Big Data como estratégia de Marketing A importância dos dados na tomada de decisões estratégicas Renato Carvalho de Alvarenga Mafra [email protected] RESUMO Este artigo tem como objetivo identificar e refletir sobre o potencial proporcionado pelos dados disponíveis na Big Data para a tomada de decisões estratégicas de marketing. Para tanto, além de explorar e contextualizar a importância das informações disponíveis na internet, o trabalho faz um paralelo da relevância da gestão da informação e do marketing em meios digitais. Este trabalho não busca fazer análises técnicas do uso do Big Data em marketing, mas entender como a tecnologia pode ser útil em estratégias de comunicação. Conclui-se que a análise de dados do Big Data pode proporcionar uma melhoria na qualidade da gestão estratégica nas organizações. ABSTRACT The objective of this article is to identify and raise points about the potential of the Big Data in strategic marketing decisions. Therefore, more than exploring and contextualizing about the available information on the Internet, this work makes an important parallel about information management and the digital media marketing. However, this work is not focused on technical analysis related to the Big Data usability, but to understand how this technology can be useful in communication strategies, improving the strategic management in organizations. Palavras-chave Big Data, marketing, gestão da informação, comunicação 1. INTRODUÇÃO O termo Big Data está cada vez mais comum no nosso dia a dia, mesmo que ainda não atinja a grande massa da população. Jornais, revistas, sites de notícias, e principalmente executivos de empresas estão lidando frequentemente com o tema. Segundo dados do Google Trends, nos últimos cinco anos, o interesse no termo cresceu quase seis vezes. Para se atentar a importância do tema, 2,2 milhões de terabytes de novos dados são criados todos os dias no mundo. Além disso, a previsão é que até 2020 haja um total de 40 trilhões de gigabytes de dados no mundo. Até o momento, apenas 0,5% de toda a informação disponível online foi analisada ou utilizada para fins comerciais. (HEKIMA, 2016a). Ainda segundo o artigo publicado pela Hekima (2016a), em 2014, o mercado de Big Data movimentou US$ 28 bilhões. A expectativa é que até 2017 esse número chegue a US$ 50 bilhões e em 2019 a US$ 102 bilhões. Outro dado interessante presente no artigo diz que empresas que investem em Big Data são cinco vezes mais propensas a tomar decisões mais rápidas que a concorrência. Pensando no contexto do marketing, o acesso a essas informações possibilita a mensuração de resultados a partir do armazenamento de dados de usuários. O Big Data aparece nesse cenário como uma grande vantagem que as empresas podem ter através da análise do dado certo para a criação de estratégias na tomada de decisão. (CAVASSOLA, 2014). Ferguson (2013) mostra uma pesquisa realizada pela empresa de consultoria McKinsey, em que 65% das organizações são eficientes ao capturar dados, mas 46% delas dizem ser eficientes na disseminação das informações. A pesquisa aponta, ainda, que apenas 4% das organizações usam todos os dados que coletam. Diante disso, é visível que o Big Data é um grande desafio para as empresas. Como afirma Ferguson (2013), as companhias buscam reunir o maior tipo e número de dados, mas acabam se perdendo ao ter insights e tomar decisões a partir dessas informações. A partir de então, este trabalho de conclusão de curso pretende entender como o uso do Big Data pode contribuir para decisões mais assertivas na estratégia de marketing de uma empresa, bem como a importância da gestão da informação. 2. ENTENDENDO BIG DATA Antes de trazer suas inúmeras possibilidades e potencialidades, é preciso definir o seu significado. Big Data pode ser explicado como um grande volume de dados produzidos de maneira exponencial. É o desafio de processar conjuntos de dados que são muito grandes para caber em um único servidor, bem como desestruturados para caber em um banco de dados de linha ou coluna, assim como continuamente fluídos para caber em um armazém de dados estáticos (BROUSSARD; MEDIA, 2014). Para facilitar o entendimento, o conceito de Big Data pode ser dividido em 5 “V”s: volume, variedade, velocidade, veracidade e valor (TAURION, 2012). Volume O Volume se refere ao tamanho simples de dados e opções de armazenamento para acomodá-los. Além dos dados gerados pelos sistemas de transações, temos a ainda os dados gerados pelos objetos na Internet das Coisas, assim como os gerados nas mídias sociais, pelos computadores, smartphones e tablets. A quantidade de dados gerados pelas mais diversas aplicações aumenta cada vez mais. Isso exige uma capacidade de armazenamento maior, assim como requer uma distribuição de locais de processamento e armazenamento (ALVAREZ; VIANA; SILVA, 2016). Variedade Se há uma grande quantidade de dados, há também uma enorme variedade. As redes sociais, como Facebook, Twitter, Instagram, entre outros, oferecem milhares de informações a todo segundo. O Big Data escalona a variedade de informações das seguintes formas (NETTO; MORO; FERREIRA, s/d): Dados estruturados: armazenados em bancos de dados, sequenciados por tabelas; Dados semi-estruturados: acompanham padrões heterogêneos, são mais difíceis de serem identificados, pois podem seguir diversos padrões; Dados não estruturados: são uma mistura de dados com fontes diversificadas como imagens, áudios e documentos online. Estima-se que 90% de todos os dados do mundo são considerados não estruturados. Velocidade Uma fotografia tirada há cinco minutos representando o trânsito de uma rua seria o suficiente para permitir que uma pessoa a atravesse de olhos vendados? Dificilmente. A foto de 5 minutos atrás não serve e é preciso saber das condições atuais para atravessar com segurança (FORBES, 2012). Essa mesma lógica se aplica às empresas, já que precisam de dados atuais sobre seu negócio. A velocidade é tão importante que em algum momento vai existir uma ferramenta que analise os dados em tempo real, diferente de hoje que são analisados apenas após serem armazenados (TAURION, 2014). A velocidade com a qual se obtém informações é bastante valorizada, já que se torna uma vantagem competitiva entre as empresas (NETTO; MORO; FERREIRA, s/d). Veracidade A relevância dos dados coletados é o que faz diferença. Dessa forma, sua verificação é um ponto chave para obter informações que agreguem valor ao processo. É preciso ter certeza que os dados fazem sentido e são autênticos (TAURION, 2012) e que condizem com a realidade daquele momento. Valor É necessário que a organização que utiliza os processos de Big Data obtenha retorno destes investimentos. É importante perceber que os custos envolvidos na operação, o valor agregado do trabalho desenvolvido - coleta, armazenamento e análise de dados -, compense os custos financeiros envolvidos. (TAURION, 2012). Caminhando ao lado do Big Data está o Business Intelligence (BI), que por muitas vezes é confundido com o termo principal deste trabalho. Apesar de distintos e terem objetivos diferentes, as duas soluções são complementares. Segundo Elias (2014) BI tem foco na coleta, organização, transformação e disponibilização de dados estruturados para a tomada de decisão, além de permitir análise preditiva de forma rápida e assertiva às organizações. Já o Big Data foca no processamento de dados em busca de correlações e descobertas. “Está aí o diferencial do Big Data: mostrar caminhos e correlações antes desconhecidos nos grandes volumes de dados, em tempo hábil, para que as empresas ganhem vantagem competitiva” (ELIAS, 2014, s/p). Outro conceito que se mistura aos dois tratados anteriormente é o de Data Mining, ou mineração de dados. A definição mais usada sobre o termo foi elaborada por Fayyad e colaboradores (1996), que diz que Data Mining é o “processo não-trivial de identificar, em dados, padrões válidos, novos, potencialmente úteis e ultimamente compreensíveis”. A tabela a seguir, proposta por Hoppen (2015) serve como parâmetro para diferenciar os três termos a partir de sete características: CARACTERÍSTICAS Business Intelligence (BI) Data Mining Big Data 1 – Virtude da solução Volumetria – Monitorar o desempenho dos indicadores das operações. Metodologia científica e Data Mining em grande algoritmos. Descobrir escala. Geração de padrões de conhecimento de gestão comportamento de dados. apoiado por inteligência e Detecção de pontos cegos capacidade da gestão. Análise computacional. Análise estatística intensa e estatística intensa e pontual. contínua. 2 – Tipos de Dados Dados estruturados em planilhas, banco de dados Dados estruturados em planilhas, banco de dados Dados estruturados, semiestruturados e não relacionais e dimensionais, relacionais e dimensionais, etc. etc. estruturados em bancos de dados NoSQL ou TripleStores. 3 – Estilo de análise Reflete apenas o passado dos dados em pequena ou grande escala. Não há inteligência no sistema, sendo necessário profissionais da gestão para interpretar as informações e tomada de decisão. Permite fazer a predição e descoberta de fatores relevantes ao negócio em pequena escala usando inteligência computacional. Necessita de profissionais de gestão trabalhando em colaboração com cientistas da informação. Permite fazer a predição e descoberta de fatores relevantes ao negócio em grande escala usando inteligência computacional. Necessita de profissionais de gestão trabalhando em colaboração com cientistas da informação. 4 – Resultados esperados Diversas visualizações de gráficos consolidadas em painéis de controle conhecidos como dashboards. Relatório de recomendação estratégica. Painéis de controle com indicadores preditivos e recomendações estratégicas. 5 - Foco Monitorar indicadores tais como preço, valor, temperatura, custo total, etc. Identificar padrões de comportamento dos dados, criando novos indicadores de análise para o BI. Extração de conhecimento de grandes massas de dados com fontes e tipos variados. 6 - Comercialização Custo de implantação, integração do sistema e mensalidade por usuário Valor por projeto, envolvendo o custo da produção do relatório. Custo de implantação, integração do sistema e mensalidade e/ou comissionamento sobre o resultado do faturamento. 7 – Volume de dados Alto, porém limitado ao processamento dos bancos de dados relacionais/dimensionais. Baixo, trabalho por amostragem (pequenas parcelas) de dados com alto custo de processamento. Alto com estruturas de processamento distribuídos e grande demanda de processamento. Tabela 1: Comprativo entre os termos Big Data, Business Intelligence e Data Mining 3. GESTÃO DA INFORMAÇÃO A informação, assume, nos dias atuais, uma importância cada vez maior. Ela torna-se fundamental para empresas na descoberta e introdução de novas tecnologias e exploração de oportunidades de investimentos (BRAGA, 2000). A gestão da informação pode ser considerada um conjunto de processos que envolvem atividades de planejamento, organização, direção, distribuição e controle visando à racionalização e à efetividade de determinado sistema, produto ou serviço (MARCHIORI, 2002). A autora ainda fala que a gestão da informação tem como princípio o foco no indivíduo e seus problemas, conforme os diferentes fluxos de informação, buscando soluções criativas e efetivas. O gestor da informação tem como função fornecer um serviço e/ou produto de informação que seja direcionado, funcional e atrativo. Acontecimentos externos obrigam as organizações a enfrentar diversas situações, que incluem ameaças e oportunidades para as empresas. A tomada de decisões exige, portanto, bastante informações sobre o contexto em que a companhia se encaixa e o que acontece ao seu redor. A concorrência no mercado também faz com que, cada vez mais, as empresas busquem melhores recursos. “Quem dispõe de informação de boa qualidade, fidedigna, em quantidade adequada e no momento certo, adquire vantagens competitivas, mas a falta de informação dá asas a erros e à perda de oportunidades” (BRAGA, 2000, p2). Os dados que ‘flutuam’ no Big Data possuem muito valor, mas sozinhos, sem quaisquer análises, funcionam só como uma biblioteca repleta de livros – as informações estão lá, mas o valor só é gerado a partir do momento em que o conhecimento disponível por lá seja trabalhado. É preciso desenvolver capacidades para explorar esses dados para se destacar na competição entre empresas. Sendo assim, a capacidade de gestão da informação passa a desempenhar um papel relevante em um ambiente competitivo tão dinâmico. (MAÇADA; BRINKHUES; JÚNIOR, 2015) Diante disso, o Big Data representa três mudanças na forma como se entende e analisa a informação que organiza a sociedade (GONÇALVES; PEREIRA, 2009). Segundo os autores a primeira se refere à análise de dados que pode ser processada atualmente. A segunda mudança se relaciona a redução de erros na medição de dados, já que com uma maior análise, há menos falhas nas amostragens. Por fim, a terceira se remete à análise da causalidade. É possível descobrir padrões e correlações nos dados que propiciam novas e valiosas ideias. A ideia do uso de dados para tomar decisões é tão antiga quanto a própria tomada de decisão. No entanto, a partir de agora é preciso levar em conta que a inteligência dos negócios na análise de dados torna-se condição de competitividade quando ocorre investimento no monitoramento adequado dos dados produzidos (DAVENPORT, 2013). O autor destacado acima também aponta dez requisitos para capitalizar a análise de dados digitais. É preciso ter vários tipos de dados combinados; um conjunto de opções de gerenciamento de dados; tecnologias mais rápidas e métodos de análise; análise de dados incorporada; descoberta de dados; equipes interdisciplinares de dados; diretores de análise; análise prescritiva; análise de dados em escala industrial; e finalmente novas formas de decisão e de gestão. Reis (1993) afirma que para que a gestão da informação seja eficaz é preciso que as empresas estabeleçam um conjunto de políticas coerentes que possibilitem o fornecimento de informação relevante, correta, com qualidade, transmitida de forma certa e no tempo certo. A gestão moderna exige que a tomada de decisão seja feita com o maior número de informações possíveis. Portanto, quanto mais importante for o dado para a empresa e mais rápido o acesso a ela, mais facilmente a empresa atingirá seus objetivos. Diante disso, Braga (2000) destaca que a gestão da informação tem o objetivo de apoiar a política global da empresa de forma a tornar mais eficiente o conhecimento e articulação entre os seus subsistemas; apoia os gestores na tomada de cisões; torna mais eficaz o conhecimento do meio envolvente; apoia de forma interativa a evolução da estrutura organizacional; e ajuda a formar uma imagem da organização. 4. MARKETING NOS MEIOS DIGITAIS Antes de começar a discutir sobre marketing nos meios digitais é preciso trazer algumas definições do termo. Kotler e Keller (2006) definem, de forma simples, que marketing é a atividade humana dirigida para satisfazer necessidades e desejos por meio de troca. Diante disso, fica claro que para fazer funcionar é mais que necessário levar em consideração o público-alvo e, para isso, deve-se conhecer muito bem a quem busca atingir. As estratégias a serem usadas, por outro lado, variam conforme o comportamento do segmento. (GABRIEL, 2010). Kotler (1999) propôs alguns pontos que considera ideais para se ter sucesso no marketing. Segundo o autor a pesquisa de mercado é o ponto inicial, que ajudará a entender a oportunidade disponível e a preparação de estimativas financeiras baseadas na estratégia proposta. Ainda no tema, para um marketing bem-sucedido é primordial que as empresas tenham a maior quantidade de informações possíveis para tomar decisões. Tais dados se dividem em cinco tópicos: Macroambiente, ambiente de marketing, ambiente da empresa e outras informações. Em macroambiente devem constar informações sobre tendências demográficas, econômicas, estilo de vida, tecnológicas e políticas. Já em ambiente de marketing as informações de consumidores, colaboradores e concorrentes compõem o tópico. Vendas e participação de mercado, pedidos de compras e renovação de pedidos, custos da empresa, lucratividade por cliente, por módulo, segmento, canal, tamanho de pedido e área geográfica estão incluídos como parte do ambiente da empresa (KOTLER, 1999). A internet, por sua vez, oferece cada vez mais novas ferramentas tecnológicas que possibilitam que o usuário escolha o produto com base em informações objetivas e não mais apenas pela propaganda e persuasão. O grande diferencial do marketing online é atingir a um público bastante específico (CINTRA, 2010). A tecnologia permite que empresas de diversos portes possam, de forma mais efetiva, controlar seus pontos de contato entre clientes e sua marca utilizando o marketing digital (CINTRA, 2010). Seguindo, ainda, a linha de raciocínio da autora citada acima, o marketing digital pode ajudar a destacar as empresas que têm como diferencial competitivo a informação. Isso porque a tecnologia aproxima usuários e empresas e torna o conhecimento entre eles muito mais prático. Na internet o que importa é estar sempre conectado e manter um canal direto com o cliente. “O investimento é pequeno, frente a grandes possibilidades de negócios que surgem com o decorrer do tempo” (CINTRA, 2010, p9). Rosa (2010) citando Hoffman (1995) lembra que a popularidade da web como um meio comercial se deu graças à sua facilidade de compartilhar informações e recursos, além do seu potencial como canal de publicidade, marketing e distribuição de bens e serviços. Isso garante uma maior interação entre consumidores e empresas. No entanto, as facilidades de interações também geram uma exposição ao mercado cada vez mais elevada (ROSA, 2010). As novas plataformas online, bem como as redes sociais, criaram um diálogo interativo em massa entre as companhias e usuários, o que alterou a forma como a comunicação era feita. Se antes o modelo seguido era “um para muitos” agora passou a ser de “muitos para muitos”, no qual a mensagem pode ser originada de ambas as partes (HOFFMAN; NOVAK, 1996). As estratégias de marketing destinadas às redes sociais digitais requerem um conjunto de ações que seguem um plano coerente e consistente. Informações cruciais como o comportamento do consumidor, a identificação do público-alvo, a região onde se encontra, palavras-chaves mais digitadas por ele, comportamento de compra e outras tantas variáveis fornecem um norte sobre o que fazer (VAZ, 2008). Uma das contribuições mais valiosas que o marketing obteve da internet foi a possibilidade de se mensurar dados com maior precisão e agilidade. O monitoramento e análise de métricas se tornaram muito mais democráticas, baratas e acessíveis. Um dos principais exemplos é o Google Analytics, ferramenta de monitoramento e rastreamento. A partir dessa ferramenta é possível captar uma grande quantidade de dados – demográficos, horário, páginas acessadas, conversão de metas, idiomas, tempo de visitação, entre várias outras – que tornam a tomada de decisão mais assertiva. Outra ferramenta que facilita o marketing na internet é o Google Adwords, serviço de publicidade baseado em links patrocinados. A partir de segmentações bem definidas do público-alvo é possível obter grandes resultados na captação de novos clientes, reforço de marca ou qualquer que seja o objetivo da empresa (FERNANDES; ROSA, 2013). 5. BIG DATA COMO ESTRATÉGIA DE MARKETING Big Data na indústria de marketing e publicidade se refere ao processamento de dados muito grandes para manipular em um único servidor, incluindo dados não estruturados, e envolvendo a integração de múltiplas fontes de dados que refletem as atividades de marketing e as reações dos consumidores. Tal abordagem deve produzir uma visão inalcançável, até então, na análise de negócios convencional. (BROUSSARD; MEDIA, 2014) O marketing já se utiliza de banco de dados há anos para buscar novas estratégias e ser mais efetivo com seu público-alvo. O database marketing foi criado no final da década de 1970 e utiliza os dados para promover ações que promovam satisfação de seus clientes (ESTRELA, s/d). É uma forma de marketing direto que utiliza bases de dados de clientes para gerar listas segmentadas para comunicações. Normalmente esses bancos de dados incluem telefone, e-mails, histórico de compras, pedidos de informação, entre outros. Tais informações podem ser obtidas através de formulários para produtos gratuitos, formulários de inscrição para concursos, cartões de garantia do produto, assinatura de newsletters etc. O desenvolvimento tecnológico democratizou o acesso às pesquisas e aos dados de monitoramento. Ao mesmo tempo, o processo de análise dessas informações se torna mais trabalhoso devido à grande quantidade disposta na rede, em vários lugares e simultaneamente. O desafio, então, é saber escolher quais dados devem ser analisados (FERNANDES; ROSA, 2013). O mercado, nos tempos atuais, e com tantas possibilidades proporcionadas pela tecnologia, exige medidas agressivas. E isso faz com que a aplicação de recursos tenha um retorno certeiro à empresa. Cada ação de marketing precisa ser acompanhada em tempo real por ferramentas de monitoramento de redes sociais. As soluções em análises de Big Data tornaram possível a análise de dados não estruturados de diversos processos internos – vendas, relacionamento e atendimento aos clientes – e também de fontes externas – redes sociais. Os rastros da movimentação dos usuários nas redes sociais digitais são registrados. Essas pegadas contam uma história mais precisa sobre suas vidas que qualquer forma de exposição, tudo isso a partir de atualizações de status no Facebook, mensagens para determinadas pessoas, lugares por onde passam, registros sobre o que comeram e produtos que compraram (GONÇALVES; PEREIRA, 2009). A integração entre os sistemas de informação e as ferramentas analíticas direcionadas ao marketing possibilitou entender os verdadeiros motivos que levam clientes a comprarem determinados produtos ou serviços. Ao entender essas ações é possível mapear os passos do consumidor (HEKIMA, 2016b). Muitas empresas fazem uma análise reativa dos resultados obtidos sem buscar mapear com precisão o processo da compra do produto/serviço. Esse processo é “superficial e acaba limitando bastante os resultados que poderiam ser obtidos com um marketing baseado em grandes dados e, consequentemente, mais direcionado” (HEKIMA, 2016b). Para uma análise completa, os modelos de atribuição permitem avaliar em tempo real, por completo, a jornada do consumidor até o momento da compra. Aliado a dados precisos gerados por ferramentas de análise de Big Data, esses modelos ajudam a entender rapidamente o que captou o usuário. Esse processo sendo executado continuamente, sempre em tempo real, ganha novas comparações e apresenta melhor as informações, o que garante mais exatidão e eliminando informações irrelevantes. Portanto, reduz os custos com processos menos efetivos e um maior investimento na estratégia que tem dado mais certo. (HEKIMA, 2016b). O Big Data possibilita atingir determinados clientes em pontos críticos de contato. Um exemplo claro a facilitar o entendimento é uma mulher com um filho recém-nascido procurando por fraldas descartáveis. Os registros dessas buscas já indicam um claro interesse no produto, além de possíveis outros para bebês. Isso habilita a empresa a enviar uma mensagem correta e efetiva ao possível cliente (ROSENWALD, 2013). Mas além desse potencial de resposta direta à necessidade momentânea de um cliente, o Big Data tem papel crucial na previsão de tendências, ajudando a antecipar ações. Por meio das técnicas de aprendizado de máquina, o Big Data consegue prever, de forma assertiva, quais produtos farão sucesso, por exemplo, durante alguma temporada. Ferreira (2016) explica que o cruzamento de dados estruturados – histórico de compras do cliente – e de dados não estruturados – gerados em redes sociais -, em conjunto com as já tradicionais pequisas de mercado, permite que a empresa descubra os padrões de busca de determinados produtos, e assim, quais suas intenções de próximas compras. Com isso em mãos, a empresa consegue preparar seu estoque, logística e marketing. Broussard e Media (2014) argumentam que a abundância, a granularidade e a riqueza do Big Data conduzem decisões estratégicas e táticas mais eficazes, que garantem desempenho superior de marketing. Diante disso, os autores apresentam cinco aspectos fundamentais que ajudam em decisões estratégias: precisão, previsão, extensão de dados, velocidade e continuidade, acurácia. Precisão Dados detalhados e descritivos tornam cada vez mais possível a identificação de múltiplos segmentos de consumidores-alvo para um único produto ou serviço. Investimentos em mídias e mensagens podem ser adaptados a esses segmentos para impulsionar mais efetivamente vendas e também o branding. Previsão Como já dito anteriormente, o Big Data pode ajudar profissionais a desenvolver ferramentas preditivas para descobrir ações que seus clientes tomarão, baseando-se em seu comportamento. Os avanços no armazenamento de dados, a velocidade de processamento e os aplicativos de ciência de dados têm uma melhor modelagem preditiva. Extensão de dados Broussard e Media (2014) afirmam que existem centenas de fontes de dados externas disponíveis para integração com os dados de clientes já existentes nas empresas. Isso permite uma visão mais completa das transações dos consumidores. Esse cenário traduz uma maneira mais eficiente de cultivar negócios e a lealdade de clientes atuais, assim como atrair novos. Grande velocidade de processamento de dados e armazenamento tornam essas uniões de dados mais viáveis do que nunca. Velocidade e Continuidade A coleta eletrônica e contínua de dados fornece um feedback constante e rápido que possibilita ajustar estratégias e táticas de mercado em menos tempo. Acurácia Os dados de consumo de mídia e aquisição, coletados eletronicamente, fornecem uma base mais sólida do que a coleta de dados baseada em levantamentos para determinar a relação entre marketing e publicidade e vendas. 6. CONCLUSÃO A análise de dados do Big Data pode proporcionar uma melhoria na qualidade da gestão estratégica nas organizações. As abordagens utilizadas no na tecnologia apontam para uma diversificação de seu potencial de solução, usos e ferramentas desenvolvidas no ambiente corporativo e competitivo com base em métodos digitais. Fica claro que as decisões, no contexto de Big Data, não podem ser tomadas com base em apenas um critério, ou uma análise simplificada, mas a partir do cruzamento de múltiplas informações e da interação de variados elementos. As ferramentas de análise de dados mudaram o mercado de marketing digital. Diversas práticas publicitárias utilizadas até pouco tempo deram lugar a métodos mais ágeis que permitem entender o comportamento e necessidade dos consumidores. Embora a segmentação de público-alvo faça parte de toda e qualquer estratégia de marketing, é possível perceber que a grande quantidade de dados disponíveis sobre o comportamento de qualquer usuário na internet permite dirigir-se a uma pessoa individualmente e não mais apenas como um grupo. Por outro lado, apesar de o avanço tecnológico facilitar a coleta de dados, a análise e suas aplicabilidades dependem de estratégias humanas. O desenvolvimento do marketing por dados está, ainda, nas mãos e mentes do homem. A gestão da informação, na mesma lógica, é parte fundamental para a exploração de todo o potencial disposto pelo Big Data. Essa “nova” perspectiva de comunicação impacta diretamente na maneira como as empresas se dirigem aos consumidores, bem como a forma como interagem. As informações ganham velocidade e as reações precisam ser imediatas. REFERÊNCIAS BROUSSARD, Gerard; MEDIA, Pre-meditated. A Primer for Defining and Implementing Big Data in the Marketing and Advertising Industry Prepared for the Council for Research Excellence by. 2014. CAVASSOLA, João Pedro. Tomada de decisão no e-commerce no contexto do Big Data: estudo de caso único. p. 68, 2014. CINTRA, Flavia Cristina. Marketing Digital: a era da tecnologia on-line. v. 4080, n. 16, p. 6–12, 2010. ELIAS, Diego. A diferença entre Big Data e Business Intelligence, 2014. Disponível em: <https://corporate.canaltech.com.br/noticia/businessintelligence/A-diferenca-entre-Big-Data-e-Business-Intelligence/#ixzz32GGigJPf >. Acesso em: 20 de jan. 2017. ESTRELA, Pedro Augusto. Database marketing como processo estratégico. S/d. 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