Boletim de Conjuntura CRISE ECONÔMICA NO BRASIL

Propaganda
Boletim de
Conjuntura
CRISE ECONÔMICA NO
BRASIL
Outubro/2016
Boletim de Conjuntura – Crise Econômica no Brasil | Subseção do DIEESE/SMABC
__________________________________________________________________
Sumário
1.
2
Indicadores da Economia Internacional ................................................................................... 2
1.1
PIB Mundial ................................................................................................................... 2
1.2
Indicadores da economia internacional ....................................................................... 2
Indicadores da Economia Brasileira......................................................................................... 4
2.4
Balança comercial ......................................................................................................... 6
2.5
Inflação .......................................................................................................................... 6
............................................................................................................................................... 7
2.5.1 Inflação Acumulada - Data-Base Segundo Semestre: ................................................. 7
2.6
Produção Industrial:...................................................................................................... 8
2.7
BNDES .......................................................................................................................... 10
2.8
Setor Automotivo........................................................................................................ 11
2.9
Perspectivas para o Setor Automotivo ...................................................................... 13
3
Mercado de Trabalho ............................................................................................................ 14
4
Perspectivas Gerais ............................................................................................................... 17
5
Considerações finais ............................................................................................................. 19
1
Boletim de Conjuntura – Crise Econômica no Brasil | Subseção do DIEESE/SMABC
__________________________________________________________________
1. Indicadores da Economia Internacional
1.1 PIB Mundial
Estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) apresenta as variações do PIB do
Brasil e da economia mundial entre 2011 e 2015, assim como as previsões para os anos
2016 e 2017. Estima-se que, em 2016, a média de crescimento nos países desenvolvidos
será de 1,9%, enquanto que nos países em desenvolvimento, 4,1%.
Ainda sobre as estimativas para 2016, na América Latina e Caribe, espera-se média
negativa em 0,5%. No Brasil, apostam numa redução de 3,3% em 2016, e somente a partir
de 2017 variação positiva, 0,5%.
Tabela 1
PIB Mundial – 2011-2017 (%)
Fonte: World Economic Outlook – FMI – Abril/2016
Elaboração: Subseção do DIEESE / Metalúrgicos do ABC
Observação: 2015-2017 – estimativas
1.2 Indicadores da economia internacional
Para o bem ou para o mal, o desempenho da economia mundial interfere na
economia brasileira. E as duas maiores potências, Estados Unidos e China, merecem
2
Boletim de Conjuntura – Crise Econômica no Brasil | Subseção do DIEESE/SMABC
__________________________________________________________________
destaque especial, uma vez que juntos detêm quase ¼1 de todo o comércio mundial e são
os principais parceiros comerciais do Brasil.
Nos EUA, a taxa de desemprego permanece relativamente estável em 2016, sempre
próxima a casa dos 5%. A variação percentual do PIB foi positiva nos últimos quatro
trimestres, mas demonstra atenuação a cada divulgação. No segundo trimestre de 2016, a
economia americana cresceu 1,2% em relação ao mesmo período de 2015.
Em julho/2016, a produção industrial americana retraiu 1,1% em relação ao mesmo
período de 2015; apresenta variação negativa e ininterrupta desde setembro/2015.
As vendas no varejo também permanecem estáveis. Em julho/2016, apresentou
variação de -0,3% depois de quatro meses de alta.
As perspectivas sobre a economia americana têm se apresentado bastante
inconstantes nos últimos anos e não traz panoramas de estabilidade, o que causa incerteza
em toda a economia mundial.
A aproximação do pleito eleitoral entre os candidatos Donald Trump e Hillary
Clinton deve ampliar as turbulências e indefinições.
E assim como os EUA, a China, segunda maior economia mundial tem apresentado
movimentações contundentes na sua economia, a principal delas passa por um processo de
transição do seu modelo econômico. Até então, o país era fortemente voltado às
exportações e infraestrutura e começa a alterar sua plataforma de crescimento,
direcionando-a para o consumo e para os serviços.
O PIB chinês cresceu 6,7% no segundo trimestre do ano na comparação com o
mesmo período de 2015. A taxa de desemprego é estável: em julho, ficou em 4,1%. A
produção industrial cresceu 6,3% no segundo semestre/2016, em relação ao ano anterior.
O crescimento econômico da China chegou em 13% em 2007. Após muitos anos
com taxas acima dos dois dígitos, a previsão para 2017 está entre 6,5% e 7,0%.
1
Dados da WTO – Word Trade Organization – in: International Trade Statistics 2015
3
Boletim de Conjuntura – Crise Econômica no Brasil | Subseção do DIEESE/SMABC
__________________________________________________________________
Os rumos da economia chinesa causa tensão em todo o mundo e precisam ser
observados de perto.
Tabela 2
Indicadores Econômicos
Países Selecionados – 2016
2 Indicadores da Economia Brasileira
2.1 PIB Trimestral
Pelo sexto trimestre seguido o PIB brasileiro apresenta resultados negativos.
Segundo o IBGE, no segundo trimestre/2016, a redução foi de 0,6%.
O resultado aponta que a recessão perde fôlego, uma vez que depois de 10 quedas
seguidas os investimentos voltaram a apresentar variação positiva: alta de 0,4%. Outro
dado positivo foi o desempenho da indústria, que após sucessivas quedas se estabilizou
4
Boletim de Conjuntura – Crise Econômica no Brasil | Subseção do DIEESE/SMABC
__________________________________________________________________
com pequena elevação de 0,3%. E ainda, o menor ritmo da contração no consumo das
famílias (-0,7%) também sinaliza positivamente para o fim da recessão.
Os setores de serviços e agropecuária recuaram 0,8% e 2,0%, respectivamente. As
comparações são referentes ao trimestre imediatamente anterior.
2.2 Reservas Internacionais
O Brasil conta com uma quantidade considerável de reservas internacionais – US$
369,60 bilhões – e é o sexto país com maior volume, superando a Alemanha (US$ 183,95
bilhões) e o Reino Unido (US$ 147,42 bilhões). A China é o país que detém maior reserva
de dólares (US$ 3,18 trilhões).
Na atual crise interna, e, diante de um cenário de instabilidade nas principais
economias, o acúmulo da moeda estrangeira pode minimizar a vulnerabilidade do país
frente a economia mundial.
Esse volume permite ao Banco Central - BC brasileiro maior flexibilidade na
condução da política monetária. Quando os investidores internacionais resolvem retirar
divisas do mercado em grande quantidade, nossas reservas podem neutralizar os impactos
negativos. O BC pode intervir disponibilizando dólares em grandes volumes, e, assim, a
oferta da moeda americana impede a desvalorização excessiva do real.
5
Boletim de Conjuntura – Crise Econômica no Brasil | Subseção do DIEESE/SMABC
__________________________________________________________________
2.3 Conta corrente
A previsão do Banco Central para as transações correntes, em 2016, aponta para
um déficit de US$ 15 bilhões. Em 2015, o déficit em conta corrente2 foi de US$ 58,90
bilhões. Nos sete primeiros meses de 2016, o déficit soma US$ 12,54 bilhões, contra US$
43,57 bilhões em igual período do ano anterior.
2.4 Balança comercial
As exportações brasileiras superaram as importações ocasionando um superávit de
US$ 32,37 bilhões no acumulado de janeiro a agosto de 2016. Os dados são do Ministério
da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
Este é o melhor resultado para o intervalo (janeiro a agosto) em 28 anos. Até então,
o maior saldo para o período havia ocorrido em 2006, quando foi contabilizado um
superávit de US$ 29,74 bilhões.
Economia enfraquecida, renda em queda e diminuição da demanda por produtos e
serviços importados, associados ao elevado patamar do câmbio, são elementos que
justificam esse resultado.
2.5 Inflação
Em 2015, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA, registrou 10,7%,
alcançando dois dígitos, maior índice desde 2002, quando registrou 12,5%. Naquele ano, a
É um dos principais resultados computados no balanço de pagamentos. A conta corrente, ou conta de
transações correntes, reúne a balança comercial (exportações e importações) e a balança de serviços
(transportes, seguros, remessas e recebimento de juros e lucros, rendas e transações unilaterais). Somente
não contabiliza o investimento direto e os créditos financeiros. O saldo em conta corrente é visto de várias
formas: indica se os habitantes de um país estão concedendo ou tomando empréstimos do resto do mundo;
o déficit menos o investimento estrangeiro direto líquido mostra a necessidade de financiamento externo;
modelos pós-keynesiano e estruturalista consideram o déficit em conta corrente como uma das principais
restrições ao crescimento econômico; outros interpretam que o déficit, ao contrário, pode resultar de
expectativas otimistas sobre o crescimento econômico futuro. O Brasil historicamente tem saldo negativo
em conta corrente, mas de 2003 a 2007 teve um período contínuo de saldo positivo. (SOUZA, Jorge Luiz
de. Desafio do Desenvolvimento – IPEA)
2
6
Boletim de Conjuntura – Crise Econômica no Brasil | Subseção do DIEESE/SMABC
__________________________________________________________________
economia brasileira cresceu 3,1% (PIB). Neste ano, no acumulado de doze meses até
agosto, está em 8,9%.
A diferença é que o cenário atual apresenta uma combinação complicada de altas
taxas de inflação e recessão, simultaneamente. Esperava-se que, com o desaquecimento
da economia, a inflação voltasse ao centro da meta, no entanto, resiste e não dá sinais de
trégua. Todo o instrumento de política monetária não tem surtido efeito, exemplo disso são
as taxas de juros que vem se elevando sistematicamente, ocupando espaço entre as maiores
do mundo, porém não consegue conter a inflação.
Gráfico 1
Indicadores de Preços - ICV-DIEESE / IPCA-IBGE
Brasil - 2015-2016
Fonte: IBGE/DIEESE
Elaboração: Subseção DIEESE/SMABC
2.5.1 Inflação Acumulada - Data-Base Segundo Semestre:
Ainda que os indicadores de inflação, desemprego e desempenho econômico não
estejam em patamares considerados positivos, o segundo semestre reúne datas-bases de
categorias com importante capacidade de mobilização; espera-se algum nível de melhora
7
Boletim de Conjuntura – Crise Econômica no Brasil | Subseção do DIEESE/SMABC
__________________________________________________________________
nas negociações. A inflação acumulada (INPC) para as datas bases de setembro ficou em
9,6%.
Estudo recente do DIEESE mostra que as negociações no primeiro semestre deste
ano tiveram resultados mais favoráveis nos meses mais recentes, do que os fechados entre
janeiro e março, período em que pouco mais da metade dos trabalhadores tiveram a garantia
da reposição da inflação em seus salários.
Dos acordos fechados no âmbito da indústria neste primeiro semestre, os
metalúrgicos tiveram resultados mais favoráveis. Em média, 46% dos acordos na indústria
de transformação garantiram a inflação acumulada dos 12 meses e apenas 21% resultaram
em ganhos reais. Do total de acordos de metalúrgicos, 87,0% garantiram o poder de
compra, e destes, 39,0% conquistaram aumentos reais.
2.6 Produção Industrial:
Em julho de 2016, a produção industrial nacional cresceu 0,1% em relação ao mês
imediatamente anterior, é o quinto resultado positivo mensal, acumulando neste período de
alta 3,7%. O setor de bens de capital assinalou queda de 2,7%, interrompendo seis meses
consecutivos de crescimento na produção, neste período acumulou crescimento de 14,7%.
Os setores de bens de consumo duráveis (-16,2%) e bens de capital (-11,9%)
apresentaram as maiores reduções na comparação anual. Dar especial atenção ao
seguimento de bens de capital é importante, pois aponta o desempenho dos investimentos
das empresas.
Ainda sobre o setor de bens de capital, de acordo com os dados apurados pela
Abimaq, o consumo aparente3 de máquinas e equipamentos, em junho somou R$ 5,87
bilhões em valores correntes, evolução de 56,7% em relação ao mês imediatamente
anterior; em maio, havia-se apurado um acréscimo de 2,8% em relação a abril. Ainda é
3
Consumo aparente: Produção + Importações – Exportações
8
Boletim de Conjuntura – Crise Econômica no Brasil | Subseção do DIEESE/SMABC
__________________________________________________________________
prematuro falar em recuperação. Os resultados dos próximos meses precisam continuar
avançando, o que ainda é incerto.
A produção física mensal por segmento econômico, de julho, em relação a igual
mês do ano anterior, mostra que a indústria geral apresentou queda de 6,6%. É a vigésima
nona taxa negativa em sequência para essa comparação. O setor de metalurgia retraiu 1,4%
na comparação anual, mas avançou 1,6% em julho sobre o mês anterior.
O setor de veículos automotores, reboques e carrocerias retraiu 13,8% no ano. Nos
últimos meses, o setor vinha apresentando recuperação. No mês anterior apresentou
expansão de 5,5%, mas voltou a cair em julho (-1,7%).
E os dados apresentados no relatório da Pesquisa Conjuntural do Sindipeças, mostra
que o setor de autopeças apresentou queda da produção industrial de 0,9% em julho, em
relação a junho/2016, na comparação com julho do ano passado, o resultado foi negativo
em 10,9%.
. Gráfico 2
Variação Mensal da Produção Industrial
Brasil – 2015-2016 (%)
Fonte: PIM-IBGE
Elaboração: Subseção DIEESE/SMABC
9
Boletim de Conjuntura – Crise Econômica no Brasil | Subseção do DIEESE/SMABC
__________________________________________________________________
2.7 BNDES
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é um dos
mais importantes bancos de desenvolvimento do mundo e o principal instrumento do
Governo Federal para o financiamento de longo prazo dos investimentos em todos os
segmentos da economia brasileira.
Com o desaquecimento da economia o BNDES diminuiu os desembolsos do
primeiro semestre em 42,0%, somando R$ 40,12 bilhões, mediante R$ 69,17 bilhões do
mesmo período do ano passado.
O setor de Infraestrutura, que tem a maior participação (32,3%), teve uma redução
de 50,0%. A indústria, que tem participação de 29,5%, teve os desembolsos reduzidos em
42%.
Retomando as políticas de privatizações ocorridas nos anos 1990 pelo governo
FHC, o governo Temer lançou, em setembro/2016, o Programa de Parcerias de
Investimentos (PPI) e coloca o BNDES como o principal condutor do programa de
concessões e privatizações dos ativos públicos.
O BNDES vai ofertar cerca de R$ 30,00 bilhões em dinheiro, com juros subsidiados
às empresas do setor privado, para concessões e privatizações de 34 projetos em rodovias,
ferrovias, portos, aeroportos, mineração, petróleo, gás e energia elétrica. Assim como nos
anos 1990, o governo financiará o desmonte das empresas públicas.
10
Boletim de Conjuntura – Crise Econômica no Brasil | Subseção do DIEESE/SMABC
__________________________________________________________________
Tabela 3
Desempenho Setorial do BNDES
Brasil - Primeiro Semestre 2016
(R$ milhões)
Fonte: Banco Central do Brasil
2.8 Setor Automotivo
Há uma grande expectativa para que, finalmente, as vendas de autoveículos
encerrem seu processo de queda e voltem a apresentar variação positiva. No acumulado do
ano, entre janeiro e agosto/2016, as vendas totais somaram 1,35 milhão de unidades, uma
retração de 23,1% em relação ao mesmo período do ano passado. No segmento de pesados,
11
Boletim de Conjuntura – Crise Econômica no Brasil | Subseção do DIEESE/SMABC
__________________________________________________________________
as vendas de caminhões (34,7 mil unidades) e ônibus (8,6 mil unidades), tiveram as maiores
quedas: -30,1% e -30,7%, respectivamente.
Em agosto, os licenciamentos de autoveículos somaram 178,3 mil unidades, alta de
1,9% em relação ao mês imediatamente anterior. É o quarto mês consecutivo de
crescimento, mas ainda assim, quando comparado ao mesmo mês do ano anterior, as
vendas foram menores em 23,4%.
Os autoveículos importados acumularam vendas de 187,9 mil unidades de janeiro
a agosto deste ano, redução de 34,4% sobre o período de 2015. Além do desaquecimento
da economia, a taxa de câmbio atual e as exigências do Programa Inovar-Auto, impactam
favoravelmente nas vendas de importados no país.
Tabela 4
Indicadores de Vendas Automotivas
Brasil – 2015-2016 (acumulado de janeiro a agosto)
Fonte: ANFAVEA
Elaboração Subseção do DIEESE
12
Boletim de Conjuntura – Crise Econômica no Brasil | Subseção do DIEESE/SMABC
__________________________________________________________________
A produção de autoveículos (carros, comerciais leves, caminhões e ônibus) no
Brasil despencou 20,1% no acumulado do ano (janeiro a agosto) em comparação ao mesmo
período do ano passado. No início do ano, a previsão da ANFAVEA era de crescimento de
0,5% em 2016. Com o desempenho atual, a previsão foi reajustada para uma redução de
5,5%.
Já as exportações, beneficiadas pela taxa de câmbio, demonstram o segundo
indicador com resultado favorável. Entre janeiro e agosto, o Brasil vendeu para o exterior
cerca de 312,4 mil unidades de veículos, alta de 19,6% em relação ao mesmo período do
ano passado. Em 2015, a participação das exportações sobre a produção foi de 17,2%. Com
o crescimento das exportações em 2016 e a redução das vendas no mercado interno, essa
participação passou para 22,6%.
Tabela 5
Produção e Exportações de Autoveículos
Brasil – 2015-2016 (acumulado de janeiro a agosto)
Fonte: ANFAVEA
Elaboração Subseção DIEESE / Metalúrgicos ABC
2.9 Perspectivas para o Setor Automotivo
A ANFAVEA avalia que, a partir do início do próximo ano, a indústria
automobilística deve iniciar seu processo de retomada. Mas as previsões para 2016 ainda
são negativas, com redução em todos os segmentos, exceção para as exportações que,
13
Boletim de Conjuntura – Crise Econômica no Brasil | Subseção do DIEESE/SMABC
__________________________________________________________________
seguindo sua previsão, deve chegar a 507 mil unidades no ano, com crescimento de 21,5%.
Do ponto de vista da produção nacional e do emprego, a diminuição das importações é
igualmente percebida como indicador positivo.
Por outro lado, a produção e os licenciamentos totais devem se reduzir em 5,5% e
19,0%, respectivamente.
Quadro 1
Realizado e previsões de Produção, Vendas e Exportações, segundo a ANFAVEA
Brasil – 2015-2016
Fonte: ANFAVEA
3 Mercado de Trabalho
A trajetória de crescimento da economia brasileira dos últimos 20 anos foi
duramente interrompida em 2014 e levou o país a uma recessão econômica das mais
intensas da sua história.
Este cenário de crise econômica, política e social atinge diretamente aos
trabalhadores que sofrem com os ataques do patronato e segmentos do governo que operam
para flexibilizar direitos.
O rompimento da crise econômica se dá através do crescimento da produção, do
emprego e da renda dos trabalhadores. Mas todas as medidas anunciadas pela equipe
econômica do governo no período recente (terceirização - PL 4330, elevação do limite da
14
Boletim de Conjuntura – Crise Econômica no Brasil | Subseção do DIEESE/SMABC
__________________________________________________________________
jornada diária para 12 horas, negociado sobre legislado, aumento do tempo de contribuição
à Previdência, entre outras) vão na contramão da geração do emprego de qualidade, formal,
com benefícios sociais e precarizam as condições de trabalho e renda.
Os trabalhadores com carteira assinada no país foram estimados em 47,412 milhões
de pessoas em julho de 2016, saldo negativo de 91,6 mil postos de trabalho no referido
mês. Com esse resultado, já somam 16 meses seguidos em que as demissões superam as
contratações. O último saldo positivo registrado havia ocorrido em março de 2015, quando
as contratações superaram as demissões em 36 mil empregos.
Os resultados demonstrados são do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE e
foram extraídos dos registros da Relação Anual de Informações Sociais – RAIS e do
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED. Eles consideram informações
encaminhadas pelas empresas ao MTE dentro e fora dos prazos.
Gráfico 3
Evolução e Saldo do Emprego Formal
Brasil – 2015-2016 (milhões)
Fonte: MTE. Elaboração: Subseção DIEESE / SMABC. (*) Estimativa até julho/2016
Elaboração: Subseção do DIEESE/SMABC
15
Boletim de Conjuntura – Crise Econômica no Brasil | Subseção do DIEESE/SMABC
__________________________________________________________________
Entre julho de 2015 e julho de 2016, foram fechados 1,706 milhão de postos de
trabalho. Todos os segmentos apresentaram redução das ocupações. A indústria de
transformação foi o segmento mais afetado, com o fechamento de 539,3 mil postos de
trabalho, seguido pelo setor de serviços, com a eliminação de 438,3 mil, a construção civil,
com 410,6 mil, o comércio, com 279,4 mil. Outros segmentos fecharam 38,9 mil postos de
trabalho.
Gráfico 4
Saldo do Emprego com Carteira, por Setores de Atividade Econômica
Brasil - Julho/2015 a Julho/2016 (mil)
Fonte: MTE.
Elaboração: Subseção DIEESE / SMABC. (*) Estimativa até julho/2016
E o aumento do desemprego vem acompanhado pelo aumento da informalidade.
Quando o trabalhador perde o emprego, umas das alternativas é recorrer à contratação
informal. Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua
(PNAD Contínua), o volume de trabalhadores na informalidade chegou a 10,160 milhões
no último período, ou seja, de maio a julho, com crescimento de 5% em relação ao início
do ano.
16
Boletim de Conjuntura – Crise Econômica no Brasil | Subseção do DIEESE/SMABC
__________________________________________________________________
4 Perspectivas Gerais
Diante de uma crise de grandes proporções, como a atual, o que mais se espera é a
chegada do ponto de inflexão da economia, momento onde os indicadores param de cair e
inicia-se o processo de estabilidade, para somente então partir para a retomada da
economia.
Os grandes números da economia permanecem acumulando resultados negativos
na comparação anual. No entanto, alguns indicadores de referência têm apresentado
avanços na relação mensal. Este é o caso, por exemplo, do setor de bens de capital citado
no contexto deste estudo, que contabiliza seis meses consecutivos de crescimento.
Outro dado relevante na apuração do clima econômico é o desempenho das vendas
no varejo, uma vez que apura as vendas diretas aos consumidores finais.
Em julho, as vendas no comércio varejista4 apresentaram redução de 0,3% no
volume de vendas, após alta de 0,3% em junho.
Já o comércio varejista ampliado5 apresentou variação negativa de 0,5% sobre o
mês anterior, na série com ajuste para o volume de vendas.
No acumulado do ano (janeiro a agosto), as vendas no comércio varejista
apresentaram variação negativa de 6,7% e o comércio varejista ampliado redução de 9,4%.
Ainda nessa perspectiva, vale observar o desempenho da expedição de caixas,
acessórios e chapas de papelão ondulados, divulgados pela Associação Brasileira de
Papelão Ondulados - ABPO. A indústria e o comércio são os principais consumidores
4
Comércio varejista: Combustíveis e lubrificantes; hipermercados e supermercados; produtos alimentícios;
bebidas e fumo; tecidos, vestuário e calçados; móveis e eletrodomésticos; artigos farmacêuticos, médicos
e ortopédicos; perfumaria; livros, jornais, revistas e papelaria, equipamentos e materiais de escritório,
informática e comunicação e outros artigos de uso pessoal e doméstico.
5
Comércio varejista ampliado: veículos, motos, parte, peças e material de construção.
17
Boletim de Conjuntura – Crise Econômica no Brasil | Subseção do DIEESE/SMABC
__________________________________________________________________
destes produtos, assim sendo, o crescimento deste segmento é um bom indicador para
avaliar a conjuntura.
Em agosto, a expedição de caixas, acessórios e chapas de papelão ondulados
somaram 287,2 mil toneladas, evidenciando crescimento de 3,1% em relação ao mês
imediatamente anterior. Este já é o terceiro mês consecutivo de crescimento, contudo, no
acumulado do ano, registra redução de 1,4% sobre o mesmo período de 2015. Os dados do
setor mostram desaceleração da queda. Se mantiver esse ritmo, nos próximos meses poderá
haver uma inversão do saldo acumulado.
18
Boletim de Conjuntura – Crise Econômica no Brasil | Subseção do DIEESE/SMABC
__________________________________________________________________
5 Considerações finais
É prematuro afirmar que o Brasil está no ponto de inflexão da economia, no entanto,
de uma forma geral, pode-se sugerir que o país está diante de um processo de desaceleração
no ritmo de desaquecimento econômico.
O cenário de instabilidade política, responsável por parte significativa da recessão
atual está longe de ter um desfecho, o que impede qualquer previsão mais assertiva sobre
os rumos da economia.
Como se pôde observar, os últimos meses acentuaram um conjunto de indicadores
com variações positivas nas comparações mensais. Ainda assim, quando comparado ao
mesmo período de 2015, que se colocou como uma base fraca (vide a queda do PIB de
3,8%), esses indicadores permanecem negativos.
A crise no Brasil não se limita a indicadores ruins resultantes da crise econômica
interna ou das conjecturas internacionais. O país passa por uma crise institucional de ataque
à democracia, de descrédito dos agentes econômicos e sociais dos três poderes (legislativo,
executivo e judiciário), dificultando demasiadamente o processo de retomada.
19
Boletim de Conjuntura – Crise Econômica no Brasil | Subseção do DIEESE/SMABC
__________________________________________________________________
FICHA BIBLIOGRÁFICA
Título: Boletim de Conjuntura Econômica – Crise Econômica no Brasil
Autoria: Subseção DIEESE / Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
Equipe técnica responsável: Zeíra Mara Camargo de Santana, Warley Batista Soares, Silvana
Martins de Miranda, José Luiz Lei e Douglas Meira Ferreira
Foto/Capa: Edu Guimarães
Resumo: Os macros indicadores econômicos do Brasil e a possibilidade de inflexão da
economia
Palavras-chave: conjuntura, economia, perspectivas, retomada da economia
Diretório: M:\Conjuntura – Boletim de Conjuntura Econômica
Outubro/2016
20
Boletim de Conjuntura – Crise Econômica no Brasil | Subseção do DIEESE/SMABC
__________________________________________________________________
Download