Câncer de Mama : um grande desafio em Saúde Pública O Câncer de Mama continua sendo uma doença que tem demonstrado dificuldades em seu manejo, em termos de Saúde Pública. A incidência continua em elevação no Estado, em torno de 80/100.000 mulheres e em termos absolutos de 5.050 casos novos. Parte justificada pelo maior número de diagnósticos que vem sendo realizados,deve-se, certamente, também, pelo desconhecimento de fatores causais desta doença de substrato genético. Os fatores de risco conhecidos, atualmente, acometem aproximadamente 20% das mulheres que foram submetidas a tratamento por Câncer de Mama. Entre os de maior peso epidemiológico, salientamos os fatores: Hereditário-5 a 10% dos casos. Presença em familiares de 1° grau e história do tumor masculino na família, associado ou não a bilateralidade. Ainda, história de aparecimento da doença em familiares na pré-menopausa. Associação com história de tumores malignos nos ovários. História prévia de câncer mamário e/ou de lesões pré-malignas (hiperplasias epiteliais atípicas, carcinoma “in situ” e neoplasias lobulares). Maior tempo de exposição ao hormônio estrogênio e seus derivados, advindos de terapias hormonais ao longo de mais de 10 anos, configura risco importante. A área geográfica de alto risco compreende aspectos sociais, culturais, produtos químicos, poluentes, entre, outros, com difícil identificação epidemiológica. É uma patologia incidente em zonas geográficas desenvolvidas. Entre aqueles fatores de risco que podemos modificar, cita-se a obesidade, em particular o aumento da ingestão de carne vermelha e de gorduras saturadas. Evitar o abuso de álcool e não fumar. O incentivo à primeira gestação antes dos trinta anos e a amamentação devem ser estimuladas. A mortalidade no Rio Grande do Sul mantém-se alta e crescente com.1021 óbitos, correspondendo a 18.3 por 100.000 mulheres coeficiente atualizado, em 2006. Portanto, a prevenção primária ainda está aquém no Câncer de Mama. Em países desenvolvidos, a adenomastectomia profilática (retirada das mamas em mulheres de risco severo para câncer de mama), bem como o uso de antiestrógenos ou moduladores seletivos dos receptores estrogênicos (SERMs) tem sido recomendados. É importante salientar que a remoção das mamas preventivamente não confere proteção em 100% dos casos, podendo ficar tecido mamário entremeado a tecido gorduroso em 5% dos casos. O uso da quimioprofilaxia deve ser bem indicado, sempre acompanhado do rastreamento de contra-indicações ao uso e seus para-efeitos. São decisões que devem ser tomadas pelo paciente e seu médico, acrescida da assinatura de Termo de Consentimento Como conter uma patologia em que a prevenção primária é deficitária? Muito do controle da morbi-mortalidade no Câncer de Mama deve-se ao diagnóstico precoce, que pode aumentar a sobrevida, evitar mutilações e seqüelas psicológicas. Age positivamente na melhora da auto-imagem e auto-estima, diminuindo o sofrimento frente à necessidade da retirada da mama, em determinados casos. O incentivo à cirurgia reparadora imediata, certamente minimiza o sofrimento destas mulheres, sem promover impacto negativo na mortalidade. As principais estratégias no combate a esta doença são: o exame minucioso das mamas e a mamografia bilateral, complementados pela cito punção aspirativa com agulha fina (PAAF) , biópsia percutânea (PAG) e ecografia mamária. Promovendo o diagnóstico “em tempo”, conseguiremos garantir melhor sobrevida e menor morbidade, com tratamentos adequados. È importante conscientizar a comunidade à busca de atendimento anual e da importância do auto-exame de mamas , como forma de aumentar o conhecimento do nosso próprio corpo. Quem deve tratar os tumores de mama? O sucesso terapêutico depende de abordagem multidisciplinar, em Centros de Complexidade Terciária. Os profissionais envolvidos devem ser mastologistas, oncologistas, radioterapêutas, patologistas, fisioterapeutas, cirurgiões plásticos , psicólogos ou psiquiatras com habilitação no tratamento do Câncer de Mama. Que fatores determinam o prognóstico do Câncer de Mama? Sem dúvida, continuam “status” axilar e o tamanho do tumor, os principais indicadores no prognóstico do Câncer de Mama. A cura pode ser obtida em tumores com menos de 2,0cm e axila homolateral negativa, na ausência de metástases.Mas, fatores intrínsecos da biologia tumoral tem demonstrado que a presença de oncogenes , tais como , p-53,c Herb 2; ausência de receptores estrogênicos e progestagênicos (em testes imuno-histoquímicos); invasão de linfáticos e neo-angiogênese peritumoral (em anátomo-patológicos) são características que conferem pior prognóstico.É importante salientar que a manifestação, evolução e o prognóstico do Câncer de Mama variam de acordo com o hospedeiro, não esquecendo que a biologia tumoral x vigilância imunológica de tumores é específica em cada ser humano. O estadiamento cirúrgico do Câncer de Mama serve como indicador prognóstico e de tratamento, de modo geral. Quais as estratégias que a Secretaria de Saúde do Estado está desenvolvendo no Combate ao Câncer de Mama do RS? A |Seção da Saúde da Mulher - SES/RS reconhece a dimensão da problemática desta neoplasia em termos de saúde pública. Está engajada, junto ao INCA/MS, dentro do Programa Pacto pela Vida 2008, publicado pela Portaria nº 325/GM de 21/02/2008, onde prioriza o diagnóstico precoce do Câncer de Mama e do Colo Uterino no Estado do Rio Grande do Sul. O aumento da cobertura para mais 30% de exames de mamografias (anteriormente de 30%) e ecografias mamárias, através da Resolução nº 085/08 – CIB/RS, bem como, 100% dos exames ofertados para citologia e histopatologia da mama demonstram a preocupação do Ministério da Saúde, frente ao combate desta patologia. Em 8 de maio de 2008, iniciou-se Curso de Capacitação em diagnóstico precoce do Câncer de Mama e Colo Uterino para os médicos e enfermeiros do Programa da Saúde da Família e das Unidades Básicas de Saúde, em cinco cidades de referência das macrorregiões: Norte - Passo Fundo e Erechim, Centro-oeste - Santa Maria, Sul - Pelotas e Missioneira em Santo Ângelo. Estas interiorizações da Saúde da Mulher/SES visam à conscientização a uma busca ativa da comunidade em termos de prevenção destas doenças. A capacitação em termos de importância, fatores de risco, história natural, diagnóstico precoce e parâmetros técnicos do INCA a serem implementados são temas prioritários. Este Curso contou com a parceria de mastologistas da Sociedade Brasileira de Mastologia e com o INCOLO - Instituto de Prevenção do Câncer de Colo do RS. Pretende-se a médio prazo, Curso que capacite os ginecologistas do interior do Estado em relação à propedêutica diagnóstica e tratamento do Câncer de Mama. Promover Curso de Capacitação de técnicos e médicos radiologistas em mamografia, nos centros de referência, nas macrorregiões selecionadas ,em que a demanda aumentada ou o mal funcionamento da técnica ou do aparelho forem diagnosticados. A compra de mamógrafos para estas macrorregiões deficitárias foi incluída nos Programas do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde- 2008. As necessidades em termos de Políticas Públicas referentes à saúde da mulher são muitas, mas para trabalhar nas soluções é fundamental diagnóstico preciso de cada região, baseado em dados colhidos diretamente das CRSs, dos profissionais envolvidos nestas ações de saúde e dados epidemiológicos provenientes desta Secretaria de Saúde. Investir em educação da comunidade, assistência e profissionalismo com qualidade e, pesquisa são parâmetros indispensáveis para atingirmos a Excelência em Serviços de Saúde. Esta é nossa meta. Drª. Sandra Coccaro de Souza Assessora Técnica Responsável – Câncer de Mama