natal é de extrema importância para que se tenha uma diminuição dos casos de transmissão vertical. É necessária a realização de todos os exames no início da gestação. Em caso da gestante ser HIV positiva, deve fazer o uso de medicações antirretrovirais o mais precoce possível, reduzindo assim a possibilidade de contaminação do feto(4). 4 Com isso, o presente estudo teve como objetivo fazer uma análise do índice de gestantes portadoras de HIV, notificadas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), da Oitava Regional de Saúde de Francisco Beltrão- Paraná, correlacionando ainda os casos com níveis socioeconômicos, dados do pré-natal e do parto. METODOLOGIA O presente estudo de caráter documental, quantitativo, retrospectivo, utilizou o programa do Ministério da Saúde, Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), analisando fichas de notificação de gestantes HIV, fornecidos pela Oitava Regional de Saúde do estado do Paraná (8ª RS-PR) localizada no município de Francisco Beltrão, no intuito de analisar o Índice de Gestantes Portadoras do HIV em uma Regional de Saúde no Estado do Paraná. O SINAN é alimentado pelos setores de Vigilância em Saúde das Secretarias Municipais de Saúde, estas, enviam periodicamente os dados processados para as Secretarias Estaduais, que por sua vez, enviam os dados para o Ministério da Saúde. Este programa contém informações sobre todos os agravos de notificação compulsória no Brasil, com o objetivo de fornecer dados para caracterizar o perfil de morbidade vigente. Serve para notificar diversos tipos de agravos além de controlar o registro e o processamento desses dados em todo o território nacional, fornecendo informações para análise do perfil da morbidade e contribuindo, desta forma, para a tomada de decisões em nível municipal, estadual e federal. No caso particular do HIV, as informações que alimentam o SINAN são provenientes das notificações de casos confirmados. O sistema contém informações epidemiológicas relevantes, que tem sido utilizado para caracterizar a dinâmica temporal da epidemia do vírus, assim como para subsidiar as ações de vigilância, prevenção e controle da doença no Brasil. 5 Embora apresente problemas de atraso na notificação de casos após o diagnóstico, o sistema tem sido bem monitorado desde o inicio da epidemia e contém informações de 1980 até o presente. Também é fonte de dados disponível para se conhecer aspectos importantes da transmissão materno-infantil. A 8ª RS-PR abrange 27 municípios, atendendo aproximadamente 337.750 habitantes da região Sudoeste do Paraná, sendo estes Ampére, Barracão, Bela Vista da Caroba, Boa Esperança do Iguaçu, Bom Jesus do Sul, Capanema, Cruzeiro do Iguaçu, Dois Vizinhos, Enéas Marques, Flor da Serra do Sul, Francisco Beltrão, Manfrinópolis, Marmeleiro, Nova Esperança do Sudoeste, Nova Prata do Iguaçu, Pérola D’Oeste, Pinhal de São Bento, Planalto, Pranchita, Realeza, Salgado Filho, Salto do Lontra, Santa Izabel do Oeste, Santo Antonio do Sudoeste, São Jorge D’Oeste e Verê(5) . Foram coletados dados de 21 gestantes HIV positivas pertencentes a 8ª RS-PR, do período de janeiro de 2008 a dezembro de 2012. Foram coletados dos bancos de dados os campos correspondentes aos objetivos da pesquisa, segundo a ficha de notificação das gestantes HIV positivas. As variantes analisadas foram: Sócio demográficas (Idade, escolaridade e raça/cor); Assistência pré-natal (Idade gestacional de primeira consulta, evolução da gravidez, período da realização do exame anti HIV, início do uso de antirretroviral na gestação); Dados do Parto (Uso de antirretroviral durante o parto e evolução da gravidez). O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Paranaense (UNIPAR) e Plataforma Brasil de acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNES) e aprovado sob o protocolo n° 239.907. Para a coleta de dados, foram anotadas as informações contidas no SINAN em planilha do Excel®. Os dados foram tratados através de estatística descritiva e análise de freqüência, para dados categorizados a fim de verificar prevalência. As análises foram 6 desenvolvidas com a utilização do software específico IBM Statistical Package for the Social Science (SPSS) versão 17.0 (Windows; Chicago, IL, USA). RESULTADOS No que se refere a dados demográficos das gestantes portadoras do vírus HIV da 8ª RS-PR, observou-se que 71,4% das gestantes são de raça branca, com escolaridade predominante no ensino fundamental (52,4%) e com faixa etária em média de 27 anos (Tabela 1). Tabela 1- Distribuição das características sócio-demográficas de gestantes HIV+, 2008 a 2012, da 8ª Regional de Saúde de Francisco Beltrão– Paraná. Variável N % 16 a 20 3 14,3% 21 a 30 12 57,1% 31 a 40 6 28,6% Branca 15 71,4% Parda 6 28,6% Branco/Ignorado 1 4,8% Ensino fundamental completo 11 52,4% Ensino médio 8 38,0% Ensino Superior 1 4,8% Idade (anos) (n=21) Raça (cor) (n=21) Escolaridade (n=21) 7 Ao analisarmos o índice de gestantes HIV positivas distribuídas por município da 8ª RS-PR, podemos observar que a porcentagem maior se concentra em Francisco Beltrão (19,0%), seguido após por Ampére e Santa Izabel do Oeste (14,2% respectivamente) (Tabela 2). Tabela 2-Distribuição de gestantes HIV positivas notificadas por municípios no SINAN, 2008 a 2012, da 8ª Regional de Saúde, Francisco Beltrão – Paraná. Município N=21 % Ampére 3 14,2% Capanema 1 4,8% Dois Vizinhos 2 9,5% Francisco Beltrão 4 19,0% Marmeleiro 2 9,5% Pranchita 1 4,8% Realeza 1 4,8% Renascença 1 4,8% Salto do Lontra 1 4,8% Santa Izabel do Oeste 3 14,2% Santo Antonio do Sudoeste 1 4,8% Verê 1 4,8% Ao analisarmos os dados relacionados à assistência à gestante, observa-se que a grande maioria delas realizou pré-natal (90,5%), e o diagnóstico de HIV positivo tido durante a realização do mesmo apresentou-se em 61,9% dos casos, tendo também uma quantidade relevante de pacientes que já tinham o diagnóstico antes de iniciarem as consultas do pré-natal 8 (33,3%). A descoberta da infecção pelo HIV nas gestantes em sua na maioria, no primeiro trimestre de gestação (38,3%) seguida do segundo trimestre (33,3%). Vale destacar que, grande parte realizou profilaxia antirretroviral (85,7%) (Tabela 3). Tabela 3- Distribuição da frequência dos dados da assistência pré-natal e realização do teste anti-HIV em gestantes HIV positivas, 2008 a 2012, 8ª Regional de Saúde, Francisco Beltrão Paraná. Variável N % Sim 19 90.5% Não 2 9.5% Antes do pré-natal 7 33,3% Durante o pré-natal 13 61,9% Durante o parto 1 4,8% 1° trimestre 8 38,1% 2° trimestre 7 33,3% 3° trimestre 4 19,0% 4° trimestre 2 9,5% Ignorado/Branco 3 14,3% Sim 18 85,7% Fez pré-natal (n=21) Evidencia laboratorial (n=21) Diagnóstico trimestre da gestação (n=21) Profilaxia ARV 9 No que se refere à assistência ao parto, destacou-se o parto cesárea eletiva (81.0%), que é o mais indicado em caso de HIV positivas. E quanto à evolução da gravidez a maior porcentagem é de nascidos vivos (90.5%). Tabela 4- Distribuição da freqüência da assistência ao parto em gestantes HIV positivas, 2008 a 2012, 8ª Regional de Saúde, Francisco Beltrão - Paraná. Variável N % Ignorado/branco 2 9,4% Vaginal 1 4,8% Cesárea eletiva 17 81,0% Cesárea de urgência 1 4,8% Ignorado/branco 2 9,5% Nascido vivo 19 90,5% Tipo de parto (n=21) Evolução da gravidez (n=21) DISCUSSÃO Esta pesquisa foi realizada na Oitava Regional de Saúde do Estado do Paraná, foram coletados dados de 21 gestantes HIV positivas, cadastradas no SINAN no período de 2008 a 2012. Constata-se que a prevalência de gestantes HIV positivas sofreu oscilações no período estudado. Nos anos de 2008 a 2010 houve três casos, a partir de 2011 pode-se observar um aumento significativo, em apenas dois anos o índice passou para 17 casos. Este aumento, provavelmente, ocorreu devido a uma maior quantidade de notificações realizadas, motivadas 10 a partir de programas de atenção a gestante HIV positiva. Pode-se citar como exemplo, o Programa Nascer Maternidade que tem por objetivo diminuir a transmissão vertical do HIV, orientando a todas as gestantes a importância do pré-natal no acompanhamento da gestação e sua evolução, através de consultas e exames conforme preconizado pelo Ministério da Saúde(6). No que se refere a dados demográficos das gestantes portadoras do vírus HIV da 8ª RS-PR observou-se que a maioria é de raça branca (71,4%; n=21) e com faixa etária em média de 27 anos, em que se percebe também uma quantidade significativa de gestantes com idade entre 16 e 23 anos, são gestantes com uma faixa etária muito jovem. Estudo realizado com 168 fichas de notificação de gestantes HIV em Itajaí – SC encontrou resultados bem semelhantes, em que 10,8% das pacientes eram adolescentes(7). Esses resultados podem ser explicados, pois atualmente, devido à primeira relação sexual estar ocorrendo cada vez mais precoce entre os adolescentes, muitas vezes, pela falta de informação ou até mesmo pela mídia que representa estímulo aos jovens em ter uma relação sem compromisso e colocando na moda o termo “ficar”. Alguns autores relatam que em média a primeira relação sexual ocorre aos 15 anos de idade, onde 72,7% referem à primeira vez como um ato “simplesmente acontecido”(8). Dessa forma, podemos observar crescimento progressivo de indivíduos portadores de HIV, que pela falta de conhecimento acabam não usando algum método de barreira ou substituem o preservativo por métodos hormonais, que protegem apenas da gravidez e não das doenças sexualmente transmissíveis. No Brasil houve um aumento na incidência de casos de gestantes na faixa etária próxima aos 15 anos, ficando entre 14 a 22% (8). Em um estudo feito em um hospital de São Paulo no período de julho de 2001 e novembro de 2002, pôde-se observar 4.108 internações 11 no centro obstétrico, das quais 24,4% eram pacientes gestantes adolescentes, com idade média de 17 anos(9). Durante o período de 2000 a 2007, foram realizadas 36.300 notificações em gestantes HIV no Brasil, com maior porcentagem na faixa etária média de 13 anos, e infecção devido à contaminação materno-infantil(10). No que se refere à escolaridade das pacientes notificadas na 8ª RS-PR, predominou o ensino fundamental completo (52,4%; n=21). E um estudo realizado através de informações no Estudo-Sentinela Parturiente, os autores observaram que 64% das pacientes HIV+ tinham ensino fundamental completo(11). Corroborando com estas informações, em outro estudo realizado no Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG), situado na zona norte do Rio de Janeiro, com 51 gestantes HIV positivas, relatou que 61,9% tem ensino fundamental, e estudaram de 5 a 7 anos(12). Autores realizaram um pesquisa com indivíduos de ambos os sexos, com idade entre 16 a 65 anos, moradores nas áreas urbanas de 169 microrregiões do Brasil, apresentou que indivíduos com faixa etária maior e com melhor nível de educação, apresentaram mais conhecimento sobre formas de prevenção do HIV/AIDS, do que aqueles que estudaram menos e tem uma faixa etária menor(13). Através destes estudos, podemos observar que os anos de escolaridade das pacientes são muito baixos, em que, ás vezes, a infecção pelo HIV pode estar associada à falta de conhecimento e informação. Quanto ao índice de gestantes HIV positivas distribuído por município da 8ª RS-PR, a porcentagem maior se concentra em Francisco Beltrão (19,0%), seguido por Ampére e Santa Izabel do Oeste (14,2%). Esta concentração de casos no município de Francisco Beltrão pode estar ocorrendo devido à migração de indivíduos para esta cidade, em busca de emprego e melhor qualidade de vida, porém de alguma forma acabam contraindo o vírus HIV e 12 retornando para casa, e com isso podendo incorrer em transmissão do vírus a outros indivíduos. Acredita-se que essa transmissão, não seja pela falta de informações e sim pelo descuido, pelo não uso de preservativo em todas as relações sexuais(14). Na figura 1 pode-se observar o município em que se concentra maior quantidade de casos de gestantes com HIV, notificadas na 8ª RS-PR. Figura 1- Distribuição de maior porcentagem de gestantes HIV+ notificadas no SINAN, 2008 a 2012, da 8ª Regional de Saúde, Francisco Beltrão – Paraná. Fonte: Secretaria Estadual de Saúde, 2013. Em relação aos dados da 8ª RS-PR cogitados à assistência à gestante, observa-se que a grande maioria delas realizou pré-natal (90,5%), e o diagnóstico de HIV+ ocorreu durante a realização do mesmo (61,9%), uma quantidade significativa de pacientes já tinham o diagnóstico antes de iniciarem as consultas do pré-natal (33,3%). A descoberta da infecção pelo HIV nas gestantes ocorreu em sua maioria durante o primeiro trimestre de gestação (38,3%) seguido do segundo trimestre (33,3%). No Recife estudo com 612 gestantes, mostra que a cobertura de pré-natal foi de 96,1%, em que a média de consultas foi de 5,3(15). Dados semelhantes foram encontrados em 13 estudo realizado com 54 gestantes HIV-positivo, do Hospital Municipal Universitário de São Bernardo do Campo- SP, onde 94% das gestantes estudadas fizeram acompanhamento prénatal(16). Estes resultados apresentam-se satisfatórios, visto que representa uma maior atenção a saúde da gestante, devido à implantação pelo Ministério da Saúde, em 1986, do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), com o objetivo de reduzir a morbimortalidade da mulher e da criança, através da assistência ao ciclo gravídico puerperal: pré-natal, parto e puerpério. Dentre as suas várias funções, o programa prioriza a atenção à população feminina, no planejamento familiar e reprodução humana e cuidados durante o prénatal(17). No que se refere ao diagnóstico do HIV, em um estudo feito em Itajaí-SC, relatou que 55% das mulheres pesquisadas, tiveram o conhecimento de serem portadoras do vírus durante o pré-natal e 41% dos casos já estava definido antes da gestação(18). Em uma pesquisa realizada em um hospital de Alto Risco de Belo Horizonte- MG com 90 gestantes, concluindo que 60% tiveram o diagnóstico do HIV durante alguma de suas gestações, através da realização do pré-natal(19). Em uma entrevista com 138 gestantes HIV+ de maternidades públicas de Fortaleza, em que 48,6% relataram que foram diagnosticadas durante a gravidez e 35,5% já tinham conhecimento do vírus antes da gestação(20). Analisando estes estudos, nota-se que a maioria das pacientes teve o diagnóstico de HIV, durante o primeiro trimestre da gestação através de exames solicitados no pré-natal. Mesmo sendo um diagnóstico a tempo para as medidas de tratamento, o correto seria ter conhecimento da patologia antes da gravidez. Devido à possibilidade de transmissão vertical ser grande, é de extrema importância o conhecimento da patologia, quando constatada no início da gestação é possível fazer um tratamento com 14 medicações antirretrovirais a partir da 14ª semana e durante o parto, aumentando assim a possibilidade de não ocorrer transmissão vertical e da criança nascer sem o vírus. Sobre profilaxia antirretroviral em pacientes notificadas na 8ª RS-PR, observa-se que a grande maioria das gestantes fez uso dessas medicações durante o período gestacional (85,7%). No que se refere à assistência ao parto, tem-se como grande maioria a realização de cesárea eletiva (81,0%), a mais indicada em caso de HIV positivo. E quanto à evolução da gravidez a maior porcentagem é de nascidos vivos (90,5%). CONCLUSÃO A partir da presente pesquisa, pode-se observar que o índice de gestantes HIV positivas notificadas no SINAN da Oitava Regional de Saúde de Francisco Beltrão – Paraná encontrou-se em quantidade inferior a de outros estudos relatados na literatura. No entanto, em comparação com anos anteriores, observou-se um aumento de gestantes notificadas, acredita-se que este fato seja devido à implantação de programas pelo Ministério da Saúde que visam melhor qualidade no atendimento e na assistência as gestantes. Outro resultado importante apresentado foi que grande parte das pacientes, no primeiro trimestre de gestação, descobriram através de exames solicitados serem portadoras de HIV, embora tenha ocorrido uma demora no diagnóstico, sabe-se que quanto antes tiver conhecimento desta patologia menor são as chances de transmissão vertical, e que há possibilidade de tratamento antirretroviral diminuindo as chances desta contaminação. Através de pesquisas elaboradas afirma-se também que a educação é um fator socioeconômico relacionada com a incidência do HIV, nota-se a importância do desenvolvimento de uma educação ativa à população. Atualmente, grande parte dos indivíduos levam os relacionamentos como algo sem compromisso, com vários parceiros e, 15 muitas vezes, não utilizam método de barreira ou substituem o preservativo por métodos hormonais, que protegem apenas da gravidez e não das doenças sexualmente transmissíveis. Contudo, para que o enfermeiro possa desenvolver boa assistência a gestante HIV, devem ser implantadas ações e políticas públicas que visam melhor qualidade de vida as portadoras do vírus, enfatizando-se a atuação de uma equipe interdisciplinar voltada aos cuidados preventivos, paliativos e ao acolhimento dessa população. REFERÊNCIAS 1 Torres, S. R.; Luz, A. M. H. Gestante HIV+ e crianças expostas: estudo epidemiológico da notificação compulsória, 2007. 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