1 ARTIGO DE REVISÃO Validação de plantas medicinais com atividade anti-helmíntica Camurça-Vasconcelos, A.L.F.1*, Morais, S.M.1, Santos, L.F.L.2, Rocha, M.F.G.1, Bevilaqua, C.M.L.1 1 Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, Universidade Estadual do Ceará. Av. Paranjana 1700, Itaperi, Fortaleza, Ceará. CEP 60740-000; 2Faculdade de Veterinária, Universidade Estadual do Ceará.*Autor e endereço para correspondência: Rua Meruoca nº 100, Varjota - Fortaleza – Ceará - CEP: 60175-340 - e.mail: [email protected] RESUMO: O uso de plantas medicinais tem sido recomendado como uma alternativa para o controle de doenças parasitárias em vários países do mundo, entretanto sua correta indicação clínica só poderá ocorrer após a validação cientifica de plantas tidas como medicinais. Na tentativa de contribuir para um controle efetivo de nematóides gastrintestinais em pequenos ruminantes, vários pesquisadores têm se empenhado em testar plantas usadas na medicina popular visando averiguar eficácia e segurança das mesmas. Este trabalho teve por objetivo reunir informações sobre estudos com plantas medicinais e a escolha dos protocolos usados para validação científica do potencial anti-helmíntico destas plantas. Palavras-Chave: plantas medicinais, testes in vitro, testes in vivo, eficácia, toxicidade. ABSTRACT: Validation of medical plants with anthelmintic activity. Medicinal plants use has been recommended as an alternative to the parasitic disease control in many countries of the world, nevertheless its clinical indication only should be possible after the scientific validation of medicinal plants. Attempting to contribute to effective gastrointestinal nematodes control in small ruminants several researchers have been applied themselves testing plants used in popular medicine to determine their efficacy and security. This work aims to assemble information about studies involving medical plants and the choice for protocol used to scientific validation of the anthelmintic potential from these plants. Key words: medicinal plants, in vitro tests, in vivo tests, efficacy, toxicity. INTRODUÇÃO Após a segunda guerra mundial, com o surgimento dos primeiros antibióticos e a revolução industrial, a descoberta de muitas drogas e componentes ativos contra os agentes causadores de doenças, contribuiu para um grande avanço no controle de diversas enfermidades. Durante anos, a pesquisa científica esteve envolvida com a procura de novas moléculas capazes de controlar ou combater parasitos ou agentes causadores de doenças e, por conseguinte, a utilização de drogas cada vez mais potentes foi tornando-se uma prática comum na medicina humana e veterinária. Entretanto, apesar da engenharia molecular ter avançado obtendo recursos que podem ser utilizados para diagnósticos e a indústria farmacêutica contar com grande arsenal para ser utilizado contra os mais variados agentes causadores de doenças, o tratamento das enfermidades continua a representar um sério problema em países desenvolvidos ou não. O contexto social moderno, as necessidades do mercado farmacêutico e o reconhecimento que pesquisas com plantas medicinais usadas na medicina popular representam uma abordagem compatível com o desenvolvimento de novas drogas levaram a um aumento do número de publicações neste campo, em virtude do reconhecimento da importância desta área de estudo por parte das instituições privadas ou governamentais (Rates, 2001). A utilização de plantas no tratamento de diversas enfermidades infecciosas ou não, é uma prática que foi bastante usada por nossos antepassados, principalmente em épocas de inexistência de produtos farmacêuticos mais Recebido para publicação em 03/05/2004 Aceito para publicação em 09/12/2004 REV.BRAS.PL.MED., Botucatu, v.7, n.3, p.97-106, 2005. 2 avançados. O uso de produtos naturais com propriedades terapêuticas é tão antigo quanto a civilização humana e, por um longo tempo, produtos minerais, de plantas e animais foram as principais fontes de drogas (Rates, 2001). Com o surgimento dos primeiros medicamentos e depois com o melhoramento e avanços da indústria farmacêutica, o uso de plantas medicinais ficou em segundo plano principalmente em países ou comunidades desenvolvidas e com alto poder aquisitivo. Entretanto, algumas limitações atuais do uso de medicamentos, tais como altos custos de alguns produtos disponíveis no mercado, não disponibilidade de produtos em algumas áreas rurais pobres ou distantes de centros comerciais (Hammond et al., 1997), resíduos nos alimentos (Waller et al., 1995; Herd, 1995), risco de poluição ambiental (Hammond et al ., 1997), desenvolvimento de resistência aos anti-helmínticos pelos nematóides (Echevarria & Pinheiro, 1989; Prichard, 1990; Melo et al., 1998, 2003; Vieira et al., 1999) e redução da eficiência produtiva em animais de produção (Fox, 1997; Githigia et al., 2001) favorecem o retorno ao estudo de plantas com propriedades medicinais para o controle de diversas doenças, em especial as parasitoses gastrintestinais. Diversas doenças têm sido alvo de pesquisas que envolvem plantas medicinais, dentre as quais estão as nematodioses gastrintestinais que têm sido associadas a perdas econômicas na produção de ruminantes em todo o mundo (McLeod, 1995; Fox, 1997; Gasbarre et al., 2001; Githigia et al., 2001). Apesar da existência de diversos anti-helmínticos disponíveis comercialmente, o desenvolvimento de resistência pelos nematóides e a busca do mercado consumidor por fontes de tratamento em substituição aos produtos químicos, têm justificado diversas pesquisas que buscam plantas medicinais para o controle de nematóides gastrintestinais. Entretanto, a total aceitação de drogas derivadas de plantas e a fitoterapia na medicina científica só poderão ocorrer se estes produtos cumprirem os mesmos critérios de eficácia, segurança e controle de qualidade que os produtos sintéticos (Rates, 2001), ou seja, os produtos derivados de plantas devem ter eficácia avaliada e confirmada, assim como deve ser garantida que sua administração a organismos vivos ocorra sem riscos para sua saúde. No nordeste brasileiro, as criações de ruminantes enfrentam um grande rival, o nematóide gastrintestinal Haemonchus contortus. Resistência anti-helmíntica tem sido detectada principalmente em nematóides de ovinos e caprinos no sul e nordeste do Brasil (Echevarria et al., 1996; Girão et al., 1992; Melo et al., 1998, 2003), fazendo com que haja uma busca por formas alternativas para o controle destes nematóides. A pesquisa com plantas medicinais vem sendo incentivada pelo governo do Estado do Ceará através da FUNCAP e através de apoio às Universidades Estadual e Federal do Ceará. PLANTAS MEDICINAIS E A PESQUISA CIENTÍFICA A pesquisa com plantas e a produção de medicamentos originados a partir de plantas com atividade medicinal comprovada cientificamente envolve várias etapas desde a seleção da planta até a comercialização do produto final, podendo seguir a trajetória apresentada por Rates (2001) (Figura 1). A primeira etapa da validação de um planta medicinal é um levantamento dos dados botânicos da espécie de planta a ser avaliada. Este levantamento inclui identificação botânica e dados sobre o uso popular (parte da planta a ser utilizada, forma de administração, dosagens, tempo de tratamento, etc.). A segunda etapa da validação envolve testes farmacológicos pré-clínicos e clínicos para avaliar o uso popular. Nesta fase, são realizados testes que determinam a eficácia contra os agentes causadores Dados botânicos e antropológicos sobre o uso popular e preparação de plantas Farmacologia: testes pré-clínicos e clínicos e toxicologia para avaliar o uso popular Farmacologia clínica: triagem clínica monitorada Fornecimento de informações para comunidade e incentivo de cultivo medicinal doméstico Venda de planta medicinal in natura, com instruções de preparo Venda de fitoterápicos padronizados e estáveis FIGURA 1. Trajetória para validação de uso popular de plantas medicinais. (Rates, 2001). REV.BRAS.PL.MED., Botucatu, v.7, n.3, p.97-106, 2005. 3 da enfermidade a ser combatida e a segurança de administração para a espécie a ser tratada. A farmacologia clínica envolve testes monitorados na espécie alvo que possibilitam o registro da planta ou produto a ser utilizado. As três últimas etapas constituem o processo final de validação de planta medicinal, que envolvem um trabalho com as comunidades para que se torne possível o uso correto da planta medicinal. Estas são as etapas de transmissão de informações para que o produto final possa ser produzido ou consumido de forma correta. Algumas linhas de pesquisas, como é o caso do Projeto Farmácias Vivas, trabalham com as etapas iniciais deste processo até sua validação, conforme podemos verificar na Figura 2 (Matos, 2002). Desta forma, as fases de industrialização e comercialização do produto não fazem parte do processo para obtenção do produto final, tornando-o mais barato e correspondendo aos objetivos iniciais de obter um produto de fácil acesso a comunidades de baixa renda. A validação científica da utilização medicinal envolve tempo, recursos financeiros e humanos que devem ser usados da melhor forma possível, evitando conclusões indevidas sobre qualquer questão avaliada. 1. Seleção de plantas medicinais A seleção de plantas para validação de atividade medicinal é feita através de levantamento de literatura ou diretamente nas comunidades que fazem uso popular destas plantas, através da aplicação de questionários ou entrevistas. Nesta pesquisa, todos os dados referentes à utilização das plantas devem ser considerados, tais como forma de preparo e freqüência de administração. Joshi & Joshi (2000) documentaram as plantas medicinais usadas nas áreas de Kali Gandaki, Nepal. O estudo compreendeu uma listagem de 48 espécies de plantas com relato de uso medicinal acompanhadas do respectivo nome de espécie e número de voucher do herbário, nome popular, partes usadas, preparação e via de administração. Entre estas, Chenopodium album L. (Melde) e Melia azedarach L. (Lírio ou Cinamomo) são usadas para tratamento de infecções por parasitos intestinais. A medicina tradicional da África do Sul faz uso de uma ampla variedade de plantas para tratamento de desordens gastrintestinais, como diarréia e parasitismo intestinal, que são particularmente prevalentes em áreas rurais deste país. Como parte inicial de uma avaliação geral de plantas medicinais utilizadas no Sul da África, McGraw et al. (2000) realizaram um levantamento, através de vasta consulta literária, sobre as principais plantas usadas naquela região com o objetivo de tratar distúrbios ETAPA INICIAL E FINAL TAXONOMIA USUÁRIO / INFORMANTE ETAPA DE CARACTERIZAÇÃO DA PLANTA ETAPA DE COMERCIALIZAÇÃO DO MEDICAMENTO FARMACOLOGIA FARMACOTÉCNICA ETAPA DE INDUSTRIALIZAÇÃO E PROPAGANDA BIBLIOGRAFIA FARMÁCIAS VIVAS ETAPA DE ESTUDOS DE VALIDAÇÃO INDÚSTRIA QUÍMICA ETAPA DA QUÍMICA DO PRINC. ATIVO FIGURA 2. Etapas de pesquisa e produção de medicamentos a partir de plantas. Orientações seguidas pelas indústrias e pelo Projeto Farmácias Vivas. (Matos, 2002). REV.BRAS.PL.MED., Botucatu, v.7, n.3, p.97-106, 2005. 4 gastrintestinais. Neste levantamento foram listadas 61 espécies de plantas usadas em distúrbios variados tais como: disenteria, vômitos, purgativos, parasitoses e dores abdominais. Através de levantamento etnobotânico, Hamil et al. (2000) listaram as plantas medicinais usadas em Uganda, África. Entretanto, diferentemente do estudo anterior, este levantamento foi feito através de entrevistas aplicadas nos anos de 1996 e 1997 para obter dados sobre o uso de ervas medicinais. Estas entrevistas tinham por objetivo coletar dados sobre o nome local da planta; doenças tratadas por estas espécies de plantas; métodos e considerações sobre a colheita, preparação medicinal, partes usadas da planta, combinações com outras espécies; detalhes da administração, incluindo quantidade aproximada e freqüência de administração; proibições envolvendo o uso da planta e opinião de herbalistas. Este estudo resultou na coleta de dados de 103 plantas, das quais 101 foram identificadas quanto à espécie. Entre as plantas listadas, 26 apresentaram indicações para tratamento de doenças parasitárias, sendo Asystasia gangetica T., Agrocharis incognita, Vargueria apiculata Robins e Clerodendrum rotundifolium usadas especificamente para tratamento de infecções por parasitos intestinais. Este levantamento realizado, em 2002, foi utilizado como referência para a seleção de plantas em ensaios antimicrobianos para validação de suas atividades medicinais (Hamil et al., 2003). Entretanto, investigações sobre a eficácia antihelmíntica destas plantas não foram ainda amplamente relatadas, podendo ser alvo de pesquisas futuras. 2. Estudos de validação de plantas medicinais com atividade anti-helmíntica A etapa de validação de uma planta envolve vários testes que visam confirmar a sua eficácia e determinar a segurança de sua utilização em organismos vivos. Os testes de eficácia podem ser realizados, in vitro e in vivo. Os testes de margem de segurança são normalmente realizados em animais de laboratório e visam determinar efeitos da administração da planta em organismos animais. 2.1. Testes de eficácia in vitro Estes testes servem como uma indicação inicial da atividade que está sendo pesquisada, e quando utilizados no início de uma triagem, permitem selecionar as plantas que apresentam melhores resultados, diminuindo gastos, evitando perda de tempo e uso indiscriminado de animais de experimentação. Para determinação do potencial anti-helmíntico de plantas podem ser realizados os testes de inibição de eclosão de ovos, de motilidade ou de desenvolvimento larvar de nematóides, além de ensaios com nematóides de vida livre, como Caenorhabditis elegans. 2.1.1. Teste de inibição de eclosão de ovos São realizados com ovos de nematóides coletados de fezes de animais portadores de infecções experimentais ou naturais. No caso de infecções experimentais, deseja-se conhecer a atividade de um produto contra um parasito específico ou contra infecções mistas. Este teste foi desenvolvido para avaliação da resistência anti-helmíntica em nematóides gastrintestinais (Coles et al., 1992) e, atualmente, é amplamente utilizado para avaliação do potencial antihelmíntico de plantas. A coleta de ovos é realizada diretamente do reto do animal para que não ocorra contaminação por nematóides de vida livre. Os ovos nas fezes embrionam rapidamente e, no máximo, 48 horas após a coleta, o seu desenvolvimento e eclosão podem ser observados ao microscópio. Os ovos recuperados de animais infectados são colocados em placas ou tubos para incubação. Nestas placas, são adicionadas concentrações diferentes dos extratos ou frações da planta a ser avaliada, e após 48 horas, é feita a contagem de larvas eclodidas e ovos. Os resultados são comparados com o grupo controle negativo. A adição de um produto em placa ou tubos com ovos recentemente coletados, permite avaliar o efeito deste produto sobre as mitoses, portanto, o teste in vitro de inibição de eclosão de ovos é realizado para verificar o efeito inibitório de um composto (natural ou não) na eclosão destes ovos (Coles et al., 1992). Neste teste, podem ser utilizados controles positivos, com drogas padrões conhecidas, para comparar o percentual de eficácia do produto natural em relação ao sintético. Várias pesquisas foram realizadas com o teste de eclosão de ovos visando verificar a ação das plantas sobre ovos de helmintos, conforme pode ser observado na Tabela 1. Entre as várias plantas avaliadas in vitro, Croton zenhtneri (canela de cunhã) (Pessoa, 2001), Ocimum gratissimum (alfavaca) (Pessoa et al., 2002), Chenopodium ambrosoides (matruz ou mastruço) (Pessoa, 2001), Spigelia anthelmia (erva lombrigueira) (Batista et al., 1999; Assis et al., 2003), Dioclea grandiflora (Menezes et al . , 1992) , Canavalia brasiliensis (Menezes et al., 1992), Uvaria hookei (Padmaja et al., 1993) e Uvaria narum (Padmaja et al., 1993) apresentaram bons percentuais de atividade nos testes com inibição de eclosão de ovos de nematóides. Em relação aos estudos com componentes isolados, os resultados obtidos com mistura de acetogeninas, anetol e eugenol foram melhores ou semelhantes aos obtidos com óleos ou extratos das respectivas plantas, indicando que tais elementos são possivelmente os componentes ativos destas espécies de plantas estudadas. Entretanto, vale salientar que o teste in vitro é apenas uma etapa inicial na triagem de plantas para pesquisas sobre atividade medicinal e, portanto, os resultados positivos obtidos com este teste, REV.BRAS.PL.MED., Botucatu, v.7, n.3, p.97-106, 2005. 5 TABELA 1. Resumo da análise de variância da altura (H) e do número de folhas (NF) das plantas de Tanacetum parthenium tratadas com Arnica montana, em escala centesimal Fonte Padjama et al. (1993) Padmaja Menezes et al. (1992) Batista et al. (1999) Assis et al. (2003) Pessoa (2001) Pessoa et al. (2002) Alawa et al. (2003) Plantas Resultados Uvaria hookei, Uvaria narum e acetogeninas Dioclea guianensis, D. grandiflora, Canavalia brasiliensis e Cratylia florinbunda Spigelia anthelmia Momordica charantia Extratos hexânico, clorofórmico, acetato de etila (EASa) e metanólico de S. anthelmia Chenopodium ambrosioides, Croton zehntneri, Lippia sidoides, azadirachtina e anetol Ocimum gratissimum e eugenol Vermonia amygdalina e Annona senegalensis isoladamente, não são suficientes para validação científica de qualquer atividade pesquisada. Da mesma forma, resultados negativos obtidos com pesquisa, in vitro, não invalidam a planta e sim o protocolo utilizado, ou seja, um extrato aquoso de uma planta pode não apresentar efeito ovicida, porém, um outro extrato da mesma planta pode apresentar resultados positivos ou o mesmo extrato pode apresentar efeito larvicida que justificam uma continuidade das pesquisas. 2.1.2. Testes realizados com larvas de nematóides Outro teste utilizado para avaliação inicial da atividade anti-helmíntica de plantas é o teste de inibição da motilidade ou do desenvolvimento larvar que é um procedimento modificado da técnica descrita por Hubert & Kerbouef (1992), também, inicialmente, desenvolvido para avaliação de resistência anti-helmíntica. Um produto anti-helmíntico pode entrar em contato com o parasito de duas formas: ao ser ingerido pelo nematóide por via oral ou através da cutícula do parasito. As larvas L1e L2 alimentam-se de microorganismos presentes nas fezes e possuem apenas uma cutícula, portanto, mais facilmente absorvem os produtos anti-helmínticos, porém as L3 não se alimentam e apresentam duas cutículas, dificultando a penetração dos anti-helmínticos. Este teste é realizado com ovos recuperados de animais infectados que são colocados para incubação com meios nutritivos durante sete dias. Após 48 h de incubação, adicionam-se os extratos e após sete dias de incubação, é feita a contagem das larvas e ovos. Os resultados são comparados a grupos não tratados e grupos tratados com um anti-helmíntico, podendo-se comparar a eficácia da planta em relação ao produto sintético. Algumas pesquisas realizadas para avaliar a atividade de plantas sobre as larvas de Atividade semelhante a do mebendazol Inibição de 78,3 a 99,9% da eclosão de ovos, na dose de 500mg/mL. DL 50 = 0,173 mg/mL DL 50 = 0,101 mg/mL EASa demonstrou os melhores resultados, inibindo 83,8% da eclosão de ovos na dose de 25 mg/ mL Inibição de 99,85%; 100%; 90,91%; 68,30% e 100%, respectivamente. Inibição de 95,43% e 92,45% (0,25%) Inibição de 2,5 e 98,7%, respectivamente. nematóides estão apresentadas na Tabela 2. Outro teste que está sendo menos utilizado é o teste de motilidade larvar que é muito subjetivo e pode gerar muitos erros de avaliação, pois a mesma larva pode se apresentar imóvel ou em movimento em diferentes momentos da leitura. Desta forma, o teste de inibição de desenvolvimento larvar fornece dados mais precisos e vem substituindo este teste para avaliação do potencial anti-helmíntico de compostos. Os resultados dos estudos apresentados corroboram com a afirmativa inicial de que a pesquisa com plantas medicinais envolve muito tempo e dinheiro. Entre as várias plantas com potencial anti-helmíntico, Tynnantus fasciculatus (cipó-cravo) (Amorim et al., 1991a), Nauclea latifolia (Asuzu & Njuko, 1996), Punica granatum (romã) (Amorim et al., 1996), e Spigelia anthelmia (erva lombrigueira) (Batista et al., 1999; Assis et al., 2003) apresentaram resultados promissores nos testes, in vitro, com larvas, e merecem ser analisadas quanto à segurança de administração em organismos vivos para que sejam realizados testes de eficácia com a espécie alvo do tratamento. 2.1.3. Ensaios in vitro com parasitos adultos Alguns testes podem ser realizados com organismos vivos (bactérias, fungos, vírus, parasitos) em condições laboratoriais, ou seja, em meios de cultura realizados em placas ou tubos. Um ensaio, também, utilizado em parasitologia é a avaliação de atividade de produtos naturais ou sintéticos contra o nematóide de vida livre, Caenorhabditis elegans. Este nematóide é cultivado em ágar e depois são aplicadas quantidades de produtos a serem avaliados quanto ao efeito sobre a motilidade e mortalidade deste parasito. Após levantamento etnobotânico sobre as principais plantas usadas na Àfrica com objetivo de tratar doenças causadas por parasitos gastrintestinais, REV.BRAS.PL.MED., Botucatu, v.7, n.3, p.97-106, 2005. 6 McGraw et al. (2000) avaliaram 72 extratos (hexânico, metanólico e aquoso) obtidos de 24 gêneros de plantas, demonstrados na Tabela 3. Em virtude da diferença de polaridade dos solventes usados para extração dos componentes, os diferentes extratos apresentam composições variadas, justificando uma variação de atividade dos extratos usados numa triagem. Entretanto, como C. elegans é um nematóide de vida livre, outros ensaios devem ser realizados para avaliação mais específica destas plantas. 2.2. Testes de eficácia e de segurança in vivo Somente após a obtenção de resultados promissores com os testes in vitro, passa-se aos testes in vivo que podem utilizar inicialmente animais de laboratório e, em seguida, os testes toxicológicos. Depois desta primeira etapa, podem ser realizados os testes com animais que representem a espécie alvo para a indicação terapêutica. 2.2.1. Testes pré-clínicos de eficácia in vivo São denominados pré-clínicos os testes de eficácia com animais de laboratório, e os testes com a espécie alvo são denominados clínicos. Os estudos clínicos deverão ser realizados após os testes toxicológicos, onde são obtidos dados de dose letal 50 (DL50), permitindo conhecer doses que possam ser usadas sem causar letalidade aos animais. Os testes pré-clínicos de eficácia são realizados em animais infectados experimentalmente ou com infecção natural, objetivando avaliar a eficácia de um produto natural ou não. Os resultados dos grupos tratados são comparados, percentualmente, com os não tratados. A Tabela 4 evidencia alguns relatos de estudos com plantas medicinais contra nematóides gastrintestinais em animais de laboratório. Segundo os resultados dos trabalhos apresentados na Tabela 4, A. anthelmintica, A. lebbek, C. papaya e C. nucifera apresentaram os melhores resultados contra infecções causadas por nematóides em animais de laboratório, demonstrando que tais plantas podem representar futuras alternativas para o controle de parasitos. 2.2.2. Testes toxicológicos A toxicologia experimental desenvolve estudos para elucidação dos mecanismos de ação dos agentes tóxicos sobre sistemas biológicos e a avaliação dos efeitos decorrentes dessa ação (Oga, 1996). Os estudos toxicológicos, aplicados em animais de laboratório e sob condições previamente estabelecidas, permitem determinar os possíveis efeitos de substâncias em humanos ou animais expostos às mesmas (Barros & Davino, 1996). A avaliação toxicológica de produtos em TABELA 2. Avaliação de potencial anti-helmíntico de plantas através de testes in vitro com nematóides. Fonte Plantas Amorim et al. (1991a) Asuzu Asuzu eeNjuko Njoku (1996) Amorim et al. (1996) Batista et al. (1999) Assis et al. (2003) Tynnanthus fasciculatus Alstonia hookei Nauclea latifolia Annona squamosa Punica granatum S. anthelmia M. charantia S. anthelmia (extratos hexânico, clorofórmico, acetato de etila e metanólico) Resultados Mortalidade de 61 a 100% (L1) e 32 a 66% (L3) de estrongilídeos intestinais de eqüinos *DE 50 = 0,52 e 0,25 mg/mL (24 e 48h) *DE 50 = 0,52 e 0,15 mg/mL (24 e 48h) 19,5 % (mortalidade de L1) 86,5% (mortalidade de L1) 82,28% (inibição da motilidade) 58,29% (inibição da motilidade) Extrato acetato de etila (25 mg/mL) inibiu 83,1% do desenvolvimento larvar de H. contortus. *DE 50: Dose eficaz 50 (Dose capaz de provocar efeito em 50% dos nematóides avaliados). TABELA 3. Avaliação do potencial anti-helmíntico de plantas através de ensaios laboratoriais com o nematóide de vida livre Caenorhabditis elegans. Fonte McGraw et al. (2000) Plantas Acokanthera ablongifolia, Acorus calamus, Albizia adianthifolia, Aloe marlothii, Apodytes diminuta, Artemisia afra, Brachylaena discolor, Clausena anisata, Clerodendrum glabrum, Ekebergia capensis, Erythrophleum lasianthum, Euclea divinorum, Heteromorpha trifoliata, Kigelia africana, Leonotis leonurus, Lippia javanica, Moesa lanceolata, Melia azedarach, Pimpinella caffra, Ricinus communis, Sansevieria hyacinthoides, Trema orientalis, Tulbaghia violacea e Zanthoxylum capense REV.BRAS.PL.MED., Botucatu, v.7, n.3, p.97-106, 2005. Resultados Extratos de A. calamus: alto nível de atividade antihelmíntica. A. afra, B. discolor, C. anisata, R. communis, T. orientalis e T. violacea: marcante atividade antihelmíntica. 7 TABELA 4. Atividade anti-helmíntica de plantas medicinais contra nematóides gastrintestinais de animais de laboratório Fonte Amorim et al. (1987) Galal et al. (1991) Amorim et al. (1991b) Amorim & Borba (1992) Amorim et al. (1993) Amorim & Borba (1994) Amorim & Borba (1995) Plantas Resultados Cucurbita moschata (abóbora), Allium sativum (alho), Matricaria chamomila (camomila), T. fasciculatus (cipócravo), A. squamosa (fruta-de-conde), Mentha piperita (hortelã), Artemisia absinthium (losna), Bidens pilosa (picão) e P. granatum (romã) A. anthelmintica e A. lebbek Eliminação de 57,2 e 43,3% de oxiurídeos por T. fasciculatus e A. squamosa. T. fasciculatus Cucurbita moschata (abóbora paulista ou caravela), C. moschata (abóbora menina ou comum) e C. pepo (abóbora moranga) C. papaya (látex = leite do mamão) Coccus nucifera (leite do côco maduro) Coccus nucifera (leite do côco maduro) organismos vivos pode envolver a avaliação dos efeitos obtidos após 24 horas da administração (toxicidade aguda) ou após administrações em doses repetidas (toxicidade sub-crônica e crônica). Outros estudos como toxicidade reprodutiva; estudos de efeitos neurotóxicos e/ou teratogênicos e estudos de efeitos carcinogênicos e/ou mutagênicos podem fazer parte de uma avaliação mais detalhada dos efeitos da administração de fitoterápicos em animais. No Brasil, a resolução 1/78 (D.O. 17/10/78) do Conselho Nacional de Saúde estabelece os seguintes tipos de ensaios de toxicidade: aguda, sub-aguda (sub-crônica), crônica, teratologia e embriotoxicidade, e estudos especiais, carcinogênicos, mutagênicos e neutotóxicos. Várias pesquisas, sumariadas na tabela 5, apresentam dados relativos a toxicidade de plantas indicadas para uso no controle das doenças causadas por helmintos. T. fasciculatus, P. granatum, V. condensada e S. anthelmia não apresentaram efeitos tóxicos significativos nos protocolos utilizados, entretanto devem ser realizados testes completares envolvendo a administração aguda e prolongada de T. fasciculatus e P. granatum para que os testes clínicos possam ser conduzidos. 2.2.3. Testes clínicos de eficácia in vivo Os testes de eficácia com a espécie alvo devem ser os últimos testes a serem realizados numa pesquisa sobre atividade de plantas medicinais. Alguns testes foram desenvolvidos para avaliar a resistência desenvolvida por nematóides aos anti-helmínticos disponíveis no mercado. Estes testes vêm sendo utilizados para determinar a eficácia de produtos contra nematóides em animais, e os mais usados atualmente são: teste de redução da contagem de ovos nas fezes (FECRT) e o teste controlado. Eficácia de 100% contra H. diminuta Eliminação de 44,2% de oxiurídeos Eliminação de 19,7% Eliminação superior a 96% de oxiurídeos Eliminação superior a 92% de oxiurídeos Eliminação de 73,3% de proglótides de V. nana O FECRT fornece uma estimativa da eficácia anti-helmíntica de um produto através da comparação da contagem de ovos nas fezes antes e após o tratamento (Taylor et al., 2002). Uma boa correlação tem sido encontrada para contagem de ovos nas fezes de parasitos adultos para H. contortus, mas não para Trichostrongylus colubriformis ou Ostertagia circumcincta (Taylor et al., 2002). Quanto ao teste controlado, este é realizado com base na recuperação de parasitos eliminados nas fezes, após tratamento, comparando-se aos encontrados no trato gastrintestinal durante necrópsia, tornando este teste mais confiável, porém mais caro em termos de requerimentos de mãode-obra e utilização de animais (Taylor et al., 2002). Vários estudos, conforme demonstrado na tabela 6, têm sido relatados com referência à atividade de plantas medicinais contra nematóides gastrintestinais em pequenos ruminantes. A. squamosa e M. charantia (Vieira et al. , 1999) apresentaram as maiores eficácias contra H. contortus e Oesophagostumum columbianum que foram de 57,45 e 35%, respectivamente. Testes com outros extratos in vitro devem ser realizados para verificar a possibilidade destas plantas terem uma indicação alternativa no controle de nematóides gastrintestinais. CONSIDERAÇÃO FINAL A seleção da planta a ser avaliada, a forma de administração, as doses, a preparação da planta para avaliação e muitos outros pontos podem conduzir falsos resultados. Em virtude disto, o protocolo de validação deve ser bem pesquisado e analisado, antes da escolha final, visando uma melhor avaliação da atividade medicinal das plantas. Além disto, deve-se respeitar tanto a espécie alvo da indicação terapêutica da planta como as espécies de animais de laboratório, para se evitar cometer erros éticos sobre a utilização ou abusiva REV.BRAS.PL.MED., Botucatu, inadequada v.7, n.3, p.97-106, 2005. de animais na experimentação. 8 TABELA 5. Estudos toxicológicos com plantas medicinais com potencial anti-helmíntico Fonte Plantas Amorim et al. (1994) Amorim et al. (1995) Tynnanthus fasciculatus Punica granatum Monteiro et al. (2001) Gadano et al. (2002) Cherian (2000) Vasconcelos (2004) (2002) Vermonia condensata Chenopodium ambrosioides C. papaya S. anthelmia Resultados Não induziu mutagênese na medula óssea do fêmur em camundongos (doses: 2 a 8 g/kg ou 8 g/kg durante 15 dias) Não induziu alterações em células da medula óssea do fêmur de animais tratados. Letalidade aguda com administração oral de 4 g/kg de extrato desta planta Não foram observados efeitos agudos embriotóxicos e de mutagenicidade em doses até 5000 mg/kg Aumento do número de aberrações cromossômicas e na freqüência de alterações de cromátides irmãs Produziu alterações em preparações uterinas de ratas. Administração aguda oral produz miotonia e paralisia muscular (DL50 = 345,9 mg/kg), porém a crônica ou sub-crônica não afetou os parâmetros bioquímicos, hematológicos ou reprodutivos. Não teve efeito sobre a pressão arterial e eletrocardiograma. TABELA 6. Estudos, in vivo, com plantas medicinais contra o nematóide H. contortus Fonte Plantas Resultados Vieira et al. (1999) Allium sativum (alho), Carica papaya (mamão), Musa acuminata (banana), Canavalia brasiliensis (feijão), Momordica charantia (Melão de São Caetano), Annona squamosa (ata), Menta sp, (matruz) e Chenopodium ambrosoides Hymenacea courbaril (jatobá) Chenopodium ambrosoides (matruz) Momordica charantia e Annona squamosa reduziram 36 e 40% da eliminação de ovos e 17 e 34% da carga parasitária, respectivamente. Menta sp reduziu 72% da eliminação de ovos e não teve efeito sobre a carga parasitária. Não foi eficaz em três diferentes triagens com caprinos com infecção de H. contortus Não houve redução na contagem Ketzis et al. (2002) Githiori et al. (2002) M. africana e Rapanea melanophlocos Entre as plantas avaliadas in vitro , C. zehntneri, O. gratissimum, C. ambrosioides, S. anthelmia, D. grandiflora, C. brasiliensis, U. hookey e U. narum apresentaram bons percentuais de atividade nos testes com inibição de eclosão de ovos de nematóides. T. fasciculatus, N. latifolia. P. granatum e S. anthelmia apresentaram resultados promissores nos testes in vitro com larvas, merecendo que passem a ser analisadas quanto à segurança de administração em organismos vivos para que sejam realizados os testes de eficácia com a espécie alvo do tratamento. A. anthelmintica, A. lebbek, C. papaya e C. nucifera apresentaram os melhores resultados contra infecções causadas por nematóides em animais de laboratório, demonstrando potencial para futuras alternativas de controle de parasitos. T. fasciculatus, P. granatum, V. condensada e S. anthelmia não apresentaram efeitos tóxicos significativos, entretanto devem ser realizados testes complementares envolvendo a administração aguda e prolongada de T. fasciculatus e P. granatum para que os testes clínicos com estas plantas possam ser conduzidos. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ALAWA, C.B.I., ADAMU, A.M., GEFU, J.O. et al. In vitro screening of two Nigerian medicinal plants (Vermonia amygdalina and Annona senegalensis) for anthelmintic activity. Veterinary Parasitology, v.113, p.73-81, 2003. AMORIM, A., ARMADA, J.L., BORBA, H.R. et al. Testes de mutagênese em camundongos tratados com extratos aquosos de Tynnanthus fasciculatus Miers (cipó-cravo). Revista Brasileira de Farmácia, v.75 p.46-7, 1994. AMORIM, A., BORBA, H.R. Ação anti-helmíntica de plantas. VI. Sobre a influência de sementes de abóbora (curcubitaceae) na eliminação de Vampirolepis nana em camundongos. Revista Brasileira de Farmácia, v.73, p.81-2, 1992. AMORIM, A., BORBA, H.R. Ação anti-helmíntica de plantas. X. Testes in vivo com extratos brutos de Cocos nucifera L. (Palmae). Revista Brasileira de Farmácia, v.75, p.91-2, 1994. AMORIM, A., BORBA, H.R. Ação anti-helmíntica de plantas XI. Influência de extratos brutos de Cocos nucifera L. (Palmae) na eliminação de Vampirolepis nana em camundongos. Revista Brasileira de Farmácia, v.76, p.98-9, 1995. AMORIM, A., BORBA, H.R., AMANO, L.M. Ação antihelmíntica de plantas. IV. Influência da casca do REV.BRAS.PL.MED., Botucatu, v.7, n.3, p.97-106, 2005. 9 caule de cipó-cravo (Tynnanthus fasciculatus Miers; Bignoniaceae) na eliminação de Vampirolepis nana e de oxiurídeos em camundongos. Revista Brasileira de Farmácia, v.72, p.92-4, 1991b. AMORIM, A., BORBA, H.R., ARMADA, J.L. Testes de mutagênese em camundongos tratados com extratos aquosos de Punica granatum L. (romã). Revista Brasileira de Farmácia, v.76, p.1101,1995. AMORIM, A., BORBA, H.R., SILVA, L.M. Ação antihelmíntica de plantas VIII. Influência de extratos de Carica papaya L. (mamão) na eliminação de oxiurídeos e de Vampirolepis nana em camundongos. Revista Brasileira de Farmácia, v.74, p.85-6, 1993. AMORIM, A., BORBA, H.R., SILVA, W.J. Ação antihelmíntica de plantas. Revista Brasileira de Farmácia, v.68, p.64-70, 1987. AMORIM, A., RODRIGUES, M.L.A., BORBA, H.R. Ação anti-helmíntica de plantas. V. Ação do cipócravo ( Tynnanthus fasciculatus Miers; Bignoniaceae) in vitro sobre larvas de primeiro e terceiro estágios de estrongilídeos intestinais de eqüino. Revista Brasileira de Farmácia, v.72, p.53-4, 1991a. AMORIM, A., RODRIGUES, M.L.A., BORBA, H.R. Ação anti-helmíntica de plantas XII. Influência de extratos vegetais in vitro na viabilidade de larvas de nematódeos gastrintestinais de bovinos. Revista Brasileira de Farmácia, v.77, p.47-8, 1996. ASSIS, L.M., BEVILAQUA, C.M.L., MORAIS, S.M. et al. Ovicidal and larvicidal activity in vitro of Spigelia anthelmia Linn extracts on Haemonchus contortus. Veterinary Parasitology, v.117, n.1-2, p.43-9, 2003. ASUZU, I.U., NJUKO, C.J. The anthelmintic effect of Alstonia boonei bark and Nauclea latifolia leaf aqueous extracts on Trichostrongylus infective larvae. Fitoterapia, v.67, p.220-2, 1996. BARROS, S.B.M., DAVINO, S.C. Avaliação da toxicidade. In: OGA, S. Fundamentos de toxicologia. São Paulo: Atheneu, 1996. p.61-70. BATISTA, L.M., BEVILAQUA, C.M.L., MORAES, S.M. et al. In vitro ovicidal and larvicidal effect of the plants Spigelia anthelmia and Momordica charantia against the nematode Haemonchus contortus. Ciência Animal, v.9, p.67-73, 1999. CHERIAN, T. Effect of papaya lates extract on gravid and non-gravid rat uterine preparations in vitro. Journal of Ethnopharmacology, v.70, p.205-12, 2000. COLES, G.C., BAUER, C., BORGSTEEDE, F.H.M. et al. World Association for the advancement of Veterinary Parasitology (W.A.A.V.P.) methods for detection of anthelmintic resistance in nematodes of veterinary importance. Veterinary Parasitology, v.44, p.35-44, 1992. ECHEVARRIA, F., PINHEIRO, A.C. Avaliação de resistência anti-helmíntica em rebanhos ovinos no município de Bagé, RS. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.9, p.69-71, 1989. ECHEVARRIA, F., BORBA, M.F.S., PINHEIRO, A.C. et al. The prevalence of anthelmintic resistance in nematode parasites of sheep in Southern Latin America: Brazil. Veterinary Parasitology, v.62, p.199-206, 1996. FOX, M.T. Pathophysiology of infection with nematodes in domestic ruminants: recent developments. Veterinary Parasitology, v.72, p.285-308, 1997. GADANO, A., GURNI, A., LÓPEZ, P. et al. In vitro genotoxic evaluation of the medicinal plant Chenopodium ambrosioides L. Journal of Ethnopharmacology, v.81, p.11-6, 2002. GALAL, M., BASHIR, A.K., SALIH, A.M. et al. Activity of water extracts of Albizzia anthelmintica and A. lebbek against experimental Hymenolepis diminuta infection in rats. Journal of Ethnopharmacology, v.31, p.333-7, 1991. GASBARRE, L.C., STOUT, W.L., LEIGHTON, E.A. Gastrointestinal nematodes of cattle in the northeastern US: results of a producer survey. Veterinary Parasitology, v.101, p.29-44, 2001. GIRÃO, E.S., MEDEIROS, L.P., GIRÃO, R.N. Ocorrência e distribuição estacional de helmintos gastrointestinais de caprinos no município de Teresina, Piauí. Ciência Rural, v.22, p.197-202, 1992. GITHIGIA, S.M., THAMSBORG, S.M., MUNYUA, W.K. et al. Impact of gastrointestinal helminths on production in goats in Kenya. Small Ruminant Research, v.42, p.21-9, 2001. GITHIORI, J.B., HÖGLUND, J., WALLER, P.J. et al. Anthelmintic activity of preparations derived from Myrsine africana and Rapanea melanophloeos against the nematode parasite, Haemonchus contortus , of sheep. Journal of Ethnopharmacology, v.80, p.187-91, 2002. HAMIL, F.A., APIO, S., MUBIRU, N.K. et al. Traditional herbal drugs of Southern Uganda, I. Journal of Ethnopharmacology, v.70, p.281-300, 2000. HAMIL, F.A., APIO, S., MUBIRU, N.K. et al. Traditional herbal drugs of Southern Uganda, II: literature analysis and antimicrobial assays. Journal of Ethnopharmacology, v.84, p.57-78, 2003. HAMMOND, J.A., FIELDING, D., BISHOP, S.C. Prospects for plant anthelmintics in tropical veterinary medicine. Veterinary Research Communications, v. 21, p. 213-28, 1997. HERD, P.R. Equine parasite control keeping up with evolution. Veterinary Medicine, v.90, p.447-80, 1995. HUBERT, J., KERBOUEF, D. A microlarval development assay for detection of anthelmintic resistance in sheep nematodes. The Veterinary Record, v.131, p.5-7, 1992. REV.BRAS.PL.MED., Botucatu, v.7, n.3, p.97-106, 2005. 10 JOSHI, A.R., JOSHI, K. Indigenousknowledge and uses od medicinal plants by local communities of the Kali gandaki watershed area, Nepal. Journal of Ethnopharmacology, v.73, p.175-83, 2000. KETZIS, J.K., TAYLOR, D.D., BOWMAN D.L. et al. Chenopodium ambrosioides and its oil as treatment for Haemonchus contortus and mixed adultnematode infections in goats. Small Ruminants Research, v.44, p.193-200, 2002. MATOS, F.J.A. Farmácias vivas: sistema de utilização de plantas medicinais projetado para pequenas comunidades. 4. ed. Fortaleza: UFC, 2002. 267p. MCGRAW, L.J., JÄGER, A.K., VAN STADEN, J. Antibacterial, anthelmintic and anti-amoebic activity in South African medicinal plants. Journal of Ethnopharmacology, v.72, p.247-63, 2000. MCLEOD, R.S. Costs of major parasites to the Australian livestock industries. International Journal for Parasitology, v.25, p.1363-67, 1995. MENEZES, R.C.A.A., VIEIRA, L.S., CAVALCANTE, A.C.R. et al. Estudos preliminares in vitro da atividade ovicida de folhas e sementes de quatro leguminosas sobre Haemonchus contortus de caprinos. Arquivos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, v.15, p.121-7, 1992. MELO, A.C.F.L., BEVILAQUA, C.M.L., SELAIVEVILLAROEL, A.B. et al. Resistência a antihelmínticos em nematódeos gastrintestinais de ovinos e caprinos no município de Pentecoste, Estado do Ceará. Ciência Animal, v.8, p.7-11, 1998. MELO, A.C.F.L., REIS, I.F., BEVILAQUA, C.M.L. et al. Nematódeos resistentes a anti-helmínticos em rebanhos de ovinos e caprinos do estado do Ceará, Brasil. Ciência Rural, v.33, n.2, p.339-44, 2003. MONTEIRO, M.H.D., GOMES-CARNEIRO, M.R., FELZENSWALB, I. et al. Toxicological evaluation of a tea from leaves of Vermonia condensata. Journal of Ethnopharmacology, v.74, p.149-57, 2001. OGA, S. Fundamentos da Toxicologia. São Paulo: Atheneu, 1996. 515 p. PADMAJA, V., THANKAMANY, V., HISHAM, A. Antibacterial, antifungal and anthelmintic of root barks of Uvaria hookeri and Uvaria narum. Journal of Ethnopharmacology, v.40, p.181-6, 1993. PESSOA, L.M. Atividade anti-helmíntica de Ocimum gratissimum Linn e eugenol contra Haemonchus contortus. 2001. 66f. Dissertação (Mestrado). Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza. PESSOA, L.M., MORAIS, S.M., BEVILAQUA, C.M. L. et al. Anthelmintic activity of essencial oil of Ocimum gratissimum Linn and eugenol against Haemonchus contortus. Journal of Ethnopharmacology, v.109, p.59-63, 2002. PRICHARD, R.K. Anthelmintic resistance in nematodes: extent, recent understanding and future directions for control and research. International Journal of Parasitology, v.20, p.515-23, 1990. RATES, S.M.K. Plants as source of drugs. Toxicon, v.39, p.603-13, 2001. TAYLOR, M.A., HURT, K.R., GOODYEAR, K.L. Anthelmintic resistance detection methods. Veterinary Parasitology, v.103, n.3, p.183-94, 2002. VASCONCELOS, A.L.C.F. Estudo farmacológico e toxicológico do extrato acetato de etila de Spigelia anthelmia Linn em animais de laboratório. 2002. 96f. Dissertação (Mestrado). Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza. VIEIRA, L.S., CAVALCANTE, A.C.R., PEREIRA, M.F. et al. Evaluation of anthelmintic efficacy of plants available in Ceará State, north-east Brazil, for the control of goat gastrointestinal nematodes. Revue de Médicine Vétérinaire, v.150, p.447-52, 1999. WALLER, P.J., DASH, K.M., BARGER, I.A. et al. Anthelminitc resistance in nematode parasites of sheep: learning from the Australian experience. Veterinary Record, v.136, p.411-3, 1995. REV.BRAS.PL.MED., Botucatu, v.7, n.3, p.97-106, 2005.