AIDS: Descubra um pouco mais sobre o vírus HIV e os avanços da Medicina em relação ao Tratamento e a Cura. por Dr. Tufi Chalita Em Junho de 1981, o CDC (Center For Diseases Control) em Atlanta, Georgia-USA, registra os primeiros casos de uma síndrome considerada então, um mistério. Dr. Tufi Chalita CRM 40883 Médico Infectologista Formação e Residência na Faculdade de Ciências Médicas Unicamp FCM 6 N o ano seguinte ela é batizada provisoriamente de “Doença dos 5H” (Homossexuais, Hemofílicos, Haitianos, Heroinômanos - usuários de Heroína e prostitutas Hooker, em inglês), pois se constatou a possibilidade de transmissão pelo ato sexual, uso de drogas injetáveis e exposição ao sangue e derivados. Em 1983, finalmente surge a denominação definitiva AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida em Português). Ao longo desses 30 anos ela se disseminou pelo mundo, não mais restrita a grupos específicos de pessoas e tornou-se uma das maiores fontes de preocupação da humanidade. Paralelamente ao avanço da doença, desenvolveram-se com velocidade espantosa, as pesquisas, métodos diagnósticos e tratamento. Nos primórdios nada ou muito pouco, podíamos fazer quanto ao inexorável desfecho da doença. A sobrevida era de no máximo 02 anos pela não existência de medicação adequada na época. Em 1986 surge o AZT, o primeiro antiretroviral aprovado para uso em pacientes Anti-HIV positivos. Outras tantas e eficazes drogas vão surgindo ao longo dos anos. Em 1995 o tratamento contra a AIDS ganha um aliado importantíssimo e usado até hoje que é a idéia do “Coquetel”, uma associação de diferentes drogas antiretrovirais atuando em diferentes “sítios” do HIV ou da célula parasitada. As classes de medicamentos antiretrovirais são: Primeiro: Inibidores Nucleosídicos da Transcriptase Reversa Segundo: Inibidores não Nucleosídicos da Transcriptase Reversa Terceiro: Inibidores de Proteases Quarto: Inibidores de Fusão Quinto: Inibidores da Integrase A entrada do HIV na célula hospedeira ocorre em 03 etapas: Primeira: o vírus fixa-se ao receptor CD4, na superfície da célula Segundo: liga-se a um correceptor (CCR5 ou CxCR4) Terceiro: funde-se à membrana celular, liberando componentes virais dentro da célula hospedeira. Ao longo desses 30 anos ela se disseminou pelo mundo, não mais restrita a grupos específicos de pessoas e tornou-se uma das maiores fontes de preocupação da humanidade. Dr. Gero Hütter, médico hematologista Esses passos foram fundamentais para se desenvolverem novas drogas, recentemente disponíveis e que são as grandes novidades dos últimos anos. Para a tentativa de bloquear o segundo e terceiro passo já existem drogas disponíveis comercialmente no Brasil. São elas respectivamente: o Maraviroc (Antagonista do CCR4) e a Enfurvitida (que é um inibidor de fusão). Para o primeiro passo existe uma droga promissora, mas ainda não disponível ao público, chamada BMS - 663068, que potencializada pela droga Ritonavir, impediu com eficácia a fixação do HIV à membrana citoplasmática da célula alvo. A Cura da AIDS Em Dezembro de 2010 o médico alemão Gero Hütter anunciou a cura da AIDS em um paciente Norte Americano chamado Timothy Ray Brown. O mesmo foi submetido a um transplante de medula por ter leucemia mielóide aguda, além de ser HIV positivo. Para doador foi selecionado um indivíduo com uma condição específica, uma mutação genética que acontece especialmente em Europeus, que dificulta a infecção pelo HIV. Essa condição especialíssima evidentemente não pode ser massificada, mas pode levar os pesquisadores a pensar em mecanismos alternativos para a cura com novas estratégias de combate ao HIV. Não há ainda perspectiva de cura da doença, mas seu controle se tornou muito mais fácil e as perspectivas de vida aumentaram surpreendentemente. Hoje, nós Infectologistas, nos preocupamos mais com o aumento dos níveis de colesterol, triglicérides e glicose que com o HIV em si. A perspectiva de vacina preventiva ainda se mantém distante pela peculiaridade do HIV de se recombinar entre si e pela sua impressionante capacidade mutagênica. 7