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SUMÁRIO
GEOLOGIA
1.
GEOLOGIA GERAL, ROCHAS, E MINERAIS ............................................... GEO 1
2.
A ESTRUTURA INTERNA DA TERRA .......................................................... GEO 9
3.
SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO .......................................................... GEO 15
4.
INTEMPERISMO ...................................................................................... GEO 17
5.
A GEOLOGIA DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS ............................................... GEO 23
6.
SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO .......................................................... GEO 33
7.
A AÇÃO GEOLÓGICA DO VENTO ............................................................ GEO 35
8.
A AÇÃO GEOLÓGICA DO GELO .............................................................. GEO 41
9.
SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO .......................................................... GEO 49
10.
AÇÃO GEOLÓGICA DO MAR ................................................................... GEO 51
11.
TECTONISMO .......................................................................................... GEO 61
12.
SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO .......................................................... GEO 67
13.
ABALOS SÍSMICOS ................................................................................ GEO 69
14.
VULCANISMO ......................................................................................... GEO 77
15.
SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO .......................................................... GEO 83
REFERÊNCIA CRUZADA
GEOLOGIA
APOSTILA
ATIVIDADE
ASSUNTO
INTERNET
ATIVIDADE
ASSUNTO
1
GEOLOGIA GERAL, ROCHAS, E
MINERAIS
1
Vídeo Aula 1
2
A ESTRUTURA INTERNA DA
TERRA
2
Vídeo Aula 2
3
SÍNTESE PARA AUTOAVALIAÇÃO
3
Auto-avaliação
4
INTEMPERISMO
4
Vídeo Aula 3
5
A GEOLOGIA DAS ÁGUAS
SUPERFICIAIS
5
Vídeo Aula 4
6
SÍNTESE PARA AUTOAVALIAÇÃO
6
Auto-avaliação
7
A AÇÃO GEOLÓGICA DO VENTO
7
Vídeo Aula 5
8
A AÇÃO GEOLÓGICA DO GELO
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Vídeo Aula 6
9
SÍNTESE PARA AUTOAVALIAÇÃO
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Auto-avaliação
10
AÇÃO GEOLÓGICA DO MAR
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Vídeo Aula 7
11
TECTONISMO
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Vídeo Aula 8
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SÍNTESE PARA AUTOAVALIAÇÃO
12
Auto-avaliação
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ABALOS SÍSMICOS
13
Vídeo Aula 9
14
VULCANISMO
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Vídeo Aula 10
15
SÍNTESE PARA AUTOAVALIAÇÃO
15
Auto-avaliação
Geologia
GEOLOGIA GERAL, ROCHAS, E MINERAIS.
ATIVIDADE 1
OBJETIVOS
Levar o aluno a compreender: a importância da ciência geológica como disciplina
suporte da geografia; os conceitos de rocha e mineral; as propriedades de cada um; e a
relação destes elementos geológicos com a geografia.
GEOLOGIA GERAL, ROCHAS E MINERAIS
1.1. A GEOLOGIA NO CONTEXTO GEOGRÁFICO
A Geologia, junto com a Geografia, faz parte de um conjunto de ciências
conhecidas como Ciências da Terra, ou ainda, Geociências.
No caso específico do curso de Geografia, a Geologia é uma disciplina
que propiciará um suporte teórico para outras disciplinas, notadamente para a
disciplina Geomorfologia (a qual será estudada em uma outra etapa do curso).
Em suma, para se aprender bem Geomorfologia – uma das partes vitais
da Geografia – precisa-se compreender a estrutura geológica bem como os
processos e conceitos geológicos. Enfim, a disciplina Geologia fornecerá a base para
a compreensão de vários fenômenos geográficos os quais se fazem presentes no
exercício da profissão do licenciado em Geografia.
Cabe também salientar ao aluno que a disciplina Geologia está sendo
ministrada por um geógrafo e professor de geografia e não por um geólogo. Dessa
forma procurar-se-á evitar um grande aprofundamento em tecnicidades da ciência
geológica, pautando os textos nos elementos essenciais à interpretação geográfica
dos fenômenos. No intuito de facilitar a compreensão do discente, ao final de cada
capítulo, seguirá um miniglossário visando esclarecer determinados conceitos (em
negrito e itálico) presentes no texto.
1.2. MINERAIS
Segundo Leinz e Amaral (1989), mineral “é um elemento ou um composto
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Geologia
ATIVIDADE 1
químico, via de regra, resultante de processos inorgânicos, de composição química
geralmente definida e encontrado naturalmente na crosta terrestre”. Em geral os
minerais encontram-se no estado sólido, levando-se em consideração as condições
normais de temperatura e pressão. O mercúrio (Hg) é uma das poucas exceções, uma
vez que este é encontrado no estado líquido.
Os principais minerais formadores das rochas mais comuns encontradas
na superfície do planeta são os seguintes: a) feldspatos (ortoclásio, plagioclásio),
piroxênios, anfibólios, quartzo, micas (muscovita, biotita), clorita, olivina, granada,
nefelina, turmalina, calcita, dolomita, gipsita, caulim, magnetita, hematita, limonita,
pirita, calcopirita, galena e blenda.
Os minerais possuem propriedades físicas, ópticas e químicas. Dentre
as propriedades físicas pode-se citar a estrutura, a clivagem, a dureza e o peso
específico. Já as propriedades ópticas principais são o brilho e a cor. Como
propriedades químicas podem ser citadas o polimorfismo e o isomorfismo.
1.3. ROCHAS
De acordo com Leinz e Amaral (1989), rocha “é um agregado natural
formado por um ou mais minerais (inclusive vidro vulcânico e matéria orgânica) que
constitui uma parte essencial da crosta terrestre”.
Guerra e Guerra (2005) salientam que o estudo das rochas é de
interesse tanto de geólogos como de geógrafos. Todavia os primeiros atentam à
composição química, ao sistema de cristalização, à textura e à estrutura das mesmas,
ou seja, estudam as rochas por si mesmas. Os geógrafos por seu lado, preocupam-se,
principalmente, como as rochas reagem aos vários tipos de intemperismo e erosão.
As rochas podem ser classificadas de acordo com sua gênese (origem),
sua composição química, sua estrutura e sua textura. A classificação mais conhecida e
utilizada pelos profissionais de geografia é a genética, a qual será estudada a seguir.
1.3.1. CLASSIFICAÇÃO GENÉTICA DAS ROCHAS
As rochas são classificadas em três tipos, quais sejam:
a) rochas ígneas ou magmáticas;
b) rochas metamórficas;
c) rochas sedimentares.
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Geologia
ATIVIDADE 1
a) ROCHAS ÍGNEAS OU MAGMÁTICAS
São aquelas formadas a partir do resfriamento direto do magma. As
primeiras rochas do planeta surgiram dessa forma. Mesmo hoje podem-se observar
rochas originando-se do magma toda vez que um vulcão expele-o em forma de lavas.
Subdividem-se em Extrusivas (vulcânicas ou efusivas) e Intrusivas
(plutônicas ou abissais).
As rochas magmáticas extrusivas são rochas cuja formação acontece
pelo resfriamento do magma em superfície, ou seja, sob as condições de temperatura,
pressão e umidade superficiais. É chamada de extrusiva por que sua formação se dá
de forma (ex)terna.
Já as rochas ígneas intrusivas são formadas a partir do resfriamento
(lento) do magma internamente, ou seja, no interior da crosta. Como as condições lá
reinantes são diversas das de superfície, principalmente no tocante às temperaturas e
pressões, as rochas se cristalizam de maneira diferenciada.
O basalto é um exemplo de rocha magmática extrusiva, enquanto o
granito e o diabásio são bons exemplos de rochas intrusivas.
b) ROCHAS METAMÓRFICAS
As rochas metamórficas, como o próprio nome alude, passaram por
transformações (metamorfose) em sua estrutura e sua textura. Ou seja, tais rochas
anteriormente eram rochas sedimentares ou magmáticas, as quais sofreram
metamorfose a partir da atuação de fortes pressões e altas temperaturas. As
transformações são muitas vezes brutais, transformando rochas muito friáveis em
rochas extremamente resistentes. Veja os exemplos abaixo:
GRANITO (rocha magmática) - GNAISSE (rocha metamórfica)
ARGILITO (rocha sedimentar) - ARDÓSIA (rocha metamórfica)
CALCÁRIO (rocha sedimentar) - MÁRMORE (rocha metamórfica)
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Geologia
ATIVIDADE 1
c) ROCHAS SEDIMENTARES
Tais rochas se formam a partir da compactação dos “restos”
(sedimentos) de outras rochas. A compactação dos sedimentos ocorre a partir da
atuação de altas temperaturas e altas pressões sobre o pacote sedimentar. Estas
forças promovem um amálgama do pacote, tanto melhor caso haja nos detritos
material cimentante.
Cabe lembrar que os sedimentos se originam do desgaste da crosta a
partir da atuação dos agentes erosivos e intempéricos (água, vento, gelo, variação de
temperatura, etc.).
As rochas sedimentares são facilmente identificáveis devido a sua
estrutura laminar. Isto é, é possível identificar lâminas (ou camadas) de deposição.
Cada camada corresponde a um período de sedimentação ocorrido. Podemos
subdividir as rochas sedimentares em:
a) Detríticas ou clásticas: oriundas dos restos de outras rochas. Exemplo:
arenito.
b) Orgânicas: apresentam em sua constituição sedimentos ricos em
restos de seres vivos. Exemplos: calcário, turfa;
c) Químicas: sua origem está associada a reações químicas. Exemplo:
sal-gema.
1.3.2. RELAÇÕES COM O RELEVO E O SOLO – DA TEORIA
GEOLÓGICA À PRÁXIS GEOGRÁFICA
O conhecimento genérico das rochas e minerais é importante para o
profissional em Geografia uma vez que elucida as propriedades de tais compostos,
determinantes para o entendimento da formação do relevo bem como dos solos. Veja
alguns exemplos:
a) Uma das formas de relevo mais comuns no Brasil são os planaltos.
Todavia a aparência dos planaltos é muito díspar. Podem-se encontrar
desde planaltos muito ondulados (Figura 1.1), como planaltos
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Geologia
ATIVIDADE 1
Figura 1.1. – Planalto ondulado
(http://www.gibson-lamb.com/images/morros.jpg)
A forma plana e achatada de uma chapada decorre da estrutura em
camadas das rochas sedimentares. Por outro lado, os planaltos ondulados têm sua
gênese ligada a rochas cristalinas (metamórficas e magmáticas).
Figura 1.2. Planalto sedimentar
(http://www.terra.com.br/turismo/roteiros/f2001/chapadas.htm)
Em suma, formas de relevos oriundas de rochas sedimentares tendem a
ser aplainadas, ao passo que as formas de relevo gestadas a partir de rochas
cristalinas tendem a ter fisionomia ondulada.
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Geologia
ATIVIDADE 1
a) As rochas quando são decompostas dão origem aos solos. Os solos
herdam da rocha matriz (mãe) os constituintes minerais, os quais tornarão o solo mais ou menos fértil.
Algumas rochas possuem em sua constituição grande quantidade de
minerais nutrientes, enquanto outras possuem pequena quantidade de minerais
nutrientes, ou os minerais constituintes não se prestam à nutrição da biota.
Em resumo: a partir da rocha encontrada, sabe-se que o solo formado
(ou em formação) será fértil ou não. De modo análogo, a partir do solo encontrado temse a idéia da rocha preexistente. Veja:
• Terra roxa: é tido como o solo mais fértil do Brasil. Origina-se da
decomposição de rochas vulcânicas (basalto ou diabásio, normalmente).
Quando se encontra terra roxa num determinado local (município de Jaú,
por exemplo), sabe-se que ali existia uma rocha vulcânica. Em outras
palavras, a ocorrência desse solo indica a existência de vulcanismo –
como os grandes derrames de lavas – no interior de São Paulo, ao longo
do passado geológico. Por outro lado, pode-se inferir que os locais onde
se encontram rochas vulcânicas terão solos férteis no futuro à medida
que ocorre a pedogênese.
1.4. MINIGLOSSÁRIO
• Crosta terrestre: camada sólida da Terra, também chamada Litosfera.
Na prática se traduz como uma fina camada rochosa toda fraturada.
Cada parte (“pedaço”) da crosta é uma placa tectônica.
• Friabilidade: propriedade física das rochas. Uma rocha friável é uma
rocha pouco resistente à erosão, isto é, facilmente erodível.
• Magma: líquido viscoso no qual bóiam as placas tectônicas.
• Placas tectônicas: grandes “pedaços” da crosta terrestre que flutuam
sobre a parte “líquida” do planeta.
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Geologia
ATIVIDADE 1
• Pedogênese: processo de formação de solos. As rochas são
constantemente pedogeneizadas, desintegrando-se e tornando-se solo.
• Terra roxa: diferentemente do que muitos supõem, a denominação terra
roxa designa a cor do solo, todavia não em português. Os imigrantes
italianos, quando conheceram este solo nas fazendas de café do interior
do estado de São Paulo, chamaram-na de “terra rossa” – terra vermelha.
Como se percebe, o aportuguesamento do termo incorreu num “pequeno”
erro de coloração.
REFERÊNCIAS
GUERRA, A. T.; GUERRA, A. J. T. Novo dicionário geológico-geomorfológico. 4.
ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.
LEINZ, V.; AMARAL, S. E. Geologia geral. 11. ed. São Paulo: Nacional, 1989.
POPP, J. H. Geologia geral. 2. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1981.
ANOTAÇÕES
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Geologia
ATIVIDADE 1
ANOTAÇÕES
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Geologia
A ESTRUTURA INTERNA DA TERRA
ATIVIDADE 2
OBJETIVOS
Ao final dessa aula, o aluno terá compreendido a estrutura interna do
planeta, com suas camadas formadoras e as principais características de cada uma
delas.
A ESTRUTURA INTERNA DA TERRA
Os estudos das principais camadas da Terra são realizados através da
propagação de ondas sísmicas. Isso se deve ao fato de que, apesar da intenção do
homem em perfurar os 6.370 km de profundidade, as limitações tecnológicas
impedem que se avancem mais do que os 12 km alcançados até a atualidade, numa
perfuração em Kola, Rússia.
Sabe-se, no entanto, que a Terra é estruturada em camadas concêntricas
de composições químicas e físicas diferenciadas, que são agrupadas em quatro
camadas principais (Figura 2.1).
Figura 2.1 – Camadas da Terra – (United States Geological Survey – www. usgs.gov)
GEO
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Geologia
ATIVIDADE 2
2.1. A CROSTA
Através de análises sistemáticas dos abalos sísmicos, foi possível
deduzir as camadas principais que compõem a estrutura da Terra. A camada
superficial, denominada crosta, apresenta uma espessura variante de 25 a 50 km nos
continentes e de 5 a 10 km nos oceanos. É composta basicamente por silicatos de
alumínio, sendo por isso também chamada de Sial (ASSUMPÇÃO; NETO, 2003).
Existem doze tipos de crosta, mas os dois principais são a oceânica e a
continental. Bastante diferentes em vários aspectos, a crosta oceânica é relativamente
muito nova – devido ao processo de expansão do assoalho oceânico e da subducção
de placas – sendo a crosta oceânica mais antiga datada de 160 Ma, no oeste do
pacífico. É de composição basáltica e coberta por sedimentos pelágicos e possuem
em média 7 km de espessura.
A combinação da crosta com a parte superior do manto, de composição
química diferenciada em relação à parte inferior, que a torna mais rígida, recebe o
nome de litosfera.
2.2. O MANTO
A camada abaixo da crosta terrestre recebe o nome de manto. Sua
extensão é de aproximadamente 30 a 2900 km. Sua composição é rica em ferro e
magnésio, apresentando características físicas diferentes da crosta.
O material de que é composto o manto pode apresentar-se no estado
sólido ou como uma pasta viscosa, em virtude das pressões elevadas. Porém, ao
contrário do que se possa imaginar, a tendência em áreas de alta pressão é que as
rochas mantenham-se sólidas, pois assim ocupam menos espaço físico do que os
líquidos. Além disso, a constituição dos materiais de cada camada do manto tem seu
papel na determinação do estado físico local. O núcleo interno da Terra é sólido
porque, apesar das imensas temperaturas, está sujeito a pressões tão elevadas que
os átomos ficam compactados; as forças de repulsão entre os átomos são vencidas
pela pressão externa, e a substância acaba se tornando sólida.
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Geologia
ATIVIDADE 2
2.3. NÚCLEOS EXTERNOS E INTERNOS
O núcleo interno do planeta é constituído de ferro sólido e ao seu redor
está o núcleo externo, que é fundido. Essas duas camadas estão em regiões muito
profundas da Terra, separadas da crosta pelo manto, que é bastante espesso. O
manto, por sua vez, é sólido, porém maleável como o plástico, e é a origem de todo o
magma liberado pelos vulcões.
O núcleo interno da Terra também gira, de forma bem parecida à da
Terra, ou seja, em torno de seu próprio eixo. O núcleo externo, porém, gira a uma taxa
diferente em relação à do núcleo interno. Essa diferença cria um efeito dínamo, ou de
convecções e correntes dentro do núcleo. É isso que cria o campo magnético da Terra:
é como um eletroímã gigante. Quando os ventos solares atingem a Terra, colidem com
o campo magnético, ou magnetosfera, em vez de colidirem com a atmosfera.
2.3.1. DESCONTINUIDADES
WIECHERT-GUTENBERG)
(MOHOROVICIC
E
Há muita controvérsia em relação às medidas das camadas internas do
planeta. Cabe lembrar que as medidas são feitas indiretamente (a partir da propagação
de ondas sísmicas). Desse modo, em algumas medições a espessura da crosta varia
entre 25 e 50 km, já em outras alcança no máximo 25 km.
Todavia, existe um consenso sobre a existência de duas descontinuidades
entre as camadas, a de Mohorovicic (entre 30 e 50 km de profundidade) e, a de WiechertGutenberg (a 2900 km).
Assim, pode-se classificar a estrutura interna do planeta do seguinte modo:
• Núcleo – desde o centro do globo até a descontinuidade de WiechertGutenberg.
• Envoltório médio – entre as duas descontinuidades.
• Crosta da Terra – desde a descontinuidade de Mohorovicic até a
superfície.
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Geologia
ATIVIDADE 2
2.4. COMPORTAMENTO FÍSICO
Em conseqüência de diferentes estruturas internas, com fluxos de calor e
massas em direções variadas, além das variações de densidade, o interior da Terra
apresenta um comportamento físico bastante complexo. A Geofísica é o ramo da
Geologia que trata das suas propriedades físicas fundamentais, e entre elas se
destacam o magnetismo e a gravimetria.
De acordo com Ernesto e Marques (2003), “o campo magnético terrestre
origina-se no núcleo terrestre (...), criando uma espécie de ímã, chamado dipolo”
(Figura 2.2). Esse eixo magnético está próximo do eixo de rotação, com uma diferença
de inclinação por volta de 11,5°. Portanto, quando se faz uso de uma bússola, a agulha
indicativa do norte está indicando apenas o pólo norte magnético, sendo necessária a
correção da declinação magnética, ou seja, da diferença entre o norte geográfico e o
norte magnético.
Figura 2.2 – Esquema ilustrativo da declinação magnética
(www.museudavida.fiocruz.br)
Outra contribuição importante do magnetismo é que, por meio dele, é
possível reconstituir movimentos da litosfera. Algumas rochas que possuem Fe em sua
composição química, ao se formarem, registram o alinhamento do dipolo magnético
da época. Esse registro permanece ao longo de toda a vida da rocha, e, dessa forma,
torna possível a correlação com o alinhamento magnético atual. Portanto, calculandoGEO
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Geologia
ATIVIDADE 2
se o alinhamento magnético da época de formação e o alinhamento atual, pode-se
estabelecer o deslocamento da rocha na litosfera ao longo do tempo. O estudo do
magnetismo antigo recebe o nome de paleomagnetismo.
O estudo do comportamento gravitacional terrestre recebe o nome de
gravimetria, e seu foco principal é a compreensão dos padrões anômalos
apresentados em diferentes pontos do globo. Segundo Ernesto e Marques (2003), “as
anomalias gravimétricas resultam das variações na densidade dos diferentes
materiais que constituem o interior da Terra. Os contrastes de densidade entre
diferentes tipos de rochas modificam a massa e causam, conseqüentemente,
mudanças nos valores de gravidade.”
REFERÊNCIAS
ASSUMPÇÃO, M.; DIAS NETO, C. M. Sismicidade e estrutura interna na Terra. In:
TEIXEIRA, W. et al. (Orgs.). Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2003.
ERNESTO, M.; MARQUES, L. S. A Composição e o Calor da Terra. In: TEIXEIRA, W. et
al. (Orgs.). Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2003.
LEINZ, V.; AMARAL, S. E. Geologia geral. 11. ed. ver. São Paulo: Nacional, 1989.
ANOTAÇÕES
GEO
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Geologia
ATIVIDADE 2
ANOTAÇÕES
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Geologia
SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO
ATIVIDADE 3
OBJETIVOS
Na matéria 01 você aprenderá a importância da ciência geológica como
disciplina suporte da geografia; os conceitos de rocha e mineral; as propriedades de
cada um; e a relação destes elementos geológicos com a geografia.
Aprenderá ainda como é o interior do planeta. Entenderá que o planeta é
formado por diferentes camadas (crosta, manto e núcleo), sendo que a humanidade
alicerçou suas edificações na camada mais fina.
ANOTAÇÕES
A disciplina Geologia no curso de Geografia serve como suporte (base
teórica) para outras disciplinas do curso.
É importante para o licenciado em Geografia conhecer os conceitos
básicos de geologia. Nessa matéria os principais conceitos são:
1) Mineral: Elemento ou composto químico, geralmente de origem
inorgânica, encontrado na crosta terrestre.
2) Rocha: agregado natural, formado por um ou mais minerais, que
formam a crosta terrestre.
Os minerais possuem propriedades físicas, ópticas e químicas, tais
como: estrutura, clivagem, dureza, peso, brilho, cor, polimorfismo e isomorfismo.
As rochas podem ser classificadas, segundo sua origem, em três
grandes grupos, a saber:
a) Rochas magmáticas;
b) Rochas sedimentares;
c) Rochas metamórficas.
É importante destacar também que o relevo e o solo estão interligados à
composição litológica (das rochas). Ou seja, a aparência do relevo terrestre deriva,
entre outros fatores, do tipo de rocha existente no subsolo. Do mesmo modo, o solo de
um lugar guarda relação íntima com a rocha abaixo, uma vez que o solo é o resultado
do processo de decomposição da rocha.
GEO
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Geologia
ATIVIDADE 3
Na matéria 01 também é importante a compreensão das diferentes
camadas que constituem o nosso planeta. São elas:
a) A crosta: camada superficial e sólida do planeta, onde se desenvolve a
vida.
b) O manto: camada abaixo da crosta, rica em ferro e magnésio, onde o
material encontra-se, em geral, em estado líquido.
c) O núcleo: camada mais interna do planeta, dividindo-se em núcleo
externo e núcleo interno, sendo o primeiro sólido e o segundo em estado de fusão.
ANOTAÇÕES
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Geologia
INTEMPERISMO
ATIVIDADE 4
OBJETIVOS
Ao final desta aula, objetiva-se que o aluno tenha compreendido o
conceito de intemperismo – fundamental para o entendimento dos processos erosivos
–, bem como seus principais tipos e sua dinâmica processual.
INTEMPERISMO
A compreensão do conceito de intemperismo é fundamental para o aluno
de Geografia. A palavra remete ao termo inglês weathering, de difícil tradução. Os
brasileiros relacionaram o conceito à ação das intempéries, mormente as climáticas.
Dessa forma, pode-se dizer sucintamente que intemperismo é alteração da rocha, ou,
como explicita Guerra e Guerra (2005), um “conjunto de processos mecânicos,
químicos e biológicos que ocasionam a desintegração e decomposição das rochas”.
Em suma, rocha intemperizada é rocha alterada, sendo pois este
processo fundamental para a formação dos solos (pedogênese), bem como essencial
para o entendimento da dinâmica erosiva, haja vista que o intemperismo é a etapa
inicial do processo de erosão.
Divide-se o intemperismo em três tipos, a saber: intemperismo físico,
químico e biológico.
3.1. INTEMPERISMO FÍSICO
É toda alteração promovida por processos físicos, principalmente a
alternância de temperatura, a qual propicia a dilatação – pelo aquecimento – e a
contração – quando do resfriamento.
As rochas, portanto, tais quais azulejos de uma parede, dilatam-se
durante o dia – sob a influência do aumento das temperaturas – e contraem-se durante
a noite, após a cessação do input energético. Devido à repetição contínua do
processo (dilatação/contração/dilatação...), ocorre a fragmentação da rocha a partir
das linhas de fraqueza da mesma (rede de fraturas ou diáclases).
Exemplo da atuação do intemperismo físico são as gretas de concreção
GEO
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Geologia
ATIVIDADE 4
que aparecem nos solos das regiões secas, ou durante as prolongadas estiagens nas
regiões semi-úmidas, mostradas na Figura 3.1.
Figura 3.1 – Gretas de concreção
(http://www.mundoporterra.com.br/a2c_cms/uploads/grande/20070401115200.JPG)
Nas regiões secas do planeta, a amplitude térmica diária é muito alta.
Os desertos são um bom exemplo disso, pois durante o dia, não raro, as temperaturas
alcançam os 50 ºC, e, à noite, baixam a 0 oC. Portanto, durante as horas de sol, as
rochas dilatam-se bastante retraindo-se após o poente. Com o tempo, a rocha está
fragilizada e acaba por desagregar-se mecanicamente. Muitas vezes após um
prolongado período de insolação, as rochas são expostas a uma chuva repentina e
quebram-se bruscamente, ouvindo-se mesmo estalos.
Um acentuante deste processo pode ser a cor da rocha, o que
influenciará no seu albedo. Leinz e Amaral (1989) destacam que sob a temperatura
atmosférica de 36 ºC (às 17 horas), um norito (rocha escura) tem a temperatura
superficial de 63 ºC enquanto um gnaisse (rocha clara) tem a temperatura de 55 ºC. Às
5 horas o mesmo norito encontra-se a 26 ºC, o gnaisse a 23 ºC, estando a temperatura
ambiente em 22 ºC.
Também as rochas encontradas nas regiões geladas sofrem com a ação
do intemperismo físico. A água se infiltra pelas fendas (rachaduras) de tais rochas ao
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Geologia
ATIVIDADE 4
congelar-se e se expande (9% do seu volume), aumentando sobremaneira a pressão
sob as paredes rochosas, a ponto de quebrá-las facilmente. Para se ter idéia desse
efeito, basta pensar o quão facilmente o gelo quebra um vasilhame de vidro posto num
freezer a baixas temperaturas.
3.2. INTEMPERISMO QUÍMICO
Toda alteração, entenda-se decomposição, promovida por reações
químicas entre as rochas e soluções aquosas diversas (LEINZ & AMARAL, 2005).
Grosso modo, promove – a partir da atuação do solvente universal (água)
– a dissolução da camada superficial da rocha. Isto é, a água estando presente no
ambiente, vai lavando e diluindo/dissolvendo as partes mais solúveis da rocha ora sob
efeito intempérico.
O efeito deste tipo de intemperismo é tão mais forte quanto menos
resistente for a rocha/mineral ao ataque químico. Cabe lembrar que poucos são os
minerais resistentes ao ataque (neste ponto o quartzo é digno de nota). A maioria se
decompõe com o tempo migrando sob o efeito transportador das águas.
Um bom exemplo do intemperismo químico encontra-se nas formações
cársticas. Os carbonatos – principais constituintes destas formações – são facilmente
solubilizados. O resultado são feições pitorescas e muitas vezes deslumbrantes como
as cavernas, as dolinas, estalactites, estalagmites, colunas, cortinas, uvalas, poljé,
sumidouros, etc. (Figura 3.2).
Figura 3.2 – Cortina
(http://www. pt.wikipedia.org/wiki/Espeleotema#Cortinas)
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Geologia
ATIVIDADE 4
3.3. INTEMPERISMO BIOLÓGICO
Alteração da rocha promovida pela ação dos organismos vivos, quer
através de processos físicos (por exemplo, os microdutos perfurados por uma
minhoca), quer através de processos químicos (liberação de ácidos orgânicos).
3.4. RELAÇÕES COM O CLIMA E O RELEVO
É importante destacar que os processos intempéricos variam
fundamentalmente a partir das variações climáticas. Assim, pode-se dizer que o
intemperismo físico atua preferencialmente em ambientes frios e secos, tais como as
áreas polares e subpolares, e desérticas e semi-áridas.
Por seu turno, o intemperismo químico age sobretudo nas áreas quentes
e úmidas, principalmente nas equatoriais e tropicais.
Em locais de climas úmidos, todavia amenos (regiões temperadas) os
intemperismos se contrabalançam.
Cabe notar também que, a partir do processo de intemperização
predominante no local, ter-se-á fisionomias distintas do relevo, ou seja, as formas do
relevo refletem o intemperismo atuante.
Dessa forma, em ambientes quentes e úmidos, submetidos portanto ao
intemperismo químico, as formas tendem a ser arredondadas e suavizadas, uma vez
que a dissolução do material altera fundamentalmente a camada superficial (laminar)
da rocha, sendo o produto do processo intempérico levado pelas águas (em geral,
abundantes).
Por outro lado, os ambientes quentes e secos, ou ainda frios, onde o
intemperismo físico é particularmente eficiente, apresentam formas pontiagudas e
irregulares, já que a dilatação/contração do material termina por desagregar/
fragmentar grandes blocos, os quais deixam arestas angulosas quando se
desprendem do bloco rochoso principal.
Note o resultado dos distintos ataques intempéricos no exemplo abaixo:
Dois morros isolados (ou testemunhos) – pequenas elevações solitárias
na paisagem – podem ser constituídos por uma mesma rocha, todavia apresentar
fisionomia distinta, recebendo inclusive nomenclaturas diferenciadas.
Tais morros em ambientes semi-áridos ou desérticos são conhecidos
como inselbergues (Figura 3.3). Em áreas quentes e úmidas são chamados
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Geologia
ATIVIDADE 4
monadnocks (ou pães-de-açúcar), (Figura 3.4). Observe que enquanto o Inselbergue
tem faces angulosas, dentadas e pontiagudas, o pão-de-açúcar é suavemente
arredondado.
Figura 3.3 – Inselbergue
(http://www.australienbilder.de/serien/bilder/centre6.jpg)
Figura 3.4 – monadnock (“pão-de-acúçar”)
(http://www.ndc.uff.br/news.asp?index=49)
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Geologia
ATIVIDADE 4
3.5. MINIGLOSSÁRIO
• Albedo: capacidade de reflectância de um corpo. Quanto maior o
albedo de um corpo mais ele reflete a luz.
• Amplitude térmica: diferença entre a temperatura máxima e a
temperatura mínima, ou AT = TMAX – TMIN. A amplitude térmica pode ser
diária ou anual.
• Diáclase: “... aberturas microscópicas ou macroscópicas que
aparecem no corpo de uma rocha, principalmente por causa de esforços
tectônicos, tendo direções variadas... podem ser verticais, horizontais ou
inclinadas” (GUERRA & GUERRA, 2005).
• Formações cársticas: formações típicas de áreas constituídas por
rochas calcárias.
• Fratura: sinônimo de diaclase.
REFERÊNCIAS
GUERRA, A. T.; GUERRA, A. J. T. Novo dicionário geológico-geomorfológico. 4. ed.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.
LEINZ, V.; AMARAL, S. E. Geologia geral. 11. ed. ver. São Paulo: Nacional, 1989.
POPP, J. H. Geologia geral. 2. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1981.
GEO
22
Geologia
A GEOLOGIA DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS
ATIVIDADE 5
OBJETIVOS
Neste capítulo o aluno aprenderá como se processam as atividades
erosivas, transportadoras e deposicionais referentes à dinâmica das águas
superficiais
AÇÃO GEOLÓGICA DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS
A água no planeta Terra estabelece um ciclo composto por diferentes
etapas. Recordando: as águas evaporam, o vapor d’água ascende para a atmosfera,
resfriando-se à medida que sobe, condensa-se e volta à superfície na forma de
precipitações (pluviais, nivais ou de granizo). Chegando à superfície, a água tem dois
caminhos:
a) escoa superficialmente formando o runoff, e
b) infiltra-se no solo.
As águas do escoamento superficial atingirão os corpos d’água (rios,
lagos e mares), abastecendo-os e propiciando o reinício do ciclo.
Também as águas de infiltração abastecerão os corpos d’água, uma vez
que atingem os lençóis freáticos e estes abastecem as nascentes e os rios.
Este tópico enfocará o trabalho realizado pelas águas de runoff, pelas
águas pluviais (da chuva) e pelas águas fluviais (dos rios).
Águas pluviais
As águas pluviais iniciam sua ação erosiva no momento de sua queda,
através do que se convencionou chamar “efeito splash”, isto é, a gota da chuva, ao
colidir com o solo ou com a rocha, inicia o trabalho erosivo (Figura 4.1).
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Geologia
ATIVIDADE 5
Figura 4.1 – Efeito splash
(http://www.ojodigital.net/data/516/14Gota_02_www_naikon_net.jpg)
Pode-se comparar uma gota de chuva a uma microbomba que ao incidir
sobre a superfície tende a espalhar arealmente o material.
Obviamente o poder erosivo da gota da chuva está vinculado à natureza
da superfície, isto é, caso a gota colida com uma superfície rochosa, seu trabalho será
dificultado, ao passo que se a colisão ocorrer contra um solo exposto (sem proteção)
terá seu trabalho facilitado.
Note-se que se exemplificou a ação erosiva das precipitações a partir da
chuva, tipo de precipitação mais comum, principalmente nas áreas tropicais. Todavia,
tanto o granizo quanto a neve desempenham papel análogo, variando a intensidade e
a dinâmica.
Cabe salientar que o papel erosivo das precipitações não é desprezível
como se pode julgar à primeira vista. Uma gota de chuva tem um papel insignificante,
contudo durante um evento chuvoso são milhões de gotas que bombardeiam a
superfície.
Souza (2000), em pesquisa realizada na cidade de Franca (SP), analisa
detalhadamente o impacto meteórico do elemento pluvial, enfatizando sua dinâmica
erosiva. Nesse sentido corrobora com Bertoni (1967, apud SOUZA 2000), ratificando
que o impacto cinético da gota de chuva no terreno desprende uma enorme
quantidade de partículas, que podem ser atiradas a mais de 60 cm de altura e a mais
de 1,5 m de distância.
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24
Geologia
ATIVIDADE 5
Mais importante ainda, é bom compreender que as precipitações
deflagram um processo mais amplo. Veja:
a) a água da chuva umidifica a superfície, propiciando combustível para a
dissolução (intemperismo químico);
b) as águas pluviais vão se avolumando na medida em que a infiltração
diminui e cessa, e, conforme as orientações do relevo, passam a escoar.
Runoff
A segunda etapa da ação das águas de superfície refere-se ao runoff.
Como foi dito, as águas escoam segundo as orientações do relevo. Dois fatores
geomorfológicos (do relevo) assumem maior importância: a declividade (grau de
inclinação do terreno) e a extensão (comprimento de rampa) das encostas.
Quanto maior a declividade e maior o comprimento das encostas, maior
será a energia da água de escoamento. Em outras palavras, se o grau de inclinação
aumenta, a água escoa com maior velocidade e força, o que também acontece à
medida que as encostas são maiores e a água se avoluma mais e percorre maiores
distâncias.
O resultado da combinação desses dois fatores é um maior poder
erosivo do runoff, assim como um maior poder de transporte da água de escoamento.
Tratando-se especificamente da erosão ocasionada pelo runoff, pode-se
dizer que este causa e/ou maximiza três processos erosivos: sulcamento, ravinamento
e voçorocamento.
Os sulcos erosivos são formas longitudinais formadas no sentido do
escoamento das águas de enxurrada. São normalmente vistos nas laterais das
estradas de terra, onde se concentra o runoff (Figura 4.2).
GEO
25
Geologia
ATIVIDADE 5
As ravinas surgem a partir do crescimento lateral dos sulcos. Essas
formas se apresentam em diferentes magnitudes, ou seja, tem-se desde pequenos
“buracos” até “buracos” bem grandes (Figura 4.3).
Figura 4.3 – Ravina (em formação)
(SOUZA, 2000)
Por fim, as voçorocas são formas bem desenvolvidas, surgidas a partir
do momento em que a ravina atinge o lençol freático. Isto é, para chamar-se a forma
erosiva de voçoroca, é necessário ter-se uma nascente no sopé da parede principal
da mesma (Figura 4.4).
Figura 4.4 – Voçoroca (Franca – SP)
(SOUZA, 2000)
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26
Geologia
ATIVIDADE 5
Na etapa de transporte, a declividade do terreno e o comprimento das
encostas também são fundamentais. Sendo maior a energia do escoamento
superficial, maior será a quantidade de material transportado bem como a distância
percorrida.
Quando se reporta ao material transportado, fruto do trabalho erosivo das
águas pluviais e do runoff, utiliza-se o termo sedimento.
Costuma-se dizer que o fluxo de água tem uma determinada
competência no que se refere ao transporte, isto é, a torrente d’água será tanto mais
competente quanto mais, e mais facilmente, transportar o material.
Até agora se comentou sobre a ação das águas pluviais na superfície,
quer na forma de chuva quer na forma de runoff. Agora vamos tratar de outra
modalidade de ação das águas superficiais: a ação das águas fluviais, ou seja, a ação
das águas dos rios e congêneres (riachos, córregos, etc.).
4.3. Águas fluviais
As fluviais efetuam os três processos destacados anteriormente, isto é,
desgastam (erodem) o leito fluvial, transportam sedimentos e depositam os materiais.
A etapa erosiva se processa das seguintes formas:
a) Erosão vertical: o rio, através do contínuo deslocamento de suas
águas sobre o leito, faz incisões, entalha o canal. Em outras palavras, o rio vai
continuamente aprofundando o seu canal.
Nesse processo, deve-se levar em conta a declividade do perfil
longitudinal do rio (Figura 4.5), bem como a natureza do substrato por onde se
deslocam suas águas.
Figura 4.5 – Perfil longitudinal
(http://www.indiana.edu/~g103/G103/week6/rivanat.jpg)
GEO
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Geologia
ATIVIDADE 5
Em áreas declivosas – com corredeiras, por exemplo –, o trabalho
erosivo é maximizado. Caso o substrato, mesmo que rochoso, ofereça pouca
resistência – rochas friáveis –, a erosão também será facilitada.
Quando o rio alcança uma rocha, ou camada rochosa (fácie) mais
resistente, a erosão vertical diminui, ou mesmo cessa. O canal fluvial passará então a
erodir lateralmente.
a) Erosão lateral: como foi exposto, uma vez diminuído ou cessado o
entalhamento vertical, o rio começa a esculpir lateralmente, ou seja, passa a atacar os
barrancos e, conseqüentemente, começa a se alargar.
É importante destacar que ambas as erosões – vertical e horizontal –
ocorrem ao mesmo tempo, sendo que a segunda é particularmente atuante quando a
primeira diminui de intensidade.
A competência de um canal fluvial também é um assunto importantíssimo.
O rio transporta os materiais (sedimentos) de múltiplas formas, sendo que a
modalidade de transporte reflete sua competência.
Num canal fluvial encontram-se sedimentos de diferentes tamanhos. De
partículas diminutas até grandes blocos rochosos. Obviamente as partículas menores
tendem a ser mais leves e de fácil transporte, e vice-versa. Os rios mais competentes
serão aqueles capazes de transportar sedimentos maiores, mais pesados e,
logicamente, uma maior quantidade de material (carga sedimentológica).
A seguir estão expressas as principais modalidades de transporte fluvial:
a) transporte por dissolução: os materiais mais solúveis (normalmente os
mais finos) são dissolvidos pela água e são assim transportados. A coloração das
águas é o principal indicativo da quantidade de material transportado por dissolução;
b) transporte por suspensão: partículas pequenas e/ou mais leves são
transportadas suspensas, isto é, sem contato com o leito. Destaque-se que rios mais
competentes conseguem transportar sedimentos maiores em suspensão;
c) transporte por saltitamento: quando o tamanho e/ou peso do material
impede o transporte em contínua suspensão, o sedimento saltita, ou seja, é soerguido
e pela ação gravitacional desce e choca-se com o fundo do canal. O contínuo saltitar
acaba por deixar marcas nos sedimentos. Normalmente o sedimento fica
multifacetado;
d) transporte por rolamento: se a competência não é suficiente para
soerguer, mesmo que momentaneamente o material, mas ainda é suficiente para
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Geologia
ATIVIDADE 5
movimentá-lo continuamente, o sedimento passa a ser rolado no fundo do canal. O
conhecido cascalho é tecnicamente chamado de seixo rolado, e sua aparência
(arredondada) diretamente relacionada ao transporte por rolamento;
e) transporte por arraste: quando a competência é insuficiente para
movimentar continuamente o material, este passa a ser arrastado, aos trancos e
solavancos, conforme as condições do canal fluvial.
Em relação à deposição, constata-se:
os rios, por ocasião das cheias periódicas, depositam no leito maior
(várzeas) os sedimentos. Aliás, as várzeas (Figura 4.6.) – também chamadas planícies
de inundação – são fruto de sucessivas cheias e, obviamente, sucessivas deposições;
Figura 4.6 – Várzea (“floodplain”)
A deposição de sedimentos numa várzea obedece à seguinte lógica: os
sedimentos grosseiros (mais pesados) ficam embaixo e os materiais mais finos e
leves, em cima;
a) nos trechos do curso d’água onde a declividade diminui, ou logo após
obstáculos, devido à perda de energia do fluxo, aumenta o processo de deposição.
b) no baixo curso dos cursos fluviais, com a diminuição do gradiente de
inclinação, principalmente junto à foz, aumenta a deposição, formando em alguns
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Geologia
ATIVIDADE 5
casos os conhecidos deltas, onde a quantidade de sedimentos acumulada é tamanha
que proporciona a formação de “ilhas” as quais subdividem a foz do rio em múltiplos
canais (Figura 4.7).
Figura 4.7 – Foz em delta (Rio Nilo)
(http://topazio1950.blogs.sapo.pt/2006/09/)
MINIGLOSSÁRIO
Baixo curso: os cursos fluviais podem ser divididos em baixo, médio e
alto curso, sendo o alto curso o setor com mais declividade, próximo às nascentes; o
baixo curso, próximo à foz onde a declividade diminui sensivelmente, e o médio curso,
o setor intermediário.
Perfil longitudinal de um rio: segundo Guerra e Guerra (2005), representa
a declinação do curso d’água, ou seja, mostra a relação entre a altimetria e o
comprimento do rio.
Runoff: água de escoamento superficial, a popular enxurrada.
Sedimento: “Material originado pela destruição de rochas preexistentes,
susceptível de ser transportado e depositado” (GUERRA; GUERRA, 2005).
GEO
30
Geologia
ATIVIDADE 5
Talvegue: linha de maior profundidade de um rio, normalmente situa-se
nas proximidades do centro do canal.
REFERÊNCIAS
GUERRA, A. T.; GUERRA, A. J. T. Novo dicionário geológico-geomorfológico. 4. ed.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.
LEINZ, V.; AMARAL, S. E. Geologia geral. 11. ed. ver. São Paulo: Nacional, 1989.
POPP, J. H. Geologia geral. 2. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1981.
SOUZA, A. P. Impactos pluviais em Franca (SP). 2000, 179 f. Instituto de Geociências
e Ciências Exatas. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Estadual
Paulista, 2000.
ANOTAÇÕES
GEO
31
Geologia
ATIVIDADE 5
ANOTAÇÕES
GEO
32
Geologia
SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO
ATIVIDADE 6
OBJETIVOS
Nesta matéria você aprenderá o conceito de intemperismo - fundamental
para o entendimento dos processos erosivos -, bem como seus principais tipos e sua
dinâmica processual. Aprenderá também como é a atuação geológica das águas de
superfície, quer sejam águas pluviais (da chuva), quer sejam águas do escoamento
superficial (runoff), ou ainda águas fluviais (dos rios).
TEXTO
Um dos conceitos fundamentais para o entendimento dos processos
geológicos é o conceito de Intemperismo.
Intemperismo é um conjunto de processos que terminam por desagregar
e decompor a rocha.
Existem dois tipos principais de intemperismo: o Físico e o Químico.
Pode-se ainda subdividi-los em físico-biológico e químico-biológico.
O processo intempérico é causado principalmente por: alternância de
temperaturas (gerando fragmentação), e a presença de solvente (causando a
dissolução), geralmente a água (solvente universal).
Nas regiões secas e frias predomina o intemperismo físico. Já nas
regiões quentes e úmidas o intemperismo químico é predominante.
O relevo também será influenciado pela predominância de um ou outro
tipo de intemperismo. Nas regiões de climas quentes e úmidos o relevo tende a ser
suavizado, ondulado, ao passo que nas regiões frias ou secas o relevo tende a ser
cheio de arestas, com formas bem marcadas e pontiagudas.
As águas superficiais se traduzem como um dos principais agentes
geológicos na formação da paisagem. É importante destacar o ciclo da água em
superfície, e seu papel na elaboração dos processos de erosão, transporte e
deposição dos materiais.
A ação geológica da água em superfície deve ser analisada segundo três
ramos: a) Águas pluviais; b) Águas do escoamento superficial (runoff); e c) Águas
fluviais.
GEO
33
Geologia
ATIVIDADE 6
O aluno deve sempre procurar entender os três processos fundamentais
de atuação do agente geológico (erosão, transporte e deposição), isto é, como as
águas erodem, transportam e depositam os materiais em superfície. É importante
ainda entender o resultado da atuação das águas no relevo, ou seja, as formas criadas
pelo trabalho erosivo e deposicional da água.
ANOTAÇÕES
GEO
34
Geologia
AÇÃO GEOLÓGICA DO VENTO
ATIVIDADE 7
OBJETIVOS
Nesta aula o aluno aprenderá os principais conceitos relacionados à ação
geológica eólica, bem como a dinâmica erosiva, de transporte e de acumulação.
AÇÃO GEOLÓGICA DO VENTO
Outro agente geológico importante é o vento.
Vento de maneira simplificada é ar em movimento. O ar se movimenta
sempre que existe diferença de pressão atmosférica entre dois locais. Sempre o ar se
deslocará da área de maior pressão para a área de menor pressão. A diferença de
pressão tem diferentes causas. Uma delas é a térmica, isto é, locais mais aquecidos
têm expansão do ar formando sob o solo uma área de menor pressão, a qual passará
a receber ventos.
Neste capítulo, serão tratados os efeitos destrutivos (erosão),
transportadores e construtivos (deposição), agora, especificamente, do agente eólico
(vento). Nesse sentido é importante entender os fatores que interferem diretamente na
força energética eólica.
Quando se analisa a força energética do vento, deve-se atentar para os
seguintes fatores:
a) Pressão atmosférica – quanto maior for a diferença de pressão
barométrica, maior será a energia eólica, uma vez que a velocidade do vento também
será maior.
b) Velocidade – quanto mais veloz for o elemento eólico, maior a sua
capacidade destrutiva, transportadora e deposicional. Como foi dito, a velocidade
relaciona-se diretamente com a diferença de pressão entre os locais (quanto maior a
diferença, maior a velocidade). Outros fatores também influenciam decisivamente a
velocidade do vento, dentre eles podem ser citados: o atrito com a superfície, a
rugosidade superficial, os obstáculos que permeiam o caminho e eventuais correntes
aéreas de convecção. Todos os fatores citados estão inter-relacionados, ou seja, o
atrito será tanto maior quanto mais rugosa for a superfície; da mesma forma a
GEO
35
Geologia
ATIVIDADE 7
rugosidade da superfície deriva da existência de obstáculos - quer sejam naturais, ou
artificiais -, enquanto que os obstáculos podem promover (ou auxiliar) os movimentos
convectivos do ar. Em resumo, o ar movimentando-se sobre uma região rugosa, cheia
de obstáculos, é frenado, diminuindo sua força e energia.
c) Direção – O vento muda de trajetória comumente, às vezes em
questão de minutos. Todavia qualquer biruta (aparelho que indica a direção dos
ventos) indica que o elemento possui uma direção predominante durante o ano. Desse
modo pode-se inferir que as atividades eólicas (de erosão, transporte e deposição)
serão maximizadas no sentido principal de deslocamento das correntes de ar.
d) Constância – Este fator conectando-se aos demais potencializa a
ação dos ventos. Ora, regiões onde os ventos são constantes são sobremaneira
afetadas em comparação com regiões onde os ventos são esporádicos.
As regiões do globo mais afetadas pela dinâmica eólica são: as regiões
secas (principalmente os desertos, mas também as semi-áridas), as regiões polares
(glaciais e, sobretudo, as periglaciais), e as regiões litorâneas, devido ao mecanismo
de circulação diário dos ventos (brisas marítimas durante o dia e brisas continentais à
noite).
Por si só o vento produz pouca erosão. O que aumenta sobremaneira o
efeito destrutivo do vento são as partículas carregadas em suspensão. O melhor
exemplo desse processo é observado em áreas desérticas, onde são comuns as
tempestades de areia, as quais bombardeiam os obstáculos em sua trajetória.
Uma rocha que se encontra nesse caminho sofrerá um verdadeiro
polimento a partir do choque repetitivo dos grânulos de areia, e apresentará muitas
microcavidades, fenômeno análogo ao processo industrial efetuado por jatos de areia.
Tratando dos processos destrutivos eólicos Leinz & Amaral (1989)
empregam o termo corrasão, ao se referirem à erosão eólica. Para os autores os
efeitos da corrasão se manifestam na paisagem a partir de sulcos erosivos dispostos
segundo a direção predominante do vento.
Outro testemunho da erosão eólia é o ventifacto - fragmento rochoso
(seixo) facetado de polimento baço.
A maioria dos autores que se dedicam ao estudo da dinâmica eólica
utilizam um termo correlato, deflação, mais abrangente.
Designa-se deflação o conjunto de processos que englobam a erosão e
o transporte de sedimentos via eólica.
Em relação ao transporte, pode-se dizer que este está intimamente
GEO
36
Geologia
ATIVIDADE 7
ligado à velocidade do vento e ao tamanho das partículas.
De maneira similar ao que ocorre com as águas, o material mais pesado
será transportado apenas por correntes mais competentes e por menores distâncias.
Já o material mais leve é transportado, às vezes, por milhares de quilômetros, e em
grande quantidade.
Há registros do mês de março de 1901 evidenciando que ventos
provindos do deserto do Saara depositaram 4 milhões de toneladas de areia e pó no
continente europeu, sobre 1,5 milhões de km2, o que equivaleria a 3 gramas por metro
quadrado (LEINZ & AMARAL, op. cit.).
Também segundo os autores supramencionados, as distâncias
percorridas pelas areias saarianas chegam à espantosa cifra de 3.000 km de
distância, chegando à Inglaterra.
A deposição dos sedimentos eólicos relaciona-se à diminuição da
velocidade, conseqüente perda de energia e também à ocorrência de obstáculos que
por sua vez frenam o deslocamento do ar.
Como destacam Leinz e Amaral (op. cit.) “... diminuindo a velocidade do
vento, inicia-se a sedimentação das partículas segundo o seu tamanho... primeiro os
grãos maiores, passando para os menores”.
Contudo, o vento é um selecionador menos eficiente que a água, por isso
a deposição dos sedimentos têm em geral uma configuração diferenciada.
Apresentam uma estratificação cruzada. Tal fato deve-se a dinâmica eólica, onde uma
corrente de vento tem muitas e repentinas oscilações de velocidade, aumentando ou
diminuindo a mesma, em extensões de terreno relativamente pequenas. Isso acaba
por promover uma sedimentação em camadas (estratificação) onde os grânulos de
areia assumem posições divergentes do plano principal. A seleção por tamanho e
peso também é menos eficiente que a da água.
Todo depósito oriundo da atividade transportadora do vento é chamado
de depósito eólico. Esses depósitos têm diferentes naturezas. A saber:
a)
b)
c)
d)
e)
explosões vulcânicas;
áreas periglaciais (loess);
grandes praias marinhas;
regiões áridas;
outras regiões (desde que suscetíveis à deflação).
GEO
37
Geologia
ATIVIDADE 7
Em relação aos depósitos eólicos destacam-se os depósitos de loess.
Sua origem vincula-se, no entender de Leinz e Amaral (op. cit.), aos depósitos glaciais
pleistocênicos, os quais foram retrabalhados pelo vento após o recuo do gelo.
No que se refere às formas de relevo de origem eólica destacam-se:
a) As depressões: resultado da ação erosiva contínua. Tais formas de
relevo são freqüentes no deserto do Saara (Depressão de Qattara, por exemplo)
atingindo profundidades inferiores às do nível marinho;
b) As dunas (Figura 5.1.): grandes depósitos de areia com formatos
variados. Existem vários tipos de dunas (barcanas, longitudinais, parabólica, etc.), cuja
classificação decorre do seu formato. A barcana, por exemplo, tem forma de lua
crescente.
Figura 5.1 – Campo de Dunas
(http://sbgf.org.br/sistema_eventos/simposio/BuziosDunas.jpg)
As dunas podem ser classificadas também como fixas ou móveis. As
primeiras estão permanentemente num local, tendo sido fixadas, normalmente, pela
existência de alguma cobertura vegetal, a qual diminui ou impede a deflação.
As segundas, como o próprio nome já diz, se “movimentam”. A duna
móvel é o tipo mais freqüente, razão pela qual a paisagem nesse ambientes está
sempre se transformando. O que para o estudioso pode ser belo e instigante, para o
incauto viajante se transforma em pesadelo, haja vista que os caminhos desaparecem
e outros caminhos surgem no transcorrer de semanas.
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Geologia
ATIVIDADE 7
REFERÊNCIAS
GUERRA, A. T.; GUERRA, A. J. T. Novo dicionário geológico-geomorfológico. 4 ed.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.
LEINZ, V.; AMARAL, S. E. Geologia geral. 11 ed. ver. São Paulo: Nacional, 1989.
POPP, J. H. Geologia geral. 2 ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1981.
ANOTAÇÕES
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Geologia
ATIVIDADE 7
ANOTAÇÕES
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Geologia
AÇÃO GEOLÓGICA DO GELO
ATIVIDADE 8
OBJETIVOS
Neste capítulo o aluno aprenderá a dinâmica erosiva, de transporte e
cumulativa realizada pelo elemento glacial, assim como os principais conceitos
geológicos e as principais formas de relevo das regiões polares.
AÇÃO GEOLÓGICA DO GELO
Apesar da cobertura de gelo perene ocupar aproximadamente 10% das
terras emersas (cerca de 15 milhões de Km2) e estar localizada em sua imensa
maioria na Antártida e na Groenlândia (98%) o gelo e sua dinâmica (dinâmica glacial)
são importantíssimos nos estudos geológicos.
Tal importância deve-se basicamente a dois fatores: o primeiro refere-se
ao passado glacial e o segundo ao poder do elemento geológico.
Analisando-se o fator primeiro deve-se notar que durante o passado
geológico do planeta a cobertura de gelo variou consideravelmente, atingindo no ápice
das eras do gelo o triplo da área atual. Extensas áreas hoje isentas da ação glacial
foram no passado alvo do ataque das geleiras. Conforme pondera Leinz e Amaral
(op.cit.) ”mesmo o Brasil, isento hoje da ação do gelo, já sofreu no passado remoto, há
cerca de 200 milhões de anos, intensas atividades glaciais, deixando numerosos
vestígios em todo o sul do País”.
O segundo ponto de destaque refere-se ao poder do gelo. Nenhum outro
agente geológico promove mudanças tão brutais na paisagem em períodos
relativamente curtos. Para exemplificar a força do elemento glacial entenda que uma
geleira se deslocando pelo território se comporta como uma gigantesca lixa,
arrasando tudo que se apresenta em seu caminho. Dessa forma o gelo deixa marcas
profundas na paisagem por onde passa.
Outro exemplo da força do gelo foi demonstrado pelo suíço J. L. Agassiz
quando propôs sua teoria sobre as glaciações a partir da observação dos blocos
erráticos. Qual força seria capaz de transportar blocos rochosos gigantescos a longas
distâncias? As geleiras não só transportaram tais blocos como deixaram suas marcas
(estrias) nos mesmos.
GEO
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Geologia
ATIVIDADE 8
Se o gelo é (e foi) tão importante, é necessário compreender a origem
do gelo acumulado, ou seja, como se forma uma GELEIRA?
ORIGEM DAS GELEIRAS
De maneira simplista pode-se definir uma geleira como uma grande
massa de gelo. Contudo o acúmulo de gelo só será possível caso as precipitações
nivais sejam superiores ao degelo. Isso acontece apenas nas regiões polares e no alto
das grandes montanhas.
A neve quando se precipita possui uma baixa densidade (devido à
presença de interstícios em seu interior) o que lhe dá um aspecto esponjoso, de floco.
Uma vez no solo, em condições ideais (não pode haver fusão total dos flocos), vai
lentamente se compactando e aumentando, portanto, sua densidade. Ao cabo de
alguns anos sua aparência (granular) e consistência (rija e áspera) mudou bastante,
chegando ao estágio de névé (para os franceses) ou firn (para os alemães). A
tradução aproximada para o português seria nevado. Após uma década, a densidade
atinge o limite do gelo e os cristais estão bem maiores.
AVALANCHA
É importante distinguir o deslocamento de uma geleira de uma
avalancha. A geleira desloca-se lentamente, enquanto a avalancha seria uma queda
brusca de uma geleira. Todavia, a maioria das avalanchas traz abaixo apenas a
camada superficial, portanto de neve, uma vez que esta é mais instável, e está ainda
em processo de compactação e aumento de densidade.
As condições óptimas para a ocorrência de avalanchas são as
seguintes: a) Grande acumulação superficial de neve; b) topografia acidentada, com
grande declividade o que proporciona ao pacote nival um equilíbrio precário; c) fusão
parcial dos flocos o que lubrificará a base do pacote: d) substrato revestido por grama,
mais escorregadia do que um substrato rochoso.
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Geologia
ATIVIDADE 8
TIPOS DE GELEIRA
Os geólogos distinguem três tipos de geleiras; Geleira Continental
(também conhecida como inlandsis), Geleira Alpina e Geleira de Piemonte.
O primeiro tipo, continental, vincula-se às altas latitudes, espalhando-se
por extensas áreas da Groenlândia e da Antártida. Traduzem-se como gigantescas
calotas polares cuja espessura atinge cifras de milhares de metros (há registros de
capas glaciais com 3.000 metros de espessura).
As geleiras do tipo continental avançam e recuam segundo as estações
do ano, rumando para o oceano. Não raro grandes blocos de gelo se desprendem de
seus bordos caindo no mar. Esses blocos de gelo são os conhecidos icebergs
(literalmente: ice = gelo + berg = montanha). Quando da queda de um iceberg, há uma
grande movimentação das águas no local, chegando à magnitude de maremotos
locais a depender do tamanho do bloco, com efeitos catastróficos a depender do lugar
(um fiorde ou uma baía, por exemplo).
O tipo alpino tem esse nome devido à primeira documentação (ocorreu
na região dos Alpes europeus). Na literatura geológica às vezes este tipo também é
chamado de geleira de montanha ou de vale. Guerra e Guerra (2005) definem esta
geleira como “constituída pelo acúmulo de neve em altitudes ...”.
Leinz e Amaral (1989) ressaltam que o maior acúmulo de gelo dá-se nos
vales, atingindo dimensões consideráveis (até 100 km de comprimento, com
espessura da ordem de 900 m). Os autores supracitados destacam uma feição
característica da parte superior dessas geleiras. Tal feição é conhecida como circo
glacial.
O terceiro tipo é a Geleira de Piemonte. Ao pé da letra a palavra
piemonte (de origem itálica) significa ao pé do monte. Em outras palavras, a Geleira
de Piemonte é aquela formada na base (ou sopé) de uma montanha. Sua formação
deriva da descida de geleiras alpinas até a base da elevação.
Esse tipo de geleira, por sua gênese, concentra uma grande quantidade
de detritos rochosos, o que permite o desenvolvimento de algumas espécies vegetais,
tais como as coníferas.
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Geologia
ATIVIDADE 8
MOVIMENTO DAS GELEIRAS
Atribui-se o movimento das geleiras à plasticidade do gelo quando submetido à
pressão; o fenômeno do regelo, o qual proporciona lubrificação, e as características do
terreno (declividade).
O movimento de uma geleira é lento – de poucos centímetros (as mais lentas) a
cerca de duas dezenas de metros (as mais velozes).
Outra característica importante da movimentação é a diferença de velocidade
entre as partes ou setores da geleira. Entenda:
a) O comportamento de uma geleira lembra um grande rio. Generalizando,
pode-se dizer que a geleira nada mais é do que um grande rio de gelo.
b) A velocidade é maior nas camadas superiores do que na base,
obviamente em virtude do atrito do substrato;
c) A velocidade é maior no centro do que nas margens, o que é lógico
pensando-se no atrito oferecido pelas paredes laterais.
d) Tal qual um rio, a maior velocidade da geleira é em seu talvegue.
Apesar de lento o movimento da geleira tem uma capacidade de arraste
espantoso. Citou-se anteriormente o exemplo dos blocos erráticos. A geleira se
deslocando movimenta uma gigantesca massa de gelo entremeada por fragmentos
rochosos os quais tendem a se acumular em algumas partes (na base e na frente,
principalmente, mas também nas laterais e no centro). Imagine um grande, resistente e
pontiagudo bloco rochoso descendo lenta e continuamente uma encosta e encontrando
em seu caminho o teto de um automóvel. O que aconteceria? O bloco rochoso
“cortaria” o teto tal como uma faca corta um queijo fresco.
FEIÇÕES GLACIAIS
A ação do gelo, como foi mencionada, promove profundas alterações na
paisagem. Dessa forma existem algumas formas de relevo, ou feições geológicas cuja
gênese é glacial. Quando se encontra uma feição glacial numa área hoje submetida a
outro regime climático, tem-se a constatação de que a área atingida foi por antigas
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Geologia
ATIVIDADE 8
glaciações.
A seguir serão elencadas algumas dessas feições:
a) Moraina (ou Morena) (Figura 6.1.)
Figura 6.1 – Moraina (depósitos frontais e laterais), Vale em “U” e vale suspenso
(detalhe canto superior esquerdo)
(http://www.igc.usp.br/glacial/imagem/glossario/21a.jpg)
Região de uma geleira onde se acumulam os detritos rochosos. Existem
as Morainas Frontais, as Morainas Laterais, as Morainas Basais e as Morainas
Centrais.
Os detritos que se encontram nas laterais de uma geleira formam a
moraina lateral. Tal fato é facilitado pela menor velocidade de deslocamento das
geleiras nessa região. É importante destacar que estes detritos ajudarão o processo
de erosão nas paredes laterais caso a geleira desloque-se por um vale. Essa erosão
lateral formará outra feição glacial conhecida, os Vales em “U”.
Devido ao seu peso e aos processos de fusão e regelo que acometem
uma geleira, uma grande quantidade de detritos acaba na base da geleira formando a
moraina basal. Tais detritos são responsáveis pela erosão nessa região, literalmente
lixando a topografia coberta pela capa de gelo.
As morainas centrais são formadas quando duas geleiras se encontram.
Da junção de duas morainas laterais tem-se uma moraina central.
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Geologia
ATIVIDADE 8
Por fim, a moraina frontal é aquela que concentra a maior quantidade de
detritos, alguns muito antigos, transportados e deixados ali no decorrer dos anos.
Ressalta-se que a moraina frontal continua sendo abastecida a partir do deslocamento
da geleira, a qual sempre traz mais detritos.
b) Vale em “U” (Figura 6.1.)
Os vales com esse formato são típicos da erosão glaciária. Nota-se que
em ambientes quentes e úmidos o regime fluvial forma vales em “V”.
Como foi mencionado, tais vales surgem a partir do atrito das morenas
laterais com as paredes do vale.
c) Vales suspensos (Figura 6.1.)
Como o nome indica esses vales estão acima do nível do vale principal,
isto é, o contato do vale suspenso com o vale principal se dá com desnível. Isso
acontece em função da maior erosão – e conseqüentemente um maior
aprofundamento – no vale principal, haja vista que este conduz uma geleira de maior
dimensão.
d) Fiordes (Figura 6.2)
Tais formas de relevo são marcantes na paisagem da Escandinávia.
Trata-se de um corredor estreito e profundo escavado pela erosão glacial
numa época em que o nível do mar era inferior. Atualmente encontra-se “afogado”, isto
é, com a mudança do nível marinho para as cotas atuais, o mar invadiu estes
corredores, verdadeiros vales glaciários.
(http://mtfoliveira.blogspot.com/2003_10_01_archive.html)
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Geologia
ATIVIDADE 8
e) Estrias glaciais (Figura 6.3.)
Sulcos encontrados em rochas que foram atacadas durante o
deslocamento de uma geleira por intermédio dos fragmentos rochosos contidos na
mesma.
Figura 6.3 – estrias glaciais
(http://www.pr.gov.br/mineropar/geoturismo_witmarsum.html)
a) Depósitos glaciais
Algumas características chamam a atenção nos depósitos de origem
glacial. Dentre elas pode-se destacar a quase total ausência de intemperismo químico;
os seixos são facetados (com arestas) e estriados; a preservação de eventuais
fósseis; e, principalmente a não-seleção do material transportado.
Do acúmulo de detritos transportados por uma geleira pode haver a
formação de um agregado rochoso. Essa rocha é chamada de Tilito.
Em outros casos os detritos ou sedimentos glaciais se acumulam no
fundo de lagos, formando uma rocha conhecida como Varvito. No Estado de São
Paulo são famosos os varvitos encontrados na cidade de Itu.
MINIGLOSSÁRIO
Bloco errático: Fragmento rochoso (às vezes com vários metros de
diâmetro e pesando várias toneladas) transportado pelas geleiras. Comumente
apresenta-se repleto de estrias glaciais.
Circo glacial: Grande anfiteatro com paredes abruptas e base
relativamente plana, onde se dá o acúmulo de grande quantidade de gelo.
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Geologia
ATIVIDADE 8
Conífera: Vegetal em forma de cone. Normalmente aciculifoliado. A
família dos pinus (pinheiros) se traduz como o melhor exemplo.
Glaciação: era do gelo. Período de expansão dos ambientes glaciais.
Época onde o clima polar atingia outras áreas do planeta.
Loess: sedimento eólico finíssimo, normalmente amarelado. Deu origem
a solos muito férteis (solos de loess, do tipo eluvial).
REFERÊNCIAS
GUERRA, A. T.; GUERRA, A. J. T. Novo dicionário geológico-geomorfológico. 4 ed.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.
LEINZ, V.; AMARAL, S. E. Geologia geral. 11 ed. ver. São Paulo: Nacional, 1989.
POPP, J. H. Geologia geral. 2 ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos,1981.
ANOTAÇÕES
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Geologia
SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO
ATIVIDADE 9
OBJETIVOS
Na matéria 03 você aprenderá como se comporta geologicamente o
vento. Compreenderá também os mecanismos eólicos destrutivos, transportadores e
construtivos. Também compreenderá como se dá a ação geológica do gelo. Aprenderá
a importância deste elemento durante o passado geológico bem como entenderá seu
enorme poder de transformar a paisagem.
ANOTAÇÕES
O vento é um outro agente geológico importante na modelagem da
paisagem.
Vento é ar em movimento e o ar se movimenta sempre que há diferença
de pressão entre dois locais vizinhos. O ar se deslocará do lugar cuja pressão é maior
para o(s) lugar(es) onde a pressão é menor.
O vento, assim como as águas superficiais, causa erosão (efeito
destrutivo), transporta e deposita (efeito construtivo) materiais (sedimentos) na
superfície do planeta.
Ao conjunto de processos erosivos e transportadores de origem eólica
da-se o nome de deflação.
O efeito construtivo mais evidente e por isso mais facilmente observável
são os grandes montes de areia denominados dunas.
As regiões do planeta onde a ação do vento é mais presente são: a)
regiões secas; b) regiões polares; e c) regiões litorâneas.
Outro agente geológico, cuja atuação na superfície do globo é marcante,
é o gelo.
A importância do gelo como modelador da paisagem deve ser analisada
sob dois prismas: a) o passado glacial do planeta; b) o poder de transformação na
paisagem.
Em primeiro lugar destaque-se que durante a história geológica do
planeta houve épocas (eras glaciais) em que a calota de gelo era muito mais
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Geologia
ATIVIDADE 9
abrangente que na atualidade, ou seja, as geleiras atuaram em extensões de terra
muito maiores.
Segundo ponto, como foi salientado no texto principal, uma geleira em
deslocamento comporta-se como uma lixa gigantesca, arrasando a paisagem por
onde passa.
Por fim, cabe destacar que a dinâmica glacial produz formas peculiares na
paisagem, tais como: fiordes, morainas, vales em “U”, vales suspensos, estriais glaciais,
etc.
ANOTAÇÕES
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Geologia
AÇÃO GEOLÓGICA DO MAR
ATIVIDADE 10
OBJETIVOS
Neste capítulo o aluno aprenderá a dinâmica processual marinha
(erosão, transporte e deposição), seus principais agentes (ondas, marés e correntes
marinhas), bem como as distintas zonas litorâneas.
AÇÃO GEOLÓGICA DO MAR
O fundo do oceano conserva os melhores registros da história geológica
sedimentar do planeta uma vez que se encontram praticamente isentos da atividade
erosiva que destrói os mesmos sedimentos quando em áreas continentais, daí sua
grande importância. Admite-se que haja, em média, cerca de um quilômetro de
sedimentos no fundo do mar.
As observações e estudos de tal carga sedimentológica encontram
obstáculos óbvios para a observação direta (grandes profundidades), sendo que os
estudos mais precisos e detalhados encontram-se nas grandes bacias petrolíferas,
onde a atividade de prospecção propiciou um levantamento razoavelmente detalhado.
Conforme avança a atividade de pesquisa em extração de petróleo,
avançam os estudos geológicos em questão. Detalhe importante: o Brasil possui as
melhores tecnologias para tal feito através do pioneirismo da Petrobrás na exploração
de petróleo em águas oceânicas.
Ao profissional licenciado em geografia é importante conhecer, dentre
outros aspectos: as zonas marinhas, os processos erosivos e os processos
cumulativos.
ZONAS MARINHAS (ou regiões marinhas) (Figura 7.1.)
Utilizando-se de critérios isobáticos, geomorfológicos e biogeográficos,
pode-se dividir a área de influência do mar em quatro (4) zonas, três delas submarinas
(Zona Nerítica, Zona Batial ou Hipoabissal e Zona Abissal) e uma quarta que alterna a
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Geologia
ATIVIDADE 10
presença e a ausência das águas marinhas – Zona Intertidal. A seguir uma pequena
caracterização de cada uma delas.
Figura 7.1 – Zonas Marinhas
(Adaptado: GUERRA & GUERRA, 2005)
a) Zona Intertidal
Algumas obras se referem a esta zona como sendo a região litorânea.
Os ingleses cunharam o termo shore, também utilizado por alguns pesquisadores
brasileiros. Estudiosos brasileiros mais clássicos adotam o termo estirâncio (ou ainda
estrão), e, neste curso, preferiu-se a nomenclatura acima, dentre outras razões por ser
uma das mais difundidas.
Independentemente do termo adotado, tal zona refere-se à área
abarcada pela alternância das marés [inter = entre + tide (do inglês) = maré], ou seja, é
a região compreendida entre a maré alta, chamada de preamar e a maré baixa,
também conhecida como baixa-mar.
b) Zona Nerítica
Guerra e Guerra (2005) definem a zona nerítica como a “parte situada
entre o nível zero, isto é, o nível dos oceanos e a cota negativa de 200 metros,
aproximadamente, correspondendo à plataforma continental”.
Em outras palavras, pode-se dizer que esta zona localiza-se entre a zona
intertidal e o talude continental.
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Geologia
ATIVIDADE 10
As condições biológicas, geográficas e geológicas (sedimentação,
principalmente) têm relação direta com o continente. Duas atividades econômicas têm
grande importância na zona nerítica: a pesca e a exploração de petróleo.
A plataforma continental, mencionada anteriormente, é definida como um
prolongamento do continente mar adentro, que se acha submerso pelas águas
oceânicas; indo até a cota batimétrica de 200 metros. Sua borda externa é delimitada
pelo talude continental (Figura 7.2).
O talude continental é uma feição íngreme que bordeja a plataforma
continental, estendendo-se da isóbata de 200 metros até a isóbata de 1.000 metros.
Corresponde à região de ligação entre a plataforma continental e as regiões
oceânicas mais profundas (Figura 7.2).
Figura 7.2 – Plataforma e Talude (bloco diagrama)
(http://www.si-educa.net/basico/img/eco/19a.gif)
c) Zona Batial ou Hipoabissal
Localiza-se, basicamente, no talude continental, sendo delimitada em
geral pela isóbata de 1.000 metros, ou seja, situa-se entre a plataforma continental e a
zona abissal.
d) Zona Abissal
Região localizada nas maiores profundidades oceânicas, inferiores a
1.000 metros, onde a vida é rara, sendo composta apenas de organismos adaptados
à escuridão absoluta e às altas pressões hidrostáticas.
Alguns autores propõem uma quinta zona, a qual compreenderia as
profundidades abaixo dos 5.000 metros. Tal zona é chamada de Hadal ou ainda de
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Geologia
ATIVIDADE 10
Ultra-abissal.
A partir dos 5.000 metros podem ser encontradas grandes depressões
oceânicas, conhecidas por “fossas submarinas”, dentre as quais a mais profunda se
localiza no oceano Pacífico, a Fossa de Mindanao (nas Filipinas), com mais de 11.000
metros.
PROCESSOS EROSIVOS
Os processos erosivos engendrados pelo mar compõem a dinâmica
destrutiva marinha. A erosão marinha muitas vezes é denominada abrasão marinha.
Os fatores responsáveis pela atividade destrutiva marinha são: a) ondas (vagas), b)
marés, e, c) correntes marinhas. A destruição dá-se geralmente pelo atrito mecânico,
salvo em costas formadas por rochas calcárias, onde a dissolução (processo químico)
tem importância.
Segundo Leinz e Amaral (1989) os efeitos erosivos são mais destacados
onde o litoral apresenta costas abruptas, conhecidas como costões, falésias, ou cliff,
pelos ingleses. O litoral com esta característica sofre constantemente o choque das
vagas, as quais transformam sua energia cinética em trabalho erosivo.
Por outro lado os autores (op. cit.) consideram que nas praias o efeito
erosivo é mínimo, pois as ondas “... se quebram e se perdem mansamente nas areias”.
ONDAS
As ondas se formam a partir da energia do vento e do atrito com o fundo
(rochoso) marinho. O vento propicia a energia inicial para a movimentação das águas
marinhas, quebrando a inércia. O assoalho oceânico, por sua vez, atritando contra
coluna d’água, frena a parte inferior da água em movimento, o que fará com que a
parte superior da coluna deslize sobre a inferior, formando a crista, a qual, junto à
costa, colidirá contra os eventuais obstáculos. Posteriormente há o refluxo, onde as
águas buscam voltar ao nível normal.
Quanto mais rugoso for o fundo oceânico e maior a incidência de ventos
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Geologia
ATIVIDADE 10
no local, maiores serão as ondas e maior, por conseguinte, o efeito destrutivo delas.
A energia destrutiva das ondas decorre dos seguintes fatores:
- a contínua rebentação;
- o material transportado em suspensão que aumenta o poder destrutivo;
- a água de refluxo retrabalha os sedimentos mobilizados.
MARÉS
Tal fenômeno é influenciado principalmente pela atração lunar. Duas
vezes por dia as águas marinhas sobem para seu nível mais alto (preamar), e, doze
horas depois, descem para seu nível mais baixo (baixa-mar). A área abrangida entre a
preamar e a baixa-mar é designada como zona intertidal, ou zona de alternância de
marés.
O maior ou menor efeito destrutivo por conta das marés decorre
sobretudo da extensão percorrida pelas marés. Em certos locais do mundo a
alternância chega a duas dezenas de metros, com a água se deslocando à razão de15
km por hora. No Brasil, a zona interdital é bem menor, atingindo de 2 a 3 metros no
máximo.
O poder destrutivo das marés, diferentemente do das ondas, como
destaca Leinz e Amaral (op. cit.), ocorre principalmente através do refluxo, o qual
produz sulcos e canais, formando correntes relativamente fortes que se comportam
como um rio submarino, capazes de remover e transportar grande quantidade de
materiais.
CORRENTES MARINHAS
As correntes marinhas são grandes massas de água que se deslocam
segundo: diferenças de temperatura, salinidade, vento, pressões barométricas e a
força das marés. Já a direção das mesmas é ditada pela força de Coriolis, pelo vento
e pela rugosidade oceânica.
Segundo Leinz e Amaral (op. cit.), a conhecida Gulfstream (corrente do
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Geologia
ATIVIDADE 10
Golfo) “... movimenta em certos trechos muito mais água do que todos os rios do
mundo reunidos”. Isto exemplifica o grande poder de arraste que as correntes têm,
mesmo se deslocando a baixas velocidades (a velocidade média da corrente do
Golfo é de 5 km por hora), carrega grande quantidade de “... troncos, plantas e
detritos minerais a grandes distâncias”.
O ataque incessante dos agentes marinhos sobre a costa produz
inúmeras “cicatrizes” nas rochas. Inicialmente é comum a formação de sulcos
(longitudinais, transversais ou mesmo diagonais), segundo as possíveis linhas de
fraqueza. Estes sulcos, também chamados de caneluras (Figura 7.3), podem evoluir
relativamente rápido, unindo-se uns aos outros e formando uma grande passagem de
água por entre o bloco rochoso, o que se designa como portão. (Figura 7.3)
Figura 7.3 – “portão”, caneluras ( detalhe à direita do “portão”)
(http://centro-geologia.fc.ul.pt/arqfoto/cds/3/IMG0053.jpg)
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Geologia
ATIVIDADE 10
O contínuo rebentar das ondas formam também as conhecidas falésias
(Figura 7.4), através do solapamento basal e do recuo do paredão por sucessivos
desmoronamentos.
Figura 7.4 Falésia
(www.thisfabtrek.com/journey/africa/morocco/20050729-tan-tan/cliff-lr-4.jpg)
Alguns autores consideram falésias apenas os paredões esculpidos em
rochas cristalinas, enquanto tais paredões esculturados em rochas sedimentares são
chamados de barreiras.
O mar destruindo os costões avança sobre o continente, transformando a
topografia litorânea. Assim, de uma costa íngreme passa-se a uma costa aplainada. A
este patamar dá-se o nome de plataforma de abrasão.
PROCESSOS CUMULATIVOS
Como foi observado, o mar desempenha um vigoroso trabalho destrutivo.
Contudo, existe o reverso da moeda. O mesmo mar que destrói determinado setor
litorâneo deposita o fruto da destruição noutro setor. Assim, em determinados locais
predominam processos de acumulação marinha.
Inicialmente cabe fazer algumas considerações sobre a origem dos
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Geologia
ATIVIDADE 10
sedimentos depositados pelo mar. Podem-se classificar os detritos em três classes:
clásticos, orgânicos e químicos.
Os sedimentos clásticos têm origem continental, provindo dos rios,
geleiras, ventos e da própria erosão marinha costeira. Já os componentes químicos
chegam ao mar, normalmente, na forma de sais dissolvidos nas águas fluviais. Os
detritos orgânicos em sua maioria provêm da calcificação de organismos marinhos ao
longo do tempo. Estes últimos são particularmente interessantes no estudo das
condições climáticas, biológicas e geográficas do passado.
Da acumulação marinha resultam formas litorâneas muito conhecidas:
a) Praias (Figura 7.5) – são depósitos de areia depositados pelo mar. Os
grãos de areia que formam as praias variam em relação à cor, esfericidade, tamanho
etc. Tal variação vincula-se ao tempo submetido ao retrabalhamento efetuado pelo mar,
ou seja, os grãos mais esféricos, menores e mais claros, que produzem uma areia
mais fofa, foram mais lavados e rolados pelos agentes marinhos antes de serem
depositados na costa.
Figura 7.5 – Praia do Gunga (AL)
(SOUZA, 2006)
b) Recifes (Figura 7.6.) – Formações normalmente litorâneas que
aparecem próximas à costa e podem ser de arenito, resultante da consolidação de
antigas praias, ou de corais – acumulação de detritos orgânicos coralígenos.
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Geologia
ATIVIDADE 10
Figura 7.6 – Recife de corais
(http://www.setur.rn.gov.br/english/fotos/138_recifes_maracajau.jpg)
c) Restingas (Figura 7.7) – São cordões arenosos formados a partir da
deposição paralela das areias junto a um golfo, baía ou enseada.
Figura 7.7 – Restinga da Marambaia (RJ)
(http://www.lei.adv.br/restinga.jpg)
d) Tômbolos (Figura 7.8) – Línguas ou faixas de areia e seixos ligando uma ilha
ao continente.
Figura 7.8. - Tômbolo
(http://www.ambiental-hitos.com/geologia/fotos/costaweb/images/tombolo.jpg)
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Geologia
ATIVIDADE 10
MINIGLOSSÁRIO
Clástico: sedimento proveniente da erosão mecânica.
Falésia: paredão costeiro escarpado formado pelo ataque marinho.
Isóbata: linha que une pontos de igual profundidade.
REFERÊNCIAS
GUERRA, A. T.; GUERRA, A. J. T. Novo dicionário geológico-geomorfológico. 4 ed.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.
LEINZ, V.; AMARAL, S. E. Geologia geral. 11 ed. ver. São Paulo: Nacional, 1989.
POPP, J. H. Geologia geral. 2 ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1981.
ANOTAÇÕES
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Geologia
TECTONISMO
ATIVIDADE 11
OBJETIVOS
Nesta aula o aluno aprenderá sobre os movimentos da crosta terrestre
bem como os processos geradores de tal movimentação. Aprenderá também os
fenômenos relacionados ao tectonismo.
TECTONISMO
As placas tectônicas se originam nas dorsais meso-oceânicas por meio
dos movimentos de convecção do magma ascendente, que aflora na superfície da
crosta através das fendas e falhamentos das dorsais (Figura 8.1.). Ao atingir o topo da
crosta, acontece o resfriamento desse material e sua conseqüente solidificação,
expandindo o assoalho oceânico.
A estreita relação entre litosfera e astenosfera permite que as placas
tectônicas deslizem sobre o substrato plástico formado pelo material fundido em
profundidade. Dessa maneira, os movimentos convectivos do magma provocam
também o deslocamento das placas.
À medida que o material fundido da astenosfera ascende em direção à
litosfera, se resfria e conseqüentemente se torna mais denso que o material
sobrejacente. Essa diferença de densidade faz com que se desenvolva uma nova
zona, dessa vez chamada de zona de subducção, onde o material mais denso (de
menor temperatura) mergulhe em direção às camadas mais profundas e menos
densas, acontecendo a destruição da placa tectônica. Além desses fatores, há o
espessamento da placa litosférica à medida que se distancia da dorsal mesooceânica, que torna o limite entre as placas e a astenosfera uma superfície inclinada
que favorece o mergulho (TASSINARI, 2003).
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Geologia
ATIVIDADE 11
Figura 8.1. – Modelo de zonas de convecção, subducção e movimentos de placas tectônicas.
(TEIXEIRA, 2003)
LIMITES DE PLACAS TECTÔNICAS
São três os tipos de limites entre placas tectônicas (Figura 8.2.), que
respondem pela maioria dos eventos como formação de cordilheiras, fossas,
terremotos e vulcanismo. Os limites divergentes ocorrem onde há o afastamento das
placas, muito comum nas dorsais meso-oceânicas; os limites convergentes são
aqueles que registram movimentos colisionais, com atuação de intenso magmatismo e
orogênese e, finalmente, os limites conservativos característicos de áreas em que as
placas tectônicas deslizam lateralmente entre si (TASSINARI, op cit.).
Figura 8.2. – Modelo da dinâmica das placas tectônicas e tipos de limites entre placas.
(www.cprm.gov.br)
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Geologia
ATIVIDADE 11
OROGÊNESE E EPIROGÊNESE
As diferentes formas de tensão entre placas são as principais
causadoras dos movimentos orogenéticos e epirogenéticos.
Por orogênese entende-se o movimento lento da crosta provocado pela
convergência de duas placas, quando acontece o cavalgamento da placa menos
densa sobre outra mais densa. Nesse caso é comum a formação de cordilheiras como
o Himalaia, ou os Andes, além do surgimento de dobramentos e falhas nos corpos
rochosos.
A epirogênese, por sua vez, é o fenômeno diastrófico, ou seja, o
movimento lento de porções da crosta, sem, contudo, provocar a perturbação das
estruturas geológicas, como no caso da Serra do Mar, no sudeste do Estado de São
Paulo (PENHA, 2001). Quando o movimento é positivo, ou seja, acontece o alçamento
do terreno, é conhecido pelo nome de soerguimento. Quando os movimentos são
negativos, com rebaixamento do terreno, recebe o nome de subsidência.
MARGENS CONTINENTAIS
O movimento das placas é o responsável pelo fenômeno da Deriva
Continental, fazendo com que os continentes se fragmentem e se reagrupem ao longo
do tempo. As evidências desse processo podem ser encontradas nos limites dos
continentes ou então, no interior deles, como testemunhas do ciclo de rupturas pelo
qual o terreno passou.
As Margens Continentais Ativas são produto dos limites convergentes de
placas tectônicas. São marcadas por importantes eventos orogenéticos com a
formação de cordilheiras, além das zonas de subducção.
As Margens Continentais Passivas correspondem às áreas de expansão
do assoalho oceânico, ou de abertura de um novo oceano. Nesse processo formam-se
as estruturas do tipo rift-valley (Figura 8.3.), com vales alongados marcados pelo
abatimento da crosta.
O processo de rifteamento está associado ao aquecimento pontual do
fluxo térmico no manto (também chamado de Hot Spot), que causa o soerguimento e
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63
Geologia
ATIVIDADE 11
fusão da rocha encaixante, que devido às deformações sofridas, rompe-se em
falhamentos por onde acontece a injeção de magma. A continuidade dos movimentos
distensivos termina por provocar o abatimento da crosta e o aparecimento de uma
nova bacia oceânica, que tende a aumentar ao longo do tempo.
Figura 8.3. – Esquema evolutivo do desenvolvimento das massas
continentais passivas (www-ext.lnec.pt)
NEOTECTÔNICA
O estudo da neotectônica compreende a análise de eventos tectônicos
recentes, ou seja, a partir do Terciário Superior (cerca de 25 milhões de anos). Esses
estudos vêm sendo muito difundidos na geomorfologia recente por ajudar a
compreensão da dinâmica atual do relevo.
Entre as principais técnicas de análise da tectônica recente está a
análise morfométrica de bacias hidrográficas, que por meio da interpretação da
geometria dos canais fluviais, torna possível a identificação de anomalias no padrão
de drenagem e sua conseqüente associação com eventos tectônicos, pois qualquer
perturbação de relevo sofrida por um terreno provocará a imediata alteração do
comportamento da drenagem.
A termocronologia é outra ferramenta muito utilizada nas pesquisas, pois
permite realizar a datação não apenas das rochas, mas também das formas de relevo.
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Geologia
ATIVIDADE 11
Dessa forma, é possível calcular o quanto o relevo foi erodido, além de
quanto sofreu soerguimento e denudação.
REFERÊNCIAS
GUERRA, A. T.; GUERRA, A. J. T. Novo dicionário geológico-geomorfológico. 4 ed.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.
LEINZ, V.; AMARAL, S. E. Geologia geral. 11 ed. ver. São Paulo: Nacional, 1989.
PENHA, H. M. Processos endogenéticos na formação do relevo. In: GUERRA, A. J. T.;
CUNHA, S. B. da. Geomorfologia: uma atualização de bases e conceitos. 4. ed. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.
POPP, J. H. Geologia geral. 2. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1981.
TASSINARI, C. C. G. Tectônica global. In: TEIXEIRA, W. et al. (Orgs.). Decifrando a Terra.
São Paulo: Oficina de Textos, 2003.
ANOTAÇÕES
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Geologia
ATIVIDADE 11
ANOTAÇÕES
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Geologia
SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO
ATIVIDADE 12
OBJETIVOS
Na matéria 04 você aprenderá como se processa a ação geológica
marinha. Entenderá a dinâmica oceânica construtiva, formando as praias, por exemplo,
como também compreenderá os processos destrutivos marinhos, onde as ondas tem
um papel de destaque.
Entenderá ainda que a crosta terrestre e as placas tectônicas que a
compõe não são estáticas, pelo contrário, se movimentam lenta mais continuamente.
Aprenderá que esses movimentos (orogenéticos e epirogenéticos) são responsáveis,
dentre outras coisas, pela formação de montanhas.
TEXTO
As águas marinhas foram estudadas no capítulo 7. É importante ao aluno
a compreensão dos seguintes tópicos: as zonas marinhas, os processos erosivos e os
processos cumulativos.
Pode-se dividir a área de influência do mar em 4 zonas:
a) Zona intertidal: zona de alternância das marés;
b) Zona nerítica: Entre 0 e 200 metros, corresponde, basicamente à
plataforma continental.
c) Zona Batial: entre 200 e 1000 metros, correspondendo, via de regra,
ao talude continental.
d) Zona abissal: engloba as maiores profundidades oceânicas,
superiores a 1000 metros.
A erosão (ou abrasão) e a deposição marinhas por sua vez são
decorrentes da ação das ondas, marés e correntes oceânicas. Como resultado têm-se
diferentes feições, tais como: caneluras, portões, falésias, praias, recifes, restingas,
tômbolos, etc.
No capítulo 8 estudaram-se os movimentos tectônicos. Tais movimentos
decorrem do deslocamento das placas tectônicas sobre o magma.
As placas tectônicas apresentam três tipos de limites entre si: a)
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Geologia
ATIVIDADE 12
divergentes: quando se deslocam em direção oposta; b) convergentes: quando se
deslocam em rota de colisão; e, c) conservativos: quando se deslocam paralelamente.
Existem dois tipos de movimentos tectônicos:
a) movimentos epirogênicos;
b) movimentos orogênicos.
Os movimentos epirogênicos são de larga extensão, lentos, e podem ser
positivos (de ascensão) ou negativos (de subsidência).
Já os movimentos orogênicos são resultantes do choque de placas
tectônicas e geram a formação de cadeias montanhosas.
ANOTAÇÕES
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68
Geologia
ABALOS SÍSMICOS
ATIVIDADE 13
OBJETIVOS
Neste capítulo o aluno aprenderá as causas, o processo e as
conseqüências dos terremotos.
DINÂMICA INTERNA DA TERRA – O MOTOR
Em contrapartida aos processos exógenos que condicionam a
(re)modelagem das formas de relevo – que tendem ao aplainamento de toda a
superfície do globo por meio dos diversos processos de intemperismo – as forças
endógenas do globo terrestre agem em sentido contrário a esses esforços erosivos.
A energia remanescente contida no interior da Terra é o motor que rege a
dinâmica interna do planeta. Esta energia se dissipa de diversas formas com reflexos
na superfície terrestre, garantindo que tal aplainamento jamais alcance seu estado de
equilíbrio, pois é responsável em prover à superfície o material inconsolidado das
camadas internas da Terra, formando rochas novas e acentuando as diferenças de
relevo.
Os vulcões e terremotos representam as formas mais enérgicas e
rápidas de manifestação dinâmica do planeta. Ocorrem tanto em áreas oceânicas
como continentais, e são válvulas de escape que permitem o extravasamento
repentino de energias acumuladas ao longo de milhares ou milhões de anos.
SISMOS
A palavra sismo tem sua origem no grego: seismos, que significa abalo. Entre as
atividades sísmicas que ocorrem no interior das placas litosféricas e na superfície da
crosta, o termo terremoto é comumente aplicado para designar os grandes eventos
destrutivos, enquanto os menores são chamados de abalos ou tremores de terra.
Conforme indicado em Assumpção e Dias Neto (2003), os terremotos
são o resultado do lento movimento das placas litosféricas, que no passar dos anos,
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Geologia
ATIVIDADE 13
tensões vão se acumulando em vários pontos, principalmente perto de suas bordas.
Quando as tensões atingem o limite de resistência das rochas, ocorre uma ruptura. O
movimento repentino entre os blocos de cada lado da ruptura gera vibrações que se
propagam em todas as direções. As vibrações geradas por um foco sísmico são
denominadas de ondas sísmicas, que serão detalhadas mais adiante.
O plano de ruptura forma o que se chama de falha geológica. O ponto
onde se inicia a ruptura e a liberação das tensões acumuladas são chamados de
hipocentro ou foco. Sua projeção na superfície é o epicentro (figura 9.1.).
FIGURA 9.1. - Geração de um sismo por acúmulo e liberação de
esforços em uma ruptura. IGC, USP.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DOS SISMOS
FIGURA 9.1 - Sismicidade mundial. Mapa de epicentros do período de 1963 a 1998.
U.S Geological Survay
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70
Geologia
ATIVIDADE 13
Os terremotos, assim como os vulcões, ocorrem em regiões onde a
atividade geológica é mais intensa atualmente. Os registros de
milhares de terremotos no mundo definem os limites das várias placas
que formam a casca rígida da Terra. A figura 9.2. ilustra este registro.
Normalmente não é o deslocamento na fratura que causa maior estrago,
mas sim as vibrações (ondas elásticas) que se propagam a partir da fratura. Na maior
parte das vezes a fratura nem atinge a superfície, mas as vibrações podem ser fortes o
suficiente para causar danos consideráveis.
ONDAS SÍSMICAS
As vibrações geradas por um foco sísmico se propagam pela Terra em
todas as direções. O movimento e energia associados, passam de partícula a partícula a
partir de seu foco, e percorrem grandes distâncias. De acordo com Clark (1973), as
ondas sísmicas são distúrbios elásticos que deformam o sólido elasticamente, ou seja, a
energia requerida para a deformação é completamente recuperada quando a tensão é
removida. A elasticidade das rochas que permitem tal deslocamento é equivalente a
qualquer outra vibração, em determinado meio, durante a propagação da vibração sonora.
As ondas sísmicas são de dois tipos: as ondas sísmicas de corpo e as
ondas sísmicas superficiais.
As ondas sísmicas de corpo são aquelas que percorrem o interior da Terra.
Em função da sua forma de propagação são subdivididas em ondas sísmicas de
compressão (ou primárias) e ondas sísmicas de cisalhamento (ou secundárias). As ondas
sísmicas de compressão movem-se através da crosta terrestre como um elástico. Quando
a onda move-se para a esquerda, por exemplo, ela expande e comprime na mesma
direção. Produzem um movimento do solo para frente e para trás na mesma direção que
a onda se propaga. Geralmente, em um registro sísmico, correspondem ao primeiro
pulso que se observa. Também são chamadas de ondas sísmicas primárias (P). Ao
contrário, as ondas sísmicas de cisalhamento provocam o movimento do solo para cima
e para baixo, perpendicular à direção de propagação da onda. Em termos gerais, em
um registro sísmico são as segundas ondas observadas. Desse modo, são também
denominadas de ondas sísmicas secundárias (S). A figura 9.3. ilustra o comportamento
das ondas.
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71
Geologia
ATIVIDADE 13
FIGURA 9.2 - Ondas superficiais. Os dois principais modos de propagação sísmica: ondas P e S.
Decifrando a Terra (2003).
Ondas sísmicas superficiais viajam pela superfície e outras camadas do
interior da Terra e são subdivididas em ondas sísmicas superficiais Love (L) e ondas
sísmicas superficiais Rayleigh. As ondas sísmicas superficiais L provocam um
movimento do solo transversal à direção de propagação da onda. As ondas sísmicas
superficiais Rayleigh movem o solo em sentido contrário ao da propagação da onda
(figura 9.4.).
FIGURA 9.3 - ondas superficiais: a esquerda onda Rayleigh; à direita ondas love. IGC, USP
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72
Geologia
ATIVIDADE 13
Algumas das vibrações são de freqüência elevada o suficiente para
serem ouvidas, ao passo que outras são de muito baixa freqüência. Quando alcançam
elevadas amplitudes, essas ondas podem ser sentidas pelas pessoas e provocar
danos a moradias ou infra-estruturas, enquanto que as de pequena amplitude só são
registradas em aparelhos de alta sensibilidade.
INTENSIDADE E MAGNITUDE
A intensidade sísmica é a classificação qualitativa dos efeitos que as
ondas sísmicas provocam em determinado lugar. Descreve os efeitos produzidos
pelos terremotos em locais da superfície terrestre. A classificação da intensidade
sísmica é feita a partir da observação in locus dos danos ocasionados nas
construções, pessoas ou meio ambiente. Esses efeitos são denominados
macrossísmicos. Um sismo pode ser avaliado usando uma escala de intensidade,
escala de Mercalli e Sieberg (U.S. GEOLOGICAL SURVAY). A distância do local do
foco em relação ao epicentro (distância epicentral) influi na sua intensidade, além da
heterogeneidade litológica da crosta e da qualidade das construções civis, que são
também parâmetros que acabam por determinar o grau de severidade do sismo.
A magnitude indica a amplitude das ondas, constituindo-se em uma
medida quantitativa. Indica a quantidade de energia libertada por esse evento sísmico.
É baseada em medições precisas da amplitude das ondas sísmicas nos
sismogramas, para distâncias conhecidas entre o epicentro e a estação sísmica. Foi
Conrad Richter quem primeiro reconheceu, em 1935, que as ondas sísmicas radiadas
por um sismo podem fornecer boas estimativas da energia libertada, isto é, de sua
magnitude. E hoje é a escala utilizada, a escala Richter (U.S. GEOLOGICAL SURVAY).
A profundidade a que ocorre o sismo, mesmo para sismos que libertem a mesma
quantidade de energia, condiciona fortemente o conteúdo espectral do sismograma.
Um sismo profundo gera apenas um pequeno trem de ondas superficiais, enquanto
que os sismos superficiais geram ondas superficiais muito fortes.
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Geologia
ATIVIDADE 13
A ESTRUTURA DA TERRA
A análise da diferença dos tempos de chegada das ondas P e S à superfície,
após terem sido geradas, permitiu o estudo das camadas mais profundas da Terra: foi
através desse tipo de estudo que se deduziu, em 1906, como deveria ser o centro do
planeta e sua estrutura interna. Esta análise permitiu que se deduzissem, através de leis
físicas (lei de SNELL – que rege a reflexão e refração das ondas), as diversas
características dos componentes da Terra atravessadas pelas ondas. A análise de milhares
de terremotos durante muitas décadas permitiu construir as curvas tempo-distância de
todas as ondas refletidas e refratadas no interior da terra podendo inferir a sua estrutura
principal (crosta, manto, núcleo externo e interno) assim como as propriedades de cada
uma das camadas.
CAUSAS DOS TERREMOTOS
Como amplamente difundido em livros especializados na temática,
atualmente, admite-se basicamente três causas geológicas que originam
os terremotos:
• Desmoronamentos internos da superfície – Provocados por:
dissolução de rochas subterrâneas; por colapso do edifício vulcânico
(pelo vazio formado da saída de grande quantidade de lava; pela
acomodação de sedimentos por seu próprio peso. Esses terremotos são
geralmente de pequena intensidade e de abrangência local.
• Causas vulcânicas – afetam apenas as imediaçãoes do centro do
abalo, sendo também de abrangência local. Resultam de explosões,
colapsos ou até mesmo acomodações dos pacotes rochosos e
normamente antecedem as erupções vulcânicas.
• Causas tectônicas – As mais importantes, são as responsáveis pela
formação de grandes terremotos, que podem propagar-se por toda Terra.
Originadas pelo processo de ajustes principalmente por falhamentos,
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Geologia
ATIVIDADE 13
freqüentes nas áreas tectônicas instáveis (círculo de fogo no Pacífico por
exemplo). Os hipocentros, em geral, ocorrem de 8 a 15 km abaixo da
superfície.
REFERÊNCIAS
ASSUMPÇÃO, M; DIAS NETO, C.M. Sismicidade e estrutura interna da Terra. In:
TEIXEIRA, W. et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de textos, 2003.
CLARK JR., P. S. Estrutura da Terra. São Paulo: Ed. Edgard Blücher Ltda, 1973.
GUERRA, A. T.; GUERRA, A. J. T. Novo dicionário geológico-geomorfológico. 4. ed.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.
INSTITUTO DE GEOCIENCIAS. A Terra: um planeta heterogêneo e dinâmico.
Disponível em: < http://www.igc.usp.br/geologia/a_terra.php>. Acesso em: 10 ago.
2007.
LEINZ, V.; AMARAL, S. E. Geologia geral. 11. ed. São Paulo: Nacional, 1989.
POPP, J. H. Geologia geral. 2 ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1981.
S. GEOLOGICAL SURVAY. Earthquake hazards program. Disponível em:< http://
www.usgs.gov/>. Acesso em: 10 ago. 2007.
ANOTAÇÕES
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75
Geologia
ATIVIDADE 13
ANOTAÇÕES
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Geologia
VULCANISMO
ATIVIDADE 14
OBJETIVOS
Neste capítulo o aluno entenderá a estrutura interna de um vulcão, bem
como os mecanismos geradores das erupções vulcânicas.
VULCANISMO
O termo vulcanismo é usado para designar o processo da ascensão do
magma situado no interior da terra em direção à superfície. Trata-se de um mecanismo
de alívio das altas temperaturas e pressão interna causadas pelo acúmulo de materiais
fundidos e pelo decaimento radioativo dos isótopos instáveis que compõem as rochas,
além da grande quantidade de gases confinados.
Os processos vulcânicos são considerados os principais agentes de
formação e destruição da crosta terrestre. As erupções vulcânicas, geralmente associadas
com os terremotos, correspondem à liberação do intenso calor, lançando lavas que dão
origem às rochas tanto de superfície (extrusivas), quanto às de subsuperfície
(intrusivas).
Da atividade vulcânica resulta ainda a formação de depósitos minerais,
fontes hidrotermais, depósitos de cinzas, gêiseres, fumarolas, além de implicações
ambientais, econômicas e sociais diversas, tais como a grande emissão de gases na
atmosfera, destruição e surgimento de ecossistemas, prejuízos em setores como o
agrícola, de transporte, desabrigados e vítimas fatais, o que demonstra a relevância do
tema para a ciência.
ORIGEM DAS ATIVIDADES VULCÂNICAS
De acordo com Leinz (1989), cada vulcão geralmente está associado a
uma câmara magmática. O magma, por sua vez, é formado por fusão parcial das
rochas resultando numa massa de consistência pastosa, que dá origem às rochas
ígneas quando resfriado. Por apresentar densidade menor que as rochas
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Geologia
ATIVIDADE 14
sobrejacentes, o magma tende a se deslocar em direção à superfície por meio de
fraturas e falhas. Quando essas rupturas não estão presentes, acontece o acúmulo do
material em enormes bolsões, chamados de câmaras magmáticas. Ao longo do
tempo, esse acúmulo pode pressionar a rocha sobrejacente (encaixante), fundindo-a, e
em outras vezes o fluxo é extravasado por dutos ou cones, formando um vulcão
(TEIXEIRA, 2003).
MORFOLOGIA DOS VULCÕES
As formas externas de um vulcão estão comumente associadas aos tipos
de lavas, viscosidade, temperatura e seus materiais constituintes (TEIXEIRA, op. cit.).
Lavas menos viscosas resultam em edifícios vulcânicos com flancos suaves e as mais
viscosas, por sua reduzida fluidez, geram formas mais íngremes.
Essencialmente, os vulcões apresentam dois elementos geométricos
distintos: a cratera e a caldeira. A cratera liga-se com a câmara magmática por meio
da chaminé vulcânica, e dessa forma, é por ela que acontecem os derramamentos de
lavas (figura 10.1.). Com o passar do tempo, podem ocorrer desmoronamentos das
paredes da cratera, preenchendo-a.
Caldeira é o nome dado às formas de relevo circulares, de grandes
extensões, originadas pelo abatimento total ou parcial da cratera e topo do vulcão. No
Brasil, a cratera de Poços de Caldas, em Minas Gerais é um exemplo claro de
caldeira vulcânica, formada há cerca de 90 milhões de anos (figura 10.2.).
Figura 10.1. – Bloco diagrama de uma cratera vulcânica.
(TEIXEIRA, 2000).
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Geologia
ATIVIDADE 14
Figura 10.2. - Imagem aérea mostrando formação circular da caldeira vulcânica de Poços de
Caldas – MG (Landsat, canal 7 – INPE, 1975 (www.cprm.gov.br)
TIPOS ERUPTIVOS
Diversos autores classificaram os tipos de erupções em dois grupos
principais: as erupções fissurais e as erupções centrais, com base na localização
em relação às placas tectônicas, pois podem ocorrer tanto em ambientes de contato
entre placas como em câmaras magmáticas bem desenvolvidas no interior da placa.
No âmbito das erupções fissurais, a ascensão do magma ocorre sem
a formação do cone vulcânico, sendo que o derrame de lavas acontece pelo
preenchimento e extravasamento de fissuras e falhamentos. Esse fenômeno é comum
nas margens continentais passivas em bacias oceânicas, recebendo o nome de
rifteamento e gera as estruturas do tipo Rift-Valley, que são vales de grande extensão
formados a partir de movimentos distensivos da crosta (Figura 10.3.). O processo tem
início com o aumento pontual da temperatura no manto (Hot Spot), provocando o
soerguimento e abaulamento da crosta e ocasiona a extrusão de rochas. Em áreas
continentais acontece o derramamento de lavas e a formação de platôs, a exemplo da
Formação Serra Geral da Bacia do Paraná, na América do Sul.
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Geologia
ATIVIDADE 14
Figura 10.3. – Modelo de sistema de Rifteamento
(www.pacificislandtravel.com)
Os tipos eruptivos centrais ocorrem com a formação do cone vulcânico
e estão associadas às explosões, grandes volumes de cinzas, bombas, lançamento de
blocos e púmice. É comum ainda a ocorrência de nuvens ardentes – emissão de
gases superaquecidos com partículas de lavas incandescentes. A classificação dos
tipos eruptivos é baseada em descrições de erupções passadas, indo da Pliniana, de
caráter explosivo fortíssimo a exemplo do Vesúvio (79 d.C), até a Havaiana, de caráter
relativamente calmo (TEIXEIRA, op cit).
PRODUTOS DO VULCANISMO
Os principais materiais produzidos pelos vulcões são as lavas, materiais
piroclásticos e os gases.
As lavas, após o processo de resfriamento, dão origem às rochas
vulcânicas cuja composição tem estreita relação com a do magma de origem, e ao
longo do processo de ascensão, esse magma pode alterar sua composição ganhando
ou perdendo elementos constituintes. Entre os tipos de lavas mais comuns estão as
lavas basálticas, de cores escuras e com baixo teor de sílica. Os principais tipos são:
• Lavas pillow: quando o resfriamento dessas lavas acontece em meio
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Geologia
VULCANISMO
ATIVIDADE 14
subaquático, sua solidificação é instantânea.
• Lavas pahoehoe: o resfriamento acontece de maneira superficial,
enquanto os processos magmáticos ainda acontecem abaixo dela, gerando feições
retorcidas.
Figura 10.4. – Lavas pillow (www.uol.com.br)
Figura 10.5. - Lavas pahoehoe
(www.petei.com)
Entre as lavas félsicas (com maior teor de sílica), destacam-se as lavas andesíticas
e riolíticas, cuja capacidade de absorção de gases é maior, tornando-as mais viscosas
que as lavas basálticas.
Entre os materiais piroclásticos (aqueles incoerentes, soltos, que são lançados
durante as erupções), destacam-se as bombas, que são massas de lava que se resfriaram
durante sua trajetória aérea; os blocos, associados aos fragmentos de rochas
encaixantes; e as cinzas, materiais de granulometria fina oriundos de explosões de rochas
que formam grandes depósitos. Apesar de provocarem grande devastação nas áreas
atingidas, as cinzas respondem também pela formação posterior de solos extremamente
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Geologia
ATIVIDADE 14
férteis.
O lançamento de gases acontece durante todo o processo eruptivo e ao longo do
processo de resfriamento das lavas. A maior parte dos gases é constituída por vapor de
água, que ao se condensar dá origem à chamada água juvenil. Outros compostos como
S, F e Cl, ao se combinarem com água, provocam o fenômeno da chuva ácida.
REFERÊNCIAS
GUERRA, A. T.; GUERRA, A. J. T. Novo dicionário geológico-geomorfológico. 4. ed.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.
LEINZ, V.; AMARAL, S. E. Geologia geral. 11. ed. São Paulo: Nacional, 1989.
POPP, J. H. Geologia geral. 2. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1981.
TEIXEIRA, W. et al. (Orgs.). Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2003.
ANOTAÇÕES
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Geologia
SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO
ATIVIDADE 15
OBJETIVOS
Na matéria 05 você aprenderá os mecanismos que desencadeiam os
terremotos. Aprenderá também quais são as áreas mais afetadas do planeta pelos
abalos sísmicos, assim como e por quais motivos.
Entenderá também como se forma um vulcão, como é a sua estrutura
interna e o que expelem durante uma erupção.
ANOTAÇÕES
As áreas do planeta onde tem-se o encontro de placas tectônicas são
conhecidas pela forte instabilidade e pela ocorrência de terremotos e vulcanismo.
Tanto os abalos sísmicos quanto a atividade vulcânica vinculam-se â
dinâmica interna do planeta, ou seja, o motor desses processos são as forças
endógenas (altas temperaturas e altas pressões).
Pode-se dizer que tanto os terremotos quanto o vulcanismo atuam como
válvulas de escape para as elevadas pressões e temperaturas presentes no interior do
planeta. Caso tais pressões não se aliviassem ter-se-ia um cenário catastrófico, com
violentíssimas explosões, que terminariam por destruir a crosta terrestre e
consequentemente impediria o desenvolvimento da vida em nosso planeta.
Apesar de serem também destrutivos, terremotos e vulcões servem para
aliviar as pressões internas e impedir a destruição do planeta.
Os terremotos acontecem quando a tensão acumulada nas bordas das
placas tectônicas é liberada, normalmente quando as placas se movem
repentinamente e/ou com mais vigor.
Os terremotos liberam a energia acumulada na forma de ondas (ondas
sísmicas), que percorrem o planeta em todas as direções, a partir do hipocentro ou
foco. O famoso epicentro é, na realidade, a projeção do foco na superfície do planeta.
De maneira semelhante os vulcões entram em atividade quando as
pressões e temperaturas internas se elevam e impulsionam o magma para a
superfície, via fraturas da crosta terrestre.
Os vulcões podem explodir violentamente ou apenas expelir o magma
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Geologia
ATIVIDADE 15
calmamente pela superfície. Tal diferença é explicada pela maior ou menor
viscosidade do magma.
As zonas orogenéticas do planeta (onde há o choque de placas
tectônicas) são as áreas com maior incidência de vulcanismo e de abalos sísmicos.
Das diversas zonas orogênicas a mais conhecida pela amplitude e freqüência dos
eventos é o anel de fogo do pacífico.
ANOTAÇÕES
GEO
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