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Pelo fim da sala de aula aula Mailson Rodrigues

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Pelo fim da sala de aula
Com tecnologia, as escolas podem romper o modelo de ensino tradicional. É preciso
só coragem para começar
Luciana Maria Allan* - 09/2014
A palavra Escola tem origem no grego scholé, que significa, curiosamente, lugar do
ócio. Fundadas por filósofos na Grécia, as escolas eram espaços para ocupar o tempo
livre e refletir, geralmente enfatizando uma área específica do conhecimento. Os alunos
estudavam informalmente, sem que fossem separados por séries e em salas de aula, e as
disciplinas eram ensinadas por um modelo pedagógico de questionamentos.
Foi somente no século 12 que surgiram as escolas como conhecemos hoje, com crianças
enfileiradas e professores como os únicos detentores do conhecimento. Centenas de
anos depois, no século 19, as aulas passaram a ser divididas em disciplinas básicas,
como ciências, matemática, história e geografia. E nunca mais isso mudou.
Até hoje o aluno exerce um papel coadjuvante no processo de aprendizado. Sufocado
em aulas entediantes e soterrado por conteúdos, a única indagação que faz é "por que
tenho de aprender isso?" Para passar de ano e ser avaliado no funil estreito do
vestibular. E mais nada. Mas, quando chegar a hora de entrar no mercado de trabalho,
de que irá adiantar ter decorado a musiquinha da tabela periódica?
Com a digitalização e a organização do conhecimento em bancos de dados, as escolas
da geração C, da geração conectada, que não conhece um mundo sem internet, tablets e
smartphones, começam a romper com os modelos tradicionais de ensino para colocar os
alunos como protagonistas da construção de seu futuro. É chegada a hora de virar a
mesa (ou a carteira) e começar a aprender o que realmente interessa.
Essa transformação vem sendo liderada por empresas como a Knewton, que criou um
sistema de aplicação do conceito de big data na educação, um ensino adaptativo,
personalizado para cada aluno e capaz de envolver, engajar e entender quais são as
dificuldades e os próximos conteúdos a ser estudados para uma evolução de acordo com
as necessidades e as particularidades de cada aluno.
Atuando como mentores, os professores passam a inspirar e a orientar. Acompanham
os alunos na leitura de textos, nos vídeos que assistem, nas tarefas em que têm mais
dificuldades. Podem testar qual metodologia de ensino alcança maior engajamento e
analisar os melhores resultados de acordo com as habilidades de cada estudante.
Com a adoção da tecnologia de cruzamento de dados estruturados em conteúdos
multimídia, os alunos não mais assistem às mesmas aulas, ministradas por um
professor postado em um pedestal. Com o big data, no lugar de provas, os alunos são
avaliados por suas competências, e não mais como another brick in the wall (referência
à música protesto do grupo Pink Floyd), e pela evolução nos exercícios e conteúdos
acessados no software educacional.
Milhares de alunos concluem a faculdade e tentam ingressar no mercado de trabalho
todos os anos, mas alegam ser muito difícil encontrar o primeiro emprego. As empresas,
por sua vez, dizem que não conseguem preencher as vagas porque não há profissionais
preparados para os desafios de uma economia cada vez mais global e competitiva.
As escolas que têm a coragem de quebrar as fronteiras das salas de aula e que respeitam
a individualidade de seus alunos podem preencher esse gap. As que resistem continuam
formando só mais um tijolo na parede.
*Luciana Maria Allan é diretora do Instituto Crescer para a Cidadania. Doutora em
educação pela Universidade de São Paulo (USP), tem especialização em tecnologias
aplicadas à educação
Diponível em: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/educacao/pelo-fim-da-sala-deaula-815377.shtml
Acesso em: 05 set. 2016
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