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Volume 113 • Número 224 • São Paulo, terça-feira, 25 de novembro de 2003
EXECUTIVO
SEÇÃO I
Pesquisadores paulistas finalizam
mapa genético da cana-de-açúcar
PRODUÇÃO
E RESISTÊNCIA
Os cientistas trabalharam com
fragmentos de genes conhecidos
como Etiquetas de Seqüências
Expressas (ESTs). "Após o processamento das seqüências, 237.954 ESTs
foram identificados a partir de diferentes órgãos e tecidos da cana-deaçúcar, em vários estágios de desenvolvimento", diz o artigo de Arruda.
Dessa forma, a cana passa a ser a
quinta planta com maior número de
seqüências descritas, após o trigo,
milho, cevada e soja.
Os dados obtidos pelo projeto,
também conhecido como Sucest (de
sugar cane EST), já estão sendo utilizados por diversos grupos de pesquisa, que buscam informações sobre
o metabolismo da planta. Eles querem obter, por exemplo, variedades
mais produtivas e resistentes à seca
ou a solos com poucos nutrientes.
O professor da Unicamp, Marcelo
Menossi, recorda que durante os
anos de estudo os pesquisadores tiveram de contornar vários obstáculos
para chegar ao resultado final. Ele
conta que a grande dificuldade foi
estabelecer contato entre os vários
grupos de pesquisa espalhados pelo
Estado, e fora também.
Mais de 50 cientistas e técnicos desenvolveram o maior genoma de planta
do mundo, que servirá para o aperfeiçoamento das variedades de cana
Produtores rurais de
assentamento escolhem
a fruticultura
FOTO: REGINA AGRELLA
A revista norte-americana
Genome Research publicou em seu
site, artigo assinado pelo professor
Paulo Arruda, do Centro de Biologia
Molecular e Engenharia Genética da
Unicamp, sobre o trabalho executado
por 56 pesquisadores paulistas e um
grupo da Universidade Federal de
Pernambuco, revelando que o projeto Genoma Cana já conseguiu identificar 32.620 genes, mais de 90% de
todos os que a planta possui.
O Genoma Cana, coordenado por
Arruda, contou com financiamento
da Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo (Fapesp),
que liberou cerca de US$ 4 milhões.
Outros US$ 400 mil vieram da
Cooperativa dos Produtores de Cana,
Açúcar e Álcool do Estado de São
Paulo (Copersucar). Participaram 22
grupos de pesquisa para chegar ao
genoma de uma das plantas de maior
valor para a economia brasileira, cultivada desde a época colonial.
FOTO: ITESP
Mapa genético ajuda a definir o aprimoramento das variedades cultivadas
Outro fato interessante, foi o treino de alguns profissionais que não
estavam acostumados ao estudo da
genética e ainda aqueles que, embora profundos conhecedores dos
genes, não tinham vivência com a
informática, ferramenta indispensável aos estudos.
Menossi integrou um grupo de
oito pessoas na Unicamp. Sua equipe
foi encarregada do genoma funcional.
Nessa atividade, eles identificavam a
função que cada gene desenvolve na
planta. "Foi um trabalho intenso. É o
maior mapeamento genético de uma
planta já feito no mundo. Isto prova
que a pesquisa brasileira é de alto
nível, quando financiada de maneira
contínua e confiante, como fomos pela
Fapesp", ressalta Menossi.
Ele diz que a maior contribuição
do genoma é fornecer informações
para o aprimoramento genético da
planta no Estado de São Paulo e no
Brasil. "Se nosso trabalho possibilitar
um aumento na produção, mesmo que
seja 5%, será um ganho enorme, pois
estamos falando de milhares de toneladas e milhares de reais a mais."
DOZE
VARIEDADES
Conhecendo o genoma, diz
Menossi, é possível criar vários tipos
de cana, adaptando-os ao clima, controle de praga, época mais propícia ao
plantio e outras variações. "Existem
espécies que têm alto teor de açúcar
e outras com menos. Com o mapeamento genético, poderemos desenvolver plantas de acordo com o que deseja o produtor."
Durante os anos de estudos, os
grupos de pesquisadores utilizaram
12 variedades de cana-de-açúcar cultivadas em São Paulo e algumas em
Alagoas (único Estado brasileiro
onde a planta floresce, em razão do
clima local). Na agricultura paulista,
a espécie mais cultivada é a SP 803280, uma das pesquisadas.
EMPRESAS
CRIADAS
O projeto Genoma Cana já deu
alguns resultados. Das pesquisas,
surgiram três empresas da iniciativa
privada, com apoio financeiro do
Grupo Votorantim: Allelyx, Scylla e
Cana Vialis. Na primeira, a missão é
identificar os genes para produzir
canas com melhores qualidades agronômicas (teor de açúcar e resistência a pragas, por exemplo). A segunda desenvolve programas de computador que tornam mais rápida a análise de dados de um projeto de genoma. Já a Cana Vialis atua num mercado parecido com a Allelyx, mas
num estágio mais avançado da engenharia genética.
Otávio Nunes
Da Agência Imprensa Oficial
Agricultores do assentamento Córrego
Rico vão se dedicar à cultura da goiaba
Produtores rurais do assentamento
Córrego Rico, em Jaboticabal, formaram
um grupo para desenvolver a fruticultura
como forma de diversificar a produção. A
goiaba foi a cultura escolhida pelos 15
agricultores, que visitaram o Departamento de Produção Vegetal da Unesp de
Jaboticabal, onde receberam orientações
técnicas sobre plantio, espaçamento adequado, formas de poda, controle e tratamentos fitossanitários e diversas variedades cultivares desenvolvidas.
Os assentados estiveram também
em Taquaritinga para conhecer pequenos proprietários rurais que exploram a
fruticultura, especialmente a goiaba.
Segundo Tânia Mara Baldão, beneficiária
do assentamento Córrego Rico, "a visita
foi muito importante porque a região visitada é formada quase que exclusivamente por pequenos produtores agrícolas,
que já conseguiram situação de sustentabilidade da propriedade".
Tânia acrescentou que os filhos de
alguns produtores estudam em faculdades e colégios particulares, o que indica
a melhoria de qualidade de vida. A formação do "grupo da goiaba" conta com o
apoio do Itesp, Sebrae, do professor
Fernando da Unesp e da Associação A
Terra Rica, dos beneficiários do assentamento Córrego Rico.
Da Assessoria de Imprensa do Itesp
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