SINTAGMA

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SINTAGMA - ROTEIRO
Seqüência de elementos lingüísticos, unidos por uma relaçào decorrente do caráter linear da
língua, em virtude do qual um termo adquire valor opondo-se ao termo que precede ou que segue,
ou a ambos. A definição é de Saussure e procurou manter-se fiel a sua doutrina.
"A noção de sintagma aplica-se não só às palavras, mas aos grupos de palavras, às unidades
complexas de qualquer dimensão e qualquer espécie (palavras compostas, derivadas, membros de
frases, frases inteiras)": Sausurre, Cours). A noção de sintagma é muito geral, incluindo até as frases
estereotipadas ( sebo nas canelas), mas também as construções normais da língua.
O sintagma pode ser:
a) dois semantemas - manga-espada
b) um afixo e uma base - reler
c) uma base e um afixo - tristeza
d) uma locução - estrada de ferro
e) um determinante e um determinado - dia de aniversário
f) uma preposição e seu objeto - de fome
g) um período - se puder, irei
A oração "O lavrador limpava o mato." pode ser dividida, intuitivamente, em seus
constituintes imediatos: um sintagma nominal (determinante mais nome) e um sintagma verbal
(verbo mais nome ou sintagma nominal) . O sintagma que exerce a função de sujeito é um sintagma
nominal, tem um nome como núcleo; o sintagma que exerce a função de predicado tem como
núcleo um verbo em forma finita, é um sintagma verbal. Cada um dos constiuintes imediatos de
uma oração pode ser subdividido em outros constituintes imediatos.
Analisemos as orações:
Esses meninos precisam de boa escola.
Os meus ideais são barcos de papel.
O sintagma é uma cristalização do paradigma. Esse prende-se à língua, é um sistema préestabelecido. O sintagma é a concretização do paradigma, é a utilização do paradigma. Considere-se
a oração: "A lua banha a solitária estrada". O paradigma é como um depósito onde vamos apanhar o
material de que necessitamos para falar, isto é, as palavras. O sintagma é a concretização de uma
opção. As variações lingüísticas repousam no plano da fala; a diacronia tem a ver com o sintagma,
identifica-se com o plano da língua, enquanto estrutura resultante das relações lógicas e psicológicas
componentes do sistema da língua.
A utilização dos elementos da língua nas diversas situações da vida constitui o discurso
(sintagma ) "Discurso é tudo que admite silêncio antes e depois. " A frase é a unidade do discurso, é
a atualização dos elementos por um determinado indivíduo, num determinado momento. É um
"drama" com falante, ouvinte(s) e situação, embora a ênfase recaia sobre um dos três elementos. A
distinção entre frase e vocábulo está na entonação, no "drama" (fonema< vocábulo< frase) Ex. eau um só fonema , que pode representar uma frase. A extensão e a forma não importam e sim a
entonação, representada na escrita pela pontuação. A frase pode se consistir de um só vocábulo:
Paremos; Sim; Fogo! Há sempre uma binaridade (situação= contexto extralingüístico). Não é
necessária a significação completa e sim um propósito definido. A enunciação pode ser
interrompida (citações e provérbios) . Coordena-se com a única mímica que pode substituir
palavras. A frase se completa com elementos contextuais e situacionais. Cada língua tem seu padrão
frasal (língua indígena: mel inseto eis ele árvore flores colhem ativo) A frase escrita é muito
diferente (o destinatário é desconhecido, não há situação). No discurso escrito aparece a frase
complexa, constelação de subunidades frasais (hipotaxe ou período subordinado). Considerar: O
bom aluno estuda, porque gosta, aproveita o tempo, tanto quanto for possível.
O sistema é organizado para função informativa, na base de uma representação pura. A frase é
um produto da vida, não é pura informação, é antes de tudo apelo, comunhão, liberação psíquica.
Sem o sistema só haveria gritos. O estilo é a solução do problema de chegar à expressividade.
Preferem-se locuções e controem-se novas. Há regionalismos e até extravagâncias.
A oposição entre a visão estática e a dinâmica do mundo cria a distinção entre nome e verbo.
Na frase nominal atribui-se um nome a outro, podendo-se substituir um deles por um dêitico; pode
ser um verbo em forma nominal. A frase verbal constitui-se com base em um verbo e indica uma
força ou processo. Há o sujeito e o predicado, o que não exige dois vocábulos. O sujeito pode estar
implícito na flexão verbal, ou no contexto extralingüístico. O predicado é o determinante do sujeito,
que é o tema e pode ser deduzido de várias formas: concordância verbal, colocação, entonação.
Considerar: "A África tem leões/ Há leões na África. Os verbos impessoais, em certas línguas,
exigem um sujeito apenas gramatical, por não haver outro molde. Em português, isso pode
acontecer com o pronome se. Considerar: o quintal onde dá bananas. Pensamos por meio de
predicados, o processo pode ser concebido por si mesmo, o que acontece nas orações sem sujeito. A
frase é uma estrutura binária, mas o sujeito pode ser eliminado. O sujeito pode ser ativo, passivo ou
inativo. Nos sujeitos ativos o verbo pode ser transitivo, atingir um objeto. Esse objeto, na voz
passiva é quem pratica a ação. Caracteriza-se por posição na frase ou por valor semântico. A frase
recíproca tem sujeito medial, representado por pronome oblíquo da mesma pessoa e que pode ser
omitido: A porta se abriu. / A porta abriu. / A porta foi aberta _ voz passiva, sujeito antropormófico,
ou voz reflexiva? Há interdependência entre a voz passiva e a reflexiva A forma impessoal é mais
aceita com verbos intransitivos. A passiva completa é evitada na linguagem coloquial, o mais
comum é a omissão da agente; a preposição por se prende a complemento de meio ou de finalidade.
A essência da voz passiva é o realce do processo ativo em detrimento do agente que é
esporadicamente incluído no predicado. "O que mais se aproxima de um verbo passivo é um verbo
ativo usado impessoalmente." Para preenchimento do sujeito indeterminado há vários recursos: a
gente, você, neguinho.
No ato da comunicação, recorre a unidades fônicas e significativas para expressar sua
mensagem, para, em seguida, organizá-las da maneira que sua língua exige. Considerar: cachorro
morde homem; canis mordet virum. A diferença entre o sujeito e o objeto em português depende da
ordem das palavras, não da flexão. A negação em diversas línguas pode ser expressa de diversas
formas. Cada língua é uma organização do real, no léxico, como na gramática.
Restrições sistêmicas - cada língua escolhe seus morfemas em função das categorias com que
ela opera: Ex: no português há singular e plural, no inglês o adjetivo vem sempre antes do
substantivo. Em português a orde é mais ou menos livre: Aqui mando eu / Eu mando aqui. As
colocações se manifestam, às vezes, em nível semântico: diversas opiniões / opiniões diversas ( os
níveis semânticos e sintáticos se interpenetram. "Adão comeu a maçã - o verbo comer só aceita
sujeito animado.
Norma - O lingüista não faz um julgamento de valor, isso faz o gramático. Para o lingüista,
tudo que ocorre na língua interessa à descrição da estrutura da língua. A língua está sempre em
equilíbrio instável, nenhuma língua é falada de forma homogênea em todo seu território. Há
variações que podem ser absorvidas pelo sistema. A norma é um conjunto de regras que obedece a
um padrão social e é ensinado na escola e aos estrangeiros. Não pode ser regional, nem popular,
nem literária. Deve assentar-se no uso escrito culto. Há usos expressivos da lingugem coloquial,
mas o ensino da norma culta tem uma função social.
A defasagem entre os níveis fonológico ( dos Stes. ) e da sintaxe é preenchido pela morfologia
(flexão ) A diferença entre uma cadeia gramatical e uma agramatical é que nesta não se respeitam as
regras do sistema. Há uma conexão entre a gramaticalidade das sentenças e a significação dos
enunciados reais ou potenciais. Considerar: Levantamos tarde essa manhã. Nas sentenças há
relações de constituição (as palavras são constituintes dos sintagmas e esses das sentenças)
dependência (regência) e concordância. Essas relações compõem a gramaticalidade da sentença.
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