Conseqüências do Gás Radônio na Saúde Humana

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Conseqüências do Gás
Radônio na Saúde
Humana
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LARANA – Laboratório de Radioatividade Natural do Rio Grande do
Norte da UFRN.
Coordenador: Pr. Dr. Thomas Ferreira da Costa Campus*
Contatos:
www.larana.geologia.ufrn.br
[email protected]
tel: 55 84 32153807 ramal 210
FAX: 55 84 32153806
*organizador da presente cartilha
Natal, Janeiro de 2010. Primeira edição.
Conseqüências do Gás Radônio na Saúde
Humana
O QUE É O RADÔNIO?
O Radônio é um gás nobre radioativo gerado nos solos que estão
enriquecidos em Urânio, Tório e Rádio. Esses elementos naturais podem ser
encontrados em qualquer parte do mundo, portanto qualquer prédio está
sujeito a ter altos níveis de Radônio. Quanto maior for o teor de Rádio no
solo, maior o potencial de aparecimento de níveis elevados de Radônio
dentro de prédios construídos acima desse solo.
Consequentemente, não se deve perguntar: “Existe Radônio aqui?”, mas
sim, “Quanto de Radônio tem nesse ambiente?”.
O gás Radônio é responsável pó 55% da radiação que o ser humano
recebe ao longo de sua vida, como se pode ver no gráfico abaixo.
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COMO O GÁS RADÔNIO ENTRA EM SUA CASA:
1.
2.
3.
4.
5.
Através de fraturas no piso
Através das juntas e fraturas nas paredes
Através dos espaços vazios entre o alicerce e casa
Através do encanamento
Através das janelas
Esse fato é devido à pressão de dentro das construções ser menor que
a do ar e solo circundantes da casa. Existem muitas razões por que isso
ocorre: uma delas é o efeito que as ventoinhas têm de circular o ar nas
casas. Enquanto o ar interno é retirado, o externo entra para substituí-lo. A
maioria desse ar externo vem do solo subjacente. Essa troca de ar também
ocorre quando a temperatura de dentro de casa é maior que a de fora.
Assim como o ar quente faz o balão subir por causa do ar frio ao seu redor,
o ar quente dentro das construções sobe e é substituído pelo ar frio mais
denso que vem de fora. Parte desse ar enriquecido em gás Radônio que vem
de fora se misturando com o ar interno vem do solo, como já foi dito!
Figura 2: Gás Radônio e seus produtos de decaimento na atmosfera livre.
O gás Radônio deriva dos depósitos naturais de Urânio e Tório
existentes nas rochas e solo. O Rádio que é derivado do Urânio e Tório
emite o gás Radônio através do seu decaimento radioativo (Figura 2).
O Radônio é um gás inerte, o que significa que ele não reage ou combina
com os elementos do solo. Por causa disso, o gás radônio pode emanar do
solo para a atmosfera onde é facilmente diluído (Figura 2), apresentando
certa preocupação.
De qualquer modo, se ele penetra na superfície do solo e se concentra
nas dependências de uma casa, ele será prejudicial à saúde.
Você não pode ver ou sentir o radônio. Não há um único jeito de o seu
corpo sentir a presença dele, ele é danoso a saúde e ao longo do tempo
aumenta a probabilidade de se desenvolver câncer de pulmão
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POR QUE A PREOCUPAÇÃO COM O RADÔNIO?
Uma vez que o Radônio entra nas habitações, é facilmente disperso
pelo ar, mas pode se concentrar nos cômodos da casa. O processo de
decaimento radioativo não para. Isso leva o radônio a decair em vários
outros elementos radioativos chamados de produtos do decaimento do
radônio (Figura 2). Esses produtos são constituídos de diferentes formas
de átomos de Polônio, Chumbo e Bismuto. Diferentemente do radônio, que é
um gás, os seus descendentes radioativos são sólidos. Essas partículas
permanecem suspensas no ar, são extremamente pequenas a ponto de não
serem vistas.
Por causa do tamanho das partículas, esses produtos são facilmente
inalados e podem aderir-se ao tecido do pulmão. Elas se decaem
relativamente rápida depois de formadas. Na verdade, se forem inaladas,
elas decairão no interior dos pulmões.
Consequentemente, o gás radônio em conjunto com os seus produtos de
decaimento radioativo, representa um grande risco à saúde da população.
O RADÔNIO E SEUS
CÂNCER DE PULMÃO
DESCENDENTES
RADIOATIVOS GERAM
O gás Radônio é um Agente Cancerígino de Classe A.
Inalação de radônio e seus descendentes leva as partículas
radioativas a irradiar os pulmões e a irradiação provoca a formação de
câncer.
Quando os produtos do decaimento são inalados, eles se aderem a
tecidos sensíveis do pulmão. Como o tempo de meia vida dessas partículas é
curto, elas decairão no pulmão, expondo o órgão à radiação.
Após o decaimento dessas partículas, há emissão de radiações alfa,
beta e gama. São exatamente essas radiações alfa (em forma de partículas)
dos dois produtos de decaimento - polônio 218 e polônio 214 - que são mais
perigosas.
As partículas alfa irão comprimir o tecido do pulmão. Na maioria dos
casos, elas matam as células do tecido as quais podem ser substituídas pelo
próprio corpo humano. De qualquer modo, essas partículas podem atingir ou
criar uma reação química que afetará o DNA. Quando isso ocorre, a célula
pode ser alterada.
Esse é o mecanismo que pode aumentar o potencial de se ter câncer de
pulmão através de uma prolongada exposição ao Radônio e seus produtos.
O QUE ACONTECE QUANDO OS PRODUTOS DE DECAIMENTO DO
RADÔNIO SÃO INALADOS?
Quando os produtos do decaimento radioativos do Radônio são
inalados, eles se aderem aos tecidos sensíveis dos pulmões. Como o tempo
de meia-vida dessas partículas é curto, elas decairão no pulmão, expondo o
órgão à radiação.
Se a particular alfa atinge o núcleo de uma célula ativa e por sua vez o
DNA, onde dentro deste a partícula atinge e prejudica o gene, os riscos de
se contrair o câncer de pulmão aumentam significativamente. As partículas
alfa podem também causar a ionização do material em torno do DNA que
pode prejudicá-lo.
-
HO
H20
+
H
Cromossoma 6, P53 gene impactado
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Figura 4: Fios de DNA sofrendo ação das partículas iônicas derivada da água pela
influência da radiação
Esse é o mecanismo em que o Radônio (mais especificamente seus
produtos de decaimento) pode levar ao aumento dos riscos de obtenção do
câncer de pulmão.
PROBABILIDADE DE SE CONTRAIR CÂNCER DE PULMÃO DEVIDO
AO RADÔNIO.
Qual a probabilidade disto acontecer?
Estar exposto ao gás Radônio não significa que você ira contrair câncer
de pulmão. A probabilidade aumenta com a quantidade de gás e o tempo de
exposição ao Radônio. Isto é, o potencial para câncer de pulmão aumenta
com o tempo de exposição e da quantidade do gás Radônio na atmosfera.
Em qualquer exposição ao radônio, existe o risco de contrair o câncer.
Quanto mais baixo o nível deste gás em sua casa, menor será o risco de sua
família contrair o câncer.
Para desenvolver este câncer de pulmões a partir da exposição ao gás
Radônio, a radiação lançada durante seu decaimento deve atingir uma célula
pulmonar e dentro desta célula atingir um local especifico.
“A probabilidade de obtenção do câncer é como uma pessoa cega
lançando dardos num alvo”. Se a pessoa lança apenas um de cada vez,
provavelmente levará bastante tempo para acertar. Por outro lado, se esta
pessoa lançar um punhado de dardos ao mesmo tempo, a probabilidade de
acertar é bem maior. Essa analogia pode ser usada para entender que a
probabilidade de uma partícula alfa atingir uma célula pulmonar de uma
maneira que causa o câncer, depende da dose e do tempo da exposição.
Resumindo, o câncer de pulmão gerado pela exposição ao radônio é
função da:
Concentração de radônio a que somos expostos,
• Quantidade de tempo a que somos expostos.
•
QUAL O NÍVEL DE RADÔNIO QUE POSSA SER ACEITÁVEL?
É recomendado que as pessoas ao longo de sua vida não tenham
uma exposição duradoura a níveis superiores a 100 Bq/m3.
É estimado que uma redução do nível para abaixo de 50 Bq/m3
reduziria as mortes precoces causadas por câncer no pulmão anualmente
atribuído pelo radônio em 50%. Entretanto, mesmo com um nível de 50
Bq/m3, o risco de contrair o câncer pelo gás é ainda centenas de vezes
maiores que os riscos permitidos pela exposição de elementos cancerígenos
presentes em nossa comida e água.
PODE EXISTIR RADÔNIO NA ÁGUA?
Sim, esse elemento pode se dissolver na água subterrânea e ser
lançado no ar da residência durante o banho, lavagem de roupa e outras
atividades que utilizam água. Casas com abastecimento de água
subterrânea, seja esta pública ou proveniente de poços, são as mais
propícias a estarem contaminadas. A preocupação maior não é o uso
generalizado dessa água contaminada, nem mesmo sua ingestão, mas a
infiltração do radônio no ar o qual respiramos além daquele que vem
diretamente do solo. Testes podem medir esse aumento se a casa estiver
ocupada durante a avaliação. É necessário muito radônio na água para
alterar a concentração do gás no ar. 250.000 Bq/m 3 presente na água
aumenta em 25 Bq/m3 no ar. Assim, sempre teste a concentração de
radônio no ar antes de ficar preocupado com a quantidade de radônio na
água.
O QUE FAZER SE A CASA ONDE VIVO APRESENTAR UM ALTO
NÍVEL DE RADÔNIO?
A presença de altos níveis de radônio não deve eliminar a
possibilidade de viver em sua casa. Só um estudo adequado é que pode
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indicar a existência de níveis elevados de gás Radônio, se ele for elevado
provavelmente as outras casas vizinhas a sua apresentarão o mesmo
problema. Uma boa notícia é que ele pode ser reduzido. De todos os
problemas que uma casa pode ter, o radônio é uma das mais fáceis de
identificar e controlar com uma ventilação adequada.
CONCLUSÃO
No geral, o gás Radônio se move dos solos para o ar, entra nas casas
através de rachaduras nas paredes e pisos. Ele pode emanar ainda através
de alguns tipos de materiais de construção. O gás Radônio pode também
entrar nas casas através das águas de poços e cisternas, onde se encontra
dissolvido. Como esta água é utilizada para banho e/ou outros fins
domésticos, uma parte desse gás migra da água para o ar. O que contribui no
aumento da taxa de Radônio na atmosfera ambiental.
Beber água com altos teores do gás Radônio oferece um grande risco à
saúde, mas respirar o ar com alto nível de radônio é muito mais nocivo. Uma
atmosfera com alta concentração de radônio aumenta os riscos de
desenvolvimento de câncer de pulmão. Esse risco aumenta com o tempo de
exposição e a concentração do elemento. Beber água contaminada com
Radônio eleva ainda as chances de se desenvolver câncer no estômago.
Embora nenhum nível do gás Radônio seja considerado completamente
seguro, como acontece com a maioria das coisas da vida, nós devemos
equilibrar os benefícios e sacrifícios para achar o nosso nível “estável”. Nós
caminhamos pelas ruas e trabalhamos no sol, nos expondo aos raios
ultravioletas e aumentando os riscos de obter câncer de pele. Nós dirigimos
quase todos os dias apesar de mais de 1 em 86 mortes serem resultados dos
acidentes automobilísticos. Pessoas fumam, comem mal e às vezes agem de
maneira perigosa. Até certo ponto, o gás Radônio é outro risco que
enfrentamos diariamente. No entanto você escolhe o que comer, se vai
fumar e como ou quando vai dirigir. Você não tem escolha a não ser respirar
o ar em sua casa. Um simples e barato teste de radônio pode lhe dar a
informação que você precisa sobre qual nível de exposição ao gás Radônio é
aceitável pra você.
REFERÊNCIAS CONSULTADAS
Você pode consultar as referências a seguir, usadas nessa cartilha, e ler
mais à respeito do gás Radônio.
www.who.int; www.cnen.gov.br; www.epa.gov; www.unscear.org;
www.nuclear.radiologia.nom.br; www.lungcancer.about.com; www.nrsb.org;
www.icru.org; www.radonleaders.org; www.worldradonsolutions.info;
www.asmalldoseof.org
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