Ministério da Educação Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Toledo AVALIAÇÃO ANTIMICROBIANA DO ÓLEO ESSENCIAL DA PLANTA INSULINA VEGETAL (CISSUS SICYOIDES L) Flávia Dotto; Viviane da Silva Lobo; Karin Becker Marques; Jeovandro Beltrame; Thanara Zaneti; Vanusa Weber Universidade Tecnológica Federal do Paraná, rua Cristo Rei, 19, Vila Becker, Toledo, Paraná, 85902-490. E-mail: [email protected] Resumo Óleos essenciais são extraídos de plantas habitualmente através da técnica de arraste a vapor ou pela prensagem do pericarpo, no caso de frutos cítricos. Com base nos estudos já realizados com produtos do metabolismo vegetal secundário, e com objetivo de localizar substâncias que realmente possuam atividade antimicrobiana que venham a significar mais uma alternativa de terapia eficiente ao tratamento das infecções por microrganismos resistentes a antibióticos, faz-se aqui uma descrição de pesquisas em andamento com a planta “insulina vegetal” (Cissus sicyoides L). Introdução Óleos essenciais são definidos como produtos obtidos de partes de plantas, sob a forma de misturas complexas de substâncias voláteis, lipofílicas, geralmente odoríferas e líquidas. Do ponto de vista químico, os óleos essenciais são constituídos principalmente de uma mistura de compostos orgânicos chamados terpenos. Os principais órgãos produtores de óleos essenciais são: flores, frutos cítricos (cascas), folhas, raízes, caule (cascas e resinas) e sementes (ARAÚJO, 1995). Os métodos de extração variam conforme a localização do óleo volátil na planta e com a proposta de utilização do mesmo, sendo o mais comum, destilação por arraste de vapor d’água (ROBBERS et al., 1997). Algumas propriedades farmacológicas dos óleos voláteis estão bem estabelecidas como: ação estimulante de secreções do aparelho digestório, cardiovascular, irritante tópica ou repulsiva (uso externo), sobre o SNC, anestésica local, anti-inflamatória e antiséptica (RAMOS, 1998). As folhas da planta insulina vegetal (Cissus 63 Anais do II II ENDICT – Encontro de Divulgação Científica e Tecnológica ISSN 2176-3046 Universidade Tecnológica Federal do Paraná UTFPR • campus Toledo • 20 a 22 de Outubro de 2010 • www.utfpr.edu.br/toledo Ministério da Educação Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Toledo sicyoides L) vem sendo muito empregada pela população para o tratamento de diabetes, de onde deriva seu nome. Este uso informal torna necessária a realização de mais estudos químicos sobre os compostos produzidos por esta planta (BELTRAME et al., 2001). Desenvolvimento Os métodos de extração variam conforme a localização do óleo na planta. O método de enfloração é muito utilizado por indústrias de perfumes, sendo aplicado na extração de algumas plantas com baixo teor de óleos de alto valor comercial. É empregado para extrair óleo de pétalas, as quais são depositadas, à temperatura ambiente, sobre uma camada de gordura durante certo período de tempo (RAMOS, 1998). No método de extração por arraste de vapor, os óleos possuem tensão de vapor mais elevada que a da água, sendo, por isso, arrastados pelo vapor d'água, obedecendo à lei de Dalton, onde "a pressão total de vapor acima de uma mistura de duas fases é igual à soma da pressão de vapor dos n componentes puros individuais: Pt = P1 + P2 + ... + Pn” (MAUL, 1997). Na extração com solventes orgânicos, os óleos são extraídos, preferencialmente, com solventes apolares (éter ou diclorometano) que, no entanto, também extraem outros compostos lipofílicos, além dos óleos voláteis: - extração descontínua, extração líquido-líquido: é indicada quando existe uma grande diferença de solubilidade do soluto nos dois solventes e, laboratorialmente, utiliza-se um funil de separação, onde ambos os solventes são adicionados – com a agitação do funil de separação, o soluto passa à fase na qual está o solvente com maior afinidade – e a separação é feita, sendo que a fase mais densa é recolhida antes (RAMOS, 1998); - extração contínua: é utilizada quando a diferença de solubilidade do soluto em ambos os solventes não é muito grande – o solvente orgânico passa continuamente sobre a solução contendo o soluto, levando parte deste até o balão de aquecimento, onde o solvente está sendo destilado e o soluto vai se concentrando (RAMOS, 1998). As atividades farmacológicas de uma droga vegetal rica em óleos voláteis têm diferenças em relação ao óleo isolado da mesma. Pretende-se conferir a propriedade do óleo 64 Anais do II II ENDICT – Encontro de Divulgação Científica e Tecnológica ISSN 2176-3046 Universidade Tecnológica Federal do Paraná UTFPR • campus Toledo • 20 a 22 de Outubro de 2010 • www.utfpr.edu.br/toledo Ministério da Educação Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Toledo volátil da insulina vegetal que se estima ser antibacteriano, enquanto a infusão da planta é empregada para o tratamento de diabetes devido à presença de flavonóides (GRYNBERG; ECHEVARRIA, 2002). Também se deve levar em consideração que, se é possível estabelecer a atividade farmacológica de uma substância isolada, o mesmo não é tão fácil para um óleo volátil que, além de ser uma mistura complexa, pode ter sua composição química alterada por vários fatores. Algumas propriedades farmacológicas, entretanto, estão relativamente bem estabelecidas e podem servir de exemplos (SILVA, 2002). Estudos realizados com exemplares dessa espécie têm revelado várias atividades farmacológicas, dentre as quais destacam-se as atividades: antioxidante e antimicrobiana, inibidor da enzima acetilcolinesterase, hipoglicemiante, na prevenção da osteoporose, entre outras. As folhas são empregadas externamente contra reumatismo e abscessos, enquanto a infusão de folhas e do caule é utilizada na inflamação muscular, na hipotensão e como ativadora da circulação sangüínea. Apesar do uso popular para o tratamento do diabetes, não há estudos comprovando sua eficácia nesta aplicação, contrariando a denominação de “insulina vegetal” (VASCONCELOS et al. 2007). Conclusões A espécie Cissus sicyoides L se apresenta como fonte potencial de antioxidante e com ação antimicrobiana devido à detecção de quantidades elevadas de fitoativos antioxidantes nas folhas da insulina vegetal. Espera-se para tal espécie inerente inocuidade e boa aplicabilidade dos respectivos extratos na ação contra micro-organismos. Assim, verifica-se que há necessidade real de estudos para verificação do uso popular. Referências ROBBERS, J. E.; SPEEDIE, M. K.; TYLER, V. E. Famacognosia e farmacobiotecnologia. São Paulo: Premier, 1997. 327p. BELTRAME, Flávio Luis. Estudo fitoquímico e avaliação do potencial antidiabético do cissus sicyoides L. Revista Química Nova, vol. 24, nº. 6, 2001. ARAÚJO, J. M. A. Química da Alimentos - Teoria e Prática - Óleos Essenciais. Ed. Impr. Univ. UFV: Viçosa, MG, 1995. RAMOS, F. Etno-botânica – Extração de Óleos Essenciais. São Paulo, SP, Brasil, 1998. 142p. 65 Anais do II II ENDICT – Encontro de Divulgação Científica e Tecnológica ISSN 2176-3046 Universidade Tecnológica Federal do Paraná UTFPR • campus Toledo • 20 a 22 de Outubro de 2010 • www.utfpr.edu.br/toledo Ministério da Educação Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Toledo Maul, A. A. Extração de insumos farmacêuticos por fluido supercrítico. São Paulo, SP, Brasil, 1997. 167p. Dissertação de Mestrado (Mestre em Fármaco e Medicamentos). Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, Brasil. GRYNBERG, Noema F. ECHEVARRIA, Áurea. Plantas medicinais: a necessidade de estudos multidisciplinares. Revista Química Nova, vol.25, nº. 3. São Paulo: May, 2002. Silva, P. Farmacologia. 6ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. 66 Anais do II II ENDICT – Encontro de Divulgação Científica e Tecnológica ISSN 2176-3046 Universidade Tecnológica Federal do Paraná UTFPR • campus Toledo • 20 a 22 de Outubro de 2010 • www.utfpr.edu.br/toledo