unidade 12 - bionline-ufsm

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Universidade Federal de Santa Maria - Centro de Ciências da Saúde
Departamento de Morfologia – Histologia e Embriologia
Profa. Dra. Ivana Beatrice Mânica da Cruz
CAPÍTULO 6
TECIDO MUSCULAR
1 Características Histológicas
O tecido muscular é constituído por células alongadas que possuem grande quantidade de filamentos
citoplasmáticos com proteínas contráteis. Esse tecido tem sua origem embriológica no mesoderma
paraxial (somitos). Existem três tipos de tecidos musculares com estrutura e função características: o
tecido muscular estriado esquelético, o tecido muscular liso e o tecido muscular cardíaco
(também denominado estriado cardíaco) (Figura1).
Figura 1 Esquema geral dos três tipos de tecidos musculares
2 Tecido Muscular Estriado Esquelético
O tecido muscular esquelético é formado por feixes de células muito longas (até 30 cm), que são
cilíndricas, multinucleadas e contêm filamentos de miofibrilas. Embriologicamente essas células
originam-se da fusão de mioblastos, que são células alongadas. Uma grande quantidade de núcleos se
localiza na periferia da célula.
Fibras musculares são envolvidas por um tecido conjuntivo denominado epimísio. A partir do epimísio,
originam-se septos em direção ao interior do tecido muscular. Esses septos são denominados perimísio.
Este tecido envolve diversos feixes musculares. Cada fibra muscular individual também é envolvida por
tecido conjuntivo denominado endomísio.
O tecido conjuntivo (Figura 2) que envolve as fibras musculares tem como função manter as fibras
musculares unidas, permitindo que a força de contração, que é gerada individualmente, atue no
músculo como um todo.
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Figura 2 Tecido Muscular Estriado
Figura 3 Tecido conjuntivo e o tecido muscular
Vasos sanguíneos penetram no músculo através dos septos do tecido conjuntivo. Os vasos formam uma
rede extensa de capilares. O tecido muscular também contém muitos vasos linfáticos e nervos.
3 Organização da Fibra Muscular Esquelética Estriada
A célula muscular esquelética estriada (fibra) possui uma organização bem definida. Nela observa-se
estrias transversais com alternância de faixas claras e escuras.
Essas faixas são denominadas:
Faixa escura - banda A
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Faixa clara - banda I
No centro de cada banda I - linha transversal escura (Z)
A estria de miofibrila ocorre devido à repetição de unidades iguais que existem dentro de cada
fibra. Essas unidades são denominadas sarcômero (Figuras 4 e 5 ). Cada sarcômero mede 2,5 e é
formado pela parte da miofibrila que fica entre duas linhas Z sucessivas. A banda A possui uma zona
mais clara no seu centro denominada de Banda H. Estruturalmente a miofibrila é formada por filamentos
de actina, miosina, tropomiosina e troponina. Esses filamentos são dispostos longitudinalmente e
organizados em uma distribuição simétrica e paralela. Os filamentos de actina, tropomiosina e troponina
são filamentos finos, e os filamentos de miosina são filamentos grossos. Essa organização é mantida
pela ação de diversas proteínas como a desmina, que liga uma fibra à outra. O conjunto de miofibrilas
(actina e miosina) é preso a membrana plasmática por proteínas, como as distrofinas.
Figura 4 Estrutura geral do sarcômero.
Para que ocorra a contração muscular, é necessário que seja liberado no citoplasma grande
quantidade de cálcio. O cálcio intracelular fica armazenado no retículo endoplasmático modificado,
denominado retículo sarcoplasmático. As fibras musculares são inervadas por nervos motores que se
ramificam a partir do perimísio. No local onde ocorre o contato entre a fibra muscular e a terminação
nervosa, o nervo não possui bainha de mielina e forma uma dilatação dentro de uma depressão da
superfície muscular. Esta estrutura é denominada placa motora ou junção mioneural. Uma fibra
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nervosa inerva apenas uma única fibra muscular. Entretanto, se ramificar pode inervar até 160 fibras
ou mais. A fibra muscular mais a fibra nervosa forma a chamada unidade motora.
Além dessa estrutura mioneural, existem receptores que captam modificações no músculo
(própriorreceptores): são os fusos musculares e corpúsculos tendinosos de Golgi.
Figura 5 Esquema geral do padrão estrutura da fibra muscular estriada esquelética.
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4 Aspectos Gerais da Fisiologia do Músculo Estriado Esquelético
As fibras musculares estriadas esqueléticas possuem uma estrutura adaptada para a realização
de trabalho mecânico intenso e descontínuo. Para tanto, necessitam de energia que é proveniente
principalmente da degradação do glicogênio e de ácidos graxos. Essas moléculas armazenam glicose
que, por sua vez, é transformada em adenosina tri-fosfato (ATP), a molécula energética do corpo, e
fosfocreatina. De acordo com a estrutura e composição muscular da fibra, as fibras musculares
esqueléticas podem ser: fibras do tipo 1 e fibras do tipo 2. As fibras do tipo 1 são mais lentas, e a
energia provem principalmente dos ácidos graxos. As fibras do tipo 2 são mais rápidas. Uma vez qu, para
produzir ATP são necessários glicose e oxigênio, para garantir o fornecimento de oxigênio, que garantirá
que as fibras musculares não entrem rapidamente em exaustão, existe na célula muscular uma proteína
denominada mioglobina. A mioglobina é uma proteína similar a hemoglobina que serve como depósito
de oxigênio.
5 Tecido Muscular Estriado Cardíaco
As células do tecido muscular estriado cardíaco (Figura 3.6) também são alongadas (15 m de
diâmetro). Essas fibras apresentam estrias transversais similares ao tecido muscular esquelético.
Entretanto, possuem menor quantidade de núcleos (um a dois). Cada fibra muscular cardíaca é
circundada por uma fibra camada de tecido conjuntivo que equivale ao endomísio. Existem complexos
juncionais, que são encontrados entre duas células cardíacas vizinhas que aparecem como se fossem
linhas retas, denominados de discos intercalares. Os discos intercalares apresentam três
especializações juncionais (zônula de adesão, desmossomos e junções comunicantes).
Figura .6 Esquema histológico das fibras musculares cardíacas.
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A fibra cardíaca possui uma estrutura de organização similar a fibra muscular esquelética, porém
não tão organizada. Contém uma grande quantidade de mitocôndrias (40% das organelas
citoplasmáticas). Armazena principalmente ácidos graxos sob a forma de triglicerídeos, existindo uma
pequena quantidade de glicogênio. O citoplasma da fibra cardíaca também contém grânulos secretores,
que possuem moléculas precursoras do hormônio peptídico natriurético. Esse hormônio age nos rins
aumentando a secreção do sódio e da água corporal.
6 Tecido Muscular Liso
As células da musculatura lisa (Figura 7) também são alongadas, entretanto são mais espessas
na região central e afiladas nas extremidades. Cada fibra possui um único núcleo central e é revestida por
uma lâmina basal. As fibras musculares lisas são mantidas por uma rede de fibras reticulares. Dentro
do citoplasma (sarcolema) existem grandes depressões denominadas caveólas. As cavéolas contêm
íons cálcio que dão inicio a contração muscular.
O mecanismo de contração muscular é diferente do tecido muscular estriado esquelético. Isso
porque os filamentos de miosina só se formam no momento da contração. Em fase de repouso, a miosina
fica sob a forma de miosina II, que possui uma estrutura enrodilhada.
O sistema nervoso autônomo (simpático e parassimpático) inerva e comanda a contração e
relaxamento das fibras musculares lisas.
Figura 7 Tecido muscular liso
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