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HISTÓRIA DA ARTE – Professor Márcio Adriano Moraes
ARTE E ARQUITETURA DA MESOPOTÂMIA
Por Ederson Soares Uva
1. Introdução
Arte e arquitetura da Mesopotâmia, foi o conjunto de obras realizadas pelas civilizações do antigo Oriente
Médio que habitaram a região compreendida entre os rios Tigres e Eufrates, atual Iraque, desde a pré-história
até o século VI a.C.
As terras baixas da Mesopotâmia abarcam a planície fértil, porém seus habitantes tiveram que enfrentar o
perigo das invasões, as extremas temperaturas atmosféricas, os períodos de seca, as violentas tormentas e os
ataques das feras.
Sua arte reflete, ao mesmo tempo, sua adaptação e seu medo destas forças naturais, assim como suas
conquistas militares. Estabeleceram núcleos urbanos nas planícies, cada um dominado por um templo, que foi
o centro do comércio e da religião, até que foi desbancado em importância pelo palácio real.
O solo da Mesopotâmia proporcionava o barro para o adobe, material de construção mais importante desta
civilização. Os mesopotâmicos também fizeram a cozedura da argila para obter terracota, com a qual fizeram
cerâmica, esculturas e tábuas para a escrita. Conservaram-se poucos objetos de madeira. Na escultura,
empregaram ainda basalto, arenito, diorita, alabastro e alguns metais, como o bronze, o cobre, o ouro e a prata,
bem como o nácar e as pedras preciosas nos trabalhos mais finos e de incrustação. Pedras como lápis-lazúli,
jaspe, alabastro e hematitas foram igualmente usadas nos selos cilíndricos, marca pessoal usada em
correspondências e documentos.
A arte da Mesopotâmia abrange uma tradição de 4.000 anos que, em estilo e iconografia, é aparentemente
homogênea. De fato, foi criada e mantida pelas ondas de povos invasores, diferentes tanto étnica como
linguisticamente. Até a conquista pelos persas, no século VI a.C., cada um desses grupos fez sua própria
contribuição à arte mesopotâmica.
O povo sumério foi o primeiro a controlar a região e desenvolveu a arte, seguidos pelos acádios, os babilônios
e os assírios. O controle político mesopotâmico e suas influências artísticas se estenderam às culturas vizinhas,
chegando inclusive, em certas ocasiões, a regiões tão distantes como a costa sírio-palestina, de modo que
também os motivos artísticos dessas áreas longínquas influíram nos centros mesopotâmicos. Além disso, os
demais povos que invadiram o local recolheram tradições artísticas mesopotâmicas.
2. O período pré-histórico
Os períodos neolítico e calcolítico da arte mesopotâmica (c. 7000 a.C.-c. 3500 a.C.), anteriores à aparição
definitiva da escrita, são designados pelo nome de seus depósitos arqueológicos: no norte, Hassuna, onde têm
sido achadas algumas moradas e cerâmicas pintadas; Samarra, cujos desenhos abstratos e figurativos das
cerâmicas parecem ter significado religioso; e Tell Halaf, onde se fez cerâmicas decoradas e estatuetas de
mulheres sentadas, interpretadas como deusas da fertilidade.
No sul, os primeiros períodos recebem as denominações de El-Obeid (c. 5500-c. 4000 a.C.) e antigo e médio
Uruk (c. 4000-c. 3500 a.C.). A cultura de El-Obeid se caracteriza pela cerâmica brilhante decorada em negro
encontrada na localidade, ainda que existam exemplos posteriores em Ur, Uruk, Eridu e Uqair. Também
surgiram nessa época os zigurates, ou torres escalonadas, típicas construções religiosas da Mesopotâmia.
3. O período protodinástico ou época do dinástico arcaico
A primeira época histórica do domínio sumério se estendeu aproximadamente de 3000 a.C. até 2340 a.C. Ao
mesmo tempo que continuaram as antigas tradições construtivas, introduziu-se uma nova tipologia
arquitetônica: o templo oval, recinto com uma plataforma central que sustenta um santuário.
As cidades-estados, dirigidas por governantes ou soberanos que não eram considerados seres divinos,
localizavam-se em Ur, Umma, Lagash (atual Al-Hiba), Kis e Eshnunna (atual Tell Asmar). Muitos dos objetos
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feitos nesse período são comemorativos: relevos que descrevem cenas de banquetes, celebrações de vitórias
militares ou construções de templos. Vários deles, como a esteira de calcário litográfico do rei Eannatum de
Lagash, eram utilizados, frequentemente, como limites.
Nos selos cilíndricos talhados, assim como na escultura de metal, os temas mitológicos são os motivos mais
comuns de representação. Num grande relevo em cobre do templo de El-Obeid (c. 2340 a.C.), uma águia com
cabeça de leão e asas estendidas se lança sobre dois cervos.
As figuras, metade homem, metade touro, foram motivos destacados. A escultura suméria, geralmente de
alabastro, exibe uma grande variedade de estilos e algumas de suas formas geométricas são muito expressivas.
Incluem figuras de oferendas, sacerdotes ou governantes, algumas do sexo feminino. No templo de Abu, em
Tell Asmar, foram encontradas 12 delas. Estas esculturas de pedra (c. 2740 a.C.-2600 a.C.), com seus braços
dispostos diante do peito com as mãos juntas, têm olhos enormes, redondos e saltados, de olhar fixo, feitos
com conchas marinhas e calcário negro.
A arquitetura desse período, em Mari (atual Tell Hariri, Síria), mostra influências da área ocidental da
Mesopotâmia.
4. O período acádio
Os povos semitas acádios alcançaram gradualmente o domínio da zona em fins do século XXIV a.C. Durante o
reinado de Sargon I o Grande, aproximadamente entre 2335 a.C. e 2279 a.C., estenderam seu domínio sobre a
Suméria, unificando toda a Mesopotâmia. Ainda que subsistam poucos vestígios de sua arte, os restos
conservados são dotados de excelência técnica e forte energia.
Nas cidades acádias de Sippar, Assur, Eshnunna e Tell Brak e em sua ainda não encontrada capital, Acad, o
palácio era o edifício mais importante, em substituição ao templo. Uma magnífica cabeça de cobre de Nínive,
que representa, provavelmente, Naramsin, enfatiza a nobreza dos soberanos acádios, que assumiram o aspecto
de semideuses.
5. O período neo-sumério
Depois de um século e meio, o império Acádio caiu sob o domínio dos gutis, povos nômades que não
centralizaram seu poder. Isto permitiu que as cidade sumérias de Uruk, Ur e Lagash se reorgazissem, iniciando
o período neo-sumério ou terceira dinastia de Ur (c. 2121-2004 a.C.). Em Ur, Eridu, Nippur e Uruk, foram
construídos impressionantes santuários, que incorporavam zigurates feitos com tijolos e adobe.
6. O período arcaico babilônio ou período paleobabilônico
Após o declive da civilização suméria, a Mesopotâmia foi uma vez mais unificada por governantes semitas (c.
2000-1600 a.C.), como Hamurabi da Babilônia. De Mari procede a arte mais original desse período, incluindo
arquitetura, escultura, artesanato em metal e pintura mural. Os pequenos frisos de Mari e de outras cidades
mostram cenas da vida cotidiana, com músicos, lutadores, carpinteiros e camponeses. Tais representações são
muito mais reais que as da solene arte religiosa ou oficial.
Os casitas, de origem mesopotâmica, que apareceram na Babilônia pouco depois da morte de Hamurabi, no
ano 1750 a.C., substituíram os governantes anteriores até 1600 a.C. e adotaram a cultura e a arte
mesopotâmicas. Os elamitas do oeste do Irã destruíram o reino casita em 1150 a.C. e sua arte parece uma
imitação rudimentar dos primeiros estilos mesopotâmicos.
7. O império assírio
A história da arte primitiva assíria data do século XVIII ao XIV a.C., mas é pouco conhecida. A arte do
período assírio médio ou mesoassírio (1350 a.C. a 1000 a.C.) mostra sua dependência das tradições estilísticas
babilônicas.
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Os temas religiosos são apresentados de uma forma solene e as cenas profanas, de maneira mais naturalista. O
zigurate foi a principal forma de arquitetura religiosa assíria e o uso de tijolos vitrificados policromáticos,
muito comum nessa fase.
A arte assíria genuína teve sua época fulgurante no período neoassírio ou período assírio tardio (1000-612
a.C.). Com Assurbanipal II, que converteu a cidade de Nimrud (antiga Calah da Bíblia) em capital militar.
Dentro de seus muros, encontravam-se a cidadela e as principais construções reais, como o palácio do
noroeste, decorado com esculturas em relevo. Sargon II, que reinou entre 722 e 705 a.C., criou uma cidade de
planta nova, Dur Sharrukin (atual Jorsabad), que estava rodeada por uma muralha com sete portas, três delas
decoradas com relevos e tijolos vitrificados. No interior, erguia-se o palácio de Sargon, um grande templo, as
residências e os templos menores. Seu filho e sucessor, Senaqueribe, que reinou entre os anos de 705 e 681
a.C., mudou a capital para Nínive, onde construiu seu próprio palácio, o qual denominou “palácio sem rival”.
Os assírios adornaram seus palácios com magníficos relevos esculturais. A arte dos entalhadores de selos do
último período assírio é uma combinação de realismo e mitologia. Mesmo nas cenas naturalistas, aparecem
símbolos dos deuses. Datam desse período, em Nimrud e em Jorsabad, fabulosas esculturas de marfim. Na
primeira, foram econtradas milhares de pequenas figuras de elefantes, que manifestam uma grande variedade
de estilos.
8. As artes síria, fenícia e palestina
Por encontrarem-se a Síria, a Fenícia e a Palestina na rota terrestre entre a Ásia Menor e a África, a arte antiga
destas regiões mostra a influência dos povos que as conquistaram, as atravessaram ou comercializaram com
seus habitantes.
Foram encontrados selos cilíndricos mesopotâmicos do período artístico Jemdet Nasr tanto na cidade
israelense de Megido como em Biblos, capital da Fenícia. Posteriormente, os hurritas do norte da Síria
especializaram-se no estalhe desses selos. A cerâmica, os trabalhos em pedra e os escaravelhos do século
XXIX a.C. foram influenciados pela arte egípcia. As estatuetas de bronze encontradas em Biblos, assim como
os punhais e outras armas cerimoniais, do início do segundo milênio a.C., são já marcadamente fenícios.
Ainda que os motivos utilizados pelos artistas locais procedam de mais além do que de sua região imediata
(Creta, Egito, Império Hitita e Mesopotâmia), a técnica empregada nos objetos artísticos encontrados em
Biblos e Ugarit, com todo seu significado cultural, é especialmente fenícia. Os ourives fenícios foram
adestrados artesãos, porém a qualidade de seu trabalho dependia da sensibilidade da clientela. Quiçá graças à
competência egípcia, o trabalho em marfim foi sempre excelente.
Os fenícios venderam suas mercadorias por todo o Oriente Médio e a expansão de sua iconografia e de seu
alfabeto podem ser atribuídos ao fato de terem sido grandes comerciantes da Antiguidade.
9. O período neobabilônico
A criatividade neobabilônica se manifesta em sua arquitetura, principalmente na Babilônia, capital do reino,
que alcançou seu máximo esplendor entre 626 a.C. e 539 a.C. Essa enorme cidade, destruída em 689 a.C. por
Senaqueribe, rei da Assíria, foi reconstruída por iniciativa do rei Nabopolasar e de seu filho Nabucodonosor II.
Esagila, o templo de Marduk, foi seu edifício mais notável, juntamente com Etemenanki, um zigurate,
aproximadamente de sete andares, conhecido mais tarde como a Torre de Babel.
Também se sobressaía o palácio de Nabucodonosor II, uma das sete maravilhas do mundo. A Porta de Istar (c.
575 a.C.) é uma das poucas estruturas conservadas. O último rei babilônio, Nabônido, cujo reinado se estendeu
entre os anos 556 a.C. e 549 a.C., reconstruiu a antiga capital suméria de Ur, incluindo o zigurate de Nanna,
que competia em esplendor com o zigurat de Etemenanki, na Babilônia. No ano de 539 a.C., o reino
neobabilônico caiu sob o domínio de Ciro o Grande, rei aquemênida dos persas.
Disponível: http://www.coladaweb.com/artes/arte-e-arquitetura-da-mesopotamia
Acesso: 10 mar. 2014.
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