COMPLICAÇÕES AGUDAS EM PACIENTES RENAIS

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COMPLICAÇÕES AGUDAS EM PACIENTES RENAIS DURANTE AS
SESSÕES DE HEMODIÁLISE
1. INTRODUÇÃO
A doença renal crônica (DRC) é um problema mundial de saúde pública, tendo
merecido destaque nos últimos 10 anos, em virtude do crescente número de pessoas
afetadas pela patologia (SARMENTO et al., 2012). Segundo uma diretriz da National
Kidney Foundation, publicada em 2014, estima-se que mais de 10% dos adultos nos
Estados Unidos, totalizando um total de 20 milhões de pessoas, podem ter DRC em
diferentes níveis de gravidade (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND
PREVENTION, 2014). No Brasil, o Ministério da Saúde (MS) estima para o ano de 2014,
cerca de 90 mil pacientes em tratamento pelo sistema único de saúde (SUS), nos 692
serviços em funcionamento, gerando um gasto anual de aproximadamente 2,5 bilhões de
reais aos cofres públicos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014).
Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia, o estado de Mato Grosso possui
cerca de 10 clínicas de hemodiálise, sendo 9 adultos e 1 pediátrica que atendem à
demanda de aproximadamente 2 mil pacientes em tratamento. Em Cáceres no Centro de
Tratamento do Rim (CTR) atende em torno de 189 pacientes. O CTR fornece atendimento
a 12 municípios da região incluindo a cidade de Cáceres, e possui pacientes em
municípios como Pontes e Lacerda, Jauru, Rio Branco, Lambari d’ Oeste, Salto do Céu,
Mirassol do Oeste, Porto Espiridião, Vila Bela da Santíssima Trindade, Araputanga,
Curvelândia, Reserva do Cabaçal e Cáceres (CTR, 2015).
Esta terapia tem possibilitado uma maior sobrevida a esses pacientes, porém
aumenta as chances de permanecerem e conviverem com algumas incapacidades
funcionais. Além disto, existe ainda o desgaste emocional provocado pela patologia, à
submissão a procedimentos invasivos, longas horas de espera, tratamento repetitivo,
manutenção de uma dieta específica associada às restrições hídricas, modificação na
aparência corporal em razão da presença do cateter para acesso vascular ou da fístula
arteriovenosa, e outras complicações de saúde que são desenvolvidas com o decorrer da
doença, gerando um significativo impacto sobre a qualidade de vida desses pacientes,
trazendo prejuízos psicológicos, alterando o seu cotidiano e interferindo no papel que
esses indivíduos desempenham na sociedade.
Melhorar a qualidade de vida destes pacientes tornou-se uma meta visto que,
apesar dos avanços terapêuticos e do aumento da sobrevida, a qualidade de vida dos
pacientes renais é inferior à da população em geral (MARIOTTI, 2009).
Atualmente não se tem buscado apenas o aumento da sobrevida do paciente,
embora seja um quesito de imensa importância, mas também se faz necessário que esse
período de tratamento seja vivenciado com qualidade. Sendo então, responsabilidade da
equipe multiprofissional que presta assistência a esses pacientes, realiza-la com medidas
de qualidade, aperfeiçoamento das técnicas e elaboração de ações educativas afim de
realizar promoção em saúde.
Além de todas as situações citadas acima, as complicações desenvolvidas no
decorrer do tratamento hemodialítico interferem de modo direto na qualidade de vida
desses pacientes. As principais complicações relacionadas às sessões de hemodiálise
incluem náuseas, vômitos, dor lombar, dor torácica, cefaleia, cãibras, calafrios, diarreia,
reações de hipersensibilidade, edema de mão, embolia gasosa, prurido, convulsões
mentais, febre, hipertensão arterial sistêmica (HAS) e hipotensão arterial.
Então, justifica-se a realização dessa pesquisa, devido às diversas complicações
agudas (hipertensão, hipotensão, entre outras) e ao grande desconforto que a hemodiálise
causa ao paciente submetido a esse procedimento. Podendo caracterizar-se também como
fonte de possíveis intervenções para a equipe multiprofissional que presta assistência a
esses pacientes, melhorando assim a qualidade do serviço prestado.
2. OBJETIVO
Apresentar o perfil epidemiológico bem como as complicações mais comuns nos
indivíduos em tratamento hemodialítico,
3. METODOLOGIA
3.1 TIPO DE ESTUDO
Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo transversal.
3.2 LOCAL DE ESTUDO
O estudo foi realizado no Centro de Tratamento do Rim -CTR, localizado no
Município de Cáceres, no Estado de Mato Grosso (234 km da Capital Cuiabá). A unidade
atende em torno de 189 pacientes, fornece atendimento a 12 municípios da região
incluindo a cidade de Cáceres, e possui pacientes em municípios como Pontes e Lacerda,
Jauru, Rio Branco, Lambari d’ Oeste, Salto do Céu, Mirassol do Oeste, Porto Espiridião,
Vila Bela da Santíssima Trindade, Araputanga, Curvelândia, Reserva do Cabaçal.
3.3 AMOSTRA
A amostra deste estudo constituiu-se em 74 indivíduos em hemodiálise com
hipertensão arterial. Esse grupo foi selecionado devido às alterações hemodinâmicas
serem mais severas e por ser uma complicação hemodinâmica frequente em pacientes
tratados com hemodiálise, constituindo-se um fator de risco para complicações crônicas,
agudas e disfunções cardíacas.
Para a inclusão destes indivíduos na amostra foram utilizados os seguintes
critérios: os pacientes teriam que ser maiores de 18 anos visto que as classificações dos
valores pressóricos já estão estabelecidas e validadas nesta faixa etária e; estarem em
tratamento hemodialítico por no mínimo 3 meses, constituindo-se assim pacientes
crônicos. Foram excluídos da amostra indivíduos que não corresponderem a esses
critérios.
3.4 COLETA DE DADOS
A coleta de dados foi realizada no CTR, foram analisadas as fichas de enfermagem
que estavam presentes nos prontuários clínicos durante as sessões em um período de 60
dias. A coleta ocorreu por meio de uma ficha que foi preenchida a partir de informações
contidas na ficha de admissão do paciente e na ficha de enfermagem contidas nos
prontuários clínicos de cada participante incluído na amostra. As variáveis coletadas
foram idade, sexo, raça, estatura, doença base, diagnóstico, medicamentos usados pelo
participante e intercorrências durante a hemodiálise. Peso de entrada (antes de iniciar as
sessões), peso de saída (final da sessão) e peso seco (média de peso da saída de pelo
menos 3 sessões, é utilizado como parâmetro para a retirada de ultrafiltrado),
ultrafiltração desejada; índice de massa corpórea.
3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os dados foram tabulados no programa da Microsoft Excel – 2016 e
posteriormente analisados com o IBM - SPSS Statistics 2.0.
3.6 ASPECTOS ÉTICOS
Existe risco para o participante desta pesquisa, esses riscos estão relacionados aos
direitos de privacidade e anonimato. Contudo, as informações nos prontuários foram
submetidas à filtragem pela enfermeira responsável pelo setor e foi fornecido apenas os
dados necessários para a pesquisa. Dados pessoais como nome e endereço não serão
utilizados e publicados. Sendo atribuído um número para identificação do paciente.
Quanto à informação referente às doenças de base foram registradas apenas aquelas que
tiveram relação direta com a hipertensão e a doença renal.
O Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado de Mato Grosso
CEP/UNEMAT após análise do protocolo em comento, de acordo com a resolução
466/2012 e a Norma Operacional 001/2013 do CNS, é de parecer que não há restrição
ética para o desenvolvimento da pesquisa; número do parecer: 1.330.572.
4. RESULTADOS
Tabela 1- Caracterização dos indivíduos da amostra em estudo.
Características
N (74 indivíduos)
%
Média
Sexo
Masculino
Feminino
40
34
54,1
45,9
-
Raça
Branca
Parda
Preta
30
30
14
40,5
40,5
18,9
-
34
14
7
6
13
45,9
18,9
9,5
8,1
17,6
-
48
26
74
64,9
35,1
-
56,54
Doença de Base
Hipertensão
Hipertensão/Diabetes
Nefroesclerose
Glomerulonefrite
Outros
Diagnóstico
Insuficiência Renal Crônica
Outros
Idade-anos
Trata-se de um estudo amostral, constituído por 74 indivíduos em tratamento
hemodialítico, destes 54,1% são do sexo masculino e 45,9% do sexo feminino. A média
da idade dos mesmos é de 56,5 anos (desvio padrão = 12,67 %), sendo a idade mínima de
27 e a máxima 87 anos. A hipertensão consiste como doença de base de maior prevalência
com 45,9% dos indivíduos, seguida por hipertensão e diabetes 18,9%, Nefroesclerose
9,5% e Glomerulonefrite 8,1%. Em relação ao diagnóstico, 64,9% foram diagnosticados
com insuficiência renal crônica.
Estes indivíduos são submetidos à hemodiálise três vezes na semana, quantidade
padrão e de rotina já estabelecida pelos profissionais do centro de tratamento do rim CTR, porém, as quantidades de sessões não foram iguais para toda a amostra, visto que,
a condição clínica e as necessidades fisiológicas de cada indivíduo interferem nesta
escolha. Portanto, a quantidade de sessões semanais pode estar aumentada ou diminuída,
quando comparadas por paciente. Durante os 60 dias, a quantidade mínima de sessões de
hemodiálise foram 11 e máxima 33, constituindo uma média de 24,7 sessões realizadas
pelos indivíduos da amostra.
Tabela 4- Frequência das complicações apresentadas indivíduos em tratamento
hemodialítico em um período de 60 dias.
Complicações
N
%
Crises Hipertensivas
65
87,8
Hipotensão
38
51,4
Outras
17
23
Crises Hipertensivas
15
20,3
4
5,4
associadas a outras
Hipotensão e outras
As complicações de maior prevalência durante o período em estudo foram crises
hipertensivas (87,8%) e hipotensão (51,4%). Ainda, 23% da amostra, apresentaram outras
complicações como náuseas, cefaleia, mialgia, diarreia, vômitos, sudorese, calafrios,
fraqueza e algia. 20,3% destes indivíduos, apresentaram crises hipertensivas associadas
a estas complicações, e apenas 5,4% associadas a hipotensão.
5. CONCLUSÃO
Conclui-se que as crises hipertensivas é a complicação de maior prevalência
durante as sessões, seguida por hipotensão. A elevação da pressão arterial associada a
outras complicações como náuseas, vômitos, cefaleia, dor torácica e calafrios é também,
de importante significância. Essas informações constitui-se de base para a realização de
intervenções pela equipe multiprofissional que presta assistência a esses pacientes, afim
de amenizar estas complicações durante o tratamento hemodialítico, melhorando assim a
qualidade do serviço prestado.
REFERÊNCIA
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Em que podemos intervir? Jornal Brasileiro de Nefrologia; 20 (3): 327-331; 1998.
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MINISTÉRIO
DA
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Disponível
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