"Três km de cais `low-cost` é um projecto para a década"

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ID: 61763626
09-11-2015
Tiragem: 12114
Pág: 12
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 25,70 x 30,68 cm²
Âmbito: Economia, Negócios e.
Corte: 1 de 3
VÍTOR CALDEIRINHA PRESIDENTE DA ADMINISTRAÇÃO DOS PORTOS DE SETÚBAL E SESIMBRA
"Três km de cais `low-cost'
é um projecto para a década"
O porto de Setúbal já teve os primeiros ecos positivos do mercado para
avançar com o investimento de construção e concessão de terminais
naquele que é, para Vítor Caldeirinha, um projecto para todo o país.
Miguel Baltazar
MARIA JOÃO BABO
PERFIL
[email protected]
Duas décadas
nos portos
fusão das administrações portuárias de portos principais, como
Lisboa e Setúbal, "não
é aconselhável", diz o presidente da
Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS).
Vítor Caldeirinha nasceu e cresceu em
Setúbal. Licenciado em Economia,
pós-graduado em Gestão do Transporte Marítimo e Gestão Portuária,
mestre em Gestão e doutorado em
Gestão Portuária, é o presidente da
Administração dos Portos de Setúbal
e Sesimbra (APSS) e lidera a Associação dos Portos de Portugal (APP). Está
desde 1994 ligado à actividade portuária. Na APSS, foi chefe da divisão
O porto de Setúbal tem crescido.
As greves no porto de Lisboa contribuíram para isso?
O crescimento do porto de Setúbal nos últimos anos, de seis para oito
milhões de toneladas, à taxa de 20%
ao ano, deve-se essencialmente ao aumento das exportações cias indústrias
que já são clientes há muitos anos,
como é o caso da Secil, Cimpor, Siderurgia Nacional, Portucel e Autoeuropa, entre outras. Importam também as vantagens competitivas distintivas: o porto de Setúbal tem a proximidade a Lisboa e a dois dos maiores concelhos industriais exportadores, Palmela (2.°) e Setúbal (4.°), acessibilidades marítimas e terrestres, estabilidade social, qualidade de serviço dos operadores dos 12 terminais
portuários e vastas áreas de expansão
portuária e logística "low-cost".
de planeamento e desenvolvimento,
e director comercial e de marketing,
em 2001e 2002. No currículo tem uma
passagem pela Administração do Porto de Lisboa, entre os anos de 2003 e
2004, como director comercial.
uma entidade nacional que faça a
coordenação de acções comuns e serviços partilhados, área em que a Associação dos Portos de Portugal
(APP) falha na eficácia por não ter a
estrutura - tem um administrativonem o poder para obrigar os portos a
cooperar mais.
Tem sido defendido, a propósito
do projecto do terminal no Barrei-
ro, que em alternativa devia ser
aproveitada a capacidade existente em Setúbal...
Sobre os projectos de outros
portos não tenho de me pronunciar.
Em Setúbal, estamos já hoje a desenvolver soluções logísticas muito
eficientes, que têm atraído cada vez
mais linhas regulares de contentores e mais cargas. Temos capacidade para 500 mil TEU [unidade de
Faz sentido juntar as administrações de Setúbal e Lisboa?
A fusão simples e imediata de administrações portuárias de portos
nacionais principais como Setúbal,
com comunidades portuárias distintas e concorrentes, não é aconselhável. As empresas devem ter alternativas eficientes para exportar. É preferível a coordenação regional institucionalizada no modelo de "coopetition" do que fazer fusões de portos
principais. É assim em toda a Europa. Não se invente. Sou favorável a
"Sou favorável a uma entidade
que faça a coordenação de
acções comuns dos portos."
"0 porto de Setúbal é importo-exportador. Passou de 20%
de exportações para 70%."
medida dum contentor de 20 pés],
que são todos os contentores da região, e passámos os 100 mil TEU em
2014. Para o futuro, estamos a desenvolver os projectos "Port of Setubal Plus: The South of Lisbon Gateway" e "Blue Atlantic", com o
apoio do município, Sapec, Aicep
Global Parques e a Comunidade
Portuária de Setúbal, no sentido da
atracção de investimento estrangeiro e continuação da reindustrialização da região e criação de emprego
após a crise, como modelo de diversificação da base económica local de
forma compatível com o turismo e a
protecção do ambiente. É o projecto para a década, de criação de mais
três quilómetros de cais "low-cost"
para carga geral, contentores e granéis com fundos de 15 metros de
profundidade e vastos terraplenos
industriais e logísticos. Deve ser uma
aposta nacional fundamental. Um
projecto do país.
Está em que fase?
Estamos numa fase de divulgação internacional dos projectos, tendo já tido os primeiros ecos muito positivos do mercado. Logo que tenhamos propostas concretas firmadas
em cargas e projectos de investidores reais, passaremos à fase de lançamento dos concursos para a construção e concessão dos terminais. Os estudos e as obras serão dos privados
que mostrarem interesse.
Que investimentos estão a ser
realizados em Setúbal?
A aposta foi para projectos de pe-
quena dimensão, com investimento
público reduzido, mas com forte impacto na economia. É o caso da expansão do terminal de veículos ligado à Autoeuropa, que já considera os
desenvolvimentos da unidade de
Palmela e o prolongamento da concessão VW por mais 15 anos. Para o
futuro estamos a apostar em aumen-
ID: 61763626
09-11-2015
Tiragem: 12114
Pág: 13
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 25,70 x 24,07 cm²
Âmbito: Economia, Negócios e.
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Miguel Baltazar
Da expansão
do terminal da VW
aos cruzeiros
tar mais o terminal RoRo [abreviatura de "roll on-roll offl para nascente face aos pedidos das marcas de
veículos e teremos de apostar na modernização dos cais da Sapec, Termitrena, Teporset e Tersado.
Que contributo tem dado este porto para as exportações?
O porto de Setúbal é distinto dos
-de Lisboa e Sines, sendo exportador
"short sea" e de "hinterland". É importo-exportador. Passou de 20% de exportações para 70% em 2014 e cresceu 20% na carga em 2013 e 20% em
2014, tem atraído cada vez mais linhas
regulares de contentores, onde circulam as cargas mais valiosas e criadoras de emprego. É hoje o segundo
maior porto na ferrovia com 34% do
número de comboios, estando a duplicar a capacidade ferroviária.
Que balanço faz do desempenho
dos portos nacionais?
Os portos têm crescido como
nunca Depois de décadas de estagnação do movimento em toneladas, assistiu-se a um crescimento de 22% em
2013 e 2014. Por outro lado, a nomeação de gestores para com experiência
de anos na gestão portuária permitiu
poupar tempo na aprendizagem e ter
um impacto mais rápido no desenvolvimento dos portos. Esta prática deve
ser continuada no futuro. ■
"Concessões
devem passar
para 50 anos"
Quanto desceu a factura portuária em Setúbal?
De acordo com estudos que
realizámos, a factura média nos
portos por tonelada caiu cerca de
20% nos últimos anos devido à
eliminação da TUP carga, que pesou 10%, com a redução dos preços dos terminais, a que se somaram reduções de custos coma fiexibilização da mão-de-obra e o
aumento da eficiência e produtividade dos portos e terminais.
Que impacto poderia ter para
os portos nacionais a possibilidade de aumentar os prazos
das concessões?
O impacto é muito grande
para os portos, a economia, o país
e a indústria. Os prazos das concessões portuárias rondam os
50+25 anos em Espanha e os
50+50 anos no resto da Europa,
apesar de ser o Estado a investir
nos cais. Aqui, pretende-se que
os privados invistam em tudo
com prazos máximos de 30 anos?
Devem passar para 50 anos.
Porquê?
Com maiores prazos, poderemos viabilizar mais terminais
em simultâneo a concorrer e poderemos viabilizar terminais
maiores com economias de escala Se queremos menores custos
portuários, maior qualidade de
serviço, mais concorrentes, mais
produtividade, temos de dar mais
prazo para os investidores viabilizarem os seus investimentos no
tempo. E permitir reinvestimentos a meio da concessão, mesmo
não previstos. Quem está a trabalhar bem e quer investir, deve ser
incentivado. Não existem investidores e operadores portuários
bons em grande quantidade ao
virar da esquina Existem zonas
disponíveis e eles não aparecem
com fartura ■
Vítor Caldeirinha termina o
mandato à frente da Administração dos Portos de Setúbal e
Sesimbra (APSS) no final deste
ano, mas há projectos para o futuro que ainda faltam fazer.
Desde logo, aquele que considera ser o projecto para a década:
"Port of Setúbal Plus: The South
of Lisbon Gateway", no sentido
da atracção de investimento estrangeiro. Em sua opinião, será
também importante finalizar á
melhoria da capacidade ferroviária na zona central do porto e
as dragagens "short sea" para
uma profundidade de 15 metros.
Para Vítor Caldeirinha, é necessário iniciar a ampliação do
terminal VW para nascente,
tendo em conta que haverá necessidade de ainda mais espaço
para a produção prevista de um
novo modelo automóvel na Autoeuropa. A manutenção profunda dos cais Tersado, Termitrena e Teporset, para terem
mais capacidade para o futuro, a
ampliação do cais da Sapec e a
montagem de mais dois novos
pórticos no terminal de contentores, para chegar aos 10 mi-
500
CAPACIDADE
Capacidade,
em milhares de TEU
(medida equivalente
a um contentor),
que tem Setúbal.
lhões de toneladas e 250 mil
TEU, são outros projectos a desenvolver.
Em 2016, diz o presidente da
APSS, será ainda necessário estudar em termos técnicos e económicos o projecto da Marina
de Setúbal e lançar uma campanha internacional para divulgação a potenciais investidores.
Será necessário continuar o esforço internacional para convencer os armadores de cruzeiros médios e pequenos a escalar
Setúbal, á que o cais ficará preparado este ano. ■
"A solução-chave é o prazo.
Com maiores prazos,
poderemos viabilizar mais
terminais em simultâneo."
ID: 61763626
09-11-2015
VÍTOR CALDEIRINHA
Porto de Setúbal vai ter "três
quilómetros de cais low-cosr"
EMPRESAS 12 e 13
Tiragem: 12114
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Âmbito: Economia, Negócios e.
Corte: 3 de 3
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