A sexualidade dos jovens estudantes universitários portugueses

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UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR
Ciências Sociais e Humanas
A sexualidade dos jovens estudantes
universitários portugueses
Natália dos Santos Pissarra Nogueira Pacheco
Tese para obtenção do Grau de Doutor em
Psicologia
(3º ciclo de estudos)
Orientador: Prof. Doutor Henrique Pereira
Covilhã, Outubro de 2012
ii
Dedicatória
Aos meus pais, Joaquim e Emília;
Ao meu marido João;
Aos meus filhos João Henrique e Guilherme.
A vocês, a minha admiração pela força, apoio, e amor!
iii
F
iv
Agradecimentos
- Ao Professor Doutor Henrique Pereira, o meu reconhecimento e admiração pela orientação,
apoio científico, disponibilidade, confiança e carinho demonstrado. Para além de uma
referência científica constitui-se como uma referência humana;
- A todos os estudantes universitários que se disponibilizaram a colaborar neste estudo;
- Ao Departamento de Psicologia e Educação da Universidade da Beira Interior, por ter
facultado as condições necessárias a implementação deste projecto de investigação e a
elaboração da presente tese;
- A todos os que gentilmente autorizaram a utilização dos seus instrumentos;
- Aos amigos que comigo partilharam horas de trabalho, por tudo o que me ensinaram e
apoiaram, especialmente à Dra. Marta Vilarinho;
- À minha querida família, pelo apoio e amor!
A todos os que me fazem acreditar, e que invariavelmente admiro, o sincero,
Muito Obrigado!
v
vi
Resumo
A sexualidade é um dos aspetos centrais das sociedades modernas, sendo assunto de interesse
e investigação para uma melhor compreensão do comportamento humano.
O presente estudo tem como objectivos caracterizar a sexualidade dos jovens estudantes
portugueses, descrevendo os comportamentos, atitudes e crenças destes jovens, perceber
quais os assuntos que despertam maior interesse e averiguar que dúvidas existem face a este
tema. Pretende-se também, construir um Modelo Explicativo da Sexualidade, de base
empírica, nos jovens do Ensino Superior, através da análise dos modelos de equação
estruturais.
Foi elaborado no âmbito do presente estudo um questionário on-line, a fim de permitir uma
maior abrangência da população estudantil. O tempo médio para responder ao questionário
foi de 30 minutos. O pedido de colaboração dos participantes preservou todas as condições
tradicionais da pesquisa científica, nomeadamente o consentimento informado, o anonimato
e a confidencialidade. A amostra foi recolhida entre Setembro de 2010 e Setembro de 2011.
Participaram
nesta
investigação
526
jovens
estudantes
que
frequentam
qualquer
estabelecimento de Ensino Superior do nosso país. São alunos de variados cursos e diferentes
anos. A idade média da amostra é de aproximadamente 22 anos, havendo heterogeneidade na
representatividade entre géneros, sendo 72.1% do sexo feminino.
Para o efeito foram utilizados: Um questionário sócio-demográfico, Questionário sobre as
Práticas Sexuais Actuais, Escala de Fantasias Sexuais (Wilson 1978) adaptada por Freire, 2008,
Grelha de Orientação Sexual de Klein (Pereira, Leal & Marroco, 2009), Questionário de
Crenças e Informação Sexual (Adams e col, 1996, adaptado de P. Nobre, 2001), Questionário
de Problemas Sexuais e Inventário de Saúde Mental (Ribeiro, P., 2001)
Os principais resultados evidenciam que 86.9% dos jovens já iniciaram a sua vida sexual, com
uma idade média da primeira relação sexual que se situa por volta dos 17.28 anos. Utilizaram
o preservativo masculino (81.2%). São as mulheres que maior importância atribuem à primeira
relação sexual. O casamento aparece para 51,5% dos jovens inquiridos, como sendo a melhor
forma de compromisso. A maioria destes jovens gostava de ter filhos (89.4%).
33% referem já ter tido relações sexuais sob o efeito de substâncias psicoativas, apesar destes
jovens estudantes apresentarem uma boa informação sexual, assim como um bom nível de
saúde mental.
Palavras-chave: jovens universitários, sexualidade
vii
viii
Abstract
Sexuality is one of the central aspects of modern societies, being subject of interest and
research for better understanding of human behavior.
The present study aims to characterize the sexuality of young Portuguese students, describing
the behaviors, attitudes and beliefs of these young people, to understand what matters most
interest and find out that there are doubts to face this issue. We also intend to build a
Explanatory Model of Sexuality, empirically based, youth in Higher Education, through the
analysis of structural equation models.
It was prepared as part of this study a questionnaire online in order to allow a broader
student population. The average time to complete the questionnaire was 30 minutes. The
request for cooperation from all participants preserved the traditional conditions of scientific
research, including informed consent, anonymity and confidentiality. The sample was
Collected between september 2010 and september 2011.
526 youth participated in this research students attending any institution of higher education
in our country. They are students of various courses and different years. The mean age of the
sample is approximately 22 years, with heterogeneity in gender representation, being 72.1%
female.
For this purpose we used: A socio-demographic questionnaire, the Questionnaire on Current
Sexual Practices, Scale of Sexual Fantasies (Wilson 1978) adapted by Freire, 2008, Sexual
Orientation Grid Klein (Pereira Leal & Morocco, 2009), Beliefs Questionnaire and Sex
Information (Adams et al, 1996, adapted from P. Noble, 2001), Sexual Problems Questionnaire
and the Mental Health Inventory (Ribeiro, P.,2001)
The main results show that 86.9% of young people have started their sexual life, with a
median age of first sexual intercourse which is situated at around 17:28 years. Used condoms
(81.2%). It is women who attach greater importance to the first sexual intercourse. The
marriage appears to 51.5% of young respondents as being the best compromise. Most of these
young people would like to have children (89.4%). 33% reported ever having had sex under the
influence of psychoactive substances, although these young students presenting a good sexual
information, as well as a good level of mental health.
Keywords: University students, sexuality
ix
x
Índice
1 Introdução
1
PARTE I. CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS
2. A Sexualidade
7
9
2.1 O que é a sexualidade
11
2.1.1 Mitos, tabus e crenças
12
2.1.2.Novos paradigmas vigentes associados à sexualidade em Portugal
14
2.2 Perspetiva histórica da sexualidade
16
2.2.1 Antiguidade
16
2.2.2.Cristianismo
18
2.2.3.Amor romântico
20
2.2.4.Patologização da sexualidade
20
2.2.5.Revolução sexual
21
2.2.6.A crise da Sida
23
2.2.7.Cybersexo
23
2.2.8.Problemas éticos do Novo Milénio
25
2.3 Contributo das diferentes teorias para a compreensão da sexualidade
26
2.3.1. Contributo da psicanálise
26
2.3.2. Contributo da psicologia cognitivo-comportamental
29
2.3.3. Contributo da psicologia social
33
2.3.4. Contributo das ciências antropo-psicológicas
36
2.3.5. Contributo das ciências biomédicas
38
3. Os jovens e a sexualidade
3.1. Conceito de juventude
43
45
3.1.1 Formação da identidade
47
3.1.2 Identidade sexual
50
3.1.3. Mudanças na sexualidade dos jovens
52
3.2. Resultados de pesquisas no âmbito da sexualidade nos jovens
3.2.1.Vivências e práticas sexuais
3.2.1.1.O início da vida sexual
3.2.1.2.Doenças sexualmente transmissíveis (DST´s) e uso de
método anticoncecional e de proteção
3.2.1.3. Informação e comunicação interpessoal na área da
sexualidade
53
54
54
57
60
3.2.1.4.Masturbação
61
3.2.1.5.Consumo de substâncias psicoativas
63
3.2.2. Conjugalidade
65
xi
3.3.Saúde sexual e saúde mental
66
3.4.Duplo padrão
67
3.5.Vivências académicas dos estudantes portugueses
69
PARTE II. ESTUDO EMPÍRICO
71
4. Metodologia de investigação
73
4.1.Objectivos
75
4.2.Tipologia do estudo
75
4.3.Método
75
4.3.1Participantes
75
4.3.2.Instrumentos
79
4.3.2.1. Avaliação de informação referente às vivências sexuais
79
4.3.2.2. Avaliação das práticas sexuais atuais
80
4.3.2.3. Avaliação das fantasias sexuais
80
4.3.2.4.Avaliação da orientação sexual
82
4.3.2.5.Avaliação das crenças e informação sexual
82
4.3.2.6.Avaliação de problemas sexuais
83
4.3.2.7.Avaliação da saúde mental
83
4.4.Procedimentos
4.4.1.A internet na investigação
4.5.Análise estatística
84
84
85
4.5.1. Análise descritiva, inferencial e fatorial.
85
4.5.2. Análise de Modelos Estruturais
86
4.5.3. Operacionalização do Modelo de Medida
88
5. Resultados
5.1. Resultados dos questionários
5.1.1 Sexualidade
95
97
97
5.1.2. Práticas Sexuais Atuais
114
5.1.3. Escala de Fantasias Sexuais
126
5.1.4. Grelha de Orientação Sexual
128
5.1.5. Crenças e Informação Sexual
128
5.1.6. Problemas sexuais
131
5.1.7. Inventário de Saúde Mental
132
5.2. Proposta de Modelo Empírico
136
6. Discussão dos resultados
142
7. Bibliografia
161
Anexos
184
xii
Lista de Figuras
Figura 1. Lista de mitos e crenças sexuais (adaptado por Nobre, 2003)
Figura 2. Problemas éticos do Novo Milénio (adaptado de Eli Coleman, 1998)
Figura 3. Estádios Psicossocias de desenvolvimento de Erikson (1959)
Figura 4. Modelo de Identidade Sexual de Shively e DeCecco (1977;1993)
Figura 5. 1º Modelo de Medida operacionalizada a partir da Análise Fatorial e Exploratória.
Figura 6. Definição do Modelo de Equações estruturais
Figura 7. Definição do Modelo de Equações Estruturais com estimativas
xiii
xiv
Lista de Tabelas
Tabela
1.
Principais
doenças
sexualmente
transmissíveis
(DST´s)
Rocha,
Horta,
Cruzeiro,&Cruz, 2007)
Tabela 2. Caracterização demográfica da amostra.
Tabela 3. Caracterização da amostra por tipo de instituição frequentada.
Tabela 4. Caracterização demográfica da amostra por área científica frequentada e por
género
Tabela 5. Caracterização da amostra por ano frequentado.
Tabela 6. Caracterização da amostra por situação profissional.
Tabela 7. Caracterização demográfica da amostra por tipo de residência na zona
universitária.
Tabela 8. Caracterização da amostra por zona de residência de origem.
Tabela 9. Índices de Adequabilidade aos dados ao Modelo (Browne & Cudeck, 1993).
Tabela 10. Operacionalização das variáveis latentes e das variáveis manifestas no modelo de
medida.
Tabela 11. Correlações do modelo de medida
Tabela 12. Assuntos habitualmente mais abordados pelos jovens
Tabela 13. Resultados para o “Aborto” enquanto assunto abordado por género (n=526)
Tabela 14. Resultados para os “Abusos sexuais” enquanto assunto abordado por género
(n=526)
Tabela 15. Resultados para a “Gravidez na adolescência” enquanto assunto abordado por
género (n=526)
Tabela 16. Resultados para a “Gravidez indesejada” enquanto assunto abordado por género
(n=526)
Tabela 17. Resultados para as “DSTs” enquanto assunto abordado por género (n=526)
Tabela 18. Resultados para o “Namoro” enquanto assunto abordado por género (n=526)
Tabela 19. Resultados para as “Relações interpessoais” enquanto assunto abordado por
género (n=526)
Tabela 20. Resultados para as “Relações sexuais” enquanto assunto abordado por género
(n=526)
Tabela 21. Resultados para a“Prevenção” enquanto assunto abordado por género (n=526)
Tabela 22. Resultados para os “Preservativos” enquanto assunto abordado por género (n=526)
Tabela 23. Resultados para a“Pílula” enquanto assunto abordado por género (n=526)
Tabela 24. Resultados para os “Afetos/amizade” enquanto assunto abordado por género
(n=526)
Tabela 25. Resultados para a “Pornografia” enquanto assunto abordado por género (n=526)
Tabela 26. Resultados para a “Higiene e saúde” enquanto assunto abordado por género
(n=526)
xv
Tabela 27. Resultados para o “Menstruação” enquanto assunto abordado por género (n=526)
Tabela 28. Resultados para a “Puberdade” enquanto assunto abordado por género (n=526)
Tabela 29. Resultados para a “Prostituição” enquanto assunto abordado por género (n=526)
Tabela 30. Resultados para a “Homossexualidade” enquanto assunto abordado por género
(n=526)
Tabela 31. Resultados para a “Masturbação” enquanto assunto abordado por género (n=526)
Tabela 32. Resultados para a “Contraceção” enquanto assunto abordado por género (n=526)
Tabela 33. Resultados para o “Circunstâncias para iniciar a sua vida sexual” por género
(n=526)
Tabela 34. Resultados para a idade considerada a mais acertada para iniciar a vida sexual. (n=
343)
Tabela 35. Resultados para o “Se concordam com o casamento” por género (n=526)
Tabela 36. Resultados para a melhor forma de compromisso (N=526)
Tabela 37. Resultados” para a questão se gostariam de ter filhos por género (n=526)
Tabela 38. Resultados” para a questão quantos filhos gostariam de ter por género (n=331)
Tabela 39. Resultados para “Idade em que gostaria de ter o 1º e último filho”
Tabela 40. Resultados para a idade para ter primeiro filho (n= 405)
Tabela 41. Resultados para a idade para ter último filho(n= 395)
Tabela 42. Resultados para a idade da primeira ejaculação nos homens e da primeira
menstruação nas mulheres (n= 443)
Tabela 43. Resultados para a questão se já iniciaram a sua vida sexual (n=526)
Tabela 44. Resultados para a idade em que iniciaram a sua vida sexual por género (n=441)
Tabela 45. Resultados para a idade em que iniciaram a sua vida sexual por grupos de idade
(n=441)
Tabela 46. Resultados para a duração deste relacionamento em meses (por género).(N=431)
Tabela 47. Resultados para as razões pelas quais iniciaram a sua vida sexual (por
género).(N=441)
Tabela 48. Resultados para a importância da primeira relação sexual (n=457)
Tabela 49. Resultados para o local onde ocorreu a primeira relação sexual (n=457)
Tabela 50. Resultados para se usou método anticoncecional por género na primeira relação
sexual (n=457)
Tabela 51. Resultados para “Quem tomou a iniciativa da primeira relação sexual” (n=386)
Tabela 52. Resultados para “Se se masturba” (n=526)
Tabela 53. Resultados para “A idade em que começou a masturbar-se” (n=314)
Tabela 54. Resultados para ”Quantas vezes se masturbou nos últimos sete dias” (n=311)
Tabela 55. Resultados para ”Como se sente com o facto de se masturbar” (n=356).
Tabela 56. Resultados para ”Em que situação lhe apetece masturbar-se” (n=311)
Tabela 57. Resultados para “Se se preocupa por masturbar excessivamente” (n=360)
Tabela 58. Resultados para “A pessoa por quem sentiu atração sexual” por género (n=526).
xvi
Tabela 59. Resultados para “Se já sentiu atração por alguém do mesmo sexo” (n=526)
Tabela 60. Resultados para “Se já teve fantasias por alguém do mesmo sexo” (n=526)
Tabela 61. Resultados para “Se já teve contacto sexual com alguém do mesmo sexo” (n=526)
Tabela 62. Resultados para a idade em que começaram a namorar por género (n=468)
Tabela. 63. Resultados para o “Número de namorados(as) que já tiveram” por género (n=496)
Tabela 64. Resultados “Qual anticoncecional, usaram na última relação sexual,” por género
(n=406)
Tabela 65. Resultados para o “Número de vezes que tiveram relações sexual no último ano”
por género (n=307)
Tabela: 66. Resultados para o “Número de parceiros sexuais que já tiveram” por género
(n=351)
Tabela: 67. Resultados para as “Razões para se ter relações sexuais” (n=526)
Tabela 68. Resultados para “Práticas sexuais” da amostra (n=526)(%).
Tabela 69. Resultados para “Práticas sexuais” por género (n=526)
Tabela 70. Resultados à questão de terem tido sexo sob efeito de álcool por género (n=526)
Tabela 71. Resultados à questão de terem tido sexo sob efeito de cannabis por género (n=526)
Tabela 72. Resultados à questão de terem tido sexo sob efeito de heroína por género (n=526)
Tabela 73. Resultados à questão de terem tido sexo sob efeito de cocaína por género (n=526)
Tabela 74. Resultados à questão de terem tido sexo sob efeito de ecstasy por género (n=526)
Tabela 75. Resultados à questão de terem tido sexo sob efeito de ácidos por género (n=526)
Tabela 76. Resultados à questão “O que é ter sexo seguro, por género (n=526)
Tabela 77. Resultados para as medidas de fantasias comparando com a variável género
(n=526)
Tabela 78. Resultados para as medidas de fantasias comparando com a variável idade (n=526)
Tabela 79. Resultados para as medidas de fantasias comparando com a variável ter iniciado a
vida sexual (n=457)
Tabela 80. Resultados para as medidas de fantasias comparando com a variável masturbação
(n=365)
Tabela 81. Resultados para “Orientação sexual” por género (n=526)
Tabela 82. Resultados para “Crenças e informação sexual” por género (n=526)
Tabela 83. Resultados para as medidas de Crenças e informação sexual comparando com a
variável início de vida sexual (n=457)
Tabela 84. Resultados para as medidas de Crenças e informação sexual comparando com a
variável idade(n=526)
Tabela 85. Resultados para as medidas de Crenças e informação sexual comparando com a
variável género (n=526)
Tabela 86. Resultados de Quão satisfeitos estão com a sua vida sexual nas últimas 4 semanas.
(n=91)
xvii
Tabela 87. Resultados da média de Quão satisfeitos estão com a sua vida sexual nas últimas 4
semanas. (n=91)
Tabela.88. Apresentação das fantasias e comportamentos relacionados com parafilia.
(n=526)(%)
Tabela 89. Representação dos resultados obtidos na avaliação da saúde mental (n=526)
Tabela 90. Resultados para as medidas de saúde mental comparando com a variável género
(n=526)
Tabela 91. Resultados para as medidas de saúde mental comparando com a variável início de
vida sexual (n=457)
Tabela 92. Resultados para as medidas de saúde mental comparando com a variável idade
(n=526)
Tabela 93. Relações de variência do modelo final
Tabela 94. Correlações do modelo final
xviii
Lista de Acrónimos
α
AEE
cf.
CV
Dp
DST
ed
et al.
EUA
F
GRP
GTES
HIV
INE
IST
K
Lda
Máx
Min.
N
OMS
p.
P
SIDA
Sk
SNS
SPSS
UBI
VIH
vol.
WHO
X
χ2
%
Alfa
Análise de Equações Estruturais
Confronte com, confira
Coeficiente de variação
Desvio padrão
Doença sexualmente transmissível
Edição
Entre outros
Estados Unidos da América
Frequência
Gabinete de Relações Públicas
Grupo de Trabalho para a Educação Sexual
Human Immunodeficiency Virus
Instituto Nacional de Estatística
Infecções Sexualmente Transmissíveis
Kurtosis
limitada
Máximo
Mínimo
Número
Organização Mundial de Saúde
Página
Probabilidade
Síndroma da Imunodeficiência Adquirida
Skewness
Serviço Nacional de Saúde
Statistical Package for the Social Sciences
Universidade da Beira Interior
Vírus da Imunodeficiência Humana
Volume
World Health Organization
Média
Qui quadrado
Percentagem
xix
xx
1. Introdução
1
2
Explorar a sexualidade na sua integralidade, abarcando as questões ligadas à vida sexual e
reprodutiva implica a complexa tarefa de um conhecimento aprofundado do contexto
biológico, psicológico e social do ser humano. A sexualidade é um fenómeno humano peculiar,
que toma a sua feição própria porque existem nos seres humanos fenómenos psicológicos
fundamentais, uns básicos, outros mais elaborados que estão na génese, na manutenção e na
perpetuação dos comportamentos de natureza sexual (Palha, 2003).
A sexualidade é considerada nos seus múltiplos aspetos uma área de grande importância no
desenvolvimento do ser humano, componente fundamental no relacionamento afetivo,
referindo-se ao modo como cada um se relaciona consigo próprio e com os outros, na procura
do afeto influenciando a saúde física, a saúde mental, a qualidade de vida e o bem-estar dos
indivíduos (Nodin, 2001; Matos, 2006).
“Contudo, a sexualidade não se circunscreve às situações românticas ou amorosas. A
conjugação amor/sexo não é uma necessidade biológica, nem um imperativo social, mas,
apenas uma das possíveis soluções histórico-culturais para o problema da articulação entre
reprodução biológica e vinculação social” (Alferes, 2002, p19).
Nessa perspetiva é sabido que é nos adolescentes e nos jovens em geral que ocorrem algumas
primeiras experiências típicas nesta fase das suas vidas, tais como sair de casa dos pais,
arranjar emprego e criarem relações amorosas (Brown, Feiring & Furman, 1999). Do mesmo
modo, é na adolescência que muitos jovens iniciam a sua vida sexual (Avery & Lazdane, 2008;
Borges & Schor, 2005; Altmann, 2007; Nodin, 2007; Matos, 2010), pelo que importa perceber
quais as variáveis intervenientes na sexualidade dos jovens e como elas se interligam e
articulam entre si.
Os jovens que ingressam no Ensino Superior encontram-se nesta faixa etária. Mesmo os mais
velhos poderão deparar-se com a responsabilidade de estar fora de casa, sem controlo
externo, nomeadamente por parte dos pais. A multiplicidade de ofertas de experiências novas
pode ser encarada de forma tentadora e aliciante, sendo considerados os primeiros anos de
ensino superior como o período em que ocorrem as primeiras relações sexuais (Cooper, 2002,
Patrick, Maggs, 2007; Patrick, Maggs & Aban, 2009). Desse modo, comportamentos sexuais de
risco entre estudantes universitários são comuns e podem levar a consequências, tais como
gravidezes indesejadas e infeções sexualmente transmissíveis (Turchik, Garske, Probst, &
Irvin, 2010).
De certo modo, o ingresso na universidade é uma nova etapa de autonomização e
crescimento, em particular para os jovens oriundos de outras regiões do país e que saíram de
casa para estudar.
3
O número cada vez maior de adolescentes a ingressarem no ensino superior, tem vindo a
produzir o aparecimento de um novo estádio de desenvolvimento, situado entre o final da
adolescência e o início da vida adulta: a juventude (Keniston, 1971; Arnett, 2000).
Para Erikson (1972) esta fase de desenvolvimento é de facto uma fase muito complexa para o
jovem, é o momento da construção de valores e de escolha das direcções que deseja seguir
pela vida. O autor entende que a identidade é uma conceção de si mesmo, composta de
valores, crenças e objetivos com os quais a pessoa está comprometida.
Embora a juventude seja banalmente considerada pela comunicação social como a melhor
fase de desenvolvimento, em que se adquire a independência e se tem o futuro todo à sua
frente, ela é ao mesmo tempo considerada uma fase de grande risco. Algumas abordagens,
muito difundidas pelos mass média referem-se aos jovens como frágeis, vulneráveis e com
dificuldades em gerir as suas vidas. Prevalece a ideia de que existem comportamentos
exagerados e de risco, com relacionamentos frequentes e breves, cheios de preconceitos que
a investigação procura esclarecer.
A decisão de iniciar as relações sexuais acontece paralelamente a inúmeras modificações na
sua vida, podendo gerar situações indesejadas como a ocorrência de gravidez, aborto,
doenças sexualmente transmissíveis e outras. O exercício da sexualidade traz implicações no
processo reprodutivo e na saúde bio-psico social dos jovens. A antecipação das idades
feminina e masculina para a iniciação sexual nas últimas décadas, a utilização pouco
consistente dos métodos anticoncecionais e os consumos de substâncias psico-ativas por
exemplo são questões preocupantes muito atuais. Tais acontecimentos têm repercussões não
apenas na fase da adolescência como também na vida futura.
A sexualidade nos jovens foi abordada durante muito tempo sob o aspeto biológico e
reprodutivo. Hoje, porém, não podemos ignorar a importância da componente psicossocial,
considerando a sua importância na formação da identidade e no comportamento do jovem nas
mais diferentes situações que enfrenta no seu quotidiano.
A evolução da pesquisa ao nível da compreensão e trato da problemática da sexualidade tem
sido notável a partir do primeiro quartel do século passado e a tendência previsível é a de
que, no atual, tal momento se acentue – daí o imperativo duma permanente atualização dos
conhecimentos (Nunes, 2003).
Diversas pesquisas realizadas apontam para as profundas transformações que têm vindo a
ocorrer, desde os anos 60, do século XX, no que diz respeito à família, ao género e à
sexualidade, como a democratização da vida íntima, a uma pluralidade da vida familiar ou o
reconhecimento da diversidade sexual (Weeks, 2007). Tal vastidão obriga a uma
multiplicidade de perspetivas gerais úteis na abordagem da sexualidade.
“As diferentes abordagens que nos últimos anos trouxeram valiosas contribuições para o
estudo da sexualidade têm que ser tomadas em conta, na medida em que proporcionam um
4
olhar multidimensional necessário quando se pretende estudar os fenómenos sexuais”
(Pereira, Leal & Maroco, 2009, p 68).
Considerando a literatura existente pudemos perceber uma rede de interações, mas também
de vazios que necessitam ser colmatados, além de indagações que merecem respostas para o
aprimoramento e redimensionamento de futuros trabalhos.
Algumas questões persistem perante as mudanças ocorridas ao nível das vivências da
sexualidade nos jovens, e perante as controvérsias em relação aos mesmos. Afinal, que
representação podemos fazer dos jovens estudantes universitários do nosso país? Que
perspetiva possuem em relação à sua vida sexual e reprodutiva futura? Que experiências
vivenciaram ou vivenciam do ponto de vista da sua sexualidade? Como poderão ser
caracterizados na sua orientação sexual, nas suas práticas, nas suas fantasias? Podemos
considerar que os jovens portugueses adotam comportamentos saudáveis e evitam
comportamentos de risco? Possuem informação suficiente e correta acerca da sexualidade?
Podemos considerá-los saudáveis do ponto de vista da saúde mental? Estas são algumas das
questões que irão nortear este estudo e às quais iremos tentar dar resposta.
Assim, o comportamento sexual dos jovens é uma das maiores preocupações de saúde pública
nacional e internacional, pela sua associação com consequências negativas que podem afetar
a sua saúde e bem-estar (WHO, 2006), pelo que se torna essencial a investigação que
esclareça alguns fatores de risco, com o intuito de contribuir para a elaboração de programas
de prevenção e intervenção, promovendo em simultâneo os fatores de proteção e a própria
saúde dos jovens.
Neste sentido, o estudo da sexualidade dos jovens estudantes universitários portugueses
reveste-se de grande pertinência, procurando-se com este trabalho, uma contribuição
científica para a compreensão e explicação deste fenómeno.
A presente tese de doutoramento procura, a partir de uma investigação empírica, descrever
as experiências ao nível da sexualidade dos estudantes do Ensino Superior. Mais
especificamente, esta investigação tem como propósito estudar algumas variáveis tais como
as atitudes sexuais, os comportamentos sexuais, os comportamentos sexuais de risco, o
comportamento sexual desviante, a satisfação sexual, a informação sexual, as fantasias
sexuais e as crenças sexuais, entre outras, utilizando como amostra populacional estudantes
do ensino superior em Portugal.
Como último objetivo, pretende-se criar um modelo explicativo de base empírica da
sexualidade dos jovens com as dimensões do seu “mundo”.
5
Ao nível estrutural, este trabalho encontra-se dividido em duas partes.
Uma primeira parte, de natureza teórica, onde se fará no capítulo I, uma revisão da literatura
científica sobre o conceito de sexualidade, com os mitos associados e os paradigmas vigentes
acerca da mesma. Num primeiro subcapítulo abordar-se-á a perspetiva histórica da
sexualidade até à atualidade, perspetivando de igual modo, os problemas éticos do novo
milénio. Num segundo subcapítulo, recapitular-se-á a contribuição das teorias psicológicas
para a compreensão da sexualidade e da sua evolução. No capítulo II, far-se-á uma
abordagem ao conceito da sexualidade nos jovens. A divisão em subcapítulos permite-nos
revermos conceitos, tais como a formação da identidade, identidade sexual e género e as
mudanças ocorridas na sexualidade dos jovens. Referimos de seguida, as investigações
realizadas no âmbito nacional e internacional ao logo das últimas décadas, dando relevo a
áreas como as vivências e práticas sexuais, expectativas, informação e crenças, saúde sexual
e saúde mental e finalmente a noção de duplo padrão.
Na segunda parte, de âmbito prático e depois de uma revisão da literatura anteriormente
realizada, é apresentada a investigação empírica, onde se procurou descrever a sexualidade
dos jovens nos diferentes domínios, assim como comparar diferenças nas variáveis em estudo,
homens/mulheres, faixas etárias, entre outros. Esta parte é composta por capítulos dedicados
à metodologia, aos participantes, aos instrumentos, que avaliam as vivências sexuais, as
práticas sexuais atuais, as fantasias sexuais, a orientação sexual, as crenças e informação
sexual, os problemas sexuais e a saúde mental. Apresenta-se a análise estatística utilizada,
seguida da apresentação dos resultados e discussão dos mesmos. Por fim, também
apresentamos uma proposta de Modelo Explicativo Teórico da sexualidade dos jovens
universitários portugueses.
6
Parte I: Considerações teóricas
7
8
2. A sexualidade
9
10
2.1. O que é a sexualidade?
Embora a palavra sexualidade já existisse na linguagem da biologia e da zoologia por volta de
1800, foi apenas nos finais do século XIX, que passou a ser usada num sentido próximo do que
hoje tem a qualidade de ser sexual ou de ter sexo (Foucault, 1994, Giddens, 1996).
A sexualidade tornou-se um dos assuntos mais discutidos nos tempos modernos, embora,
Freud (1905, 1915) já nos fins do século passado, tenha escrito e debatido muitas questões
relativas à sexualidade e ao comportamento sexual. Falar sobre sexualidade não implica
apenas explicar o biológico, trata-se de algo bem mais complexo, porque tal assunto engloba
crenças e valores existentes em diferentes contextos culturais. A sexualidade humana está
sujeita a variações culturais, sociais e de grupos da sociedade, daí a pertinência de se rever
alguns conceitos existentes sobre sexualidade.
Segundo Laplanche (1988), para a teoria psicanalítica a sexualidade não diz respeito só às
atividades e ao prazer ligados ao funcionamento do aparelho genital, mas refere-se a toda
uma rede de atividades e excitações que estão presentes nos seres humanos desde a tenra
idade. De fato, a forma como a sexualidade se expressa varia ao longo da vida do ser humano
e está presente ao longo de todo o ciclo vital.
Segundo Foucault (1997), o termo sexualidade passou a ser utilizado no início do século XIX
enfocando o corpo, a questão biológica e reprodutiva, as relações individuais ou sociais do
comportamento. Para este autor, a sexualidade é um dispositivo de poder, ou seja, é uma
relação que se estabelece entre discursos, instituições, leis, enunciados científicos,
proposições morais, filantrópicas e filosóficas que tem a finalidade de controlar as
populações.
Na impossibilidade de distinguir claramente os aspetos sexuais dos não sexuais, consideremos
três ideias fulcrais para a compreensão da sexualidade humana (Martinez & Sanchéz, 1997):
1. A sexualidade é algo inerente ao nosso ser;
2. Existe uma mútua e contínua inter-relação entre os aspetos sexuais e os aspetos não
sexuais;
3. A sexualidade está mediatizada por tudo o que somos enquanto pessoas o que, por
sua vez, influencia o modo como pensamos e agimos.
“A sexualidade, como todas as realidades complexas, não pode ser definida a
partir de um único ponto de vista, uma só ciência ou umas quantas palavras.
O que hoje sabemos sobre a sexualidade é o resultado de múltiplas
aproximações feitas a partir de diferentes ciências. Por isso, o Estudo da
11
Sexualidade Humana é, provavelmente, mais do que nenhuma outra, um ramo
do saber interdisciplinar”. Lopez & Fuertes (1999, p.8).
2.1.1. Mitos, tabus e crenças
A sexualidade tem sido vista como tabu durante várias gerações, cercada de mitos e de difícil
discussão dentro da sociedade. Segundo Gauderer (1994), os mitos e tabus apareceram sob
forma de regras para controlar e estabelecer limites ao sexo. Por exemplo, o tabu do incesto
teria como objetivo evitar a mistura genética de pessoas consanguíneas, o que poderia levar à
deterioração da espécie. De igual modo, o uso de roupas cobrindo partes eróticas e sensuais
do corpo tinham como objetivo não estimular eventuais parceiros.Também os tabus e mitos a
respeito da masturbação, sexo anal e homossexualidade apareceram exatamente por não se
tratar de atividades com fins reprodutivos, e ainda persistem nos jovens (Béjin, 1993;
Nascimento & Gomes, 2009 e Kaestle & Allen, 2011).
A conceção religiosa é carregada de tabus que influenciam a maneira como o ser humano
encara a sexualidade. O primeiro dos tabus refere-se ao “pecado“ de Adão e Eva, a partir do
qual, tudo o que respeita ao relacionamento sexual está carregado de um sentimento “de
vergonha”. O peso dessa herança judaico-cristã ainda se encontra bastante presente na nossa
sociedade, começando no próprio seio familiar. A sexualidade não é algo uniforme, tem vários
aspetos, sendo uma constante descoberta. Ela está diretamente ligada ao exercício da
cidadania, pelo respeito por si e pelos outros, nas questões de género, saúde e no direito à
informação e ao conhecimento, pois a informação sexual procura desvincular a sexualidade
de mitos, tabus e preconceitos.
As instituições sociais reforçam os papéis tradicionalmente reservados a cada género: o
homem como provedor, sempre preferencial para o mercado de trabalho (lugar que
discrimina a mulher, onde esta ainda não conseguiu o seu lugar e igualdade de direitos), a
mulher como reprodutora, cuidadora dos filhos, objeto sexual e perpetuadora dos bons
costumes. Na ideologia capitalista, de procura da beleza e da perfeição, as mulheres
continuam de certa forma a sofrer preconceitos, sendo excluídas ainda do mercado de
trabalho, da participação na vida cultural, educacional e de lazer (Souza, 1997).
12
Zilbergeld (1999)
Mitos masculinos
Os homens não devem
expressar certos sentimentos
No sexo como noutras
situações, o que conta é o
desempenho
O homem deve assumir a
condução do ato sexual
Hawton (1985)
Mitos masculinos e femininos
Um homem está sempre
pronto para o sexo
O sexo só deve ocorrer por
decisão do homem
Todo o contato físico deve
levar ao sexo
Um homem deve ser capaz de
durar toda a noite
O sexo equivale a
penetração: tudo o resto não
conta
Quando um homem tem uma
ereção, deve usá-la para
atingir o orgasmo o mais
depressa possível
O sexo deve sempre ser
natural e espontâneo
Todo o contacto físico deve
levar à penetração
Masturbação em excesso é
negativa
Os homens não devem
expressar os seus sentimentos
Quando se tem um parceiro
sexual não se deve necessitar
de masturbação
O sexo equivale a penetração
Os homens devem saber como
dar prazer a qualquer mulher
Um homem quer e está
sempre pronto para o sexo
O sexo requer uma ereção
Bom sexo é uma progressão
linear de excitação que
termina necessariamente com
o orgasmo
Ter fantasias sexuais significa
que não estou satisfeito com
o meu parceiro sexual
O sexo centra-se num pénis
rijo e o que com ele se faz
O sexo é realmente bom
apenas quando os parceiros
têm orgasmos simultâneos
Se os parceiros se amam
saberão como satisfazer-se
mutuamente
Os parceiros sabem
instintivamente o que o outro
pensa ou quer
A masturbação é suja e
perigosa
Qualquer mulher que inicie a
atividade sexual é imoral
A masturbação no âmbito de
uma relação sexual é errada
Se um homem perde a sua
ereção isso significa que ele
não acha o seu parceiro
sexual atrativo
É errado ter fantasias sexuais
durante uma relação
Um homem não pode dizer
não ao sexo/uma mulher não
pode dizer sim ao sexo
Existem certas regras
universais acerca do que é
normal no sexo
Heiman e LoPiccolo (1988)
Mitos femininos
Sexo é só para menores de 30
anos
As mulheres normais têm
orgasmo sempre que fazem
amor
Todas as mulheres podem ter
orgasmos múltiplos
A gestação e o parto reduzem
a capacidade de resposta
feminina aos estímulos
sexuais
A vida sexual da mulher para
com a menopausa
Os orgasmos vaginais são mais
femininos e maduros do que
os clitorianos
Uma mulher capaz de reagir
sexualmente pode sempre ser
excitada pelo parceiro
Mulheres decentes não ficam
excitadas com estímulos
eróticos
Mulheres que não gostam de
formas exóticas de sexo são
frígidas
Mulheres que não atingem o
orgasmo rápida e facilmente
têm problemas
As mulheres femininas não
procuram sexo nem se tornam
desenfreadas e selvagens
durante o sexo
As mulheres são frígidas se
não tiverem fantasias sexuais
e devassas se as tiverem
A contraceção é
responsabilidade da mulher
Figura 1. Lista de mitos e crenças sexuais (adaptado por Nobre, 2003)
Mas não é só no ambiente familiar que a discussão sobre sexualidade é negada e interditada,
assim também acontece nas instituições de ensino, em sua grande maioria pouco preparadas
para tratar de tal tema.
As manifestações da sexualidade afloram principalmente na adolescência e é comum que a
sociedade, família e escola fechem os olhos para isso. A família, que é responsável por uma
13
boa parte da educação sexual das crianças e jovens, tende a impor proibições e valores
associados à sexualidade que, nos seus discursos, gestos e expressões, são aprendidos pelas
crianças e jovens.
Além da família e da escola, fontes como os média, os livros, a internet e pessoas externas à
família como por exemplo os grupos de pares, também influenciam direta e decisivamente na
formação sexual das crianças e dos jovens (Figueiredo & Bandeira, 2000).
É sabido que a informação é necessária, mas ela só por si é insuficiente para se poder deduzir
que provoca mudanças de atitudes e de hábitos. Existe um conjunto de crenças que podem
constituir um obstáculo à prevenção desses comportamentos.
Na medida em que foi ficando clara a complexa dimensão social da relação entre sexualidade
e saúde, as pesquisas e as intervenções relacionadas com temas como violência sexual,
gravidez não planeada e risco de infeção pelo VIH, entre outros, tornaram-se preocupações
centrais dos pesquisadores em todo o mundo.
2.1.2. Novos paradigmas vigentes associados à sexualidade em
Portugal.
À luz da pesquisa levada a cabo, verificámos que a primeira referência à Saúde Escolar em
Portugal data de 1901. Evoluiu até aos nossos dias, continuamente sujeita a várias reformas.e
passou por etapas diversas. Ao longo deste percurso, salientam-se, como momentos
relevantes, nalgumas escolas, a existência de um médico, a preocupação com o exercício
físico e o desporto, o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento saudável dos
alunos, o combate à droga, tendo como meta a promoção da saúde de todos os alunos
inseridos na escolaridade obrigatória e, mais recentemente, a educação para a sexualidade,
inserida na Educação para a Saúde, tendo como primordial preocupação o bem-estar físico,
intelectual, mental, psicológico e social das crianças e jovens (Rocha, A.; Marques, A.;
Figueiredo, C.; Almeida, C.; Batista, I. & Almeida, J. ,2011). Todavia, e apesar de aprovada,
não foi regulamentada, o que levou à não generalização da mesma por todas as escolas do
país. Cada uma começou a desenvolver os seus próprios projetos à sua maneira. Ao fim de
tantos anos, os Programas de Educação para a Saúde Escolar ainda têm muito que evoluir
(Piscalhoo, Serafim e Leal, 2000).
Através de legislação e disposições legais consultadas, infere-se que as áreas prioritárias de
intervenção da saúde escolar têm vindo a sofrer várias alterações desde o seu prelúdio até à
atualidade, nomeadamente a nível das áreas: da Saúde Mental, Saúde Oral, Alimentação
Saudável, Atividade Física, Ambiente e Saúde, promoção da Segurança e Prevenção de
Acidentes, Saúde Sexual e Reprodutiva e Educação para o Consumo.
14
A nível da educação foi aprovada em 1984, uma Lei que abordou a necessidade, com carácter
obrigatório, com o apoio do Estado para a implementação de Programas de Educação para a
Saúde Escolar.
Em 2005, foi criada uma Comissão, liderada pelo Professor Daniel Sampaio e pela Professora
Margarida Matos, para avaliar a necessidade do ensino de Educação Sexual nas escolas.
Existindo alguma insuficiência nesta matéria, o objetivo da comissão, foi de avaliar, propor e
acompanhar as matérias relativas à Educação Sexual nas escolas.
Em 2009, foi estabelecido o regime de aplicação da educação sexual em meio escolar, na
rede pública e privada e em 2011, a portaria n.º196-A de 9 de abril estabeleceu a
implementação da educação sexual nos estabelecimentos do ensino básico e secundário,
alicerçada num Gabinete de Educação Para a Saúde, e definiu as respetivas orientações
curriculares para cada nível de ensino. A afetividade e a dimensão ética da sexualidade foram
um dos baluartes desta nova visão do ser humano em crescimento.
Numa visão global, aferimos que a Saúde Escolar tem vindo a adaptar-se às necessidades das
crianças e jovens e às preocupações dos formadores ao longo dos tempos. Para isso, a
educação e a saúde agregam parcerias que conduzem à promoção de estilos de vida saudáveis
e alertam para comportamentos de risco com implicações na saúde e na qualidade de vida de
todos os intervenientes.
A nível da sáude, a medicina contribuiu no controlo normativo e tecnológico da sexualidade
feminina e da reprodução As questões de saúde sexual e reprodutiva levaram a novos
enquadramentos legais e novas políticas no contexto da educação e da saúde. Embora muitas
mudanças sociais e culturais tenham ocorrido nas últimas décadas no campo da sexualidade e
das relações de género (Bozon, 2004), o exercício sexual na adolescência e juventude ainda
continua a ser tratado por muitos como uma atividade de risco (Shoveller & Johnson, 2006),
frequentemente associado às DSTs e gravidezes imprevistas. Essas mudanças no cenário
sociocultural
que
moldam
o
comportamento
sexual
estão
relacionadas
a
muitas
transformações sociopolíticas, derivadas do movimento feminista, no âmbito das relações
familiares. Assim, o domínio e a utilização dos cuidados contracetivos e de proteção contra
DSTs tornam-se cada vez mais centrais, tendo em vista a multiplicidade de experiências
afetivo-sexuais que podem integrar uma trajetória juvenil (Brandão, 2009).
A nível político, as mudanças nas relações de género e nas relações sexuais, refletem sempre
mudanças políticas, económicas e culturais mais amplas (Lancaster & di Leonardo, 1997).
Segundo os autores, a incorporação da economia política social e cultural sobre sexualidade
está assente em quatro movimentos ocorridos desde os anos 1960: a revolução sexual, o
feminismo, a liberação gay e o movimento por direitos civis De notar que , da pesquisa
realizada não foi possível encontrar um corpo sólido que nos permitisse descortinar esta
estrutura paradigmática em Portugal.
15
A nível do direito, o direito penal é o campo normativo que, de certa forma, restringe a
sexualidade. As proibições penais são essencialmente de dois tipos: as que proíbem certas
formas de atividade sexual e as que modelam a responsabilidade de outros crimes que violam
outros interesses, mas com motivações de natureza sexual. Os crimes sexuais são atos que
atentam contra a liberdade, na esfera sexual. Distinguem-se “crime contra a liberdade
sexual” propriamente ditos de “crimes contra a autodeterminação sexual” – de crianças,
adolescentes ou menores dependentes. O modelo liberal democrático adotado pelo Código
Penal, com poucos desvios (é o caso da punição autónoma dos atos homossexuais com
adolescentes) e a evolução no sentido de reconhecer efeitos jurídicos a uniões de facto
homossexuais são sinais de abertura do legislador a uma visão pluralista de valores e
comportamentos (Beleza, 2003). Atualmente, o direito acompanha as mudanças sociais
ocorridas, nomeadamente a lei da liberalização do aborto em 2007, a lei que permite o
casamento civil entre pessoas do mesmo sexo em junho de 2010.
Assistiu-se a mudanças de paradigmas ao longo do tempo. Atualmente e devido às
circunstâncias históricas, vivemos num paradigma onde se integraram diferentes domínios tais
como a educação, a saúde sexual, o movimento político, social, económico.
2.2. Perspetiva histórica da sexualidade
No início da civilização, as atividades sexuais eram livres, sem qualquer conotação de
promiscuidade. Os filhos eram descendentes da linhagem materna, sem certezas de quem
seria o pai (Engels, 1982). Assim, formavam-se os clãs a partir dos grupos familiares. O
surgimento das primeiras propriedades privadas levou a uma nova forma de organização
social, o relacionamento sexual passou a ser atividade do casal, para que seus filhos legítimos
pudessem herdar os bens desse clã. Os casamentos levaram à organização de famílias em
sistema patriarcal, com linhagem sanguínea paterna. O sexo passou a ter como objetivo a
reprodução; as mulheres tornaram-se submissas aos maridos, a quem se mantinham fiéis
sexualmente, contrariamente aos homens que podiam manter atividades sexuais fora do
casamento. A partir daí, o exercício da sexualidade passou a ter outras finalidades além da
reprodução. Podemos praticá-lo por prazer, por amor e por muitas outras motivações, tais
como razões económicas, proteção, aliança, etc…(Mottier, 2010).
2.2.1. Antiguidade
Durante a Antiguidade, a moralidade sexual era extremamente regulada por regras morais e
legais. Os antigos não se definiam em termos de identidades sexuais e existiam variações
regionais e históricas (Mottier, 2010).
16
Baseando-nos em Atenas e Roma antigas, podemos avaliar que a moralidade sexual era
regulada por regras morais e legais.
Na sociedade grega, o governo político e social estava nas mãos de uma pequena elite de
cidadãos adultos do sexo masculino. As mulheres atenienses eram consideradas inferiores e
estavam sempre à guarda legal de um familiar do sexo masculino.
A cultura sexual estava organizada à volta do prazer do homem, adotando-se uma noção
falocêntrica do sexo. Os homens eram encorajados a usar o sexo de penetração para dominar
e controlar o parceiro submisso. Desta forma o sexo refletia relações de poder sociais e
políticas.
As mulheres eram consideradas passivas, fracas, húmidas e frias, que perderiam calor
corporal através das perdas da menstruação. Roubavam aos homens, o seu calor e energia
através do sexo. O seu sexo era considerado perigoso para os homens, se praticado em
grandes quantidades, porque se arriscavam à feminização ao perder calor corporal. Estava
presente a ideologia patriarcal, concedendo autoridade e prestígio ao homem e considerando
a mulher como inferior, por lhe faltar o “calor vital” necessário para atingir a perfeição
metafísica do corpo masculino (Costa, 1995).
Os objetos adequados para penetração eram as mulheres, rapazes, estrangeiros e escravos. A
posição social era definida com base na diferenciação ativo/passivo. Os atenienses
consideravam naturais e honrados os casos amorosos entre adultos e rapazes adolescentes,
desde o início da puberdade até ao final da adolescência. O termo usado para descrever a
procura de rapazes adolescentes por homens adultos era “pederastia”, a qual era considerada
uma relação de orientação pedagógica e erótica entre um homem adulto, o “erastes”
(amante) e um “pais” (rapaz), jovem e passivo chamado “eromenos” (amado), normalmente
entre os 12 e os 17-20 anos. Frequentemente encarada como parte da educação de um
jovem, a pederastia institucionalizava uma relação em que o mentor instruía o rapaz em
matérias filosóficas e de conhecimento geral, preparando-o para o papel de cidadão (Mottier,
2010).
Em Roma, a posição cívica das mulheres era mais elevada do que em Atenas. As mulheres
tinham uma maior independência, pelo menos as que pertenciam a classes altas. Roma e
Atenas não formavam uma cultura unitária no que respeita à sexualidade. A sodomia não era
tão geralmente aceite na cultura romana, nem as relações pederastas.
Na cultura greco-romana existiam ansiedades culturais relativamente ao sexo e à
alimentação. Inspirando-se na medicina hipocrática em Platão e Aristóteles, médicos romanos
como Galeno realçaram ainda mais os perigos dos “Excessos” e os benefícios da frugalidade
nutricional e sexual (Garton, 2009).
17
O sexo comercial era bastante difundido no mundo antigo. Em algumas cidades gregas e
romanas, as prostitutas contribuíam com impostos para a economia local. Os clientes eram
exclusivamente do sexo masculino, mas as pessoas que se prostituíam eram mulheres, e
também homens jovens e adolescentes (ex-escravos e não cidadãos). O acesso sexual aos
corpos submissos de mulheres e rapazes adolescentes por homens sexualmente assertivos
tinha uma grande importância para a ordem da Atenas clássica (Mottier, 2010). A prostituição
masculina demonstra o elo estreito entre sexo, género e política na Antiguidade; embora a
prostituição masculina não fosse ilegal, os homens livres eram vistos como rebaixando-se ao
aceitarem o papel de objeto sexual. Qualquer ateniense masculino que tivesse praticado
prostituição na sua juventude punha em causa os seus direitos futuros de cidadania social e
política.
2.2.2. Cristianismo
A história do Cristianismo refere-se com frequência à sexualidade, sendo o objetivo da igreja
consolidar e expandir o seu poder político (Dantas, 2010).
Inicialmente, o Cristianismo incorporou algumas das ideias de autodomínio do final da
Antiguidade, promovendo a virgindade e a abstinência. Caracterizou-se pela intensa repressão
à sexualidade e extrema valorização da virgindade e da castidade, sendo os principais
pensadores, São Paulo, São Tomás de Aquino e Santo Agostinho. O Concílio de Elvira,
celebrado em Espanha em 305, decretou o celibato para todos os clérigos, medida
oficializada posteriormente para toda a igreja. Esta medida foi revogada em Niceia (325). E
apesar de várias reuniões ulteriores defenderem a posição expressa em Elvira, foi apenas no
século XIII que a Igreja conseguiu impor o conceito de celibato clerical (Bullough & Brundage,
1994). O desejo era visto como impedindo o homem de se concentrar na espiritualidade. As
exigências inicialmente restringidas à vida monástica nos séculos XVI e XVII tornaram-se
universais.
Os tratados teológicos elogiavam a virgindade feminina e a literatura monástica era destinada
aos homens isolados em mosteiros, para combater a tentação e o desejo carnal. O que mais
preocupava a igreja era o pensamento que podia perturbar os monges e ameaçava a
santidade e a castidade da alma e não tanto a castidade física “ Parece ser mais o imaginário
do desejo do que o perigo do ato sexual o que atrai a atenção dos monges” (Vainfas, 1986,
p.18). Para tal, práticas de mutilação corporal foram adotadas, visando inibir os instintos.
(Dantas, 2010).
O Sexo foi relacionado a carnalidade, ao pecado do corpo, em contraposição à sacrocidade do
Espírito. Estabelece-se aí a base de entendimento, que se replicará em muitas outras
correlações e aplicações, especialmente a determinação de condutas adequadas às diferentes
categorias, geralmente critérios ligados ao género e limites etários (Lenoir, 2003).
Durante a Idade Média, o cristianismo passou por um cisma. Vários religiosos em toda a
Europa puseram em causa diversos conceitos católicos, iniciando-se um movimento de
18
protesto e rebelião contra a Igreja Cristã: a Reforma Protestante. Estes protestantes vão criar
novas orientações religiosas, nomeadamente em relação ao comportamento sexual. O
movimento Protestante originou inúmeras ramificações religiosas, sendo atualmente, na sua
maioria, conhecidos como evangélicos.
O cristianismo traz uma conceção baseada na repressão, em que sexualidade significa deveres
conjugais. A dimensão espiritual toma um grande lugar na conceção da sexualidade, deixando
pouco lugar à dimensão erótica. A sexualidade tem por único objetivo a reprodução sendo
outro objetivo do ato sexual considerado pecado. Castiga-se o corpo para se santificar, falase dos pecados da carne, valoriza-se a virgindade. As afeções são provocadas pelo diabo ou
bruxas. O padre é quem cura os males. A igreja penaliza o discurso sobre sexualidade, sendo
este assunto abordado no confessionário, onde o pecador poderá desculpabilizar-se dos seus
pensamentos e atos “contra natureza” (Mottier, 2010).
Após autorizar o ato sexual no casamento, a igreja resolveu controlá-lo por meio de legislação
canônica, para poder regular a instituição matrimonial. Os códigos jurídico-teológicos
relatavam os atos proibidos e permitidos de forma detalhada. “O ato sexual foi proibido nos
dias sagrados, nas celebrações religiosas, aos domingos, nos períodos de menstruação,
gravidez, amamentação e nos quarenta dias após o parto. Até ao século XVI, os conjugues não
podiam relacionar-se sexualmente em 273 dias do ano, o que tornava os restantes dias, uma
obrigação para os conjugues” (Dantes, 2010). Os códigos canônicos também se referiam à
posição sexual, admitindo somente que o homem estivesse sobre a mulher, para reforçar a
superioridade do homem. Foi assim elaborada uma classificação das luxurias, ou seja das
transgressões e das suas respetivas penas.
A sodomia também ganhou relevo nas práticas confessionais medievais, em particular nos
séculos XIII e XIV. Esta prática representava o descontrole sexual contrário à natureza. As
condenações de tais atos, passavam da castração até à condenação à morte na fogueira.
Apesar de moralista, certas cidades renascentistas tinham, tal como Florença, (criado em
1432), um departamento para lutar contra os crimes de sodomia. De facto, eram frequentes
as relações entre homens adultos, em geral com menos de trinta anos e jovens dos 12 aos 18
anos, assumindo estes, a posição passiva/feminina no ato sexual. A maioridade para os crimes
era 16 anos enquanto para a sodomia eram os 18 anos, o que mostra uma certa tolerância à
esta prática sexual. Acreditava-se que os jovens eram especialmente suscetíveis à sodomia e
à sensualidade em geral e que entre os 14 e os 25 anos, os rapazes perdiam toda a capacidade
de autocontrolo devido à sua conpuscência sexual. A cidade aceitava de forma natural a
construção da masculinidade que passasse por uma fase homossexual passiva na adolescência,
outra homossexual ativa na idade adulta jovem e uma heterossexual no casamento (Rocke,
1996).
19
2.2.3. Amor romântico
A partir do século XVIII, na Europa, surge o amor romântico, que transporta a ideia de
liberdade para a busca do parceiro ideal, considerado um aspeto desejável no matrimónio. O
amor romântico, juntamente com outras mudanças sociais, afeta a visão sobre o casamento
até então, e suscita a questão de compartilhar, de intimidade do casal e ajuda a separar o
relacionamento destes outros aspetos da organização familiar. O sexo une-se ao amor e
começa a fazer parte do casamento, dada a possibilidade de escolha do parceiro.
Durante muitas décadas, o amor romântico manteve-se associado ao casamento e à
maternidade, reforçando a ideia de que o verdadeiro amor uma vez encontrado é para
sempre (Giddens, 1993).
A era vitoriana ocupa um lugar de destaque no puritanismo, na austeridade e na repressão
excessiva. A insistência da rainha Vitória no decoro e respeitabilidade pareceu, aos
reformistas morais do século XIX definir a era que veio a ter o seu nome (Garton, 2009). Ao
mesmo tempo que se tornava tabu as discussões sobre sexo, sexualidade e funções do corpo,
floresciam simultaneamente a pornografia e a prostituição, num submundo sexual, como
escape no crescente comércio dos vícios (Marcus, 1966).
No final do século XIX e princípio do século seguinte, um conjunto de influentes académicos
como Havelock Ellis, Margaret Sanger Richard von Krafft-Ebing, Sigmundo Freud diagnosticou
as consequências da repressão sexual e definiu a época vitoriana como pouco saudável do
ponto de vista sexual.
2.2.4. Patologização da sexualidade
As questões relacionadas com o corpo e o comportamento sexual eram preocupações da
religião e da filosofia moral. No século XIX, a sexologia entrou em cena, estabelecendo
conceitos e critérios que tornaram a sexualidade foco da existência humana (Weeks, 2000). O
marco para a patologização da sexualidade deu-se com a publicação, em 1886, da obra
Psychopathia Sexualis, de Richard von Krafft-Ebing. Todas as formas de expressão sexual que
não correspondiam ao modelo reprodutivo eram consideradas pecado contra a natureza, ideia
muito difundida pelas influências judaico-cristãs e creditada pelas correntes biomédicas
enquanto perversão. A palavra perversão serviu para impor um valor moral-normativo e não
terapêutico, reforçando a ideia de uma sexualidade vinculada à genitalidade e à
heterossexualidade (Toniette, 2009). As exigências da vida moderna afetariam o sistema
nervoso, fazendo subir o número de doenças mentais que podiam ser transmitidas à
descendência, embora alguns fatores ambientais tivessem importância, como a sedução e a
masturbação (Vaz, 2003).
20
Em Portugal, Egas Moniz, dedicou parte da sua carreira médica ao estudo da sexualidade. Foi
Egas Moniz que introduziu as ideias freudianas e a teoria da degeneração de Krafft-Ebing em
Portugal. A sua tese de Medicina – Vida Sexual, Fisiologia e Patologia (Coimbra, 1900) – foi
publicada inicialmente em dois volumes, um primeiro que saíu em 1901 e um segundo em
1902. No seguimento do seu mestre Daniel de Matos, Egas Moniz procurou instruir a população
portuguesa sobre a sexualidade, a natalidade, a fisiologia e as psicopatias sexuais.
Este movimento de medicalização da sexualidade, numa perspetiva higienista levou ao
estabelecimento de uma conceção saneadora da sociedade, a partir de focos de doença e de
desordem, moralizando a sociedade.
2.2.5. Revolução sexual
A opinião social era até então muito importante para as decisões dos jovens. O noivado era
um compromisso formal para o casamento, o casal podia avançar nas intimidades, mas sem
esquecer a manutenção da virgindade até às núpcias (Bassanezi, 1997). As jovens tinham
receio de ficar solteiras, e se aos 20 anos não tivessem ainda casado ou com casamento
marcado, era vista como “encalhada” e aos 25 anos, como “solteira”, enquanto o jovem aos
30 anos, se fosse financeiramente estável, era considerado como um bom partido (Bassanezi,
1997). Se os pais não fossem a favor do casamento dos filhos, dificilmente esse casamento se
realizava. As revistas da época mostravam as jovens como “raparigas de família” e “raparigas
levianas (Bassanezi, 1997). As raparigas de família tinham o respeito da sociedade, casando e
sendo donas de casa, todavia, deveriam manter-se virgens até ao casamento (Ribeiro &
Martins, 2007). Até então, a sociedade defendia a virgindade até ao casamento, e a
fidelidade a um só parceiro ao longo de toda a vida.
Desde a segunda Guerra Mundial, constatou-se uma nítida evolução da sexualidade, sobretudo
nos jovens. Após a Revolução sexual (1950-1970), e com o final da censura nos meios de
comunicação existentes, a dimensão erótica ficou cada vez mais presente na vida dos jovens.
Considera-se neste contexto o erotismo como aquilo que provoca desejo. Assim, acentuou-se
o aumento de imagens, reportagens, situações sobre a sexualidade humana, em especial na
televisão e nas manifestações artístico-culturais, em especial na música com grande impacto
na infância e juventude.
O Movimento Feminista, na década de 1960, veio denunciar a desigualdade e questionar os
papéis de mãe, educadora e esposa, promovendo uma nova imagem de mulher, participativa
na vida familiar, social e do trabalho (Pacheco, 2003).
Assistiu-se a uma “pornografização” da sexualidade. As atividades corporais e eróticas foram
sobrevalorizadas e negou-se a dimensão espiritual da pessoa. No período pós guerra,
21
promoveu-se a capacidade orgásmica das mulheres, assistindo-se ao nascimento do
movimento hippy que defendia o amor livre, isto é, o sexo pelo prazer. A descoberta da pílula
anticoncecional, na década de 1960, bem como o aprimoramento de outros métodos
contracetivos, foram fenómenos determinantes para novas práticas sexuais, principalmente
as femininas. A partir daí e com o apoio dos diversos movimentos sociais (feminista e gay,
entre outros) que surgiram nessa mesma década, deu-se novo significado à sexualidade. O
aperfeiçoamento dos anticoncecionais deu a oportunidade às mulheres de separar reprodução
de prazer. Também gerou, na maioria delas, um sentimento de confiança e de poder sobre si
mesmas, sobre os seus corpos e sobre as suas vidas. A existência de métodos anticoncecionais
mais discretos e seguros auxiliou muito a libertação sexual da mulher (Beauvoir, 1949).
Também ocorreram transformações ligadas à conjugalidade. Até aqui, o casamento civil e
religioso eram a regra. As mulheres ficavam resignadas às relações matrimoniais e aceitavam
naturalmente a infidelidade dos maridos. O relacionamento entre pessoas do mesmo sexo era
rotulado como doença. Atualmente, é cada vez menor o número de casais heterossexuais que
se casam oficialmente, seja no civil ou no religioso, verificando-se a sua ocorrência, com
maior frequência, numa idade mais avançada. O número de divórcios também tem vindo a
aumentar proporcionalmente (Mottier, 2010).
A homossexualidade, apesar de ainda sofrer discriminações, principalmente no que se refere
à conjugalidade, é uma prática aceite e difundida, devendo-se, em parte, à influência de
mudanças tal como o movimento gay.
As
modernas
técnicas
reprodutivas
também
têm
gerado
transformações
sociais,
principalmente porque envolvem uma série de questões ligadas à bioética. Essas novas
tecnologias reprodutivas questionam verdades e realidades até há pouco imutáveis; a
fertilização in vitro, a barriga de alugar, o útero artificial, a clonagem, cada vez mais
desvinculam a relação sexual da procriação.
Durante os anos de 1970 e 1980 a produção de filmes com a "exploração sexual" de
adolescentes foi grande. Hollywood investiu nos adolescentes por serem o maior grupo da
população que frequenta os cinemas. Inúmeros filmes apresentam o sexo na adolescência, por
vezes de forma inadequada, uma vez que, a relação sexual é apresentada natural, na
ausência de um anticoncecional, além de favorecer a banalização do ato sexual. Estes filmes
podem ser vistos como incentivadores ao início da vida sexual do adolescente sem medidas
contracetivas, favorecendo, a gravidez na adolescência (Stasburger, 1999).
A revolução sexual veio assim legitimar uma nova forma de concetualizar o sexo e a
sexualidade, no sentido de permitir novas práticas sexuais mais libertas do socialmente
aceitável, mais desligadas da ideia de procriação e com maior liberdade de escolha no
domínio sexual.
22
2.2.6. A crise da Sida
O surgimento do VIH/Sida (Síndrome de imunodeficiência adquirida) no início da década de
1980, abriu a reflexão sobre a necessidade de modificar o comportamento sexual; a liberdade
dos anos 1960 – 1970 é substituída por uma liberdade mais consciente, mais cautelosa.
Renascem associações anteriores ao risco e ao perigo, reaparecendo os medos das doenças
sexualmente transmissíveis, acerca da prostituição e outras minorias étnicas ou sexuais. Isso
levou a uma reaproximação dos conceitos religiosos como intervenientes na política da
sexualidade. “Acreditava-se que a nova doença decorria da anarquia sexual e do colapso dos
valores morais. Profetas do apocalipse definiam o final do século XX como um período de
horror, marcado pela falência da instituição familiar, pela ruína da religião e pela instauração
do caos sexual com a revolução proclamada pelos movimentos feministas e homossexuais”
(Dantas, 2010, p722).
São promovidas campanhas a favor da abstinência sexual, como resultado do crescimento do
número de casos de Sida e gravidezes entre as adolescentes. O sexo aparece como algo
perigoso, provocando doenças e gravidezes precoces.
“As epidemias de doenças venéreas são a forma apocalítica de anarquia sexual, e a sífilis e a
Sida ocuparam posições semelhantes nos finais dos séculos XIX e XX, como doenças que
parecem resultar de transgressões sexuais e que geraram pânico moral. Ambas as doenças
deram margem a campanhas de castidade sexual e social e caracterizaram o recuo na
liberalização das atitudes sexuais” (Showalter, 1993, p. 245).
Esta geração, que hoje vive na infância e na adolescência, nasceu sob o impacto da última
revolução sexual do século XX. Assim, o surgimento do VIH e o aparecimento da Sida levou a
um fenómeno que obrigou a uma mudança comportamental, do "amor livre" para o "sexo
seguro" (Hebert, 1991). Apesar de tudo, o VIH/SIDA levou à necessária discussão no seio da
sociedade, dos assuntos ligados ao sexo e à sexualidade, tornando visível e explícita a
informação que até então não estava disponível.
2.2.7. Cybersexo
A Internet cresceu rapidamente e os jovens utilizam-na cada vez mais para fins tanto
informativos, académicos ou de entretenimento, principalmente quanto à sexualidade
(Salmon & Zdanowicz, 2007). Os autores realizaram uma revisão da literatura dos últimos
anos para investigar a influência da Internet sobre a sexualidade do adolescente em França.
Observaram que 44% dos jovens com idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos,
procuravam informação sobre sexualidade na Internet, todavia, não existia uma comunicação
direta com um adulto ou profissional na obtenção de informação. Parece também que o nível
de risco da sexualidade (sexualidade compulsiva, perversão, hipersexualidade), mas também
em termos de saúde (falta de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis) possam estar
presentes e em parte devido a algum uso da Internet. A depressão entre adolescentes às
23
vezes parece correlacionada com uma solicitação sexual traumática na rede. No entanto, os
autores afirmam poder esse instrumento servir para tentar desenvolver formas efetivas de
proteger os jovens, sem privá-los do potencial desses meios de comunicação.
Nesse sentido, no âmbito de umas jornadas, com o tema “A saúde sexual dos jovens do
Québec (Canada), realizadas no Québec em Dezembro de 2011, Bluza (2011), defendeu a
utilização da internet como forma de dar a conhecer aos jovens, informação clara, real e de
qualidade em relação à sexualidade.
Outros autores têm uma posição mais rígida em relação aos perigos da internet. As mensagens
de apelo sexual nos meios de comunicação e como apontam Lopes & Maia (1993) o corpo e a
sexualidade têm sido usados exaustivamente para divulgar e vender “desde sabão em pó até
toalhas de banho”, tornando-se produto consumível. Essa banalização da sexualidade tem
dificultado a tarefa de educar, de associar sexo a afeto, responsabilidade e promoção da
saúde.
Atualmente, existe uma infinidade de formas de explorações artísticas e comerciais do sexo
em programas televisivos, revistas, filmes, linhas telefónicas eróticas, vídeos, etc. Mas
provavelmente o mais poderoso meio de comunicação que explora os temas sexuais é hoje a
Internet. Os avanços na área da comunicação propiciaram o aparecimento do chamado “sexo
virtual”.
A masturbação, evidentemente, está muito presente na prática do sexo virtual. Considerando
que na base da masturbação estão as fantasias sexuais, no sentido do senso comum, entendese que a Internet é de facto um contexto predileto para criar e mergulhar numa fantasia
sexual, onde os sujeitos estão protegidos pelo anonimato. Segundo Civiletti e Pereira (2002),
podem ser considerados dois tipos de internautas: os que consideram a Internet como um
prolongamento da vida real tendem a levar para a cama os seus relacionamentos afetivosexuais "virtuais". Por outro lado, os que consideram a Internet como uma espécie de
"universo paralelo", diferente da "vida real", tendem a manter seus relacionamentos apenas
no campo do virtual. No primeiro grupo, os internautas vão criando as relações sociais entre
eles, nos “chats”, através das afinidades e o relacionamento pode vir a desenvolver-se
consoante a vontade de cada participante. Por vezes, a relação passa do campo do virtual
para o real, progredindo através de troca de mensagens e fotos para os telefonemas até
chegar aos encontros. Estes internautas consideram os encontros amorosos que se restringem
apenas ao contato virtual como uma fantasia, "brincadeira”.
Outro tipo de internauta seria o que busca o cybersexo como o objeto para realização do
desejo. Este internauta tende a ver a Internet como uma espécie de "universo paralelo",
alheio à realidade, onde ele pode realizar os seus desejos mais reprimidos.
24
O cybersexo é uma nova modalidade potencializadora da exploração de certos campos da
sexualidade que habitualmente são socialmente e moralmente reprimidos. O anonimato
liberta o indivíduo do seu papel social, possibilitando-lhe vivências de diversas personagens,
permitindo-lhe a expressão dos seus desejos mais reprimidos (Civiletti & Pereira, 2002).
Conforme refere Amorim (1998), esses são novos canais de sociabilidade que aparecem tanto
na Internet quanto nos serviços virtuais oferecidos à população.
“Independentemente do que os desenvolvimentos científicos e tecnológicos trouxeram aos
nossos corpos e relações, os significados futuros do sexo serão moldados pela sociedade e
pela política” (Mottier, 2010, p 148).
Se por um lado, o recurso à internet neste contexto, facilita o isolamento das pessoas, por
outro, também cria novas formas de comunidades, de se encontrarem, de partilha, as quais
permitem a ausência do contato físico, reduzindo desse modo o risco das DST´s.
2.2.8. Problemas éticos do Novo Milénio
Algumas considerações gerais podem ser retiradas desta perspetiva histórica, nomeadamente,
que as necessidades, valores e emoções sexuais são produtos de contextos históricos
específicos. Nessa ótica, apresenta-se uma seleção de uma lista de questões éticas
apresentada por Eli Coleman (1998).
- Proteção de minorias sexuais
- Casamentos homossexuais
- Separação da fertilidade do sexo
- Coabitação não marital
- Alteração da dicotomia masculino/feminino – géneros múltiplos
- Reprodução intencional baseada no desejo-progenituras do mesmo sexo
- Mudança do casamento e das relações – o par mantém-se, mas com opções diversas
- Moralidade sexual deixa de ser baseada nos atos genitais
- Avanços das terapêuticas sexuais médicas e cirúrgicas
- A sexualidade dos idosos e dos “handicaped”
- O cybersexo
Figura 2. Problemas éticos do Novo Milénio
(adaptado de Eli Coleman, 1998)
Obviamente que a problemática acima apresentada, toda ela presente de forma mais ou
menos enraizada, terá um impacto diferente consoante as condicionantes culturais, podendose no entanto antever a globalização, pelo menos nos países ocidentais dessas questões.
25
Perante essa realidade atual e tendo o presente estudo como finalidade a compreensão da
sexualidade, em particular dos jovens, a sexualidade aparece como um tema para ser
discutido e debatido entre profissionais de saúde, tendo como objetivo encontrar maneiras de
informar e orientar os jovens para que protelem ao máximo a sua iniciação sexual, tenham
responsabilidade, autoestima e pratiquem sexo com segurança.
2.3- Contributo das diferentes teorias para a compreensão da
sexualidade.
A sexualidade é hoje perspetivada como uma das principais interações humanas. Ao longo do
tempo, foi tema de registo e referenciada pela arte, através dos poetas, da pintura, da
escultura e das crenças religiosas, através da igreja, até passar para a medicina,
convertendo-se em ciência: sexologia, legitimadora da moral sexual, fazendo com que as
crenças morais fossem questionadas, levando aos avanços científicos na sociedade atual (Vaz,
1993).A sexualidade não é entendida como uma ciência, mas sim como uma área de
conhecimento onde exercem várias influências todas as ciências.
De forma a clarificar a apresentação, optou-se por agrupar um conjunto de contribuições
científicas as quais influenciaram a evolução do estudo da sexualidade sendo elas: a
psicanálise, a psicologia cognitiva, a psicologia social, as ciências antrópo-psicológicas e as
ciências biomédicas.
Essa classificação visa essencialmente contribuir para o aprofundamento da compreensão da
complexidade multidimensional que a sexualidade humana encerra, e estabelecer o nosso
quadro de leitura.
2.3.1. Contributo da psicanálise
A sexualidade é segundo o vocabulário de psicanálise “toda a série de excitação e de
atividades presentes desde a infância e que procuram prazer irredutível na satisfação de uma
necessidade fisiológica fundamental” como ocorre com a respiração e a fome (Lewisky, 1995).
De acordo com a psicanálise, o organismo psíquico possui uma organização estrutural
dinâmica e económica, onde está presente a energia sexual como determinante do
comportamento.
Ao contrário de muitos psicanalistas, Freud não limitou as suas atenções ao diagnóstico e
tratamento de neuroses e perversões, tendo usado as análises destes problemas para avançar
uma teoria geral do funcionamento da mente. Assim, criou uma rica linguagem do
26
inconsciente, ego, superego, repressão, sublimação, projeção, fixação e complexo de Édipo,
que influenciou as teorias modernas da sexualidade e do desenvolvimento psicossexual.
A teoria de Freud de que toda a vida sexual – e não só as perversões e doenças nervosas – era
produto de conflitos inconscientes entre instintos e sociedade, influenciou as teorias da
sexualidade. A psicanálise tem demonstrado que a evolução psicossexual ocorre mediante
uma sequência de etapas até atingir a sexualidade adulta.
Sigmund Freud (1902) apresenta um modelo de desenvolvimento psicossexual introduzindo
tanto o conceito biográfico da sexualidade, isto é que começa no nascimento, como a ideia
de separar o sexual, do genital e o prazer, da reprodução. Dois momentos são considerados
importantes no desenvolvimento da sexualidade, sendo eles a primeira infância e a
puberdade. Durante o primeiro ano de vida, na fase oral, o sugar no seio da mãe causa
sensação de prazer. A partir do segundo e terceiro ano de vida, na fase anal, os estímulos do
prazer situam-se na região terminal do tubo digestivo, com o controlo gradual dos
esfíncteres. Por volta dos quatro anos, ocorre a fase fálica, com a descoberta dos órgãos
genitais e do prazer que a manipulação dos mesmos acarreta. Aos sete oito anos de idade,
inicia-se o período de latência durante o qual os impulsos sexuais estão adormecidos. As
atenções da criança estão voltadas para o mundo exterior, para o relacionamento com as
outras crianças. Com o começo da adolescência, surge de novo a curiosidade pelo próprio
corpo e pelo do outro. Nesta fase, a fase genital, o prazer é genital, manifestando-se
frequentemente através da masturbação.
Assim, a maturidade sexual do adolescente levá-lo-á a reviver o conflito edipiano, originando
assim mecanismos de culpabilidade. Simultaneamente, o jovem reorganiza as relações com os
pais, rejeitando as imagos parentais da infância, levando a um processo de luto e oposição
face aos pais. Também ocorre na mesma altura, um investimento libidinal em si, levando à
descoberta do objeto sexual. Por fim, ao terminar este período, realizar-se-á a substituição
dos pais, como objeto de amor, por relações heterossexuais estáveis (Sampaio, 1991).
O luto resultante deste processo, representa, na adolescência o esforço em aceitar a perda
do objeto investido, ao mesmo tempo que faz o desinvestimento libidinal do objeto perdido
(Cordeiro, 1988).
Freud (1902) atribui às pulsões sexuais um cariz energizante num determinado sentido
(sublimação) com vista à manutenção de um equilíbrio individual e social. A existência de
desejos sexuais inconscientes, entrando em choque com as normas sociais permitidas,
colocariam o individuo numa situação de crise interna, levando-o a assumir comportamentos
defensivos, canalizando a energia sexual para comportamento socialmente aceites ou
mantendo os comportamentos secretos destoantes da sua prática social. Tais reações
possibilitam o surgimento da culpa e a instauração do conflito.
27
Assim, as pulsões sexuais inatas provenientes do id deveriam ser controladas e canalizadas
pelo superego para a realização de atividades de valor pessoal e social. Ao confronto entre
repressão e liberalização, Freud propõe a sublimação (encaminhamento da energia para um
conjunto de atividades socialmente valorizadas).
Por outro lado, Freud concebe aspetos sexuais como estando umbilicalmente associados às
manifestações patológicas. Assim, a neurose histérica não seria mais do que o resultado de
um conflito intrapsíquico caracterizado por acontecimentos de abuso sexual durante a
infância ou complexos de Édipo não resolvidos (e tornados inconscientes – recalcados).
Segundo Freud, a resposta não estava nem na repressão nem na liberalização, mas no
equilíbrio entre as estruturas intrapsíquicas (que acabam por representar aquelas tendências:
id – liberalização, superego – repressão), promovido eventualmente por fenómenos como a
sublimação. Podemos, pois, afirmar que Freud foi reformista ao naturalizar os impulsos
sexuais, como próprio dos seres humanos e moralista ao defender a importância do seu
controlo com vista ao equilíbrio individual e social.
Apesar do reconhecimento amplamente atribuído a Freud e ao movimento psicanalítico pela
libertação da sexualidade, a teoria freudiana apresenta em diversas facetas um cariz mais
repressivo que liberal. Ao contrário dos autores do movimento reformista, com quem
partilhou ideias, Freud foi mais um estudioso e teórico da patologia mental do que um
investigador do sexo. Bullogh (1994), afirma que Freud se afastou do estudo do sexo
propriamente dito e se dedicou ao desenvolvimento do seu modelo teórico do funcionamento
psíquico e da patologia mental.
Alguns historiadores consideram Freud como o ponto de viragem crucial da história da
sexualidade. A psicanálise veio apontar a repressão vitoriana existente, mostrando que a
repressão excessiva era prejudicial. A teoria dinâmica de desenvolvimento sexual de Freud
apresenta-se como uma rutura positiva e fundamental com o essencialismo biológico de
Havelock Ellis (Weeks, 1989). Desta forma, podemos afirmar que a psicanálise proporcionou
um avanço considerável em relação ao determinismo biológico e ao moralismo da psiquiatria
darwiniana (Showalter, 1991).
En Portugal, as questões da sexualidade também tomam lugar no domínio da psicanálise
(Alvim, 1979; Vaz, 1993; Fleming,1993; Dias, 1993). Coimbra de Matos (Matos, 2004, 2011)
propõe uma abordagem do processo de identificação construído em três etapas: numa
primeira fase (primeiro ano de vida), dá-se a identificação imagóica-imagética, que consiste
na assimilação por parte do bebé da identidade inconscientemente atribuída pelos outros,
através dos comportamentos inter-relacionais; uma segunda fase (dos dezoito aos trinta e seis
meses), refere-se à identificação idiomórfica, relacionada com a forma como a criança se vê
a si própria, como pensa de si mesma auto-centradamente. Aqui, ela começa a reconhecer o
seu corpo sexuado, como também distingue a existência de dois sexos diferentes. Por fim,
28
numa terceira fase (aos cinco ou seis anos), atualiza-se um modelo alotriomórfico, onde a
identificação ocorre através do modelo do outro, em particular na procura de investigar a
natureza da cópula, não de forma semelhante, mas de forma complementar (Pereira & al,
2009).
Atualmente na experiência e na teoria psicanalíticas, a "sexualidade não designa apenas as
atividades e o prazer que dependem do funcionamento do aparelho genital, mas toda uma
série de excitações e de atividades presentes desde a infância que proporcionam um prazer
irredutível à satisfação de uma necessidade fisiológica fundamental (respiração, fome, função
de excreção etc.), e que se encontram a título de componentes na chamada forma normal do
“Amor sexual” (Laplanche, 2006).
2.3.2. Contributo da psicologia cognitivo-comportamental
Na psicologia cognitiva, a emoção e o comportamento são determinados pela forma como o
indivíduo interpreta o mundo.
Os
modelos
cognitivo-comportamentais
baseiam-se
nos
princípios
da
psicologia
da
aprendizagem, oriundos da experimentação animal e humana: condicionamento clássico e
operante da aprendizagem social. No condicionamento clássico, considera-se que a
aprendizagem ocorre consoante a contiguidade dos acontecimentos ambientais; a pessoa irá
associá-los quando se produzem num breve espaço de tempo. No condicionamento operante,
a aprendizagem é resultado das consequências de uma ação da pessoa e dos seus efeitos
sobre o ambiente. A teoria da aprendizagem social engloba ambos os modelos, defendendo
que existe uma interação recíproca entre pessoa e ambiente. Os processos cognitivos são
essenciais para a modelação e a resposta da pessoa aos acontecimentos externos.
Relativamente às contribuições da psicologia cognitiva para o estudo da sexualidade,
podemos afirmar que ela é inspirada na teoria do desenvolvimento da inteligência de Piaget.
De acordo com a perspetiva de Piaget (1990), existe a evidência que as conquistas próprias da
adolescência asseguram ao pensamento e à afetividade um equilíbrio superior àquele que
existia na infância. Todas as perceções neste estádio de desenvolvimento serão claramente
postas em causa e substituídas por outras consideradas mais consistentes.
As modificações emocionais e cognitivas, “igualmente dramáticas, mas menos óbvias para a
maior parte das pessoas, são as transformações nas capacidades de pensar, raciocinar e de
resolução de problemas” Sprinthall & Collins (2003, p. 87).
Sendo um dos principais contributos da psicologia cognitivo-comportamental a noção de
género, Kohlberg (1966) concebe a construção da identidade de género como sendo o
resultado de uma construção interna, nascida da própria atividade do sujeito, com ênfase na
evolução das capacidades intelectuais. Na sua teoria, Kohlberg (1984) refere o raciocínio
moral que permitem os juízos que se fazem em relação a determinados dilemas morais.
Distingue seis etapas hierárquicas ou estádios no desenvolvimento do raciocínio moral,
29
definidas em três níveis de juízo. Estas etapas refletem a crescente interiorização dos
princípios. Podemos esquematizar a teoria de Kohlberg (1984) da seguinte maneira:
Nível 1 (Moralidade Pré-Convencional)
As pessoas sob controlo externo obedecem às regras a fim de evitar os castigos, para receber
prémio ou para interesse próprio. Este nível ocorre nas crianças dos 4 aos 10 anos.
Estágio 1 - Orientação para a punição e a obediência. (Como eu posso evitar a punição?)
Neste estágio, a moralidade é definida em termos das suas consequências físicas para o
indivíduo. “Se a ação é punida, está moralmente errada; se não for punida, está moralmente
correta” (Kolberg, 1971, p.164)
Estágio
2
-
Hedonismo
instrumental
relativista.
(O
que
eu
ganho
com
isso?)
A ação moralmente correta é definida em termos do prazer ou da satisfação das necessidades
da pessoa.
Nível 2 (Moralidade Convencional)
Os padrões das figuras de autoridade são interiorizados. Este é o nível atingido em geral por
volta dos 10 anos.
Estágio 3 – Acordo interpessoal e conformidade. (Orientação “bom menino”/”boa menina”)
Moralidade
do
bom
menino,
da
aprovação
social
e
das
relações
interpessoais.
O comportamento moralmente certo é o que ganha a aprovação de outros. Trata-se da
moralidade de conformismo a estereótipos. Neste estágio, surge a conceção de equidade
através da qual há a concordância de que é justo dar mais a uma pessoa mais desamparada.
Estágio 4 - Orientação para a lei, a ordem social e autoridade (Moralidade "Lei e Ordem")
Há grande respeito pela autoridade, por regras fixas e pela manutenção da ordem social.
Deve-se cumprir o dever. A justiça não é mais uma questão de relações entre indivíduos, mas
entre o indivíduo e o sistema. A justiça tem a ver com a ordem social estabelecida e não é
uma questão de escolha pessoal moral.
Nível 3 (Moralidade Pós-Convencional)
O indivíduo reconhece os conflitos entre os padrões morais e o próprio julgamento, baseandose nos princípios de certo e errado, igualdade e justiça. Este nível de raciocínio moral é
habitualmente atingido na adolescência ou início da idade adulta.
30
Estágio 5.- A orientação para o contrato social democrático
Este é o primeiro estágio que pertence ao nível pós-convencional. As leis não são mais
consideradas válidas pelo mero fato de serem leis. O indivíduo admite que as leis ou costumes
morais podem ser injustos e devem ser mudados se necessário.
Estágio 6 - Princípios éticos universais. (Consciência principiada)
Neste estágio, o pensamento pós-convencional atinge o seu nível mais alto. O indivíduo
reconhece os princípios morais universais da consciência individual e age de acordo com eles.
Se as leis injustas não puderem ser modificadas pelos canais democráticos, o indivíduo ainda
resiste a elas.
Segundo este modelo, os comportamentos sexuados e a aquisição da identidade de género
ocorrem por estádios. A criança deve compreender que é rapaz ou rapariga, de forma estável
e fixa ao longo da sua vida, isto é o que o autor chamou de constância de género (Pereira,
Leal & Maroco, 2009). A criança deverá também estabelecer estereótipos ligados aos papéis
sexuais e por fim aderir aos papéis apropriados à sua identidade de género. A partir daí, a
criança começa a organizar as suas atitudes sexuais, valorizando mais aquelas que
correspondem à sua própria identidade. Segundo a teoria de Kohlberg (1969), o adolescente
situa-se em termos de desenvolvimento moral entre o nível II e o nível III.
Martin & Halverson (1981) propõem a noção de “esquema” para a aparição da identidade e
dos papéis de género. O esquema do género apresenta-se como uma forma de representação
mental acerca do conjunto de objetos, atributos, comportamentos, etc., que se associam a
um género ou outro numa dada cultura (Pereira, Leal & Maroco, 2009). O esquema permite
memorizar e organizar as experiências sociais de acordo com uma divisão em dois esquemas
específicos: o esquema inter e intra-grupal (Martin & Halverson, 1981).
Segundo os autores, o esquema inter-grupal permite ao indivíduo classificar os seus
comportamentos e os papéis em femininos ou masculinos. Por exemplo as meninas brincam
com bonecas. O esquema intra-grupal permite à criança adotar os comportamentos em
função do seu grupo de pertença; por exemplo se for um rapaz, pensará: os rapazes não
brincam com bonecas, eu sou rapaz, por isso, não brinco com bonecas. Para Bem (1981), a
tipificação sexual poderá ser mais ou menos rígida consoante o grau de organização da
experiência do indivíduo, e de acordo com algumas categorias associadas ao género. Assim,
quem possuir um esquema de género mais rígido irá estruturar o seu comportamento e
autoconceito baseando-se no seu género; enquanto quem tiver um esquema mais flexível,
pensará e atuará com maior liberdade. Isso significa que as pessoas que desenvolvem
esquemas mais rígidos processam a informação baseando-se nas categorias sexuais mais
espontaneamente (Freeman, 1993).
31
Alguns estudos revelaram que para os rapazes, os esquemas são mais normativos do que para
as raparigas (Sokal, 2002) e que os esquemas estão estreitamente influenciados pela opinião
dos pais em relação à identidade sexual dos filhos (Tenenbaum & Leaper, 2002).
Desde os anos 1980, estudos têm sido realizados acerca do papel de variáveis cognitivas no
funcionamento sexual. Destacam-se os estudos nas áreas da distração cognitiva e foco da
atenção, expectativas de desempenho, atribuição causal, esquemas cognitivos, crenças
sexuais, pensamentos automáticos, ansiedade e afeto deprimido (Nobre, 2006). Além da
diversidade de estudos que demonstram a importância dos fatores cognitivo-emocionais na
resposta sexual, alguns modelos conceptuais são referência neste domínio.
Estes modelos teóricos, apesar do seu enfoque diferencial, defendem que o comportamento
sexual resulta de um complexo conjunto de influências, nomeadamente a maneira como os
indivíduos dão significado aos acontecimentos sexuais e como respondem cognitiva,
emocional e comportamentalmente face aos mesmos.
Assim, o modelo de Barlow diferencia os sujeitos com predisposição cognitiva para a
disfunção, daqueles que a não apresentam (Farré & Lasheras, 2002). A ativação fisiológica
aumenta o foco atencional em relação a estímulos eróticos, ajudando nos sujeitos funcionais;
por outro lado, dificulta a resposta sexual na pessoa disfuncional, uma vez que aumenta a
atenção nos aspetos negativos. À medida que aumenta a ativação fisiológica, aumenta o foco
atencional para aspetos eróticos, mantendo ou aumentando a disfunção (Barlow,1986).
No modelo cognitivo-comportamental de Baker, são as aprendizagens prévias que influenciam
a aprendizagem de crenças acerca da sexualidade. Nos indivíduos com disfunções, essas
crenças são mais rígidas, o que leva a expectativas de desempenho não reais. Os pensamentos
do indivíduo são por vezes influenciados por acontecimentos negativos, vividos como
fracassos, que ficam relacionados com o desempenho negativo e as suas consequências. Esse
pensamento pode levar a uma discrepância entre o seu “eu ideal” e o seu “eu real”, existindo
uma auto crítica negativa do seu desempenho (Baker 1993).
Segundo Byrne (1983), existem características de personalidade intervenientes na resposta
sexual, sendo seis as variáveis preditoras do comportamento – afeto, avaliação, cognição,
espectativas, imaginação e ativação fisiológica. Os estímulos externos interagem com estas
variáveis internas, produzindo uma resposta sexual e respetivo feedback.
O mais recente modelo cognitivo emocional apresentado por Nobre e Pinto Gouveia dá ênfase
à influência dos fatores cognitivos e emocionais no funcionamento sexual. Neste âmbito, os
indivíduos com disfunções, devida às suas crenças, interpretam as situações de insucesso
como um fracasso, utilizando com frequência os esquemas cognitivos negativos. Desse modo,
32
os pensamentos automáticos levam-nos a encarar situações futuras como propensas ao
fracasso (Nobre, 2006).
O modelo cognitivo foi amplamente utilizado no contexto da terapia sexual, tendo como
principais elementos: as crenças centrais (esquemas), as crenças intermediárias, os
pensamentos automáticos e as distorções cognitivas. As crenças centrais ou esquemas são
pensamentos absolutos sobre a forma como a pessoa se vê a si mesma, aos outros e ao
mundo. Representam o nível mais fundo das crenças de alguém e nem sempre são
reconhecidas pelo próprio. Estes esquemas são pensamentos globais e rígidos. São
estruturados desde a infância, a partir das experiências com a família, pais, irmãos e outros
modelos. Os esquemas funcionam como orientações para a seleção e organização da
informação, para evocar memórias e para interpretar as diferentes situações.
O processamento da informação do mundo interno e externo, geralmente torna-se automático
e fora da consciência, atendendo a funções básicas do organismo, como a sobrevivência e a
reprodução (Beck & Weishaar, 1989).
2.3.3. Contributo da psicologia social
Até ao século XIX, existiu na maioria dos países ocidentais, uma interpretação católica da
sexualidade. De acordo com Foucault (1994), as práticas da confissão levaram uma grande
parte dos católicos a considerar toda a relação sexual como uma falta de controlo, todo o
prazer sexual com um erro, incluindo o prazer conjugal. A confissão permitia assim regular a
vida sexual dos crentes. Na sociedade assistiu-se a um movimento de repressão da
sexualidade. A teoria da degenerescência e as especulações acerca dos efeitos nocivos, para a
saúde, da masturbação dominaram todo o pensamento médico (Foucault, 1994; Giddens,
1996).
Os investigadores, principalmente os da segunda metade do século XX, interessaram-se pela
sexualidade, desde Michel Foucault a Jean-Pierre Peter, de Yvonne Kuiebiehler a Jean-Paul
Aron, todos lhe dedicaram parte significativa da sua obra, numa perspetiva distinta do que
existia anteriormente.
A separação de sexualidade e reprodução biológica da espécie, a partir do desenvolvimento
dos métodos contracetivos hormonais, nos anos 1960, e o aparecimento da epidemia de
VIH/SIDA, na década de 1980, propulsionaram as investigações sobre as práticas e
representações sociais ligados à sexualidade, tornando-a um campo de investigação em si,
dotado de legitimidade. Essa postura só pode ser entendida no contexto da sociedade
ocidental do final do século XX, que lançou as questões afetas à intimidade, à vida privada, à
sexualidade como centro da reflexão sobre a construção da pessoa moderna (Giddens, 1992).
33
As posições críticas em relação aos procedimentos de objetivação das práticas sexuais e dos
valores a elas relacionados advogam que as pesquisas sociológicas sobre sexualidade, em
verdade, seriam mais um dos dispositivos de incitação ao sexo, como afirmava Foucault
(1993) sobre as características da modernidade.
George Mead (1934) afirmava, no início do século XX, que separados da sociedade seríamos ao
mesmo tempo "mudos" e "desprovidos de mente". Um indivíduo será sempre produto da
interação recíproca de muitos outros. Enquanto self, o ser humano age construindo a sua ação
ao mesmo tempo que interage com outros indivíduos. “A sua atividade mental permite ao
indivíduo imprimir o desenvolvimento do seu self e, em certo grau, modificar, nos termos do
seu self, o padrão geral do comportamento social do grupo nos termos dos quais o seu self foi
originalmente constituído”(Mead, 1992, p.262).
O desenvolvimento social, como o desenvolvimento físico e cognitivo envolve crescimento. À
medida que o indivíduo cresce, torna-se cada vez mais ciente de que as pessoas diferem umas
das outras. Ao mesmo tempo, ele adquire uma concepção mais clara do seu eu e da sua
própria personalidade, o que realmente é, aos seus olhos e aos dos outros.
Em 1973, Gagnon e Simon publicam “Sexual conduct: The source of human sexuality”. Nesta
obra, os autores rompem com a visão freudiana no estudo da sexualidade. Defendem que as
atividades sexuais devem ser conceptualizadas como o resultado de um processo de
construção psicossocial.
Por um lado, a ênfase é dada aos processos de socialização, com o desenvolvimento sexual
progressivo pela interiorização dos modelos socioculturais; por outro lado, dá-se importância
a determinadas circunstâncias estruturantes do devir humano, em particular os rituais de
passagem e de iniciação (Alferes, 2002).
Para as ciências sociais, a conduta sexual é fundamentalmente uma conduta social: ela é
social no sentido em que participam duas ou mais pessoas. Os conceitos aqui mais utilizados
para explicar o carácter social da conduta sexual são: a socialização, controlo social, as leis e
normas, os “scripts”, papéis e ciclo vital (Martin & Sánchez, 1997).
A socialização é o processo de aprendizagem que leva os indivíduos a pensar e comportar-se
dentro de uma determinada sociedade. A socialização sexual é um dos aspetos mais
importantes deste processo e inclui as instituições e formas de relações básicas da sociedade:
o par, a família e os iguais. Os conteúdos da socialização sexual incluem atitudes, valores,
normas e papéis de género que regulam a conduta do indivíduo. Os agentes da socialização,
família, escola, igreja, mass média etc. propõem e regulam as condutas, premiando ou
castigando.
O controlo social, as normas, as leis e os costumes permitem pautar e controlar de forma
mais ou menos normativa os comportamentos sexuais, proibindo alguns tais como a violação
34
ou o incesto e incentivando a outros, tais como o cuidar dos filhos. Atualmente, na sociedade
ocidental, a regulação é mais flexível, admitindo uma maior variabilidade nas condutas
sexuais.
Os “scripts” sociais são outra forma de regular a sexualidade: definem a situação de forma
precisa indicando o que se pode ou não fazer; etiquetam os atores atribuindo-lhes um papel
específico; indicam as condutas concretas apropriadas para cada agente, a sua sequência e o
seu significado. Assim, os “scripts” definem a situação, os atores e as condutas sociais
orientando e regulando de forma muito concisa a conduta sexual das pessoas (Martin &
Sánchez, 1997). Os scripts sexuais, que constituem um caso particular dos scripts sociais,
podem ser definidos como esquemas (socialmente construídos) de atribuição de significação e
de orientação (direção) da ação (Alferes, 2002).
A conduta sexual está socialmente baseada em papéis sexuais. Os seres humanos são homens
ou mulheres e os seus pensamentos, ações e comportamentos são definidos consoante o seu
género. Pertencer a um determinado género implica ter um nome sexuado, com determinada
forma de vestir, forma de estar… Atualmente, as sociedades modernas mais liberais tendem a
possuir um modelo menos rígido dos papéis sexuais.
O ciclo vital influencia a conduta do ser humano. Assim, o comportamento vai mudando ao
longo da nossa vida, o que significa que o nosso comportamento muda consoante as mudanças
sociais associadas à idade. A sociedade orienta e regula a sexualidade definindo o que é ou
não adequado para cada uma das etapas da vida. Estas etapas da vida são maioritariamente
construções sociais. O conceito de ciclo vital implica que a sexualidade tenha que ser
estudada no contexto de determinado ciclo vital e tendo em conta o que a sociedade
considera apropriado para esta etapa da vida.
O modelo dos scripts sexuais de Gagnon e Simon (1987), embora considerado um modelo de
conceptualização cognitiva, postula que para além dos esquemas cognitivos, as dimensões
social e interpessoal interferem no comportamento sexual. Os autores postulam que a
conduta sexual humana é socioculturalmente determinada. Não é o órgão sexual que
determina a ação, mas sim os aspetos sociais (Ramos, Carvalho & Leal, 2005). As
aprendizagens sociais formam os scripts relativos a fantasias sexuais, planos sexuais (que são
o comportamento sexual e a sua sequência), guias contingenciais (utilizados durante a
atividade sexual), estruturas mnemónicas (memorizar acontecimentos). No caso de pessoas
disfuncionais, estas apresentam menos parceiros, motivos, ocasiões e sítios para se entregar a
uma relação sexual, devido às suas crenças conservadoras, acabando por se sentir
insatisfeitas com os seus scripts (Gagnon & Simon, 1987).
No ponto de vista psicológico, a ligação entre sexo e amor apresenta três formas principais –
conjugal, passional, libidinal. Entre as diferentes abordagens salientam-se os modelos de
35
amor de Kelley (1979), e dando-se relevo ao caso particular do amor passional. Mantendo o
foco no estudo das relações interpessoais, Kelley (Kelley, 1979; 1983) estendeu a sua
abordagem à compreensão das relações íntimas como as do amor, amizade e camaradagem.
Nestes casos, dá-se uma transformação muito particular na matriz relacional de
consequências. Quer dizer, as relações de interdependência ao evoluírem para uma relação
de intimidade acarretam modificações especiais na natureza das trocas que se verificam
entre os parceiros. É que a satisfação das necessidades e desejos do parceiro passam a ser
também uma necessidade e um desejo do outro – os desejos dos parceiros tornam-se menos
distinguíveis dos nossos e os conflitos potenciais entre ganhos individuais e conjuntos diluemse (Kelley, 1979).
No que se refere à abordagem dos processos de interpretação e leitura da sexualidade,
admite-se a dicotomia instinto/norma. Esta dicotomia diz respeito à análise dos
comportamentos sexuais sob a perspetiva dos princípios biológicos (instinto) e também à luz
dos processos da regulação social da sexualidade (norma).
2.3.4. Contributo das ciências antropo-psicológicas
Historicamente, as primeiras interpretações antropológicas da sexualidade humana basearamse no que passou a ser rotulado de naturalismo.
A ideia básica da interpretação naturalista é que um dado padrão de sexualidade é inerente à
constituição humana, seja criada por Deus (naturalismo religioso), regida pelas hormonas, ou
resultado da evolução (naturalismo científico). O que está por trás destas interpretações é a
ideia de que a nossa sexualidade seria fundamentalmente pré-social. A sociedade controla,
canaliza, restringe, mas não conseguiria alterar os fundamentos da sexualidade.
Desta forma, o sexual não se restringe à dimensão reprodutiva, tampouco à psíquica, estando
impregnado de convenções culturais acerca do que consistem a excitação e a satisfação
eróticas, constructos simbólicos que modelam as próprias sensações físicas (Parker, 1994),
nem se restringe ao adulto.
B. Malinowski (1983), “pai fundador” da moderna antropologia social britânica - reconheceu
“Totem e Tabu” de Freud como demonstrativo da importância do sexo na sociedade. Tentou
resolver a tensão epistemológica entre o sociologismo de Durkheim e a psicanálise Freudiana,
acabando por se afastar da última pelo carácter transcultural da teoria do complexo de
Édipo. Malinowski procurava características gerais da natureza humana que pudessem assumir
diferentes formas culturais (Pacheco, 2003). No que respeita à sexualidade nos jovens,
Malinowski refere que existem civilizações primitivas com liberdade total. Refere
concretamente a população das ilhas Tobriand onde os adolescentes tinham uma liberdade
sexual completa antes de contraírem matrimónio.
36
O método comparativo de Malinowski questiona universais de base biofisológica e psíquica,
enquanto Margaret Mead (1972) procurou na comparação a fonte para a transformação e
pedagogia sociais no Ocidente. A antropologia culturalista americana teve origem numa clara
rejeição da teoria dos instintos e de explicações biológicas para fenómenos sociais. Em
“Coming of Age in Samoa”, a autora concluiu que a adolescência não é igual em todas as
civilizações, daí não se poder falar em universalidade da adolescência.
Também a sexualidade nos jovens era diferente, Mead (1972) refere que os Arapesch, povo da
Nova Guiné, proibiam as relações sexuais do adolescente antes de ter sido sujeito a
determinada iniciação sexual, porque consideravam o sexo perigoso para os que ainda não são
homens.
A antropóloga norte-americana Carole Vance (1995) propõe dois modelos para categorizar o
construtivismo social aplicado à sexualidade. O primeiro, chamado de modelo de influência
cultural, tem como pressuposto que existe uma partilha fundamental entre corpo e razão, na
qual o corpo permanece como uma espécie de substrato ao qual a cultura se sobrepõe,
modificando os comportamentos, as experiências e as significações relativas à experiência
sexual. Seja a sexualidade universal ou biologicamente determinada, considera-se que a
sociedade irá modelar o impulso ou pulsão sexual.
O segundo modelo postula que o domínio do sexual, do erótico ou das sensações do corpo é
resultado de construções culturais. Assim, é preciso identificar as relações que, em cada
momento histórico, definem o que é sexual e de que maneira esse significado se articula com
as classificações de género, com a reprodução e com o sistema de parentesco.
De acordo com a autora, a teoria do construtivismo social desafiou os modelos antropológicos
tradicionais, originando um aumento de pesquisas sobre a sexualidade a partir de meados dos
anos setenta (Vance,1991). Tem como ponto de partida a distinção entre sexo e género,
baseada na separação criada pela antropologia entre biologia e cultura.
Oriundo da teoria crítica feminista, dos anos sessenta, a separação conceptual entre sexo e
género defende que o segundo é a elaboração cultural do primeiro. A mudança cultural e
histórica dos papéis femininos e masculinos, assim como as suas respetivas características
traz o determinismo cultural para o campo da sexualidade. A teoria da construção social
defende que a sexualidade é construída de forma diferente através do tempo e das culturas.
A autora, numa revisão publicada em 1991, contrasta essa teoria com o modelo da “influência
cultural”, onde a sexualidade é vista como um estado universal, imutável, mediado em maior
ou menor extensão pelo contexto cultural (Vance, 1995; Parker e Easton, 1998). Embora o
modelo da ”influência cultural” concorde com a existência de variação transcultural, na
expressão da sexualidade, a sua manifestação e a sua função reprodutiva são vistas como
universalmente consistentes (Almeida, 1996, 2004).
37
2.3.5. Contributo das ciências biomédicas
Embora se considere geralmente que a proto-sexologia começou na segunda metade do século
XIX, ela tem raízes anteriores, como por exemplo os tratados sobre a masturbação de Tissot
(1768) (século XVIII) ou (Daston, 2000). Os proto-sexólogos iniciaram uma nova disciplina
próxima da medicina e da psicologia, mas carecia de conceitos ou ideias filosóficas, religiosas
ou antropológicas. Médicos e cientistas assumiram o ensino da sexualidade, encarada sob o
ponto de vista das ciências médicas e biológicas. O sexo era visto como uma função biológica,
tal como o comer.
Enquanto campo de estudo, a sexualidade passou a ser delimitada a partir do século XVIII,
quando passaram a proliferar discursos específicos a respeito dos corpos e do sexo (Foucault,
1979). Este movimento funcionou como um dispositivo de poder, “conjunto decididamente
heterogéneo que engloba discursos, instituições, organizações arquitetónicas, decisões
regulamentares, leis, medidas administrativas, enunciados científicos, proposições filosóficas,
morais, filantrópicas” (Idem, p. 243, 244).
Podemos considerar dois momentos instituintes da sexualidade (Béjin, 1982). O primeiro,
corresponde à sexualidade, enquanto reprodução biológica, ligada ao coito heterossexual. O
segundo momento, com início na segunda metade do século XIX, dá origem à sexologia
contemporânea, permitindo a separação entre a sexualidade com fins reprodutivos e a
reprodução/prazer. Iniciaram-se pesquisas dando relevo aos aspetos biológicos, psicológicos e
ético-sociológicos da sexualidade. Alguns investigadores deram relevo ao estudo da
sexualidade.
A partir dos meados do século XIX, vão progressivamente sendo postas em causa as posições
escolásticas em matéria de amor, sexualidade e casamento que, desde a idade média,
reduziram o casamento à procriação e à fidelidade. As ideias médicas, contra a rígida moral
de então, começam a levantar-se, afirmando, entre outras ideias, que a masturbação não
produz doenças físicas, podendo apenas levar a perturbação a nível das relações sexuais
heterossexuais. A limitação progressiva do conceito biológico de degeneração permitiu o
estudo de fatores psicológicos como influência etiológica dos transtornos psiquiátricos em
geral e entre eles, sexuais.
O padrão médico-normativo criado no final do século XIX procurou enquadrar a sexualidade
em critérios diagnósticos, mas sem procurar compreender o significado da dificuldade sexual
de uma pessoa ou mesmo visando melhorar a interação dessa pessoa com o meio ambiente.
Na época, critérios como a reprodução eram vistos como normais, enquanto outros como a
masturbação e a homossexualidade eram encarados como anormais.
38
Richard von Krafft - Ebing (1886), como já foi dito atrás, fez uma abordagem aos distúrbios
sexuais, como a que é utilizada para transtornos psiquiátricos em geral, isto é, um ponto de
vista médico. Krafft-Ebing considera que a reprodução é a finalidade da sexualidade e que
qualquer forma de sexo recreativo representa uma perversão do desejo sexual. Daí, ele
concluiu que homossexuais padecem de perversão sexual, porque as práticas homossexuais
não podem levar à reprodução. Em alguns casos, a líbido homossexual foi classificada como
um vício moral induzido pela prática precoce de masturbação. Propõe uma teoria da
homossexualidade como biologicamente anómala com origem na fase embrionária e fetal de
gestação, que evoluiu para uma "inversão sexual "do cérebro. Em 1901, num artigo no
“Jahrbuch für sexuelle Zwischenstufen”, substitui o termo biológico de anomalia por
diferenciação. A primeira edição em 1886, de Psychopathia Sexualis introduz uma delimitação
do campo das perversões sexuais e nomenclaturas - que incluem termos que seriam
posteriormente consagrados como sadismo, masoquismo e fetichismo, e um rigor
classificatório que a tornarão uma referência incontornável para todos os estudos posteriores
nesse campo, incluindo a obra freudiana. A aversão pelos crimes sexuais é desviado para os
desvios e a extrapolação para toda a manifestação sexual é correlativa. É desse modo fácil
passar da criminalização do sexo para a sua condenação e por conseguinte, à sua repressão.
Psicólogo e médico, Havelock Ellis (1966), no entanto, apresenta os desvios sexuais, mas para
melhor compreender qualquer expressão sexual (sexualidade "normal" ou corrente). Ellis foi o
primeiro a realizar um estudo objetivo sobre a homossexualidade, sem cair na tendência da
época, de a caraterizar como doença, imoralidade ou crime. A sua obra apresenta o amor
homossexual como transcendendo os tabus de idade, bem como os tabus do género. Sete dos
vinte e um casos de estudo, são casos de relacionamento inter-geracional. A grande inovação
deste precursor da sexologia é a introdução do relativismo individual (não-egocêntrica) e
cultural utilizando exemplos da antropologia ou da história cultural e mais tarde, da zoologia.
Os modelos biológicos de sexualidade abundaram durante os séculos XIX e XX. O
comportamento sexual era visto como o resultado de impulsos naturais e biológicos, que
estão na base de uma série de experiências sociais (Mottier, 2010). A normalidade sexual e o
desvio da norma passaram a ser definidos relativamente à natureza biológica dos instintos
reprodutores humanos essenciais. Enquanto força instintiva e potencialmente avassaladora, o
sexo era ao mesmo tempo visto como uma fonte possível de desordem social. Geddes e
Thomson (1914), biólogos escoceses do século XIX, alertaram para o “elemento vulcânico no
sexo, quase subjacente ao resto da nossa natureza e por esse motivo a abalá-la nas suas
fundações com tremores e até catástrofe.” Assim, concluíram que os instintos tinham que ser
mantidos na ordem pela sociedade através do controlo moral, da educação sexual e da
legislação. Reich (1927) limita ainda a sexualidade a uma mera função biológica, definindo a
potência orgástica como o centro da sexologia reichiana.
39
No início do século XX, ocorreu uma mudança de perspetiva, dando-se mais ênfase ao
comportamento sexual enquanto atividade, do que à reprodução em si. Assim, são
considerados o desejo, o prazer, o orgasmo, dando lugar a uma panóplia de literatura relativa
às terapias sexuais. Alguns autores tais como Kinsey nos anos 1940-1950, Masters e Johnson
nos anos 1960 ou ainda Hite nos anos 1970-1980 são o reflexo deste investimento.
Mais tarde, no relatório de Kinsey, o autor entrevistou americanos de raça branca. Tentou pôr
em causa algumas preocupações contemporâneas sobre os desvios sexuais provocando “uma
onda de histerismo sexual” (Kinsey, Pomeroy & Martin al., 1948, 1953). O autor desenvolveu a
sua análise do comportamento sexual segundo modelos redutores do biológico, argumentando
que o sexo era algo natural e saudável. Kindsey defendia que o impulso sexual era uma força
biológica e que a expressão deste impulso para obter prazer era aceitável e desejável. Pôs em
causa algumas preocupações sobre o sexo pré-marital, defendendo que não deveria haver
diferença entre o sexo antes ou depois do casamento. Enfatizou também as semelhanças
entre o comportamento sexual dos homens e das mulheres.
A sua investigação mostrava que inúmeras expressões sexuais eram aceitáveis, dando
importância ao papel do prazer sexual, tanto através da relação sexual como através da
masturbação.
Masters e Johnson também enfatizaram a importância da atividade sexual. Os seus estudos,
realizados em laboratórios, com heterossexuais de raça branca e classe média (Masters &
Jonhson, 1966) analisaram mais de 10000 orgasmos femininos e masculinos. Analisaram as
contrações e secreções corporais, a pulsação e as mudanças de cor dos tecidos; e
descreveram o ciclo da resposta sexual em termos das seguintes fases: 1). Excitação; 2).
Patamar ou plateau; 3). Orgasmo; e 4). Resolução. Demonstraram semelhanças entre homens
e mulheres, e realçaram que os casamentos estáveis dependiam de relações sexuais
satisfatórias. O prazer sexual podia assim ser melhorado através da educação e da terapia
sexual. Também os autores referiram a masturbação como algo essencial à sexualidade,
promovendo o sexo como fonte de prazer e não como reprodução.
Hite (1976,1981,1987) dedicou 20 anos à investigação sobre a sexualidade feminina e
masculina. A principal conclusão é que a maioria das mulheres (70%) não atinge o orgasmo no
ato sexual, mas sugere que elas podem aprender a aumentar a estimulação do clitóris no ato
sexual, para aumentar o prazer. Hite explica o prazer das mulheres, não tanto pela
penetração, mas sim, pela estimulação física.
O lançamento dos potencializadores de ereção, a partir de 1998, como por exemplo o Viagra,
aponta para dois pontos importantes: primeiro, a influência do discurso sexológico na
perceção da sexualidade; segundo, do quanto a sexualidade está a ser medicalizada para
fortalecer a ideia de bom funcionamento sexual (Bozon, 2004).
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O impacto da infeção do vírus da SIDA juntamente com outros riscos ligados à atividade
sexual, tal como as gravidezes indesejadas, leva a considerar-se a sexualidade como uma
urgência social e epidemiológica (Ogden, 1999), que traz impacto negativo na saúde.
Analisar a perspectiva histórica permitiu-nos compreender que a sexualidade acontece num
dado contexto histórico-social, consoante as normas vigentes e influências particulares. Neste
sentido, ela é dinâmica e construtivista, maleável e flexível. Ficou demonstrado que a
sexualidade é uma área de estudo e interesse, multidimensional, particularmente relevante e
pertinente, sendo uma entidade fundamental no funcionamento das pessoas.
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3. Os jovens e a sexualidade
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44
3.1. Conceito de juventude.
Historiadores como Philippe Ariès (1981), referem que não existia na Idade Média, uma
conceção nítida de infância nem de adolescência. As crianças eram percebidas como
rapidamente independentes e logo que possível, eram integradas no mundo dos adultos. Os
adolescentes eram desse modo, considerados adultos.
A adolescência enquanto estádio de desenvolvimento foi um produto tanto da fisiologia como
da cultura. A sua origem advém em parte da industrialização ocorrida no final do século XIX e
no princípio do século XX, provocando grandes mudanças a nível da estrutura familiar. Assim,
os adolescentes deixaram de transitar da infância para a vida adulta. Começaram a passar por
um estádio de crescimento intermédio, chamado adolescência.
É a fase de descobertas e busca de uma identidade pessoal, período em que estão presentes
todas as fases da maturação e que não pode ser confundido com a puberdade, que é parte da
adolescência, período em que ocorre maturação sexual, em que se dão mudanças biológicas
que tornam o indivíduo apto à procriação. No geral a fase da puberdade está completa por
volta dos 18 anos – as modificações físicas relacionadas com esta fase implicam a interrupção
do crescimento ósseo, desenvolvimento dos órgãos reprodutivos e caracteres secundários
como o surgimento de pelos, seios, tom de voz, entre outras.
A adolescência é considerada um período de duração variável em que a pessoa se prepara
para assumir as responsabilidades da vida adulta e procurar a sua autonomia.
De acordo com a definição da Organização Mundial de Saúde (OMS, 2001), a adolescência
corresponde ao período que vai dos 10 aos 19 anos, e a juventude situa-se entre os 15 e os 24
anos aproximadamente.
Segundo Keniston (1971),estão em curso mudanças psicológicas e culturais, pelo que os anos
referentes ao período do ensino superior sejam considerados um novo estádio: a juventude.
O termo juventude de Keniston considera o período entre a adolescência e o adulto jovem,
integrando a ideia de mudança, de dinamismo, de liberdade e ambivalência em relação à
sociedade em geral. Este período é considerado um tempo de experimentação e de busca em
relação ao papel social e estilo de vida (Arnett, 2000; Keniston, 1971).
Ao examinar os vários temas propostos por Keniston, verificamos que o termo juventude não
foi popularizado. Isto provavelmente devido à sua natureza ambígua. Todavia, não deixa de
existir semelhanças entre os conceitos propostos por Keniston nos anos 1960 e a juventude
definida por Jeffrey Jenson Arnett na sua teoria de “Idade adulta emergente” (Arnett, 2000).
45
O autor cunhou a expressão "emerging adulthood" — pois acreditava que estávamos a assistir
ao surgimento de uma nova fase (analogamente ao "surgimento" da adolescência, há um
século). Segundo o autor os "adultos emergentes" surgiram uma vez que:
1) Se exige mais educação para a sobrevivência na "sociedade de informação";
2) As vagas para "recém-formados" só diminuem;
3) Os jovens de hoje sentem menos pressa para casar, pela liberação do sexo, o controlo de
natalidade e o "morar juntos";
4) E as mulheres sentem menos pressa para engravidar, dadas as opções de carreira — e a
tecnologia que lhes permite a procriação mais tarde. Neurocientistas explicam os "adultos
emergentes" justificando que o cérebro humano, ao contrário do que se pensava, continua em
desenvolvimento após os 20 anos (até os 25, no mínimo).
Desta forma, os termos “adolescência”, “jovens” e “juventude” são utilizados no âmbito
deste estudo num sentido amplo, uma vez que os jovens universitários ingressam no ensino
superior por volta dos 17/18 anos, idade essa contemplada nas definições de adolescência
mas também de juventude.
Numa visão social, tratar da juventude é considerar o processo de construção social e
histórica que estabelece os limites, as características e os significados atribuídos a essa fase
da vida. A juventude é uma categoria socialmente manipulada e manipulável e, como refere
Bourdieu (1980, p.145), o facto de se falar dos jovens como uma “unidade social”, um grupo
dotado de “ interesses comuns” e de se referirem esses interesses a uma faixa constitui, já de
si, uma evidente manipulação. Nas representações correntes da juventude, os jovens são
tomados como pertencendo a uma cultura juvenil unitária.
Do ponto de vista antropológico, o estudo da adolescência e da juventude em diferentes
culturas revela uma pluralidade de ritos associados à entrada do indivíduo no mundo adulto.
O fenómeno da juventude no âmbito da sociedade ocidental é visto como a representação de
uma construção coletiva, com características particulares como a contestação social e a
liberdade de escolha.
O jovem adulto encontra-se numa fase de conquista da autonomia psicológica e emocional.
Assim,
as
relações
íntimas,
sejam
elas
de
amizade
ou
namoro,
desenvolvem-se
particularmente, neste período, criando laços afetivos promotores de segurança, ao mesmo
tempo que se afastam das relações parentais. Neste período, é essencial o jovem ser capaz
de construir e manter relações íntimas, sendo esta capacidade, sinal de saúde mental.
Bandura (1979) afirma que as modificações biológicas do adolescente são importantes, mas o
seu desenvolvimento psicológico é determinado mais pelo ambiente sociocultural em que
vivem, sendo este o foco de análise do comportamento. A maior contribuição das mudanças
biológicas, do ponto de vista cultural, é a "transformação do estado não reprodutivo ao
46
reprodutivo", porque o amadurecimento do sistema reprodutivo impõe os limites para cada
sexo.
A tarefa básica da adolescência é a construção da própria identidade, e isso dá-se através de
muita instabilidade física e emocional. Portanto, a adolescência caracteriza-se por mudanças
de caráter psicológico do ser ”a procura de si mesmo” que já deixou de ser criança, sem
chegar a ser adulto (Knobel, 1992). A adolescência é um período, por excelência, associado à
formação da identidade, integração da história passada do indivíduo e da maturação das
capacidades de pensar acerca dos acontecimentos, das pessoas e das relações, sobre o
presente e o futuro (Sprinthall & Collins, 2003); é nesta explosão de informação e nas reações
emocionais despoletadas, que surge a noção de crise de identidade (Erikson, 1968, citado por
Sprinthall & Collins, 2003).
Assim, abordaremos de seguida, alguns pontos considerados essenciais no desenvolvimento
sexual do jovem: a formação da identidade, identidade sexual, género e orientação sexual.
3.1.1. Formação da Identidade
Erikson (1987) optou por distribuir o desenvolvimento humano em fases, criando alguns
estágios, que ele chamou de psicossociais, onde descreveu algumas crises pelas quais o ego
passa, ao longo do ciclo vital. Estas crises seriam estruturadas de forma que, ao sair delas, o
sujeito sairia com um ego (no sentido freudiano) mais fortalecido ou mais frágil, de acordo
com sua vivência do conflito, e este final de crise influenciaria diretamente o próximo
estágio, de forma que o crescimento e o desenvolvimento do indivíduo estaria estreitamente
ligado ao seu contexto social, palco destas crises.
Os estádios estão descritos na figura 2:
Pequena infância (estádio oral)
Primeira infância (estádio anal)
Idade do jogo (estádio fálico)
Idade escolar (período de latência)
Adolescência (genitalidade)
Jovem adulto
Maturidade
Velhice
Figura 3. Estádios Psicossociais de desenvolvimento de Erikson (1959)
47
A construção da identidade pessoal é considerada a tarefa mais importante da adolescência,
o passo crucial da transformação do adolescente em adulto produtivo e maduro.
Construir uma identidade, para Erikson (1972), implica em definir quem a pessoa é, quais são
os seus valores e quais as direções que deseja seguir na sua vida. O autor entende que a
identidade é uma conceção de si mesmo, composta por valores, crenças e metas, com os
quais o indivíduo está solidamente comprometido. A formação da identidade recebe a
influência de fatores intrapessoais (as capacidades inatas do indivíduo e as características
adquiridas da personalidade), de fatores interpessoais (identificações com outras pessoas) e
de fatores culturais (valores sociais a que uma pessoa está exposta, tanto globais quanto
comunitários). Este sentimento de ter uma identidade pessoal dá-se de duas formas: a
primeira é perceber-se como sendo o mesmo e contínuo no tempo e no espaço; e a segunda é
perceber que os outros reconhecem essa semelhança e continuidade.
O autor defende que o adolescente precisa de segurança perante todas as transformações –
físicas e psicológicas – desse período. Essa segurança advém na forma da sua identidade, que
terá sido construída pelo seu ego nos estágios anteriores. Esse sentimento de identidade
expressa-se nas seguintes questões que o adolescente se põe: sou diferente dos meus pais? O
que sou? O que quero ser? Respondendo a essas questões, o adolescente pretende enquadrarse num papel na sociedade. Ocorre também o surgimento do envolvimento ideológico, que
condiciona a formação dos grupos na adolescência. O ser humano precisa de sentir-se apoiado
pelo seu grupo nas suas ideias na sua identidade.
Erikson (1972) propõe a expressão de “moratória psicossocial” como o período de espera em
que o adolescente procura compromissos, para a sua vida futura. Mas toda a preocupação do
adolescente em encontrar um papel social provoca uma confusão de identidade, porque a
preocupação com a opinião dos outros faz com que o adolescente modifique constantemente
as suas atitudes, redefinindo a sua personalidade, muitas vezes num curto período de tempo,
em simultâneo com as transformações físicas que ocorrem nele.
Nesta confusão de identidade, o adolescente pode sentir-se incapaz de encontrar o seu lugar
no mundo adulto, o que pode muitas vezes levar a uma regressão.
Marcia (1966) apresenta duas dimensões essenciais na formação de qualquer identidade pelo
adolescente: uma crise ou exploração e um comprometimento ou compromisso.
Por crise ou exploração, Marcia (1966) entende o período de tomada de decisão, quando
antigos valores e antigas escolhas são reexaminados, podendo ser de forma tumultuosa ou
ocorrer gradualmente.
Na segunda dimensão, comprometimento ou compromisso, Marcia (1966) admite que a pessoa
tenha realizado uma escolha relativamente firme, servindo como base para a sua ação. O
resultado desejado da exploração é o compromisso com algum papel específico. O
48
compromisso corresponde ao grau de investimento pessoal que o indivíduo expressa (Marcia,
1966, 1967).
Marcia (1966) propôs quatro estados de identidade: execução, moratória, difusão e
construção. No estado de Execução, o adolescente persegue metas ideológicas e profissionais
escolhidas por outros (pais, figuras de autoridade, etc.). Não experimenta uma crise de
identidade. Pode ser o estado inicial do processo de formação da identidade adulta, partindo
dos valores infantis (Stephen, Fraser & Marcia, 1992).
No estado de Moratória, o adolescente debate-se com temas profissionais ou ideológicos. Está
a passar por uma crise de identidade e não definiu ainda as suas escolhas.
No estado de Construção de identidade, o jovem faz as suas opções de escolha e visa metas
profissionais ou ideológicas. Atravessou a crise e chegou ao comprometimento.
No estado de Difusão de identidade, o adolescente não está numa crise, embora possa ter
passado por uma no passado, e não chegou a nenhum comprometimento. A difusão de
identidade pode representar um estágio inicial no processo de aquisição da identidade, no
período da adolescência, ou o fracasso em chegar a um comprometimento depois de um
período de exploração.
Marcia (1966, 1967) considerou os estados de moratória e construção de identidade como
sendo os mais elevados no processo de desenvolvimento da identidade pessoal. Estão
associados a características positivas, tais como uma elevada autoestima ou maior autonomia,
e, principalmente, “abertura para as mudanças na sociedade e as mudanças nas relações”
(Stephen, Fraser & Marcia, 1992, p. 285).
Segundo Matteson (1972), na adolescência não ocorre uma única crise de identidade. Os
jovens vão se confrontando com diversas alternativas e preocupações; numa fase inicial da
adolescência, mais viradas para as mudanças corporais e, numa fase final, mais de encontro
às ideologias. Matteson (1972) alerta para o efeito de três fatores no processo de formação de
identidade: a época em que ocorre a exploração e o comprometimento, o tipo de alternativas
que foram exploradas e o grau de comprometimento do indivíduo.
Kimmel e Weiner (1998) resumem os compromissos com que os jovens se deparam, em três
atitudes: atitudes ideológicas (valores e crenças que guiam as ações); atitudes ocupacionais
(objetivos educativos e profissionais); e atitudes interpessoais (orientação de género que
influencia as amizades e relacionamentos amorosos). Os autores afirmam que, quanto mais
desenvolvido for o sentimento de identidade, mais o indivíduo valoriza o modo em que é
parecido ou diferente dos demais, e mais claramente reconhece as suas limitações e
habilidades. Quanto menos desenvolvida está a identidade, mais o indivíduo necessita do
apoio e de opiniões externas para avaliar-se e menos ele compreende as pessoas como
distintas.
49
Assim o desenvolvimento da identidade pessoal pode seguir caminhos diferentes de acordo
com características individuais e sociais (Meeus, Iedema, Helsen, & Vollebergh, 1999).
3.1.2. Identidade sexual
A identidade sexual foi estudada por diversos autores, os quais tentaram integrar no conceito
uma série de variáveis.
Shively e DeCecco (1977; 1993) apresentam um dos modelos de Identidade Sexual mais
completo (Pereira, Leal & Maroco, 2009), propondo que o constructo deve compreender
quatro componentes distintos:
- O sexo biológico (tal como é geneticamente determinado);
- A Identidade do Género (a convicção de cada indivíduo como sendo homem ou mulher);
- Os papéis Sexuais-Sociais (definidos pelo conjunto de características socialmente associadas
ao feminino e ao masculino);
- A Orientação Sexual (inclinação afetivo-sexual que um sujeito exerce face a outro de sexo
oposto ou do mesmo sexo, tendo em consideração dimensões importantes, mas distintas como
a fantasia, o desejo e o comportamento).
Este modelo pode ser esquematizado na seguinte figura (Pereira, & al, 2009):
SEXO BIOLÓGICO
(anatomia, cromossomas, hormonas)
macho……………intersexual……………fémea
IDENTIDADE DE GÉNERO
(sentido psicológico do self)
homem……………transexual……………mulher
PAPÉIS SEXUAIS SOCIAIS
(comunicação/acção social do género)
masculino……………adrógino……………feminino
ORIENTAÇÃO SEXUAL
(resposta romântica/erótica)
atracção por mulheres……………bissexual/assexual……………atracção por homens
Figura 4. Modelo de Identidade Sexual de Shively e DeCecco
(1977;1993)
Segundo Knobel (1992), a partir do seu nascimento, a criança já começa a ser diferenciada
sexualmente pela família através de roupas, cores, brinquedos e objetos. Os pais de forma
natural, impõem, durante a infância, as diferenças entre meninos e meninas e a sociedade
50
trata de acentuá-las mediante elementos meramente externos. Mas, a definição da
identidade sexual só se dará ao longo de um complexo processo biopsicológico e social, no
qual as atitudes da família influem de maneira determinante.
Apesar de desde o nascimento, meninos e meninas já receberem mensagens sobre o seu papel
sexual na sociedade e construírem a sua identidade, Knobel (1992) aponta que é a partir do
instante em que o indivíduo integra a sua genitalidade, que esta passa a dominar a sua
conduta e as suas aspirações.
As mudanças físicas correlacionadas com as mudanças psicológicas levam o adolescente para
uma nova relação com os pais e com o mundo, mas isto só será possível se o adolescente
puder elaborar lentamente os vários lutos pelos quais passa, ou seja, o da perda do corpo
infantil, a perda dos pais idealizados na infância e a perda da identidade infantil. Quando o
adolescente vive todo esse processo, integra-se no mundo com um novo corpo já maduro e
uma imagem corporal formada, que altera a sua identidade, e é esta a grande função da
adolescência, a busca da identidade que ocupa grande parte de sua energia.
Nesta perspetiva, o desenvolvimento social ocorre em simultâneo com o desenvolvimento
dum sentido de identidade pessoal, tal como a identidade sexual. O significado psicológico da
identidade sexual refere-se a três aspetos: a identidade de género, que é o nosso sentimento
interior de sermos homem ou mulher; o papel do género, que representa toda uma série de
normas de comportamento exterior que uma dada cultura considera apropriadas para cada
sexo; a orientação sexual, que é a escolha de um parceiro sexual. Identidade de género,
papel do género e orientação sexual são importantes determinantes da existência social da
pessoa (Stoller, 1968).
A orientação sexual é um componente da sexualidade que se distingue por uma atração
emocional, romântica ou afetiva prolongada a indivíduos de um género particular. Existem
três orientações comumente reconhecidas: a homossexual, com atração por indivíduos do
mesmo género; a heterossexual, com atração por indivíduos do género oposto; e a bissexual,
com atracão pelos dois géneros. Pode referir-se às pessoas com uma orientação homossexual
como sendo gays ou lésbicas. A orientação sexual é diferente do comportamento sexual
porque se refere aos sentimentos e ao autoconceito. As pessoas podem ou não expressar a sua
orientação sexual nos comportamentos que adotam (American Psychological Association,
2000). A orientação sexual é a preponderância de sentimentos, pensamentos, fantasias e/ou
comportamentos sexuais ou eróticos de um indivíduo que está presente desde uma idade
muito precoce, talvez desde a conceção (Savin-Williams, 1990; Vrangalova & Savin-Williams,
2010).
51
Em 1973, a Associação Psiquiátrica Americana considerou que a homossexualidade não é uma
doença; em 1975, a Associação de Psicologia Americana chegou à mesma conclusão.
Em 1987, a terceira edição do Manual de Diagnóstico e Estatística dos Distúrbios Mentais já
não referia a homossexualidade como uma parafilia. Em 1993, a Organização Mundial de
Saúde no ICD-10 não contemplava a homossexualidade como doença. Este processo de
despatologização da homossexualidade não está todavia erradicada da nossa sociedade; como
afirma Leal (2004), esta celebrada despatologização da homossexualidade não foi capaz de
resolver todas as questões que longos anos de perversões e um repertório nosológico
cientificamente estipulado, tinham instalado Apesar da aparente abertura relativamente à
homossexualidade, ainda persistem estereótipos e mitos enraizados na nossa cultura. Um dos
mitos questiona se as crianças educadas em famílias homossexuais, irão no futuro ter
orientação homossexual. Este mito é contrariado entre outros pelos estudos de Golombock e
Tasker (1996), outro mito também aponta para que filhos que crescem com pais homossexuais
poderão sofrer os estigmas sociais ligados à homossexualidade. No entanto, os estudos
realizados vão no sentido de que as crianças de pais homossexuais têm relações satisfatórias
com os seus pares e adultos (Perrin, 2002; Stacey & Biblarz, 2001). Existe de igual forma, a
ideia preconcebida que estas crianças se tornarão socialmente desadequadas por falta de
modelos parentais, por não terem contacto com o sexo oposto no seio familiar, ou que
estarão mais sujeitas a situações de abusos sexuais. Mais uma vez, os estudos contradizem
esta ideia (Clarke, 2001, Stevenson, 2000). Apesar de estarem cientificamente refutados,
verifica-se ainda o preconceito de se ser homossexual (Matias, 2007). Como referem Pereira,
Leal e Maroco (2009) “Infelizmente, ainda nos deparamos com uma forte ignorância social e
científica acerca das questões da sexualidade humana em geral e da homossexualidade em
particular. Isto pode fazer com que os indivíduos que se identificam como homossexuais
estejam sob forte pressão familiar e social, próprias dessa falta de informação e intolerância,
muitas vezes traduzidas na discriminação.”(p 13).
3.1.3. Mudanças na sexualidade dos jovens
A evolução dos costumes sofreu em menos de uma geração, uma transformação radical, o que
levou a que a sexualidade como objeto de repressão e de interdição, tenha passado a ser
aceite, mostrada, e até em certos casos exibida (Vasconcelo, 1999; Roque, 2001). Segundo os
mesmos autores, o adolescente vê-se assim, perante contradições difíceis de solucionar, por
um lado, a sociedade que é cada vez mais permissiva com os seus comportamentos e, por
outro lado, os pais, o grupo de pares, o sistema educativo, o sistema de saúde e a sociedade
em geral, mais repressivos.
A sexualidade, apesar de poder envolver um percurso variável de pessoa para pessoa, não
deixa de ser um dos aspetos fundamentais, nomeadamente na fase da vida do adolescente e
do jovem adulto.
52
Com a adolescência aparecem várias transformações corporais no próprio corpo, e agora o
corpo de outras pessoas, passa a ser alvo de máxima atenção, sendo a fonte de investigação e
de prazer, muitas vezes através da masturbação. A adolescência, que significa crescer para a
maturidade, é um período de transição que acarreta mudanças físicas e psicológicas no
indivíduo.
O comportamento sexual dos jovens tem vindo a alterar-se ao longo das duas últimas
décadas. Iniciam a sua atividade coital cada vez mais cedo, integrando de igual modo todo
um conjunto de comportamentos, no qual se incluem condutas tais como: consumo de
substâncias psicoativas, tabaco, álcool e drogas, intimamente ligadas a fatores sócio
culturais. A precocidade no início da atividade sexual tem sido associada a um conjunto de
consequências negativas e de comportamentos de risco.
Em relação ao comportamento sexual, estudos apresentam a antecipação das idades feminina
e masculina para a iniciação sexual nas últimas décadas, a utilização mais precoce de
métodos anticoncecionais (Domingues, 1997), sendo os rapazes que iniciam a sua sexualidade
mais cedo que as raparigas (Dias, 2009).
Segue-se a presentação de resultados de pesquisas realizadas no âmbito da sexualidade nos
jovens, estando elas agrupadas por áreas de interesse para o presente estudo, sendo elas:
vivências sexuais, início de vida sexual, anticoncepção, DST´s, a informação e crenças,
práticas sexuais, a masturbação, as fantasias, a orientação sexual, a saúde mental dos jovens
e por fim o duplo padrão sexual.
3.2.Resultados de pesquisas no âmbito da sexualidade nos
jovens
Tem-se verificado desde 1980 aproximadamente, um aumento significativo na investigação e
estudo académico em relação à sexualidade (Parker e Easton, 1998), em particular, na
sexualidade na juventude, com grande interesse na área da intervenção (Altmann, 2007).
Os fatores para tais interesses advêm das mudanças nas normas sociais; os movimentos
políticos feministas, gays e lésbicos; o impacto do aparecimento do VIH e as preocupações
crescentes com questões de saúde sexual e reprodutiva (Parker & Gagnon, 1995).
A investigação tem vindo a abranger áreas cada vez mais vastas, desde o antropológico,
psicológico, social e tem demonstrado que os comportamentos sexuais dos jovens têm vindo a
mudar ao longo do tempo. Segundo Zani (1991), ocorreram três mudanças significativas a ter
em conta na nossa sociedade:
53
- Os modelos reguladores da conduta sexual modificaram-se, dando lugar a uma maior
igualdade entre os sexos; as relações sexuais passam a ser aceites em contextos mais ou
menos estáveis;
- As atitudes face à sexualidade mudaram, havendo uma maior liberalização da mesma. Falase mais sobre o sexo, valorizando-se a sexualidade nas relações do casal;
- Maior precocidade nas relações sexuais, com aumento da atividade sexual, maior frequência
das relações, maior número de parceiros.
3.2.1. Vivências e práticas sexuais
3.2.1.1. O início da vida sexual
O início da vida sexual é considerado, historicamente, como um dos importantes marcos da
passagem da infância para a vida adulta (Reith, 2002; Bozon, 2004). Este início tem sido
regra geral, associado à primeira relação sexual com penetração (coito) entre pessoas de
sexos opostos (Borges & Schor, 2005). Todavia, alguns autores alargaram este conceito a todo
o processo de experimentação física e relacional que começa nas primeiras manifestações da
puberdade até depois da primeira relação sexual (Bozon, 2004).
Altmann (2007) entrevistou em São Paulo, Brasil, 20 raparigas e 10 rapazes acerca das suas
expectativas sexuais. Os entrevistados tinham entre 12 e 15 anos, sendo a sua idade média
de 14 anos. O estudo demonstra que a primeira relação sexual, (não ocorrida ainda para a
maioria dos entrevistados), era motivo de grande atenção, a qual era diferente para
raparigas e rapazes. Percebeu-se que eles não construíam grandes expectativas em torno
dessa experiência, mas mostravam –se ansiosos para que essa ocorresse o quanto antes. Por
outro lado, a maioria das raparigas planeava a maneira como iria viver esse importante
momento nas suas vidas. O parceiro deveria ser atencioso e compreensivo para com ela, a
relação deveria ser preferencialmente de namoro, já durar algum tempo e perdurar após a
relação sexual. Apesar de não saberem definir a idade ideal, ainda se consideravam muito
novas para isso. Por fim, a primeira relação sexual deveria ser um ato consciente e planeado,
para o qual o preservativo e, em alguns casos, também a pílula anticoncecional eram
indispensáveis. Os rapazes também faziam referência à utilização de preservativo Esses
resultados apontam para a diferença de conceção da primeira relação nos dois géneros.
Ao lado de questões como a Sida e as doenças sexualmente transmissíveis, a sociedade, em
crescente transformação de valores e padrões culturais, está a tomar consciência de uma
iniciação sexual cada vez mais precoce entre os jovens. Segundo Rappaport (1995), “por
muitas razões (falta de comunicações, cobrança dos grupos, mensagens transmitidas e
54
incentivadas pelos meios de comunicação de massa, falta de diálogo com os pais, solidão,
etc.), é frequente o início de uma vida sexual precoce” (p. 48).
Outros autores referem a quantidade ou qualidade da informação como possível causa da
precocidade das relações.
As duas maiores preocupações acerca da atividade sexual precoce são os riscos de DST´s e a
gravidez (Papalia, Olds & Feldman, 2006)
Lopes & Maia (1993) referem-se a uma tendência na diminuição da idade da primeira relação
sexual. No Brasil, a idade média era de 16.9 anos para raparigas e 15 anos para os rapazes,
sendo que essa iniciação precoce não vinha acompanhada de cuidados com a anti conceção.
Segundo esses autores, 26% da população feminina de 15 a 24 anos já viveu uma gravidez,
sendo que a mesma foi indesejada para 40% dessas jovens.
No entanto, Paiva, Calazans, Venturi & Dias (2008), analisaram no Brasil a idade e o uso do
preservativo na iniciação sexual de adolescentes brasileiros em dois períodos: 1998 e 2005.
Dentre os entrevistados, 670 jovens (16 a 19 anos) sexualmente ativos foram selecionados
para o estudo, 312 de 1998 e 358 de 2005. Em 2005, 61.6% dos jovens entrevistados tinham-se
iniciado sexualmente, cuja idade média foi 14.9 anos, sem diferenças significativas para os
jovens entrevistados em 1998. O uso de preservativo na primeira relação sexual aumentou
significativamente em relações estáveis (48.5% em 1998 vs. 67.7% em 2005) e casuais (47.2%
em 1998 vs. 62.6% em 2005). A diminuição no uso de preservativo entre os jovens que se
iniciaram sexualmente antes dos 14 anos, em todos os contextos de parceria, foi expressiva
entre os jovens mais escolarizados, entre os 15 e os 19 anos. Quanto à diminuição da
vulnerabilidade ao VIH, é relevante e significativo o incremento no uso de preservativo na
iniciação sexual, observando também uma tendência à estabilização da idade da iniciação
sexual.
Outro estudo realizado em França em 1990 (Deschamps, 1993) demonstrou que 12% dos
jovens dos 15 aos 24 anos tinham iniciado a sua vida sexual antes dos 15 anos, 50% entre os 16
e os 18 anos e 12% entre os 19 e 21 anos.
Rebello & Gomes (2009) realizaram um estudo visando analisar narrativas de homens jovens
universitários sobre a sua experiência de iniciação sexual. Dentre os significados da iniciação
sexual, destacam-se os de coito, demarcação de uma etapa da vida, despertar para o género
oposto e descoberta do corpo. Como ponto de partida para uma contextualização do cenário
da iniciação sexual destes jovens, consideramos como critério etário, terem nascido entre
1981 e 1987, sendo a média de idade entre eles de 21 anos. Estes indicaram que a iniciação
sexual ocorreu nos anos noventa. A idade apontada para a primeira relação sexual foi de
catorze anos.
Epou, Guembi, Anza, Gbale & Ali, (2004) realizaram um estudo chamado “Comportamento
sexual dos estudantes da universidade de Bangui” (Africa central). Ao longo do ano lectivo
98/99, investigaram 422 estudantes, sendo 218 rapazes e 204 raparigas, com idades médias
55
de 26.1 e 24.9 respetivamente. Mais de metade dos inquiridos tinha iniciado a sua vida sexual
entre os 15 e os 19 anos, verificando-se que os rapazes eram os que verbalizavam estar mais
satisfeitos com a sua primeira relação sexual.
Reis e Matos (2008), em Portugal, no seu estudo com jovens estudantes universitários
concluíram que a idade da primeira relação sexual dos inquiridos foi que 59.4% dos rapazes e
80.6% das raparigas tiveram a sua primeira relação aos 16 anos ou mais tarde, sendo que
39.6% dos rapazes e 1.1% das raparigas iniciaram entre os 13 e os 15 anos.
Lillian Rubin realizou um estudo em 1989, nos Estados Unidos, com cerca de 1000 pessoas
heterossexuais, com idades compreendidas entre os 18 e os 40 anos. Concluiu que existiam
mudanças nas relações sexuais entre homens e mulheres nas décadas anteriores. A vida
sexual dos mais velhos tinha começado muito mais tarde do que nos sujeitos mais novos.
Concluiu também que as alterações de comportamento e de atitudes sexuais eram mais
evidentes nas mulheres do que nos homens.
Um estudo foi levado a cabo por Oswalt, Cameron & Koob (2005) nos EUA, junto de 348
estudantes universitários, dos 18 aos 32 anos, com uma média de idade de 19.74 anos, sendo
71.1% mulheres e 28.3% homens. Verificaram que 270 alunos tinham uma vida sexual activa e
que 194 (71.9%) estavam arrependidos por já terem iniciado a sua vida sexual. As razões
referidas por esse arrependimento foram que a sua decisão não era consistente com a sua
moral (37%), o desconhecimento que o álcool influenciasse a sua decisão (31.7%), a certeza
de que não queriam o mesmo que o parceiro (27.9%), o não uso de preservativo (25,5%), a
pressão do parceiro (23%) e o seu desejo de ficar virgem até ao casamento (15.4%).
Em termos de idade da primeira relação sexual, Borges e Schor (2007), com base numa ampla
revisão da literatura, apontam que no Brasil, "o início da vida sexual de homens ocorre
basicamente ao redor dos 15 anos de idade". As pesquisas indicam que, entre rapazes e
raparigas, a idade em que ocorre a primeira relação sexual vem diminuindo e a atividade
sexual, aumentando. No entanto, ainda persiste uma dupla moral sexual, determinando
normas e expectativas sociais em relação à idade e circunstâncias adequadas para as
primeiras práticas sexuais, que diferenciam homens e mulheres.
A iniciação sexual na adolescência é abordada por autores de diferentes nacionalidades, o
que reforça a ideia de ser este um tema comum à realidade de diferentes países,
independente do seu grau de desenvolvimento (Martinez & Pascual, 1998; Stern &
Medina,2000; Lescano, 2002), tendo acarretado uma preocupação cada vez maior entre
profissionais de saúde, pais e professores pela falta de conhecimentos sobre conceção e uso
de contracetivos.
Os jovens iniciam a sua vida sexual cada vez mais cedo (Nodin, 2001; Calazans, 2000, 2005;
Domingues, 1997), o que leva a que os estudos na área dos comportamentos sexuais tenham
sido considerados prioritários (Reis & Matos, 2008). Esta problemática tem sido abordada por
diferentes países de todo o mundo, sendo ela comum às realidades portuguesa, europeia, mas
56
também de todo o mundo (Martinez & Pascual, 1998; Stern & Medina, 2000, Weller,2000;
Lescano 2002; Matos,2010). Portugal é o país da Europa onde a diferença entre os sexos,
quanto ao início da atividade sexual, é mais acentuada (Monteiro & Raposo, 2005). Na mesma
linha de ideias, um estudo comparativo de vários países da Europa referia que 30.2% dos
rapazes portugueses e 20.3% das raparigas se afirmavam como sexualmente ativos aos 15 anos
de idade (Avery & Lazdane, 2008).
3.2.1.2. Doenças sexualmente transmissíveis (DST´S) e uso de
método anticoncecional e de proteção.
O crescente interesse dos investigadores sobre a sexualidade dos jovens está ligada
em parte às DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis), sendo estas geralmente bacterianas
(gonorreia ou clamídia) e virais (herpes genital ou VIH/SIDA) (Pereira, Morais & Matos, 2008).
As Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) são doenças que afetam os países
industrializados tal como os países em vias de desenvolvimento, sendo o grupo etário 15-45
anos, o mais exposto ao risco (WHO, 2000). Sabe-se que nos EUA, 1 em 4 pessoas tem
probabilidade de contrair uma DST (Papalia, Olds & Feldman, 2001).
As DSTs têm sintomas e consequências diferentes, assim como se apresenta na seguinte
Tabela 1.
Tabela 1. Principais doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) (Rocha, Horta, Cruzeiro,& Cruz, 2007)
DOENÇA
SINTOMAS
PROGNÓSTICO
Gonorreia
Inflamação do colo do útero, transtornos H: esterilidade.
menstruais, uretrite no homem, secreção M: inflamação da pélvis, esterilidade e
amarelada.
possível cegueira do recém nascido.
Sífilis
Inicialmente úlceras genitais que não
curam. Posteriormente lesões na pele e
mucosas.
Lesões no sistema circulatório e
nervoso. Malformação ou morte do
recém-nascido.
Corrimento acinzentado, espumoso, com
cheiro a peixe. Nos homens, dor ao
urinar.
Artrites. Infecções nos olhos, pele e
boca.
Herpes genital
Lesões vesiculares nos órgãos genitais
externos.
Pode contagiar o feto. Aumenta o risco
de cancro do colo do útero.
Hepatite B
Lesões hepáticas, hepatite, cirrose.
Produz graves problemas no fígado.
Pode causar a morte.
SIDA
Anemia, febre, perda de peso, alterações Transmite-se ao feto. Infeções
imunitárias.
generalizadas e morte.
Candidíase
Picadas ao urinar, comichão, fluxo
vaginal muito abundante.
Mais frequente na mulher. Não têm
consequências.
Tricomoníase
Ardor, comichão, fluxo vaginal amarelo.
Infeção urinária na mulher e uretrite
no homem.
Pediculose
púbica
Sem consequências se desparasitar a
Lesões na pele, picadelas na zona púbica. pele e desinfetar a roupa em água
fervente.
Uretrite e
vulvovaginite
57
Os comportamentos de risco têm vindo a diminuir entre os adolescentes portugueses. A
utilização do preservativo aparece associada ao género feminino, a uma idade mais avançada,
à facilidade em falar com o pai, à não utilização de bebidas alcoólicas e ao não envolvimento
em lutas com os pares. Quanto às crenças e atitudes perante as pessoas infetadas, as
raparigas e os alunos que se encontram no final da adolescência têm mais facilidade em
aceitar o indivíduo infetado (Dias, Matos & Gonçalves, 2005; Matos e al., 2003).
Se algum mérito se pode descortinar como resultado de epidemias de doenças transmissíveis
sexualmente é o de terem desencadeado, senão mesmo forçado, uma revalorização, uma
sobre atenção ao fenómeno da sexualidade, ou melhor, das sexualidades humanas, um
exercício sistemático de descrição e de compreensão (Lucas, 1993).
Suplicy et al. (1995), referem que o VIH é uma epidemia mundial e o seu combate só será
possível através de um trabalho de prevenção e conscientização da mudança de
comportamentos sexuais. Segundo os autores, a população e principalmente os adolescentes
precisam de perceber que o vírus da Sida não está limitado aos chamados grupos de risco,
mas envolve todos, independente de classe social, raça, sexo, idade, crença religiosa, desde
que não se protejam nas suas relações sexuais. Os autores consideram que muitos obstáculos
culturais e emocionais ainda dificultam o trabalho de prevenção, não apenas do VIH, como
também das outras doenças sexualmente transmissíveis. A maior dificuldade reside no
sentimento de “omnipotência”, próprio dos adolescentes e que os levam a imaginar que com
eles “nunca vai acontecer” e que estão imunes a qualquer perigo.
Alguns investigadores sugeriram que as campanhas dos média não modificavam o
comportamento sexual dos jovens (Sherr, 1987) e que houve recentemente um aumento na
prevalência das doenças sexualmente transmissíveis dentro deste grupo etário, nos EUA
(Boyer e Kegles, 1991).
No Reino Unido, os dados indicam que houve um aumento da Clamídia e que a redução
drástica da gonorreia observada na população idosa não é vista nos mais jovens. Richard &
Van der Pligt (1991) estudaram o uso do preservativo num grupo de adolescentes holandeses e
concluíram que 50% dos que tinham múltiplos parceiros usavam sempre preservativo.
Num estudo americano, 30 % das adolescentes, das quais 16% usavam sempre o preservativo,
foram consideradas em risco de contraírem uma DST (Weisman, Plichta, Nathanson,
Ensminger, & Robertson, 1991).
Adhhiri & Tamang (2009) exploraram os comportamentos sexuais de 573 estudantes
universitários de género masculino no Nepal. Concluíram que apesar das restrições religiosas
e culturais, 39% tinham relações sexuais pré maritais, com comportamentos sexuais de risco,
com profissionais do sexo, múltiplas parceiras sexuais e com uso inconsistente do
preservativo. Concluem que apenas 57% usou preservativo na sua primeira relação sexual.
58
Rest (1986), num estudo realizado com jovens universitários, concluiu que cerca de 80% dos
indivíduos de ambos os sexos eram sexualmente ativos. O Women´s Risk and AIDS Project
(WRAP) (Holland, Ramazanoglu, Scott,Sharpe & Thomson, 1990) realizou entrevistas e aplicou
questionários a mulheres heterossexuais com idades compreendidas entre os 16 e os 19 anos.
O projeto chegou à conclusão que 16% das jovens usavam preservativo, 13% tinha usado o
preservativo e tomava a pílula, 2% usava preservativo e espermicidas e 3% tinham usado
preservativo e o diafragma No total, somente 30% da amostra usou preservativo enquanto 70%
nunca tinham usado preservativo.
Em 1992, Fife_Schaw e Breakwell realizaram uma revisão da literatura sobre o uso do
preservativo e concluíram que entre 24% e 58% dos jovens entre os 16 e os 24 anos tinham
usado preservativo durante a sua última relação sexual. Em França, um estudo demonstrou
com jovens que um terço dos adolescentes entre os 15 e os 19 anos não utilizou qualquer
método contracetivo na primeira relação (Deschamps, 1993).
Em 1994, Alferes realizou um estudo junto de 587 estudantes do ensino superior, em
Portugal, com idades compreendidas entre os 18 e 34 anos. Os homens revelam ter tido a sua
primeira relação sexual em cerca de um ano antes das mulheres, referem ter tido mais
parceiros sexuais, quer no último ano, quer em toda a sua vida. A taxa de virgindade feminina
foi, em todas as idades, mais alta do que a masculina. Os homens mostraram-se mais
favoráveis ao sexo sem compromisso e ao sexo ocasional. O estudo apresentou a adesão à
heterossexualidade em ambos os sexos.
O estudo de Brigitte Lhomond em 1997, “Sexualidade e juventude”, em França, sobre o
comportamento sexual de jovens entre 15 e 18 anos, identifica uma aproximação entre os
calendários e práticas sexuais masculinas e femininas, onde uma marcante assimetria de
gênero produz trajetórias sexuais e afetivas muito díspares. No entanto, a autora destaca,
entre os jovens franceses, expressivas divergências no que concerne às expectativas,
representações e estruturação tanto do núcleo de amizades quanto das relações com os
parceiros sexuais. Na pesquisa mencionada, a compreensão do que seja atividade/relação
sexual ou amorosa foi alargada, permitindo incorporar diferentes perceções juvenis sobre
atos e práticas vinculadas à experiência da sexualidade.
Todavia, a investigação, a nível nacional tem vindo a demonstrar que os jovens tendem a
utilizar o preservativo na sua primeira relação sexual (Reis & Matos, 2008; Matos,2010;
Ramos, Eira, Martins, Machado, Bordalo & Polónia, 2008), num estudo acerca da contraceção
em jovens universitários portugueses, verificaram que 79.2% de rapazes e 93% das raparigas
usaram um método contracetivo na sua primeira relação sexual, sendo ele o preservativo,
com 82.1% e 77% respetivamente, no entanto, os rapazes (9.5%) optaram mais
frequentemente pelo coito interrompido do que as raparigas (2.9%). O aumento do uso do
preservativo tem vindo a verificar-se entre os jovens portugueses desde 2002, passando de
59
71.8% para 82.5% (Matos, 2010, p 172) As mulheres mostraram-se mais conhecedoras dos
métodos contracetivos (Alferes,1994; Matos, 2010).
3.2.1.3. Informação e comunicação interpessoal na área da
sexualidade
Alguns adolescentes relataram não conversar sobre sexualidade, mas a maioria aponta os
amigos como principal fonte de informações sobre sexo. Frente ao exposto, fica claro que,
apesar de terem a sua primeira relação sexual cada vez mais precocemente, o diálogo sobre
prevenção tem surtido efeito, o que e reforçado pelo uso expressivo do preservativo entre os
adolescentes (Gubert & Madureira, 2009).
A cognição com conteúdos sexuais é mais presente nos rapazes do que nas raparigas. Tanto os
rapazes como as raparigas falam preferencialmente com um(a) amigo(a), do mesmo sexo e
com aproximadamente a mesma idade (Ramos et al. 2008). As autoras acrescentam que os
temas menos debatidos pelos rapazes são a “homossexualidade” e a “gravidez”. No caso das
raparigas, são os temas da “pornografia” e também da “homossexualidade” os menos falados.
Os mais falados foram o “namorar” nas raparigas e nos rapazes as “relações sexuais”.
É importante não esquecer as diferenças culturais e religiosas que influem diretamente na
forma como a informação é emitida e por quem. Pesquisas realizadas na Turquia, (Boratav &
Cavdar, 2012) com jovens, procuraram avaliar o tipo de mensagens que eram passadas acerca
da sexualidade através das várias fontes., das crenças sobre os papéis sexuais de homens e
mulheres, e fizeram perguntas sobre uma gama de experiências sexuais, incluindo coito e
não-coito. Os resultados forneceram um quadro da vida sexual de estudantes neste país na
encruzilhada do secularismo e costumes tradicionais muçulmanos. Ambas as semelhanças e
diferenças foram encontradas entre homens e mulheres. Tanto os homens como as mulheres
receberam mensagens mais restritivas do que permissivas. A fonte da mensagem mais
importante era os amigos do mesmo sexo para os homens e os pais para as mulheres. Os
homens tiveram mais namoros e parceiros sexuais que as mulheres.
Bekart (2005) refere que num estudo realizado no Reino Unido, 89% dos adolescentes
afirmavam que ter sexo sem usar preservativo os punha em risco de contrair VIH/SIDA, mas
16% continuariam a ter relações sexuais sem utilizá-lo se a oportunidade surgisse.
Os jovens sabem que o preservativo e a pílula são métodos que previnem a gravidez. Sabem
também que só o preservativo previne a Sida e outras doenças sexualmente transmissíveis
(Ramos et al. 2008). No entanto, um considerável número de estudos aponta ainda para um
desfasamento entre cognições, informação e comportamentos, o que explica, por exemplo,
que
pessoas
possuidoras
de
informação
adequada
sobre
o
VIH
não
pratiquem,
necessariamente, sexo mais seguro (Willig, 1999).
60
Verifica-se que a realidade deste tipo de informação e comunicação está mais relacionado
com aspetos sanitaristas e existe pouca informação sobre aspetos psico emocionais e
relacionados com o prazer.
3.2.1.4. Masturbação
A masturbação é uma prática frequente, embora apresente ainda reações variáveis. A
repressão à masturbação teve diversas conotações, ou seja, num primeiro momento, adquiriu
uma perspetiva moralizadora. Já num segundo momento, passa a ter uma conotação médica,
sendo atribuídas, por Tissot, consequências graves que iam desde a impotência, passando
pela loucura e a cegueira, podendo chegar à morte (Costa, 1986). O combate à masturbação
era feito com bases religiosas e sentimento de culpa, sendo exercido de modo severo.
Aparecem inúmeros tratamentos para curar “o mal”. Desenvolveu-se um comércio
antimasturbação cujas propostas de cura se estendiam desde o descanso, passeios pela
montanha, termas, exercício vigoroso e banhos frios até cintos de castidade e dispositivos
elétricos complexos destinados a desencorajar a masturbação ao emitirem choques elétricos
aos perpetradores (Mottier, 2010).
Chegando à Idade Contemporânea, no século XIX, a visão médica passa da cura para a
repressão punitiva e preventiva. A partir de então, as meninas passam a receber uma cirurgia
que consistia em cortar e costurar os lábios vaginais deixando apenas um pequeno orifício
para a saída da urina a do mênstruo (Costa, 1986).
Em 1895, Freud escreveu que a masturbação causava neurastenia e acreditava que a
masturbação tinha efeitos tóxicos, inclusive com alterações orgânicas permanentes em
diferentes partes do corpo (Pereira, 1982). Essa visão começa a mudar com a reflexão
analítica, passando a ser considerada como um ato necessário para uma boa evolução do
indivíduo. No decorrer deste movimento, Freud admitiu a atividade masturbatória,
ressaltando apenas o perigo da masturbação clitoriana, justificando que com esta prática a
mulher não conseguiria obter orgasmos vaginais, mantendo-se infantil e imatura sexualmente.
Mais tarde, reformula a sua ideia sobre este assunto, admitindo ser inadequada a sua antiga
postulação. O sentido e a interpretação da noção de masturbação ampliaram- se no decorrer
do século XX. Nessa viagem pela história, são dadas diferentes conotações para a
masturbação, no entanto quase todas enfatizavam que os órgãos sexuais deveriam ser
utilizados somente tendo como objetivo a reprodução, exceto para o que eles entendiam
como “necessidade fisiológica” e nunca como fonte de obtenção de prazer.
61
Béjin (1993) realizou em França, uma pesquisa, de setembro de 1991 a fevereiro de 1992 a
20 055 sujeitos, por via telefónica. O estudo era composto por questões relacionadas com as
práticas sexuais, em particular, a masturbação. Os resultados foram os seguintes: 87% dos
homens de 18 a 34 anos admitem ter-se masturbado pelo menos uma vez na vida, enquanto
somente 42% das mulheres ter-se-ia masturbado pelo menos uma vez na vida. O autor
considera que as mulheres subdeclararam as suas práticas de masturbação, assim como
também tendem a subvalorizar o número de parceiros sexuais. O autor concluiu, de igual
modo, que as entrevistadas admitiam mais facilmente ter-se masturbado a entrevistadores
homens, do que quando o entrevistador era mulher.
Nascimento et al. (2009) num estudo realizado no Brasil, num total de 2.018 homens jovens,
50,7% optaram pela resposta de que a masturbação é uma prática comum, mesmo tendo
parceiro/a. Os demais entrevistados distribuíram-se entre as respostas de que é uma prática
que se faz quando se está sem parceiro/a (31.01%) e de que é um vício (18.4%). Os autores
observam que, em relação a essa prática, ainda prevalece uma representação fortemente
associada ao masculino no sentido do auto-erotismo e da atividade sexual como portadoras de
uma qualidade técnica em si. Os autores observaram que a masturbação, apesar de quase
todos afirmarem ser uma prática rotineira e que todos fazem, ainda é um campo de
interdição, pelo constrangimento e vergonha que pode causar. Essa atitude leva manutenção
dos mitos e tabus relativos à masturbação. Gagnon (2006), quando se refere à conduta sexual,
problematiza a importância da masturbação nos roteiros sexuais masculinos e reflete que ela
está para além da produção de um ciclo orgástico de tensão generalizada, ou seja, processo
de excitação intensa e resolutiva. Segundo o autor, a masturbação, pode então ser
considerada como um processo de aprendizagem que possibilita uma mudança do campo da
competência para o do desempenho.
Alguns autores como Kaestle et al. (2011) num estudo realizado nos EUA, procuraram
identificar a masturbação como uma estratégia para melhorar a saúde sexual, promover a
intimidade relacional, e reduzir a gravidez indesejada, DST e da transmissão do VIH, a
masturbação pode ser vista como um contexto para o desenvolvimento sexual saudável. Em
vez de receberem um discurso racional por parte das suas famílias, escolas e do público em
geral, os jovens recebem mensagens confusas sobre esse comportamento não-reprodutivo
sexual através de outros meios nem sempre os mais adequados.
A fim de explorar a forma como os jovens adultos aprenderam sobre masturbação e
atualmente percebem a masturbação, os mesmos autores realizaram um estudo com 72
estudantes universitários (56 mulheres, 16 homens) atendidos numa aula de sexualidade
humana. Os resultados revelaram que as perceções de um jovem adulto e os sentimentos
sobre masturbação eram o resultado de um processo de desenvolvimento, que incluiu: (1)
aprender sobre o ato de masturbação e como fazê-lo, (2) aprender e internalizar a
62
contradição social do estigma e o tabu em torno deste ato prazeroso, e (3) chegar a um
acordo com essa tensão entre estigma e prazer. Embora quase todos os participantes tenham
ouvido falar de masturbação através dos média e dos seus pares (e não os pais ou
professores), o sexo era considerado com a ambivalência de estigma e prazer. A maioria das
mulheres relatou que ainda se deparam com a dificuldade em aceitá-la como normal. A
maioria dos homens reconheceu os aspetos benéficos para o desenvolvimento sexual saudável
que resultam da masturbação (Kaestle et al. 2011).
Alencar (2000), numa revisão bibliográfica sobre a masturbação, aponta como aspetos
positivos da masturbação: o autoconhecimento, a perceção das sensações agradáveis e a
fantasia. Segundo o autor, o ato masturbatório não é repreensível. Tendo em conta o perigo
das doenças infecto contagiosas é bom pensar que a masturbação, quando praticada sem
sentimento de culpa, é uma atividade segura, propiciando autoconhecimento e prazer.
Nos adolescentes, as contradições entre um corpo capaz de ter relações sexuais e as
restrições sociais e familiares ao início da vida sexual ativa com um parceiro, num
adolescente em busca de maturidade e num processo de definição da sua identidade sexual,
provoca uma “tensão sexual fisiológica” que necessita descarga: a masturbação é a maneira
habitual de aliviar essa tensão, sendo quse sempre mais precoce e frequente nos rapazes do
que nas raparigas (GTES, 2007).
Embora a masturbação apareça como uma prática comum e salutar (Nascimento et al. 2009),
ainda se mantem associada à ideia de prática não natural, rodeada de preconceitos e tabus
(Béjin 1993).
3.2.1.5. Consumo de substâncias psicoativas e interação sexual
Alguns estudos têm vindo a ser realizados no âmbito do consumo de álcool e drogas revelando
a existência de relação entre-os consumos dos mesmos e os comportamentos sexuais de risco
(Lindsey, Smith, & Rosenthal, 1997; Labrie, Earleywine, Schiffman, Pederson & Marriot, 2005;
Brook, Morojele, Zhang & Brook, J. 2006), uma vez que o consumo destas substâncias
potenciariam o risco no comportamento sexual desprotegido.
Segundo Lindsey et al.(1997), os jovens consumidores de álcool têm maior dificuldade em
evitar comportamentos sexuais de risco. Verificaram que aproximadamente 20% dos jovens
que não utilizaram preservativo na sua última relação, não o fizeram por estarem demasiado
embriagados ou sob o efeito de outra substância. Também Eaton et al. (2005) no “Youth Risk
Behavior Surveillance” verificaram que 23,3% dos jovens sexualmente ativos ingeria álcool ou
outras drogas na sua última relação sexual, sendo este comportamento mais raro nas
raparigas (19%) do que nos rapazes (27.6%). Outro estudo realizado por Labrie et al. (2005)
63
refere a relação direta entre consumo de álcool e a não utilização do preservativo junto de
uma população de rapazes.
Reis & Matos (2008) observaram num estudo com estudantes universitários, que 68,8%
referem nunca terem tido relações sexuais sob o efeito de álcool ou outra droga, o que
corresponde a um aumento do número de relações sexuais sob o efeito de álcool ou drogas.
Todavia, outro estudo tem desmontrado de igual modo que a percentagem de consumo de
álcool ou drogas associado às relações sexuais em 2010 voltaram a descer aos valores de 2002,
ou seja 13% (Matos, 2010).
Turchik et al. (2010) realizou um estudo onde utilizou as respostas de 310 estudantes de
psicologia da Midwestern U. S. University, com idades compreendidas entre os 18 e os 23 anos
para examinar os preditores de personalidade, sexualidade e uso de substância de
comportamentos sexuais de risco ao longo de um período de seis meses. Os dados foram
recolhidos em 2005-2006. Os resultados indicaram que o maior consumo de álcool e drogas
recreativas, maior extroversão, afabilidade e sentimento de inferioridade foram relacionados
com comportamentos sexuais de risco nos homens. Nas mulheres, o maior consumo de álcool
e de drogas, maior a excitação sexual, e menor inibição sexual foram preditores de
comportamentos sexuais de risco.
Os dados apresentados pelo Projeto Aventura Social e Saúde (referentes aos dados nacionais
de 2010) demonstram que em relação ao álcool, 35% dos jovens refere já ter tido relações
sexuais sob efeito do álcool, em particular os homens. São também os que têm relações há
menos de 6 meses e com idades compreendidas entre os 22 e os 28 anos que apresentam
maior frequência desse comportamento. Dos que referem ter tido relações porque tinham
bebido, 34% refere não ter utilizado um método contracetivo em todas as ocasiões, em
especial os homens. Nas mesmas circunstâncias, são 55% os que admitem não ter usado
preservativo, com prevalência das estudantes. A grande maioria refere não ter tido relações
sexuais por ter consumido substâncias psicoativas, embora sejam os homens que refiram
maior frequência, sendo a maioria na faixa etária 29-35 anos. Dos que tiveram relações
sexuais por terem consumido drogas, 40% admite não ter usado na maioria das vezes um
método contracetivo e são as mulheres que mais frequentemente usaram sempre. Nas
mesmas condições apenas 38% utilizaram sempre um preservativo.
Lomba, Apostolo, Loureiro, Graveto, Silva e Mendes (2008) realizaram um estudo em Coimbra
“Consumos e comportamentos de risco na noite de Coimbra” a 143 jovens com frequência
universitária, com idade média de 21.76 anos. Os resultados apontam para que as substâncias
mais consumidas sejam o álcool (95.1%), tabaco (79.72%), e cannabis (65.73%). Nos jovens
sexualmente ativos, a média de parceiros sexuais foi de 2.66 (DP=3.75). Neste grupo, 64.52%
teve relações sexuais sob o efeito do álcool e 29.84% sob o efeito de drogas. 40.33% nunca ou
64
quase nunca usou preservativo e 9.64% reconheceu não o ter usado por estar “bêbado” ou
“pedrado”14.69% teve relações sexuais devido ao consumo de drogas/álcool, das quais se
arrependeu posteriormente (Matos, 2010).
O consumo de compostos capazes de perturbar o estado normal da consciência, quer no
sentido de uma diminuição dos processos de inibição, como sucede com o álcool, quer
determinando uma estimulação direta como alguns procuram obter com substâncias simpático
miméticas como as anfetaminas ou a cocaína, quer ainda com a finalidade de provocar
alterações do sentido no espaço e do tempo ou do esquema corporal, como sucede com os
compostos alucinogénicos, tem sido utilizado com o objetivo de facilitar o relacionamento
interpessoal (Rico, 2000).
Senf e Price em 1994, levaram a cabo um estudo a fim de avaliar a relação existente entre o
consumo de álcool e o uso do preservativo nos jovens. Para o efeito, escolheram uma amostra
total de 1287 universitários, divididos em três grupos. O primeiro era composto por 708
sujeitos com idade média de 22,5 anos. O segundo grupo, com 369 sujeitos e idade média
29.9 e o último com 172 sujeitos, com idade média 17.7. Cada grupo era constituído
respetivamente por 58%, 81% e 65% de mulheres. Por fim, os resultados dos três grupos foram
reunidos, concluindo-se que o efeito desinibidor do álcool não é o fator principal para o não
uso do preservativo.
Podemos considerar, pelas investigações realizadas a nível internacional que os resultados das
diferentes investigações parecem indicar que uma parte significativa dos jovens sexualmente
ativos tendem a consumir substâncias psicoativas, levando a comportamentos sexuais
desprotegidos (Cooper, 2002; Kaly,2002; Leigh, 1999) e que está patente a prevalência
elevada do consumo e drogas e álcool associada a indicadores de comportamentos de risco.
Os jovens reconhecem o consumo como fator de risco e tem perceção do risco (Matos, 2010).
3.2.2. Conjugalidade
A conclusão de Pedro Vasconcelos (1998) sobre a conjugalidade e a sexualidade dos jovens
traz-nos informações importantes em relação à atitude dos jovens acerca do casamento e à
formação da família.
“Podemos constatar, no que diz respeito à conjugalidade, que os jovens têm uma clara
propensão para a matrimonialidade, já que a esmagadora maioria deseja viver com o
conjugue e casar. Vimos que a legitimação do casamento reside na ideologia do
“amor”, o que leva, a nível das declarações públicas, à secundarização das
características sociais de um eventual conjugue, já que os jovens entendem (pelo
menos ideologicamente) que o “amor” é socialmente descontextualizado. Mesmo
assim, a maioria dos jovens recusa num eventual conjugue características, tais como a
65
ameaça de promiscuidade sexual e de ter filhos de outrem, que podem representar
uma ameaça à exigência de fidelidade conjugal. De facto, para a maioria, a
infidelidade é causa de rutura. Assim, os modelos conjugais que veiculam são que
grande parte dos jovens aceitam, ainda que condicionalmente, a possibilidade de
divórcio – o que parece indicar que o laço formal entre os conjugues perde grande
parte da sua importância tradicional. Hipótese aliás sustentada pela aceitação abstrata
(total ou parcial) da coabitação informal. Verificamos igualmente que subsiste ainda
uma visão do papel das mulheres que subalterniza a sua realização profissional perante
as tradicionais competências maternas femininas. Por último, verificamos que os
projetos de matrimonialidade dos jovens são igualmente projetos de parentalidade.
Assim, em Portugal, verifica-se ainda alguma linearidade dos modelos de transição para
a vida adulta – ainda existe, grosso modo, um ciclo de vida (familiar) padrão, embora se
saiba, que hoje em dia, a entrada na idade adulta se dê mais tardiamente que
anteriormente (com a construção de uma juventude que alastra geracionalmente com o
adiar da idade do casamento e de parentalidade). Os jovens saem da família para
fazerem nova família. É de facto, de família a família. Assim, ao contrário do que
afirma F. de Singly (1981), para outro contexto cultural, “os jovens portugueses não
têm hoje uma atitude de distância e de indecisão face ao casamento” (Bandeira, 1996,
p115).). A distância e indecisão que possam ter são para eles as fases do namoro e de
coabitação informal, essas sim, caracterizadas por um princípio de reversibilidade,
consubstanciado numa ética de experimentação, particularmente no domínio da
sexualidade” (Vasconcelos, 1998, pp 301-302).
3.3. Saúde sexual e saúde mental
A saúde mental dos estudantes do ensino superior é um assunto que tem vindo a ter cada vez
mais atenção, devido à mediatização de alguns suicídios, mas também devido aos diversos
estudos que sugerem que a saúde destes jovens é pior do que a da população geral (StewartBrown, Evans, Patterson, Doll, Balding & Regis, 2000) e que apontam para um aumento e da
severidade dos problemas mentais na população estudantil (Arehart-Treichel, 2002; Kitzrow,
2003).
Estudos internacionais mostram que as razões que levam os estudantes a recorrer aos serviços
de aconselhamento do ensino superior são a ansiedade, a depressão, o comportamento
suicida, a automutilação, o abuso de substâncias, os distúrbios alimentares e o
comportamento psicótico (Kadison & Di Geronimo, 2004; Sharkin, 2006). Segundo o Serviço de
Apoio Psicológico ao Ensino Superior (RESARES, 2002), a situação em Portugal não está
distante dos resultados internacionais.
66
Gonzalez & Pais Ribeiro (2004) investigaram a relação entre comportamentos de saúde e
dimensões de personalidade em estudantes universitários da licenciatura em psicologia da
Universidade de Lisboa. Os participantes foram 270 estudantes do sexo feminino, de 18 a 30
anos (M=21,69). Os comportamentos de saúde foram avaliados com o Questionário de
Comportamento de saúde (Ribeiro, 1993) e as dimensões de personalidade foram avaliadas
com o Inventário de personalidade NEO-Revisto (NEO-PI-R; Costa& Mc Crae, 1992). Na
globalidade, os resultados parecem mostrar que os fatores de personalidade são fracos
preditores dos comportamentos de saúde, relacionando-se com o facto de fatores psicológicos
gerais explicarem apenas uma pequena proporção da variância dos comportamentos de saúde,
ao contrário do que acontece com factores sócio-cognitivos relativos a actividades
específicas.
Um estudo realizado por Fulton, Marcus, David, e Payne (2010) procurou avaliar a correlação
entre os traços de personalidade psicopática e os comportamentos sexuais de risco (CSR) em
estudantes. Os resultados demonstram que o risco de comportamento sexual está associado a
uma saúde negativa e consequências sociais incluindo as doenças sexualmente transmissíveis
e as gravidezes não desejadas. Os autores centraram-se na associação entre traços de
personalidade psicopática e CSR. Os estudantes universitários (N = 511) completaram um
questionário de CSR, traços de personalidade psicopática, e busca de sensações.
Quando a busca de sensações, os traços psicopáticos de dominância destemida e os traços
psicopáticos de anti socialidade impulsiva foram inscritos como preditores de comportamento
sexual de risco, apenas a anti socialidade Impulsiva contribuiu significativamente para a
regressão. Estes efeitos principais foram qualificados por um género de interação com traços
psicopáticos: (a) anti socialidade Impulsivo preditor de CSR em homens e mulheres, com uma
forte associação entre anti socialidade Impulsiva e CSR em homens, e (b) Dominância
destemida apenas preditor de CSR em homens
3.4. Duplo padrão
Na revisão da literatura, aparecem algumas diferenças de atitudes e comportamentos sexuais
entre os homens e as mulheres, o que parece provar a existência de um duplo padrão
A investigação tem procurado verificar como as relações sexuais pré-nupciais dos jovens estão
de acordo com as modificações recentes do duplo padrão características das sociedades
ocidentais atuais.
Verificamos que os estudos nacionais e internacionais tendem a afirmar ou infirmar a
existência do duplo padrão, que é num primeiro momento visto como a permissividade por
parte dos indivíduos do sexo masculino em terem relações sexuais antes do casamento. Neste
momento, assiste-se a uma mudança deste duplo padrão sexual aceitando-se também com
algumas condições a sexualidade pré-nupcial feminina, desde que dentro de uma relação
67
afetiva e duradoira (DeLamater, 1987; Alferes, 1994; Vasconcelos, 1998; Pais, 1998).Os
homens continuam com a ideia de masculinidade dominante, plena de virilidade fálica e
orgástica. As mulheres, ainda apresentam uma sexualidade constrangida e dominada,
apresentando uma sexualidade juvenil pré-matrimonial em expansão.
Hoje em dia, o paradigma do relacionamento modificou-se, sendo o tema da sexualidade
ainda muito controverso. As mulheres acreditam que a virgindade já não é tão importante e
tabu, mas os homens consideram ainda importante que as mulheres não tenham tido muitos
parceiros (Rocha-Coutinho, 2000).
“Além de um duplo padrão de género, existe também um duplo padrão social, pois quanto
mais se avança de um eixo socialmente desfavorecido para um eixo socialmente favorecido,
mais se avança igualmente de posições e atitudes tradicionais para posições e atitudes
modernistas”( Vasconcelos, 1998, p.304).
Os resultados das investigações realizadas nos últimos anos não são unânimes no que respeita
à existência do duplo padrão sexual (Alferes, 1997; Milhausen & Herold, 1999, 2001),
defendendo parte dos investigadores a convergência dos comportamentos sexuais entre
homens e mulheres em direção a um padrão sexual singular, que pressupõe a existência de
uma igualdade sexual. Outros investigadores apontam, contudo, que o duplo padrão sexual
está ainda enraizado nas nossas sociedades ocidentais (Gentry & College, 1998; Crawford &
Popp, 2003). Salientar que ambos os sexos reconhecem a existência de um duplo padrão
sexual que regula a forma como constroem a sua sexualidade, demonstrando que a dita
liberdade sexual, apesar de todas as mudanças ocorridas, continua a apresentar-se como uma
utopia. As semelhanças e diferenças entre sambos os sexos e as suas formas de pensar, sentir
e agir sobre um determinado tema podem ser vistas sob o ponto de vista do estereótipo de
género, como premissas verdadeiras para a população em geral (Chatard, Guimond &
Selimbegovic, 2007). Exemplificando, como referem os autores, os homens são geralmente
reconhecidos como dominantes, ambiciosos, interessados; as mulheres são geralmente
percebidas como cuidadoras, preocupadas com os outros e, neste caso, a perceção de
estereótipos da dominância do homem e a sensibilidade interpessoal da mulher são
independentes do tempo, da época, cultura (Désert & Leyens, 2006)
Os resultados das investigações vêm, mais uma vez, chamar a atenção para as desigualdades
existentes na sociedade portuguesa, valorizando-se o aspeto romântico e de envolvimento
amoroso por parte das raparigas e uma maior liberdade para os rapazes, valorizando-se
socialmente a quantidade de relações estabelecidas (Saavedra, Nogueira & Magalhães, 2010,
p139; Amâncio, 2003).
68
3.5. Vivências académicas dos estudantes portugueses
O ensino superior sofreu profundas transformações nos últimos trinta anos, levando a um
aumento do número de jovens a frequentar este ensino. Segundo Almeida, Soares & Ferreira
(2001), na origem deste fenómeno e relacionados com os recentes desenvolvimentos da nossa
sociedade, unem cinco fatores: “(i) a extinção num passado recente dos cursos de Ensino
Técnico; (ii) o alargamento da escolaridade obrigatória; (iii) a falta de alternativas ao
prosseguimento de estudos por parte dos jovens que se revelem igualmente atrativas; (iv) o
aumento da população estudantil pós- ensino básico na década de 1970; e (v) o
desenvolvimento de uma classe média com fortes aspirações de valorização pessoal e de
progressão social”(p.4). Também algumas orientações políticas da educação, no contexto
europeu, levou à criação de orientações para aumentar as taxas de frequência nas
universidades portuguesas para que possam competir com as taxas de frequência no ensino
superior dos outros países europeus. Essa mudança verifica-se com a heterogeneidade dos
estudantes, o aumento de portadores de deficiência, de jovens provenientes de escalões
sócio económicos e culturais mais baixos, estudantes provenientes de outros países. De igual
modo, as mulheres representam uma porção maioritária dos estudantes do esino superior em
Portugal.
O ingresso no ensino superior é considerado por muitos autores como tendo um grande
impacto no desenvolvimento dos estudantes, no entanto, existem características pessoais e
sociais que influenciam, tais como a idade, género, classe social, estratégias de coping,
interesses, entre outros (Melo, 2012). Assim, os estudantes integrados em atividades
extracurriculares e que residem no meio académico exprimem um elevado nível de
satisfação, envolvimento e interação com os amigos fora da sala de aula, comparativamente
aos estudantes que residem fora. Neste ponto de vista, os jovens estudantes podem
desenvolver sobretudo características que permitem a construção de indicadores que levam a
uma melhor integração e adaptação académica, tais como, o otimismo, assertividade e
autoestima (Almeida, Soares & Ferreira, 2000).
Em suma, do ponto de vista pessoal, a transição caracteriza-se por etapas de conflitos de
papéis entre diferentes períodos definidos da sua vida, originando novos padrões de vida.
Assim, assume-se o ingresso no Ensino Superior, como transição, onde ocorrem um conjunto
de vivências e oportunidades para os jovens experimentarem, afim de se realizarem as
mudanças desenvolvimentais. Os desafios com os quais se deparam os estudantes, nos
diferentes contextos, pessoal, social, emocional e académico irá levar a novos padrões de
comportamento (Melo, 2012).
Almeida, Ferreira & Soares (1999) estabeleceram cinco áreas consideradas complexas nesta
fase de desenvolvimento dos jovens:
69
i. Pessoal – que inclui itens essencialmente associados ao self e às percepções de bem-estar
por parte do estudante, tanto física como psicológica (…);
ii. Interpessoal – que inclui o relacionamento com os pares e o estabelecimento de relações
mais íntimas, assim como questões relacionadas com o envolvimento em actividades
extracurriculares (…);
iii. Curso-carreira – que inclui a adaptação ao curso, as aprendizagens no curso e as
perspectivas de carreira (…);
iv. Estudo – que inclui as competências de estudo do aluno, os hábitos de trabalho, a gestão
do tempo, a utilização da biblioteca e de outros recursos de aprendizagem (…);
v. Institucional – que inclui o interesse pela instituição, o desejo de nela prosseguir os seus
estudos, o conhecimento e a percepção da qualidade dos serviços e estruturas existentes (…).
70
Parte II: Estudo Empírico
71
72
4. Metodologia de investigação
73
74
4.1. Objectivos
Na revisão da literatura anteriormente realizada, abordou-se as principais dimensões teóricas
sobre a sexualidade, nomeadamente a sexualidade nos jovens. Para tal, recorreu-se aos
estudos efetuados nestes domínios. Procurou-se conhecer como os jovens vivenciam a sua
vida sexual e reprodutiva, quais as práticas sexuais adotadas, quais as suas posturas perante a
contraceção, as suas crenças, a sua orientação sexual, as sua expectativas em relação à
fecundidade. No entanto, não existem estudos de âmbito nacional, com as características da
presente investigação, propondo um modelo explicativo.
Por isso, propomo-nos neste estudo, com uma metodologia adequada, em primeiro lugar,
compreender como os jovens portugueses constroem e elaboram a sua sexualidade. Pretendese também contribuir para descrever a sexualidade dos jovens nos diferentes domínios assim
como comparar diferenças nas variáveis em estudo, homens/mulheres, faixas etárias, entre
outros. Por último, este estudo visa construir um modelo explicativo de base empírica que
seja representativo da sexualidade entre os jovens universitários portugueses.
4.2. Tipologia do estudo
Tendo em conta os objetivos, a presente investigação revestiu-se de um carácter
observacional, descritivo e transversal. Também apresenta um perfil comparativo, na medida
em que estabelece grupos de comparação. Por fim, tem um carácter explicativo porque se
propõe um modelo explicativo do comportamento dos jovens em estudo.
4.3. Método
4.3.1.Participantes
Participaram
nesta
investigação
526
jovens
estudantes
que
frequentam
qualquer
estabelecimento de Ensino Superior do nosso país. São alunos de variados cursos e vários anos
excluindo alunos do 3º Ciclo, que podem apresentar características pouco representativas
para a amostra em causa, uma vez que poderão encontrar-se numa faixa etária bastante mais
alta, característica esta, decorrente das alterações introduzidas pelo processo de Bolonha.
As características sociodemográficas da amostra são apresentadas nas tabelas que se
apresentam a seguir.
75
Assim a amostra ascendeu a 526 indivíduos, no que se refere a questionários válidos, o que
segundo Tinsley e Tinsley (1987), no âmbito de uma análise multivariada uma amostra de 500
é muito boa. Verificamos na secção dos dados sócio demográficos que a idade média da
amostra é de aproximadamente 22 anos, DP= 2,665, mín-Máx de 17 -29 anos, mediana de 21 e
moda de 19, havendo heterogeneidade na representatividade entre géneros, sendo 72.1% do
sexo feminino.
Os dados referentes à religião declarada apontam para 71.1% de católicos, 17.1% de
agnósticos e 6% ateus, embora 29.5% dos inquiridos se considerem nada religiosos, como se
pode observar na tabela 2.
Tabela 2. Caracterização demográfica da amostra.(n=526)
Variáveis
N
%
Feminino
379
72.1%
Masculino
147
27.9%
Católico
377
71.1%
Agnóstico
92
17.5%
Ateu
30
6%
Evangélica
4
0.8 %
Outra
23
4.6%
Muito religioso
32
6.1%
Algo religioso
105
19.9%
Mais ou menos
115
21.9%
Pouco religioso
119
22.6%
Nada religioso
155
29.5%
Género
Religião
Grau de religiosidade
A instituição de ensino a que pertencem é em 68.44% dos casos a universidade pública e em
31.55% o instituto superior público, como referido na tabela 3.
Tabela 3. Caracterização da amostra por tipo de instituição frequentada.
Tipo de instituição
N
%
Universidade Pública
360
68.44%
Instituto Público
166
31.55%
76
Os estudantes que responderam estão distribuídos da seguinte forma no que respeita à área
científica: ciências da saúde, 36.3%; ciências sociais e humanas, 21.3%; artes e letras, 20.5%;
engenharias, 12.9%; ciências exatas, 8.9%, conforme nos mostra a tabela 4.
Tabela 4. Caracterização demográfica da amostra por área científica frequentada e por género
Área científica
Homens
Mulheres
N
%
Sociais e humanas
22
90
112
21.3%
Artes e letras
27
81
108
20.5%
Engenharias
51
17
68
12.9%
Ciências exatas
14
33
47
8.9%
Ciências da saúde
33
158
191
36.3%
No que respeita ao ano de frequência, encontram-se 23.2% no primeiro ano de licenciatura,
22.6% no segundo ano e 22.6 % no terceiro ano. No segundo ciclo, ou seja no mestrado, estão
15.8% no primeiro ano, 12.2% no segundo ano e 3.6% no terceiro, como é visível na tabela 5.
Tabela 5. Caracterização da amostra por ano frequentado.
Ano em que se encontra
N
%
1º ano licenciatura
122
23.2%
2º ano licenciatura
119
22.6%
3º ano licenciatura
119
22.6%
1º ano mestrado
83
15.8%
2º ano mestrado
64
12.2%
3º ano mestrado
19
3.6%
Observa-se, na tabela 6, que a maioria, 83.8% dos inquiridos não são trabalhadores
estudantes.
Tabela 6. Caracterização da amostra por situação profissional.
É trabalhador estudante?
N
%
Sim
85
16.2%
Não
441
83.8%
Na zona universitária, os estudantes vivem em residência universitária ou casa partilhada com
colegas 35.3 %; em casa própria ou de familiares, 31% e por fim, em casa alugada 30.2%;
como é observável na tabela 7.
77
Tabela 7. Caracterização demográfica da amostra por tipo de residência na zona universitária.
Tipo de residência
N
%
Casa própria
124
23.6%
Casa alugada
159
30.2%
Casa de familiares
39
7.4%
Residência universitária
57
10.8%
Casa partilhada com outros
129
24.5%
Residência de origem
18
3.4%
A residência de origem dos jovens universitários é bastante diversificada, sobressaindo alguns
distritos tais como Lisboa (14.3%), Aveiro (14.1%), Castelo Branco (13.1%), Leiria (12.7%) e
Porto (8.9%), tal como são apresentados na tabela 8.
Tabela 8. Caracterização da amostra por zona de residência de origem.
Distrito
N
%
Aveiro
74
14.1
Beja
4
.8
Braga
23
4.4
Bragança
8
1.5
Castelo Branco
69
13.1
Coimbra
23
4.4
Évora
4
.8
Faro
2
.4
Guarda
26
4.9
Leiria
67
12.7
Lisboa
75
14.3
Portalegre
2
.4
Porto
47
8.9
Santarém
18
3.4
Setúbal
8
1.5
Viana do Castelo
11
2.1
Vila Real
13
2.5
Viseu
26
4.9
Açores
9
1.7
Madeira
11
2.1
Fora do país
6
1.1
78
4.3.2 Instrumentos
No presente trabalho, utilizaram-se instrumentos para dar cumprimento aos objetivos
propostos, a saber: dados demográficos, aspetos da sexualidade, preferências reprodutivas,
início da vida sexual, práticas sexuais atuais, fantasias sexuais, orientação sexual, crenças e
informação sexual, problemas sexuais e saúde mental. Na construção do questionário
sociodemográfico teve-se em conta as seguintes variáveis: a idade, o género, o curso e o ano
de frequência, a religião, se é trabalhador estudante, a proveniência geográfica, tipo de
residência na zona de estudo, com quem vive na zona de origem e na zona de estudo, se tem
irmãos entre outros.
Foi solicitada a utilização dos instrumentos aos seus respetivos autores (Anexos, 1, 2 e 3).
Os instrumentos que constituem o protocolo de avaliação podem ser classificados segundo as
áreas temáticas que pretendem avaliar:
- Os dados sociodemográficos.
- Vivências sexuais, com dados relativos à sexualidade, preferências reprodutivas e início da
vida sexual.
- Práticas Sexuais Atuais
- Fantasias Sexuais (Anexo 4).
- Orientação Sexual (Anexo 5).
- Crenças e Informação Sexual (Anexo 6).
- Problemas sexuais
- Saúde Mental (Anexo 7).
Em primeiro lugar foi feita uma apresentação do estudo e um pedido de participação com
consentimento informado (Anexo 8), tendo sido este materializado através da elaboração de
uma página on-line, construída para o efeito (Anexo 9).
4.3.2.1. Avaliação de informação referente às vivências sexuais
Com o objetivo de estudar algumas dimensões sociais dos sujeitos, foi elaborado um
questionário que procura fornecer informação acerca das vivências sexuais do sujeito, das
suas preferências reprodutivas e do início da vida sexual. É composto por 3 secções: Na
primeira secção, respeitante à comunicação sobre sexualidade, procura-se saber se os jovens
costumam falar da sexualidade, e se for o caso, quais os temas mais falados.
Na segunda secção, abordam-se as preferências reprodutivas, com o intuito de percebermos a
opinião dos inquiridos acerca do início da vida sexual, a melhor idade para tal, se concorda
com o casamento, em que circunstâncias, qual a melhor forma de compromisso entre duas
pessoas, se gostava de ter filhos, quantos e com que idade. Por fim, na terceira secção,
79
averigua-se as circunstâncias em que se deu o início da vida sexual, com que idade
aconteceu, que relacionamento mantinha com o parceiro, o tempo de duração dessa mesma
relação, as razões que levaram ao ato, qual a importância que teve para o inquirido, em que
situação aconteceu, se usou ou não método contracetivo ou de proteção contra as DSTs, se
sim, onde o obteve e quem tomou a decisão. No total, são apresentadas 29 perguntas com
respostas tipo Likert, ou de escolha múltipla, cuja pontuação será realizada através da
frequência das respostas.
4.3.2.2. Avaliação das práticas sexuais atuais
De forma a facilitar a compreensão das práticas sexuais dos sujeitos, foi utilizado um
questionário composto por diferentes afirmações, de escolha múltipla e de frequência e às
quais o sujeito teve que responder, com o objetivo de aprofundar o estudo das práticas
sexuais dos jovens e tentar perceber como se sentem em relação às mesmas.
O Questionário sobre as Práticas Sexuais Atuais é um instrumento constituído por 54 itens que
avaliam os comportamentos sexuais dos jovens. Os 54 itens correspondem a um conjunto de
afirmações autorreferenciais, que abrangem áreas relativas à vida sexual do sujeito. É
perguntado a idade da primeira menstruação ou ejaculação, se se masturba, com que
frequência, em que circunstâncias, e como se sente em relação ao mesmo, sendo
apresentadas diferentes possibilidades de resposta. Averiguam-se os sentimentos de natureza
sexual, procurando-se perceber se houve atração, fantasias ou contacto sexual com alguém
do mesmo sexo, sendo as possibilidades de resposta, sim, não ou não sei.
O
namoro
é
uma
das
dimensões
avaliadas,
nomeadamente
se
tem
ou
não
namorado(a),quantos já teve, o tempo de namoro. Se o sujeito tiver uma vida sexual ativa, élhe solicitada informação sobre o uso ou não de método contracetivo, o número de relações
sexuais ocorridas no último ano e o número de parceiros. Foi também criado um quadro com
uma lista de práticas sexuais concretas, à qual o jovem responde através das possibilidades
nunca, poucas vezes, às vezes, muitas vezes ou sempre. Por fim, referem-se as substâncias
psicoativas a fim de avaliarmos se os jovens costumam ter relações sexuais sob o efeito de
alguma substância ou se já aconteceu alguma vez. A avaliação dos scores é cotada sob forma
de frequência das respostas.
4.3.2.3. Avaliação das fantasias sexuais
A Escala de Fantasias Sexuais (Wilson, 1978; Freire, 2008), procura a obtenção de resultados
quantitativos normativos relativos a preferências, desejos e atividades sexuais e divide-se em
quatro categorias sexuais: exploratórias, íntimas, impessoais e sadomasoquistas.
80
A categoria de fantasias exploratórias reflete a tendência para a excitação e variedade
sexual. Quando a pontuação é alta nesta categoria significa que existem impulsos sexuais
fortes, habitualmente mais frequentes em homens do que em mulheres.
A categoria ligada a fantasias íntimas relaciona-se com a procura e satisfação de um
compromisso profundo com um número limitado de parceiros sexuais. Para este fator, não
existem grandes diferenças entre as pontuações masculinas e femininas.
A categoria das fantasias impessoais constitui o terceiro fator e manifesta o interesse por
fetiches, roupas, filmes e outras manifestações sexuais indiretas, com pouco valor associado a
sentimentos e à personalidade. Este tipo de fantasias ocorre mais frequentemente em
homens e tem sido interpretado como uma indicação de um forte interesse ao nível do sexo.
Em mulheres são tidas como indicadores de intimidade e satisfação.
Na última categoria, a das fantasias sadomasoquistas, o conteúdo está associado à resistência
ou provocação de dor durante a excitação sexual. Pode incluir jogos que consistem em atar o
parceiro ou ser atado, ser chicoteado ou levar palmadas nas nádegas e outras semelhantes.
A Escala de Wilson é constituída por uma ampla variedade de fantasias cujo espectro varia
desde as fantasias mais comuns e inócuas até àquelas mais desviantes, num total de 40 itens
(10 para cada categoria) e relativas a 5 condições: fantasias diurnas, fantasias durante a
prática sexual ou masturbação, fantasias passadas em sonhos, fantasias concretizadas e
fantasias que o indivíduo gostaria de concretizar. A cotação, no entanto é feita apenas com
base nas pontuações dadas para a primeira coluna (fantasias diurnas), uma vez que a
pontuação das outras colunas (correspondentes às restantes 4 condições) está altamente
correlacionada com a primeira (Wilson, 1988).
Pode também ser obtida uma pontuação global, através da soma dos valores de frequência
atribuídos a cada item, constituindo uma medida global de líbido ou desejo sexual (Wilson,
1988). Este instrumento foi validado para a população portuguesa por Freire (2008), tendo
procedido à análise da sua consistência interna através do cálculo do alpha de Cronbach, do
KMO e de uma Análise Fatorial Exploratória, com um nível de significância de 0,05, que é uma
medida de adequabilidade para a Análise fatorial (Wilson, 1988).
No nosso estudo, obtiveram-se medidas de consistência interna muito boas ou boas. Para a
escala completa obteve-se uma consistência interna de α = 0.89, e para as subescalas
Exploratórias α = 0.78, para as Intimas α = 0.74, para as impessoais α = 0.625, e para as
Sadomasoquistas α = 0.80.
81
4.3.2.4.Avaliação da orientação sexual
A Grelha de Orientação Sexual de Klein (Pereira, Leal & Maroco, 2009) é um sistema para
descrever a orientação sexual de uma pessoa, de uma maneira detalhada e informativa. Foi
construída por Klein (1993) e implica que, para cada indivíduo se estabeleçam sete variáveis
componentes da orientação sexual (atração sexual, comportamento sexual, fantasias sexuais,
preferência emocional, preferência social, estilo de vida homo ou heterossexual e
autoidentificação). Para cada um dos componentes, a orientação sexual é medida
relativamente às dimensões “passado”, “presente” e “ideal”.
A grelha considera o fato das pessoas poderem modificar a sua orientação sexual, ou seja, o
que uma pessoa considera ser no momento presente pode não coincidir com a sua
classificação passada, futura ou ideal. Isto significa que o conceito de orientação sexual é um
conceito dinâmico e contínuo. A cotação efetua-se pela atribuição de pontos que variam
entre 1 e 7, para cada uma das 21 combinações resultantes.
No processo de validação da grelha, a consistência interna estimada pelo α de Cronbach, nos
5 fatores variou entre um mínimo de 0.8 e o máximo de 0.95. No total, a escala apresentou α
=0.94. Estes valores demonstram a elevada consistência interna da escala (Pereira, Leal &
Maroco, 2009).
No presente estudo, a Grelha de Orientação Sexual de Klein apresenta uma consistência
interna de 0.83, muito bom (De Vellis, 1991).
4.3.2.5.Avaliação das crenças e informação sexual
O Questionário de Crenças e Informação Sexual (Adams e col, 1996, adaptado de P. Nobre,
2001) é um instrumento constituído por 25 itens que avaliam mitos sexuais e informação
incorreta acerca do funcionamento sexual e efeitos da idade. Os 25 itens estão distribuídos de
forma a avaliarem 5 fatores, sendo estes: tempo/paciência, stress/pressão, envelhecimento,
satisfação sexual e conhecimentos genéricos. O sujeito é convidado a indicar a sua opinião
relativamente à validade ou falsidade das afirmações (respostas corretas são pontuadas com 1
e incorretas com 0). O total da escala pode oscilar entre 0 e 25, sendo que valores elevados
indicam informação sexual adequada e baixa crença em mitos sexuais.
Estudos psicométricos indicaram adequada fidelidade temporal (teste-reteste – r =.82) e
consistência interna (alfa de Cronbach=.82) (Adams e al., 1996). Na presente investigação foi
utilizada uma versão portuguesa, traduzida e adaptada por Nobre (2001).
82
4.3.2.6.Avaliação de problemas sexuais
O Questionário de Problemas Sexuais construído para o efeito, é um instrumento composto
por 9 perguntas que avaliam situações problemáticas que terão ocorrido ao nível da
sexualidade do sujeito, construído no âmbito do presente trabalho. Estas situações são
descriminadas consoante o sujeito seja do sexo feminino ou masculino. É solicitado ao
inquirido que refira se nas últimas 4 semanas aconteceu algumas situações, tais como dor,
desconforto ou dificuldade em atingir o orgasmo para as mulheres; e se fosse homem, se teve
problemas de ereção, ou ejaculação precoce. Também é pedido que os jovens apresentem o
grau de satisfação relativamente à sua vida sexual, podendo classificar de 1 a 5, sendo que 1
corresponde a muito insatisfeito e 5 equivale a muito satisfeito.
Por fim, foi criado neste item, um quadro com uma lista de 7 comportamentos considerados
pelo DSM-IV como sendo de parafilia: Exibicionismo, Fetichismo, Frotteurismo, Masochismo
sexual, Sadismo sexual, Fetichismo travestido e Voyeurismo, com as respetivas definições. Era
solicitado que fosse identificado se esses atos tinham sido fantasiados ou realizados e em que
grau (Nunca, poucas vezes, às vezes, muitas vezes ou sempre).
4.3.2.7.Avaliação da saúde mental
O Inventário de Saúde Mental (MHI) (Ribeiro, P., 2001) é um questionário de autorresposta
que inclui 38 itens, tendo sido incluídos itens para medir tanto o Distress psicológico como o
Bem-estar psicológico.
Os 38 itens distribuem-se por cinco escalas (Ansiedade com 10 itens, Depressão, com 5 itens,
Perda de controlo emocional/comportamental, com 9 itens, Afeto positivo, com 11 itens,
Laços emocionais, com 3 itens) e por sua vez, estas cinco subescalas agrupam-se em duas
grandes subescalas ou dimensões que medem respetivamente o Distress psicológico e o Bemestar psicológico. O “Distress psicológico” resulta do agrupamento das subescalas de
“Ansiedade, depressão” e “Perda de controlo emocional/comportamental”, enquanto a de
“Bem-estar psicológico” resulta do agrupamento das subescalas “Afeto geral positivo” e
“Laços emocionais”. A resposta a cada item é dada numa escala ordinal de cinco ou seis
posições. A nota final resulta da soma dos valores brutos dos itens que compõem cada escala
referida acima. Parte dos itens são cotados de modo invertido. Valores mais elevados
correspondem a melhor saúde mental.
Os resultados obtidos para a validade da escala original, é uma consistência interna de α =
0.96 na escala total: Nas subescalas Ansiedade, α = 0.90; Depressão, α = 0.86; Perda de
controlo emocional/comportamental; α = 0.83, Afeto positivo, α = 0.92; Laços emocionais, α
= 0.81. As dimensões Distress psicológico e o
Bem-estar psicológico apresentam
respetivamente α = 0.94 e α = 0.92.
83
Neste estudo, obteve-se uma consistência interna de 0,96, Excelente, para a escala completa
(De Vellis, idem).
4.4. Procedimentos
Tal como referido anteriormente, foi elaborado no âmbito do presente estudo um
questionário on-line, a fim de permitir uma maior abrangência da população estudantil. O site
foi divulgado com recurso a diferentes meios, tais como pelo envio de e-mail às Associações
de Estudantes, Universidades e outras Instituições de Ensino Superior do país, que
reencaminhassem o pedido de colaboração no estudo aos seus estudantes, pelo envio de email solicitando a participação a mailing lists de grupos temáticos e pela inscrição em
comunidades virtuais. A participação nestes portais obedeceu à elaboração de um perfil de
identidade, onde estava o link de acesso à página da Internet onde se encontravam os
instrumentos, bastando que o utilizador carregasse na palavra “Questionário” para ser
diretamente redirecionado para o endereço eletrónico referido.
O tempo médio para responder ao questionário foi de 30 minutos. O pedido de colaboração
dos participantes preservou todas as condições tradicionais da pesquisa científica,
nomeadamente o consentimento informado, o anonimato e a confidencialidade.
Os sujeitos responderam, assim, de forma autónoma. A amostra foi recolhida entre setembro
de 2010 e setembro de 2011. À semelhança do que acontece noutros domínios da investigação
psicológica, o recurso a questionários autoadministrados comporta vantagens e desvantagens
relativamente a outras aproximações metodológicas. No campo específico da sexualidade, a
comparação dos questionários autoadministrados e das entrevistas face a face mostra que os
primeiros, ao maximizarem a privacidade dos respondentes, são mais eficazes na redução dos
“erros de medição” (Catania, Gibson, Chitwood & Coates, 1990). A sua principal desvantagem
prende-se com a impossibilidade de garantir inequivocamente que as instruções, o sentido das
questões e as modalidades de resposta foram corretamente compreendidos.
4.4.1. A Internet na investigação
O recurso à Internet tem aumentado drasticamente na população portuguesa. O Inquérito à
Utilização de Tecnologias de Informação e Comunicação pelas Famílias realizado desde 2002
pelo INE – Instituto Nacional de Estatística, IP em colaboração com a UMIC – Agência para a
Sociedade do Conhecimento, IP. sustenta que em 2010:
- 45% dos agregados familiares possuem computadores portáteis, uma percentagem 3,6 vezes
a de 2005 (era 12%) e mais do dobro da de 2007 (era 20%), uma óbvia consequência positiva
84
dos programas governamentais de apoio à aquisição de computadores portáteis para
estudantes.
- 50% dos agregados familiares dispõem de ligações em banda larga à Internet, mais do dobro
de 2005 (era 20%).
- 95% e 100% dos estudantes usam, respetivamente, Internet e computador.
- 75% das pessoas que utilizam a Internet declaram utilizá-la todos os dias ou quase todos os
dias, uma percentagem 1.3 vezes a de 2005.
O surgimento da Internet teve como consequência direta, a substituição do typed mail,
tornando-se cada vez mais utilizada na investigação. Na ausência de regras e políticas
específicas para esta aplicação, os investigadores deverão reger-se pelo sentido de
responsabilidade ética para proteger os seus participantes (Guidelines for Internet Research
with Human Subjects, n.d.). A informação on-line constitui um grande desafio relativamente
à ansiedade e à confiança (Barber, 2001). Muitos outros exemplos poderiam ser referidos para
ilustrar o modo como a Internet está a ser utilizada pelos investigadores na área da psicologia
e da sexualidade humana.
De uma maneira geral, a investigação com base no recurso à Internet deve ser sujeita aos
mesmos princípios éticos que a investigação psicológica mais tradicional. A beneficência, a
justiça e o respeito pelas pessoas é absolutamente fundamental. Assim, os investigadores que
recorrem à Internet devem:
- Não causar dano;
- Proteger o anonimato dos sujeitos;
-Proteger a confidencialidade de todos os dados da pesquisa que possam identificar os
sujeitos;
-Obter o consentimento informado; (Association of Internet Researchers Ethics Working
Commitee, 2001).
4.5. Análise estatística
4.5.1. Análise descritiva, inferencial e fatorial
A análise descritiva, inferencial e fatorial dos dados foi feita através do programa informático
SPSS 18 para Windows (Statistical Package for the Social Sciences). Começou-se por avaliar a
sensibilidade dos Questionários utilizados para averiguar as suas propriedades psicométricas.
85
Para além da mediana, moda, desvio padrão, número máximo e número mínimo, foi
explorada a distribuição dos itens através da análise do Skewness e do Kurtosis1
Seguidamente, avaliou-se a fidelidade dos questionários através do alfa de Cronbach2
Depois de verificar a validade para a Análise Fatorial através do teste de Kaiser-Meyer-Olkin3
(KMO), passou-se à referida análise para os itens dos questionários.
A Análise Fatorial, como técnica de análise exploratória de dados, tem como objetivo
descobrir e analisar a estrutura de um conjunto de variáveis interrelacionadas. No entanto, é
importante referir que produz um de muitos modelos explicativos possíveis (Maroco, 2007),
pelo que se utilizaram todas as rotações possíveis para a eventualidade de não-correlação
entre fatores, nomeadamente, as rotações Varimax, Quartimax e Equamax (rotações
ortogonais); e as duas rotações não-ortogonais possíveis, pressupondo que os fatores estavam
correlacionados, nomeadamente a Direct Oblimin e a Promax.
Verificou-se a distribuição dos itens em relação à normalidade através do teste de
Kolmogorov-Smirnov4 e procedeu-se, seguidamente, à análise inferencial através dos teste tstudent5, que é um método que determina diferenças entre médias quando são comparados
grupos distintos.
4.5.2. Análise de Modelos Estruturais
A Análise de Equações Estruturais (AEE) permite ao investigador testar um conjunto de
relações causais simultaneamente, após ter especificado um modelo teórico inicial, através
da produção de estatísticas de adequação e estimativas dos parâmetros (ITS, 2001).
A AEE recorre a uma nomenclatura própria. Assim, as variáveis manifestas são aquelas que se
assumem terem sido medidas diretamente e sem erro. Já aquelas não-observadas ou latentes,
1
O Skewness e do Kurtosis são medidas que avaliam a assimetria e a forma da distribuição e
recomendam a eliminação de itens com valor absoluto superior a dois.
2
O coeficiente alfa (a) de Cronbach é uma medida de fiabilidade interna que é determinada pela
fórmula a= k/k – 1 (1 – soma das variâncias de cada item/variância total de k itens). O valor do alfa
aumenta com o número de itens mais elevado e com correlações entre itens mais fortes. Um alfa
inferior a 0,50 é inaceitável, entre 0,50 e 0,60 é mau, entre 0,60 e 0,70 é razoável, entre 0,70 e 0,80 é
bom, entre 0,80 e 0,90 é muito bom, e um valor igual ou superior a 0,90 é excelente (De Vellis, 1991).
3
A medida de adequação de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) compara as correlações simples com as
correlações parciais observadas entre as variáveis. Um KMO próximo de zero indica ausência de
correlação fiável entre as variáveis, o que é dissuasor do recurso à análise fatorial. Um valor inferior a
0,50 é inaceitável, entre 0,50 e 0,60 é mau, 0,60 e 0,70 é razoável, entre 0,70 e 0,80 é bom e igual ou
superior a 0,90 é excelente (Olkkonen & Saastamoinen, 2000).
4
O teste de Kolmogorov-Smirnov (K-S) é utilizado para testar se uma amostra provém de uma
distribuição particular (neste caso , de uma distribuição normal). O valor estatístico do K-S é baseado na
diferença entre as distribuições cumulativas observadas e teóricas.
5
O teste de t-student de amostras independentes compara as médias para dois grupos.
86
não foram diretamente medidas pelo investigador, mas sim inferidas pelas covariâncias ou
correlações entre as variáveis medidas presentes na análise.
A AEE permite a representação gráfica das relações entre variáveis observadas e nãoobservadas. Os círculos ou as ovais representam as variáveis latentes, ao passo que os
retângulos ou os quadrados representam as variáveis medidas. Os erros residuais nunca são
observados, pelo que se representam em círculos ou ovais.
Nesta representação gráfica, as relações causais (de causa para efeito) são apresentadas sob
a forma de setas unidirecionais, sendo as correlações apresentadas sob a forma de setas
bidirecionais.
A AEE envolve três elementos básicos: (1) a especificação de um modelo de medida, (2) a
especificação de um modelo estrutural e (3) a estimação dos coeficientes do modelo e sua
validação.
A especificidade de um modelo é o exercício de afirmar formalmente um modelo (Hoyle,
1995) e, ao especificá-lo, estabelecem-se relações diretas, indiretas ou não-direcionais entre
variáveis. Na AEE, os efeitos causais, as variâncias e as covariâncias são parâmetros que
podem ser fixados (normalmente entre zero e um) ou livres (normalmente estimados a partir
dos dados).
Os elementos principais que constituem a AEE são: o modelo de medida (onde as variáveis
latentes são formadas a partir de indicadores observados) e o modelo estrutural (que inclui
relações entre variáveis latentes e manifestas). Assim, a AEE combina um modelo de medida
validado por uma análise fatorial confirmatória, ao passo que o modelo estrutural é uma
regressão múltipla ou uma análise de trajetórias (path analysis).
O objetivo da estimação é a obtenção de valores numéricos para os parâmetros
desconhecidos.
Utilizam-se,
de
modo
geral,
métodos
interativos
como
a
máxima
verosimilhança (maximum likelihood) ou os mínimos quadrados generalizados (generalized
least square)6. Cada método de estimação fornece estimativas de erros-padrão e um teste de
Qui-quadrado (2).
Para determinar as adequações dos Modelos de Medida e dos Modelos Estruturais, avaliam-se
os seguintes indicadores: O Goodness-of-fit 2, o Comparative Fit Index (CFI) e o Root Square
Mean Error of Approximation (RMSEA).
O Goodness-of-fit 2 fornece uma base comum de decisão acerca da adequação de um
modelo (Loehlin, 1998), mas se a amostra for muito grande ( como é o caso desta
investigação), o 2 tem tendência para uma probabilidade próxima do zero, levando à
6
Estes métodos de estimação são os mais utilizados e têm como objetivo procurar os parâmetros que
reproduzem melhor a matriz de variância-covariância estimada na amostra.
87
suspeita que o modelo não se adequa aos dados observados. Por esta razão, utilizam-se os
outros indicadores para determinar a adequação dos dados ao modelo (Hu & Bentler, 1995;
Schumacker & Lomax, 1996; Arbuckle & Wothke, 1999; Byrne, 2001; Kelloway, 1998). A
tabela 9 ilustra os índices de medida, os seus níveis de aceitabilidade e cutoffs críticos
utilizados. O software computacional utilizado neste procedimento foi o AMOS (v. 19,
Arbuckle, 2010).
Tabela 9. Índices de Adequabilidade aos dados ao Modelo (Browne & Cudeck, 1993).
Critérios
Goodness-of-fit 2
Comparative Fit Index (CFI)
Root Square Mean Error
Approximation (RMSEA)
of
Parsimonious
Comparative
Fit
Index (PCFI)
Akaike Information Criterion (AIC)
Bayes Information Criterian (BIC)
Goodness of Fit Index (GFI)
Nível de aceitação
NS (p>0.05)
0-Sem adequação
>0.90-Adequação muito boa
1-Adequação perfeita
0-Adequação perfeita
0-0.5-Adequação muito boa
0.05-0.08-Adequação aceitável
0.08-0.10-Adequação sofrível
>0.10-Inaceitável
(NS; p>0.05)
0-Sem adequação
1-Adequação perfeita
É utilizado para a comparação entre modelos e o modelo que se
ajusta melhor é o que tiver o menor AIC.
É utilizado para a comparação entre modelos e o modelo que se
ajusta melhor é o que tiver o menor BIC.
O GFI deve ser < ou =1; um GFI=1 indica uma adequação perfeita.
4.5.3. Operacionalização do Modelo de Medida
O modelo de medida fica definido através da operacionalização das variáveis latentes e das
variáveis manifestas que se organizaram a partir da revisão da literatura e da Análise Fatorial
exploratória.
•Os itens do questionário socio demográfico “Género”, “Idade” e “Proveniência geográfica”
(Prov geo), operacionalizam o fator “Variáveis socio demográficas” (Sócio Demo).
•Os itens “Circunstâncias para iniciar a sua vida sexual”(Circuns IVS), “Melhor idade para
iniciar a sua vida sexual” (Idade IVS), “Se concorda com o casamento” (Casamento), “Qual
a melhor forma de compromisso”( Melhor compro), “ Se gostaria de ter filhos (Filhos),
operacionalizam o fator Preferências sexuais”
•Os itens de Orientação sexual operacionalizam o fator “Orientação sexual”
•Os itens “Masturbação” (Mastur),“Se tem namorado(a)” (Namoro),“Início de vida sexual”
(IVS), “Número de parceiro(a)s que já teve (Parceiros), “Número de relações sexuais que
teve no último ano (Nº vezes), “Razões para ter relações sexuais” (Razoes),
operacionalizam o fator “Práticas sexuais”.
88
•Os itens “A idade em que teve a sua primeira ejaculação /menstruação”(1ª eja/menst), “Se
já iniciou a sua vida sexual” (Inic.V.S), “Idade da sua primeira relação sexual” (Idade.1ª
RS), “Qual a razão por ter iniciado a sua vida sexual” (Razao. V.S), “Se foi ou não
planeada”, “Importância da primeira relação sexual”(imp 1ªRS), Local onde ocorreu (Local
1ªRS), “Se usou contracetivo na sua primeira relação sexual (Contrac 1ªRS),)“Se consome
substâncias psicoativas” (Cons Subst psicoati) “Se usou contracetivo na sua última relação
sexual” (Contrac ultima RS), operacionalizam o fator “Vivências Sexuais”
•Os itens “Fantasias exploratórias” (Fant exploratórias), “Fantasias íntimas” (Fant Intim),
“Fantasias Impessoais” (Fant Impess) e “Fantasias Sadomasoquistas (Fant Sadoma),
operacionalizam o fator “Fantasias”.
•Os itens “Distress psicológico” (Distress psic), “Bem estar psicológico” (Bem estar psic) e
“Saúde mental total”(SM Total), operacionalizam o fator “Saúde Mental”.
•Os
itens
“Tempo/paciência”
(Tempo
pacien),
“Stress/pressão”
(Stress
press),
“Envelhecimento” (Envelhecimento), “Satisfação sexual” (satisf sexual), “Miscelânia
conhecimento básico” (Miscel conh/básico) e o “SBIQ Total” (SBIQ Total) operacionalizam
o fator “Informação e Crenças”.
•A idade é diretamente influenciada pelos dados sócio demográficos;
•O género é diretamente influenciado pelos dados sócio demográficos;
•A origem é diretamente influenciada pelos dados sócio demográficos;
•A SBIQTempo Paciencia é diretamente influenciado pela Informação e Crenças;
•A SBIQ Stress Pressão é diretamente influenciado pela Informação e Crenças;
•A SBIQ Envelhecimento é diretamente influenciado pela Informação e Crenças;
•A SBIQ Satisfação Sexual é diretamente influenciado pela Informação e Crenças;
•A SBIQ Miscelânia, Conhecimentos Básicos é diretamente influenciado pela Informação e
Crenças;
•A SBIQ Total é diretamente influenciado pela Informação e Crenças;
•SM Distress Psicológico é diretamente influenciado pela Saúde Mental;
•SM Bem Estar Psicológico é diretamente influenciado pela Saúde Mental;
•SM Total é diretamente influenciado pela Saúde Mental;
•A escolha de ter ou não filhos é diretamente influenciado pela Preferências Sexuais;
•A idade da primeira ejaculação/menstruação é diretamente influenciado pelas Práticas
sexuais;
89
•Se já iniciou vida sexual é diretamente influenciado pelas Práticas sexuais;
•Idade de início é diretamente influenciado pelas Práticas sexuais;
•Onde ocorreu é diretamente influenciado pelas Práticas sexuais;
•Se usou preservativo masculino é diretamente influenciado pelas Práticas sexuais;
•Consumo de substâncias psicoativas é diretamente influenciado pelas Vivências sexuais;
•Quantos parceiros é diretamente influenciado pelas Vivências Sexuais;
•Vezes relações sexuais ultimo ano é diretamente influenciado pelas Vivências Sexuais;
•Se usou proteção última relação é diretamente influenciado pela Vivências Sexuais;
•Se tem namorado é diretamente influenciado pelas Vivências Sexuais;
•Se se masturba é diretamente influenciado pelas Vivências sexuais;
•Se concorda com o casamento é diretamente influenciado pelas Preferências Sexuais;
•Melhores circunstanciâncias para iniciar a vida sexual é diretamente influenciada pelas
Preferências Sexuais;
•Orientação sexual é diretamente influenciada pela Orientação sexual;
•As Fantasias exploratórias são diretamente influenciadas pelas Fantasias;
•As Fantasias íntimas são diretamente influenciadas pelas Fantasias;
•As Fantasias impessoais são diretamente influenciadas pelas Fantasias;
•As Fantasias sado masoquistas são diretamente influenciadas pelas Fantasias;
•Com quem iniciou vida sexual é diretamente influenciado pela Orientação sexual.
90
Tabela 10. Operacionalização das variáveis latentes e das variáveis manifestas no modelo de medida
Estimativas
Idade
<---
Sócio_Demo
1.000
Género
<---
Sócio_Demo
1.000
Origem
<---
Sócio_Demo
1.000
SBIQTempPacie
<---
Informação_Crenças
1.000
SBIQStresPres
<---
Informação_Crenças
1.000
SBIQEnvelh
<---
Informação_Crenças
1.000
SBIQSatisSex
<---
Informação_Crenças
1.000
SBIQMisConhBas
<---
Informação_Crenças
1.000
SBIQTotal
<---
Informação_Crenças
1.000
SMDistPsi
<---
Saúde_Mental
1.000
SMBemEstPsi
<---
Saúde_Mental
1.000
SMTotal
<---
Saúde_Mental
1.000
Ter.Filhos
<---
Preferências_Sexuais
1.000
Idad.prim.ejac.menst
<---
Práticas_sexuais
1.000
Preserv.masc
<---
Práticas_sexuais
1.000
Onde.ocorreu
<---
Práticas_sexuais
1.000
Idade.Inic.V.S
<---
Práticas_sexuais
1.000
Ja.Inic.V.S
<---
Práticas_sexuais
1.000
Subst.psicoativas
<---
Vivências_Sexuais
1.000
Quantos.parceir
<---
Vivências_Sexuais
1.000
Vezes.rel.sex
<---
Vivências_Sexuais
1.000
Proteçao.ulti.relaç
<---
Vivências_Sexuais
1.000
Namorado
<---
Vivências_Sexuais
1.000
Masturbaçao
<---
Vivências_Sexuais
1.000
Concord.Casam
<---
Preferências_Sexuais
1.000
Cir.Inic.V.S
<---
Preferências_Sexuais
1.000
OrientSex
<---
Orientação_sexual
1.000
F.Exp
<---
Fantasias
1.000
F.Int
<---
Fantasias
1.000
F.imp
<---
Fantasias
1.000
F.SadMas
<---
Fantasias
1.000
Com.quem.inic.V.S
<---
Orientação_sexual
1.000
91
Tabela 11. Correlações do modelo de medida
Estimativas
Saúde_Mental
<--> Fantasias
-0.003
Informação_Crenças <--> Saúde_Mental
0.002
Sócio_Demo
-.0003
<--> Informação_Crenças
Preferências_Sexuais <--> Orientação_sexual
0.911
Práticas_sexuais
<--> Orientação_sexual
-0.855
Sócio_Demo
<--> Preferências_Sexuais
0.016
Vivências_Sexuais
<--> Fantasias
0.044
Práticas_sexuais
<--> Vivências_Sexuais
0.000
Sócio_Demo
<--> Orientação_sexual
0.041
Sócio_Demo
<--> Práticas_sexuais
0.035
Sócio_Demo
<--> Vivências_Sexuais
0.024
Sócio_Demo
<--> Fantasias
0.001
Sócio_Demo
<--> Saúde_Mental
-0.013
Informação_Crenças <--> Preferências_Sexuais
-0.931
Informação_Crenças <--> Orientação_sexual
-0.889
Informação_Crenças <--> Práticas_sexuais
0.900
Informação_Crenças <--> Vivências_Sexuais
-0.002
Informação_Crenças <--> Fantasias
-0.005
Saúde_Mental
<--> Preferências_Sexuais
0.004
Saúde_Mental
<--> Orientação_sexual
0.001
Saúde_Mental
<--> Práticas_sexuais
0.002
Saúde_Mental
<--> Vivências_Sexuais
0.080
Preferências_Sexuais <--> Fantasias
0.018
Orientação_sexual
<--> Fantasias
0.012
Práticas_sexuais
<--> Fantasias
-0.008
Preferências_Sexuais <--> Vivências_Sexuais
0.006
Vivências_Sexuais
0.001
<--> Orientação_sexual
Preferências_Sexuais <--> Práticas_sexuais
-0.875
•As variáveis sociodemográficas estão correlacionadas com a Informação e crenças, Saúde
mental, Fantasias, Vivências sexuais, Práticas sexuais, Orientação sexual e Preferênciais
sexuais;
•A Informação e crenças estão correlacionadas com a Saúde mental, as Fantasias, as
Vivências sexuais, as Práticas sexuais, a Orientação sexual, as Preferênciais sexuais e as
variáveis sociodemográficas;
92
•A Saúde mental está correlacionada com as Fantasias, as Vivências sexuais, as Práticas
sexuais, a Orientação sexual, as Preferênciais sexuais; as variáveis sociodemográficas e a
Informação e crenças;
•As Fantasias estão correlacionadas com as Vivências sexuais, as Práticas sexuais, a
Orientação sexual, as Preferênciais sexuais, as variáveis sociodemográficas, a Informação e
crenças e a Saúde mental;
•As Vivências sexuais estã correlacionadas com as Práticas sexuais, a Orientação sexual, as
Preferenciais sexuais, as variáveis sociodemográficas, a Informação e crenças, a Saúde
mental e as Fantasias;
•As Práticas sexuais estão correlacionadas com a Orientação sexual, as Preferênciais sexuais,
as variáveis sociodemográficas, a Informação e crenças, a Saúde mental, as Fantasias e as
Vivências sexuais;
•A Orientação sexual está correlacionada com as Preferenciais sexuais, as variáveis
sociodemográficas, a Informação e crenças, a Saúde mental, as Fantasias, as Vivências
sexuais e as Práticas sexuais;
•As Preferenciais sexuais estão correlacionadas com as variáveis sociodemográficas; a
Informação e crenças, a Saúde mental, as Fantasias, as Vivências sexuais, as Práticas
sexuais e a Orientação sexual.
93
Deste modo, construiu-se um modelo de medida descrito na figura 2
Figura 5. 1º Modelo de Medida operacionalizada a partir da Análise Fatorial e Exploratória.
As variáveis latentes (fatores) são apresentadas dentro de círculos, enquanto as variáveis manifestas são
representadas dentro de retângulos.
O 1º modelo resulta da relação e correlação de todas as variáveis em estudo. Define-se o
modelo inicial de acordo com as variáveis “sociodemográficas”, “Informação/crenças”,
“Saúde Mental”, “Fantasias”, “Vivências sexuais”, “Práticas sexuais”, “Orientação sexual” e
“Preferências sexuais”.
94
5. Resultados
95
96
5.1. Resultados dos questionários
Apresentam-se de seguida, os resultados obtidos através dos diferentes instrumentos de
avaliação da presente investigação, organizados por áreas temáticas da seguinte maneira:
5.1.1 Sexualidade: Vivências sexuais, com dados relativos à sexualidade, preferências
reprodutivas e início da vida sexual
5.1.2. Práticas Sexuais Atuais
5.1.3. Fantasias Sexuais
5.1.4. Orientação Sexual
5.1.5. Crenças e Informação Sexual
5.1.6. Saúde Mental
5.1.1 Sexualidade
Na secção que aborda o tema da sexualidade, observamos que os dois assuntos que os jovens
mais costumam abordar são as relações sexuais com 78.5%, seguido do namoro com 77.8%. Os
resultados podem ser observados na tabela 12, onde se observam as percentagens de todos os
assuntos referenciados.
Tabela 12. Assuntos habitualmente mais abordados pelos jovens
Assuntos
%
Relações sexuais
78.5%
Namoro
77.8%
Pílula
59.9%
Menstruação e/ou ciclo menstrual
58.6%
Doenças sexualmente transmissíveis
54.6%
Prevenção
54%
Contraceção
53.4
Aborto
50%
Preservativos
46.2%
Gravidez na adolescência
43.3%
Homossexualidade
42.8%
Relações interpessoais
40.7%
Higiene e saúde
39%
Masturbação
29.7%
Abusos sexuais
29.7%
Prostituição
23.8%
Puberdade
17.3%
Afetos e/ou amizade
8.9%
Gravidez indesejada
8%
Revistas e/ou filmes pornográficos
4%
97
Relativamente às diferenças entre géneros para a temática do aborto, verificaram-se
diferenças estatisticamente significativas entre homens e mulheres (2= 4.995; p= 0.025) que
nos indica que são as mulheres que mais falam sobre este assunto, como se pode ver na
tabela 13.
Tabela 13. Resultados para o “Aborto” enquanto assunto abordado por género (n=526)
Aborto
Homem
Mulher
Sim
Não
N
62
85
%
11.8%
16.2%
N
201
178
%
38.2%
33.8%
2
p
4.994
.025
*p < 0.05 ** p < 0.001
Quanto às diferenças entre géneros para a temática dos abusos sexuais, não se verificaram
diferenças estatisticamente significativas entre homens e mulheres (2= 0.524; p= 0.469),
resultados esses, visíveis na tabela 14.
Tabela 14. Resultados para os “Abusos sexuais” enquanto assunto abordado por género (n=526)
Abusos sexuais
Homem
Mulher
Sim
Não
N
47
100
%
8.9%
19.0%
N
109
270
%
20.7%
51.3%
2
p
0.524
.469
*p < 0.05 ** p < 0.001
Relativamente às diferenças entre géneros para a temática da gravidez na adolescência, não
se verificaram diferenças estatisticamente significativas entre homens e mulheres (2= 0.284;
p= 0.594), como nos mostra a tabela 15.
Tabela 15. Resultados para a “Gravidez na adolescência” enquanto assunto abordado por género (n=526)
Gravidez na adolescência
Homem
Mulher
Sim
Não
N
61
86
%
%11.6
16.3%
N
167
212
%
31.7%
40.3%
2
p
0.284
.594
98
*p < 0.05 ** p < 0.001
Relativamente às diferenças entre géneros para a temática da gravidez indesejada,
verificaram-se diferenças estatisticamente significativas entre homens e mulheres (2=
11.024; p= 0.001) que nos indica que são as mulheres que afirmam mais não falar sobre este
assunto, como se vê na tabela 16.
Tabela 16. Resultados para a “Gravidez indesejada” enquanto assunto abordado por género (n=526)
Gravidez indesejada
Homem
Mulher
Sim
Não
N
21
126
%
4.0%
24%
N
21
358
%
4.0%
68.1%
2
p
11.024
.001
*p < 0.05 ** p < 0.001
Relativamente às diferenças entre géneros para a temática das DSTs, não se verificaram
diferenças estatisticamente significativas entre homens e mulheres (2= 0.674; p= 0.412),
como nos apresenta a tabela 17.
Tabela 17. Resultados para as “DSTs” enquanto assunto abordado por género (n=526)
DSTs
Homem
Mulher
Sim
Não
N
76
71
%
14.4%
13.5%
N
211
168
%
40.1%
31.9%
2
p
0.674
0.412
*p < 0.05 ** p < 0.001
Relativamente às diferenças entre géneros para a temática do namoro, não se verificaram
diferenças estatisticamente significativas entre homens e mulheres (2= 1.010; p= 0.315), tal
como se vê na tabela 18.
99
Tabela 18. Resultados para o “Namoro” enquanto assunto abordado por género (n=526)
Namoro
Homem
Mulher
Sim
Não
N
110
37
%
20.9%
7.0%
N
299
80
%
56.8%
15.2%
2
p
1.010
.315
*p < 0.05 ** p < 0.001
Relativamente às diferenças entre géneros para a temática das relações interpessoais, não se
verificaram diferenças estatisticamente significativas entre homens e mulheres (2= 2.025; p=
0.155), tal como se pode verificar na tabela 19.
Tabela 19. Resultados para as “Relações interpessoais” enquanto assunto abordado por género (n=526)
Relações interpessoais
Homem
Mulher
Sim
Não
N
67
80
%
12.7%
15.2%
N
147
232
%
27.9%
44.1%
2
p
2.025
.155
*p < 0.05 ** p < 0.001
Relativamente às diferenças entre géneros para a temática das relações sexuais, não se
verificaram diferenças estatisticamente significativas entre homens e mulheres (2= 2.423; p=
0.120), tal como se vê na tabela 20.
Tabela 20. Resultados para as “Relações sexuais” enquanto assunto abordado por género (n=526)
Relações sexuais
Homem
Mulher
Sim
Não
N
122
25
%
23.3%
4.8%
N
291
88
%
55.3%
16.7%
2
p
2.423
.120
*p < 0.05 ** p < 0.001
Relativamente às diferenças entre géneros para a temática da prevenção, verificaram-se
diferenças estatisticamente significativas entre homens e mulheres (2= 5.815; p= 0.016),
como se pode verificar na tabela 21, que nos indica que são as mulheres quem mais falam
deste assunto.
100
Tabela 21. Resultados para a “Prevenção” enquanto assunto abordado por género (n=526)
Prevenção
Homem
Mulher
Sim
Não
N
67
80
%
12.7%
15.2%
N
217
162
%
41.3%
30.8%
2
p
5.815
.016*
*p < 0.05 ** p < 0.001
Relativamente às diferenças entre géneros para a temática dos preservativos, verificaram-se
diferenças estatisticamente significativas entre homens e mulheres (2= 6.508; p= 0.011),
como nos mostra a tabela 22, o que indica são as mulheres quem mais referem não falar de
preservativos.
Tabela 22. Resultados para os “Preservativos” enquanto assunto abordado por género (n=526)
Preservativos
Homem
Mulher
Sim
Não
N
81
66
%
15.4%
12.5%
N
162
217
%
30.8%
41.3%
2
p
6.508
.011*
*p < 0.05 ** p < 0.001
Relativamente às diferenças entre géneros para a temática da pílula, verificaram-se
diferenças estatisticamente significativas entre homens e mulheres (2= 11.401; p= 0.001)
que nos indica que são as mulheres que mais falam sobre este assunto, tal como se pode
avaliar na tabela 23.
Tabela 23. Resultados para a “Pílula” enquanto assunto abordado por género (n=526)
Pílula
Homem
Mulher
Sim
Não
N
71
76
%
13.5%
14.4%
N
244
135
%
46.4%
25.7%
2
p
11.401
.001**
*p < 0.05 ** p < 0.001
Relativamente às diferenças entre géneros para a temática dos afetos/amizade, verificaramse diferenças estatisticamente significativas entre homens e mulheres (2= 13.697; p < 0.001)
101
que nos indica que são as mulheres que mais dizem não falar sobre este assunto, tal como nos
demonstra a tabela 24.
Tabela 24. Resultados para os “Afetos/amizade” enquanto assunto abordado por género (n=526)
Afectos/amizade
Homem
Mulher
Sim
Não
N
24
123
%
4.6%
23.4%
N
23
356
%
4.4%
67.7%
2
p
13.697
.000**
*p < 0.05 ** p < 0.001
Relativamente às diferenças entre géneros para a temática da pornografia, verificaram-se
diferenças estatisticamente significativas entre homens e mulheres (2= 25.282; p <0.001)
que nos indica que são os homens que mais falam sobre este assunto, como se pode observar
na tabela 25.
Tabela 25. Resultados para a “Pornografia” enquanto assunto abordado por género (n=526)
Pornografia
Homem
Mulher
Sim
Não
N
16
131
%
3.0%
24.9%
N
5
374
%
1.0%
71.1%
2
p
25.282
.000**
*p < 0.05 ** p < 0.001
Relativamente às diferenças entre géneros para a temática da higiene e saúde, não se
verificaram diferenças estatisticamente significativas entre homens e mulheres (2= 0.066; p=
0.797), como é observável na tabela 26.
Tabela 26. Resultados para a “Higiene e saúde” enquanto assunto abordado por género (n=526)
Higiene e saúde
Homem
Mulher
Sim
Não
N
56
91
%
10.6%
17.3%
N
149
230
%
28.3%
43.7%
2
p
0.066
0.797
*p < 0.05 ** p < 0.001
102
Relativamente às diferenças entre géneros para a temática da menstruação, verificaram-se
diferenças estatisticamente significativas entre homens e mulheres (2= 42.462; p < 0.001)
que nos indica que são as mulheres que mais falam sobre este assunto, como se vê na tabela
27.
Tabela 27. Resultados para a “Menstruação” enquanto assunto abordado por género (n=526)
Menstruação
Homem
Mulher
Sim
Não
N
53
94
%
10.1%
17.9%
N
255
124
%
48.5%
23.6%
2
p
42.462
<.000**
*p < 0.05 ** p < 0.001
Relativamente às diferenças entre géneros para a temática da puberdade, não se verificaram
diferenças estatisticamente significativas entre homens e mulheres (2= 2.046; p= 0.153),
como nos apresenta a tabela 28.
Tabela 28. Resultados para a “Puberdade” enquanto assunto abordado por género (n=526)
Puberdade
Homem
Mulher
Sim
Não
N
31
116
%
5.9%
22.1%
N
60
319
%
11.4%
60.6%
2
p
2.046
.153
*p < 0.05 ** p < 0.001
Relativamente às diferenças entre géneros para a temática da prostituição, verificaram-se
diferenças estatisticamente significativas entre homens e mulheres (2= 25.375; p< 0.001)
que nos indica que são as mulheres que mais dizem não falar sobre este assunto, tal como vê
na tabela 29.
Tabela 29. Resultados para a “Prostituição” enquanto assunto abordado por género (n=526)
Prostituição
Homem
Mulher
Sim
Não
N
57
90
%
10.8%
17.1%
N
68
311
%
12.9%
59.1%
2
p
25.376
.000**
*p < 0.05 ** p < 0.001
103
Relativamente às diferenças entre géneros para a temática da homossexualidade, não se
verificaram diferenças estatisticamente significativas entre homens e mulheres (2= 0.048; p=
0.826), como nos indica a tabela 30.
Tabela 30. Resultados para a “Homossexualidade” enquanto assunto abordado por género (n=526)
Homossexualidade
Homem
Mulher
Sim
Não
N
64
83
%
12.2%
15.8%
N
161
218
%
30.6%
41.4%
2
p
0.048
.826
*p < 0.05 ** p < 0.001
Relativamente às diferenças entre géneros para a temática da masturbação, verificaram-se
diferenças estatisticamente significativas entre homens e mulheres (2= 15.327; p< 0.001)
que nos indica que são as mulheres que mais falam sobre este assunto, como se observa na
tabela 31.
Tabela 31. Resultados para a “Masturbação” enquanto assunto abordado por género (n=526)
Masturbação
Homem
Mulher
Sim
Não
N
62
16.2
%
11.8%
54.2%
N
94
94
%
17.9%
17.9%
2
p
15.327
.000**
*p < 0.05 ** p < 0.001
Relativamente às diferenças entre géneros para a temática da contraceção, verificaram-se
diferenças estatisticamente significativas entre homens e mulheres (2= 9.152; p= 0.002) que
nos indica que são as mulheres que mais falam sobre este assunto, tal como se verifica na
tabela 32.
Tabela 32. Resultados para a “Contraceção” enquanto assunto abordado por género (n=526)
Contraceção
Homem
Mulher
Sim
Não
N
63
84
%
12.0%
16.0%
N
218
161
%
41.4%
30.6%
2
p
9.152
.002*
*p < 0.05 ** p < 0.001
104
Preferências sexuais e reprodutivas
Em relação às circunstâncias para iniciar a vida sexual, verifica-se que as circunstâncias para
iniciar a sua vida sexual são para 16.34% das mulheres “Quando se sentirem preparadas”,
seguido de “Durante o namoro” com 12.88%. Este último foi também a resposta dada por
13.11 % dos homens, como se vê na tabela 33.
Tabela 33. Resultados para o “Circunstâncias para iniciar a sua vida sexual” por género (n=526)
Durante o Sem nenhum
Homens
Mulheres
Total
Após o
Pouco
Quando se sentir
Outra
namoro
compromisso
casamento
importa
preparado(a)
situação
Total
N
69
10
3
42
19
4
147
%
13.11%
1.9%
0.57%
7.98%
3.61%
0.76%
27.9%
N
245
2
6
36
86
4
379
%
12.88%
0.38%
1.14%
6.84%
16.34%
0.76%
72%
314
12
9
78
105
8
526
*p < 0.05 ** p < 0.001
Na secção respeitantes às preferências reprodutivas, ressalta que 59.7% dos jovens
consideram ser apropriado iniciar a sua vida sexual entre os 16 e os 20 anos, sendo a idade
média de início referida 17.67 anos, com o mínimo de 13 anos e a máxima de 25. Desvio
padrão de 1.936; Moda de 18 e Mediana de 18
Existem diferenças estatisticamente significativas entre os homens e as mulheres que
consideram mais adequado iniciar a sua vida sexual mais tarde que os homens (t(341)=-3.008;
p= 0.003), como se vê na tabela 34.
Tabela 34. Resultados para a idade considerada a mais acertada para iniciar a vida sexual. (n= 343)
Género
N
Média
Desvio padrão
t
p
Homem
114
17.23
2.545
-3.008
.003
Mulher
229
17.89
1.505
*p < 0.05 ** p < 0.001
75.5% dos questionados concordam com o casamento, no entanto 7.8% discordam e 16.7% não
tem opinião, sendo as mulheres que mais concordam com 78.8%, como se vê na tabela 35.
105
Tabela 35. Resultados para o “Se concordam com o casamento” por género (n=526)
Género
Sim
Não
Não tem opinião
2
Homem
Mulher
Total
N
98
14
35
%
66.66%
9.52%
23.8%
N
299
27
53
%
78.89%
7.12%
13.98%
N
397
41
88
%
75.5%
7.8%
16.7%
8.992
p
.011
*p < 0.05 ** p < 0.001
As circunstâncias consideradas mais favoráveis são após iniciar a vida laboral em 35.2% das
respostas, seguido de após algum tempo de namoro em 33.8%
106
A melhor forma de compromisso aparece como sendo o casamento para 51.5% dos jovens
inquiridos e a união de facto em 42.4%.
Existem diferenças estatisticamente significativas entre género, em relação ao casamento, e
a nenhum compromisso. O casamento é a opção mais escolhida pelas mulheres em relação aos
homens (p=0.013). Ao item “nenhum compromisso” ambos os géneros responderam
negativamente, embora tenham sido as mulheres quem mais respondeu não. No que respeita,
à possibilidade união de fato e cada um em sua casa, as respostas são negativas, e embora
não haja diferenças estatisticamente significativas, verifica-se serem as mulheres quem
menos concordam com esta opção, como é visto na tabela 36.
Tabela 36. Resultados para a melhor forma de compromisso (N=526)
Casamento
Homens
Mulheres
Total
p
Não
Sim
2
N
84
63
6.131a
.013
%
57.1%
42.9%
N
171
208
%
45.1%
54.9%
N
255
271
%
48.5%
51.5%
N
79
68
1.247
.264
%
53.7%
46.3%
N
224
155
%
59.1%
40.9%
N
303
223
%
57.6%
42.4%
N
143
4
0.395
.530
%
97.3%
2.7%
N
372
7
%
98.2%
1.8%
N
515
11
%
97.9%
2.1%
N
135
12
9.216
.002
%
91.8%
8.2%
N
369
9
%
97.6%
2.4%
N
504
21
%
96.0%
4.0%
União de fato
Homens
Mulheres
Total
Cada um em sua casa
Homens
Mulheres
Total
Nenhum compromisso
Homens
Mulheres
Total
*p < 0.05 ** p < 0.001
107
De salientar que 89.4% destes jovens gostava de ter filhos. Comparando entre géneros, não se
verificam diferenças estatisticamente significativas, embora sejam as mulheres quem mais
desejam ter filhos, com 91.55%, como se observa na tabela 37.
Tabela 37. Resultados” para a questão se gostariam de ter filhos por género (n=526)
Homem
Mulher
Total
Sim
Não
Não sei
2
p
N
127
7
13
5.881
.053
%
86.39%
4.76%
9.52%
N
343
22
14
%
91.55%
5.8%
3.69%
N
470
29
27
%
89.4%
5.5%
5.1%
*p < 0.05 ** p < 0.001
Os jovens, em média gostariam de ter dois filhos (47.5%). No entanto, não existem diferenças
significativas entre homens e mulheres quanto ao número de filhos que gostariam de ter
(t(429)= -0.875; p=0.382), como se pode observar na tabela 38.
Tabela 38. Resultados” para a questão quantos filhos gostariam de ter por género (n=331)
Género
N
Média
Desvio padrão
t
p
Homem
120
2.31
1.136
-0.875
.382
Mulher
311
2.40
0.792
*p < 0.05 ** p < 0.001
O primeiro filho nasceria idealmente entre os 25 e 30 anos (65.1%) e o último entre os 30 e os
35 anos (52.5%). Como se pode ver na tabela 39, a idade média para ter o primeiro e o último
filho é de 28.2 anos e 33.77 anos respetivamente.
Tabela 39. Resultados para “Idade em que gostaria de ter o 1º e último filho”
Idade para ter o 1º filho
Média
28.2
Mín-Máx.
20-40
Desvio padrão
2.885
Média
33.77
Mín-Máx.
23-50
Desvio padrão
3.671
Idade para ter o último filho
108
Verificamos que existem diferenças estatisticamente significativas entre géneros no que
respeita à idade de ter o primeiro filho. Os homens referem uma idade mais tardia que as
mulheres (t(403)=6.144; p< 0,001), como se vê na tabela 40.
Tabela 40. Resultados para a idade para ter primeiro filho (n= 405)
Género
N
Média
Desvio padrão
t
p
Homem
111
29.57
3.471
6.144
.000**
Mulher
294
27.68
2.444
*p < 0.05 ** p < 0.001
Em relação à idade para ter o último filho, existem diferenças estatisticamente significativas,
o que demonstra que as mulheres desejam ter o seu último filho mais cedo que os homens
(t(393)=4.317; p< 0.001), tal como é visível na tabela 41.
Tabela 41. Resultados para a idade para ter último filho (n= 395)
Género
N
Média
Desvio padrão
t
p
Homem
107
35.24
5.468
4.317
.000**
Mulher
288
33.31
3.212
*p < 0.05 ** p < 0.001
Início da vida sexual
Na secção referente ao início da vida sexual, a idade da primeira ejaculação/menstruação é
em média de 12,7 anos, DP de 1,511, mediana, 13 e moda 13, com a idade mínima e máxima
de 8 e 21 anos respetivamente. Relativamente à comparação entre géneros, verificam-se
diferenças estatisticamente significativas, tal como é observável na tabela 42, observando-se
que as mulheres tiveram a sua primeira menstruação mais cedo do que os rapazes tiveram a
sua primeira ejaculação.
Tabela 42. Resultados para a idade da primeira ejaculação nos homens e da primeira menstruação nas
mulheres (n= 453)
Género
N
Média
Desvio padrão
t
p
Idade da 1ª ejaculação
Homem
124
13.00
1.540
2.597
.010*
Idade da 1ª menstruação
Mulher
329
12.59
1.487
*p < 0.05 ** p < 0.001
109
Observa-se que 86,9% dos jovens já iniciaram a sua vida sexual. Quando comparados entre
géneros, não se verificam diferenças estatisticamente significativas, embora sejam as
mulheres que em maior percentagem iniciaram a sua vida sexual, como se vê na tabela 43.
Tabela 43. Resultados para a questão se já iniciaram a sua vida sexual (n=526)
Início da vida sexual
Homem
Mulher
Total
Sim
Não
N
122
25
%
83%
17%
N
335
44
%
88.4%
11.6%
N
457
69
%
86.9%
13.1%
2
p
2.707
.069
*p < 0.05 ** p < 0.001
A idade média de início foi 17.28 anos, tendo ocorrido entre os 16 e os 19 anos (62.6%).
Embora sejam 457 os jovens que iniciaram a sua vida sexual, verificamos que 441
responderam a estas duas questões. Observam-se diferenças estatisticamente significativas
entre a idade de início da vida sexual entre géneros, sendo que os homens a iniciar mais cedo
que as mulheres (t (341)=-3.353; p=0,001), tal como mostra a tabela 44.
Tabela 44. Resultados para a idade em que iniciaram a sua vida sexual por género (n=441)
Género
N
Média
Desvio padrão
t
Homem
118
16.80
2.040
-3.353
Mulher
323
17.46
1.766
p
.001**
*p < 0.05 ** p < 0.001
Observam-se diferenças estatisticamente significativas quando se comparam os dois grupos
etários, relativamente à idade em que iniciaram a sua vida sexual, (t (439)=-2,836; p=0.005)
tendo o grupo dos mais novos (17-21 anos) iniciado cerca de meio ano mais cedo do que o
grupo mais velho (22-30 anos), como se pode ver na tabela 45.
Tabela 45. Resultados para a idade em que iniciaram a sua vida sexual por grupos de idade (n=441)
Idade
17-21 anos
i
22-30 anos
N
%
Média
Desvio padrão
t
p
226
82.18%
17.04
1.446
-2.836
.005*
215
85.65%
17.54
2.195
*p < 0.05 ** p < 0.001
110
69% dos participantes teve a sua primeira relação sexual com um(a) namorado(a), 16% com
um(a) amigo(a).
Podemos verificar que o tempo médio de duração do relacionamento é cerca de 22 meses,
não
se
verificando
diferenças
estatisticamente
significativas,
(t(429)=-0.398;
p=0.691).Todavia, as mulheres tiveram este relacionamento mais longo do que os homens, tal
como se vê na tabela 46.
Tabela 46. Resultados para a duração deste relacionamento em meses (por género), (N=431)
Género
N
Média
Desvio padrão
t
p
Homens
108
21.85
24.922
-0.398
.691
Mulheres
323
22.95
24.607
*p < 0.05 ** p < 0.001
A razão apresentada para esta tomada de decisão foi o amor (56.1%), a atracão (52.9%), a
curiosidade (28.9%), porque queira perder a virgindade (9.3%) e por pressão do(a)
companheiro(a) (4.8%).
Quanto à comparação entre géneros, notamos que existem diferenças estatisticamente
significativas nas variáveis amor e pressão do companheiro, que indicam que são as mulheres
quem mais são influenciadas por essas razões para decidirem ter a sua primeira relação
sexual, e também na variável prazer que indica que são os homens que iniciam a sua vida
sexual pelo prazer, tal como se pode ver na tabela 47.
Tabela 47. Resultados para as razões pelas quais iniciaram a sua vida sexual (por género)(N=441)
Curiosidade
Atração
Amor
Pressão do companheiro(a)
Pressão de amigos
Queria perder a virgindade
Prazer
Género
N
%
2
p
Homem
48
32.65%
1.401
.237
Mulher
104
27.44%
Homem
81
55.1%
0.415
.520
Mulher
197
51.97%
Homem
58
39.45%
22.902
.000**
Mulher
237
62.53%
Homem
1
0.68%
7.475
.005*
Mulher
24
6.33%
Homem
2
1.36%
0.973
.312
Mulher
2
0.52%
Homem
20
13.60%
4.444
.35
Mulher
29
7.65%
Homem
57
38.77%
3.888
.049*
Mulher
113
29.81%
*p < 0.05 ** p < 0.001
111
A primeira relação sexual foi planeada em 36.7% dos casos.
É de salientar que a primeira relação sexual é referida por 35.1% como importante, 30.5%
como muito importante, 15.7% como fundamental, 14.8% como pouco importante e 3.9%
como nada importante. Existem diferenças significativas entre géneros, sendo as mulheres
que maior importância atribuem à primeira relação sexual.,(t (457)=-2.224; p=0.027), tal
como demonstra a tabela 48.
Tabela 48. Resultados para a importância da primeira relação sexual (n=457)
Género
N
Média
Desvio padrão
t
p
Qual a importância da
dHomens
122
3.21
1.054
-2.224
.027*
primeira relação?
iMulheres
335
3.46
1.032
*p < 0.05 ** p < 0.001
Os jovens referem que a primeira relação sexual foi consentida em 99,6% dos casos.
No que respeita ao local em que ocorreu a primeira relação sexual, os resultados apresentamse da seguinte forma: 45.29% foi na casa dele(a), 26.25% na sua casa, 8.75% num carro, 7.43%
em casa de amigos, 3.93% num hotel, 3.5% num espaço público e 3.93% na rua. Ver tabela 49.
Tabela 49. Resultados para o local onde ocorreu a primeira relação sexual (n=457)
Local
Frequência
%
Na sua casa
120
26.25%
Na casa dele(a)
207
45.29%
Na casa de amigos
34
7.43%
Num hotel
18
3.93%
No carro
40
8.75%
Num espaço público
16
3.5%
Na rua
18
3.93%
Outro
4
0.87%
Total
457
100.0%
Os jovens contaram a um(a) amigo(a) 73.6%, a ninguém, 11.6% e 5.8% contaram à mãe.
Quando questionados acerca da utilização de um método anticoncecional/de proteção contra
as DSTs, 81.2% utilizou o preservativo masculino, 3.9% utilizou a pílula, 2.2% realizou o coito
interrompido e 1.3% utilizou o preservativo masculino e a pílula simultaneamente. É de referir
que 11.4% dos jovens não utilizaram qualquer método anticoncecional/de proteção aquando
da sua primeira relação sexual.
112
Quando comparados entre géneros, verifica-se diferenças estatisticamente significativas
quanto à pílula, em que as mulheres respondem em maior percentagem ( 2= 4.279; p=0.039) e
em relação a não terem usado qualquer meio contracetivo, em que, apesar de no geral
poucos não terem usado, observa-se que são as mulheres que responderem negativamente a
este item (2= 21.399; p< 0.001). São as mulheres quem mais usaram o preservativo masculino,
o coito interrompido e a pílula com o preservativo, tal como se vê na tabela 50.
Tabela 50. Resultados para se usou método anticoncecional por género na primeira relação sexual
(n=457)
Preservativo masculino
Homens
N
%
Mulheres
N
%
Total
N
%
Pílula
Homens
N
%
Mulheres
N
%
Total
N
%
Coito interrompido
Homens
N
%
Mulheres
N
%
Total
N
%
Pílula e preservativo
Homens
N
%
Mulheres
N
%
Total
N
%
Nenhum
Homens
N
%
Mulheres
N
%
Total
N
%
Não
29
24.0%
57
17.0%
86
18.8%
Sim
92
76.0%
279
83.0%
371
81.2%
2
2.856
p
.091
121
99.2%
318
94.9%
439
96.1%
1
0.8%
17
5.1%
18
3.9%
4.279
.039*
122
100.0%
325
97.0%
447
97.8%
0
0.0%
10
3.0%
10
2.2%
3.735
.053
122
99.2%
329
98.5%
451
98.7%
1
0.8%
5
1.5%
6
1.3%
0.319
.572
97
77.2%
308
92.8%
405
88.6%
28
22.8%
24
7.2%
52
11.4%
21.399
.000**
*p < 0.05 ** p < 0.001
113
A iniciativa foi de ambos em 89.6% das situações, não havendo diferenças estatisticamente
significativas entre géneros, tal como se vê na tabela 51.
Tabela 51. Resultados para “Quem tomou a iniciativa da primeira relação sexual” (n=386)
Homens
Mulheres
Total
Próprio
11
12.08%
19
6.44%
30
7.77%
Companheiro(a)
1
1.09%
9
3.05%
10
2.59%
Ambos
79
86.8%
267
90.5%
346
89.63%
Total
91
23.57%
295
76.42%
386
100%
2
p
3.983
.137
*p < 0.05 ** p < 0.001
Os contracetivos utilizados foram obtidos na farmácia (67.4%), no centro de saúde (12.2%), no
hipermercado (11.2%), junto de amigos (7%), junto dos pais (1.3%) e em 0,8% dos casos, o
parceiro trazia. Nos casos em que não utilizaram contracetivo, justificam as suas decisões
porque não esperava que acontecesse em 37%, e conhecia bem o(a) parceiro(a) 32.9%.
5.1.2. Práticas sexuais atuais
Na questão sobre masturbação, 69.4% responderam que se masturbavam. Verifica-se que
existem diferenças estatisticamente significativas entre géneros, e que os homens são quem
mais admite masturbar-se, tal como é mostrado na tabela 52.
Tabela 52. Resultados para “Se se masturba” (n=526)
Homens
Mulheres
Sim
137
93.19%
228
60.15%
365
69.39%
Não
10
6.8%
151
39.84%
161
30.6%
Total
147
379
2
p
54.435
.000**
Total
526
*p < 0.05 ** p < 0.001
Verificam-se diferenças estatisticamente significativas entre homens e mulheres, no que
respeita à idade em que começaram a masturbar-se, (t (312)=-7.688; p=0.000), sendo os
homens que começam mais cedo, aos 12.88 anos em média, e as mulheres aos 15.24, como se
observa na tabela 53.
Tabela 53. Resultados para “A idade em que começou a masturbar-se” (n=314)
Género
N
Média
Desvio padrão
t
p
Homens
121
12.88
1.984
-7.688
.000**
Mulheres
193
15.24
2.979
*p < 0.05 ** p < 0.001
114
Observam-se diferenças estatisticamente significativas entre género no que respeita ao
número de vezes que se masturbaram nos últimos sete dias, (t (524)=7.133; p=0.000), tendo
tido os homens esta prática 3.05 vezes em média, e as mulheres, 1.24 vezes, tal como é
apresentado na tabela 54.
Tabela 54. Resultados para ”Quantas vezes se masturbou nos últimos sete dias” (n=311)
Género
N
Média
Desvio padrão
t
p
Homens
124
3.05
2.946
7.133
.000**
Mulheres
187
1.24
1.489
*p < 0.05 ** p < 0.001
Verifica-se que 89.04% dos jovens que se masturbam se sente satisfeito, 8.17% envergonhado
e 1.41% culpado com esta prática.
Comparando entre géneros, verificamos que, embora não existam diferenças estatisticamente
significativas, os homens são quem mais satisfeitos se sentem com esta prática (91%), contra
87.8% para as mulheres, são as mulheres que menos culpa sentem por se masturbarem
(98.64%), contra 98,5% para os homens; e são também os homens que menos vergonha sentem
(94.77%) contra 90,04% para as mulheres, como se pode observar na tabela 55.
Tabela 55. Resultados para ”Como se sente com o facto de se masturbar” (n=356).
Género
Satisfeito(a)
Culpabilizado(a)
Envergonhado(a)
Outro(a)
N
Sim
Não
Total
N
%
N
%
Homens
134
122
91%
12
8.9%
Mulheres
222
195
87.8%
27
12.16%
Total
356
317
89.04%
39
10.95%
Homens
134
2
1.49%
132
98.5%
Mulheres
222
4
1.35%
218
98.64%
Total
356
6
1.41%
350
98.59%
Homens
134
7
5.22%
127
94.77%
Mulheres
222
22
9.95%
199
90.04%
Total
356
30
8.17%
326
91.83%
Homens
135
2
1.48%
133
98.5%
Mulheres
221
0
0%
221
100%
Total
356
354
99.43%
39
10.95%
2
p
0.881
.348
0.011
.917
2.489
.115
3.293
.070
*p < 0.05 ** p < 0.001
Os estudantes referem que lhes apetece masturbar-se quando pensam em ideias românticas
(47.5%), quando se excitam com pornografia (28.9%) ou quando estão tensos (21%).
Na comparação entre géneros, verifica-se que existem diferenças significativas em dois
temas, sendo que as mulheres se masturbam preferencialmente quando pensam em ideias
115
românticas (2=8,065; p=0.005), e os homens têm esta prática quando pensam em
pornografia (2=15,303; p< 0.001). Também se verifica que as mulheres masturbam-se mais
do que os homens quando estão tensas, embora não seja estatisticamente significativo, como
se vê na tabela 55.
Tabela 56. Resultados para ”Em que situação lhe apetece masturbar-se” (n=311)
Ideias românticas
Pornografia
Não sei
Quando está tenso
Outro
Género
N
%
2
P
Homens
50
38.46%
8.065
.005*
Mulheres
113
54.32%
Homens
54
41.53%
15.303
.000**
Mulheres
45
21.63%
Homens
2
1.53%
0.228
.633
Mulheres
2
0.96%
Homens
24
18.32%
0.635a
.425
Mulheres
46
21.9%
Homens
1
0.77%
0.731
.393
Mulheres
4
1.92%
*p < 0.05 ** p < 0.001
Nos últimos sete dias, os jovens referem ter-se masturbado em média 2 vezes, com um
mínimo de 1 vez e um máximo de 4 vezes.
Alguns estudantes não apresentam preocupação por se masturbar excessivamente (75.5%),
17.8% preocupam-se, 6.7% não sabe. Comparando entre géneros, não se encontram diferenças
estatisticamente significativas, mas as mulheres são quem respondem em maior percentagem
não se preocupar por se masturbar excessivamente, como se pode ver na tabela 57.
Tabela 57. Resultados para “Se se preocupa por masturbar excessivamente” (n=360)
Género
Sim
Não
Não sei
Total
Homens
32
23.5%
94
69.12%
10
7.35%
136
Mulheres
32
14.28%
178
79.46%
14
6.25%
224
Total
64
272
24
2
p
5.421a
.067
360
*p < 0.05 ** p < 0.001
A primeira pessoa por quem sentiram atração sexual foi um(a) amigo(a) 85%, um ídolo 4.8%,
um professor, 4.6% e um namorado 5.7%. Verificam-se diferenças estatisticamente
significativas entre géneros, nas respostas professor(a) e namorado(a), sendo as mulheres
quem menos se sentiram atraídas pela primeira vez por um professor ( 2= 14.910; p<0,001) e
são os homens quem menos se sentiram atraídos pela primeira vez por uma namorada
(2= 7.155; p=0,007). As mulheres sentiram-se mais atraídas por amigos do que os rapazes e
menos atraídas por um ídolo, como se pode ver na tabela 58.
116
Tabela 58. Resultados para “A pessoa por quem sentiu atração sexual” por género (n=526).
Amigo(a)
Homens
Mulheres
Total
Ídolo
Homens
Mulheres
Total
Professor(a)
Homens
Mulheres
Total
Namorado(a)
Homens
Mulheres
Total
N
%
N
%
N
%
Não
25
17.0%
54
14.2%
79
15.0%
Sim
122
83.0%
325
85.8%
447
85.0%
2
0.632
p
.427
N
%
N
%
N
%
139
94.6%
362
95.5%
501
95.2%
8
5.4%
17
4.5%
25
4.8%
0.214
.644
N
%
N
%
N
%
132
89.8%
370
97.6%
502
95.4%
15
10.2%
9
2.4%
24
4.6%
14.910
.000**
N
%
N
%
N
%
145
98.6%
351
92.6%
496
94.3%
2
1.4%
28
7.4%
30
5.7%
7.155
.007*
*p < 0.05 ** p < 0.001
79.8% dos jovens referem nunca terem sentido atração por uma pessoa do mesmo sexo e
embora não se verifiquem diferenças significativas entre géneros, podemos verificar na tabela
59, que são os homens quem mais dizem não terem sentido atração por alguém do mesmo
sexo.
Tabela 59. Resultados para “Se já sentiu atração por alguém do mesmo sexo” (n=526)
Género
Sim
Não
Não sei
Total
Homens
18
12.24%
125
85.03%
4
2.72%
147
Mulheres
71
18.73%
295
77.83%
13
3.43%
379
Total
89
16.92%
420
79.84%
17
4.48%
526
2
p
3.487
.175
*p < 0.05 ** p < 0.001
76.4% do total dos inquiridos referem nunca terem tido fantasias sexuais por alguém do
mesmo sexo. Não se verificam diferenças significativas entre géneros, embora sejam os
homens a referir em maior percentagem não terem tido fantasias por alguém do mesmo sexo,
como se vê na tabela 60.
117
Tabela 60. Resultados para “Se já teve fantasias por alguém do mesmo sexo” (n=526)
Género
Sim
Não
Não sei
2
p
1.911a
.385
Total
Homens
26
17.68%
118
80.27%
3
2.04%
147
Mulheres
88
23.21%
284
74.9%
7
1.84%
379
Total
114
30.08%
402
76.42%
10
1.9%
526
*p < 0.05 ** p < 0.001
86.3% dos estudantes dizem nunca terem tido contacto sexual com alguém do mesmo sexo.
Embora não se verifiquem diferenças significativas entre géneros, as mulheres são quem mais
nega qualquer contacto sexual com alguém do mesmo sexo, tal como se pode ver na tabela
61.
Tabela 61. Resultados para “Se já teve contacto sexual com alguém do mesmo sexo” (n=526)
Género
Sim
Não
Não sei
2
p
2.995
.224
Total
Homens
22
14.96%
124
84.35%
1
0.68%
147
Mulheres
49
12.93%
330
87.07%
0
0%
379
Total
71
13.5%
454
86.3%
1
0.2%
526
*p < 0.05 ** p < 0.001
No momento em que responderam, 66.2% dos jovens tinham namorado(a). Em média, o
tempo que dura esta relação é de 28 meses.
A idade média em que começaram a namorar é de 15 anos, não existindo diferenças
estatisticamente significativas entre géneros, como se pode ver na tabela 62.
Tabela 62. Resultados para a idade em que começaram a namorar por género (n=468)
Género
N
Média
Desvio padrão
t
Homem
126
15.58
2.581
0.429
Mulher
342
15.47
2.275
p
.668
*p < 0.05 ** p < 0.001
Os inquiridos tiveram em média um pouco mais de dois namorados(as), havendo quem tivesse
respondido 30 e outros nenhum. Observam-se diferenças estatisticamente significativas entre
géneros, sendo os homens que tiveram em média 3 namoradas. (t(494)=2.652; p 0.008), como
é visível na tabela 63.
Tabela. 63. Resultados para o “Número de namorados(as) que já tiveram” por género (n=496)
Género
N
Média
Desvio padrão
t
p
Homem
135
3.04
3.553
2.652
.008*
Mulher
361
2.35
2.138
*p < 0.05 ** p < 0.001
Dos que têm namorado(a), a frequência com que se encontram é diariamente em 43.6%, aos
fins-de-semana, 32.1%, até 5 vezes por semana, 11.2%, até 3 vezes por semana em 8.4% e
4.7% raramente.
118
Na tabela 64,observamos que na sua última relação, 43 % dos jovens utilizaram a pílula, 41.4%
o preservativo masculino; no entanto, 13.1% não usou nenhum método anticoncecional. As
diferenças estatisticamente significativas encontram-se na pílula em que são as mulheres
quem mais referem terem usado a pílula (2 = 17.240; p < 0.001). Também quanto a não terem
usado nenhum método anticoncecional, as diferenças apresentam-se estatisticamente
significativas (2 = 17.554; p< 0.001), onde as mulheres referem maioritariamente não ter
acontecido.
Tabela 64. Resultados “Qual anticoncecional, usaram na última relação sexual,” por género (n=406)
Preservativo masculino
Homens
Mulheres
Total
p
Não
Sim
2
N
57
53
2.878
.090
%
51.8%
48.2%
N
181
115
%
61.1%
38.9%
N
238
168
%
58.6%
41.4%
N
81
29
17.240
.000**
%
73.6%
26.4%
N
150
146
%
50.7%
49.3%
N
231
175
%
56.9%
43.1%
N
109
1
0.335
.563
%
99.1%
0.9%
N
291
5
%
98.3%
1.7%
N
400
6
%
98.5%
1.5%
N
110
0
1.501
.220
%
100.0%
0.0%
N
292
4
%
98.6%
1.4%
N
402
4
%
99.0%
1.0%
N
83
27
17.554
.000**
%
75.5%
24.5%
N
270
26
%
91.2%
8.8%
N
353
53
%
86.9%
13.1%
Pílula
Homens
Mulheres
Total
Coito interrompido
Homens
Mulheres
Total
Outro
Homens
Mulheres
Total
Nenhum
Homens
Mulheres
Total
119
*p < 0.05 ** p < 0.001
Em relação ao número de relações sexuais que tiveram ao longo do último ano, referem em
média 82 vezes, Desvio padrão de 192.18; Moda de 100, Mediana de 50, com um mínimo de 0
e um máximo de 700 vezes. Não se verificam diferenças estatisticamente significas entre
géneros, embora os homens tenham tido em maior número, como se pode observar na tabela
65.
Tabela 65. Resultados para o “Número de vezes que tiveram relações sexual no último ano” por género
(n=307)
Género
p
N
Média
Desvio padrão
t
Homem
96
95.28
110.720
1.724
Mulher
211
75.78
81.953
.086
*p < 0.05 ** p < 0.001
72,8% dos inquiridos tiveram com 1 ou 2 parceiros diferentes. Todavia, observam-se
diferenças estatisticamente significativas entre género, (t(350)=3.161; p=0.020), havendo um
maior número de parceiros sexuais nos homens, como se verifica na tabela 66.
Tabela: 66. Resultados para o “Número de parceiros sexuais que já tiveram” por género (n=351)
Género
N
Média
Desvio padrão
t
p
Homem
108
1.99
2.253
3.161
.020*
Mulher
243
1.32
1.63
*p < 0.05 ** p < 0.001
Em 88.1% a relação ocorre com o namorado e com um amigo em 11.4%.
Referem 5.9% dos inquiridos já ter sido obrigado a praticar sexo contra a sua vontade.
As razões mais importantes para se ter sexo foram confirmar o amor (76.8%), a satisfação
física (73.8%), pelo divertimento (38.6%), para manter a relação (31.9%) e pela experiência
(18.4%). Verificam-se algumas diferenças estatisticamente significativas entre géneros, sendo
que as mulheres manifestam ser para confirmar o amor, pela experiência e pelo divertimento
de forma mais marcante do que os homens. Os homens em contrapartida, referem ser par se
darem com pessoas, como é visível na tabela 67.
120
Tabela: 67. Resultados para as “Razões para se ter relações sexuais” (n=526)
Homem
Mulher
t
p
Confirmar o amor
104
300
4.203
.040*
Satisfação
114
274
1.512
.219
Dar-se com pessoas
6
3
6.817
.009*
Pela experiência
41
56
12.114
.001**
Pelo divertimento
70
133
7.013
.008*
Para manter a relação
51
117
0.721
.399
*p < 0.05 ** p < 0.001
As práticas sexuais às quais os jovens responderam que “Sempre” realizavam são as “Carícias
na pele” (57.8%), os “Beijos superficiais” (55.7%), os “Beijos profundos com a língua” (51.7%),
a “Penetração de um pénis numa vagina” (41.6%) e “Carícias nos genitais” (38.2%).
Relativamente às práticas que dizem “Nunca” praticar, aparecem a “Colocação de uma boca
num ânus” (84.4%), a “Penetração de um pénis num ânus” (65%), a “Colocação de uma boca
num pénis” (32.9%), a “Penetração de um pénis numa boca” (32.3%) e por fim, a “Colocação
de uma boca numa vagina (29.3%), como se pode verificar na tabela 68.
Tabela 68. Resultados para “Práticas sexuais” da amostra (n=526)(%).
Nunca
Poucas
Às
vezes
vezes
Muitas vezes
Sempre
Carícias na pele
2.7%
1.7%
7.4%
30.4%
57.8%
Beijos superficiais
2.3%
3%
9.3%
29.7%
55.7%
Beijos profundos, com a língua
3%
3%
10.3%
31.9%
51.7%
Carícias nos genitais
5.1%
5.9%
18.6%
32.1%
38.2%
Penetração de um pénis numa boca
32.3%
17.3%
23.8%
18.1%
8.6%
Penetração de um pénis numa vagina
11.6%
2.9%
8.9%
35%
41.6%
Penetração de um pénis num ânus
65%
23%
8.4%
2.3%
1.3%
Colocação de uma boca num pénis
32.9%
16.3%
23.8%
19.6%
7.4%
Colocação de uma boca numa vagina
29.3%
14.1%
23.6%
25.3%
7.8%
Colocação de uma boca num ânus
84.4%
8.9%
4.2%
1.7%
0.8%
Para a frequência das práticas sexuais comparativamente entre géneros, obtiveram-se
diferenças estatisticamente significativas para “Carícias nos genitais”, “Penetração de um
pénis numa boca”, “Penetração de um pénis num ânus”, “Colocação de uma boca numa
vagina”, “Colocação de uma boca num ânus”, que indicam que são os homens que mais
frequentemente exercem essas práticas. Também se verificaram diferenças estatisticamente
significativas nas “Carícias na pele” e “Colocação de uma boca num pénis”, sendo as
121
mulheres que mais realizam essas atividades. Estes resultados podem ser melhor observados
na tabela 69.
Tabela 69. Resultados para “Práticas sexuais” por género (n=526)
Desvio
Género
N
Média
padrão
t
p
Homem
147
4.21
1.029
-2.808
.005*
Mulher
379
4.46
0.845
Homem
147
4.30
0.895
-0.541
.589
Mulher
379
4.35
0.946
Homem
147
4.23
1.041
-0.455
.649
Mulher
379
4.27
0.948
Homem
147
4.09
1.104
2.097
.036*
Mulher
379
3.86
1.126
Homem
147
2.93
1.272
4.283
.000**
Mulher
379
2.38
1.325
Penetração de um pénis numa vagina Homem
147
4.06
1.289
1.545
.123
Mulher
379
3.87
1.286
Homem
147
1.82
0.941
5.267
.000**
Mulher
379
1.40
0.775
Homem
147
2.12
1.337
-4.479
.000**
Mulher
379
2.68
1.283
Homem
147
3.08
1.274
4.346
.000**
Mulher
379
2.53
1.326
Homem
147
1.44
0.845
3.818
.000**
Mulher
379
1.18
0.598
Carícias na pele
Beijos superficiais
Beijos profundos, com a língua
Carícias nos genitais
Penetração de um pénis numa boca
Penetração de um pénis num ânus
Colocação de uma boca num pénis
Colocação de uma boca numa vagina
Colocação de uma boca num ânus
*p < 0.05 ** p < 0.001
Relativamente à questão de já terem tido relações sexuais sob o efeito de substâncias psico
ativas, 33.3% responderam afirmativamente.
Cerca de 29.8% dos jovens já tiveram relações sexuais sob o efeito de álcool, havendo
diferenças estatisticamente significativas entre géneros, sendo os homens que respondem em
maior percentagem afirmativamente, como se vê na tabela 70 ( 2= 5.579; p= 0.018).
Tabela 70. Resultados à questão de terem tido sexo sob efeito de álcool por género (n=526)
Álcool
Homens
Mulheres
N
%
N
%
Não (369)
92
62.6%
277
73.1%
Sim (157)
55
37.4%
102
26.9%
2
5.579
p
.018*
*p < 0.05 ** p < 0.001
122
Cerca de 15% dos jovens já tiveram relações sexuais sob o efeito de cannabis, não havendo
diferenças estatisticamente significativas entre géneros, embora os homens respondem em
maior percentagem afirmativamente, como se vê na tabela 71.
Tabela 71. Resultados à questão de terem tido sexo sob efeito de cannabis por género (n=526)
Homens
Mulheres
Cannabis
Não (447)
119
81.0%
328
86.5%
N
%
N
%
Sim (79)
28
19.0%
51
13.5%
2
2.594
p
.107
*p < 0.05 ** p < 0.001
Em relação ao consumo de heroína, 100% da população inquirida respondeu negativamente,
tal como nos mostra a tabela 72.
Tabela 72. Resultados à questão de terem tido sexo sob efeito de heroína por género (n=526)
Homens
Mulheres
Heroína
Não (526)
147
100.0%
379
100.0%
N
%
N
%
*p < 0.05 ** p < 0.001
Cerca de 1.9% dos jovens já tiveram relações sexuais sob o efeito de cocaína, havendo
diferenças estatisticamente significativas entre géneros, sendo mais uma vez os homens
respondem em maior percentagem afirmativamente (2= 5.201; p= 0.023), como se verifica na
tabela 73.
Tabela 73. Resultados à questão de terem tido sexo sob efeito de cocaína por género (n=526)
Cocaína
Homens
Mulheres
N
%
N
%
Não(516)
141
95.9%
375
98.9%
Sim(10)
6
4.1%
4
1.1%
2
5.201
p
.023*
*p < 0.05 ** p < 0.001
123
1% dos jovens responderam que já tinham tido relações sexuais sob efeito de ecstasy. Embora
não exista diferenças estatisticamente significativas entre géneros, percebe-se uma maior
prevalência do consumo desta substância nos homens, tal nos mostra a tabela 74.
Tabela 74. Resultados à questão de terem tido sexo sob efeito de ecstasy por género (n=526)
Ecstasy
Homens
Mulheres
Não (521)
145
98.6%
376
99.2%
N
%
N
%
Sim(5)
2
1.4%
3
0.8%
2
0.364a
p
.546
*p < 0.05 ** p < 0.001
Aproximadamente 1.5% dos jovens já tiveram relações sexuais sob o efeito de ácidos,
havendo diferenças estatisticamente significativas entre géneros, sendo outra vez os homens
respondem em maior percentagem afirmativamente (2 = 4.817; p= 0.028), como se verifica na
tabela 75.
Tabela 75. Resultados à questão de terem tido sexo sob efeito de ácidos por género (n=526)
Ácidos
Homens
Mulheres
N
%
N
%
Não (518)
142
96.6%
376
99.2%
Sim(8)
5
3.4%
3
0.8%
2
4.817
p
.028*
*p < 0.05 ** p < 0.001
87.8% dos jovens inquiridos diz não costumar ter relações sob o efeito de substâncias
psicoativas. No entanto, dos que dizem costumar, 99.5% usam álcool ou álcool mais uma
outra substância
Ter sexo seguro significa para os inquiridos utilizar um preservativo (94.3%), evitar múltiplos
parceiros (52.7%), evitar sexo com profissionais do sexo (19.6%), evitar sexo anal (4.9%) e ser
abstinente (4.8%).Não existem diferenças estatisticamente significativas entre géneros, mas
são as mulheres quem em maior percentagem considera que sexo seguro é utilizar um
preservativo (94.4%), evitar múltiplos parceiros (54.9%), evitar sexo anal (5%) e ser abstinente
(5.3%), enquanto os homens defendem mais evitar sexo com profissionais do sexo (21.8%),
como se verifica na tabela 76.
124
Tabela 76. Resultados à questão “O que é ter sexo seguro, por género (n=526)
Ser abstinente (não ter sexo)
Homens
Mulheres
Não(501)
Sim(25)
N
142
5
%
96.6%
3.4%
N
359
20
%
94.7%
5.3%
Não(30)
Sim(496)
N
9
138
%
6.1%
93.9%
N
21
358
%
5.5%
94.5%
Não(249)
Sim(277)
N
78
69
%
53.1%
46.9%
N
171
208
%
45.1%
54.9%
Não(423)
Sim(103)
N
115
32
%
78.2%
21.8%
N
308
71
%
81.3%
18.7%
Não(500)
Sim(26)
N
140
7
%
95.2%
4.8%
N
360
19
%
95.0%
5.0%
Utilizar um preservativo
Homens
Mulheres
Evitar múltiplos parceiros
Homens
Mulheres
Evitar ter sexo com profissionais do sexo
Homens
Mulheres
Evitar ter sexo anal
Homens
Mulheres
2
p
0.823
.364
0.067
.796
2.680
.102
0.620
.431
0.014
.905
*p < 0.05 ** p < 0.001
125
5.1.3. Escala de fantasias sexuais
Em relação às fantasias, podemos observar que os homens apresentam maior grau de
fantasias do que as mulheres, em todas as dimensões, havendo diferenças estatisticamente
significativas em todas as escalas como é visível na tabela 77.
Tabela 77. Resultados para as medidas de fantasias comparando com a variável género (n=526)
Fantasias_Exploratórias
Fantasias_Intimas
Fantasias_Impessoais
Fantasias_Sadomasoquistas
Fantasias_Total
Género
N
Média
Desvio padrão
t
p
Homens
147
18.46
4.21
8.80
.001**
Mulheres
379
14.81
4.28
Homens
147
22.37
4.24
2.05
.040*
Mulheres
379
21.48
4.48
Homens
147
14.34
3.24
2.49
.013*
Mulheres
379
13.57
3.12
Homens
147
15.22
4.38
0.69
.049*
Mulheres
379
14.92
4.63
Homens
147
70.38
12.53
4.39
.001**
Mulheres
379
64.78
13.32
*p < 0.05 ** p < 0.001
Podemos observar que não existem diferenças estatisticamente significativas quanto às
fantasias quando se comparam os dois grupos de idade, 17-21 anos e 22-30 anos. Todavia,
observa-se mais “Fantasias Exploratórias”, “Fantasias Íntimas”, “Fantasias Impessoais” e na
“Escala total”, no grupo mais velho, 22-30 anos. Apenas nas “Fantasias sado masoquistas” é
que o grupo mais jovem, 17-21 anos apresentou maior grau de fantasias, como está
apresentado na tabela 78.
Tabela 78. Resultados para as medidas de fantasias comparando com a variável idade (n=526)
Fantasias Exploratórias
Fantasias_Intimas
Fantasias_Impessoais
Fantasias_Sadomasoquistas
Fantasias_ Escala Total
Idade
N
Média
Desvio padrão
t
p
17-21
275
15.43
4.51
- 2.09
.033
22-30
251
16.26
4.59
17-21
275
21.49
4.55
-1.307
.192
22-30
251
21.99
4.29
17-21
275
13.57
2.96
-1.59
.111
22-30
251
14.02
3.37
17-21
275
15.33
4.79
-1.706
.890
22-30
251
14.65
4.27
17-21
275
65.83
13.51
-0.944
.345
22-30
251
66.93
13.14
*p < 0.05 ** p < 0.001
126
Nota-se que são os jovens que já iniciaram a sua vida sexual que têm mais fantasias, todavia,
as diferenças são estatisticamente significativas apenas nas Fantasias Íntimas e na Escala
Total, tal como podemos ver na tabela 79.
Tabela 79. Resultados para as medidas de fantasias comparando com a variável ter iniciado a vida
sexual (n=457)
Já iniciou a sua
Fantasias_Exploratorias
Fantasias_Íntimas
Fantasias_Impessoais
Fantasias_Sadomasoquistas
Fantasias_Escala Total
vida sexual?
N
Média
Desvio padrão
t
p
Sim
457
15.94
4.56
1.48
.140
Não
69
15.07
4.54
Sim
457
22.07
4.26
4.62
.000**
Não
69
19.48
4.90
Sim
457
13.88
3.24
1.77
.077
Não
69
13.16
2.61
Sim
457
15.18
4.60
2.25
.025
Não
69
13.85
4.11
Sim
457
67.07
13.24
3.23
.001**
Não
69
61.56
13.03
*p < 0.05 ** p < 0.001
Verifica-se que os jovens que se masturbam têm mais fantasias comparativamente com os que
não se masturbam, esses resultados são estatisticamente significativos, como se pode
verificar na tabela 80.
Tabela 80. Resultados para as medidas de fantasias comparando com a variável masturbação (n=365)
Fantasias_Exploratorias
Fantasias_Íntimas
Fantasias_Impessoais
Fantasias_Sadomasoquistas
Fantasias_Escala Total
1
Masturba-se?
N
Média
Desvio padrão
t
p
Sim
365
17.08
4.42
10.416
.000**
Não
161
12.98
3.49
Sim
365
22.67
4.12
7.744
.000**
Não
161
19.59
4.38
Sim
365
14.51
3.30
8.416
.000**
Não
161
12.14
2.07
Sim
365
15.71
4.69
5.535
.000**
Não
161
13.39
3.80
Sim
365
69.98
12.63
10.311
.000**
Não
161
58.12
11.03
*p < 0.05 ** p < 0.001
127
5.1.4. Grelha de orientação sexual de Klein
Utilizaram-se apenas as dimensões do passado, uma vez que os autores evidenciaram que as
medidas “passado” são constantes na mensuração do constructo. Os indivíduos necessitam de
algum tempo para se acomodarem a um nível identitário as confirmações experienciadas pela
atração, pelo comportamento e pelas fantasiais sexuais passadas (Pereira, Leal & Maroco,
2008).Assim, foram consideradas as 7 questões, na sua dimensão “passado”.
A pontuação é feita da seguinte forma:
1-Apenas o mesmo sexo
2-Maioritariamente o mesmo sexo
3-O mesmo sexo algo mais
4-Os dois sexos de igual modo
5-O outro sexo algo mais
6-Maioritariamente o outro sexo
7-Apenas o outro sexo
A média da amostra total é de 5.81, com um desvio padrão de 1.21.
As pontuações médias obtidas pelos homens foi de 5.88 e a das mulheres foi de 5.79, as quais
se situam entre “O outro sexo algo mais”(5) e “Maioritariamente o outro sexo”(6). Em bora se
verifique o valor ligeiramente mais elevado para os homens, não existem diferenças
estatisticamente significativas entre géneros, como se pode observar na tabela 81.
Tabela 81. Resultados para “Orientação sexual” por género (n=526)
Orientação Sexual
N
Média
Desvio padrão
t
p
Homem
147
5.88
1.29431
0.73
.46
Mulher
379
5.79
1.18889
*p < 0.05 ** p < 0.001
5.1.5. Questionário de crenças e informação sexual
Observa-se que os resultados relativamente à informação sexual está acima da média
teoricamente esperada nas dimensões tempo/paciência (3.61 numa pontuação de 0 a 4), na
dimensão stress/ paciência (3.81 numa pontuação de 0 a 4), satisfação sexual (4.2 numa
pontuação de 0 a 5), miscelânea/conhecimento básico (1.68 numa escala de 0 a 2), assim
como no total da escala (14.84 numa escala de 0 a 24), o que significa que os participantes
apresentam uma informação correta nesses domínios. Observa-se no entanto um valor inferior
à média, no que respeita à informação acerca do envelhecimento (1.68 numa escala de 0 a
4), como é visível na tabela 82.
128
Tabela 82. Resultados para “Crenças e informação sexual” por género (n=526)
Dimensões
Média das pontuações
Cotação
Cotação
obtidas
mínima
máxima
Tempo/Paciência
3.61
0
4
Stress/Pressão
3.81
0
4
Envelhecimento
1.65
0
4
Satisfação sexual
4.2
0
5
Miscelânea/conhecimento básico
1.68
0
2
Total
14.84
0
24
Nas medidas de crenças e informação sexual, não se verificam diferenças estatisticamente
significativas entre os jovens que já iniciaram ou não a sua vida sexual, em nenhuma
dimensão, tal como se pode observar na tabela 83.
Tabela 83. Resultados para as medidas de Crenças e informação sexual comparando com a variável
início de vida sexual (n=457)
Já iniciou a sua
vida sexual?
N
Média
Desvio padrão
t
p
Sim
298
3.62
0.67
0.15
.88
Não
40
3.60
0.87
Sim
331
3.81
0.50
0.16
.87
Não
51
3.80
0.49
Sim
194
1.65
0.83
0.09
.93
Não
33
1.63
0.70
Sim
290
4.19
0.81
0.62
.53
Não
32
4.09
0.96
Miscelânea /Conhecimento
Sim
260
1.70
0.53
0.52
.60
Básico
Não
39
1.64
0.48
Escala Total
Sim
110
14.94
2
1.37
.174
Não
19
14.26
2.05
Tempo /Paciência
Stress /Pressão
Envelhecimento
Satisfação Sexual
*p < 0.05 ** p < 0.001
Nas medidas de crenças e informação sexual, não se verificam diferenças estatisticamente
significativas entre os jovens, comparando a variável idade, em nenhuma dimensão, tal como
se pode observar na tabela 84.
129
Tabela 84. Resultados para as medidas de Crenças e informação sexual comparando com a variável
idade (n=526)
Tempo/Paciência
Idade
N
Média
Desvio padrão
t
p
17-21
170
3.64
0.64
0.68
.495
22-30
168
3.59
0.75
n
17-21
196
3.81
0.51
-0.12
.906
1
22-30
186
3.82
0.48
17-21
116
1.65
0.79
-0.02
.984
22-30
111
1.65
0.83
17-21
160
4.23
0.79
1.10
.271
22-30
162
4.13
0.86
-0.21
.83
1.11
.267
1
Stress/Pressão
Envelhecimento
1
Satisfação Sexual
1
Miscelânea/Conhecimento
n
17-21
148
1.67
0.55
Básico
1
22-30
151
1.69
0.50
Escala Total
n
17-21
69
15.03
1.79
1
22-30
60
14.63
2.24
*p < 0.05 ** p < 0.001
Nas medidas de crenças e informação sexual, não se verificam diferenças estatisticamente
significativas entre os jovens, comparando entre géneros, em nenhuma dimensão, tal como se
pode observar na tabela 85.
Tabela 85. Resultados para as medidas de Crenças e informação sexual comparando com a variável
género (n=526)
Tempo /Paciência
Stress /Pressão
Envelhecimento
Satisfação Sexual
Miscelânea/Conhecimento
Básico
Escala Total
1
1
1
1
1
1
Género
N
Média
Desvio padrão
t
p
Homens
93
3.59
0.83
-0.56
.573
Mulheres
245
3.63
0.64
Homens
104
3.81
0.43
-0.08
.939
Mulheres
278
3.81
0.52
Homens
69
1.58
0.81
-0.84
.405
Mulheres
158
1.68
0.80
Homens
94
4.16
0.80
-0.29
.775
Mulheres
228
4.19
0.84
Homens
87
1.62
0.59
-1.39
.196
Mulheres
212
1.70
0.49
Homens
39
14.89
1.85
0.19
.846
Mulheres
90
14.82
2.09
*p < 0.05 ** p < 0.001
130
5.1.6. Problemas sexuais
Relativamente à satisfação com a sua vida sexual, as possibilidades de resposta iam de 1
(Muito insatisfeito), até ao 5 (Muito satisfeito).
Na tabela 86, estão apresentados os resultados do grau de satisfação dos jovens em relação à
sua vida sexual, sendo notável o maior número de resposta situadas entre o 3 e o 5, o que
representa um bom nível de satisfação, em ambos os géneros, não existindo diferenças
estatisticamente significativas entre homens e mulheres.
Tabela 86. Resultados de Quão satisfeitos estão com a sua vida sexual nas últimas 4 semanas. (n=91)
Género
Homem
N
1
2
3
4
5
2
45
5
3
14
12
11
5.016a
11.11%
6.6%
31.11%
26.66%
24.44%
1
3
11
20
11
2.17%
6.52%
13.9%
43.47%
13.9%
6
6
25
32
22
%
Mulher
N
46
%
Total
*p < 0.05 ** p < 0.001
p
Total
91
.286
No seguimento do anteriormente comentado, encontram-se uns resultados acima da média
relativamente à satisfação da vida sexual, apesar de existir um valor superior nas mulheres
(3.80), em relação aos homens (3.45), o que indica que elas se sentem mais satisfeitas do que
eles na área da vida sexual, como se vê na tabela 87.
Tabela 87. Resultados da média de Quão satisfeitos estão com a sua vida sexual nas últimas 4 semanas.
(n=91)
Género
Homem
Mulher
*p < 0.05 ** p < 0.001
N
Média
Desvio padrão
t
p
45
3.47
1.254
- 1.446
.152
46
3.80
0.957
Para a frequência das fantasias e comportamentos relacionados com parafilia, verificaram-se
que a grande maioria dos participantes referem nunca terem tido a fantasia ou o
comportamento referidos, como se vê na tabela 88.
131
Tabela 88. Apresentação das fantasias e comportamentos relacionados com parafilia. (n=526)(%)
Nunca
Poucas vezes
Às vezes
Fantasia: Exibicionismo
73,6
4.9
2.7
0.8
0.2
Fantasia: Fetichismo
61,2
10.8
5.9
4
0.2
76
3.2
2.5
0.2
0.2
Fantasia: Masoquismo sexual
74,9
4.4
1.7
0.6
0.6
Fantasia: Sadismo sexual
77,4
2.7
1.5
0.4
0.2
Fantasia: Fetichismo travestido
79,8
1.5
0.4
0.2
0.2
Fantasia: Voyeurismo
65,4
9.5
5.5
1.3
0.4
Comportamento: Exibicionismo
80,6
1.1
0.2
0.2
Comp.: Fetichismo
73,6
4.6
2.9
1
0.2
Comp.: Frotteurismo
81,2
0.6
0.4
--
--
Comp.: Masoquismo sexual
79,5
1
1.3
0.2
0.2
Comp.: Sadismo sexual
80,2
0.8
0.8
0.2
0.2
Comp.: Fetichismo travestido
81,4
0.6
0.2
--
--
Comp.: Voyeurismo
77,8
2.7
1.7
--
--
Fantasia: Frotteurismo
Muitas vezes
Sempre
5.1.7. Inventário de saúde mental
A dimensão Distress psicológico é composta pelos itens ansiedade, depressão, perda de
controlo emocional e comportamental, sendo estes cotados ao contrário dos outros itens,
pelo que resultados elevados nos mesmos, correspondem a uma maior saúde mental.
O aspeto da saúde mental total é apresentado como bom nos jovens inquiridos, como se pode
constatar na tabela 89, apresentando elevados níveis de saúde mental.
Tabela 89. Representação dos resultados obtidos na avaliação da saúde mental (n=526)
Média
Mediana
Moda
Desvio padrão
Mínimo
Máximo
Distress Psicológico
102.67
105
109
18.12224
39
137
Bem Estar Psicológico
54.81
55.50
61
11.36626
17
83
Saúde Mental Total
157.48
161
174
28.02738
62
220
132
Para os resultados obtidos na saúde mental comparando os géneros, obteve-se diferenças
estatisticamente significativas, nos itens ansiedade, depressão, perda de controlo emocional
e comportamental o que correspondem à dimensão Distress psicológico, apontando para que
sejam as mulheres quem apresentam mais essas características. Na dimensão da escala total,
também se verificam diferenças estatisticamente significativas, o que aponta para uma maior
saúde mental nos homens como se pode observar na tabela 90.
Tabela 90. Resultados para as medidas de saúde mental comparando com a variável género (n=526)
Género
N
Média
Desvio padrão
t
p
Ansiedade (1)
Homens
147
44.2585
8.54808
Mulheres
379
41.6306
8.90043
Homens
147
19.7619
2.62844
Mulheres
379
19.0317
2.65056
Perda Controlo
Homens
147
42.5918
7.82055
Emocional/Comp (3)
Mulheres
379
40.4802
7.74368
Afeto Positivo (4)
Homens
147
43.4830
9.07681
Mulheres
379
41.6385
8.58778
Homens
147
12.6259
3.74021
Mulheres
379
12.6728
3.47532
Homens
147
106.6122
17.66370
Mulheres
379
101.1425
18.08975
Homens
147
56.1088
11.87096
Mulheres
379
54.3113
11.13995
Homens
147
162.7211
28.12735
Mulheres
379
155.4538
27.76050
Depressão(2)
Laços Emocionais(5)
Distress Psic (1+2+3)
Bem Estar Psic (4+5)
Escala Total (1+2+3+4+5)
3.072
.002*
2.84
.005*
2.799
.005*
2.175
.30
-0.136
.89
3.132
.002*
1.630
.104
2.684
.007
*p < 0.05 ** p < 0.001
133
Em relação à saúde mental apresentada pelos estudantes, comparando os que iniciaram a sua
vida sexual com os que ainda não iniciaram, verificam-se diferenças estatisticamente
significativas no que respeita a todas as dimensões, assim como na escala total, sendo que os
inquiridos que já iniciaram a sua vida sexual apresentam maiores níveis de saúde mental
nestas dimensões e também maior saúde mental na escala total. Os resultados observam-se
na tabela 91.
Tabela 91. Resultados para as medidas de saúde mental comparando com a variável início de vida sexual
(n=457)
Saúde mental/Início de vida sexual
Já iniciou a sua
vida sexual?
N
Média
Desvio padrão
t
p
Sim
457
42.8140
8.63
3.009
.003*
Não
69
39.3913
9.91
Sim
457
19.3567
2.58
2.697
.007*
Não
69
18.4348
3.04
Sim
457
41.6083
7.37
4.124
.000**
Não
69
37.5072
9.60
Sim
457
42.7396
8.60
4.003
.000**
Não
69
38.2754
8.86
Sim
457
13.0941
3.35
7.608
.000**
Não
69
9.7826
3.47
n
Sim
457
103.7790
17.36
3.650
.000**
1
Não
69
95.3333
21.24
Sim
457
55.8337
11.04
5.439
.000**
Não
69
48.0580
11.26
o
Sim
457
159.6127
26.95
4.565
.000**
n
Não
69
143.3913
31.00
Ansiedade (1)
Depressão (2)
Perda Controlo Em/Comp (3)
Afeto Positivo (4)
Laços Emocionais (5)
Distress Psicológico (1+2+3)
1
1
1
1
Bem Estar Psicológico (4+5)
Escala Total (1+2+3+4+5)
1
*p < 0.05 ** p < 0.001
134
Comparando os dois grupos de idade 17-21 anos com o grupo 22-30 anos, verifica-se apenas
diferenças estatisticamente significativas na dimensão “Bem-estar psicológico”, em que se
destaca um maior nível de saúde mental no grupo 17-21 anos. Nas outras dimensões
observam-se de igual modo melhores resultados no grupo mais novo ao nível da saúde mental,
como se pode ver na tabela 92.
Tabela 92. Resultados para as medidas de saúde mental comparando com a variável idade (n=526)
Saúde mental/Idade
Idade
Ansiedade (1)
Depressão(2)
Perda Controlo Em/Comp (3)
Afeto Positivo (4)
Laços Emocionais (5)
Distress Psicológico (1+2+3)
Bem-estar Psicológico (4+5)
Escala Total (1+2+3+4+5)
N
Média
Desvio padrão
t
p
17-21
275
42.88
8.70
1.38
.167
22-30
251
41.80
9.04
17-21
275
19.40
2.65
1.55
.122
22-30
251
19.05
2.66
17-21
275
41.50
7.89
1.34
.182
22-30
251
40.59
7.72
17-21
275
42.94
8.77
2.18
.30
22-30
251
41.28
8.67
17-21
275
12.91
3.62
1.69
.92
22-30
251
12.38
3.45
17-21
275
103.79
18.02
1.48
.139
22-30
251
101.45
18.19
17-21
275
55.85
11.51
2.21
.028*
22-30
251
53.67
11.11
n 17-21
275
159.64
28.15
1.85
.064
1 22-30
251
155.12
27.75
*p < 0.05 ** p < 0.001
135
5.2. Resultados para o Modelo Empírico
No primeiro modelo apresentado, as estimativas não produziram estatísticas de adequação
aos dados, pelo que se optou por produzir um modelo alternativo.
As medidas elaboradas anteriormente possibilitaram a constituição das seguintes variáveis
latentes:
Dados
socio
demográficos,
Atitudes,
Crenças,
Motivações,
Fantasias
e
Comportamentos.
•Os itens do questionário socio demográfico “Idade”, “Sexo”, e “Religião” (Relig),
operacionalizam o fator “Variáveis socio demográficas” (Sócio Demog).
•Os itens “Circunstâncias para iniciar a sua vida sexual”(Cir.Inic), “Melhor idade para iniciar a
sua vida sexual” (Idad.Inic), “Se concorda com o casamento” (Conc.Cas), “Importância da
primeira relação sexual”(Imp1ªRel) operacionalizam o fator “Atitudes”.
•Os itens “Tempo/paciência” (Tempo), “Stress/pressão” (Stress), “Envelhecimento”
(Envelhec), “Satisfação sexual” (Satisf), “Miscelânea conhecimento básico” (Miscel)
operacionalizam o fator “Crenças”.
•Os itens “ Para confirmar o amor” (Conf.Amor), “Satisfação física (Sat.Fisica),”Dar se com
Pessoas” (Dar.Pessoa), “Pela experiência (Experien)”, “Pelo divertimento” (Divertim),
“Para manter a relação” (ManterR) operacionalizam o fator “Motivações”.
•Os itens “Fantasias exploratórias” (F explo), “Fantasias íntimas” (F Intima), “Fantasias
Impessoais” (F Impess) e “Fantasias Sadomasoquistas (F Sadom), operacionalizam o fator
“Fantasias”.
•Os itens “Se já iniciou a sua vida sexual” (Inicio Sex), “Idade da sua primeira relação sexual”
(Idade.1ª), “Masturbação” (Mastur), “Quantas vezes se masturbou na última semana”
(VezesMasturb.), “Número de relações sexuais que teve no último ano” (NºVezRel),
“Número de parceiro(a)s que já teve” (Parceiros), “Se usou contracetivo na sua última
relação
sexual”
(UsouContr),
“Orientação
sexual”,
operacionalizam
o
fator
“Comportamentos”.
136
Tabela 93. Relações de variência do modelo final
Estimativas
Idade
<--- Dados sociodemograficos.
1.000
Género
<--- Dados sociodemograficos
-0.318
Religião
<--- Dados sociodemograficos
1.045
Circun início VS
<--- Atitudes
1.000
Id.1ªRS
<--- Atitudes
-1.577
Conc.casamento
<--- Atitudes
0.108
Imp.1ª RS
<--- Atitudes
-0.868
SBIQTempoPaciencia
<--- Crenças
1.000
SBIQStressPressao
<--- Crenças
1.738
SBIQEnvelhecimento
<--- Crenças
-0.134
SBIQSatisfaçaoSexual
<--- Crenças
0.796
SBIQMiscelaniaConhecimentoBasico <--- Crenças
0.376
Manter relação
<--- Motivações
1.000
Divertimento
<--- Motivações
-9.277
Pela experiência
<--- Motivações
-7.591
Dar-se com pessoas
<--- Motivações
-0.881
Satisfação física
<--- Motivações
-5.662
Confirmar o amor
<--- Motivações
7.403
OrientaçaoSexual
<--- Comportamentos
1.000
Nº parceiros
<--- Comportamentos
-13.106
Nº RS último ano
<--- Comportamentos
-485.587
Usou cont.ult.RS
<--- Comportamentos
-7.176
Nº vezes masturbou ult.semana
<--- Comportamentos
-30.363
Masturba-se
<--- Comportamentos
-6.949
Idade 1ª ejac/menstr.
<--- Comportamentos
-2.998
Iniciou VS?
<--- Comportamentos
-1.455
Fantasias_Sadomasoquistas
<--- Fantasias
1.000
Fantasias_Impessoais
<--- Fantasias
0.845
Fantasias_Intimas
<--- Fantasias
1.071
Fantasias_exploratorias
<--- Fantasias
1.130
•A idade é diretamente influenciada pelos dados sócio demográficos;
•O género é diretamente influenciada pelos dados sócio demográficos;
•A religião é diretamente influenciados pelos dados sócio demográficos;
137
•Melhores circunstanciâncias para iniciar a vida sexual é diretamente influenciados pelas
Atitudes;
•Idade de início é diretamente influenciada pelas Atitudes;
•Se concorda com o casamento é diretamente influenciado pelas Atitudes;
•Importância da 1ª Relação Sexual é diretamente influenciado pelas Atitudes;
•A SBIQTempo Paciencia é diretamente influenciado pela Informação e Crenças;
•A SBIQ Stress Pressão é diretamente influenciado pela Informação e Crenças;
•A SBIQ Envelhecimento é diretamente influenciado pela Informação e Crenças;
•A SBIQSatisfação Sexual é diretamente influenciado pela Informação e Crenças;
•A SBIQ Miscelânia, Conhecimentos Básicos é diretamente influenciado pela Informação e
Crenças;
•Ter a 1ª Relação Sexual para manter relação é diretamente influenciado pelas Motivações;
•Ter a 1ª Relação Sexual pelo divertimeno é diretamente influenciado pelas Motivações;
•Ter a 1ª Relação Sexual pela experiência é diretamente influenciado pelas Motivações;
•Ter a 1ª Relação Sexual para dar-se com pessoas é diretamente influenciado pelas
Motivações;
•Ter a 1ª Relação Sexual para confirmar o amor é diretamente influenciado pelas Motivações;
•Orientação sexual é diretamente influenciada pelos Comportamentos;
•O número de parceiros é diretamente influenciado pelos Comportamentos;
•O número de relações sexuais no último ano é diretamente influenciado pelos
Comportamentos;
•Se usou proteção na última relação sexual é diretamente influenciado pelos
Comportamentos;
•Se se masturba é diretamente influenciado pelos Comportamentos;
•Número de vezes que se masturbou na última semana é diretamente influenciado pelos
Comportamentos;
•A idade da primeira ejaculação/menstruação é diretamente influenciada pelos
Comportamentos;
•Se já iniciou vida sexual é diretamente influenciado pelos Comportamentos;
•As Fantasias sado masoquistas são diretamente influenciadas pelas Fantasias;
•As Fantasias impessoais são diretamente influenciadas pelas Fantasias;
•As Fantasias íntimas são diretamente influenciadas pelas Fantasias;
•As Fantasias exploratórias são diretamente influenciadas pelas Fantasias;
138
Tabela 94. Correlações do modelo final
Estimativa
Variáveis sociodemográficas
<-->
Comportamentos
-0.029
Variáveis sociodemográficas
<-->
Atitudes
0.260
Fantasias
<-->
Comportamentos
-0.085
Fantasias
<-->
Motivações
-0.040
Atitudes
<-->
Crenças
0.015
Motivações
<-->
Comportamentos
0.000
Crenças
<-->
Comportamentos
0.000
Crenças
<-->
Motivações
0.000
Variáveis sociodemográficas
<-->
Crenças
0.019
Atitudes
<-->
Motivações
-0.008
Fantasias
<-->
Crenças
0.086
Fantasias
<-->
Variáveis sociodemográficas
0.881
Atitudes
<-->
Comportamentos
-0.011
Fantasias
<-->
Atitudes
0.352
Variáveis sociodemográficas
<-->
Motivações
-0.012
•As variáveis sociodemográficas estão correlacionadas com as atitudes, com as crenças, com
as motivações, com as fantasias e com os comportamentos;
•As atitudes estão correlacionadas com as crenças, com as motivações, com as fantasias, com
os comportamentos e com as variáveis sociodemográficas;
•As crenças estão correlacionadas com as motivações, com as fantasias, com os
comportamentos, com as variáveis sociodemográficas e com as atitudes;
•As motivações estão correlacionadas com as fantasias, com os comportamentos, com as
variáveis sociodemográficas, com as atitudes e com as crenças;
•As fantasias estão correlacionadas com os comportamentos, com as variáveis
sociodemográficas, com as atitudes, com as crenças e com as motivações;
•Os comportamentos estão correlacionados com as variáveis sociodemográficas, com as
atitudes, com as crenças, com as motivações e com as fantasias.
139
Deste modo, construiu-se um modelo alternativo descrito na figura 5, tendo sido obtidos os
seguintes néveis de adequabilidade: 2 = 741.7; gl = 390; RMSEA = 0.041; P (RMSEA<0.05); CFI
= 0.78; Pclose = 0.999; PCFI= 0.66.
Figura 6. Definição do Modelo de Equações estruturais
Os valores revelam uma muito boa adequação do modelo aos dados (2 = 741.7; gl = 390; RMSEA =
0.041; P (RMSEA<0.05); CFI = 0.78; Pclose = 0.999; PCFI= 0.66).
140
Figura 7. Definição do Modelo de Equações Estruturais com estimativas
Os valores revelam uma muito boa adequação do modelo aos dados (2 = 741.7; gl = 390; RMSEA =
0.041; P (RMSEA<0.05); CFI = 0.78; Pclose = 0.999; PCFI= 0.66).
141
6. Discussão dos resultados
142
143
Discussão dos resultados
No
presente
estudo,
procurou-se
desenvolver
procedimentos
metodológicos
para
compreender e explicar a sexualidade dos jovens estudantes portugueses do ensino superior.
Após a apresentação dos resultados, efetua-se a discussão dos mesmos, a fim de responder às
questões colocadas pela presente investigação. Procedeu-se ao estudo sistematizado de
algumas dimensões, sendo elas: A sexualidade, Preferências reprodutivas, Início da vida
sexual, Práticas sexuais, Fantasias sexuais, Orientação sexual, Crenças e informação sexual,
Problemas sexuais, Saúde mental e por fim, à discussão dos resultados obtidos através do
modelo empírico.
Sexualidade
Na secção que aborda o tema da sexualidade, observamos que os dois assuntos que os jovens
mais costumam abordar são as relações sexuais com 78.5%, seguido do namoro com 77.8%.
Comparando os géneros, observa-se que as mulheres falam mais sobre a temática do aborto,
a pílula, a menstruação, a masturbação e a contraceção e os homens falam mais sobre a
pornografia, como se concluiu de igual modo noutros estudos (Ramos et al., 2008).
Não aparecem diferenças significativas entre homens e mulheres quanto aos temas dos abusos
sexuais e da gravidez na adolescência, das DSTs, o namoro, as relações interpessoais, as
relações sexuais, a prevenção, os preservativos, a higiene e saúde, a puberdade e a
homossexualidade.
As mulheres referem não falar da gravidez indesejada, dos afetos/amizade, da prostituição.
Os resultados dos estudos realizados pelo National Longitudinal Study of Adolescent Health
(Add Health) (Manlove, Ryan, & Franzetta, 2003; Ryan, Franzetta, Manlove & Holcombe,
2007) indicam que os jovens que falam acerca da contraceção ou das doenças sexualmente
transmissíveis com o seu parceiro antes da primeira relação sexual, demonstram maior
conhecimentos acerca do preservativo e menor risco de contrair VIH, SIDA ou outra doença
sexualmente transmissível. No entanto, e de acordo com Oliveira, D.C., Gomes, T., Marcos,
A.; Pontes, M., Paula; A.,Salgado, P & Phillipi, L. (2009), Brêtas, S.R.J., Ohara, C.V.S., Jardim,
D.P; Aguiar Junior, A. & Oliveira,J.R. (2011) e Borges, Nichiata & Schor (2006), a forma como
os jovens recebem informação a respeito da sexualidade nem sempre é a mais adequada e de
qualidade, porque muitos deles trocam informações com amigos.
Preferências sexuais e reprodutivas
As mulheres consideram que para iniciarem a sua vida sexual, é necessário sentir-se
preparadas, enquanto os homens referem ser um acontecimento durante o namoro.
144
Embora os jovens considerem apropriado iniciar a sua vida sexual entre os 16 e os 20 anos,
sendo a idade média de início referida 17.67 anos, as mulheres referem adequado iniciar a
sua vida sexual mais tarde que os homens.
75.5% dos jovens questionados concordam com o casamento, sendo as mulheres que mais
concordam com 78.8%. As circunstâncias consideradas mais favoráveis são após iniciar a vida
laboral e também após algum tempo de namoro.
O casamento aparece como sendo a melhor forma de compromisso para 51.5% dos jovens
inquiridos e a união de facto para 42.4%. O casamento é a opção mais escolhida pelas
mulheres em relação aos homens.
Relativamente às outras possibilidades tais como “nenhum compromisso” ou “cada um em sua
casa”, as respostas são negativas, verificando-se que são as mulheres quem menos concordam
com esta opção.
A maioria destes jovens gostava de ter filhos (89.4%), não existindo diferenças
estatisticamente significativas entre géneros e são as mulheres quem mais desejam ter filhos,
com 91.55%, o que vai ao encontro de outros estudos (Colman & Colman, 1994), ter um filho
nunca foi considerado fácil, mas sempre foi referenciado como importante. Como referem
Almeida, André & Lalanda (2002, p.379) “…dissociam-se sexualidade e casamento,
sexualidade e procriação, casamento e fecundidade. Ter um filho deixa de ser um destino
biológico a cumprir, é antes uma escolha a fazer, entre outras possíveis e condicionada à
vontade individual.”Em média, os jovens gostariam de ter dois filhos (47.5%). O primeiro filho
nasceria idealmente entre os 25 e 30 anos (65.1%) e o último entre os 30 e os 35 anos (52.5%),
com a idade média para ter o primeiro e o último filho de 28.2 anos e 33.77 anos
respetivamente. Os homens referem uma idade mais tardia do que as mulheres, tanto para o
nascimento do primeiro como do último filho. A idade da primeira gravidez ocorre cada vez
mais tardiamente. Este fenómeno está ligado a circunstâncias sociológicas específicas de uma
geração em que se verificou a emancipação da mulher. Durante as últimas décadas, a maioria
das mulheres passou a considerar prioritário a carreira profissional, adiando a maternidade
(Coelho, 2000).
Início da vida sexual
Verifica-se que 86.9% dos jovens já iniciaram a sua vida sexual, com uma idade média da
primeira relação sexual que se situa por volta dos 17.28 anos, tendo ocorrido entre os 16 e os
19 anos. Esses dados vão ao encontro dos resultados obtidos por outras investigações (Alferes,
1997; Amaro, Dantas, & Cunha, Teles, 1995; Bozon & Kontula, 1998; Maticka-Tyndale, 1997;
Siegel, Klein & Roghmann, 1999; Oswalt et al., 2005; Alvarez, 2005; Matos & Gaspar, 2005;
Reis & Matos, 2008), tendo os homens iniciado mais cedo que as mulheres. Esse aspeto leva
ao aumento de tempo de prática sexual ativa, como também potencia um maior número de
145
parceiros(as) sexuais e respetiva exposição ao risco. Na mesma linha de ideias, um estudo
comparativo de vários países da Europa referia que 30.2% dos rapazes portugueses e 20.3%
das raparigas afirmavam-se como sexualmente ativos aos 15 anos de idade (Avery & Lazdane,
2008).
Verificam-se diferenças estatisticamente significativas quando se comparam os dois grupos
etários, relativamente à idade em que iniciaram a sua vida sexual, tendo o grupo dos mais
novos (17-21 anos) iniciado cerca de meio ano mais cedo do que o grupo mais velho (22-30
anos) o que significa a tendência para a antecipação do início da primeira relação sexual
(Lopes & Maia, 1993; Lescano, 2002; Matos 2010; Calazan, 2005). 69% dos participantes teve a
sua primeira relação sexual com um(a) namorado(a), 16% com um(a) amigo(a),
Podemos verificar que o tempo médio de duração do relacionamento é cerca de 22 meses,
não se verificando diferenças estatisticamente significativas. Todavia, as mulheres tiveram
este relacionamento mais longo do que os homens.
A razão apresentada para decidirem iniciar a sua vida sexual foi a atracão (52.9%), o amor
(56.1%), a curiosidade (28.9%), porque queira perder a virgindade (9.3%) e por pressão do(a)
companheiro(a) (4.8%). Observamos diferenças estatisticamente significativas nas variáveis
amor e pressão do companheiro, que indicam que são as mulheres quem mais são
influenciadas por essas razões para decidirem ter a sua primeira relação sexual, e também na
variável prazer que indica que são os homens que iniciam a sua vida sexual pelo prazer.
Outros estudos (Castro, Abramovay & Silva, 2004; Brêtas et al., 2011; Altmann, 2007)
concluíram o mesmo, ou seja, para as jovens o amor mostra-se como a maior motivação para
a iniciação sexual, podendo ou não ser marcada por insistência dos namorados e/ou para a
manutenção do interesse do parceiro na relação Para os rapazes, envolvendo ou não
sentimentos amorosos, o primeiro ato sexual compreende uma forma de satisfação do instinto
e da necessidade de dar vazão à atração física, além de servir como modo de expressão do
processo de tornar-se homem e de consolidação da sua masculinidade.
A maioria dos jovens inicia as primeiras relações sexuais sem ser planificada (Lownstein &
Furstenberg, 1991), muitas vezes envolvida em grande romantismo (por amor). Têm a
perceção de que o(a) parceiro(a) é de confiança porque já é namorado(a) ou amigo(a).
Para as jovens, as manifestações de amor e carinho são requisitos essenciais na decisão de
iniciar um relacionamento sexual (Amaral & Fonseca, 2005).
À semelhança de outras pesquisas, podemos constatar que a primeira relação sexual foi
planeada em 36.7% dos casos (36% dos jovens responderam afirmativamente no estudo de
Bodmer, 2009). Apesar de não existir diferenças significativas entre géneros, são as mulheres
que maior importância atribuem à primeira relação sexual, sendo este acontecimento um
ponto de viragem no desenvolvimento pessoal na vida das jovens (Beausang, 2000; Shandra &
Chowdhurry, 2012). Os jovens referem que a primeira relação sexual foi consentida em 99.6%
dos casos.
146
No que respeita ao local em que ocorreu a primeira relação sexual, os resultados apresentamse da seguinte forma: 45.29% foi na casa dele(a), 26.25% na sua casa, 8.75% num carro, 7.43%
em casa de amigos, 3.93% num hotel, 3.5% num espaço público e 3.93% na rua. Os jovens
contaram a um(a) amigo(a) 73.6%, a ninguém, 11.6% e 5.8% contaram à mãe.
A maioria utilizou o preservativo masculino (81.2%), 3.9% utilizou a pílula, 2.2% realizou o
coito interrompido e 1.3% utilizou o preservativo masculino e a pílula simultaneamente
aquando da sua primeira relação sexual. A investigação neste âmbito tem demonstrado
resultados semelhantes (Ramos, Eira, Martins, Machado, Bordalo & Polónia, 2008; Reis &
Matos, 2008). Todavia, 11.4% dos jovens não utilizaram qualquer método anticoncecional/de
proteção aquando da sua primeira relação sexual. São as mulheres que responderam em
maior percentagem terem usado a pílula, são também as mulheres, que, respondem
negativamente a não terem usado qualquer meio contracetivo. Tal como nos estudos de
Bodmer, 2009, são elas quem mais usaram o preservativo masculino, o coito interrompido e a
pílula com o preservativo. A iniciativa foi de ambos em 89.6% das situações, não havendo
diferenças estatisticamente significativas entre géneros.
Os contracetivos utilizados foram obtidos na farmácia (67.4%), no centro de saúde (12.2%), no
hipermercado (11.2%), junto de amigos (7%), junto dos pais (1.3%) e em 0,8% dos casos, o
parceiro trazia. Nos casos em que não utilizaram contracetivo, justificam as suas decisões
porque não esperava que acontecesse em 37%, e conhecia bem o(a) parceiro(a) 32.9%. As
razões para a não utilização dos contraceptivos entre alguns adolescentes estão relacionadas
ao não planeamento da relação sexual, falta de confiança nos métodos, onipotência
adolescente e a rejeição do parceiro por interferir no seu prazer sexual. Assim, a gestão da
contracepção continua a ser encargo feminino, ainda bastante submetido à capacidade de
autodeterminação e de negociação com o parceiro (Brandão & Heilborn, 2006).
“As atitudes face ao preservativo, as normas sociais, as intenções comportamentais, a
perceção de auto eficácia, a experiência prévia no uso do preservativo, a motivação para a
prevenção da gravidez, a disponibilidade do preservativo, a comunicação sobre a sua
utilização e o estatuto do relacionamento parecem ser os fatores mais claramente associados
à utilização do preservativo” (Alvarez, 2005). É necessário desmistificar os métodos
contracetivos com reconhecimento do baixo risco das pílulas, da importância do uso do
preservativo e a ineficácia do coito interrompido (Saito & Leal, 2000).
147
Práticas sexuais atuais
Masturbação
Bozon (1995) afirma que a prática da masturbação aumentou de 19%, em 1971 para 71% em
1992, entre as mulheres francesas e sugere, que pelo menos em parte, este significativo
aumento ocorreu devido às transformações da sociedade e ao maior diálogo sobre a
sexualidade.
No que respeita aos jovens estudantes do ensino superior inquiridos, 69.4% afirmam
masturbar-se. Verifica-se que existem diferenças estatisticamente significativas entre
géneros, e que os homens são quem mais admite masturbar-se. Os dados aqui apresentados
associam a masturbação ao sexo masculino, algo semelhante ao que foi obtido por Monteiro
em 2002. Para a autora, “a maior familiaridade e aceitação dos rapazes com a masturbação e
uma menor experimentação das raparigas reflete a aceitação social do exercício sexual
masculino de forma mais autónoma, isto é, desvinculada da reprodução e das relações
estáveis” (Monteiro,2002).
Verificam-se diferenças estatisticamente significativas entre homens e mulheres, no que
respeita à idade em que começaram a masturbar-se, sendo os homens que começam mais
cedo, aos 12.88 anos em média, e as mulheres aos 15.24.
Também se observam diferenças estatisticamente significativas entre géneros no que respeita
ao número de vezes que se masturbaram nos últimos sete dias, tendo tido os homens esta
prática 3.05 vezes em média, e as mulheres, 1.24 vezes. Estes resultados corroboram os
estudos de Brêtas et al. (2011), o qual defende que a maior ocorrência da masturbação entre
os rapazes, bem como na quantidade desta prática, confirma aspectos característicos da
construção social da sexualidade masculina.
Alencar (2000), numa revisão bibliográfica sobre a masturbação aponta como aspetos
positivos: o autoconhecimento, a perceção das sensações agradáveis e a fantasia. No nosso
estudo, de entre os jovens que se masturbam, 89.04% sentem-se satisfeitos, 8.17%
envergonhados e 1.41% culpados com esta prática.
Embora não existam diferenças estatisticamente significativas entre géneros, os homens são
quem mais satisfeitos se sentem com esta prática (91%), contra 87.8% para as mulheres, são
as mulheres que menos culpa sentem por se masturbarem (1,35%), contra 1,49% para os
homens) e são os homens que menos vergonha sentem, o que é corroborado por Kaestle et al.
(2011).
Os estudantes referem que lhes apetece masturbar-se quando pensam em ideias românticas
(47.5%), quando se excitam com pornografia (28.9%) ou quando estão tensos (21%). Para
Brêtas et al. (2011), para aliviar a tensão sexual na adolescência, os jovens recorrem à
masturbação, que é uma prática que produz a sensação de alívio sexual à tensão e tem uma
função gratificante.
148
Existem diferenças significativas em dois temas, sendo as mulheres que se masturbam
preferencialmente quando pensam em ideias românticas e tendo os homens esta prática
quando pensam em pornografia. Também se verifica que as mulheres se masturbam mais do
que os homens quando estão tensas, embora não seja estatisticamente significativo.
Nos últimos sete dias, os jovens referem ter-se masturbado em média 2 vezes, com um
mínimo de 1 vez e um máximo de 4 vezes.
Alguns dos estudantes apresentam preocupação com o facto de se masturbar excessivamente
(17.5%), 75.5% não se preocupam e 6.7% não sabe. As mulheres referem mais do que os
homens, não se preocupar por se masturbar excessivamente.
Namoro
No momento em que responderam, 66.2% dos jovens tinham namorado(a). Em média, o
tempo que dura esta relação é de 28 meses. A idade média em que começaram a namorar é
aos 15 anos. Em relação ao namoro, a maioria dos adolescentes referiu não existir uma idade
para iniciá-lo, indicando o período para se começar, a faixa etária entre 13 e 16 anos,
coincidindo com outros estudos (Borges & Schor, 2007; Brêtas et al.,2011).
Os inquiridos tiveram em média um pouco mais de dois namorados(as), havendo quem tivesse
respondido 30 e outros nenhum. Observam-se diferenças estatisticamente significativas entre
géneros, sendo os homens que tiveram mais namoradas (em média 3), o que é socialmente
valorizado (Saalvadra et al., 2010).
Dos que têm namorado(a), a frequência com que se encontram é diariamente em 43.6%, aos
fins-de-semana, 32.1%, até 5 vezes por semana, 11.2%, até 3 vezes por semana em 8.4% e
4.7% raramente.
Anticoncecional
São as mulheres quem mais referem terem usado a pílula e que também menos admitem não
terem usado nenhum método anticoncecional, na sua última relação sexual. Assim, 43 % dos
jovens utilizaram a pílula, 41.4% o preservativo masculino; no entanto, 13.1% não usou
nenhum método anticoncecional na última relação. Embora os resultados fiquem aquém do
desejável, quanto ao uso do anticoncecional, outros estudos apontam para que um terço
daqueles que já tiveram relações sexuais deixaram de usar preservativos e cerca de um
quarto deles não usaram qualquer método anticoncepcional na última relação. (CarliniCotrim, B., Gazal-Carvalho, C. & Gouveia, N., 2000). Segundo Romero, Medeiros, Vitalle, &
Wehba (2007), os jovens apontam para o não uso do preservativo, o esquecimento, o custo e
o desprazer na relação sexual.
De seguida, apresentam-se algumas conclusões do ponto de vista da sócio-sexualidade, que é
a variação individual nas disposições, facilidades e propensões para solucionar o dilema entre
149
o empenho de acasalamento e o empenho parental, procurar parceiros, conquistá-los e fazer
sexo ou orientar esforços para manter um parceiro, fazer amor, assegurar a fidelidade e
investir nos filhos (Schmitt, 2005).
Em relação ao número de relações sexuais que tiveram ao longo do último ano, os jovens
referem em média 82 vezes. Não se verificam diferenças estatisticamente significas entre
géneros, embora os homens tenham tido em maior número.
No que diz respeito à estabilidade das relações sexuais, podemos verificar um maior número
de relações dos rapazes (em média mais de três parceiros sexuais), do que as jovens da
mesma faixa etária, que apresentam uma média de um parceiro (Monteiro & VasconcelosRaposo, 2005). 72.8% dos inquiridos tiveram 1 ou 2 parceiros diferentes. Todavia, observamse diferenças estatisticamente significativas entre género, havendo um maior número de
parceiros sexuais nos homens.
Em 88.1% a relação ocorre com o namorado e com um amigo em 11.4%. Tal como noutros
estudos (Pantoja, 2006), verifica-se que a maior parte dos rapazes teve a sua primeira relação
sexual com amigas, enquanto as raparigas com os seus namorados. Referem 5,9% dos
inquiridos já ter sido obrigado a praticar sexo contra a sua vontade.
As razões mais importantes para se ter sexo foram confirmar o amor (76.8%), a satisfação
física (73.8%), pelo divertimento (38.6%), para manter a relação (31.9%) e pela experiência
(18.4%). Verificam-se algumas diferenças estatisticamente significativas entre géneros, sendo
que as mulheres apontam como razões: para confirmar o amor, pela experiência e pelo
divertimento de forma mais marcante do que os homens, o que vai ao encontro dos resultados
obtidos noutros estudos (Barrientos, 2010; Matthiesen & Schmidt, 2009).
As práticas sexuais em que os inquiridos responderam “Sempre” realizar são: as “Carícias na
pele” (57.8%), os “Beijos superficiais” (55.7%), os “Beijos profundos com a língua” (51.7%), a
“Penetração de um pénis numa vagina” (41.6%) e as “Carícias nos genitais” (38.2%).
Relativamente às práticas que dizem “Nunca” praticar, aparecem: a “Colocação de uma boca
num ânus” (84.4%), a “Penetração de um pénis num ânus” (65%), a “Colocação de uma boca
num pénis” (32.9%), a “Penetração de um pénis numa boca” (32.3%) e por fim, a “Colocação
de uma boca numa vagina (29.3%).
Para a frequência das práticas sexuais comparativamente entre géneros, obtiveram-se
diferenças estatisticamente significativas para “Carícias nos genitais”, “Penetração de um
pénis numa boca”, “Penetração de um pénis num ânus”, “Colocação de uma boca numa
vagina” e “Colocação de uma boca num ânus”, que indicam que são os homens que mais
frequentemente exercem essas práticas. Também se verificaram diferenças estatisticamente
significativas nas “Carícias na pele” e “Colocação de uma boca num pénis”, sendo as
mulheres que mais realizam essas atividades.
Embora existam dentro das práticas sexuais entre as pessoas, uma série de comportamentos
que não envolvem uma penetração, em quase todas as culturas, é de facto a consumação do
150
coito que concretiza a relação sexual. O coito também não apresenta variabilidade de cultura
para cultura, podendo referir-se à penetração do pénis a nível vaginal, anal, interfemural ou
ainda intermamário (Pereira, 2009). As práticas são muito influenciadas pelas regras
culturais, com as suas proibições. A sexualidade refere-se aos modos como as práticas sexuais
são transformadas em significantes de um tipo particular de identidade social (Garton, 2009).
Substâncias psicoativas
A droga mais utilizada nos jovens que referem já terem utilizado substâncias ilícitas é a
cannabis. Este resultado é semelhante ao encontrado noutros trabalhos (Madu & Malta, 2003;
Webb, Ashton, Kelly & Kamali, 1996, Saluja, Grover Irparti, Mattoo & Basu, 2007), sendo os
rapazes que mais consomem (Kokkevi, Richardson, Florescu, Kuzman & Stergar, 2007; Naia,
Simões & Matos, 2007; Pinheiro, 2010).
Relativamente à questão de já terem tido relações sexuais sob o efeito de substâncias psico
ativas, 33.3% responderam afirmativamente.
Cerca de 29.8% dos jovens já tiveram relações sexuais sob o efeito de álcool, havendo
diferenças estatisticamente significativas entre géneros, sendo os homens que respondem em
maior percentagem afirmativamente. Cerca de 15% dos jovens já tiveram relações sexuais sob
o efeito de cannabis, não havendo diferenças estatisticamente significativas entre géneros,
embora os homens respondam afirmativamente em maior percentagem.
Em relação ao consumo de heroína, 100% da população inquirida respondeu negativamente.
Cerca de 1.9% dos jovens já tiveram relações sexuais sob o efeito de cocaína, havendo
diferenças estatisticamente significativas entre géneros, sendo mais uma vez os homens que
respondem em maior percentagem afirmativamente. 1% dos jovens respondeu que já tinham
tido relações sexuais sob efeito de ecstasy. Embora não exista diferenças estatisticamente
significativas entre géneros, percebe-se uma prevalência do consumo desta substância nos
homens. Aproximadamente 1.5% dos jovens já tiveram relações sexuais sob o efeito de
ácidos, havendo diferenças estatisticamente significativas entre géneros, sendo outra vez os
homens que respondem em maior percentagem afirmativamente. 87.8% dos jovens inquiridos
diz não costumar ter relações sob o efeito de substâncias psicoativas. No entanto, dos que
dizem costumar, 99.5% usam álcool ou álcool mais uma outra substância.
Neste estudo, a questão não incide numa relação de causalidade entre o consumo da
substância e a consequente relação sexual., como é o caso do estudo realizado por Matos,
2010, em que 94.3% dos jovens responderam nunca terem tido relações sexual por terem
tomado alguma sustância psicoativa.
No nosso estudo, a prevalência de consumo de substâncias psicoativas nos homens em relação
às mulheres está de acordo com a investigação realizada a nível nacional como internacional
(Reis & Matos, 2008; Eaton et al., 2005), o que potencia o não uso do preservativo e respetivo
comportamento de risco (Labrie et al., 2005; Lomba, et al., 2008).
151
Ter sexo seguro
Ter sexo seguro significa para os inquiridos utilizar um preservativo (94.3%), evitar múltiplos
parceiros (52.7%), evitar sexo com profissionais do sexo (19.6%), evitar sexo anal (4.9%) e ser
abstinente (4.8%).Não existem diferenças estatisticamente significativas entre géneros, mas
são as mulheres quem em maior percentagem consideram que ter sexo seguro é utilizar um
preservativo (94.4%), evitar múltiplos parceiros (54.9%), evitar sexo anal (5%) e ser abstinente
(5.3%); enquanto os homens defendem mais, evitar sexo com profissionais do sexo (21.8%).
Quando se fala em sexo seguro, 40% das vezes, as relações sexuais estão iminentes (Cline,
Johnson & Freeman, 1992), uma vez que a excitação sexual constitui um dos obstáculos para
se usar o preservativo devido ao estado fisiológico e emocional excessivo do indivíduo
(Mewhinney, Herold & Maticka-Tyndale, 1995; Boldero, Moore & Rosenthal, 1992).
Escala de fantasias sexuais
Em relação às fantasias, podemos observar que os homens apresentam maior grau de
fantasias do que as mulheres, em todas as dimensões. Podemos observar que não existem
diferenças estatisticamente significativas quanto às fantasias, quando se comparam os dois
grupos de idade, 17-21 anos e 22-30 anos. Todavia, observa-se mais “Fantasias exploratórias”,
“Fantasias íntimas”, “Fantasias impessoais” e na “Escala total”, no grupo mais velho, 22-30
anos. Apenas nas “Fantasias sado masoquistas” é que o grupo mais jovem, 17-21 anos
apresentou maior grau de fantasias.
Nota-se que são os jovens que já iniciaram a sua vida sexual que têm mais fantasias, todavia,
as diferenças são estatisticamente significativas apenas nas fantasias íntimas e na escala
total. Os jovens que se masturbam têm mais fantasias comparativamente com os que não se
masturbam, sendo esses resultados estatisticamente significativos. Analisando as fantasias e
comportamentos relacionados com parafilia, observamos que os sujeitos referem não terem
tido, na sua generalidade, fantasias ou comportamentos semelhantes.
Orientação sexual
Como referido anteriormente, apenas foram consideradas as dimensões do passado, uma vez
que os autores evidenciaram que as medidas “passado” são constantes na mensuração do
constructo. Os resultados apontam para uma orientação essencialmente heterossexual, com
pontuações médias obtidas pelos homens de 5.88 e a das mulheres de 5.79, as quais se situam
entre “O outro sexo algo mais”(5) e “Maioritariamente o outro sexo”(6). Embora se verifique
o valor ligeiramente mais elevado para os homens, não existem diferenças estatisticamente
significativas entre géneros.
152
Crenças e informação sexual
Observa-se que os resultados relativamente à informação sexual está acima da média nas
dimensões tempo/paciência (3.61 numa pontuação de 0 a 4), na dimensão stress/ pressão
(3.81 numa pontuação de 0 a 4), satisfação sexual (4.2 numa pontuação de 0 a 5),
miscelânea/conhecimento básico (1.68 numa escala de 0 a 2), assim como no total da escala
(14.84 numa escala de 0 a 24), o que significa que os participantes apresentam uma
informação correta nesses domínios. Observa-se no entanto um valor inferior à média, no que
respeita à informação acerca do envelhecimento (1.68 numa escala de 0 a 4), o que poderá
significar um fraco grau de informação em relação ao envelhecimento. Estes resultados são
esperados uma vez que a população inquirida é de formação superior, proporcionando uma
melhor informação em geral, mas menor na questão do envelhecimento uma vez que são
adultos bastante jovens. Esses resultados refletem que, o facto de os jovens terem
atualmente muita facilidade em obter informação, não garante que as suas escolhas sejam as
mais adequadas, por isso a educação sexual poderá fornecer uma ajuda na triagem desta
informação, contribuindo para que seja utilizada da melhor forma (Piscalho, Serafim & Leal,
2000). Nas medidas de crenças e informação sexual, não se verificam diferenças
estatisticamente significativas entre os jovens que já iniciaram ou não a sua vida sexual, nem
comparando a variável idade ou o género em nenhuma dimensão.
Problemas sexuais
Relativamente à satisfação com a sua vida sexual, (com possibilidades de resposta que iam de
1 (Muito insatisfeito), até ao 5 (Muito satisfeito)), salientam-se um maior número de respostas
situadas entre o 3 e o 5, o que representa um bom nível de satisfação, em ambos os géneros,
não existindo diferenças estatisticamente significativas entre homens e mulheres. Quanto à
satisfação da vida sexual, as mulheres (3.80), indicam sentir-se mais satisfeitas do que os
homens (3.45) na área da vida sexual. Para a frequência das fantasias e comportamentos
relacionados com parafilia, verificou-se que a grande maioria dos participantes referem nunca
terem tido a fantasia ou o comportamento referidos.
Saúde mental
O aspeto da saúde mental total é apresentado como bom nos jovens inquiridos.
Para os resultados obtidos na saúde mental comparando os géneros, obteve-se diferenças
estatisticamente significativas, nos itens ansiedade, depressão, perda de controlo emocional
e comportamental o que correspondem à dimensão “Distress psicológico”, apontando para
que sejam as mulheres quem apresentam mais essas características. Na dimensão da “Escala
total”, também se verificam diferenças estatisticamente significativas, o que aponta para
uma maior saúde mental nos homens.
153
Em relação à saúde mental apresentada pelos estudantes, comparando os que iniciaram a sua
vida sexual com os que ainda não iniciaram, verificam-se diferenças estatisticamente
significativas no que respeita a todas as dimensões, assim como na escala total, sendo que os
inquiridos que já iniciaram a sua vida sexual apresentam maiores níveis de saúde mental
nestas dimensões e também maior saúde mental na escala total.
Comparando os dois grupos de idade 17-21 anos com o grupo 22-30 anos, verifica-se apenas
diferenças estatisticamente significativas na dimensão “Bem-estar psicológico”, em que se
destaca um maior nível de saúde mental no grupo 17-21 anos. Nas outras dimensões também
são visíveis melhores resultados no grupo mais novo ao nível da saúde mental.
Resumindo, verificámos que os jovens estudantes universitários falam sobre questões
relacionadas com a sexualidade. Concordam na sua maioria com o casamento e gostavam de
ter, em média, dois filhos. Idealmente, seriam pais entre os 25 e os 35 anos.
Grande número dos jovens inquiridos já iniciou a sua vida sexual, tendo os homens e o grupo
dos mais novos, iniciado mais cedo do que as mulheres e os mais velhos. Quando isso
aconteceu, o tempo de namoro com o parceiro era de cerca de 22 meses, sendo o tempo de
namoro médio das mulheres superior ao dos homens. As razões para iniciar a primeira relação
sexual foram a atração, o amor e a curiosidade. Também foi referida a pressão do
companheiro por algumas mulheres. São também elas que maior importância atribuem a este
acontecimento
de
vida.
Usaram
maioritariamente
o
preservativo
como
método
anticoncecional, apesar de 11.4% não terem usado nenhum.
A masturbação é referida como uma prática habitual por mais de metade dos estudantes, com
maior prevalência nos homens. Começaram a namorar por volta dos 15 anos, tendo tido mais
ou menos dois namorados(as), tendo os homens começado mais cedo e tendo tido um maior
número de namorados(as). Verifica-se que, nas últimas relações sexuais, as mulheres
continuam a usar mais anticoncecional, mas 13.1% dos jovens não o usou na última relação
sexual, embora considerem que ter sexo seguro signifique usar o preservativo (94.3%). Os
homens referem mais parceiras sexuais.
No geral, os jovens universitários caracterizam-se como heterossexuais e não apresentam
problemas sexuais. Possuem informação e crenças adequadas no que concerne à sexualidade.
Torna-se visível que, os jovens que já iniciaram a sua vida sexual referem ter mais fantasias e
apresentam um maior nível de saúde mental, particularmente o grupo dos mais novos.
Assim, e apesar de não ser possível demonstrar, é provável que as campanhas que têm sido
feitas nos últimos anos (VIH/DST´s, Associação para o Planeamento da Família - APF,
Educação para Saúde nas escolas,…) tenham sido eficazes. Do ponto de vista do
desenvolvimento, é espectável que, nesta faixa etária, os jovens se apresentem saudáveis.
A experiência de estar inserido na vida académica, apesar de transitória, é, para a maioria
dos jovens, uma experiência gratificante, ainda que possa surgir alguns desafios,
nomeadamente adaptação, autonomia, consumos, entre outros, mas nesta amostra, os jovens
154
parecem beneficiar dos aspetos positivos, que a obtenção de suporte social e emocional
através do estabelecimento de relações internas fornece.
O tipo de recolha que aqui se efetuou (via questionário e via online) apresenta alguns
desafios:
Por um lado, relativamente aos questionários, há que referir a extensão do protocolo, muitas
questões, muitas medidas, muitos itens, muito tempo para responder. Por outro lado, pode
ter havido o efeito da desejabilidade social, em que não foi possível controlar se alguns
jovens podem ter respondido de acordo com o esperado socialmente. Também o facto de se
ter usado a cross-section, ou seja, a aplicação num único momento, poderá ter
impossibilitado o acompanhamento de eventuais evoluções ao longo do tempo. O timing de
recolha (setembro de 2010 a setembro de 2011), poderá ter estado sujeito à influência de
acontecimentos ou experiências que não foram controlados. Também, pela internet,
condiciona-se o público-alvo, apesar de se saber que 100% dos jovens universitários têm
acesso à internet. O efeito do voluntario também poderá existir,uma vez que só respondem
aos questionários as pessoas que têm interesse, em participar neste tipo de estudo, e que já
terão
algumas
características
de
personalidade,
que
à
partida,
sugerem
maior
responsabilidade, maior interesse, maior maturidade e maior curiosidade.
Modelo empírico
Relativamente ao modelo de equações estruturais, podemos afirmar que apresenta
propriedades de adequação aos dados, ou seja, podemos considerar que os dados recolhidos
permitem explicar que para estes participantes:
A sexualidade como um todo é, necessariamente, vista como uma integração de várias
dimensões interrelacionadas entre si. Não podemos entender nem explicar a sexualidade dos
jovens, sem ter em conta as suas atitudes, as suas crenças, as suas motivações, as suas
fantasias, os seus comportamentos e as suas características sociodemográficas.
O facto de se observar esta interrelação e na Análise de Equações Estruturais (AEE) se
perceber que os dados recolhidos empiricamente explicam o modelo que aqui se apresenta,
permite-nos considerar que quando pensamos em sexualidade nos jovens do ensino superior,
é necessário ter em conta o conjunto de todas as variáveis intervenientes no processo.
Para estes jovens, quando pensam em motivações para terem relações sexuais, pensam em
confirmar o amor, na satisfação física, dar-se com pessoas, em experiência, em divertimento
e manter o relacionamento.
As fantasias são fantasias exploratórias, fantasias íntimas, fantasias impessoais e fantasias
sadomasoquistas.
Quando pensam em comportamentos, referem-se ao início da sexualidade, à idade da sua
primeira relação sexual, ao fato de se masturbar ou não, ao número de vezes que se
155
masturbaram na última semana, ao número de relações sexuais que tiveram no último ano, ao
número de parceiro(a)s que já tiveram, se usaram contracetivo na sua última relação sexual e
à sua orientação sexual.
Os dados socio demográficos remetem para a idade, o género e a sua religião.
As atitudes dizem respeito às circunstâncias que consideram mais adequadas para iniciar a
sua vida sexual, à melhor idade para iniciar a sua vida sexual, saber se concordam com o
casamento e à importância dada à primeira relação sexual.
As crenças referem-se à informação e crenças relacionadas com a sexualidade nas questões
do tempo/paciência, stress/pressão, envelhecimento, satisfação sexual e miscelânea e
conhecimento básico.
Este conjunto de correlações pemite-nos compreender a complexidade de fatores
intervenientes na sexualidade dos jovens.
No momento atual, é muito importante e pertinente, podermos construir este tipo de
modelos explicativos, pois funcionam como um mapa para entendimento do funcionamento
da sexualidade dos jovens, que pode ser como sabemos, por vezes, escura dada a natureza
dos temas que envolve.
A falta de Educação para a Sexualidade no seio familiar e escolar, o facto de vivermos numa
sociedade sexista, heterossexista, que gera continuamente expectativas acerca do que é ou
não aceitável, do ponto de vista da sexualidade, e que nesse sentido, regulamentam as
normas sociais nas quais os jovens nesta faixa etária se encaixam. Podemos também assumir
que nesta altura, muitos jovens se preparam para resolver a crise identitária e como já foi
referido, grande parte deste processo constitui-se à custa do estabelecimento de relações
íntimas com outros adultos.
Então, este modelo pretende descortinar essas “avenidas” nem sempre claras e ao mesmo
tempo, oferecer aos próprios jovens, aos pais e familiares, aos educadores, uma referência
muito importante na hora de todos compreenderem melhor do que é que se fala, quando
falamos em Sexualidade.
Em síntese, vivemos num contexto histórico e social muito particular: mudanças políticas,
sociais e normativas, o VIH que veio tornar necessária a discussão pública sobre sexo e
sexualidade, mudanças na organização social e familiar, acesso ao ensino superior para mais
jovens, facilitam um novo espaço psico-social para a construção da sexualidade. Como vimos
neste trabalho, esse espaço é construído através das atitudes, das crenças, das motivações,
das fantasias, dos comportamentos e características sócio-demográficas, que são mutáveis e
dinâmicos.
156
Limitações
Parece nos importante salientar que algumas leituras resultantes da presente investigação
deverão ser apresentadas com prudência na sua interpretação e generalização.
A primeira limitação advém do fato da recolha da informação ter sido realizada através do
recurso à internet, podendo considerar-se que o pedido de colaboração na investigação não
tenha chegado a todos os estudantes universitários portugueses.
A segunda limitação, prende-se com a questão do autoregisto, sendo que a utilização destas
medidas implica que se considerem aspetos como a desejabilidade social, a falsidade ou o
estilo de repostas (Pais Ribeiro, 2007). O auto relato apresenta muitas vantagens, tais como o
baixo custo em termo de tempo e esforço despendido pelos investigadores, todavia, esta
técnica pode estar sujeita a imprecisões e enviazamentos. Assim, alguns jovens podem querer
apresentar-se de modo valorizado, salientando aspetos que considere positivos, e
subvalorizando aspetos considerados inconvenientes.
Implicações
No entanto, as limitações identificadas não invalidam, na nossa opinião, que se tenha em
consideração alguns resultados a que chegámos neste trabalho.
Apesar de no global, termos motivos para aceitar a ideia que os jovens estão a viver a sua
sexualidade de forma saudável, este estudo também nos obriga a refletir sobre algumas
questões. Verificou-se que, ainda ocorrem alguns comportamentos de risco junto dos jovens,
nomeadamente em relação ao consumo de substâncias psicoativas e ao não uso sistemático do
preservativo. É portanto importante educar para a saúde, os jovens universitários (Precioso,
2004).
Existe a crença de que a maioria das pessoas adquire alguns hábitos nefastos, tais como
fumar, até à adolescência. Sabe-se que muitos comportamentos perniciosos são adquiridos já
na idade adulta e na própria universidade. Isso explica-se pela ocorrência de modificações nos
fatores sociais e ambientais, verificada normalmente no ingresso no ensino superior, situação
que aumenta o risco de adoção de comportamentos de risco (Precioso, 2004).
A educação sexual tem como objetivo fundamental formar, desenvolver atitudes e
competências nos jovens, permitindo que estes se sintam informados e seguros nas suas
escolhas (GTES, 2007). Seria assim necessário incidir em intervenções do tipo preventivo, de
caráter universal, abrangendo toda a população escolar e respetivos contextos de vida:
escola, família e grupo de pares; mas também em intervenções mais específicas e intensivas,
nos subgrupos identificados como prioritários (Matos, Reis, Ramiro, Borile, Berner, Vasquez,
Gonzalez, Messias, Eisenstein, Pons, Tuzzo, Livia, Salazar & Vilar, 2009).
157
A educação sexual torna-se assim importante, devendo envolver conhecimentos sobre a
sexualidade, prazer, reprodução, gravidez precoce, doenças sexualmente transmissíveis,
importância do uso do preservativo (Saito et al., 2000). O comportamento sexual preventivo
não depende só do nível de conhecimentos, mas da motivação e desenvolvimento das
competências (Matos, 2010).
A avaliação dos determinantes do comportamento preventivo torna-se, igualmente, fulcral.
Estes podem ser a quantidade e qualidade da informação, das atitudes e dos
comportamentos, bem como as questões sócio-valorativas vigentes. No entanto, se quisermos
ter programas de prevenção que sejam eficazes, é crítico conjugar estes determinantes com
outras variáveis, nomeadamente os custos da intervenção, os recursos de que se fazem
acompanhar (por exemplo, brochuras, preservativos, etc.) e as competências dos técnicos
que geram a intervenção. Os dados da pesquisa têm reforçado a ideia de que a prevenção
revela-se tanto mais eficaz quanto mais se desenrolar no seio de uma dada comunidade e
quanto mais envolver todos os membros (Kelly et. al, 2000; Ehrmann, 2002).
Mostra-se assim pertinente investir nos programas de educação e prevenção destes jovens.
Pensar no estabelecimento de parcerias, de funcionamento em rede, no espaço universitário
português, para otimizar o sucesso dos programas de Educação para a Saúde que são
aplicados no Ensino Básico e Secundário. Também é necessário disseminar a sexualidade entre
os jovens como um valor para a existência humana que pode e deve ser vivida de forma
multidimensional, adequada, responsável e saudável. Assim, este estudo poderá ser um
instrumento de base para a definição de projetos de prevenção e intervenção promotores de
de uma sexualidade saudável nos jovens estudantes do ensino superior portugueses.
Este trabalho marca a necessidade de se intervir na área da prevenção, com programas que
revelem eficácia na sua aplicação, de modo a tornar mais objectiva a mudança. Torna-se
importante trabalhar junto de técnicos, jovens e população geral, valores e crenças ligados às
questões da sexualidade, maternidade, gravidez, aborto e papéis de género, onde se
encontram valores enraizados, já descontextualizados da realidade atual. Trabalhar ainda no
sentido da sexualidade ser aceite como parte integrante de todo o ciclo vital do sujeito sob
diversas formas e as relações sexuais como uma parte da sexualidade, para que sejam vividas
como naturais e prazerosas (Sereno, Leal, & Maroco, 2009).
Os dados obtidos empiricamente no estudo, através da medição do modo como os jovens
pensam, acreditam, atuam e vivem a sua sexualidade, vêm confirmar que a sexualidade não
se resume à heterossexualidade, à procriação, ao namoro. A sexualidade é multidimensional e
dinâmica, uma vez que ela está interligada às características sociodemográficas dos
indivíduos, às suas crenças, às suas motivações, aos seus comportamentos, às suas atitudes e
às suas fantasias, como se conclui do modelo explicativo apresentado. Este estudo fornece
assim uma visão social construtivista da sexualidade.
158
Este trabalho contribui para o avanço no estudo na área da sexualidade em Portugal, que são
poucos, facilitando a mudança social, na medida em que torna explícita a necessidade de
investigar e disseminar resultados na área da sexualidade. Por fim, permite esclarecer e
desconstruir mitos e preconceitos que persistem na mente dos jovens e da população em
geral.
Mais do que um ponto de chegada esta investigação pretende ser um ponto de partida para
futuros trabalhos neste domínio.
159
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182
183
Anexos
184
185
Anexo 1
186
187
188
189
Anexo 2
190
191
192
193
Anexo 3
194
195
196
197
ANEXO 4
198
199
Escala de Fantasias Sexuais
(Wilson, 1978) adaptada para a população portuguesa da versão espanhola (Sierra, Ortega y
Zubeidat, 2006) por Freire, 2008.
Com que frequência tem fantasias com cada um dos seguintes temas?
Nunca
Raramente
Ás
vezes

Muitas
vezes



Participação numa orgia (i.e., ter actividade sexual com vários
parceiros/as em simultâneo)?




2 Actividade Homossexual?




3 Actividade Heterossexual?




4 Troca de parceiros?




5 Ser promíscuo(a) (i.e., ter actividade sexual frequente de forma
descomprometida e casual)?




6 Ser muito solicitado(a)?




7 Ter sexo com duas pessoas em simultâneo?




8 Ser seduzido(a) como uma pessoa "inocente" ou "ingénua"?




9 Ter sexo com uma pessoa de raça diferente?




10 Fazer amor ao ar livre num contexto romântico (p.e., num campo
de flores ou numa praia à noite)?




11 Ter relações sexuais com um(a) parceiro(a) que ame?




12 Ter relações sexuais com alguém conhecido mas com quem
ainda não tenha tido sexo?




13 Praticar sexo oral ?




14 Fazer amor noutro local que não o quarto (p.e., na cozinha ou
casa de banho)?




15 Ser despido(a)?




16 Ser masturbado(a) até ao orgasmo por um parceiro(a)?




17 Beijar apaixonadamente?




18 Presenciar outros a fazer sexo?




19 Ter relações sexuais com um estranho anónimo?




20 Sentir-se excitado(a) por borracha ou couro?




21 Assistir a filmes ou imagens obscenas?




22 Usar objectos para estimulação (p.e., vibradores)?




23 Fazer sexo com alguém muito mais velho?




24 Sentir-se excitado(a) por seda ou pele?




25 Travestismo (usar roupas do sexo oposto)?




26 Chicotear ou dar palmadas a alguém?




27 Ser chicoteado(a) ou levar palmadas de alguém?




28 Atar alguém?




29 Ser atado(a) por alguém ?




30 Exibir-se provocatoriamente?




31 Despir alguém?




32 Forçar alguém a fazer algo?




33 Ser forçado(a) a fazer algo?
Por favor, indique outra ou outras fantasias que não tenham sido referidas._______________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
1
200
201
ANEXO 5
202
203
Grelha de Orientação Sexual de Klein
(Pereira, Leal & Maroco)
2 – Maioritariamente o mesmo sexo
3 – O mesmo sexo algo mais
4 – Os dois sexos de igual modo
5 – O outro sexo algo mais
6 – Maioritariamente o outro sexo
7 – Apenas o outro sexo
1. A sua atracção sexual presentemente (último ano)
2. A sua atracção sexual no passado
3. A sua atracção sexual ideal
4. O seu comportamento sexual presentemente (último ano)
5. O seu comportamento sexual no passado
6. O seu comportamento sexual ideal
7. As suas fantasias sexuais presentemente (último ano)
8. As suas fantasias sexuais no passado
9. As suas fantasias sexuais idealmente
10. A sua preferência emocional presentemente (último
ano)
11. A sua preferência emocional no passado
12. A sua preferência emocional idealmente
13. O género com que socializa mais presentemente
14. O género com que socializou mais no passado
15. O género com que socializaria idealmente
1 – Apenas o mesmo sexo
Itens









































































































204
205
ANEXO 6
206
207
Questionário de Crenças e Informação Sexual
(SBIQ; Adams e col., 1996; tradução e adaptação de P. Nobre, 2001)
Para cada uma das afirmações apresentadas faça um círculo em torno do «V» se pensa que esta
afirmação é correta, em torno do «F» se pensa que é falsa, ou em torno do «?» se não tem a
certeza. Algumas das questões não têm uma resposta correta ou errada. As respostas que
escolher ajudar-nos-ão a compreender o que sente ou o que pensa ser correto.
1. O pénis deve estar completamente ereto para que um homem possa ter um
V
orgasmo (clímax) e ejacular.
2. Um casal pode ter um bom relacionamento sexual, mesmo que nunca tenha
tido um orgasmo (clímax) simultâneo.
3. Um preservativo protege contra a gravidez e muitas doenças.
4. A lubrificação vaginal (ficar molhada) nas mulheres é sinal de excitação
sexual feminina tal como a ereção o é nos homens.
5. Sexo anal sem preservativo aumenta as hipóteses de contrair doenças
sexualmente transmissíveis.
6. A masturbação tanto nos homens como nas mulheres é um sinal de que
alguma coisa está errada com a vida sexual de quem a prática.
7. Os problemas sexuais ocorrem frequentemente porque os homens e as
mulheres estão demasiado inibidos para dizer ao seu parceiro que estimulação
necessitam para se excitarem sexualmente.
8. A maioria das mulheres é capaz de se satisfazer sexualmente mesmo quando
os seus parceiros não conseguem manter uma ereção.
9. A área mais sensível dos órgãos sexuais femininos é no fundo da vagina.
10. Quanto maior é o pénis, maior satisfação física para a mulher durante o
coito.
11. Se um casal não consegue realizar o ato do coito, não existem hipóteses de
ter uma relação sexual satisfatória.
12. As ereções nos homens idosos saudáveis não são tão fortes como nos
jovens saudáveis.
13. Com a idade os orgasmos e ejaculações nos homens podem tornar-se menos
poderosos ou mesmo não ocorrerem em certas ocasiões.
14. Com a meia-idade as mulheres podem necessitar de mais tempo para se
conseguirem excitar e podem necessitar de utilizar lubrificantes para ter
relações sexuais sem desconforto.
15. Quando um homem se torna idoso, o seu pénis necessita habitualmente de
maior estimulação e mais tempo para ficar ereto.
16. O stress e o medo de falhar podem levar um homem a perder a sua
capacidade para manter uma ereção.
17. Fumar e beber não têm efeito sobre as capacidades sexuais do homem.
18. A maioria dos homens começa a apresentar alguns problemas de ereção
quando atingem os 40 ou 50 anos.
19. A vida sexual de um casal pode ser melhorado através da maior
disponibilidade para agradar ao outro tanto na cama como fora dela.
20. A maioria das vezes a impotência é o resultado de o homem não possuir
suficientes hormonas masculinas.
F
208
?
21. Prazer sexual sem coito é contra os princípios da minha religião.
22. O sexo para a maioria das pessoas não é como nos filmes, é necessário
tempo e dedicação.
23. Alguns medicamentos podem levar o homem a apresentar problemas com a
sua ereção.
24. Um homem ou uma mulher devem estar sempre prontos para o coito sexual,
caso o parceiro o deseje.
25. Se um homem ou uma mulher não são capazes de ter coito, então é
preferível evitar todo e qualquer afeto físico.
209
ANEXO
7
210
211
Inventário de Saúde Mental
(J. Luis Pais Ribeiro)
Abaixo vai encontrar um conjunto de questões acerca do modo como se sente no dia a dia.
Responda a cada uma delas assinalando num dos quadrados por baixo a resposta que melhor
que melhor se aplica a si.
1. QUANTO FELIZ E SATISFEITO VOCÊ TEM ESTADO COM A SUA VIDA PESSOAL?
� Extremamente feliz, não pode haver pessoa mais feliz ou satisfeita
� Muito feliz e satisfeito a maior parte do tempo
� Geralmente satisfeito e feliz
� Por vezes ligeiramente satisfeito, por vezes ligeiramente infeliz
� Geralmente insatisfeito, infeliz
� Muito insatisfeito, e infeliz a maior parte do tempo
2. DURANTE QUANTO TEMPO SE SENTIU SÓ NO PASSADO MÊS?
� Sempre
� Quase sempre
� A maior parte do tempo
� Durante algum tempo
� Quase nunca
� Nunca
3. COM QUE FREQUÊNCIA SE SENTIU NERVOSO OU APREENSIVO PERANTE COISAS QUE
ACONTECERAM, OU PERANTE SITUAÇÕES INESPERADAS, NO ÚLTIMO MÊS?
� Sempre
� Com muita frequência
� Frequentemente
� Com pouca frequência
� Quase nunca
� Nunca
4. DURANTE O MÊS PASSADO COM QUE FREQUÊNCIA SENTIU QUE TINHA UM FUTURO
PROMISSOR E CHEIO DE ESPERANÇA?
� Sempre
� Com muita frequência
� Frequentemente
� Com pouca frequência
� Quase nunca
� Nunca
5. COM QUE FREQUÊNCIA, DURANTE O ÚLTIMO MÊS, SENTIU QUE A SUA VIDA NO DIA A
DIA ESTAVA CHEIA DE COISAS INTERESSANTES?
� Sempre
� Com muita frequência
� Frequentemente
� Com pouca frequência
� Quase nunca
� Nunca
6. COM QUE FREQUÊNCIA, DURANTE O ÚLTIMO MÊS, SE SENTIU RELAXADO E SEM
TENSÃO?
� Sempre
� Com muita frequência
� Frequentemente
� Com pouca frequência
� Quase nunca
� Nunca
7. DURANTE O ÚLTIMO MÊS, COM QUE FREQUÊNCIA SENTIU PRAZER NAS COISAS QUE
FAZIA?
� Sempre
� Com muita frequência
212
� Frequentemente
� Com pouca frequência
� Quase nunca
� Nunca
8. DURANTE O ÚLTIMO MÊS, TEVE ALGUMA VEZ RAZÃO PARA SE QUESTIONAR SE
ESTARIA A PERDER A.CABEÇA, OU A PERDER O CONTROLO SOBRE OS SEUS ACTOS, AS
SUAS PALAVRAS, OS SEUS, PENSAMENTOS, SENTIMENTOS OU MEMÓRIA?
� Não, nunca
� Talvez um pouco
� Sim, mas não o suficiente para ficar preocupado com isso
� Sim, e fiquei um bocado preocupado
� Sim, e isso preocupa-me
� Sim, e estou muito preocupado com isso
9. SENTIU-SE DEPRIMIDO DURANTE O ÚLTIMO MÊS?
� Sim, até ao ponto de não me interessar por nada durante dias
� Sim, muito deprimido quase todos os dias
� Sim, deprimido muitas vezes
� Sim, por vezes sinto-me um pouco deprimido
� Não, nunca me sinto deprimido
10. DURANTE O ÚLTIMO MÊS, QUANTAS VEZES SE SENTIU AMADO E QUERIDO?
� Sempre
� Quase sempre
� A maior parte das vezes
� Algumas vezes
� Muito poucas vezes
� Nunca
11. DURANTE QUANTO TEMPO, NO MÊS PASSADO SE SENTIU MUITO NERVOSO?
� Sempre
� Quase sempre
� A maior parte do tempo
� Durante algum tempo
� Quase nunca
� Nunca
12. DURANTE O ÚLTIMO MÊS, COM QUE FREQUÊNCIA ESPERAVA TER UM DIA
INTERESSANTE AO LEVANTAR-SE?
� Sempre
� Com muita frequência
� Frequentemente
� Com pouca frequência
� Quase nunca
� Nunca
13. NO ÚLTIMO MÊS, DURANTE QUANTO TEMPO SE SENTIU TENSO E IRRITADO?
� Sempre
� Quase sempre
� A maior parte do tempo
� Durante algum tempo
� Quase nunca
� Nunca
14. DURANTE O ÚLTIMO MÊS SENTIU QUE CONTROLAVA PERFEITAMENTE O SEU
COMPORTAMENTO, PENSAMENTO, EMOÇÕES E SENTIMENTOS?
� Sim, completamente
� Sim, geralmente
� Sim, penso que sim
� Não muito bem
� Não e ando um pouco perturbado por isso
� Não, e ando muito perturbado por isso
213
15. DURANTE O ÚLTIMO MÊS, COM QUE FREQUÊNCIA SENTIU AS MÃOS A TREMER
QUANDO FAZIA ALGUMA COISA?
� Sempre
� Com muita frequência
� Frequentemente
� Com pouca frequência
� Quase nunca
� Nunca
16. DURANTE O ÚLTIMO MÊS, COM QUE FREQUÊNCIA SENTIU QUE NÃO TINHA FUTURO, QUE NÃO
TINHA PARA ONDE ORIENTAR A SUA VIDA?
� Sempre
� Com muita frequência
� Frequentemente
� Com pouca frequência
� Quase nunca
� Nunca
17. DURANTE QUANTO TEMPO, NO MÊS QUE PASSOU, SE SENTIU CALMO E EM PAZ?
� Sempre
� Quase sempre
� A maior parte do tempo
� Durante algum tempo
� Quase nunca
� Nunca
18. DURANTE QUANTO TEMPO, NO MÊS QUE PASSOU, SE SENTIU EMOCIONALMENTE
ESTÁVEL?
� Sempre
� Quase sempre
� A maior parte do tempo
� Durante algum tempo
� Quase nunca
� Nunca
19. DURANTE QUANTO TEMPO, NO MÊS QUE PASSOU, SE SENTIU TRISTE E EM BAIXO?
� Sempre
� Quase sempre
� A maior parte do tempo
� Durante algum tempo
� Quase nunca
� Nunca
20. COM QUE FREQUÊNCIA, NO MÊS PASSADO SE SENTIU COMO SE FOSSE CHORAR?
� Sempre
� Com muita frequência
� Frequentemente
� Com pouca frequência
� Quase nunca
� Nunca
21. DURANTE O ÚLTIMO MÊS, COM QUE FREQUÊNCIA VOCÊ SENTIU QUE AS OUTRAS
PESSOAS SE SENTIRIAM MELHOR SE VOCÊ NÃO EXISTISSE?
� Sempre
� Com muita frequência
� Frequentemente
� Com pouca frequência
� Quase nunca
� Nunca
22. QUANTO TEMPO, DURANTE O ÚLTIMO MÊS, SE SENTIU CAPAZ DE RELAXAR SEM
DIFICULDADE?
� Sempre
214
� Quase sempre
� A maior parte do tempo
� Durante algum tempo
� Quase nunca
� Nunca
23. NO ÚLTIMO MÊS, DURANTE QUANTO TEMPO SENTIU QUE AS SUAS RELAÇÕES
AMOROSAS ERAM TOTAL OU COMPLETAMENTE SATISFATÓRIAS?
� Sempre
� Quase sempre
� A maior parte do tempo
� Durante algum tempo
� Quase nunca
� Nunca
24. COM QUE FREQUÊNCIA, DURANTE O ÚLTIMO MÊS, SENTIU QUE TUDO ACONTECIA AO
CONTRÁRIO DO QUE DESEJAVA?
� Sempre
� Com muita frequência
� Frequentemente
� Com pouca frequência
� Quase nunca
� Nunca
25. DURANTE O ÚLTIMO MÊS, QUÃO INCOMODADO É QUE VOC SE SENTIU DEVIDO AO
NERVOSO?
� Extremamente, ao ponto de não poder fazer as coisas que devia
� Muito incomodado
� Um pouco incomodado pelos meus nervos
� Algo incomodado, o suficiente para que desse por isso
� Apenas de forma muito ligeira
� Nada incomodado
26. NO MÊS QUE PASSOU, DURANTE QUANTO TEMPO SENTIU QUE A SUA VIDA ERA UMA
AVENTURA MARAVILHOSA?
� Sempre
� Quase sempre
� A maior parte do tempo
� Durante algum tempo
� Quase nunca
� Nunca
27. DURANTE QUANTO TEMPO, DURANTE O MÊS QUE PASSOU, SE SENTIU TRISTE E EM
BAIXO, DE TAL MODO QUE NADA O CONSEGUIA ANIMAR?
� Sempre
� Com muita frequência
� Frequentemente
� Com pouca frequência
� Quase nunca
� Nunca
28. DURANTE O ÚLTIMO MÊS, ALGUMA VEZ PENSOU EM ACABAR COM A VIDA?
� Sim, muitas vezes
� Sim, algumas vezes
� Sim, umas poucas de vezes
� Sim, uma vez
� Não, nunca
29. NO ÚLTIMO MÊS, DURANTE QUANTO TEMPO SE SENTIU, CANSADO INQUIETO E
IMPACIENTE?
� Sempre
� Quase sempre
� A maior parte do tempo
215
� Durante algum tempo
� Quase nunca
� Nunca
30. NO ÚLTIMO MÊS, DURANTE QUANTO TEMPO SE SENTIU RABUGENTO OU DE MAU
HUMOR?
� Sempre
� Quase sempre
� A maior parte do tempo
� Durante algum tempo
� Quase nunca
� Nunca
31. DURANTE QUANTO TEMPO, NO ÚLTIMO MÊS, SE SENTIU ALEGRE, ANIMADO E BEM
DISPOSTO?
� Sempre
� Quase sempre
� A maior parte do tempo
� Durante algum tempo
� Quase nunca
� Nunca
32. DURANTE O ÚLTIMO MÊS, COM QUE FREQUÊNCIA SE SENTIU CONFUSO OU
PERTURBADO?
� Sempre
� Com muita frequência
� Frequentemente
� Com pouca frequência
� Quase nunca
� Nunca
33. DURANTE O ÚLTIMO MÊS SENTIU-SE ANSIOSO OU PREOCUPADO?
� Sim, extremamente, ao pouco de ficar doente ou quase
� Sim, muito
� Sim, um pouco
� Sim, o suficiente para me incomodar
� Sim, de forma muito ligeira
� Não. De maneira nenhuma
34. NO ÚLTIMO MÊS DURANTE QUANTO TEMPO SE SENTIU UMA PESSOA FELIZ?
� Sempre
� Quase sempre
� A maior parte do tempo
� Durante algum tempo
� Quase nunca
� Nunca
35. COM QUE FREQUÊNCIA DURANTE O ÚLTIMO MÊS, SE SENTIU COM DIFICULDADE
EMÊSE MANTER
35. CALMO?
� Sempre
� Com muita frequência
� Frequentemente
� Com pouca frequência
� Quase nunca
� Nunca
36. NO ÚLTIMO MÊS, DURANTE QUANTO TEMPO SE SENTIU ESPIRITUALMENTE EM
BAIXO?
� Sempre
� Quase sempre
� Uma boa parte do tempo
� Durante algum tempo
216
� Quase nunca
� Nunca acordo com a sensação de descansado
37. COM QUE FREQUÊNCIA DURANTE O ÚLTIMO MÊS, ACORDOU DE MANHÃ SENTINDOSE FRESCO E
37. REPOUSADO?
� Sempre, todos os dias
� Quase todos os dias
� Frequentemente
� Algumas vezes, mas normalmente não
� Quase nunca
� Nunca
38. DURANTE O ÚLTIMO MÊS, ESTEVE, OU SENTIU-SE DEBAIXO DE GRANDE PRESSÃO OU
STRESS?
� Sim, quase a ultrapassar os meus limites
� Sim, muita pressão
� Sim, alguma, mais do que o costume
� Sim, alguma, como de costume
� Sim, um pouco
� Não, nenhuma
217
Anexo 8
218
219
Os comportamentos sexuais nos jovens estudantes
universitários portugueses.
Investigadora: Dra Natália Nogueira
Orientador Científico: Professor Doutor Henrique Pereira
Instituição: Universidade da Beira Interior
Consentimento informado Importante
No âmbito do Doutoramento em Psicologia Clínica na Universidade da Beira Interior, estou a
desenvolver um estudo intitulado “Os comportamentos sexuais dos jovens estudantes universitários
portugueses”.
Para participar, tem que ser estudante do ensino superior e ser residente em Portugal. Se aceitar
participar, ser-lhe-á pedido que responda a um questionário (cerca de 30 minutos) acerca das suas
experiências sexuais e da forma como se posiciona face a um conjunto de afirmações.
Pedia a sua disponibilidade para responder o mais fielmente à realidade, sabendo que todas as
respostas são anónimas e confidenciais, não existindo respostas certas nem erradas. Após ter
iniciado o questionário, é de toda a importância que complete o questionário e não desista, caso
contrário, os seus dados não poderão ser utilizados.
Os dados aqui recolhidos destinam-se exclusivamente aos objectivos atrás propostos sendo
transformados em números e utilizados com finalidade de um tratamento estatístico.
Agradecemos, desde já, a sua colaboração, colocando-nos à sua disposição e podendo-nos
contactar através do mail [email protected].
Se aceitar participar no estudo, carregue em continuar:
Declaro ser estudante do ensino superior e aceito participar neste estudo
220
221
Anexo 9
222
223
Os comportamentos sexuais nos jovens estudantes
universitários portugueses.
* Required
Questionário sócio-demográfico
1. Qual a sua idade? *
2. Qual o seu género sexual? *

Mulher

Homem

Other:
3. Qual a sua religião? *

Católica

Evangélica

Protestante

Judia

Agnóstico

Hindu

Other:
4. Indique o seu grau de religiosidade *

Muito religioso

Algo relogioso

Mais ou menos

Pouco religioso

Nada religioso
5. Que instituição de ensino superior frequenta? *
6. Que curso frequenta? *
7. Em que ano está? *
8. Qual a data da sua primeira matrícula? *
224
9. Sempre esteve no mesmo curso? *

Sim

Não
10. Se respondeu "Não" qual foi ou foram o(s) curso(s) anterior(es)?
11. Qual foi a opção de escolha do curso que frequenta? *

1ª opção

2ª opção

3ª opção

4ª opção

5ª opção

6ª opção
12. É trabalhador estudante? *

Sim

Não
13. Qual a sua residência de origem? (o seu local de proveniência antes de ir estudar) *
14. Na zona universitária,reside em: *

Casa própria

Casa alugada

Em casa de familiares

Residência universitária

Casa partilhada com outros colegas

Other:
15. Com quem vive habitualmente na sua zona de residência de origem? *

Pais

Companheiro(a)

Amigos

Other:
16. Com quem vive habitualmente na sua zona universitária? *

Pais

Companheiro(a)

Amigos

Other:
225
17. Tem irmãos? *

Sim

Não
SEXUALIDADE
18. Com quem costuma falar sobre assuntos de sexualidade? *
19. Quais os assuntos que costuma falar mais com a(s) pessoa(s) que indicou? (pode assinalar
mais do que uma opção) *

Aborto

Abusos sexuais

Gravidez na adolescência

Gravidez não desejada

Doenças sexualmente transmissíveis

Namoro

Relações interpessoais

Relações sexuais

Prevenção

Preservativos

Pílula

Afectos e/ou amizade

Revistas e /ou filmes pornográficos

Higiene e saúde

Menstruação e/ou ciclo menstrual

Puberdade

Prostituição

Homossexualidade

Masturbação

Contracepção

Não fala com ninguém

Other:
20. Com quem gostaria de falar de assuntos de sexualidade? *

Com ninguém

Com a mãe

Com o pai
226

Com a irmã

Com o irmão

Com outras pessoas da família

Com amigos ou colegas

Com professores
REFERÊNCIAS REPRODUTIVAS
22. Em que circunstância considera ser apropriado uma pessoa iniciar a sua vida sexual? *

Durante o namoro

Sem nenhum compromisso

Após o casamento

Pouco importa

Other:
23. Na sua opinião, qual a idade que considera ser a mais acertada para iniciar-se a vida sexual? *
24. Concorda com o casamento? *

Sim

Não

Não tenho opinião
25. Se sim, em que circunstâncias?

Após iniciar a vida laboral

Após namorarem algum tempo

Após ter casa

Other:
26. Qual seria a opção de formalização de um compromisso mais adequado para si? *

Casamento

União de facto

Cada um em sua casa

Nenhum compromisso
27. Gostava de ter filhos? * Se respondeu "Não", passe para a secção "INÍCIO DA VIDA SEXUAL"
(a seguir)

Sim

Não

Nunca pensei nisso/Não sei
227
28. Se sim, quantos filhos gostaria de ter?
29. Com que idade é que gostaria de ter o seu 1º filho?
30. Com que idade é que gostaria de ter o seu último filho?
INÍCIO DA VIDA SEXUAL
31. Já iniciou a sua vida sexual? * Se ainda não iniciou a sua vida sexual, por favor passe para a
secção "PRÁTICAS SEXUAIS ACTUAIS" (A seguir)

Sim

Não
32. Se sim,com que idade teve a sua 1ª relação sexual?
33. Qual era o tipo de relacionamento entre os dois?

Namorado(a)

Noivo(a)

Amigo(a)

Desconhecido(a)

Prostituto(a)
34. Na questão anterior, no caso de ser um namorado(a), noivo(a) ou amigo(a), qual a duração
deste relacionamento ?
35. Por que decidiu ter esta 1ª relação sexual? Pode dar até 3 respostas

Curiosidade

Atracção

Amor

Pressão do companheiro(a)

Pressão de amigos

Queria perder a virgindade

Prazer
36. Considera que foi planeado ou simplesmente aconteceu?

Planeada

Não planeada
37. O que sentiu na sua 1ª relação sexual? Coloque uma cruz(X)nos espaços adequados do quadro
seguinte:
Antes
Durante
Depois
228
Antes
Durante
Depois
Medo
Nervosismo
Dor
Prazer
Excitação
Outro
Se respondeu Outro, indique:
38. Qual a importância que teve a sua 1ª relação sexual?

Nada importante

Pouco importante

Importante

Muito importante

Fundamental
39. A sua 1ª relação sexual foi consentida entre os parceiros?


Sim
Não
40. Se a sua 1ª relação sexual NÃO foi consentida, por favor especifique as circunstâncias
41. Em que circunstância aconteceu a sua 1ª relação sexual?

Na sua casa

Na casa dele(a)

Na casa de amigos

Num hotel

Num carro

Num espaço público

Na rua

Other:
229
42. Mantêm o relacionamento?

Sim

Não
43. Quem foi a primeira pessoa a quem contou o ocorrido?
44. Usou algum método anticoncepcional/de protecção contra Doenças Sexualmente
Transissíveis(DST)?

Nenhum

DIU

Método calendário

Termómetro

Coito interrompido

Pílula

Preservativo masculino

Other:
45. Se sim, onde o obteve?

Na farmácia

No centro de saúde

Junto dos pais

Junto de amigos

Other:
46. Caso não tenha usado preservativo, por que não usou?

Desconhecia

Tinha vergonha

Conhecia muito bem o(a) companheiro(a)

Era caro

O(a) companheiro(a) não aceitou

Não gosto

Não estava à espera que acontecesse

Other:
47. Caso tenha utilizado um método, quem tomou a iniciativa?

Você

Companheiro(a)

Ambos
230
Parte II: Práticas Sexuais Actuais
(Nogueira & Pereira, 2009)
1. Com que idade teve a sua 1ª ejaculação(se for homem)/menstruação(se for mulher)? *
2. Masturba-se? * CASO TENHA RESPONDIDO NÃO, PASSE À PERGUNTA 8.

Sim

Não
3. Com que idade começou a masturbar-se?
4. Como se sente com isso?

Satisfeito(a)

Culpabilizado(a)

Envergonhado(a)

Com medo que faça mal à saúde e à mente
5. Quantas vezes se masturbou nos últimos sete dias?
6. Em que situação mais lhe apetece masturbar-se?

Quando se excita com ideias românticas

Quando se excita com pornografia

Quando está triste

Quando está tenso(a)
7. Alguma vez que preocupou com o facto de se masturbar excessivamente?

Sim

Não

Não sei
8. Que idade tinha quando se apercebeu pela primeira vez dos seus sentimentos de natureza
sexual? *
9. Quem foi a primeira pessoa por quem sentiu atracção sexual? *

Um(a) amigo(a)

Um ídolo

Um(a) professor(a)

Other:
10. Já sentiu atracção sexual por alguém do mesmo sexo? *

Sim

Não
231

Não sei
11. Já teve fantasias sexuais por alguém do mesmo sexo? *

Sim

Não

Não sei
12. Já teve algum contacto sexual com alguém do mesmo sexo? *

Sim

Não

Não sei
13. Tem namorado(a) no momento presente? *

Sim

Não
14. Quantos namorados(as) já teve antes? *
15. Com que idade começou a namorar? *
16. Há quanto tempo namora com a pessoa actual?
17. Com que frequência se encontram?

Diariamente

Até 5 vezes/semana

Até 3 vezes/semana

Aos fins de semana

Raramente
18. Se tem uma vida sexual activa, quando teve a sua última relação sexual? SE NÃO TEM VIDA
SEXUAL ACTIVA, PASSE PARA A PERGUNTA 24
19. Na sua última relação sexual, utilizou algum contraceptivo?

Nenhum

DIU

Método do calendário

Termómetro

Coito interrompido

Pílula

Preservativo masculino
20. Quantas vezes teve relações sexuais no último ano? (Estimativa)
232
21. Com quanto(a)s parceiro(a)s diferentes teve relações sexuais no último ano?
22. Com quem costuma ter relações sexuais?

O(A) namorado(a)

Um(a) desconhecido(a)

Um(a) amigo(a)

Other:
23. Normalmente, quem toma a iniciativa de consumar uma relação sexual?

Eu

O(a) meu(minha) parceiro(a)

Os dois
24. Alguma vez foi obrigada(o) a praticar sexo contra a sua vontade? * SE RESPONDEU NÃO
PASSE PARA A PERGUNTA 30

Sim

Não
25. Como é que isso aconteceu?

Fui levada(o) a pelas circunstâncias

Fui forçada(o)

Fui ameaçada(o)

Fui chantageada(o)

Other:
26. Quem foi(foram) a(s) pessoas(s) que o fez (fizeram)?

Um homem desconhecido

Uma mulher desconhecida

Um membro da família (homem)

Um membro da família (mulher)

O namorado(a)

Um professor

Other:
27. Que idade tinha quando isso aconteceu?
28. Foi um acto

Isolado (única vez)

Algumas vezes

Continuado durante um certo tempo
233
29. No caso de ter sido algumas vezes e/ou continuado durante um certo tempo, indique quantas
vezes ou quanto tempo:
30. Qual das seguintes razões é a mais importante se para ter sexo? * Pode dar até 3 respostas

Para confirmar o amor

Para obter satisfação física

Para poder dar-se com pessoas

Pela experiência

Pelo divertimento

Para manter a relação

Other:
31. Imagine que está sozinho(a) em casa com a sua(o seu) namorada(o). Começavam a beijar-se e
a tocar-se. Qual dos seguintes cenários melhor descreveria a sua reacção? *

Continuava a “brincar” mas tentava parar antes de consumar uma relação sexual

Continua até ter uma relação sexual sem protecção

Abrandava até arranjar protecção e depois continuava

Parava e fazia qualquer coisa diferente, como por um disco ou ir lanchar
32. Imagine que você e a(o) sua(seu) namorada(o) querem ter coito, mas não existe nenhum
preservativo à mão. O que é que aconteceria? *

Tentaria convencer a(o) seu (sua) namorado(a) a ter sexo sem preservativo

Tentaria arranjar um preservativo

Desistiriam a ter sexo

Deixariam para outra ocasião, quando tivessem um preservativo
33. Imagine que já namora com uma pessoa há muito tempo. Sente que está na altura de ter
relações sexuais, mas não faz ideia se ele(ela) tem alguma doença sexualmente transmissível. O
que é que seria mais provável acontecer? *

Não diria nada, mas tentaria observar algum sinal de doença

Usaria um preservativo, mesmo que lhe fosse dito que ele(ela) não tinha nenhuma
doença

Teria sexo porque acreditaria que o(a) parceiro(a) não tinha nenhuma doença

Decidiria simplesmente que não queria ter sexo
34. Imagine que tem a oportunidade de ter novamente relações sexuais com a(o) sua(seu)
parceira(o), depois de ter tido uma primeira relação sem preservativo. O que faria? *

Iria à farmácia comprar protecção
234

Diria que não lhe apetecia ter novamente uma relação sexual desprotegida

Tentaria fazer uma actividade diferente

Teria imediatamente relações sexuais porque não vale a pena preocupar-se muito com
a protecção
35. Neste momento, qual é a principal razão para não ter uma relação sexual? *

Tenho medo de apanhar alguma doença

Não me sinto preparada(o)

Não tenho namorada(o)

É contra os meus valores

É contra a vontade dos meus pais

Não se proporcionou
36. Alguma vez esteve envolvida(o) numa gravidez acidental? * SE RESPONDEU NUNCA, PASSE
À PERGUNTA 38

Nunca

Uma vez

Mais de uma vez
37. Se sim, como resolveu a situação?

Assumiu a criança

Decidiu fazer um aborto

Deu a criança para adopção

Os pais/familiares tomaram conta da criança

Other:
38.Relativamente à actividade sexual que possa praticar, coloque uma cruz(X) nos espaços
adequados do quadro seguinte: *
Nunca
Poucas
vezes
Às vezes
Muitas vezes
Sempre
Pratica carícias na pele
Pratica beijos superficiais
Beijos profundos, com a
língua
Carícias nos genitais
Penetração de um pénis
numa boca
Penetração de um pénis
numa vagina
235
Nunca
Poucas
vezes
Às vezes
Muitas vezes
Sempre
Penetração de um pénis num
ânus
Colocação de uma boca num
pénis
Colocação de uma boca numa
vagina
Colocação de uma boca num
ânus
39. Já teve relações sexuais sob efeito de substâncias psicoactivas (drogas)? * SE RESPONDEU
NÃO, PASSE À PERGUNTA 43

Sim

Não
40. Se respondeu Sim, qual(quais) das seguintes substâncias?

Álcool

Cannabis

Heroína

Cocaína

Ecstasy

Ácidos

Other:
41. Costuma ter relações sexuais sob efeito de substâncias psicoactivas?

Sim

Não
42. Se respondeu Sim, qual(quais) das seguintes substâncias?

Álcool

Cannabis

Heroína

Cocaína

Ecstasy

Ácidos

Other:
43. O que é que para si significa ter sexo seguro? * (Pode assinalar mais do que uma resposta)

Ser abstinente (não ter sexo)

Utilizar um preservativo

Evitar parceiros múltiplos
236

Evitar ter sexo com profissionais do sexo

Evitar ter sexo anal

Other:
44. Qual das seguintes afirmações melhor descreve as suas expectativas em relação à sua vida
sexual no futuro? *

Não estou à espera de ter nenhuma relação sexual nos tempos mais próximos

Espero ter apenas um parceiro sexual

Espero ter dois ou três parceiros sexuais

Espero ter vários parceiros sexuais
45. Qual das seguintes afirmações melhor descreve as suas expectativas em relação à sua vida
sexual no futuro? *

Vou esperar até casar até ter relações sexuais

Vou esperar até estar comprometida(a) até ter relações sexuais

Vou esperar até encontrar alguém que eu ame realmente até relações sexuais

Espero ter relações sexuais sempre que surja uma oportunidade

Ter relações sexuais não é algo que se planeie, acontece
46. Qual das seguintes afirmações melhor descreve as suas espectativas em relação à sua próxima
relação sexual? *

Só terei uma relação sexual com a utilização de um contraceptivo

Só terei uma relação sexual com a utilização de um preservativo

Espero usar um contraceptivo se for conveniente

Espero usar um preservativo se o tiver à mão

Espero usar um preservativo se a outra pessoa não se opuser

Terei uma relação sexual mesmo que não tenha um contraceptivo

Terei uma relação sexual mesmo que não tenha um preservativo
47. Ficou incomodado com alguma pergunta ou assunto? *

Sim

Não
48. Se Sim, qual(quais) foi(foram)?

Práticas sexuais

Hetero/homossexualidade

Parceiros casuais/regulares

Doenças sexualmente transmissíveis

Uso de droga
Parte III: Escala de Fantasias Sexuais
237
(Wilson, 1978) adaptada para a população portuguesa da versão espanhola (Sierra, Ortega y
Zubeidat, 2006) por Freire, 2008.
Com que frequência tem fantasias com cada um dos seguintes temas? *
Nunca
Raramente
Às vezes
Muitas vezes
1.Participação numa orgia (i.e., ter
actividade sexual com vários
parceiros/as em simultâneo)?
2.Actividade Homossexual?
3.Actividade Heterossexual?
4.Troca de parceiros?
5.Ser promíscuo(a) (i.e., ter
actividade sexual frequente de
forma descomprometida e casual)?
6.Ser muito solicitado(a)?
7.Ter sexo com duas pessoas em
simultâneo?
8.Ser seduzido(a) como uma
pessoa "inocente" ou "ingénua"?
9.Ter sexo com uma pessoa de
raça diferente?
10.Fazer amor ao ar livre num
contexto romântico (p.e., num
campo de flores ou numa praia à
noite)?
11.Ter relações sexuais com um(a)
parceiro(a) que ame?
12.Ter relações sexuais com
alguém conhecido mas com quem
ainda não tenha tido sexo?
13.Praticar sexo oral ?
14.Fazer amor noutro local que
não o quarto (p.e., na cozinha ou
casa de banho)?
15.Ser despido(a)?
16.Ser masturbado(a) até ao
orgasmo por um parceiro(a)?
17.Beijar apaixonadamente?
18.Presenciar outros a fazer sexo?
19.Ter relações sexuais com um
estranho anónimo?
238
Nunca
Raramente
Às vezes
Muitas vezes
20.Sentir-se excitado(a) por
borracha ou couro?
21.Assistir a filmes ou imagens
obscenas?
22.Usar objectos para estimulação
(p.e., vibradores)?
23.Fazer sexo com alguém muito
mais velho?
24.Sentir-se excitado(a) por seda
ou pele?
25.Travestismo (usar roupas do
sexo oposto)?
26.Chicotear ou dar palmadas a
alguém?
27.Ser chicoteado(a) ou levar
palmadas de alguém?
28. Atar alguém?
29.Ser atado(a) por alguém ?
30.Exibir-se provocatoriamente?
31.Despir alguém?
32.Forçar alguém a fazer algo?
33.Ser forçado(a) a fazer algo?
34.Por favor, indique outra ou outras fantasias que não tenham sido referidas
Parte IV: Grelha de orientação sexual de Klein
(Pereira, Leal&Marroco, 2009) Assinale com uma cruz a afirmação que melhor se aplica a si
1. A sua atracção sexual presentemente (último ano) *

Apenas o mesmo sexo

Maioritariamente o mesmo sexo

O mesmo sexo e algo mais

Os dois sexos de igual modo

O outro sexo e algo mais

Maioritariamente o outro sexo

Apenas o outro sexo
239
2. A sua atracção no passado *

Apenas o mesmo sexo

Maioritariamente o mesmo sexo

O mesmo sexo e algo mais

Os dois sexos de igual modo

O outro sexo e algo mais

Maioritariamente o outro sexo

Apenas o outro sexo
3. A sua atracção sexual ideal *

Apenas o mesmo sexo

Maioritariamente o mesmo sexo

O mesmo sexo e algo mais

Os dois sexos de igual modo

O outro sexo e algo mais

Maioritariamente o outro sexo

Apenas o outro sexo
4. O seu comportamento sexual presentemente (último ano) *

Apenas o mesmo sexo

Maioritariamente o mesmo sexo

O mesmo sexo e algo mais

Os dois sexos de igual modo

O outro sexo e algo mais

Mioritariamente o outro sexo

Apenas o outro sexo
5. O seu comportamento sexual no passado *

Apenas o mesmo sexo

Maioritariamente o mesmo sexo

O mesmo sexo e algo mais

Os dois sexos de igual modo

O outro sexo e algo mais

Maioritariamente o outro sexo

Apenas o outro sexo
6. O seu comportamento sexual ideal *

Apenas o mesmo sexo

Maioritariamente o mesmo sexo
240

O mesmo sexo e algo mais

Os dois sexos de igual modo

O outro sexo e algo mais

Maioritariamente o outro sexo

Apenas o outro sexo
7. As suas fantasias sexuais presentemente (último ano) *

Apenas o mesmo sexo

Maioritariamente o mesmo sexo

O mesmo sexo e algo mais

Os dois sexos de igual modo

O outro sexo e algo mais

Maioritariamente o outro sexo

Apenas o outro sexo
8. As suas fantasias sexuais no passado *

Apenas o mesmo sexo

Maioritariamente o mesmo sexo

O mesmo sexo e algo mais

Os dois sexos de igual modo

O outro sexo e algo mais

Maioritariamente o outro sexo

Apenas o outro sexo
9. As sua fantasias sexuais idealmente *

Apenas o mesmo sexo

Maioritariamente o mesmo sexo

O mesmo sexo e algo mais

os dois sexos de igual modo

o outro sexo e algo mais

Maioritariamente o outro sexo

Apenas o outro sexo
10. A sua preferência emocional presentemente (último ano) *

Apenas o mesmo sexo

Maioritariamente o mesmo sexo

O mesmo sexo e algo mais
241

Os dois sexos de igual modo

O outro sexo e algo mais

Maioritariamente o outro sexo

Apenas o outro sexo
11. A sua preferência emocional no passado *

Apenas o mesmo sexo

Maioritariamente o mesmo sexo

O mesmo sexo e algo mais

Os dois sexos de igual modo

O outro sexo e algo mais

Maioritariamente o outro sexo

Apenas o outro sexo
12. A sua preferência emocional idealmente *

Apenas o mesmo sexo

Maioritariamente o mesmo sexo

O mesmo sexo e algo mais

Os dois sexos de igual modo

O outro sexo e algo mais

Maioritariamente o outro sexo

Apenas o outro sexo
13. O género com que socializa mais presentemente *

Apenas o mesmo sexo

Maioritariamente o mesmo sexo

O mesmo sexo e algo mais

Os dois sexos de igual modo

O outro sexo e algo mais

Maioritariamente o outro sexo

Apenas o outro sexo
14. O género com que socializou mais no passado *

Apenas o mesmo sexo

Maioritariamente o mesmo sexo

O mesmo sexo e algo mais
242

Os dois sexos de igual modo

O outro sexo e algo mais

Maioritariamente o outro sexo

Apenas o outro sexo
15. O género com que socializa idealmente *

Apenas o mesmo sexo

Maioritariamente o mesmo sexo

O mesmo sexo e algo mais

Os dois sexos de igual modo

O outro sexo e algo mais

Maioritariamente o outro sexo

Apenas o outro sexo
16. O seu estilo de vida heterossexual, bissexual ou homossexual presentemente (onde e com
quem tende a passar a maior parte do seu tempo) *

Apenas o mesmo sexo

Maioritariamente o mesmo sexo

O mesmo sexo e algo mais

Os dois sexos de igual modo

O outro sexo e algo mais

Maioritariamente o outro sexo

Apenas o outro sexo
17. O seu estilo de vida heterossual, bissexual ou homossexual no passado *

Apenas o mesmo sexo

Maioritariamente o mesmo sexo

O mesmo sexo e algo mais

Os dois sexos de igual modo

O outro sexo e algo mais

Maioritariamente o outro sexo

Apenas o outro sexo
18. O seu estilo de vida heterossexual, bissexual ou homossexual ideal *

Apenas o mesmo sexo

Maioritariamente o mesmo sexo
243

O mesmo sexo e algo mais

Os dois sexos de igual modo

O outro sexo e algo mais

Maioritariamente o outro sexo

Apenas o outro sexo
19. A sua auto-identificação sexual (auto-imagem) presentemente *

Apenas o mesmo sexo

Maioritariamente o mesmo sexo

O mesmo sexo e algo mais

Os dois sexos de igual modo

O outro sexo e algo mais

Maioritariamente o outro sexo

Apenas o outro sexo
20. A sua auto-identificação sexual (auto-imagem) no passado *

Apenas o mesmo sexo

Maioritariamente o mesmo sexo

O mesmo sexo e algo mais

Os dois sexos de igual modo

O outro sexo e algo mais

Maioritariamente o outro sexo

Apenas o outro sexo
21. A sua auto-identificação sexual (auto-imagem) ideal *

Apenas o mesmo sexo

Maioritariamente o mesmo sexo

O mesmo sexo e algo mais

Os dois sexos de igual modo

O outro sexo e algo mais

Maioritariamente o outro sexo

Apenas o outro sexo
244
Parte V: Questionário de crenças e informação sexual
(SBIQ; Adams e col., 1996; traduçaõ e adaptação de P. Nobre, 2001)
Para cada uma das afirmações apresentada, faça um círculo em torno do «V»se pensa que esta
afirmação é correcta, em torno do «F» se pensa que é falsa, ou em torno do «?» se não tem a
certeza. * Algumas das questões não têm uma resposta correcta ou errada. As respostas que
escolher ajudar-nos-ão a compreender o que sente ou o que pensa ser correcto.
V
F
?
1. O pénis deve estar completamente
erecto para que um homem possater um
orgasmo (clímax) e ejacular.
2. Um casal pode ter um bom
relacionamento sexual, mesmo que
nunca tenha tido um orgasmo (clímax)
simultâneo.
3. Um preservativo protege contra a
gravidez e muitas doenças.
4. A lubrificação vaginal (ficar molhada)
nas mulheres é sinal de excitação sexual
feminina tal como a erecção o é nos
homens.
5. Sexo anal sem preservativo aumenta
as hipóteses de contrair doenças
sexualmente transmissíveis.
6. A masturbação tanto nos homens
como nas mulheres é um sinal de que
alguma coisa está errada com a vida
sexual de quem a pratica.
7. Os problemas sexuais ocorrem
frequentemente porque os homens e as
mulheres estão demasiado inibidos para
dizer ao seu parceiro que estimulação
necessitam para se excitarem
sexualmente..
8. A maioria das mulheres é capaz de se
satisfazer sexualmente mesmo quando
os seus parceiros não conseguem
manter uma erecção.
9. A área mais sensível dos órgãos
sexuais femininos é no fundo da vagina.
10. Quanto maior é o pénis, maior
satisfação física para a mulher durante o
coito.
11. Se um casal não consegue realizar o
acto do coito, não existem hipóteses de
ter uma relação sexual satisfatória.
12. As erecções nos homens idosos
saudáveis não são tão fortes como nos
jovens saudáveis.
13. Com a idade os orgasmos e
ejaculações nos homens podem tornarse menos poderosos ou mesmo não
ocorrerem em certas ocasiões.
14. Com a meia-idade as mulheres
podem necessitar de mais tempo para se
conseguirem excitar e podem necessitar
245
V
F
?
de utitlizar lubrificantes para ter relações
sexuais sem desconforto.
15.Quando um homem se torna idoso, o
seu pénis necessita habitualmente de
maior estimulação e mais tempo para
ficar erecto.
16. O stress e o medo de falhar podem
levar um homem a perder a sua
capacidade para manter uma erecção.
17. Fumar e beber não têm efeito sobre
as capacidades sexuais do homem.
18.A maioria dos homens começam a
apresentar alguns problemas de erecção
quando atingem os 40 ou 50 anos.
19. A vida sexual de um casal pode ser
melhorada atravès da maior
disponibilidade para agradar ao outro
tanto na cama como fora dela.
20. A maioria das vezes a impotência é o
resultado de o homem não possuir
suficientes hormonas masculinas.
21. Prazer sexual sem coito é contra os
princípios da minha religião.
22. O sexo para a maioria das pessoas
não é como nos filmes, é necessário
tempo e dedicação.
23. Alguns medicamentos podem levar o
homem a apresentar problemas com a
sua erecção.
24. Um homem ou uma mulher devem
estar sempre prontos para o coito sexual,
caso o parceiro o deseje.
25. Se um homem ou uma mulher não
são capazes de ter coito, então é
preferível evitar todo e qualquer afecto
físico.
Parte VI: Problemas sexuais
(Nogueira & Pereira, 2009)
1. Nas últimas 4 semanas experienciou dor ou desconforto durante o acto sexual nem que seja uma
só vez? *

Sim

Não

Não se aplica
2. Nas últimas 4 semanas foi incapaz de atigir o orgasmo, nem que seja uma só vez? *

Sim

Não

Não se aplica
246
3. Se for MULHER, nas últimas 4 semans teve algum espasmo involutário que impedisse a
penetração ou que a tenha tornado muito difícil (vaginismo), nem que seja uma só vez?

Sim

Não

Não se aplica
4. Se for HOMEM, nas 4 últimas semanas sentiu dificuldade em iniciar ou manter erecção nem que
seja uma só vez?

Sim

Não

Não se aplica
5. Se for HOMEM, nas últimas 4 semanas teve ejaculação precoce, nem que seja uma só vez?

Sim

Não

Não se aplica
6. Nas últimas 4 semanas, quão satisfeito tem estado com a sua vida sexual em geral *

1. Muito insatisfeito

2. Insatisfeito

3. Mais ou menos satisfeito

4. Satisfeito

5. Muito satisfeito
7. Indique quais os problemas de natureza sexual que mais o preocupa *
8.b). Nos últimos 6 meses, indique o grau de comportamento (fiz) relativamente aos seguintes
aspectos. *
Neste questionário são abordados temas mais "delicados" para descrever dimensões mais
incomuns na expressão da sexualidade. Tendo isto em conta, reforça-se a importância de ser
honesto/sincero na sua resposta.
1. Nunca
2. Poucas
vezes
3. Às vezes
4. Muitas
vezes
5. Sempre
Exposição dos genitais do
próprio a um estranho
(Exibicionismo)
Uso de objectos inanimados
(Fetichismo)
247
1. Nunca
2. Poucas
vezes
3. Às vezes
4. Muitas
vezes
5. Sempre
Tocar e roçar-se num sujeito
que não consente
(Frotteurismo)
Acto (real e não simulado) de
ser humilhado, agredido,
amarrado ou submetido a
sofrimento por qualquer outro
modo (Masochismo sexual)
Actos (reais e não
simulados)em que o sujeito se
excita sexualmente com o
sofrimento psicológico ou
físico, incluindo a humilhação
da pessoa (Sadismo sexual)
Acto de um homem envergar
roupa de mulher para sentir
prazer (Fetichismo travestido)
Acto de observar sujeitos
desprevenidos, habitualmente
estranhos, que estão nus, que
estão a despir-se ou
envolvidos em actividade
sexual (Voyeurismo)
Parte VII: Inventário de saúde mental
(J. Luis Pais Ribeiro, 2001) Abaixo vai encontrar um conjunto de questões acerca do modo como se
sente no dia a dia. Responda a cada uma delas assinalando num dos quadrados por baixo a
resposta que melhor se aplica a si.
1. Quanto feliz e satisfeito você tem estado com a sua vida pessoal? *

Extremanente feliz, não pode haver pessoa mais feliz ou satisfeita

Muito feliz e satisfeito a maior parte do tempo

Geralmente satisfeito e feliz

Por vezes ligeiramente satisfeito, por vezes ligeiramente infeliz

Geralmente insatisfeito, infeliz

Muito insatisfeito e infeliz a maior parte do tempo
2. Durante quanto tempo se sentiu só no passado mês? *

Sempre

Quase sempre

A maior parte do tempo

Durante algum tempo

Quase nunca

Nunca
3. Com que frequência se sentiu nervooso ou apreensivo perante coisas que aconteceram, ou
perante situações inesperadas, no último mês? *

Sempre
248

Com muita frequência

Frequentemente

Com pouca frequência

Quase nunca

Nunca
4. Durante o mês passado com que frequência sentiu que tinha um futuro promissor e cheio de
esperança? *

Sempre

Com muita frequência

Frequentemente

Com pouca frequência

Quase nunca

Nunca
5. Com que frequência, durante o último mês, sentiu que a sua vida no dia a dia estava cheia de
coisa interessantes? *

Sempre

Com muita frequência

Frequentemente

Com pouca frequência

Quase nunca

Nunca
6. Com que frequência, durante o último mês, se sentiu relaxado e sem tensão? *

Sempre

Com muita frequência

Frequentemente

Com pouca frequência

Quase nunca

Nunca
7. Durante o último mês, com que frequência sentiu prazer nas coisas que fazia? *

Sempre

Com muita frequência

Frequentemente

Com pouca frequência

Quase nunca
249

Nunca
8. Durante o último mês, teve alguma vez razão para se questionar se estaria a perder a cabeça, ou
a perder o controlo sobre os seus actos, as suas palavras, os seus pensamentos, sentimentos ou
memória? *

Não, nunca

Talvez um pouco

Sim, mas não o suficiente para ficar preocupado com isso

Sim, e fiquei um bocado preocupado

Sim e isso preocupa-me

Sim e estou muito preocupado com isso
9. Sentiu-se deprimido durante o último mês? *

Sim, até ao ponto de não me interessar por nada durante dias

Sim, muito deprimido quase todos os dias

Sim, deprimido muitas vezes

Sim, por vezes sinto-me um pouco deprimido

Não, nunca me sinto deprimido
10. Durante o último mês, quantas vezes se sentiu amado e querido? *

Sempre

Quase sempre

A maior parte das vezes

Algumas vezes

Muito poucas vezes

Nunca
11. Durante quanto tempo, no mês passado se sentiu muito nervoso? *

Sempre

Quase sempre

A maior parte do tempo

Durante algum tempo

Quase nunca

Nunca
12. Durante o último mês, com que frequência esperava ter um dia interessante ao levantar-se? *

Sempre

Com muita frequência

Frequentemente

Com pouca frequência
250

Quase nunca

Nunca
13. No último mês, durante quanto se sentiu tenso e irritado? *

Sempre

Quase sempre

A maior parte do tempo

Durante algum tempo

Quase nunca

Nunca
14. Durante o último mês, sentiu que controlava perfeitamente o seu comportamento, pensamento,
emoções e sentimentos? *

Sim, completamente

Sim, geralmente

Sim, penso que sim

Não muito bem

Não e ando um pouco perturbado por isso

Não e ando muito perturbado por isso
15. Durante o último mês, com que frequência sentiu as mãos a tremer quando fazia alguma coisa?
*

Sempre

Com muita frequência

Frequentemente

Com pouca frequência

Quase nunca

Nunca
16. Durante o último mês, com que frequência sentiu que não tinha futuro, que não tinha para onde
orientar a sua vida? *

Sempre

Com muita frequência

Frequentemente

Com pouca frequência

Quase nunca

Nunca
17. Durante quanto tempo, no mês que passou, se sentiu calmo e em paz? *

Sempre
251

Quase sempre

A maior parte do tempo

Durante algum tempo

Quase nunca

Nunca
18. Durante quanto tempo, no mês que passou, se sentiu emocionalmente estável? *

Sempre

Quase sempre

A maior parte do tempo

Durante algum tempo

Quase nunca

Nunca
19. Durante quanto tempo, no mês que passou, se sentiu triste e em baixo? *

Sempre

Quase sempre

A maior parte do tempo

Durante algum tempo

Quase nunca

Nunca
20. Com que frequência, no mês passado, se sentiu como se fosse chorar? *

Sempre

Com muita frequência

Frequentemente

Com pouca frequência

Quase nunca

Nunca
21. Durante o último mês, com que frequência você sentiu que as outras pessoas se sentiriam
melhor se você não existisse? *

Sempre

Com muita frequência

Frequentemente

Com pouca frequência

Quase nunca
252

Nunca
22. Quanto tempo, durante o último mês, se sentiu capaz de relaxar sem dificuldade? *

Sempre

Quase sempre

A maior parte do tempo

Durante algum tempo

Quase nunca

Nunca
23. No último mês, durante quanto tempo sentiu que as suas relações amorosas eram total ou
completamente satisfatórias? *

Sempre

Quase sempre

A maior parte do tempo

Durante algum tempo

Quase nunca

Nunca
24. Com que frequência, durante o último mês sentiu que tudo acontecia ao contrário do que
desejava? *

Sempre

Com muita frequência

Frequentemente

Com pouca frequência

Quase nunca

Nunca
25. Durante o último mês, quão incomodado é que você se sentiu devido ao nervosismo? *

Extremamente, ao ponto de não poder fazer as coisas que devia

Muito incomodado

Um pouco incomodado pelos meus nervos

Algo incomodado, o suficiente para que desse por isso

Apenas de forma muito ligeira

Nada incomodado
26. No mês que passou, durante quanto tempo sentiu que a sua vida era uma aventura
maravilhosa? *

Sempre

Quase sempre
253

A maior parte do tempo

Durante algum tempo

Quase nunca

Nunca
27. Durante quanto tempo, durante o mês que passou se sentiu triste e em baixo, de tal modo que
nada o conseguia animar? *

Sempre

Com muita frequência

Frequentemente

Com pouca frequência

Quase nunca

Nunca
28. Durante o último mês, alguma vez pensou em acabar com a vida? *

Sim, muitas vezes

Sim, algumas vezes

Sim, umas poucas de vezes

Sim, uma vez

Não, nunca
29. No último mês, durante quanto tempo se sentiu cansado, inquieto e impaciente? *

Sempre

Quase sempre

A maior parte do tempo

Durante algum tempo

Quase nunca

Nunca
30. No último mês, durante quanto tempo se sentiu rabugento ou de mau humor? *

Sempre

Quase sempre

A maior parte do tempo

Durante algum tempo

Quase nunca

Nunca
254
31. Durante quanto tempo, no último mês, se sentiu alegre, animado e bem disposto? *

Sempre

Quase sempre

A maior parte do tempo

Durante algum tempo

Quase nunca

Nunca
32. Durante o último mês, com que frequência se sentiu confuso ou perturbado? *

Sempre

Com muita frequência

Frequentemente

Com pouca frequência

Quase nunca

Nunca
33. Durante o último mês, sentiu-se ansioso ou preocupado? *

Sim, extremamente, ao ponto de ficar doente ou quase

Sim, muito

Sim, um pouco

Sim, o suficiente para me incomodar

Sim, de forma muito ligeira

Não. De maneira nenhuma
34. No último mês, durante quanto tempo se sentiu uma pessoa feliz? *

Sempre

Quase sempre

A maior parte do tempo

Durante algum tempo

Quase nunca

Nunca
35. Com que frequência, durante o último mês, se sentiu com dificuldade em manter-se calmo? *

Sempre

Com muita frequência

Frequentemente

Com pouca frequência

Quase nunca

Nunca
255
36. No último mês, durante quanto tempo se sentiu espiritualmente em baixo? *

Sempre

Quase sempre

Uma boa parte do tempo

Durante algum tempo

Quase nunca

Nunca
37. Com que frequência durante o último mês, acordou de manhã, sentindo-se fresco e repousado?
*

Sempre, todos os dias

Quase todos os dias

Frequentemente

Algumas vezes, mas normalmente não

Quase nunca

Nunca
38. Durante o último mês, esteve ou sentiu-se de grande pressão ou stress?

Sim, quase a ultrapassar os meus limites

Sim, muita pressão

Sim, alguma, mais do que o costuma

Sim, alguma, como de costume

Sim, um pouco

Não, nenhuma
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