TABUADA É muito comum, pais e professores, questionarem sobre a memorização da tabuada nas escolas. O que temos que deixar claro é que mais importante que memorizá-la, é compreendê-la. Entender aquelas listas de números que aparecem nas tabelas da multiplicação é mais importante do que decorá-las sem saber o que significam. Podemos dizer que essa é uma prática que está de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática, os quais temos como referencial em nossa proposta pedagógica. Decorar a frase “The book is on the table”, mas não saber qual o significado e em que momento utilizar, de que adianta? Há uma necessidade de construir a tabuada durante as aulas, para depois então, de compreendidas, serem memorizadas. A memorização é uma conseqüência. Ela agiliza o trabalho em sala de aula, o trabalho nas demais séries, mas isto não significa que todos os alunos tenham que decorar as tabuadas, no mesmo momento. Cada criança tem o seu ritmo, e devemos respeitá-lo. O trabalho para incentivar a memorização é lento, normalmente realizado na 3a e 4a série, em que já houve o processo de construção. Para isso, o professor utiliza jogos pedagógicos como recurso, os quais proporcionam ao aluno um interesse maior e uma aprendizagem mais rápida. Para que se construa o significado de 3 x 4, por exemplo, devemos relacionar a operação desejada a uma situação real. Vejamos: Quantas rodas são necessárias para a montagem de 3 carros? Os alunos inicialmente representam esta situação por desenhos. E o resultado, muitas vezes é resolvido pela contagem. Utilizando a linguagem matemática, ele poderá fazer os seguintes registros: 4 + 4 + 4 = 12 ou 3 x 4 = 12. Dessa forma, podemos perguntar para o aluno: Se uma caixa de ovos contém uma dúzia de ovos, quantos ovos há em 3 caixas? Veja que, colocado sob este enfoque, 3 x 12 torna-se assimilável para quem está na fase de construção da compreensão da tabuada, já para o aluno que sofreu apenas um processo de memorização desvinculado da compreensão, não conseguirá entender tal procedimento, visto que a tabuada é memorizada apenas até o 10 (3x10). Neste caso, é comum o aluno ter que recorrer ao algoritmo escolar para resolver esta situação, o que neste momento pode não ter sido ensinado ainda. O que queremos deixar claro, é que preocupados com a compreensão dos conceitos, estamos proporcionando ao aluno um ensino de qualidade. Retomando a primeira atividade: Quantas rodas são necessárias para a montagem de 3 carros? Podemos fazer o mesmo questionamento para outras quantidades de carros, e assim, construirmos até uma tabela. Veja o registro de um aluno de 2a série: Atividades como estas exploram o significado da multiplicação com base na construção da tabela. A partir das tabelas, os alunos podem perceber regularidades e estabelecer relações entre elas, o que proporciona ao aluno a descoberta de caminhos para chegar a um resultado desejado, auxiliando no desenvolvimento de suas capacidades de raciocínio. Exemplo: Devemos proporcionar ao aluno a relação que existe entre duas escritas diferentes de uma mesma tabuada. 3 x 4 = 4 + 4 + 4 = 12 Este raciocínio expressa o total de rodas utilizadas na montagem de 3 carros. Já 4 x 3 = 3 + 3 + 3 + 3 = 12, não expressa o mesmo raciocínio. Poderíamos pensar no total de rodas utilizadas na montagem de 4 triciclos. Na segunda série, quando se inicia o processo de construção da tabuada, as crianças já têm condições de associar a contagem de 4 em 4 à adição de parcelas iguais ou a multiplicação. É fundamental que os alunos associem a palavra ”vezes” e o sinal “x” à quantidade de vezes que eles somaram ou contaram uma mesma quantidade. É importante que os pais participem deste processo de aprendizagem, não exigindo a memorização da tabuada sem atribuição de sentido e sim de forma significativa. O que pode ser conseguido a partir de jogos como: bingo e dominó, que são amplamente conhecidos e pertencentes a nossa realidade. Anvimar Gasparello e Isabel Lombardi Assessora de Matemática de 1a a 4a série