Levantamento de doenças de uva na região de Dracena-SP

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1º Encontro Internacional de Ciências Agrárias e Tecnológicas
Crise: tecnologias para a superação de desafios no setor agrário
21 e 23 DE SETEMBRO DE 2016
Levantamento de doenças de uva na região de Dracena-SP
Data collection of grape’s diseases in the region of Dracena-SP
DANILO WANDERLEY MENDES1; JULIANO JORGE VALENTIM1; MATHEUS
MANTOVANI FREIRE1; ANA CAROLINA FIRMINO1.
¹FCAT-
Faculdade
de
Ciências
Agrárias
e
Tecnológicas;
*[email protected]
RESUMO
A vitivinicultura brasileira esta presente em diferentes regiões do Brasil e na região do
noroeste do Estado de São Paulo vem ganhando importância, pois com o uso de irrigação,
produz dois ciclos anuais, um para a safra principal nos meses de julho a novembro, época de
maior escassez no mercado. A videira durante todo seu ciclo está sujeita a uma série de
doenças que podem trazer prejuízo ao produtor. Conhecer as doenças que ocorrem nas
diferentes regiões produtoras de uva são de extrema importância para que medidas de controle
adequadas sejam adotadas. Deste modo o presente trabalho tem como objetivo realizar o
levantamento das doenças que ocorrem nas parreiras de uva da região de Dracena, sendo que
os dados apresentados no presente trabalho correspondem a primeira coleta realizada. Este
levantamento inicial foi realizado no mês de agosto por meio da análise de amostras coletadas
em quatro parreirais na cidade de Junqueirópolis/SP. As amostras foram coletadas no final do
ciclo de produção de uvas. A metodologia de avaliação compreendeu a coleta de partes da
planta com sintomas de doenças junto às áreas produtoras e a posterior diagnose. Neste
levantamento inicial foi possível constatar a ocorrência de caneluras do tronco da videira,
causada por vírus, de ferrugem e de requeima das folhas, causada por fungos.
PALAVRAS CHAVES: Fitopatologia, fungos, vírus.
INTRODUÇÃO
A vitivinicultura brasileira, embora presente em vários estados e regiões brasileiras se
concentram em poucas regiões. O Rio Grande do Sul é responsável pela maior produção de
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uva destinada à agroindústria do suco e do vinho. Na produção de uvas de mesa, a cultura se
destaca no Vale do São Francisco (Pernambuco e Bahia) e em São Paulo (MELO, 2015).
O Estado de São Paulo é o principal produtor de uvas de mesa, participando com cerca de
20% da área e da produção nacional. As áreas de produção de uva concentram-se nas regiões
de, Jales, São Miguel Arcanjo e Jundiaí. Normalmente estas regiões produzem Niágara
durante os meses de dezembro-janeiro-fevereiro, com uma safra anual (MELO, 2003). Há
alguns anos uma nova região vem ganhando destaque na vitivinicultura, a região Noroeste do
Estado de São Paulo, que com o uso de irrigação, produz dois ciclos anuais, um para a safra
principal nos meses de julho a novembro, época de maior escassez no mercado, e outro ciclo
para uma "safrinha" no primeiro semestre (MELO, 2015). Tupi Paulista possui maior área de
plantio, com 83 mil pés e produção estimada em 581 mil caixas de sete quilos. Em seguida,
vem as cidades de Santa Mercedes, com 14 mil pés e produção prevista de 42 mil caixas e
Dracena, com 4.400 pés e produção de 11 mil caixas (IBGE, 2013).
A videira durante todo seu ciclo está sujeita a uma série de doenças, que podem
ocorrer em todas as partes da planta, como raízes, troncos, ramos, folhas, brotos e cachos,
acarretando em diminuição da produção e consequentemente prejuízo ao produtor (NAVES et
al., 2005). Estas doenças podem ser ocasionadas por fungos, vírus, bactérias e nematóides.
Conhecer as doenças que ocorrem nas diferentes regiões produtoras de uva são de extrema
importância para que medidas de controle adequadas sejam adotadas, principalmente quando
nesta cultura existe o risco da ocorrência de pragas quarentenárias A1 e A2 (MAPA, 2016).
No ano de 2009 a bactéria Xanthomonas campestris pv. viticola, classificada como praga
quarentenária A2, foi encontrada em parreiras de uva na região de Tupi Paulista. No pomar a
incidência da doença variou de 70% a 80% de plantas (NETO et al., 2011). Depois do
diagnóstico que comprovou a existência desta bactéria na área estratégias de controle
baseadas em na vigilância e erradicação intensiva foram aplicadas pela Coordenação de
Proteção de Plantas do Estado de São Paulo. Como resultado desta campanha de erradicação,
a Xanthomonas campestris pv. viticola no Estado de São Paulo pode ser descrita como
ausente sob controle oficial. Este caso exemplifica a importância do levantamento de
ocorrência de doenças e consequente monitoramento dos parreirais.
Deste modo o presente trabalho tem como objetivo realizar o levantamento das
doenças que ocorrem nas parreiras de uva da região de Dracena, durante dois anos, sendo que
os dados apresentados no presente trabalho correspondem a primeira coleta realizada.
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MATERIAL E MÉTODOS
Este levantamento inicial foi realizado no mês de agosto de 2016 por meio de coletas
em quatro parreirais de uva na cidade de Junqueirópolis/SP (nomeados P1, P2, P3 e P4).
Todos os parreirais são compostos pela variedade Niágara Rosada enxertada na variedade de
uva IAC 572, sendo o único fator que diferencia o P4 dos demais é o uso de um inter-enxerto
(filtro). Estas áreas foram escolhidas devido ao acesso fácil. As amostras foram coletadas ao
acaso no final do ciclo de produção de uvas. Foram coletadas 20 amostras em cada área
visitada. A metodologia de avaliação compreendeu a coleta de partes da planta com sintomas
de doenças junto às áreas produtoras e a posterior diagnose. Foram coletadas amostras de
folhas com necrose e troncos secos ou cancros. Para isolamento dos fungos e bactérias,
fragmentos do material coletado (1cm2) foram desinfetados superficialmente com álcool 70%,
NaClO a 2% e água esterilizada e colocados em meio de cultura contendo 2% de ágar. As
placas (3 placas por amostra) foram incubadas a 25±1oC em fotoperíodo 12 horas em BOD.
Dois dias após o aparecimento das estruturas do patógeno em torno do fragmento usado, estes
foram transferidas para placas contento meio BDA (Batata, dextrose e agar) e incubadas nas
mesmas condições citadas anteriormente. A identificação do patógeno consistiu na análise
conjunta sintomatológica e análise das lâminas das estruturas que se desenvolveram na placa
de petri. Doenças causadas por vírus e por fungos biotróficos, que não crescem em meio de
cultura, foram identificados somente pela sintomatologia.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Das doenças virais que ocorrem nesta cultura, foi diagnosticada a caneluras do tronco
da videira somente na área P4 (Figura 1). Nesta propriedade a doença foi verificada somente
no cultivar usado como inter-enxerto (filtro) . O inter-enxerto permite na maioria das vezes
obter o efeito ananizante da variedade copa e ainda compatibilizar a cultivar copa com um
determinado porta-enxerto. Neste caso, as plantas estão morrendo e, como consequência,
estão sendo substituídas por plantas resistentes. A uva Niágara, que é cultivada na região,
pode ser afetada por inúmeros vírus, embora a maioria de forma latente, ou seja, a planta
afetada não mostra os sintomas característicos da doença e, quando mostra, estes sintomas
aparecem somente em determinadas fases do ciclo da planta, dificultando a sua observação.
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No caso da propriedade P4 a virose só está se manifestando após 10 anos e sua introdução da
na propriedade, pode ser através de plantas infectadas. Segundo Maia e Kuhn (2001) até o
momento não foi constatada a transmissão dos vírus através das ferramentas como a tesoura
de poda, canivete para enxertia, etc. Na Europa já está comprovado que espécies de
cochonilhas transmitem alguns vírus relacionados a doença do enrolamento da folha e do
complexo rugoso, portanto, é necessario que se faça um controle rigoroso das cochonilhas,
não só pelos sérios danos físicos que causam à cultura, mas também, pela possibilidade de
transmissão de vírus.
Figura 1: Caneluras do tronco da videira encontrada na propriedade visitada
As caneluras do tronco de videiras são devidas à presença de uma ou mais das
seguintes viroses: Canelura do tronco de Rupestris ("Rupestris stem pitting"), Acanaladura do
lenho de Kober ("Kober stem grooving") e Acanaladura do lenho de LN33 ("LN33 stem
grooving"). Ao "Rupestris stem pitting" e ao "Kober stem grooving" estão especificamente
associados os vírus Rupestris stem pitting associated virus (RSPaV) e Grapevine virus A
(GVA), respectivamente (KUHN; FAJARDO, 2003).
Em todas as áreas visitadas foram identificadas a ocorrência de ferrugem, causada pelo
fungo Phakopsora euvitis e requeima das folhas causada por Alternaria sp (Figura 2). As
lesões provocadas por este fungos causam pequenas necroses na folha. Estas necroses
aumentam rapidamente de tamanho e podem coalescer, cobrindo quase todo o limbo, o que
provoca a morte e queda das folhas. Segundo Neves e colaboradores (2006), esses sintomas
observados nas folhas de videiras em associação a estes fungos têm sido encontrados em
constantemente. A perda de área foliar compromete a formação e maturação dos ramos para o
ciclo seguinte, devido ao menor acúmulo de reservas de carboidratos (NEVES et al., 2006).
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A
B
Figura 2: Ferrugem, causada pelo fungo Phakopsora euvitis (A) e requeima das folhas
causada por Alternaria sp (B).
O oídio, causado pelo fungo Uncinula necator, apesar de presente em muitas plantas
daninhas na plantação (Figura 3), não foi observado nas plantas de uva, isso ocorre porque
Niágara Rosada, não apresentam problemas com a doença, e é a cultivar usada pelos
produtores da região.
A melhor alternativa para controle destas doenças nos campos é utilização de um
conjunto de medidas que englobem os princípios gerais de controle de doenças de plantas
(evasão, exclusão, erradicação, regulação, proteção, imunização e terapia) (AMORIN et al.,
2011).
No caso das viroses o melhor método de controle é a irradiação de plantas doentes e
uso de material de propagação certificados (porta-enxerto e copa) livre de vírus. Já doenças
foliares causadas por fungos, como as encontradas no levantamento realizado, normalmente
são controladas normalmente através da aplicação de fungicidas triazois e estrobirulinas. As
pulverizações com fungicidas nas cultivares de uvas de mesa devem ser iniciadas após a
brotação, quando as plantas entram na fase de maior suscetibilidade às principais doenças
fúngicas, utilizando-se, de forma racional, produtos registrados para a cultura (MAIA et al.,
2003; NEVES et al., 2013).
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Figura 3: Oídio em plantas daninhas nas propriedades visitadas
CONCLUSÃO
Neste levantamento inicial constatou-se a ocorrência de caneluras do tronco da videira,
causada por vírus, somente na área P4 e de ferrugem e requeima das folhas, causada por
fungos em todas as áreas visitadas. Os dados obtidos serão passados para os produtores para
desenvolvimento de estratégias de manejo destas doenças. Esta trabalho terá continuidade
para acompanhamento a longo prazo da situação destes parreirais.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Agrônomo Jeoji SOBRENOME e aos produtores que nos receberam
em sua propriedade.
REFERÊNCIAS
AMORIM, L., REZENDE, J. A. M., BERGAMIN FILHO, A. (Org.). Manual de
Fitopatologia: Princípios e conceitos. 4 ed. São Paulo: Ceres, 2011, v. 1.
IBGE : Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2013) Disponível em:
<http://www.cidades.ibge.gov.br/comparamun/compara.php?lang=&coduf=35&idtema=136
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2016.
KUHN, G. B., FAJARDO, T. V. M. Uvas Viníferas para Processamento em Regiões de
Clima Temperado - Doenças causadas por vírus, bactérias e nematóides e medidas de
controle. Embrapa Uva e VinhoSistema de Produção, 4. Versão Eletrônica. 2003.
MAIA, J. D. G.; KUHN, G. B. (Ed.). Cultivo da Niágara Rosada em áreas tropicais do Brasil.
Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 2001. 72 p.
MAPA: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2016). Disponível em:
<www.agricultura.gov.br/> acesso em jun. de 2016.
MELLO, L. M. R. (2003) Cultivo da Videira Niágara Rosada em Regiões Tropicais do
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MELLO, L. M. R. (2015) Desempenho da vitivinicultura brasileira em 2015. Disponível em:
< https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/9952204/artigo-desempenho-davitivinicultura-brasileira-em-2015> acesso em jun. de 2016.
NAVES, R. de L. et al. Controle de doenças fúngicas em uvas de mesa na região noroeste do
Estado de São Paulo. Embrapa Uva e Vinho. Circular Técnica 68, 2006.
NAVES, R. de L; TESSMANN, D.J.; GARRIDO, L. da R.; SÔNEGO, R.O. Sistema de
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Embrapa Uva e Vinho, 2005. (Embrapa Uva e Vinho. Sistemas de produção, 10). Disponível
em:<http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Uva/MesaNorteParana/doen
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NETO, J. R, Destéfano, S. A.L., Rodrigues, L. M.R., Pelloso, D. S., & Oliveira Júnior, L. C..
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Figura 3: Oídio em plantas daninhas nas propriedades visitadas
A melhor alternativa para controle destas doenças no campos é utilização de um conjunto de
medidas que englobem os princípios gerais de controle de doenças de plantas (evasão,
exclusão, erradicação, regulação, proteção, imunização e terapia) (Amorin et al., 2011).
No caso das viroses o melhor método de controle é a irradiação de plantas doentes e uso de
material de propagação certificados (porta-enxerto e copa) livre de vírus. Já doenças foliares
causadas por fungos, como as encontradas no levantamento realizado, normalmente são
controladas normalmente através da aplicação de fungicidas triazois e estrobirulinas. As
pulverizações com fungicidas nas cultivares de uvas de mesa devem ser iniciadas após a
brotação, quando as plantas entram na fase de maior suscetibilidade às principais doenças
fúngicas, utilizando-se, de forma racional, produtos registrados para a cultura (Maia et al.,
2003; Neves et al., 2013).
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