UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO CURSO DE FISIOTERAPIA AVALIAÇÃO MOTORA E FUNCIONAL DE CRIANÇA ARTROGRIPOSE MULTIPLA CONGÊNITA – RELATO DE CASO Bragança Paulista 2010 COM UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO CURSO DE FISIOTERAPIA Alunas: Débora Gonçalves Cabral Lopes; Julie Christine Bravo Orientadora: Carolina Camargo de Oliveira AVALIAÇÃO MOTORA E FUNCIONAL DE CRIANÇA COM ARTROGRIPOSE MULTIPLA CONGÊNITA – RELATO DE CASO Monografia para apresentação da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso de Fisioterapia da Universidade São Francisco sob orientação da Profª Carolina Camargo de Oliveira como exigência para conclusão do curso de Graduação. Bragança Paulista 2010 LOPES, D.G.C, J.C.B. Avaliação motora e funcional de criança com Artrogripose Múltipla Congênita – Relato de Caso. Monografia defendida na Universidade São Francisco em 15/12/2010 pela banca examinadora constituída pelos professores. ____________________________________________________________________ Prof.ª Carolina Camargo de Oliveira USF - Orientadora Temática ____________________________________________________________________ Prof.ª Rosimeire Simprini Padula USF – Orientadora Metodológica ____________________________________________________________________ Prof.º Claudio Fusaro USF – Banca Examinadora DEDICATÓRIA Dedico este estudo ao meu pai Mauro que sempre me orientou quanto à importância de estudar e me proporcionou alcançar o objetivo de uma formação acadêmica. A minha mãe Maria Aparecida que deu continuidade aos meus estudos quando os obstáculos surgiram e tudo parecia tão difícil. Ao meu namorado Henrique que também deu continuidade aos meus estudos e que nos momentos mais difíceis deste percurso de formação, me amparou, sendo um companheiro inseparável. E por fim a Educafro, pois através desta entidade vinculada a muitas Universidades, como a São Francisco, tive a oportunidade de realizar meu sonho, como acadêmica. A todos vocês com todo meu carinho. Julie C. Bravo Dedico este estudo à minha mãe, que durante estes anos de faculdade me amparou e me proporcionou a realização deste sonho e que de forma amável me deu a segurança e o estímulo necessário para que eu chegasse até aqui; ao meu pai que tem sempre o conselho certo a dar; e ao meu noivo que esteve ao meu lado em todos os momentos da minha formação, e que tem sido para mim, um amigo de todas as horas. Débora Gonçalves Cabral Lopes AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus em primeiro lugar que é meu auxílio e minha sustentação de vida. A família em especial meu pai e minha mãe que me mantiveram no estudo ate quando foi possível, me dando muito apoio. Ao meu namorado Henrique companheiro inseparável, que trouxe de volta a esperança de continuar a batalhar pela formação, colocando-se a frente dos problemas e me ajudando a derrubar todos os obstáculos. A Educafro entidade que me proporcionou a realização de um sonho, como acadêmica. Aos meus professores que procuraram nos transformar dia após dia, nos levando a nossa atual formação. A nossa orientadora a Prof.ª Carolina que nos acompanhou e nos corrigiu quando necessário procurando sempre aperfeiçoar nosso trabalho. Enfim a todos meus colegas de formação de que sempre lembrarei com muito carinho, torcendo pelo sucesso de cada um. Julie C. Bravo Agradeço a Deus por todos os momentos da minha vida, tenham sido eles fáceis ou difíceis, sei que ELE esteve sempre comigo me amparando e me dando a força necessária para seguir até aqui, sei que se Deus não estivesse sempre presente em minha vida o caminho até aqui seria muito longo e sinuoso. Sou mais do que grata aos meus pais que fizeram parte da formação do meu caráter, que acredito ser o fator de maior importância para as conquistas futuras de minha vida, agradeço por cada palavra de carinho e por cada bronca que recebi, elas só me fizeram crescer e amadurecer. Agradeço ao meu noivo, meu amigo, meu companheiro, que faz parte de todos os momentos vividos até aqui e que acompanhou todos os passos de minha formação, me deu bons conselhos e me ensinou a dar valor as pequenas coisas da vida. As amizades que fiz já na reta final, Natalia, Eva e Keli, que levarei sempre em meu coração. Larissa e Milena agradeço as duas por tudo e desejo para vocês muito sucesso e felicidade. Aos meus professores que só contribuíram positivamente para a minha formação e para o inicio de uma vida profissional promissora. A nossa orientadora Profª. Carolina que me ensinou que nem sempre o que pensamos é o que devemos dizer, e pode nos mostrar que diante das dificuldades que a vida nos apresenta, devemos respirar fundo e começar outra vez com a esperança de que no final tudo dará certo. Agradeço enfim a todos que participaram mesmo de longe desta longa jornada. Débora Gonçalves Cabral Lopes LOPES, D.G.C, J.C.B. Avaliação motora e funcional de criança com Artrogripose Múltipla Congênita – Relato de Caso. Monografia defendida na Universidade São Francisco em 15/12/2010 pela banca examinadora constituída pelos professores. RESUMO Artrogripose Múltipla Congênita é caracterizada pela presença de múltiplas contraturas e deformidades articulares ao nascimento, comprometendo amplitude de movimento passiva e ativa. De etiologia multifatorial, o tratamento consiste principalmente de intervenções cirúrgicas para correção das deformidades e fisioterapia para estimular o DNPM, o ganho de ADM, força muscular, a funcionalidade e maior independência possível. O objetivo deste estudo foi relatar o caso de uma criança com Artrogripose Múltipla Congênita, quanto aos aspectos clínicos, cirúrgicos, neuromotores, habilidade e independência funcional. Foi selecionada para este estudo, uma criança com 07 anos e 09 meses de idade, sexo feminino, em atendimento fisioterapêutico na Clínica Escola de Fisioterapia (CEF) da Universidade São Francisco. Após aprovação do Comitê de Ética, o responsável legal assinou Termo de Consentimento Livre e Esclarecido; a criança foi avaliada uma única vez, neste serviço, com a Ficha de Avaliação da CEF-USF e o Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidade (PEDI) (Mancini, 2005). Os procedimentos cirúrgicos, 8 ao total, e a reabilitação realizada há 7 anos, vêm contribuindo para a melhora da ADM passiva, ativa e da força muscular. Entretanto, ainda existem limitações que poderão ou não ser minimizadas com a continuidade do tratamento médico-cirúrgico e da fisioterapia. Quanto à habilidade funcional, apenas a de mobilidade permanece abaixo do esperado para a idade, devido às limitações acima citadas. As habilidades de auto-cuidado e função social foram adquiridas dentro do esperado para a idade, pois dependem mais da função de membros superiores e do cognitivo íntegro, que estão presentes nesta criança. Entretanto, a independência na execução diária dessas habilidades, ainda não foi conquistada, provavelmente devido ao hábito familiar de realizar as tarefas por ela e a pouca exposição à situações de maior independência social. Palavra Chaves: criança, artrogripose, amplitude de movimento ABSTRACT Congenital Multiple Artrogriposes is characterized by the presence of multiple contraturas and deformities articulate to the birth, committing passive movement width and active. Of etiology multifatorial, the treatment consists mainly of surgical interventions for correction of the deformities and physiotherapy to stimulate DNPM, the earnings of ADM, forces muscular, the functionality and larger possible independence. The objective this study was child's case with Congenital Multiple Artrogriposes, as for the aspects clinical, surgical, neuromotores, ability and functional independence. It was selected for this study, a child with 07 years and 09 months of age, feminine sex, in service fisioterapêutico in the Clinic School of Physiotherapy (CEF) of the University San Francisco. After approval of the Committee of Ethics, the legal responsible signed Term of Free and Illustrious Consent; the child was evaluated a single time, in this service, with the Evaluation conventional Fisioterapêutica in Neuropediatria and I Inventory him of Pediatric Evaluation of Incapacity (PEDI) (Mancini,2005). The surgical procedures, 8 to the total, and the rehabilitation accomplished 7 years ago, they are contributing to the improvement of passive ADM, it activates and of the muscular force. However, limitations that will be able to still exist or they be not minimized with the continuity of the doctor-surgical treatment and of the physiotherapy. As for the functional ability, just the one of mobility stays below the expected for the age, due to the limitations above mentioned. The abilities of taken care solemnity and social function were acquired inside of the expected for the age, because they depend more on the function of superior members and of the cognitive complete, that you/they are present in this child. However, the independence in the daily execution of those abilities, it still was not conquered, probably due to the family habit of accomplishing the tasks for her and the little exhibition to situations of larger social independence. Key Words: child, artrogriposes, movement width SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...........................................................................................13 2. REVISÃO DE LITERATURA.....................................................................17 I) Artrogripose Múltipla Congênita.................................................................17 1.1. Definição e Epidemiologia......................................................................17 1.2. Etiologia e Fisiopatologia........................................................................17 1.3. Quadro Clínico e Prognóstico.................................................................19 1.4. Diferentes tipos de Artrogripose.............................................................21 1.5. Tratamento Cirúrgico..............................................................................23 1.6. Tratamento Fisioterapêutico...................................................................24 3.OBJETIVOS................................................................................................27 3.1 – Objetivos Gerais...................................................................................27 3.2 – Objetivos Específicos...........................................................................27 4. MATERIAIS E MÉTODOS.........................................................................28 4.1 – Desenho do estudo...............................................................................28 4.2 – Descrição da população do estudo......................................................28 4.3 – Instrumentos.........................................................................................28 4.4 – Procedimentos......................................................................................30 5.RESULTADOS...........................................................................................31 5.1 – Relato de caso......................................................................................31 6.DISCUSSÃO...............................................................................................38 7.CONCLUSÃO.............................................................................................43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS..............................................................44 ANEXOS........................................................................................................49 LISTA DE SIGLAS AMC – Artrogripose Múltipla Congênita PEDI – Inventario de Avaliação Pediátrica de Incapacidade ADM – Amplitude de Movimento MMSS – Membros Superiores MMII – Membros Inferiores PC – Paralisia Cerebral PBO – Paralisia Braquial Obstétrica LISTA DE TABELAS TABELA 1 – Média de Amplitude de Movimento Passiva de Membros Inferiores......................................................................................................33 TABELA 2- Força Muscular de Membros Inferiores ...................................35 TABELA 3 - Dados do Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidade (PEDI).........................................................................................................36 13 1. Introdução A artrogripose múltipla congênita é caracterizada pela presença, ao nascimento, de múltiplas contraturas articulares. A adequada movimentação intra-uterina é essencial para a perfeita formação das articulações fetais, o que ocorre durante o terceiro mês gestacional (Murray PDF, Drachman DB, 1969). Qualquer alteração que limite os movimentos do feto durante este período crítico do desenvolvimento poderá levar à instalação das contraturas congênitas (Drachman, Sokoloff, 1966). Originalmente descrita por Otto em 1841, sendo citado, por Middleton como miodistrofia congênita, caracterizada por múltiplas deformidades nas articulações, Stem em 1923, denominou-a, adotando o eloqüente nome de artrogripose múltipla congênita; do latim “artrogriposes” significa articulação encurvada (Otto, 1841 apud Stem, 1923). Segundo Gordon (1999), essa é uma síndrome incomum do sistema musculoesquelético, porém facilmente reconhecível imediatamente após o nascimento, devido à notável rigidez e graves deformidades em várias articulações, podendo variar desde casos leves, com duas ou três articulações afetadas, até casos graves, nos quais as articulações importantes de todos os membros e também a coluna podem estar envolvidas (Salter, 1999). O recém nascido apresenta deformidades múltiplas, rigidez de articulações e contraturas de tecidos moles, sem a presença de anquilose óssea (LEVY, 1989). A doença é pouco comum; em uma estatística realizada em Helsink, obteve-se incidência de 3 para 10.000 nascimentos, podendo ser maior em países menos desenvolvidos (Burns YR, Macdonald J, 1999; Tachdjian MO, 2001). A etiologia provavelmente seja exata da Artrogripose multifatorial, podendo não ser é conhecida, associada à mas origem neurogênica ou miopáticas múltiplas. Nas neurogênicas, há um defeito na unidade motora, incluindo as células do corno anterior da medula, raízes, nervos periféricos, placas motoras finais ou músculos, resultando em 14 fraqueza e diminuição dos movimentos fetais no inicio do desenvolvimento, levando a deformidades e múltiplas contraturas ao nascimento (Tecklin, 2002; Banker, 1985). Shepherd (1995) e Fonseca (1996) afirmam, referindo-se à causa neurogênica, que a fisiopatologia é definida como uma aplasia ou hipoplasia de grupos musculares durante o desenvolvimento embrionário, em decorrência das alterações ocorridas nas células do corno anterior da medula. Estas, são responsáveis pela formação da inervação da musculatura esquelética, conseqüentemente ocorrerá uma deficiência na função muscular. Devido à degeneração dessas células, ocorrerá perda do trofismo e tônus muscular e da oposição normal dos músculos antagonistas. Destacam também quanto à grande variação muscular, podendo haver ausência de grupos musculares, o que vai ao encontro da causa miogênica, descrita anteriormente. A apresentação clínica é típica, existem contraturas articulares, geralmente simétricas nos quatro membros, os quais aparecem atróficos e têm formato fusiforme ou cilíndrico, sem pregas cutâneas (Lima 1992; Murahovschi, 1987; Tecklin, 2002). A característica dessa patologia é a falta de movimento ativo e passivo nas extremidades afetadas, havendo uma distorção das articulações, bem como limitação dos movimentos secundários, fraqueza ou desequilíbrio muscular e disfunção (Tecklin, 2002). Segundo Fonseca (1996) a teoria mais aceita para explicar o aparecimento da síndrome é a de obstrução mecânica intra-uterina do feto e a posição viciosa das extremidades, pois desta forma o movimento normal se restringe, as articulações se fixam, levando o feto a uma retração dos ligamentos e tecidos periarticulares. Considera-se ainda, causas mecânicas decorrentes de um maior ou menor espaço intra-uterino, como oligodrâmnios, presença de anormalidades morfológicas do útero, cistos no ovário, sendo que todas estas atuariam diminuindo o espaço para a mobilização fetal. O tratamento médico deve ser precoce, iniciado logo após o nascimento, com o uso de órteses, splints, com o objetivo de corrigir e evitar 15 o desenvolvimento de deformidades e a diminuição da amplitude de movimento ativa e passiva, promovendo força adequada para atingir habilidades funcionais, transição, mobilidade e capacidade para participar de atividades em casa e na escola assim como na comunidade. O tratamento cirúrgico é recomendado na maioria dos casos, mas deve ser adiado até se obter a maior mobilidade possível, com a intervenção fisioterápêutica, podendo em muitos casos, ser evitado ou adiado (Kliegman B, 1998). Alguns autores consideram que o tratamento cirúrgico é indicado quando o tratamento médico não é mais eficaz (RATLIFE, 2002; SACCANI, 2008; SHEPERD, 1995). De acordo com Burns e McDonald (1999) o fisioterapeuta deve realizar um exame minucioso do lactente, anotando o grau das contraturas, a posição em repouso, a amplitude de movimento ativa e passiva de todas as articulações e a qualidade das atividades da criança. O principal objetivo, segundo Hebert e Xavier (2003), deve sempre ser o de conseguir a maior independência funcional em pacientes portadores de AMC com estímulos para o desenvolvimento motor, orientações para higiene pessoal e atividades da vida diária. Segundo Sherphed (1996), logo após o nascimento deve ser iniciado um programa de fisioterapia intensiva, com exercícios que aumentem o grau de mobilidade das articulações acometidas, realizados várias vezes ao dia. Alguns procedimentos da reabilitação física do paciente com AMC são específicos, tais como: Alongamento de tecidos encurtados para aumentar o arco de movimento das articulações envolvidas; manutenção e melhora do arco de movimento mediante uso de órtese e avaliação e melhora da força muscular (HEBERT e XAVIER, 2003). Exercícios passivos de mobilização articular, instituídos logo no começo da vida e depois executados pelos pais em domicílio, costumam melhorar a ADM em todas as articulações (BURNS e MACDONALD, 1999). Tais técnicas podem ser usadas durante toda infância, para minimizar o desenvolvimento de outras contraturas e otimizar a amplitude de movimento e as habilidades funcionais (LIMA, 2002; RATLIFFE, 2002). A fisioterapia nesta síndrome atua com o objetivo de estimular o desenvolvimento motor 16 da criança mantendo ao máximo, a dinâmica e a funcionalidade, a fim de mobilizar e estimular a motricidade do paciente e orientar os responsáveis quanto aos cuidados em casa (Richards, Stephens, 2002). O importante é que os objetivos e condutas sejam elaborados visando à melhora da funcionalidade de crianças com AMC, pois a maioria delas é submetida apenas as cirurgias ortopédicas de correção. A descrição da literatura demonstra que o procedimento cirúrgico é mais comum em membros inferiores; nos membros superiores, a intervenção cirúrgica é feita somente quando o paciente não tem preensão palmar funcional. O manuseio ortopédico ocorre para melhora da funcionalidade em articulações distais, facilitando assim a marcha obtendo maior amplitude de movimento (Svartman et al., 1995). Desta forma, constatamos a necessidade de avaliar o grau de independência funcional desta criança, o que poderá gerar melhor entendimento do comprometimento causado pela AMC no dia a dia e conseqüentemente direcionar melhor os objetivos da reabilitação. 17 2. Revisão de Literatura I) Artrogripose Múltipla Congênita 1.1. Definição e Epidemiologia: A artrogripose é uma condição relativamente freqüente ocorrendo em cerca de 1 em cada 3.000 nascidos vivos. Esta incidência pode aumentar para 1:200 casos sejam consideradas as doenças como pé torto congênito e displasia do desenvolvimento do quadril (BORGES et al., 2007); e ser ainda maior em países menos desenvolvidos (HEBERT e XAVIER, 1998 e VENÂNCIO, 2002). A artrogripose é mais frequente em populações isoladas, como na Finlândia, entre os beduínos, e em comunidades de Israel (GALVIN, 2008 e RISARDE, 2007). 1.2. Etiologia e Fisiopatologia: A maioria dos autores concorda que a causa da artrogripose múltipla congênita é desconhecida, estando provavelmente associada a diversos fatores (BEHRMAN et al., 1994; CARVALHO, 1996 apud VENÂNCIO, 2002). Ocorre normalmente por uma diminuição da movimentação normal das articulações no período intra-uterino, que pode acontecer por causas maternas ou fetais, sendo as mais frequentes: I) Fetais: - Anormalidades da estrutura ou função muscular: Neste caso existe falta de desenvolvimento ou déficit da função muscular congênitos. Exemplo: Amioplasia. - Alterações da inervação muscular: Neste caso existe falha da formação nervosa que pode ser central ou periférica. Exemplo: defeitos de formação do tubo neural. 18 - Alterações do tecido conjuntivo: Neste caso existe má-formação de ossos, tendões e/ou cápsulas articulares. Exemplo: distrofias ósseas (BORGES et al., 2007). (II) Maternas: - Restrições do espaço intra-uterino: Quando existe diminuição do espaço intra-uterino para movimentação normal do feto. Exemplo: Gestações gemelares, miomatose uterina. - Doenças sistêmicas: Exemplo: Diabetes mellitus, miastenia graves, esclerose múltipla. - Comprometimento vascular da placenta: Esta condição leva a diminuição do aporte sanguíneo adequado ao feto, o que implica na diminuição da função dos nervos periféricos. Exemplo: tabagismo (BORGES et al., 2007). Existem também evidências circunstanciais de que a enfermidade é dada pela infecção da mãe pelo vírus Akabane no começo da gestação. Para confirmar de maneira inequívoca a relação entre o vírus e a doença, terá que se obter a produção experimental da enfermidade em bovinos, pois quando se inoculou em ovelhas, não afetou sua prole. Esta hipótese etiológica baseada no estudo da doença em animais foi bem descrito por Whittem, sugerindo que primeiro se degeneram as células do corno anterior durante o início da gestação. Posteriormente ocorre a destruição das fibras musculares na vida intra-uterina; certos músculos se afetam antes ou em maior medida que outros, perdendo a flexibilidade e deixando de contrapor a contração normal de seus antagonistas, tendo assim a restrição do movimento adequado dos músculos e articulações durante o período de rápido crescimento, com consequente fixação parcial de articulações e formação de ligamentos e de outros tecidos periarticulares retraídos e mais curtos, originando as alterações clínicas da então AMC. Essa é a hipótese 19 mais aceita atualmente. Havendo grande variação do comprometimento muscular, podendo faltar grupos musculares (RISARDE, 2007). 1.3. Quadro Clínico e Prognóstico: De caráter não progressivo caracteriza-se por alterações na pele, tecido celular subcutâneo (que é inelástico e aderido aos planos profundos, acompanhado de ausência de pregas cutâneas), músculos atrofiados ou hipotróficos, ou seja, fracos e substituídos por tecido fibrogorduroso, articulações com deformidades fixas. Geralmente simétricas, as deformidades costumam ser mais intensas quanto mais distais as articulações, com limitação da mobilidade articular, rigidez e espessamento das estruturas periarticulares, com sensibilidade conservada (RISARDE, 2007). Na apresentação clínica é típica, existem contraturas articulares, geralmente simétricas dos quatro membros os quais parecem atróficos e têm formato fusiforme ou cilíndrico (BRUSCHINI, 1998; LIMA, 1992; MURAHOVSCHI, 1987 apud VENÂNCIO, 2002). O recém nascido apresenta deformidades múltiplas, rigidez de articulações e contraturas de tecidos moles. Parece à primeira vista que as articulações estão comprometidas, porém não existe anquilose óssea (LEVY, 1989; SALTER, 2001 apud VENÂNCIO, 2002). As articulações são rígidas e deformadas, a pele é fina, lisa, tem pouca sudorese, o tecido subcutâneo é escasso. Os músculos são fracos e atróficos, sendo que a sensibilidade e propriocepção são normais (BRUSCHINI, 1998 apud RISARDE, 2007 apud VENÂNCIO, 2002). A rigidez das articulações é de origem extra-articular sendo devida ao encurtamento dos músculos e à contratura das cápsulas articulares. Observam-se espessamento e perda da elasticidade das cápsulas articulares (FENICHEL, 1995 apud VENÂNCIO, 2002). Os membros afetados são pequenos em circunferência; ao contrário, as articulações parecem largas e fusiformes, os músculos são fracos, hipotônicos e finos, frequentemente não palpáveis e os reflexos tendinosos estão ausentes 20 (TUREK, 1991 apud RISARDE, 2007). Frequentemente essas crianças têm inteligência acima da média. A despeito de suas deformidades, elas são capazes de deambular e é surpreendente como elas desenvolvem um grau funcional de destreza no desempenho de atividades diárias como no alimentar-se e no vestir-se (TACHDJIAN, 1995 apud VENÂNCIO, 2002). O tempo de ocorrência do fator causal, as regiões envolvidas e a natureza intermitente ou contínua determinam o grau de envolvimento (DIAS, 1998 apud VENÂNCIO, 2002). O membro superior é acometido em 40% a 80% dos casos de artrogripose e pode ser totalmente atingido ou apenas em determinadas regiões. Os membros apresentam-se em variados graus de rotação interna, pode haver limitação na abdução (BEHRMAN, 1994 apud VENÂNCIO, 2002). Os ombros geralmente encontram-se em adução e rotação interna a diminuição de força do músculo deltóide torna o paciente incapaz de abduzir o membro superior contra a gravidade (LIMA, 1992 apud VENÂNCIO, 2002). O acometimento do cotovelo é frequente, podemos encontrar flexão, na qual a posição favorece a função, ou em extensão onde existe uma incapacidade funcional e diminuição da força do músculo bíceps e braquial. O antebraço apresenta-se em pronação e punho em flexão. O desvio ulnar é a deformidade mais comum e característica (KEMPE, 1986 apud VENÂNCIO, 2002). Outra deformidade encontrada é a extensão do punho com desvio radial da mão. O polegar encontra-se geralmente em adução com flexão das articulações metacarpofalangeanas e também das articulações interfalangeanas (HEBERT e XAVIER, 1998 apud VENÂNCIO, 2002). Os pés são envolvidos em quase todos os casos e podem apresentar as mais variadas deformidades, sendo 82% de pés eqüino-varos, 10% taloverticais, 6% planovalgos e 2% pés cavovaros (HEBERT e XAVIER, 1998 apud VENÂNCIO, 2002). Segundo Bruschini (1998), os joelhos são acometidos em 40% a 80% dos casos, apresentando-se em flexão na maioria dos pacientes, com marcada diminuição da força do músculo quadríceps. A contratura em extensão é menos frequente e pode estar acompanhada de subluxação ou luxação de joelho. Podem ainda ocorrer 21 torções tibiais. Os quadris são frequentemente acometidos, quer seja por contraturas isoladas ou associadas a luxações. As deformidades nos quadris podem estar presentes em até 80% dos indivíduos acometidos (TACHDJIAN, 1995 apud VENÂNCIO, 2002). Conforme Behrman (1994), o quadril frequentemente apresenta contraturas em flexão, abdução e rotação externa, podendo haver luxação uni ou bilateral em 14% a 58% dos casos. É muito comum o achado radiográfico de verdadeira ausência de acetábulo (HEBERT e XAVIER, 1998 apud VENÂNCIO, 2002). A incidência de escoliose na artrogripose varia de 2,5% a 34% (HALL, 1997 apud VENÂNCIO, 2002). A deformidade mais frequente encontrada no tronco é a escoliose, podendo ser notada ao nascimento, ou ter início na infância ou adolescência. Na artrogripose grave a escoliose é mais prevalente e é detectada durante os primeiros quatro anos de vida (TACHDJIAN, 1995 apud VENÂNCIO, 2002). As escolioses neuromusculares costumam ser progressivas, estimando-se a progressão da curva em até sete graus por ano. Ao lado das consequências, fraturas e deficiências para o aparelho respiratório (HEBERT e XAVIER, 1998). O padrão predominante da curva na artrogripose é em C longo estendendo-se neuromuscular. ao sacro; Frequentemente isto a é típico escoliose de está uma escoliose associada com hiperlordose e obliquidade pélvica (FENICHEL, 1995; TUREK, 1991 apud RISARDE, 2007). 1.4. Tipos de artrogripose: De acordo com Hall, a atrogripose pode ser dividida em três tipos - TIPO I: È a forma de apresentação clínica mais freqüente, comprometimento principalmente de membros (BORGES et al., 2007); A Amioplasia é o tipo mais comum e descrito em vários trabalhos como “artrogripose clássica”. A origem da palavra é a=não, mio=muscular, plasia=crescimento, ou seja, o déficit do desenvolvimento muscular que levou à diminuição da movimentação fetal e consequente contratura 22 congênita. Geralmente a distribuição das contraturas articulares é simétrica e acomete os quatro membros. A maioria das crianças apresenta hemangioma facial e inteligência normal. (BORGES et al., 2007). Parece não haver risco de recorrência, o que deixa os pais da criança mais tranquilizados. Aproximadamente 40% dos pacientes têm acometimento dos quatro membros, 20% predominantemente dos membros inferiores e 10% dos membros superiores (RISARDE, 2007). - TIPO II: Quando há comprometimento de membros e outros órgãos; chamada Síndrome do Pterígio caracteriza-se pela presença de uma membrana triangular de pele que se forma atrás da articulação gerando uma diminuição da amplitude de movimento articular e consequentes contraturas. O pterígio pode ser poplíteo, antecubital, entre outros. Quando é múltiplo, caracteriza a Síndrome de Escobar com alterações da coluna cervical, distrofismo de face e grave comprometimento das mãos (BORGES et al., 2007). Comprometimento neuromuscular generalizado. Envolvimento dos membros com contraturas articulares congênitas, além de apresentar anormalidades em outras áreas viscerais e face. A maioria dos pacientes não apresenta anomalias viscerais, entretanto é reconhecida a associação entre a artrogripose e gastroquise, atresia intestinal, alteração do trato urinário e mal formações cardíacas. Esta categoria envolve uma grande diversidade de condições nas quais as contraturas estão associadas a anomalias em outras partes do corpo como aracnodactilia, displasia crâniocarpo-tarsal, entre outras (RISARDE, 2007). - TIPO III: Aparenta comprometimento dos membros com alterações da função do sistema nervoso central (SNC); A Síndrome Cérebro-ÓculoMotora caracteriza-se por contraturas articulares múltiplas, hipotonia, microcefalia, microftalmia, catarata, mal-formações do cerebelo. Neste grupo encontra-se compreendido quadros com anomalias cromossômicas, sendo detectadas pelos cariótipos no sangue periférico. Muitas das crianças afetadas por esse tipo de artrogripose não se desenvolvem, e cerca de 50% 23 morrem dentro dos primeiros anos de vida. Esse tipo é bastante raro (RISARDE, 2007). 1.5. Tratamento Cirúrgico: As deformidades apresentadas desde o nascimento são de correção extremamente difícil, por causa da sua rigidez. A falta de força muscular torna a correção difícil de ser mantida. Algumas crianças, porém, apresentam progressos surpreendentes quando tratadas precocemente com imobilização e mobilizações passivas, seguidas por cirurgia de reconstrução mobilizadora (SHEPHERD, 1995). Ainda citando, OLIVEIRA (2004), diz que pode-se conseguir uma manutenção dos posicionamentos articulares através do uso de dispositivos como talas, sendo que este tratamento deve ser intensivo, principalmente no primeiro ano de vida e mantido até a fase adulta. As talas e as órteses devem ser leves, incomodando o mínimo possível, para evitar que a criança os rejeite e para reduzir ao mínimo o peso adicional a ser carregado, sem, contudo limitar a eficácia (SHEPHERD, 1995). Como tratamento para o membro superior, também utiliza-se exercícios passivos e uso de órteses e gessos. As recidivas (pós-cirurgias) das deformidades de punho são frequentes e por isso incentiva-se o uso de talas. Via de regra, a cirurgia dos membros superiores é adiada até a época em que seja possível avaliar as necessidades futuras do paciente, embora um objetivo importante seja a sua capacidade de alimentar-se sozinho (Shepherd,1995). Para Risarde (2007), a maioria desses casos acaba necessitando de cirurgia reconstrutora, mas essa deve provavelmente ser adiada até se obter a maior mobilidade possível, com a aplicação dos métodos conservadores. A cirurgia de reconstrução está frequentemente indicada na correção do pé equino – varo, refratário ao tratamento conservador, assim como de outras deformidades dos membros. Quando há deformidades no quadril e também contratura em flexão do joelho devem ser usados gessos confeccionados e trocados 24 semanalmente. Nos casos em que a deformidade persiste e há um bom prognóstico para a marcha, a cirurgia está indicada. O pé também é manipulado desde o nascimento. A correção com gesso é feita já na segunda semana, de forma seriada e, segundos alguns autores, após três meses desse tratamento, já está indicado o tratamento cirúrgico do pé. O objetivo do tratamento cirúrgico é a obtenção dos pés plantígrados e ortetizáveis. Após a retirada do gesso pós-operatório e cicatrização de partes moles, o paciente deverá usar órteses suropodálicas em tempo integral, para evitar a recidiva das deformidades (BORGES et al., 2007). 1.6. Tratamento Fisioterapêutico: Após o nascimento e a alta hospitalar esta criança deve iniciar o acompanhamento num centro de reabilitação, desde que as condições clínicas permitam (BORGES et al., 2007). O tratamento deve ser individualizado, pois cada paciente apresenta deformidades de forma e intensidades variáveis. O início do tratamento deve ser precoce, com o objetivo final de propiciar capacidade ao paciente, de executar suas atividades de vida diária (FENICHEL, 1995 apud RISARDE, 2007). Segundo Shepherd (1995), o tratamento clínico dessas crianças é muito complicado, em virtude da combinação que elas apresentam: insuficiência motora, deformidades, implicações de ordem genética, problemas psicológicos e considerações à capacidade de cuidarem de si próprias. O tratamento com fisioterapia precede qualquer tipo de intervenção cirúrgica, sendo importante para melhora e manutenção da função articular. Um dos recursos utilizados é a cinesioterapia, que compreende o uso do movimento ou exercício como forma de terapia e que engloba as manobras de relaxamento, alongamento e mobilização das articulações (KISNER E COLBY, 1998). As mesmas autoras afirmam que as manobras de relaxamento flexibilizam as cinturas escapular e pélvica, favorecem a ação torácica e abdominal, mobilizam as articulações em sua amplitude máxima e provocam alongamento muscular útil para que o bebê conheça seu corpo. 25 Boa parte da fisioterapia consiste em alongar os tecidos moles rígidos, em mobilizar as articulações delicadamente, em incentivar os movimentos ativos de tronco e membros e em ajudar esses pacientes a adquirir habilidades na realização de atos funcionais. Esse esquema de tratamento deve ser aplicado com a maior intensidade possível, sobretudo durante o primeiro ano de vida (SHEPHERD, 1995). O decúbito ventral deve ser promovido o mais precocemente possível, com a finalidade de alongar as estruturas da porção anterior dos quadris e/ou manter a extensão dessa articulação, principalmente após a cirurgia de correção de deformidade em flexão (SHEPHERD, 1995). Segundo Risarde (2007), a escoliose de caráter grave pode ser controlada com do uso de colete bivalvado em criança com pouca idade, vindo a ser substituído posteriormente pelo colete de Milwaukee. O quadril deve ter seu tratamento iniciado desde o nascimento com mobilizações e alongamentos. O pé eqüino-varo é tratado com gesso na parte interna, sendo substituído por atadura o mais cedo possível, para que possibilite a mobilização que será feita pelo fisioterapeuta. Sempre que possível, recomenda-se evitar a imobilização rígida: a mobilidade é fundamental (SHEPHERD, 1995). As deformidades presentes no antebraço e punho, geralmente apresentam-se em flexão, pronação e desvio ulnar. Podem ser corrigidas com liberação de tecidos moles, embora seja difícil melhorar a função da mão por capsulotomias e alongamento de tendões. A correção da deformidade do polegar que geralmente são feitas com a liberação do adutor do polegar e o alongamento do espaço da membrana interdigital parecem melhorar a capacidade de percepção. Cabe também a fisioterapia ajudar esses pacientes a adquirirem habilidades na realização de atos funcionais, além de estimular o desenvolvimento neuropsicomotor, de forma que as etapas coincidam o melhor possível com as etapas cronológicas de evolução natural. Desta forma, a criança estará sendo mobilizada e estimulada em sua função motora (RISARDE, 2007). 26 Diante do levantamento bibliográfico realizado, constatou-se ampla descrição do comprometimento osteoarticular, das cirurgias com AMC e valorização cada vez maior da funcionalidade desses indivíduos. Contraditoriamente, não foram encontrados estudos abordando possível impacto da AMC na habilidade funcional, o que motivou a realização deste trabalho de pesquisa. 27 3. Objetivos 3.1 – Objetivos Gerais: Avaliar a amplitude de movimento, força muscular, habilidade e independência funcional de uma criança com Artrogripose Múltipla Congênita. 3.2 – Objetivos Específicos: Rastrear dados retrospectivos quanto ao histórico das intervenções cirúrgicas e avaliações das amplitudes de movimento (ADM) e força muscular de membros inferiores (MMII). Avaliar ADM e força muscular de MMII. Avaliar habilidade e independência funcional com o Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidade (PEDI). Correlacionar os achados de ADM e força muscular com os dados do PEDI. Correlacionar todos os achados com dados da literatura. 28 4. Materiais e Método 4.1 – Desenho do estudo: Trata-se de um estudo de caso, em corte transversal. 4.2 – Descrição da População: Foi selecionada uma criança, com diagnóstico de Artrogripose Múltipla Congênita, confirmado por laudo médico, atendida na Clínica Escola de Fisioterapia (CEF) da Universidade São Francisco (USF), em Bragança Paulista – SP. Critérios de inclusão: comprovação diagnóstica para a doença de Artrogripose Múltipla Congênita através de encaminhamento médico; paciente em atendimento fisioterapêutico na Clinica Escola da USF. Critérios de exclusão: idade cronológica inferior 06 meses ou superior a 07 anos e 11 meses, segundo as instruções do Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidade (PEDI), para permitir a análise dos resultados em comparação com a população usada na normatização e validação do instrumento. Critérios de descontinuidade: paciente que manifestar vontade de desistir da avaliação proposta por qualquer motivo. 4.3 – Instrumentos: Foram utilizados como materiais e equipamentos: Ficha de Avaliação Neuropediátrica da CEF – USF, goniômetro para avaliação da amplitude de movimento passiva de membros inferiores e teste de força muscular manual com graduação de 0 a 5 para membros inferiores (anexo II). O Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidade (PEDI) que é utilizado para avaliar 29 habilidade e grau de independência funcional em crianças com inaptidões (anexo III). Avalia tarefas de domínios da: Habilidade Funcional para evidenciar a capacidade de a criança realizar tarefas específicas; Assistência do Cuidador, identificando os auxílios recebidos, para facilitar as habilidades da criança que provem do cuidador; Modificações no Ambiente e Adaptações, para facilitar uma determinada habilidade funcional nas áreas da mobilidade, auto-cuidado e função social (HALEY et. al., 1992 e MANCINI, 2005). O formulário de escore do PEDI foi traduzido para o português, foram realizadas adaptações culturais em seu conteúdo com objetivo de adequá-lo para a avaliação da criança brasileira e foi feita sua padronização com esta população (HALEY et al., 2000; MANCINI, 2005). A versão traduzida do teste tem sido utilizada em diversas pesquisas nacionais (ALLEGRETTI et al., 2002; OLIVEIRA; CORDANI, 2002; MANCINI et al., 2002) e vários autores propõe a adoção desta avaliação na prática clínica (GONTIJO; OLIVEIRA, 2002; MAGALHÃES, 2003; CHAGAS; MANCINI, 2004). O escore normativo informa sobre o desempenho esperado de crianças de mesma faixa etária, com desenvolvimento normal. Valores desse escore, inferiores a 30, representam habilidade e independência funcional inferior ao esperado para a idade; valores acima de 70 significam habilidades e independência funcional acima do esperado para a idade; valores entre 30 e 70 representam habilidade e independência funcional dentro do esperado para a idade. O escore contínuo fornece informação sobre o nível de habilidade e independência funcional da criança, não considerando a faixa etária da mesma. Ambos os escores são obtidos a partir do escore bruto da criança, sendo que o contínuo pode ser utilizado para analisar o perfil de crianças com idade cronológica superior ao limite etário compreendido pelo teste PEDI e para analisar melhor, de forma conjunta com o normativo, em crianças dentro da faixa etária de normatização do instrumento. 30 4.4 – Procedimentos: Inicialmente, foi realizado um levantamento bibliográfico de livros e artigos científicos nas bases de dados scielo, bireme e lilacs, para elaboração do projeto de pesquisa. Posteriormente à aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa desta instituição (ANEXO V), o voluntário foi selecionado de acordo com os critérios de inclusão. Em seguida, o responsável foi convocado para comparecer a CEF da USF para ser convidado e receber todo esclarecimento dos objetivos e procedimentos deste estudo. Após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), a criança foi convocada juntamente com seu responsável, para avaliação na CEF – USF e a aplicação do PEDI com o responsável. As avaliações foram realizadas na CEF da USF, também foi realizado um rastreamento de todo prontuário contendo todas as fichas de avaliação fisioterapêutica realizadas pelos estagiários, desde 2003, ano em que iniciou o tratamento na CEF. Foram registradas informações referentes à ADM passiva e FM e procedimentos cirúrgicos , com as alunas e responsáveis pelo estudo e sua orientadora e professora. 31 5. Resultados Seguindo os critérios de inclusão e exclusão, foi selecionada uma criança para este relato de caso, que será apresentado da seguinte forma: inicialmente dados de identificação e histórico das intervenções cirúrgicas. Posteriormente, os dados retrospectivos e as avaliações atuais da ADM passiva e força muscular e os dados do PEDI, serão apresentados em tabelas, para melhor apreciação. 5.1 Relato de Caso Criança, do gênero feminino, com diagnóstico comprovado por laudo médico de Artrogripose Múltipla Congênita, 07 anos e 09 meses de idade por ocasião do presente trabalho, inserida em processo de reabilitação com fisioterapia há 07 anos. A criança tem em seu histórico, 08 procedimentos cirúrgicos, sendo a primeira aos 08 meses de idade, com abordagem dos quadris; a segunda com 01 ano e 02 meses de idade, no pé esquerdo; a terceira com 01 ano e 08 meses de idade, no pé direito; a quarta aos 03 anos e 1 mês de idade, em joelhos; a quinta aos 03 anos e 1 mês de idade, nos pés; a sexta aos 03 anos e 1 mês de idade, com realinhamento e colocação de um pino intramedular em fêmur bilateral; a sétima aos 07 anos de idade, nos quadris; e a oitava aos 07 anos de idade, em joelhos. Segundo dados colhidos pela cuidadora da criança, as etapas do desenvolvimento neuropsicomotor da criança aconteceram da seguinte forma: sustentação cefálica 06 meses, rolar 07 e 08 meses, sentar com apoio 06 meses, sentar sem apoio 08 meses, não engatinhou, ficar em pé com apoio 10 meses, ficar em pé sem apoio aproximadamente 03 anos, marcha independente com andador com aproximadamente 04 anos, correr aos 05 anos, subir e descer escadas de forma independente a partir dos 07 anos. As principais condutas adotadas oram: alongamentos e mobilizações passivas de membros inferiores e exercício de fortalecimento para 32 membros inferiores. Dados referentes à ADM passiva e FM retrospectivos e atuais, foram submetidos à análise descritiva simples e serão apresentados nas tabelas a seguir 33 A seguir serão apresentadas as médias das ADM’s passivas dos movimentos de MMII, realizadas a cada ano, desde 2003, quando a paciente iniciou tratamento fisioterapêutico na CEF – USF. Devido às restrições articulares, alguns movimentos apresentavam-se ausentes, sendo, portanto expressos com graus negativos, representando o quanto faltou para chegar a ADM neutra. Tabela 1: Média de ADM Passiva de Membros Inferiores 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 D X -30º 19º 10º X 12º X 15º quadril E X -20º 10º 14,3º X 11º X 20º Flexão D X X 52,5º 51,5º X 54º X 25º quadril E X X 54,5º 64,7º X 68º X 30º Abdução D X X 20º X X 8º X 20º E X X 12º X X 6º X X D X X 12º X X X X X E X X 10º X X X X X Extensão D X X -19º 0º X -6,6º X -23º de joelho E X X -10º -10º X -8,3º X -20 Flexão D 30º 40º 41,3º 62,8º 55º 48,3º X 30º de joelho E 25º 17º 17,3º 33º 41,6º 27,3º X 35º Extensão de de de quadril Adução de quadril A Tabela 1 apresenta a média dos valores goniométricos obtidos anualmente, desde 2003 até 2008, sendo que alguns movimentos foram 34 avaliados apenas uma vez ao ano. Aparenta tendência a melhora da ADM para os movimentos de extensão e flexão de quadril bilateralmente entre 2003 2 2008. Em 2009 não foi realizada avaliação goniométrica. Em 2010 a avaliação foi feita trinta dias após a retirada do gesso, que envolveu as articulações do quadril e joelho. Nota-se a variação dos métodos de avaliação utilizados pelos alunos estagiários do Setor de Pediatria da CEF da USF, dificultando a caracterização evolutiva da ADM passiva. 35 A Tabela 2 apresenta dados da avaliação de força muscular de 2003 a 2010, realizado pelos estagiários alunos do Curso de Fisioterapia, da CEF da USF. Grupos Musculares 2003 a 2004 BILATERAL Flexores de quadril Extensores de quadril Flexores de joelho Extensores de joelho Dorsiflexores Flexores plantares 3 3 3 3 2 2 2005 a 2010 BILATERAL 4 4 4 3 3 3 A paciente apresenta fraqueza dos grupos musculares de MMII, sendo que entre os anos de 2004 e 2005, apresentou ganho de força de todos os grupos, exceto para os extensores de joelho. De 2005 até o presente momento, manteve os mesmos graus de força, em todos os grupos musculares. 36 A Tabela 3 apresenta os resultados da avaliação com o PEDI, que foi realizado em 25/05/2010 quando a idade da paciente era de 07 anos e 09 meses. Tabela 3: Dados do Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidade (PEDI) Àrea Habilidades Funcionais Assistência do Cuidador Escore Bruto Escore Normativo Erro Padrão Escore Contínuo Erro Padrão Auto-cuidado 70 40,6 3,7 100,00 11,25 Mobilidade 42 <10 0,0 51,15 2,07 Função Social 63 55,5 5,3 100,00 10,13 Auto-cuidado 31 30,2 2,5 74,13 3,61 Mobilidade 31 13,0 6,9 77,41 5,61 Função Social 22 27,4 3,1 78,27 6,4 Esta Tabela apresenta que na parte de Habilidades Funcionais, a área de mobilidade apresentou escore normativo abaixo de 10, ou seja, abaixo do esperado para a idade; e escore contínuo de 55, ou seja, 55% de habilidade funcional. Na área de Auto-Cuidado e Função Social, embora o escore contínuo também não tenha sido 100 (100%), o fato de o escore normativo ter ficado entre 30 e 70, significa que o nível de habilidade funcional nessas áreas está dentro do esperado para a idade. Ou seja, existem funções ainda não adquiridas, mas que de fato, não são esperadas 37 para a idade. Já na parte de Assistência do Cuidador, é possível observar que em todas as áreas o escore contínuo está abaixo de 100 e os valores são menores dos escores contínuos das respectivas áreas na parte de Habilidade Funcional. Isso significa que mesmo funções já adquiridas, a criança não realiza de forma independente, no dia-a-dia. Os escores normativos apresentam-se abaixo do esperado para a idade nas áreas de mobilidade e função social, significando que a independência nessas áreas também está abaixo do esperado para a idade. 38 6. Discussão Neste trabalho foi possível constatar melhora aparente na ADM passiva da criança para os movimentos de extensão e flexão de quadris e extensão de joelhos bilateralmente, embora alguns valores tenham sido contrastantes e até suspeitos. Essa tendência à melhora deve ter ocorrido devido às intervenções cirúrgicas e da fisioterapia, que a criança realiza desde os 08 meses de idade. Para avaliar a amplitude de movimento o instrumento utilizado foi o goniômetro observando o grau de comprometimento existente durante a movimentação passiva de membros inferiores. Quanto à força muscular foi possível observar que a criança apresenta fraqueza de membros inferiores, sendo que no decorrer dos ano de tratamento na fisioterapêutico, apresentou ganho de força de todos os grupos musculares, exceto os extensores de joelho, isso se deve provavelmente as deformidades presentes em quadril e joelho que a paciente apresenta e também a recente intervenção cirúrgica e engessamento ao qual foi submetida. Para avaliar a força muscular foi realizado teste de força com resistência manual sendo graduada de 0 a 5. Segundo BURNS e MACDONALD (1999); LIMA e RATLIFE (2002), os exercícios passivos de mobilização articular devem ser instituídos desde o inicio da vida e serem executados em casa pelos pais, pois costumam melhorar a amplitude de movimento e minimizar o desenvolvimento de outras contraturas, o que proporciona maior habilidade funcional, tornandose uma alternativa mais plausível em relação ao engessamento que pode trazer conseqüências como a atrofia muscular. KISNER e COLBY (1998) relatam que uma das metas da cinesioterapia é o ganho de mobilidade e flexibilidade. As manobras de relaxamento flexibilizam as cinturas escapular e pélvica, favorecem a ação torácica e abdominal, mobilizam as articulações em sua amplitude máxima e provocam alongamento muscular útil para que o bebê conheça seu corpo. O diagnóstico clínico da paciente avaliada neste estudo foi comprovado logo após o nascimento da criança, sendo que após a alta 39 hospitalar, iniciou acompanhamento com o ortopedista e recebeu encaminhamento para iniciar a reabilitação fisioterapêutica. BORGES et al. (2007), cita que após o nascimento e a alta hospitalar esta criança deve iniciar o acompanhamento num centro de reabilitação, desde que as condições clínicas permitam. Quanto às intervenções cirúrgicas realizadas na criança, foram oito cirurgias para correção das deformidades presentes ao nascimento, paralelo às intervenções cirúrgicas tem a intervenção fisioterapêutica. Em relação aos procedimentos cirúrgicos associados à fisioterapia, SHEPERD (1995) considera que o tratamento fisioterapêutico atua como um precedente à intervenção cirúrgica, pois tem grande importância na manutenção da função articular. SVARTMAN et al., (1995), cita que as cirurgias para correção de deformidades, ocorrem para melhorar a funcionalidade em articulações distais. Para RISARDE (2007) a maioria dos casos necessita de cirurgia reconstrutora, mas essa deve ser adiada até se obter a maior mobilidade possível. A cirurgia de reconstrução está frequentemente indicada na correção do pé equino - varo, assim como de outras deformidades dos membros. HEBERT e XAVIER (2003), dizem que o objetivo principal da fisioterapia é possibilitar a maior independência funcional para os pacientes com AMC. Na avaliação de funcionalidade utilizamos o Inventario de Avaliação Pediátrica de Incapacidade (PEDI), que detectou no tópico de Habilidades Funcionais apenas o item Mobilidade abaixo do esperado para a idade por conseqüência de sua limitação das amplitudes de movimento; na Assistência do Cuidador, embora a função de auto-cuidado não esteja completamente adquirida, isso é compatível com crianças sadias de mesma idade; já a mobilidade e função social, estão abaixo do esperado para a idade, isso porque há uma tendência do cuidador em executar as tarefas da criança para otimizá-las e agilizá-las. 40 Segundo MANCINI e col. (2002), em um estudo comparando o desenvolvimento de atividades funcionais de auto-cuidado em 33 crianças com paralisia cerebral (PC) e 142 crianças com desenvolvimento motor normal, constatou pior desempenho das crianças com PC e concluiu que o desenvolvimento de atividades funcionais pode ser influenciado pela presença da PC. A paciente citada neste estudo apresentou pontuação inferior na área de habilidade funcional do item mobilidade, devido à limitação articular conseqüente de sua patologia; na área que de assistência do cuidador houve baixa pontuação, provavelmente devido ao cuidado excessivo da cuidadora durante a realização das tarefas, impedindo a criança de realizálas com total autonomia. Em estudo realizado por HANSON (1992), considerado habilidade funcional, item de auto-cuidado tais como, comer texturas variadas, desembaraçar cabelo, limpar e assoar nariz, lavar e secar o rosto detectou maior dificuldade no grupo normativo quando comparado com o grupo de crianças com PC. Diz ainda que tais resultados podem ser explicados pela influência de valores culturais no desenvolvimento infantil, pois a cultura brasileira tende a ser protecionista com relação às crianças na realização de tarefas da rotina diária. Desta forma, embora criança anormal possa apresentar tais capacidades, elas muitas vezes não chegam a utilizá-las em sua rotina diária. Podemos observar que no PEDI a área do cuidador acaba tendo alterações nos resultados devido à intervenção dos cuidadores, muitas são às vezes em quem os cuidadores auxiliam na realização das atividades de vida diária das crianças, facilitando e diminuindo o tempo de execução das tarefas, melhorando assim qualidade das mesmas, embora diminua as oportunidades de treino dessas tarefas por parte das crianças. O comprometimento articular da paciente deste estudo repercutiu no PEDI que as deformidades apresentadas em quadris, joelhos e pés, evita que tarefas que incluam transferências em transportes públicos, deambulação em ambientes externos com superfícies irregulares e subir e 41 descer escadas sejam realizadas de forma independente e sem o auxilio ou supervisão do cuidador. TASAI et al. (2002) avaliaram 63 pacientes com disrafismo espinal, com idade entre 7 meses e 12 anos. Eles observaram que os valores obtidos nas áreas de auto-cuidado e função social estavam dentro do padrão de normalidade para a idade e que a maior dificuldade encontrava-se na área de mobilidade, já que o comprometimento era maior em MMII. HO et al. (2006), estudaram 15 crianças com graus variáveis de comprometimento motor decorrente de paralisia braquial obstétrica (PBO). O grupo investigado tinha entre 3,5 e 6 anos de idade e seu desempenho foi similar ao observado em crianças normais. Foi possível, entretanto observar que em alguns itens da área de auto-cuidado, tais como desembaraçar e repartir os cabelos, secar o corpo e retirar a camisa aberta na frente, o desempenho foi inferior ao esperado para a idade, sendo justificado pelo maior comprometimento dos MMSS. ALLEGRETTI et al. (2004) utilizaram o PEDI para investigar 10 crianças portadoras de PC, forma diparética espástica, com idade entre 4 e 5 anos que foram comparadas com 10 crianças normais na mesma faixa etária. Os resultados mostraram diferença significativa entre as áreas de auto-cuidado e mobilidade, ambas com p<0, 0001. A função social não apresentou diferença significativa (p = 0, 132). OLIVEIRA e CORDANI (2004), que da mesma forma avaliaram crianças com PC do tipo diparética espástica, também detectaram pior desempenho em mobilidade e melhor função social, isso pode ser explicado pelo maior comprometimento dos MMII no tipo diparético, prejudicando a mobilidade; e o comprometimento cognitivo, repercutindo em melhor desempenho na área de função social. Portanto, mesmo com a carência de dados científicos existentes na literatura, com o mesmo instrumento e diagnóstico abordados neste relato de caso, observou-se a importância da intervenção fisioterapêutica em pacientes que apresentam comprometimento motor similar ao da criança observada neste estudo. A habilidade e independência funcional também são aspectos importante e embora não tenham sido encontrados como PEDI 42 em crianças portadoras de AMC, pode-se comparar os resultados deste estudo com o de outras crianças de mesma idade, mas com diagnósticos diferentes, revelando coerência entre o déficit motor e cognitivo apresentado e a repercussão funcional. Desta forma, a continuidade do tratamento fisioterapêutico, demonstra ser a melhor forma para proporcionar a paciente uma melhor qualidade de vida e independência funcional. É importante também o redirecionamento das condutas terapêuticas, o que só pode ser realizado de forma precisa, com base em avaliações bem realizadas e registro correto das fichas de avaliação, permitindo a análise retrospectiva das mesmas. Isso possibilita o constante progresso da paciente, explorando ao máximo seu potencial, incluindo condutas mais funcionais, abordando os reais déficits que a criança apresenta. 43 7. Conclusão A partir dos resultados obtidos neste estudo, pode-se concluir que: A paciente apresentou no decorrer dos sete anos de tratamento cirúrgico e fisioterapêutico, melhora na amplitude de movimento passiva para alguns movimentos de membros inferiores, não houve nem melhora nem piora nos movimentos da articulação do tornozelo, apresentando-se rígido independente da intervenção cirúrgica. Houve aumento da força muscular membros inferiores, estabilizandose a partir de 2005 até o presente momento, embora ainda apresente déficit. A habilidade funcional está abaixo do esperado para a idade apenas na área de mobilidade, o que coerente com as restrições de ADM em MMII. A assistência do cuidador está abaixo do esperado para a idade as áreas de mobilidade e função social; o que é compatível com rotina superprotetora dos cuidadores e pouca exposição a situações sociais. Os resultados encontrados neste estudo coincidiram com os achados descritos na literatura, mais precisamente do ganho de amplitude de movimento e força muscular. Já na habilidade e independência funcional não pode ocorrer comparação exata, visto que os estudos encontrados na literatura foram realizados com crianças com outros diagnósticos. 44 8. Referências Bibliográficas Allegretti ALC, Mancini MC, Schwarztman JS. Estudo do desempenho funcional de crianças com paralisia cerebral diparética espástica utilizando o Pediatric Evaluation of Disability Inventory (PEDI). Arquivo Brasileiro de Paralisia Cerebral. v.1, n., p. 35-40, 2004. Banker, B.Q. 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O abaixo-assinado, _____________________________________________, RG___________________ responsável pela menor ___________________ _____________________________________________________________ _____________________________________________________________, residente à rua ________________________________________nº______, bairro ______________________________________, cidade___________________________, CEP ___________________, fone (_____) ________________, declara que é de livre e espontânea vontade que permite a participação de seu (a) filho (a) como voluntário do projeto de pesquisa supracitado, de responsabilidade do pesquisador. O abaixoassinado está ciente que: I. O objetivo da pesquisa é avaliar o grau de independência funcional de uma criança com diagnóstico de Artrogripose Múltipla Congênita (AMC) com a aplicação da Avaliação Fisioterapêutica em Pediatria utilizado na Clinica Escola de Fisioterapia da USF e do Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidade (PEDI), em um ou dois momentos de avaliação, para identificação das disfunções e do grau de independência funcional. II. Durante o estudo, será feito levantamento bibliográfico pertinente à AMC e aos instrumentos avaliativos utilizados. 50 III. A participação neste estudo poderá (ou não) acarretar benefício terapêutico aos voluntários. IV. Obteve todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a participação do referido ensaio clínico. V. Está livre para interromper a participação no ensaio clínico a qualquer momento, a não ser que esta interrupção seja contra-indicada por motivo médico. VI. A interrupção não causará prejuízo ao seu atendimento, cuidado e tratamento pela equipe da Clínica Escola da Universidade São Francisco (USF) e do HUSF. VII. Os resultados obtidos durante este ensaio serão mantidos em sigilo, e o USF não identificará o voluntário por ocasião da exposição e/ou publicação dos mesmos. VII. Caso surja alguma intercorrência ou tenha alguma dúvida, deverá procurar os pesquisadores responsáveis na Clínica Escola de Fisioterapia da USF. IX. Poderá contatar o Comitê de Ética em Pesquisa para apresentar recursos ou reclamações em relação ao ensaio clínico, caso suas dúvidas ao sejam esclarecidas pelos pesquisadores responsáveis (fone 11- 40348028). X. Poderá contatar o responsável pelo estudo, sempre que necessário pelo telefone (fone 11- 6651-9387; 11- 9511-9829; 19 – 9602-7723). XI. O resultado lhe será comunicado, com o que pensamos retribuir, em parte, a colaboração que estão nos prestando. XII. Este Termo de Consentimento é feito em 2 vias, sendo que uma permanecerá em seu poder. Bragança Paulista, de 2009. ______________________________________________ Assinatura do responsável pelo voluntário ______________________________________________ Assinatura do pesquisador responsável 51 ANEXO II 52 53 54 55 56 57 ANEXO III 58 59 60 61 62 63 ANEXO IV Amplitude de Movimento Passivo – Março/ 2003 GRUPO MUSCULAR Flexão de joelho DIREITA ESQUERDA 30º 25º Amplitude de Movimento Passivo – Setembro / 2004 GRUPO MUSCULAR Extensão de quadril Flexão de joelho DIREITA ESQUERDA 160º (- 20º) 150 º (- 30º) 17º 40º Amplitude de Movimento Passivo – Fevereiro / 2005 GRUPO MUSCULAR Flexão de joelho DIREITA ESQUERDA 30º 10º Amplitude de Movimento Passivo – Agosto / 2005 GRUPO MUSCULAR Flexão de joelho DIREITA ESQUERDA 30º 10º Amplitude de Movimento Passivo – Novembro / 2005 GRUPO MUSCULAR DIREITA ESQUERDA Flexão de quadril 60º 49º Extensão de quadril 19º 15º Abdução de quadril 20º 12º Adução de quadril 12º 10º Flexão de joelho 39º 22º 161º (-19º) 170º (-10º) Extensão de joelho 64 Amplitude de Movimento Passivo – Fevereiro / 2006 GRUPO MUSCULAR DIREITA ESQUERDA Flexão de quadril 45º 60º Extensão de quadril 0º 175º (-5º) Flexão de joelho 55º 20º Amplitude de Movimento Passivo – Março/ 2006 GRUPO MUSCULAR DIREITA ESQUERDA Flexão de quadril 45º 55º Flexão de joelho 35º 20º Amplitude de Movimento Passivo – Abril / 2006 Grupo Muscular Flexão de quadril Extensão de quadril Flexão de joelho DIREITA ESQUERDA 58º 72º 175º (-5º) 173º (-8) 78º 50º Amplitude de Movimento Passivo – Setembro / 2006 Grupo Muscular DIREITA ESQUERDA 155º (- 25º) (-30º) Flexão de joelho 76º 10º Extensão de joelho 0º 0º Extensão de quadril Amplitude de Movimento Passivo – Novembro / 2006 GRUPO MUSCULAR DIREITA ESQUERDA Flexão de quadril 58º 72º Flexão de joelho 70º 50º 65 Amplitude de Movimento Passivo – Março / 2007 Grupo Muscular Flexão de joelho DIREITA ESQUERDA 30º 25º Amplitude de Movimento Passivo – Agosto / 2007 Grupo Muscular Flexão de joelho DIREITA ESQUERDA 30º 25º Amplitude de Movimento Passivo – Setembro / 2007 Grupo Muscular Flexão de joelho DIREITA ESQUERDA 105º 75º Amplitude de Movimento Passivo – Agosto / 2008 Grupo Muscular Flexão de joelho Extensão de joelho DIREITA ESQUERDA 70º 32º 166 (-14º) 170(-10º) Amplitude de Movimento Passivo – Setembro / 2008 Grupo Muscular DIREITA ESQUERDA Extensão de quadril 4º 6º Abdução de quadril 8º 6º Flexão de joelho 54º 20º 174º (-6º) 170º (-10º) Extensão de joelho Amplitude de Movimento Passivo – Outubro / 2008 Grupo Muscular DIREITA ESQUERDA Flexão de quadril 54º 68º Extensão de quadril 20º 16º Flexão de joelho 21º 30º Extensão de joelho 0º 175º (-5º) 66 ANEXO V 67 ANEXO VI 68