UMA REVISÃO SOBRE TÊXTEIS: ALGODÃO COLORIDO FAGUNDES, Laidines S.1; BERNARDY, Katieli.1; GARLET, Tânea M. B.2 Palavras-Chave: Plantas têxteis, Gossypium, fibras vegetais. Introdução As fibras têxteis vegetais se encontram prontas na natureza, são a matéria-prima, com a qual as indústrias transformam em fios para a fabricação de tecidos, elas podem ser retiradas das folhas, caules, sementes ou frutos, algumas plantas têxteis por apresentarem fibras grossas, ou curtas são utilizadas para outras produções não passando por fiação. Dentre as plantas têxteis de interesse econômico destaca-se o algodão, que pertence ao gênero Gossypium das Malváceas. Uma espécie bem notável entre os algodões brasileiros é o conhecido como seridó, uma espécie arbórea e perene. Como subprodutos de sua produção são aproveitados, ainda, o óleo, a farinha, a torta, o línter e a casca, todos extraídos da semente ou caroço (RIZZINI-MORS, 1995). O algodão enquanto matéria-prima básica, embora tenha passado pela incorporação intensiva de tecnologias nas principais nações cotonicultoras, mantém sua posição destacada, além disso está em que não se encontrou fonte de matéria-prima com capacidade de deslocar o algodão da posição de principal fibra utilizada nas confecções, sequer as fibras sintéticas, que ganharam força com a revolução da petroquímica, produziram a completa substituição do algodão (URBAN et al., 1995). O recente interesse por cultivares de fibra colorida está no fato de dispensar o tingimento do fio, eliminando os custos e os problemas ambientais ocasionados pela deposição dos seus resíduos tóxicos, sendo valorizada como produto ecológico, no Brasil o algodão colorido é produzido comercialmente no Nordeste, mas o interesse é crescente, e outras regiões já estão iniciando o cultivo (ARAÚJO et al., 2009). Segundo Santana et al. (1999) o algodão de fibra colorida existe na natureza há vários séculos, o algodão de fibra colorida do Nordeste brasileiro, foi colhido em meio à vegetação nativa (plantas asselvajadas de algodão mocó) pela primeira vez em 1984 e, posteriormente, melhorado as características agronômicas e tecnológicas da fibra e do fio. O presente trabalho de revisão faz parte do processo avaliativo da disciplina de Botânica III, sendo realizado durante o mês de setembro de 2010, tendo como referência artigos científicos e livros técnicos sobre algodão e plantas têxteis. Após a pesquisa bibliográfica todas as informações foram 1 2 Alunas do curso de Ciências Biológicas da UNICRUZ, [email protected], [email protected] Professora do Curso de Ciências Biológicas, UNICRUZ, [email protected] discutidas em aula para a formulação deste resumo. Revisão bibliográfica O algodão colorido provém de um melhoramento genético obtido a partir do cruzamento do algodão primitivo, conhecido como macaco, com o algodão seridó que tem a fibra mais longa e mais resistente do mundo, a partir do cruzamento envolvendo materiais advindos de plantas de fibra colorida com cultivares de fibra branca de boa qualidade, adaptadas às condições climáticas da Região Nordeste, foram obtidas pela EMBRAPA novas cultivares nas cores verde, em 2003 e, em 2005 foram obtidas as cores rubi e safira (FARIAS, 2008). A cor da fibra do algodão, apesar de controlada geneticamente, também depende de influência ambiental, como tipo de solo, conteúdo de minerais do solo e luz solar, que determina a sua manifestação fenotípica, línter e a fibra dos algodões tetraplóides ocorrem em cores que vão do branco a várias tonalidades de verde e marrom, com relatos na literatura dos genes responsáveis por essas cores (CARVALHO, 2003). Conforme Lima (2006) entre os elementos essenciais, o nitrogênio é o extraído em maior quantidade pelo algodoeiro, que além de necessário para o crescimento e desenvolvimento da planta, e especialmente dos órgãos vegetativos, também estimula o crescimento e o florescimento, regulariza o ciclo da planta, aumenta a produtividade e melhora o comprimento e a resistência da fibra, quando aplicado em dosagens adequadas. Devido à tendência de redução do impacto ambiental na produção e processamento de têxteis de algodão está impulsionando o resgate de fibras naturalmente coloridas, assim como o cultivo da fibra com técnicas da agricultura orgânica, o algodoeiro Gossypium sp. é uma das plantas mais cultivadas pelo homem, sendo considerada a mais importante fibra têxtil natural (DUTRA et al., 2010). Conforme Valle (2004) além do algodão do Brasil ser naturalmente colorido, a fibra tem constituição orgânica por todo processo ser limpo, apresentando propriedades similares às do algodão branco, sendo que o cultivo do algodão colorido traz benefícios ecológicos, visto que a sua coloração é natural, dispensando desta forma o uso de produtos químicos para o tingimento, o que diminui o nível de poluição dos rios. Comercialmente o algodão colorido natural é explorado há pouco tempo, embora seja tão antigo quanto o algodão branco, satisfazendo uma grande demanda na sociedade de países desenvolvidos, sendo utilizado principalmente por pessoas com alergias as tinturas usadas em tingimentos de tecidos com fibra do algodão branco convencional (LIMA et al., 2006). O algodão colorido tem apresentado excelente potencial de cultivo no semi-árido nordestino, onde as condições climáticas possibilitam a sua exploração sem o uso de defensivos agrícolas, condição requerida nos sistemas orgânicos, a presença de pigmentos naturais em suas fibras elimina a necessidade de tintura com corantes sintéticos, diminuindo os impactos ambientais (SILVA, 2005). Segundo Farias et al. (2008) apesar de todas as campanhas de erradicação, as variedades coloridas de algodão continuaram sendo cultivadas pelas sociedades originárias para diversos fins e, hoje, despertam o interesse de agentes do mercado que as vêm transformando em mercadoria. O algodão é uma fibra natural, de origem vegetal, e por não apresentar grandes exigências em relação ao clima ou ao solo, pode ser produzido em praticamente todos os continentes, mas é uma planta de cultura delicada e muito sujeita a pragas, sendo grande consumidora de herbicidas e fungicidas (ALVES et al., 2006). Nas tentativas para a retomada da atividade nas proporções quantitativas do passado, associadas a produtos de melhor qualidade com boa produtividade e rentabilidade para o produtor, têm sido alvo de muitas instituições que desenvolvem ações para obtenção de técnicas de produção adequadas e materiais genéticos mais produtivos e de melhor qualidade (BRITO et al.; 2002). Os algodoeiros de fibras coloridos, comparados com os algodoeiros de fibra branca ainda foram poucos explorados em termos de melhoramentos genéticos, apresentando uma qualidade inferior, além de possuir um menor potencial em termos de rendimento. (CARVALHO, 2005). O algodão naturalmente colorido apresenta vantagens em relação ao algodão branco, pois não necessitam de tingimento barateando o processo de maior custo para a tecelagem em até 50%, além diminuir as despesas com resíduos dessa operação (FIGUEIREDO, 2005). Conclusão O cultivo de algodão colorido é ecológico, pois dispensa o uso de corantes, obtendo-se tecidos com fibras naturalmente coloridas, que não desbotam e não causam impacto ao meio ambiente, pois dispensam o uso de substâncias químicas e assim reduzem o consumo de água nas indústrias têxteis. Referências ALVES, S. J. G.; RAPHAELLI, N.; FANGUEIRO, R. Desenvolvimento sustentável na Indústria Têxtil: Estudo de propriedades e características de malhas produzidas com fibras biodegradáveis. XXII Congresso Nacional de Técnicos Têxteis – VIII Fenatêxtil. Recife, 2006. ARAÚJO et al., Congresso Brasileiro do Algodão – Sustentabilidade da cotonicultura Brasileira e Expansão dos Mercados: Anais. Campina Grande, p. 1631-1637, 2009. BRITO, R. D.; BELTRÃO, M. E. N. Comportamento de Novas Cultivares de Algodoeiro herbáceo submetidas a diferentes arranjos de plantas de Alagoas. Campina Grande, Rev. Bras. Ol. Fibros. v.6, n. 2, p. 577-586, 2002. CARVALHO L. P.; SANTOS, W. J. 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