TROPA DE ELITE-PF ECONOMIA Módulo 4

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TROPA DE ELITE-PF
ECONOMIA
Módulo 4- POLÍTICAS FISCAL, MONETÁRIA E
OUTRAS
Otacílio Araújo
2012 Copyright. Curso Agora eu Passo - Todos os direitos reservados ao autor.
ECONOMIA
4. POLÍTICAS FISCAL, MONETÁRIA E OUTRAS
1.CONCEITOS BÁSICOS
A macroeconomia é a parte da ciência econômica que estuda os
agregados econômicos. O programa do edital do CESPE/UnB para a Polícia
Federal -2012, constitui a aplicação de parte destes conceitos ao campo das
Finanças Públicas. O capítulo 4 do programa dedica-se ao estudo das políticas
fiscais e monetárias. Estas têm como propósito condicionar a economia a uma
maior geração de riqueza, aqui entendida pelo conceito de PIB que resume em
único número o valor em unidades monetárias da atividade econômica em um
determinado período. É sob todos aspectos uma medida do desempenho
econômico ou ainda, é uma medida síntese do esforço produtivo. Tanto a política
fiscal como monetária também tem função estabilizadora da economia.
Entender o crescimento econômico é um velho desafio da teoria econômica.
Adam Smith, considerado o pai da economia, tem sua mais importante obra1
dedicada à explicação das possíveis causas e natureza da origem da riqueza das
nações. Os modelos de crescimento de longo prazo moderno como o de Solow,
na verdade resgatam este velho e dominante tema da economia, lançando sobre
ele novas explicações. Os governos do mundo inteiro estiveram empenhados nos
últimos cinquenta anos, em fazer suas economias gerar maior riqueza.2 Isto
porque, maior nível de renda determina maior renda per capita, e portanto, eleva
o padrão de
bem estar social, e consequentemente, reduz os principais
problemas sociais como desemprego e violência.
Na verdade os modelos de crescimento econômico de longo prazo
diferentemente dos modelos de curto prazo, procuram responder, as distintas
trajetórias de crescimento de diferentes países. Em outras palavras busca
explicação para o fato de que, um determinado pais dobrou seu padrão de
riqueza em trinta anos enquanto que, no mesmo período, outros países
permaneceram, ou até mesmo, reduziram seu padrão de riqueza.
Keynes revolucionou o pensamento econômico da época, quando
inspirado na crise de 1929, criou a base da macroeconomia moderna ao discutir a
geração da riqueza numa ótica estritamente de CURTO PRAZO, como ironizou: “no
longo prazo todos estaremos mortos.” Keynes, coloca então, no plano central da
sua obra, a Teoria Geral, a crise econômica de curto prazo. A grande depressão
de 1929. No plano teórico, enfrenta os economistas neoclássicos, sugere a
demanda efetiva como determinante da paralisação da economia, e a sua
superação se dá pela entrada do Governo na economia, daí a origem das política
1
Adam Smith. A riqueza das nações: investigação sobre sua natureza e suas causas. O titulo original é: An Inquiry into
the nature and causes of the wealth of nations.
2
Esta perspectiva de manutenção de taxas de crescimento elevadas, tem sofrido críticas de estudiosos. No Brasil o
professor e senador Cristovam Buarque, defende outros objetivos a serem maximizados que não a busca obsessiva por
maior crescimento econômico.
2
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ECONOMIA
fiscal discricionária. Esta será melhor detalhada a seguir. Também será abordada
a política monetária e cambial.
2. A POSIÇÃO DOS ECONOMISTAS CLÁSSICOS/NEOCLÁSSICOS E DA TEORIA GERAL
DE KEYNES
Keynes representa uma ruptura com as ideias dos economistas clássicos
para quem os mecanismos de preços de mercado sob condições de
concorrência perfeita eram capazes de assegurar o equilíbrio automático da
economia e, ainda mais, este equilíbrio era de pleno emprego dos fatores de
produção. A crise de 1929 demonstrou entretanto, que o pensamento clássico não
explicava bem o funcionamento da economia. Keynes ao contrário, identifica o
problema na insuficiência de demanda ou simplesmente demanda efetiva, e
sugere a entrada do governo na economia como forma de dinamizar a economia.
Aí está o surgimento das políticas fiscais discricionárias. As principais distinções do
pensamento clássico e de Keynes estão relacionados abaixo.
CLÁSSICOS
TEORIA GERAL
JONH M. KEYNES
Economia funcionava em Equilíbrio de Pleno Emprego
a)Automatismo de Pleno Emprego; (mercados concorrenciais e flexibilidade de preços e
salários).
a) Análise de Longo Prazo;
ou não funcionar em
de Pleno
Empregode preço tem duplo
b) Economia
Mecanismopode
de Mercado→Garantia
de Equilíbrio
Pleno Emprego.
Mecanismo
a)Não
há
Automatismo
de
Pleno
Emprego.
Eq.
se
dá
a
qualquer
nível
de produto e emprego.
papel:
b)Análise
de
Curto
Prazo;
c) Equilíbrio do Orçamento Fiscal;
c)Rejeita
o mecanismo
de preços
de Mercado→Garantia
de Plenoe Emprego.
Rejeita
a função
d) A renúncia
(abstinência)
ao consumo
para gerar poupanças
o desejo de
investir
era as inform.
duas
d) Papel
dos
Gastos
públicos
como
suplemento
ao
dispêndio
Privado/
Demanda
Efetiva;
virtudes básicas do sistema de mercado.
e)Rejeita
o Equilíbrio
do Orçamento
Fiscal (Exacerba
flutuações
cíclicas)
e) Processo
de ajustamento
de quantidade
e preçosas(efeito
preços
e não na quantidade).
f) Escassez de Novos Investimentos ( sua queda está associada a queda na eficiência marginal do
capital.
f)Processo de ajustamento de quantidade (efeito quantidade), ligado ao papel informacional dos
preços.
3. POLÍTICAS FISCAIS E MONETÁRIAS
As políticas fiscais referem-se às mudanças nos Gastos Públicos e na
Tributação. Somente as alterações destas variáveis constituem política fiscal. A
Primeira observação que se faz sobre estas políticas trata-se do tempo que levam
para gerar efeitos sobre a economia, que se convencionam chamar de processo
de ajustamento. O processo de transmissão dos efeitos da política fiscal é mais
lento do que o da política monetária.
3.1 Classificação das Políticas Fiscal e Monetária quanto aos seus Efeitos sobre a
Renda
3.1 Políticas Fiscais Expansionistas ou restritivas
3
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ECONOMIA
As políticas fiscais são ditas expansionistas quando EXPANDEM, aumentam a
produção de bens e serviços da economia e como consequência o aumento de
emprego. São ditas RESTRITIVAS, quando restringem, DIMINUEM a produção de
bens e serviços gerando um quadro de redução do emprego e aumento do
desemprego. São exemplos de políticas expansionistas aumento dos gastos do
governo (∆G), ou redução da tributação (-∆T). De forma contrária, redução dos
gastos (-∆G) e aumento da tributação (∆T) são restritivas. Observe numa primeira
análise que quando os recursos são injetados na economia implicam em política
expansionista, enquanto que quando a política representar saídas de recursos,
tem-se políticas restritivas.
3.2 A Relação entre PIB e Desemprego: A lei de Okun
A lei de Okun (Arthur Okun), tem como fundamento, o fato de que, os
trabalhadores quando estão empregados produzem bens e serviços e ao deixar
de trabalhar, passaram ao desemprego e não mais produzirão bens e serviços.
Partindo deste fato relativamente, óbvio, Okun estabelece uma relação entre
desemprego e crescimento do produto. (produção de bens e serviços). Embora
exista um certo exagero em se denominar “Lei” a uma relação de regularidade
empírica, a “Lei” de Okun, é um guia relativamente útil porque nos dá uma
possibilidade de avaliação de uma meta de crescimento sobre o nível de
desemprego. Esta relação é mostrada pela expressão abaixo:
∆u = -0,4 (Y - 2,5)
Onde,
∆u= Variação na taxa de desemprego;
Y = taxa de crescimento do produto.
2,5 = crescimento tendencial do produto.
Suponha um crescimento dom produto(Y) de 5%. Então tem-se que:
Δu  0,4(Y  2,5)
Δu  0,4(5%  2,5%)   0,4(2,5%)  Δu  1,0%
Qual o significado deste resultado? Ele está a nos contar que um crescimento do
produto de 5% provocou uma redução no desemprego de 1,0%. Vamos tomar um
segundo exemplo para que não sobre-existam dúvidas. Suponha que o produto
de uma economia cresceu às seguintes taxas: a) Y = 7,5% e c) 10%. O que deve
ocorrer com o nível de desemprego dessa economia? Vejamos.
a) Se, Y = 7,5%, então: Δu  0,4(7,5%  2,5%)  -0,4 5%  2%
b) Se, Y = 10%, então: Δu  0,4(10%  2,5%)  -0,4 7,5%  3%
Os resultados estão a nos contar que se a economia crescer a 5%; 7,5%; e 10% o
desemprego deverá reduzir de 1%, 2% e 3% respectivamente.
4 Política Fiscal no âmbito do Modelo Keynesiano Simples ou de Gastos autônomos
O modelo Keynesiano simples ou de gastos autônomos reflete o diagnóstico
de Keynes para a grande crise de 1929, a primeira grande depressão por que
passou a economia capitalista. Assim na sua concepção o problema da
4
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ECONOMIA
economia residia na insuficiência de demanda, isto é, as compras da economia
situavam-se abaixo da produção. Como as empresas não conseguiam vender sua
produção não realizavam seus lucros. Keynes então propõe a entrada do Governo
na Economia complementando as compras da economia privada, com isso, os
empresários realizavam seus lucros e a economia gradualmente sairia da
recessão. O modelo é chamado de gastos autônomos porque as variáveis como
gastos do governo e investimento dos empresários são dados, isto é, não
dependem de outras variáveis.
4.1 Estrutura do Modelo
O modelo Keynesiano Simples ou de Gastos Autônomos está estruturado
para uma economia fechada composta da oferta agregada (o total da produção
de bens e serviços finais), e a demanda agregada ( o total de compras da
economia). Em equilíbrio a oferta é igual a demanda, assim:
Oferta Agregada = Demanda Agregada → Y = DA → Y = C + I + G
Onde,
Y = é o produto ( produção de bens e serviços finais);
C = É o consumo das Famílias;
I = É o investimento dos Empresários (Compra de máquinas e Equipamentos);
G = Gastos do Governo.
A função consumo de Keynes é dada por C = C0 + cYd, substituindo-se na
expressão acima tem-se que:
Y = C0+cYd + I0 + G0
Logo a lógica desse modelo é verificar como um aumento em uma das
variáveis autônomas; Consumo autônomo das famílias C0, Investimento autônomo
dos empresários I0 e Gastos autônomos do governo G0,
causa variação na demanda e determinam variações na oferta agregada.
Portanto, o que o modelo se propõe é quantificar quanto um aumento dos gastos
autônomos, por exemplo gastos do governo, afeta o nível de renda de equilíbrio
da economia.
4.2 Hipóteses do modelo básico
As três principais hipóteses do modelo de determinação de renda Keynesiano
simples ou de gastos autônomos são:
a) Desemprego de Recursos. A economia está funcionando abaixo da utilização
plena dos fatores de produção, existe portanto, capacidade ociosa das
máquinas e desemprego da mão-de-obra.
b) Os preços são supostos constantes.
c) Análise de Curto Prazo. O nível tecnológico, o estoque de capital, estoque de
mão-de-obra são considerados como dados (fixos), embora os seus níveis de
utilização sejam variáveis.
5
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ECONOMIA
d) Acurva de Oferta Agregada é dada. Como os fatores que determinam
alterações da oferta são mantidos constantes, a curva de oferta é fixa no curto
prazo.
e) Apenas a curva de Demanda determina variações no nível de equilíbrio da
renda nacional.
4.3 Equilíbrio e Multiplicador de Gastos Autônomo numa Economia Fechada e sem
Governo.
A condição de equilíbrio para uam economia simples e sem governo é dada
pela oferta agregada (produção) igual a demanda agregada (compras de bens e
serviços), assim tem-se que:
Y = C + I  Y  C  cY  I  Y  1  C  I   Y  k A
1 c 

D
A
E
A
0
4
5 DA1 = A + (1-c)Y
°
0
Y
0
Produto
, Renda
Onde,
k
1
1 c
é o multiplicador do modelo Keynesiano simples;
A= São os gastos
autônomos.
De forma resumida temos que:
Economia a 2 setores: Famílias (c ) e Empresas ( I )
Equilí
Multiplic Variação na Gastos
brio
ador
Renda
Autônomos
1
k
YkA
Y  k A
ACI
1 c
As equações acima nos mostram a condição de equilíbrio, o multiplicador
keynesiano e a variação de renda devido a variação em uma das componentes
dos gastos autônomos. a) As variações nos gastos autônomos dos agentes, que
numa economia fechada e sem governo, se reduzem as variações no consumo e
no investimento – provocam uma variação mais que proporcional na renda,
indicada pelo comportamento do multiplicador Keynesiano.
Note que, as
repercussões do aumento de um dos componentes dos gastos autônomos geram
6
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ECONOMIA
efeitos distintos sobre a renda de equilíbrio. No caso dos do multiplicador dos
gastos autônomos e dos investimentos também autônomos eles são iguais.
1
Y

G 1  c
1
Y

I 1  c
Seja uma economia que tem como função consumo C = 200 + 0,5Y e I = 300. a)
Qual o multiplicador autônomo; . b) Qual o nível da renda de equilíbrio; c) Qual a
repercussão sobre o nível de renda de um aumento de 100 no investimento
autônomo.
a)k = 1/1-c = 1/1-0,5 = 2
b)Y = kA → Y = 2. (500) = 1000
c)Y = k dA = 2. (100) = 200.
Uma extensão do modelo para incluirmos governo tributando e economia aberta,
teríamos
as
seguintes
relações
abaixo.
Indicadores
Equilíbrio
Equilíbrio
Multiplicador
Variação da
Renda
Gastos
Autônomos
Equações
Y  kA
Y
k
1
1  c(1 - t)  m
A
1
1  c(1 - t)  m
Y  k A
A  C  I  G  cTR
A  C  I  G  cTR - cT  X - M
5. TEOREMA DE HAVELMO OU MULTIPLICADOR DO ORÇAMENTO EQUILIBRADO
O Teorema de Havelmo ou do orçamento equilibrado, tem como corolário,
um aumento dos gastos públicos financiados por igual aumento dos tributos,
provoca um aumento na renda real de equilíbrio no mesmo valor dos gastos
públicos. Também pode ser enunciado como sendo igual a soma algébrica dos
multiplicadores de gastos do governo e impostos, como se segue.
1
Y

;
G 1  c
-c
Y

;
T 1  c
1
ΔY
ΔY
Y ΔY
c
 1


; 1 
G ΔT 1  c 1  c
ΔT
ΔG
Assim pela equação (3 ), o multiplicador dos impostos é, em valor absoluto,
igual a um menos o multiplicador dos gastos do governo. Se, c = 0,8, o
multiplicador dos gastos será 5 e dos tributos -4, logo o efeito final é |-4 + 5| = 1.
Este resultado reflete o fato de que as mudanças nos impostos têm impacto menor
7
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sobre a renda de equilíbrio, por unidade monetária, do que as mudanças nos
gastos do governo. Dito de outra forma, um aumento equilibrado no orçamento,
vale dizer, aumento igual nas despesas (gastos do governo) e receitas (tributos)
provoca um efeito expansivo sobre a economia.
Dornbusch e Fischer3, assim refere-se ao teorema de Havelmo, “o que
aconteceria ao nível de renda se as compras do governo e os impostos variassem
exatamente o mesmo montante e, como consequência o multiplicador
orçamentário permanecessem imutável entre o nível inicial e final de renda? A
resposta a esta questão está contida no famoso resultado do multiplicador do
orçamento equilibrado. O resultado é que o multiplicador do orçamento
equilibrado é exatamente 1. Isto é, um aumento nas compras do governo,
acompanhado de um igual aumento nos impostos, eleva o nível de renda pelo
montante exato do aumento nas compras”.
6. ESTABILIZADORES FISCAIS AUTOMÁTICOS
Os multiplicadores automáticos consistem em reduzir os efeitos de variações
na demanda agregada sobre a produção, neste sentido atuam como atenuadores
dos impactos sobre a produção tornando a economia mais estável. Dornbusch e
Fischer4, refere-se a este conceito como se segue:
“[...] Isto significa que, se qualquer componente da demanda
autônoma variar, a produção irá variar menos se houver um imposto
de renda proporcional do que na ausência de tais impostos. O
imposto de renda proporcional é um exemplo do importante
conceito de estabilizadores automáticos. Um estabilizador
automático é qualquer mecanismo na economia que reduz o
volume pelo qual a produção varia em resposta a uma alteração na
demanda autônoma.
[...] o imposto de renda proporcional não é o único estabilizador
automático. O seguro desemprego possibilita ao desempregado
continuar a consumir mesmo se ele não encontrar um emprego. Isto
significa que a demanda cai menos que quando alguém fica
desempregado do que cairia se não houvesse esse beneficio. Isto
também torna o multiplicador menor e a produção mais estável.”
Richard Froyen5, refere-se a este conceito verificando como o nível de renda
afeta itens do orçamento do governo.
“Consequentemente, o efeito líquido de uma elevação do nível de
renda será o aumento do superávit orçamentário ou a redução do
déficit existente. Uma expansão no nível de atividade econômica,
portanto, faz a política fiscal, conforme medida pelo superávit
orçamentário, torna-se mais restritiva. Isso funciona refreando a
3
Dornbusch e Fischer, op. cit. p.115
Ibdem. p.101.
5
Richard T. Froyen. Macroeconomia. 5. ed., São Paulo: Saraiva, p. 491, 2003.
4
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expansão. De maneira similar, um choque que faça a atividade
econômica cair resultará automaticamente em uma redução do
superávit orçamentário ou em um aumento do déficit, o que
amenizará a queda da renda. Essa é a essência do conceito de
estabilizadores fiscais automáticos.
[...] Na verdade, os estabilizadores fiscais automáticos
funcionam reduzindo a resposta da demanda agregada e, assim,
da renda a tais choques exógenos.”
O que muda com Governo e transferências autônomas e tributação em
função do nível de renda é o tamanho do multiplicador. Se a alíquota t situa-se
entre 0  t  1 , a entrada do governo reduz o efeito multiplicador dos gastos
autônomos. Se supusermos um aumento nos gastos autônomos de 100, então temse que: ΔA  100, c=0,5; t=0,5.
dY 
dY 
1
1 c
dA 
1
1  c1  t 
dY 
dA

1
1  0,5
100  2  100  200
1
1  0,51  0,5
100 = 133,33
Observa-se que houve uma redução no efeito multiplicador dos gastos
autônomos quando comparado com o modelo simples. Como o governo tributa a
renda total, as famílias não mais dispõem de toda sua renda mais apenas parte da
renda, que é a renda disponível, os efeitos renda consumo são reduzidos, o que
faz o multiplicador cair.
7. POLÍTICA FISCAL E MONETÁRIA NO ÂMBITO DO MODELO IS-LM: ECONOMIA
FECHADA
7.1 INTRODUÇÃO
O modelo simples de determinação da renda ou dos gastos autônomos,
idealizado por Keynes, não integrava de forma sistemática os mercado de bens e
serviços e o mercado monetário. A interpretação de maior influencia das ideias de
Keynes foi o modelo IS-LM6, desenvolvido por John
Hicks e Alvin Hansen7, na
década de 1930 e inicio da década de 1940. A curva IS representa o equilíbrio do
mercado de bens e serviços, portanto, o lado real (produção) da economia. O
6
Para uma excelente exposição deste modelo consultar, DONRBUSCH, Rudiger, e FISCHER, Stanley, Macroeconomia, 5ª ed., São
Paulo: Makron McGraw-Hill, 1991.
7
O modelo IS-LM foi apresentado em um artigo clássico do economista John R. Hicks, “Mr. Keynes and Classics: A Sugested
Interpretation”, Econometrica 5 (1937): 147-159.
9
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ECONOMIA
lado real da economia pode ser expresso pelo produto igual a demanda
agregada, o que equivale dizer que a poupança é igual ao investimento. Daí a
denominação IS. Investiment (I) igual a Saving (S). Por outro lado, o mercado
monetário é mostrado através da LM.
L é a demanda por moeda (Teoria da
Preferência pela Liquidez) e M é a oferta de moeda. O elo de integração destes
mercados de BENS E SERVIÇOS (IS) E MONETÁRIO (LM), é a taxa de juros. Esta
versão de Keynes, é também denominada de “versão bastarda de Keynes”, e foi
muita criticada porque apesar de integrar os mercados de bens e serviços e o
monetário, acabou mutilando as ideias originais de Keynes. As expectativas não
desempenham nenhum papel e também o ajuste de preços e salários estavam
totalmente ausentes. Ademais, o caráter instável das economias capitalistas e o
papel dos gastos do governo como principal instrumento de manipulação da
demanda agregada são igualmente ignorados. As discussões mais relevantes
centram-se no papel desempenhado pelas declividades da IS-LM.
Mas, posto
essas observações, há de se reconhecer que o modelo IS-LM amplia a agenda de
atuação do governo ao estabelecer as varias modalidades de políticas
monetárias e políticas fiscais como forma de controle da atividade econômica. O
Quadro 1 mostra a inter-relações entre o mercado de bens e monetário. O
equilíbrio no mercado de bens e serviços determina o nível de renda de equilíbrio,
que por sua vez determina a demanda por moeda, que acaba por determinar a
taxa de juros no mercado monetário.
Renda
MERCADO DE
ATIVOS
Oferta e Demanda de
Moeda
MERCADO DE
BENS
Oferta e Demanda de
Bens e Serviços
Taxa de Juros
Política Monetária
Política Fiscal
Quadro 1 - Inter-relações entre o mercado de bens e monetário
7.2 Política Fiscal Expansionista e Restritiva
No gráfico 1-a, a repercussão de uma política fiscal expansionista como
aumento dos gastos do governo ou redução da tributação é o aumento da renda
de equilíbrio que passa de Y0 para Y1 e o consequente aumento da taxa de juros
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ECONOMIA
que passa de r0 para r1. Porque isso ocorre? A renda ou produto aumenta porque o
aumento dos gastos do governo (compras do governo) provoca aumento da
produção para atender as compras. Já a taxa de juros, aumenta porque o
aumento no nível de renda aumenta a demanda por moeda para transação e
dada a oferta de moeda constante, a taxa de juros se eleva. A política fiscal
restritiva, entretanto, como mostra a Figura 1-b, provoca redução da renda
(produto) e redução da taxa de juros pelos mesmos motivos explicitados para o
supra citado.
Taxa de Juros
r1
r0
Taxa de Juros
LM
E1
r0
r1
E0
E0
LM
E1
IS1
IS01
IS0
Y0 Y1 Produto, Renda (Y)
(a)
IS1
Y1 Y0 Produto, Renda (Y)
(b)
Figura 1- Política Fiscal Expansionista e
Restritiva
7.2.1 - Efeito CROWDING OUT ou deslocamento
O efeito crowding out ou deslocamento é o afastamento do setor privado
da economia devido a uma política fiscal expansionista. Quando o governo com o
propósito de fazer a economia crescer realiza uma política fiscal expansionista
acaba por aumentar a taxa de juros da economia o que por sua vez reduz os
investimentos privados. Assim, uma das repercussões da política fiscal
expansionista é o de reduzir a participação do setor privado na economia, daí o
termo deslocamento. Portanto, se se verifica o crowding out o efeito final da
política fiscal será menor quando comparado com uma situação em que os
investimentos independem dos juros. Ocorre, entretanto, que nem sempre a
política fiscal expansionista gera aumento da taxa de juros isso porque, pode o
banco central fazer uma política monetária acomodativa. Um segundo fator é que
a expansão da produção com uma economia com elevado desemprego pode
não afetara a taxa de juros.
Y = C +  I(r) + G
11
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ECONOMIA
7.2.2 Caso da Acomodação Monetária da Expansão Fiscal e a Ausência do Efeito
Deslocamento
Os tomadores de medidas de política econômica podem acomodar
a expansão fiscal através do aumento da oferta monetária de tal forma que pode
não haver o efeito deslocamento, isto está mostrado na Figura 3, uma expansão
fiscal desloca a curva IS para cima e para a direita e move o equilíbrio de E0 para
E1. Devido ao aumento de renda de Y0 pra Y1, aumenta a demanda por moeda
para transação elevando a taxa de juros. Porém o BACEN pode acomodar a
expansão fiscal, criando moeda e deslocando a curva LM para
direita e para baixo.
Taxa de Juros
LM0
r0
LM1
E1
r1
E0
E2
IS0
0
Y0 Y1
Y2
IS1
Produto, Renda (Y)
Figura 2- Ausência do Efeito Deslocamento: Expansão Fiscal combinada com
Acomodação Monetária
7.2.3 Caso clássico e o efeito deslocamento completo
Se a curva LM for vertical um aumento dos gastos do governo desloca a
curva IS para cima e para a direita aumentando a taxa de juros, sem, entretanto,
alterar o nível de renda, como é mostrado na Figura 3. Isto ocorre porque no
mundo clássico a demanda por moeda é apenas função do nível de renda, não
estando relacionada com a taxa de juros. Então haverá um único nível de renda
no qual o mercado monetário estará equilibrado.
Taxa de Juros
LM
r1
IS1
r0
IS0
0
Y0
Produto, Renda (Y)
Figura 3 -Efeito Deslocamento Completo
7.3 Políticas Monetárias
No gráfico 2-a, a repercussão de uma política monetária expansionista
como aumento da oferta monetária é o aumento da renda de equilíbrio que passa
de Y0 para Y1 e a consequente redução da taxa de juros que passa de r0 para r1.
Porque isso ocorre? Porque o aumento da oferta monetária torna a moeda
12
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ECONOMIA
relativamente menos escassa fazendo com que seu preço caia. Como o preço do
dinheiro é a taxa de juros, esta cai. Já o nível de renda aumenta porque a queda
na taxa de juros estimula os investimentos privados e também o consumo das
famílias fazendo com que a demanda agregada aumente o que faz com que a
produção aumente. A política monetária restritiva, entretanto, como mostra a
Figura 2-b, provoca redução da renda (produto) e aumento da taxa de juros. Isto
porque de forma análoga, redução da oferta monetária, torna a moeda
relativamente mais escassa aumentando seu preço que é a taxa de juros.
Aumentando a taxa de juros desestimula tanto as compras das famílias como os
investimentos privados fazendo com que a renda caia.
Taxa de Juros
Taxa de Juros
LM0
E0
r0
r1
r0
E1
LM1
E1
LM1
r1
LM0
E0
IS0
Y0 Y1 Produto, Renda (Y)
IS0
Y0 Y1
Produto, Renda (Y)
(a)
(b)
Figura 2 – Politicas Monetárias Expansionista e Restritivas
7.3.1 Caso Especial: Armadilha da Liquidez ou caso Keynesiano
Existem dois casos atípicos (extremos) da curva LM. A Armadilha da Liquidez
e o caso Clássico. Vamos analisar o caso em que Keynes denominou de
Armadilha da Liquidez. Este caso está representado na Figura 4, pelo segmento
horizontal da curva LM. Este segmento corresponde aquele em que a elasticidade
da demanda por moeda em relação aos juros é extremamente elevada
aproximando-se do infinito. Por que isso ocorre? Sabemos pela Teoria da
Preferência pela Liquidez que quando a taxa de juros fica muito baixa em relação
ao valor considerado normal, a expectativa de aumentos futuros da taxa de juros
passa a ser consensual. Nessa situação, as perdas de capital esperadas para o
futuro excedem as rendas com juros dos títulos, o público tende a reter qualquer
aumento da riqueza sob forma de moeda, sendo desprezível a queda na taxa de
juros. O outro caso o clássico (já analisado acima), ocorre no segmento vertical da
curva LM, que corresponde a elasticidade da demanda por moeda é nula (zero),
segmento perfeitamente inelástico. Partindo de uma situação de equilíbrio,
considere o aumento da taxa de juros necessário para reequilibrar o mercado
monetário, caso a renda aumente. Um nível mais alto de renda implica uma maior
demanda por moeda para viabilizar transações. Se a demanda por moeda for
completamente insensível à mudança de taxas de juros, nenhum aumento
possível da taxa de juros, conseguirá reduzir a demanda por moeda de volta ao
nível da oferta fixa. Consequentemente somente uma renda é compatível com o
equilíbrio. O traço distintivo da teoria Keynesiana da demanda por moeda, com
relação à correspondente clássica, é a relação negativa entre demanda por
13
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moeda e a taxa de juros. Observe que no caso, da armadilha da liquidez somente
a política fiscal é eficaz enquanto que na parte clássica apenas a política
monetária é eficaz. Cuidado, a LM horizontal (AL), corresponde aos períodos de
recessão, aí a política monetária é ineficaz.
r
LM
Caso Clássico
IS1
IS0
IS
IS0 1
Y
Y
Armadilha da Liquidez
Figura 4 – Armadilha da Liquidez e o caso clássico
7.3.2 Políticas Monetárias Expansionistas e Restritiva
A política monetária tem como objetivo o controle da oferta monetária.
Entende-se como oferta monetária ou meios de pagamentos ou M1, o Papelmoeda em poder do público-PMPP, (inclusive moeda metálica), também
chamado moeda manual ou moeda corrente,
que na verdade
constituem a
moeda fiduciária; mais os depósitos à vista nos bancos comerciais, também
denominados moeda bancária ou moeda escritural. Algebricamente temos
Oferta Monetária = M1= MP = PMPP + DVBC (1)
onde,
MP = M1 = Meios de pagamentos que equivale ao conceito M1;
PMPP - Papel Moeda em Poder do Público;
DVBC - Depósitos à Vista nos Bancos Comerciais.
Fica claro então que a criação de meios de pagamentos só pode ser
realizada como já mencionado pelo: BANCO CENTRAL, que tem o poder legal de
emitir papel-moeda; e pelos BANCOS COMERCIAIS, através do multiplicador
bancário.
As políticas monetárias são compostas por todas variáveis que afetam a
oferta monetária que aumentando ou reduzindo a oferta monetária e alteram a
taxa de juros. Aqui a taxa de juros deve ser entendida simplesmente como o
preço do dinheiro, e aí, vale as definições para qualquer mercado. Se por acaso, o
banco central expande a oferta monetária o resultado é a redução da taxa de
juros. Os principais instrumentos de política monetária são: a) Emissão de moeda;
b) Operações de mercado aberto; d) Recolhimento dos Empréstimos
14
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Compulsórios; e)Empréstimos de Redesconto (ou de liquidez). Ao contrário da
política fiscal, o tempo de ajustamento é imediato, seus efeitos sobre a economia
ocorrem bem mais rápido.
Assim como as políticas fiscais, as monetárias também podem ser
expansionistas ou restritivas. São expansionistas quando aumentam a oferta
monetária, isto é, M1 que são os meios de pagamento. Quando isso ocorre o
preço da moeda fica relativamente mais abundante, é aquilo que abunda cai,
logo o juro cai, caindo os juros da economia, faz aumentar os investimentos
privados e com isso, EXPANDE, aumenta a produção de bens e serviços da
economia e como consequência, aumenta o nível de emprego.
São ditas RESTRITIVAS, quando reduzem os meios de pagamento (M1), e
com isso, torna a economia com menor liquidez, isto é, o dinheiro fica
relativamente mais escasso, e então os juros que é o preço da moeda aumenta,
juros mais altos inibem os investimentos privados e com isso, RESTRINGEM,
DIMINUEM a produção de bens e serviços gerando como consequencia redução
do emprego ou aumento do desemprego.
São exemplos de políticas monetárias expansionistas emissão de moeda
(∆M), redução da taxa de empréstimos compulsórios, resgate de títulos públicos
no mercado aberto, redução na taxa de juros do empréstimo de liquidez. De forma
contrária, aumento da taxa de compulsórios, venda de títulos públicos no
mercado aberto,
Observe que de forma análoga a política fiscal, quando há introdução de
recursos (moeda) na economia implicam em política expansionista, enquanto que
quando a política representar retiradas de recursos, tem-se políticas restritivas.
7.3 Instrumentos de Políticas Monetárias
Emissão de Moeda
A emissão de moeda, é a introdução na economia por parte do banco
central de dinheiro novo. Este instrumento na verdade, quase não mais é utilizado
pelo forte impacto inflacionário que exerce sobre a economia. Cabe salientar
entretanto, que nem todo aumento monetário significa emissão de moeda. Assim,
se o Banco Central injetar determinado volume de recursos apenas para recompor
em termos reais o poder de compra da moeda, não constitui emissão. Esta
política quando utilizada para financiar o déficit público equivale ao Tesouro
Nacional vender a dívida diretamente ao Banco Central, esta política corresponde
15
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a monetização da economia. Neste aspecto assinala Dornbusch e Fischer8,
“Quando o Tesouro empresta do banco central para financiar seu déficit, ele se
engaja em um financiamento por moeda.”
Operações de Mercado Aberto (Open Market) Títulos Públicos Federais .
Representa a carteira de títulos de emissão publica mantida pelo Banco
Central (BACEN). Para o BACEN essa carteira tem como principal objetivo controle
da liquidez da economia. Quando ocorre venda de títulos no mercado ocorre uma
contração da base monetária (o BACEN aumenta suas obrigações junto ao setor
privado e retira dinheiro de circulação). De forma análoga a recompra destes
títulos aumenta a base monetária. As operações de mercado aberto são aquelas
realizadas com venda e resgate dos títulos públicos. O BACEN realiza esta
operação com o objetivo de financiar o seu déficit. Uma venda de títulos, faz com
que o governo introduza títulos no mercado e retira moeda como pagamento dos
títulos. Assim, uma venda de títulos corresponde uma política monetária restritiva.
Os bancos comerciais são os compradores destes títulos o que tornam credores da
dívida pública. Quando o governo promove o resgate destes títulos (compra),
retira os títulos dos bancos e realiza pagamentos, o que constitui política monetária
expansionista.
Empréstimos Compulsório
Os recolhimentos compulsórios atuam diretamente sobre o nível de reservas
dos bancos comerciais. O Banco Central fixa uma taxa (t%) que deve incidir sobre
os depósitos à vista dos bancos comerciais. Assim de a taxa de compulsório for de
5% e os depósitos à vista de R$ 100.000,00, então serão transferidos,
compulsoriamente para o Banco Central R$ 5.000,00 (5% x 100.000,00 = 5.000,00),
afetando o multiplicador e, portanto, alterando os meios de pagamento. Assim se
a taxa de compulsório aumentar há uma redução nos depósitos à vista nos
bancos comerciais (d) e conseqüentemente aumentando as reservas junto ao
banco central, de modo que o multiplicador
diminuirá provocando, uma
redução nos meios de pagamentos. De forma análoga, uma redução na taxa de
compulsórios aumenta os meios de pagamento, o que equivale a uma política
monetária expansionista. É claro que a eficácia da política de recolhimentos de
compulsórios para ser alcançada deve ser combinadas com às operações de
mercado aberto e de crédito bancário.
8
Dornbusch e Fischer, op. cit. p.689.
16
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Empréstimos de Liquidez ou Redesconto
Os redescontos compreendem dois componentes: i) Os redescontos de
liquidez
e
os
redescontos
especiais.
Os
redescontos
especiais
são
refinanciamentos que o Banco Central concede aos Bancos Comerciais por
determinadas operações previstas em lei ou em regulamentos próprios, como
financiamento a produtos agrícolas, à exportação de manufaturados a pequenas
e médias empresas etc. Já os redesconto de liquidez constitui a função clássica
do banco central de banqueiro dos bancos comerciais.
A existência deste é
plenamente justificável pelo fato de que os bancos comerciais mantém seus
encaixes bem abaixo do seus saldos em depósitos à vista. Embora raro, os saques
superiores aos encaixes possam ocorrer, em acontecendo pode resultar em
insolvência. Quanto às aplicações dos bancos comerciais em carteira de títulos,
cabe destacar, que o Banco Central pode permitir que parte do recolhimento dos
compulsórios dos bancos comerciais sejam realizados através de títulos da dívida
pública, o que torna-se mais vantajoso para os bancos comerciais porque lhes
rendem juros e correção monetária;
Reservas Internacionais
São divisas internacionais mantidas pelo Banco Central, principalmente para
realizar a política cambial com maior grau de liberdade. A variação dos níveis de
reserva também provoca variação na base monetária. Um aumento das reservas
aumenta a base monetária, e de forma contrária uma redução
reduz a base
monetária. Esse fato ocorre pelo simples fato de que, quando o Banco Central
compra reservas injeta mais reais na economia, aumentando a liquidez, caso
contrário a venda de divisas retira reais da economia reduzindo sua liquidez.
Observe na Tabela 4 o resumo dos principais instrumentos de política
monetária e suas repercussões sobre os meios de pagamentos. Assim, as taxas de
compulsórios, as taxas de redescontos e a venda de títulos matem relação inversa
com os meios de pagamentos, enquanto os resgates dos títulos públicos pelo
governo expandem os meios de pagamentos.
Tabela 4 – Principais Instrumentos de Política Monetária
17
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INSTRUMENTOS DE POLÍTICA MONETÁRIA
COMPULSÓRIO
MERCADO ABERTO
de Títulos
Taxa
Meios
Compulsóri
Pagamento
Pagamento
Redesconto
Pagamento
o
s
s
s
s
tc 
MP 
MP
r
MP
MP 
r
MP
Venda
Meios
REDESCONTO
de Taxa
de Meios
de
títulos
tc 
MP 
Compra
títulos
8. Combinação de Políticas Fiscais e Monetárias sobre a Taxa de Juros e a Renda
É preciso ter muito cuidado com as questões do tipo CESPE no que se refere
às combinações de políticas fiscais e monetárias e seus efeitos sobre a renda e da
taxa de juros. Vamos então chamar atenção para algumas destas combinações
que podem tornar inconclusivo o resultado final das políticas. A tabela 02 sintetiza
de forma bastante objetiva os quatro possíveis resultados. Se houver combinação
de políticas HOMOLOGAS (semelhantes), conclui-se sobre o que ocorre com a
Renda (economia cresce ou decresce), contudo, nada se pode afirmar sobre a
taxa de juros, portanto, é inconclusa com relação aos juros. Se, entretanto, as
políticas forem HETERÓGOLAS (distintas), conclui-se com relação a taxa de juros
mas, nada se pode afirmar sobre a renda, neste caso o impacto sobre a renda é
inconcluso. As políticas semelhantes, expansionista-expansionista ou restritivarestritiva o resultado está na horizontal. As distintas, expansionista-restritiva ou
restritiva-expansionista podem ser vistas na diagonal da tabela.
8.1 Política Monetária Expansionista combinada com Política Fiscal Restritiva –
Efeito Inconclusivo sobre a renda.
Uma política monetária expansionista reduz a taxa de juros e aumenta o nível
de renda da economia. Por outro lado, uma política fiscal restritiva reduz tanto a
taxa de juros quanto o nível de renda. Assim só se pode concluir o efeito final das
duas políticas sobre a taxa de juros, porque neste caso as políticas se reforçam no
sentido de reduzi-la, contudo nada se pode afirmar sobre o nível de renda, pois,
as duas políticas agem de forma contrária, a política monetária expansionista
aumenta a renda enquanto que a fiscal restritiva reduz. Se nada for dito com
relação a intensidade de cada política estamos diante de um caso inconclusivo
com relação ao efeito sobre a renda.
18
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8.2 Política monetária expansionista combinada com política fiscal expansionista –
Efeito Inconclusivo sobre os juros.
Uma política monetária expansionista combinada com uma política fiscal
também expansionista, se reforçam no sentido de determinar inequivocamente
um efeito final de aumentar a renda. Contudo, com relação a taxa de juros, vamos
nos situar numa faixa cinzenta, isto é, inconclusiva, isto porque a política monetária
expansionista reduz a taxa de juros enquanto a fiscal expansionista aumenta,
como resultado nada se pode a priori concluir com relação a taxa de juros.
Tabela 03- Resultado Final de Políticas Combinadas
MONETÁRIA FISCAL
EFEITO FINAL
Juros Aumenta Renda
Inconclusa
EXPANSIONISTA
Aumenta Renda
- Juros
Inconcluso
RESTRITIVA
Reduz Renda
- Juros
Inconcluso
Juros Cai
- Renda
Inconclusa
Fonte: Elaborada pelo autor.
9. POLÍTICA FISCAL NO ÂMBITO DO MODELO IS-LM-BP (MUNDEL-FLEMING):
ECONOMIA ABERTA
A partir da década de 1990, intensificam-se no mundo inteiro as relações
comerciais. O advento da globalização estreitou a distância comercial e
financeira entre os países, daí tornar-se importante a análise da política fiscal no
ambiente de economia aberta. Já é sabido pelo modelo Mundel-Fleming, IS-LM
para uma economia aberta, que se o regime da taxa de câmbio for FIXO a
política FISCAL será eficaz, isto é, seu objetivo será alcançado. Daí, criei o
mnemônico FIXFIS (no regime de câmbio fixo a política eficaz é a fiscal). De forma
análoga, se o regime de câmbio for FLEXÍVEL (FLUTUANTE), a política eficaz é a
MONETÁRIA, daí o mnemônico FLEXMON (se o regime de câmbio for flexível a
política capaz de aumentar a renda de equilíbrio será a monetária).
9.1 Déficit Gêmeos: Política Fiscal, Déficit Público e Déficit em Transações Correntes
do Balanço de Pagamentos.
Imaginemos agora, uma situação em que, sob regime de câmbio flexível,
haja uma política fiscal expansionista, isto é, uma política financiada através de
déficit público. A política fiscal expansionista desloca a IS para a direita elevando
a taxa de juros da economia, como decorrência, sob a hipótese de perfeita
moblidade de capital irá ocorrer forte entrada de capitais estrangeiros no país,
determinando uma apreciação (valorização) cambial. Ora a apreciação cambial
determina uma perda de competitividade de todas as rubricas constantes das
19
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contas em transações correntes do BP, fazendo com que surja déficit nesta. A esse
fenômeno o economista Martin Feldestein, assessor de Ronald Reagan, chamou de
“DÉFICIT GÊMEOS” (Déficit Público determinando déficit na conta em transação
corrente do Balanço de Pagamento), quando referia-se a evidência empírica de
tal fato para a economia americana na década de 1980.
9.2 Política Fiscal com regime de taxas de câmbio flexível
Um aumento nos gastos do governo provoca um deslocamento da curva IS
para a direita, de IS0 para IS1. A taxa de juros doméstico sobe para r1 acima da
taxa de juros externo. Como decorrência á entrada de capitais estrangeiros
provoca uma redução da taxa de câmbio, isto é, valorização cambial, o que
determina um deslocamento da curva IS para a esquerda de IS1 para IS2, sua
posição inicial, resultando no mesmo nível de renda. Assim, a política fiscal num
regime de câmbio flexível é ineficaz.
r
r1
LM 0
E0
r0  r *
BP
IS0
0
IS1
Y0
Y
10. A NOVA INTERPREÇÃO DAS POLÍTICAS FISCAIS
O debate recente sobre a política fiscal ganhou novos contornos em
relação ao que vigorava quando a visão keynesiana centralizava a discussão.
Naquele tempo, a posição tradicional inseria-se no quadro teórico dominado pelo
debate entre a síntese neoclássica e os monetaristas. As discussões centravam-se,
de um
lado, nos efeitos do déficit público sobre a inflação e o balanço de pagamentos
(os chamados déficits gêmeos) e, de outro, no impacto do gasto público na
demanda agregada e nos investimentos privados, em decorrência do crowding
out.
Atualmente, a análise trilhou outros caminhos, afastando-se da posição
keynesiana e concentrando os esforços na questão da sustentabilidade da dívida,
na busca da credibilidade da política econômica e na definição de regras fiscais
de controle das contas públicas.
As questões anteriores, embora ainda presentes no debate, ganharam outra
com as mudanças teóricas e a conjuntura internacional observadas nos anos 1970.
No plano teórico, a aceleração inflacionária e a expansão do déficit público
20
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impulsionaram a crítica aos modelos de inspiração keynesiana e abriram campo
ao domínio das expectativas racionais e, em particular, da escola novo clássica.
No plano internacional, a liberalização financeira deu novos contornos analíticos à
política fiscal. As aplicações financeiras ao redor do mundo e as constantes
reavaliações de portfólios redefiniram os espaços de valorização do capital e
acentuaram o seu caráter especulativo.
Os capitais ganharam maior autonomia. Com isto, a crescente volatilidade e
a sensibilidade ao risco tornaram-se mais relevantes na economia mundial.
11. POLÍTICAS CAMBIAIS
11.1 INTRODUÇÃO
O mercado de câmbio surge devido às transações econômicas que ocorrem
entre países, envolvendo moedas diferentes9. A internacionalização das
economias, o crescimento do comércio mundial, principalmente a partir do inicio
da década de 90 torna este mercado um dos mais importantes de qualquer
economia. Sua característica de mercado altamente instável ou volátil deve-se ao
grande número de fatores; - de ordem política, sócio-cultural e econômica, que
afetam o seu funcionamento. No caso do Brasil, nosso principal parceiro comercial
é o EUA, portanto a moeda estrangeira mais utilizada nas transações comerciais é
o dólar. Daí, quase sempre quando referimo-nos a taxa de câmbio, estamos
implicitamente falando da relação da moeda doméstica com o dólar. É claro que,
o câmbio dá-se ao compararmos a moeda nacional com qualquer outra moeda
de curso internacional, como euro, yen japonês, franco suíço, marco alemão, libra
esterlina e outras moedas. O câmbio encerra dois conceitos: - câmbio nominal (e),
que mede a relação entre as moedas de dois países; e câmbio real (E),
corresponde à razão entre o preço do produto estrangeiro e o preço do produto
nacional, ambos, expressos na mesma moeda. Dito de outra forma, mede os
termos de troca entre dois países.
11.2. TAXAS DE CÂMBIO
A contrapartida da venda de um determinado bem ou serviço do país para o
exterior, é o pagamento da transação comercial, que deve ser realizada com
moeda diferente, daquela do país exportador, o que
torna
necessário
estabelecer uma conversão entre as moedas. Esta conversão é dada por uma
relação entre as moedas, que serão obtidas pelo o mercado num determinado
regime de câmbio.
11.2.1 Taxas de Câmbio Nominal
A taxa de câmbio nominal é simplesmente os preços relativos das moedas
de dois países. Dito de outra forma, taxa de câmbio nominal (e), é a medida pela
9
Para uma exposição bastante objetiva do mercado de câmbio, ver SIMONSEN, M. H., e CYSNE. R. P.,
Macroeconomia. 3. ed., Rio de Janeiro: Atlas, pp, 2007.
21
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qual a moeda de um país pode ser convertida em moeda de outro país. Ou ainda,
é o preço da moeda estrangeira qualquer em termos da moeda nacional. Este
conceito é no incerto (método direto), ou então de forma alternativa pode ser
definida como sendo pelo certo (método indireto).
Assim vejamos um exemplo para tornar mais claro o assunto. No Brasil, adotase o conceito do incerto, isto é, o câmbio é o preço da moeda estrangeira em
unidades da moeda nacional, será representado da seguinte forma:
US$ 1,0 = R$ 2,0
Isto significa que, se um brasileiro quiser adquirir uma unidade de dólar (US$ 1,0),
tem que dispor de dois reais (R$ 2,0). Note que a taxa de câmbio é expressa em
termos da moeda nacional (R$ 2,0). Porém, se o Brasil adotasse o certo, então
teríamos o valor de um real em termos de dólar
R$ 1,0 = US$ 0,50
Quando se define a taxa de câmbio nominal como sendo a quantidade da
moeda estrangeira necessária para comprar uma unidade da moeda nacional,
trata-se do conceito de câmbio certo. Assim, pelo o método certo e = 0,50,
significa que para adquirir uma unidade do real tenho que gastar cinquenta cents
de dólar (U$ 0,50) da moeda estrangeira. Não adotamos, entretanto, este
método.
Em geral quando falamos de taxa de câmbio entre dois países estamos nos
referindo a taxa de câmbio nominal. De forma matemática pode ser expresso por
𝐑$
𝐞 = 𝐔$
(1)
Onde, R$ são as unidades ou frações da moeda do país; US$ é uma unidade da
moeda estrangeira.
11.1.2 Desvalorização (depreciação) e Valorização (apreciação) Cambial
Uma redução da taxa de câmbio nominal
( e ), se denomina
valorização, traduzindo o fato de que a moeda nacional passa a valer mais em
termos da moeda estrangeira (compra-se uma unidade de dólar com menos
reais). Realçamos este conceito para salientar a diferença entre aumento/redução
da taxa de câmbio e desvalorização/valorização. Quase sempre, somos tentados
a primeira vista, a associarmos redução da taxa de câmbio com desvalorização,
mas é claro está completamente errado. Na tabela 1, mostramos a redução na
taxa de câmbio de quatro ( e=4), até um (e=1). Observe que, à medida que o
valor da taxa de câmbio se reduz (e=4,3,2,1), corresponde a uma VALORIZAÇÃO,
pois pagamos menos reais por cada dólar. Inicialmente quatro reais por dólar,
depois três, dois, e um real.
De forma análoga, um aumento na taxa de câmbio nominal ( e), significa
um aumento do preço da moeda estrangeira e denomina-se DESVALORIZAÇÃO
22
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cambial, significando que a moeda nacional passa a valer menos em termos da
moeda estrangeira. Na tabela 2, mostramos o aumento da taxa de câmbio de
(e=1), até quatro ( e=4). Observe que, à medida que o valor da taxa de câmbio
aumenta (e=1,2,3,4), corresponde a uma DESVALORIZAÇÃO, pois pagamos mais
reais por cada dólar. Inicialmente um real por dólar, depois dois, três, e quatro.
Taxas
Câmbio
e4 = 4,0 
e3 = 3,0
e2 = 2,0
e1 = 1,0
Tabela – 1 Redução da Taxa de Câmbio Nominal (Valorização)
Valorização
de
Interpretação
(Moeda
Nacional)
Devemos dispor de quatro reais (R$ 4,0),
para adquirir uma unidade da moeda R$ 4,0U$ 1,0
estrangeira (U$ 1,0
Devemos dispor de três reais (R$ 3,0),
para adquirir uma unidade da moeda R$ 3,0U$ 1,0
estrangeira (U$ 1,0
Devemos dispor de dois reais (R$ 2,0),
R$ 2,0 U$
para adquirir uma unidade da moeda
1,0
estrangeira (U$ 1,0)
Devemos dispor de um real (R$ 1,0), para
R$ 1,0 U$
adquirir uma unidade da moeda
1,0
estrangeira (U$ 1,0)
Tabela–
2
Aumento
da
Taxa
de
Câmbio
Nominal
(Desvalorização)
Taxas
Câmbio
de
e1 = 1,0
e2 = 2,0 
e3 = 3,0
e4 = 4,0 
Interpretação
Devemos dispor de um real (R$ 1,0),
para adquirir uma unidade da moeda
estrangeira (U$ 1,0)
Devemos dispor de dois reais (R$ 2,0),
para adquirir uma unidade da moeda
estrangeira (U$ 1,0)
Devemos dispor de três reais (R$ 3,0),
para adquirir uma unidade da moeda
estrangeira (U$ 1,0
Devemos dispor de quatro reais (R$ 4,0),
para adquirir uma unidade da moeda
estrangeira (U$ 1,0)
Desvalorizaçã
o
(Moeda
Nacional)
R$ 1,0U$ 1,0
R$ 2,0U$ 1,0
R$ 3,0 U$ 1,0
R$ 4,0 U$ 1,0
23
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ECONOMIA
11.2 Taxas de câmbio real
A taxa de câmbio real é o preço relativo dos bens de dois países. A taxa de
câmbio real indica a taxa à qual podemos trocar bens de um país por bens de
outros. Na verdade, o câmbio real reflete os diferenciais de preços relativos dos
bens entre dois países, por isso é comumente chamada também de termos de
troca. A taxa câmbio real, é definida como sendo a taxa de câmbio nominal
ajustada pela relação entre preços internos e externos. Ou, dito de outra forma,
mede a competitividade de um país no comércio internacional. É dada pela razão
dos preços dos bens estrangeiros, medidos em reais, em relação aos preços dos
bens domésticos. Algebricamente podemos expressar como sendo:

E  e P ,
P
(2)
Onde,
E = a taxa de câmbio real;
e = a taxa de câmbio nominal (o número de reais por dólares);
P* = o nível de preços da moeda estrangeira de referência (medidos em dólar);
P= o nível de preços da moeda nacional.
Para compreendermos melhor esta relação vamos supor que um bem
qualquer seja produzido em dois países distintos e que os mercados sejam livres.
Suponha que o preço do bem no Brasil seja R$ 50.000 reais enquanto no EUA o
mesmo bem seja US$ 10.000 dólares. Para comparar os preços dos dois bens,
devemos convertê-los em moeda comum. Se um dólar vale R$ 2,5 (dois reais e
cinqüenta centavos) então o bem americano vale R$ 25.000 reais ( 2,5x10.000=
25.000). Assim, o preço do bem americano é de R$ 25.000 e o bem no Brasil é de
R$ 50.000, donde concluímos que o bem americano custa a metade do que custa
o carro no Brasil. Em outras palavras, podemos trocar duas unidades do bem
americano por uma ( mesmo bem) no Brasil.
𝐄=𝐞
𝐏∗
𝐏
 E =𝟐, 𝟓𝒙
𝟏𝟎.𝟎𝟎𝟎
𝟓𝟎.𝟎𝟎𝟎
=
𝟐𝟓.𝟎𝟎𝟎
𝟓𝟎.𝟎𝟎𝟎
𝟏
=𝟐
Esta equação quer nos contar também que um aumento da taxa de câmbio
real (E), ou uma depreciação real, significa que, os preços estrangeiros em reais,
têm aumentado em relação aos preços dos bens produzidos no Brasil. Isto quer
dizer que os bens estrangeiros tem se tornado mais caros em relação aos bens
domésticos, com tudo o mais constante. De forma contrária, uma queda na taxa
de câmbio real (E), ou uma apreciação real, significa que os bens brasileiros tem
se tornado relativamente mais caros, ou que os produtos domésticos perderam
competitividade.
24
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11.3
DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL E BALANÇA COMERCIAL: CONDIÇÃO DE
MARSHALL-LERNER
Sempre estamos chamando atenção para o fato de que as provas de
economia do CESPE/UnB, são de conteúdo relativamente fácil, mais devemos ter
cuidado com pequenos detalhes associado as proposições, que em geral
camuflam algum detalhe decisivo. Por isso é importante ter várias informações
sobre o mesmo assunto, para podermos atender a marca registrada desta banca
que é a contextualização. Neste aspecto chamamos atenção com a relação
entre câmbio e balança comercial. Se a questão mencionar
que uma
desvalorização (depreciação) conduz a uma melhora da balança comercial, e
falar da condição Marshall-Lerner, lembre-se que trata-se do câmbio real e é
preciso satisfazer esta condição.
As desvalorizações cambiais, ao longo dos anos, têm sido uma prática
reiterada de vários países, com o propósito de melhorar o desempenho da
balança comercial e reduzir seus déficits. Alguns economistas até se referem a
esta prática como “exportadores de câmbio desvalorizado”. Ocorre, entretanto,
que a rigor a desvalorização cambial melhora a balança comercial se a condição
de Marshall-Lerner for atendida10.
Para que a balança comercial melhore após uma desvalorização da taxa
de câmbio real, as exportações devem aumentar o suficiente para compensar o
aumento do preço das importações. A condição pela qual a desvalorização da
taxa de câmbio real aumenta o saldo na balança comercial é denominada de
condição de Marshall-Lerner. Esta pode ser representada pela seguinte equação:
∆𝐁𝐂 ∆𝐄 ∆𝐗 ∆𝐌
=
+
−
𝐗
𝐄
𝐗
𝐌
Esta equação quer nos contar que a mudança na balança comercial em
reação à uma desvalorização da taxa de câmbio real é igual a soma dos três
termos:
1)
∆𝐁𝐂
𝐗
= É a mudança da balança comercial (como razão das exportações) em
resposta a uma depreciação real.
∆𝐄
2) 𝐄 = É a mudança percentual da taxa de câmbio real.
3)
4)
∆𝑿
𝑿
∆𝐌
𝐌
= É a mudança percentual das exportações.
= É a mudança percentual das importações.
A condição de Marshall-Lerner é de que a soma desses três termos seja
positiva. Se ela for satisfeita podemos assegurar que uma desvalorização
10
Veja uma discussão do tema em BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia . 5ª Ed., São Paulo: Pearson Prentice Hall,
2008.
25
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(depreciação) na taxa de câmbio real levará a uma melhoria na balança
comercial.
Um exemplo torna mais claro este conceito. Vamos lá. Suponha que uma
desvalorização da taxa de câmbio real de 1% conduza a um aumento percentual
das exportações de 0,8% e uma diminuição percentual das importações de 0,7%.
Nesse caso, o impacto sobre a BC é dado por:
∆𝑩𝑪
𝑿
= -1% + 0,8% - (-0,7%) = 0,5%
A balança comercial melhorou e podemos concluir que a condição de MarshallLerner foi satisfeita.
26
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