TRATAMENTO DE UMA FRACTURA CORONO-RADICULAR UTILIZANDO UM ESPIGÃO DE COMPÓSITO Autores: Dr. Jozef Mincik Fig. 1. Trajectória típica de uma fractura corono-radicular (Ebelseder/Glockner, 2000) Fig. 2. Fractura corono-radicular. A fenda coronária da fractura comunica-se directamente com a polpa. Fig. 3. Radiografia do dente 21 com uma típica fractura corono-radicular. Dr. Marián Tulenko Licenciou-se em Medicina Dentária pela Universidade de Kosice e foi médico dentista assistente do Departamento de Dentisteria da 1a Clínica de Estomatologia do Hospital Universitário de Kosice. Desde 1990 desenvolve actividade clínica no seu consultório privado, em Kosice, e desde 2000 é coordenador da Secção de Dentisteria da Sociedade Eslovaca de Medicina Dentária. A Dentisteria Estética e Restauradora, a Endodontia e a Traumatologia são as suas principais áreas de especialização, assuntos sobre os quais publicou e apresentou numerosos trabalhos e palestras. Kosice, Eslováquia D Denominam-se fracturas corono-radiculares as fracturas dentárias com uma ou mais linhas de fractura que abrangem porções da coroa e da raiz (Andreasen/Andreasen, 1994). A linha de fractura geralmente parte de um ponto corono-vestibular e segue em direcção ápico-palatina até ao terço cervical da raiz, onde assume uma inclinação quase longitudinal e termina com um pequeno trecho angulado em direcção coronária (fig. 1). Esta fractura complexa coloca o profissional diante de uma difícil tarefa, uma vez que a manutenção do dente exigirá intervenções cirúrgicas, endodônticas, restauradoras e também ortodônticas. Na maioria dos casos, procuramos evitar a extracção do fragmento coronário, uma vez que isto traria várias desvantagens. Primeira: a extracção do fragmento exigiria uma pulpectomia imediata sob condições desfavoráveis (sangramento do periodonto, acesso visual prejudicado). Segunda desvantagem: em pouco tempo, a gengiva recobriria o fragmento remanescente e teria de ser removida. Terceira: a estética do paciente seria consideravelmente prejudicada. A melhor opção terapêutica é, portanto, manter o dente inteiro com auxílio de um “splint interno” (Ebelseder et al., 1993). No nosso consultório, utilizamos espigões de compósito reforçados com fibras de vidro (Rebilda Post, VOCO). Caso clínico Fig. 4. Fragmento coronário ferulizado com uma tira de fibra de vidro e compósito. Licenciou-se em Medicina Dentária pela Universidade de Kosice e desde 2008 exerce a sua actividade profissional no consultório do Dr. Mincík. É membro da Secção de Jovens Profissionais da Sociedade Eslovaca de Medicina Dentária. Suas publicações e palestras são dedicadas principalmente à Dentisteria Estética e Restauradora, à Endodontia e à Traumatologia. Descrevemos o caso de um rapaz de 20 anos de idade que se apresentou na nossa clínica após um acidente desportivo. A coroa do dente 21 encontrava-se em supra-oclusão, com um alto grau de mobilidade e sensibilidade. A região cervical da coroa apresentava uma fenda de fractura rectilínea que sangrava ligeiramente (fig. 2). O diagnóstico de fractura corono-radicular foi confirmado pela radiografia, que mostra uma elipse com limites mal definidos. A linha inferior (C-line) corresponde à porção coronária da fractura, e a linha superior (R-line), à porção radicular (fig. 3). Imediatamente após o diagnóstico, procedeu-se à reposição exacta do fragmento sob anestesia local. A linha de fractura foi selada com um cimento de ionómero de vidro e compósito (Ionoseal, VOCO). O fragmento coronário foi ferulizado por vestibular com uma tira de fibra de vidro, que foi fixada com compósito nos dentes vizinhos (fig. 4). Deste modo, a função mastigatória do paciente foi restabelecida imediatamente, com apenas um discreto comprometimento estético. Fig. 6. Sistema Rebilda Post (VOCO). Fig. 5. Tratamento endodôntico definitivo do dente 21. Fig. 7. O espigão Rebilda Post posicionado no canal (vista palatina). Fig. 8. Dente 21 após o tratamento - a função e a estética natural foram restabelecidas. Após a ferulização, procedeu-se à abertura coronária e pulpectomia. Não foi possível realizar um tratamento endodôntico definitivo no primeiro atendimento devido ao intenso sangramento através do canal radicular. Por esta razão, o canal foi preenchido temporariamente com hidróxido de cálcio. Na segunda sessão de atendimento, o canal radicular foi tratado definitivamente (fig. 5). Para assegurar o êxito da fixação, executou-se um “splint interno” conforme preconizado por Ebelseder (Ebelseder et al., 1993), unindo ambos os fragmentos com um espigão radicular de compósito reforçado com fibras de vidro (Rebilda Post, VOCO –fig. 6–). O canal, com excepção dos 4 mm mais apicais, foi preparado com uma broca adequada. De seguida, o espigão foi adaptado e reduzido ao comprimento necessário fora da cavidade oral. Após a aplicação de um adesivo autocondicionante de polimerização dual (Futurabond DC, VOCO), o espigão foi introduzido com movimento giratório no canal (fig. 7). Após a fixação interna a ferulização vestibular foi removida. A superfície da linha de fractura coronária, que havia sido selada com o cimento de ionómero de vidro e compósito, foi desgastada cuidadosamente e, por fim, recoberta com uma camada de compósito fotopolimerizável de alta estética (Amaris, VOCO). Deste modo, foi possível restabelecer por completo a função mastigatória do dente, assim como a sua estética natural (fig. 8). Conclusão Com uma abordagem médico-dentária muldisciplinar, também é possível restaurar dentes anteriores com fracturas corono-radiculares. De acordo com a nossa experiência clínica, a realização de um “splint interno” com um espigão de compósito, como o Rebilda Post, para manter o dente inteiro na cavidade oral é uma boa opção de tratamento, que conduz ao êxito permanente e a resultados biologicamente irrepreensíveis. Bibliografia 1.) Andreasen, J. O./Andreasen, F. M.: Textbook and colur atlas of traumatic injuries of the teeth, Copenhaga, Munksgaard, 1994. 2.) Ebelseder, K./Cartellieri, B./Polanski, R./Eskici, A.: Versuch der Erhaltung von Frontzähnen durch innere Schienung bzw. Transfixation, in: Quintessenz, 44, 1993 (9), p. 1597-1610. 3.) Ebelseder,K./Glockner, K.: Zahnerhaltung nach Kronen-Wurzel-Fraktur, in: Stomatologie, 97, 2000 (6), p. 11-14. PUBLIREPORTAGEM