Experiência VI Característica de Regulação do Gerador de Corrente Contínua com Excitação em Derivação 1. Introdução Neste ensaio a máquina de corrente contínua ANEL trabalhará como gerador autoexcitado, não sendo mais necessária uma fonte adicional de corrente contínua para a tensão V f . Para tanto, o mesmo enrolamento de campo que foi utilizado nas Experiências IV e V será agora ligado em paralelo com o enrolamento de armadura. O objetivo deste ensaio é também o levantamento da curva da tensão terminal Va em função da corrente de armadura I a que irá variar em função da carga conectada ao gerador (característica de regulação). O circuito elétrico equivalente em regime permanente do gerador de corrente contínua auto-excitado com o campo em derivação é o mostrado na Fig. 1. Fig. 1. Circuito elétrico equivalente do gerador com excitação em derivação. A partir do circuito elétrico acima pode-se deduzir que V Va = R f I f ∴ I f = a Rf Va = ω r Laf I f − Ra I a = ω r Laf (1) Va − Ra I a Rf (2) Analisando-se a equação (2) pode-se constatar que a variação da tensão de armadura com a corrente de carga é maior agora do que a variação que ocorre com a máquina V independentemente excitada pois o termo ω r Laf a também diminui com o aumento de Rf I a , ocorrendo um “efeito cascata”. A Fig. 2 mostra o aspecto da curva de regulação do gerador auto-excitado em derivação. Nesta mesma curva, em traço pontilhado é apresentada a curva de regulação típica no caso da excitação independente. Fig. 2. Curva de regulação típica de um gerador de corrente contínua com campo independentemente excitado (em tracejado) e com o campo em derivação (traço pleno). O processo de geração da tensão de armadura em uma máquina auto-excitada pode ser compreendido a partir do seu circuito elétrico (Fig. 1). Na condição de funcionamento à vazio (sem carga) a corrente de armadura I a é nula e as equações de tensão dos circuitos elétricos de campo e armadura escrevem-se Va = R f I f (3) Va = ω r Laf I f (4) Observa-se que a equação (3) representa, no plano Va versus I f , uma reta passando pela origem com inclinação angular R f . Já a equação (4) é a característica de magnetização à vazio do gerador (como a mostrada na Fig. 6 da Experiência 4). Para representar o efeito do fluxo residual na tensão de armadura vamos adicionar à equação (4) a tensão residual que chamaremos de Va1 que passará a se escrever como a seguir Va = ω r Laf I f + Va1 (5) Tanto (3) quanto (5) representam o que se passa entre a tensão de armadura e a corrente de campo. A Fig. 3 mostra a representação gráfica das equações (3) e (5) e o processo de estabelecimento da tensão terminal. Fig. 3. Representação gráfica das equações (1) e (2) e processo de geração de tensão de armadura. Para entender como a tensão de armadura evolui, parte-se da condição inicial em que a corrente de campo é nula. Neste caso, a característica de magnetização (equação (5)) estabelece que a tensão de armadura é a tensão residual, aqui chamada de Va1 . Com este valor de tensão, a equação (3) (que é a reta na Fig. 3) estabelece que existe um valor I f 1 de corrente de campo. Já, com I f 1 na característica de magnetização o valor da tensão de armadura vale agora Va 2 . Com Va 2 na reta Va = R f I f um novo valor de corrente de campo I f 2 é encontrado. Se continuarmos com este raciocínio verificaremos que o processo só pára no ponto em que a característica de magnetização intercepta a reta Va = R f I f . Este processo de estabelecimento de tensão é chamado de “escorvamento” e conforme será constatado no procedimento experimental demanda um certo tempo. Na prática, para que outros valores de tensão de armadura possam ser estabelecidos acrescentase, em série com o enrolamento de campo, um reostato de resistência Rreostato que tem como função permitir mudar a inclinação da reta Va = ( R f + Rreostato ) I f . 2. Procedimento experimental Novamente o acionamento mecânico do gerador de corrente contínua será feito pelo motor síncrono de fabricação ANEL que se encontra acoplado mecanicamente ao gerador de corrente contínua. Esquemas de ligação e explicação dos procedimentos de acionamento do motor síncrono foram dados na Experiência IV e não serão repetidos aqui. As cargas para o gerador de corrente contínua serão também lâmpadas. 1) Ligações do gerador de corrente contínua Efetuar as ligações conforme esquema de ligações apresentados nas Fig. 9 da Experiência IV (para o motor síncrono) e na Fig. 4 abaixo (para o gerador síncrono em carga). Fig. 4. Esquema de ligações do gerador de corrente contínua. 2) Acionamento do motor síncrono a) Ligar o barramento de corrente alternada. b) Gradativamente aplicar tensões trifásicas com o auxílio do Varivolt até que seja alcançada a tensão nominal de 230 Volts de linha. O motor síncrono parte assíncronamente com o auxílio dos enrolamentos amortecedores presentes no rotor. c) Retirar o curto circuito do enrolamento de campo. Retirar o terminal A do descanso e colocá-lo sobre o terminal do campo que não estava conectado (terminal 2). Ligar o barramento de corrente contínua e, variando o reostato, injetar entre 0.4 A e 0.5 A de corrente contínua no enrolamento de campo. d) Retirar o curto-circuito do amperímetro que está ligado ao estator do motor. 3) Operação do gerador e ensaio em carga a) Inicialmente certificar-se de que todas as lâmpadas estejam desligadas. b) Diminuir a resistência do reostato ligado em série com o enrolamento de campo de maneira a fazer com que a tensão de armadura atinja seu valor nominal que é de 220 Volts. Observe que a tensão não se estabelece de imediato durante o processo de escorvamento conforme já dito acima. Se a tensão diminuir ao invés de aumentar é necessário inverter o sentido de rotação do acionamento. Para isto deve-se desligar toda a bancada, trocar duas fases no varivolt e repartir o motor síncrono. c) Ligar uma lâmpada e anotar a tensão e a corrente de armadura ( Va e I a ). d) Repetir o procedimento de ligar lâmpadas, mas atentar para que a corrente de armadura não ultrapasse 9 A que é a corrente nominal do gerador de corrente contínua. É muito importante também que a corrente do motor síncrono seja constantemente verificada. Ela não pode, em hipótese alguma, ultrapassar 5.1 A o que acarretaria a perda de sincronismo da máquina. e) Para desligar o gerador deve-se reduzir a corrente de excitação do campo aumentando a resistência do reostato. É importante também não se abrir os interruptores que acionam as lâmpadas sob tensão contínua pois isto danifica os interruptores. 4) Desligar o motor síncrono a) b) c) d) e) f) Curto-circuitar novamente o amperímetro ligado em série com o estator do motor. Com o reostato diminuir ao mínimo a corrente de campo do motor. Desligar a botoeira do barramento de corrente contínua. Curto-circuitar o enrolamento de campo do motor. Diminuir a tensão aplicada no estator do motor com o Varivolt. Desligar a botoeira de corrente alternada. 5) Traçar a curva de tensão de armadura versus corrente de armadura. Referências [1] N.Sadowski, Notas de Aula de EEL7201-Aspectos Construtivos e Análise de Máquinas Elétricas, Florianópolis, Maio de 2004. [2] P. C. Krause, O. Wasynczuk, S. D. Sudhoff, Analysis of Electric Machinery and Drive Systems, IEEE Series on Power Engineering, Wiley Interscience, Piscataway, 2002.