UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE, UNICENTRO-PR EXTRATO AQUOSO DE SHIITAKE NA INDUÇÃO DE RESISTÊNCIA E CONTROLE DE DOENÇAS DE FEIJOEIRO E VIDEIRA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ANNA CLAUDIA OLIVEIRA GUARAPUAVA-PR 2015 ANNA CLAUDIA OLIVEIRA EXTRATO AQUOSO DE SHIITAKE NA INDUÇÃO DE RESISTÊNCIA E CONTROLE DE DOENÇAS DE FEIJOEIRO E VIDEIRA Dissertação apresentada à Universidade Estadual do Centro-Oeste, como parte das exigências do Programa de PósGraduação em Agronomia, área de concentração em Produção Vegetal, para a obtenção do título de Mestre. Profa. Dra. Cacilda Márcia Duarte Rios Faria Orientadora Profa. Dra. Patrícia Carla Giloni de Lima Co-Orientadora GUARAPUAVA-PR 2015 Catalogação na Publicação Biblioteca Central da Unicentro, Campus Cedeteg O48e Oliveira, Anna Claudia Extrato aquoso de shiitake na indução de resistência e controle de doenças de feijoeiro e videira / Anna Claudia Oliveira. – – Guarapuava, 2015 xi, 66 f. : il. ; 28 cm Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual do Centro-Oeste, Programa de Pós-Graduação em Agronomia, área de concentração em Produção Vegetal, 2015 Orientadora: Cacilda Márcia Duarte Rios Faria Co-orientadora: Patrícia Carla Giloni de Lima Banca examinadora: Kátia Regina Freitas Schwan Estrada, Aline José Maia Bibliografia 1. Agronomia. 2. Produção vegetal. 3. Phaseolus vulgaris. 4. Vitis vinifera. 5. Manejo alternativo. I. Título. II. Programa de Pós-Graduação em Agronomia. CDD 633.372 À Deus, meus pais e minha filha, Dedico. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente à Deus, por conceder todas as graças pedidas. Aos meus pais, Rita e Moacir, primeiramente por todo amor dedicado durante todos os anos de minha vida, segundo, por me darem todo o apoio necessário durante toda a minha jornada na vida acadêmica. À minha filha, minha princesinha, Mariana, por aguentar dois anos de quase minha ausência total em sua vida, e por me ajudar sempre que necessário em “molhar as plantinhas”. À professora Dra. Cacilda, a qual sempre que solicitada nunca negou apoio, que passou de além de orientadora e agiu sempre como uma “mãe”. À professora Dra. Patrícia, por ter-me “adotado” deste a graduação como sua orientada, e me apoiar e auxiliar em toda a jornada da pós-graduação. Aos professores Juliano e Renato pelo empréstimo dos laboratórios e de equipamentos por diversas vezes. À amiguinha Aline Maia, a qual me ensinou os primeiros passos na pósgraduação, e sempre ajudou em tudo que era necessário. Às minhas amigas Rildânia e Ires, pelos ensinamentos, auxílio e pela amizade incondicional. Às colegas de laboratório Carla Leite, Tainara e Beatriz, pela ajuda durante todo o trabalho, e aos demais colegas, que ajudaram sempre que solicitados. À CAPES pela concessão de bolsa. Enfim, a todos que participaram da minha jornada durante o mestrado, meu muito obrigado. SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS E TABELAS ................................................................................. i RESUMO ........................................................................................................................ iii ABSTRACT .................................................................................................................... iv 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1 2. OBJETIVOS ................................................................................................................. 2 2.1. OBJETIVO GERAL .................................................................................................. 2 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................... 2 3. REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................... 3 3.1. CULTURA DO FEIJOEIRO ..................................................................................... 3 3.1.1. CULTIVAR IPR TUIUIU ...................................................................................... 3 3.2. DOENÇAS DO FEIJOEIRO ..................................................................................... 3 3.2.1. ANTRACNOSE - Glomerella cingulata f. sp. phaseoli (Colletotrichum lindemuthianum (Sacc. & Magn.) Br. & Cav.) Br. & Cav.) ............................................. 4 3.3. CULTURA DA VIDEIRA ........................................................................................ 5 3.3.1. CULTIVAR BENITAKA ...................................................................................... 6 3.4. DOENÇAS DA VIDEIRA ........................................................................................ 6 3.4.1. ANTRACNOSE - Elsinoe ampelina (de Bary) Schear .......................................... 6 3.4.2. MÍLDIO - Plasmopara viticola (Berkeley e M. A. Curtis) Berlese e De Toni ..... 7 3.5. CONTROLE ALTERNATIVO DE DOENÇAS DE PLANTAS ............................. 8 3.5.1. INDUÇÃO DE RESISTÊNCIA ............................................................................. 8 3.5.1.1. FITOALEXINAS ................................................................................................ 9 3.5.1.2. ENZIMAS RELACIONADAS À DEFESA DA PLANTA .............................. 10 3.5.1.2.1. PEROXIDASES (POX) (POX, EC 1.11.1.7) ................................................. 10 3.5.1.2.2. CATALASE (CAT) (CAT, EC 1.11.60) ........................................................ 10 3.5.1.2.3. POLIFENOLOXIDASE (PPO) (PPO, EC 1.10.3.1) ...................................... 10 3.6. FOTOSSÍNTESE .................................................................................................... 11 3.6.1. FLUORESCÊNCIA DA CLOROFILA ............................................................... 11 3.7. USO DE BASIDIOMICETOS NO CONTROLE DE DOENÇAS DE PLANTAS 12 3.7.1. SHIITAKE (Lentinula edodes)............................................................................. 12 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 13 CAPÍTULO I. EXTRATO AQUOSO DE SHIITAKE NA INDUÇÃO DE FITOALEXINAS E ATIVIDADE DE PEROXIDASES EM FEIJÃO, SORGO E SOJA................................................................................................................................23 RESUMO ....................................................................................................................... 23 ABSTRACT ................................................................................................................... 24 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 25 2. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................... 26 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 28 4. CONCLUSÕES ....................................................................................................... 31 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 31 CAPÍTULO II. EXTRATO AQUOSO DE SHIITAKE NO CONTROLE E NA INDUÇÃO DE RESISTÊNCIA A PATÓGENOS DO FEIJOEIRO ............................. 34 RESUMO ....................................................................................................................... 34 ABSTRACT ................................................................................................................... 35 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 36 2. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................... 37 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 40 4. CONCLUSÕES ....................................................................................................... 45 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 45 CAPÍTULO III. EXTRATO AQUOSO DE SHIITAKE NA INDUÇÃO DE RESISTÊNCIA E NO CONTROLE DE PATÓGENOS DE VIDEIRAS CV. BENITAKA .................................................................................................................... 50 RESUMO ....................................................................................................................... 50 ABSTRACT ................................................................................................................... 51 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 52 2. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................... 53 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 56 4. CONCLUSÕES ....................................................................................................... 62 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 63 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Indução de faseolinas em hipocótilos de feijão pelo tratamento com extrato aquoso de Lentinula edodes e acibenzolar-S-metil (ASM); Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade. ........................... 28 Figura 2. Indução de desoxiantocianidinas em mesocótilos de sorgo pelo tratamento com extrato aquoso de Lentinula edodes e acibenzolar-S-metil (ASM); Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade. 29 Figura 3. Indução de gliseolinas em cotilédones de soja pelo tratamento com extrato aquoso de Lentinula edodes e acibenzolar-S-metil (ASM); Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade. ........................... 29 Figura 4. Atividade específica de peroxidases de guaiacol (POX) em cotilédones de soja pelo tratamento com extrato aquoso de Lentinula edodes e acibenzolar-S-metil (ASM); Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade. ........................................................................................................................... 30 Figura 5. Atividade específica de peroxidase (POX), catalase (CAT) e polifenoloxidase (PPO) em plantas de feijoeiro tratadas com EA de Lentinula edodes nas concentrações de 0, 1, 5, 10 e 20%, acibenzolar-S-metil (ASM) e fungicida Piraclostrobina; (**) indica diferença estatística significativa pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade. HAA: horas antes da aplicação e HDA: horas depois da aplicação dos tratamentos. ......................... 42 Figura 6. (A) Crescimento micelial e (B) esporulação de Elsinoe ampelina pelo tratamento com EA de Lentinula edodes e fungicida Mancozeb. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. .......................................... 56 Figura 7. Germinação de esporos de Elsinoe ampelina 24 horas após o tratamento com EA de Lentinula edodes e fungicida Mancozeb. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. ................................................................. 57 Figura 8. Área abaixo da curva do progresso da doença (AACPD) do míldio em discos de folha de videira tratadas com EA de L. edodes, acibenzolar-S-metil (ASM) e fungicida Mancozeb. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. ................................................................................................................ 58 Figura 9. Esporulação (106 esporos mL-1) do míldio em discos de folha de videira tratadas com EA de Lentinula edodes, acibenzolar-S-metil (ASM) e fungicida Mancozeb. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. ........................................................................................................................... 59 i Figura 10. Área abaixo da curva do progresso da doença (AACPD) do míldio estacas de videira tratadas com EA de Lentinula edodes. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. ........................................................ 60 Figura 11. (A) Fluorescência basal (F‟0) e (B) máxima (F‟m); (C) Fluorescência variável (F‟v); (D) Eficiência máxima do PSII (F‟v/F‟m); (E) Rendimento quântico fotoquímico do PSII (Y (II)); (F) Taxa relativa de transferência de elétrons (ETR) de folhas de videira cv. Benitaka adaptadas ao claro; 24 horas depois da aplicação (HDA) dos tratamentos e 24 horas depois da inoculação (HDI) do patógeno Plasmopara viticola. ............................................................... 61 Tabela 1. Área abaixo da curva do progresso da doença (AACPD) da antracnose em feijoeiro sob condições de campo, tratados com EA de Lentinula edodes, acibenzolar-S-metil (ASM) e fungicida Piraclostrobina ............................................................................................40 Tabela 2. Número de sementes/ vagem de feijoeiro tratado com extrato aquoso de L. edodes, acibenzolar-S-metil (ASM) e fungicida. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade ............................................44 ii RESUMO OLIVEIRA, Anna Claudia. Extrato aquoso de shiitake na indução de resistência e controle de doenças de feijoeiro e videira. 2015. 66p. Dissertação (Mestrado em Agronomia). UNICENTRO/PR. A indução de resistência ativa mecanismos de defesa das plantas, promovendo alterações morfológicas ou fisiológicas, após a aplicação de elicitores. Dentre os elicitores, tem se destacado o uso de extratos de cogumelos. Este trabalho teve como objetivo verificar o potencial do extrato aquoso (EA) de Lentinula edodes na indução de resistência e avaliar se o mesmo pode controlar doenças de feijoeiro e videira. Os tratamentos para indução de fitoalexinas e atividade de peroxidases em hipocótilos de feijão, mesocótilos de sorgo e cotilédones de soja foram a aplicação de 0, 1, 5, 10 e 20% do EA e acibenzolar-S-metil (ASM) como tratamento padrão. Para o experimento em campo com feijoeiro, além destes tratamentos utilizou-se o fungicida Piraclostrobina como padrão. Para o experimento com videira, o fungicida padrão utilizado foi o Mancozeb. No experimento em campo com o feijoeiro foram avaliados: severidade de antracnose, mancha angular e crestamento bacteriano, atividade das enzimas peroxidase (POX), catalase (CAT) e polifenoloxidase (PPO) e componentes de produção. Na cultura da videira foram realizados testes in vitro com o fungo Elsinoe ampelina, em discos de folha foram avaliados a severidade e esporulação de Plasmopora viticola, nas estacas foram avaliados a severidade de míldio e a fluorescência da clorofila a. O EA nas maiores concentrações (10 e 20%) possui atividade indutora de fitoalexinas e para a ativação de peroxidases, o extrato incrementa a atividade desta enzima até uma concentração de 10%. O EA na concentração de 20% não reduziu a severidade da antracnose em feijoeiro, no entanto, aumentou os níveis de atividade das enzimas POX, CAT e PPO, as quais compensaram o estresse causado pelo ataque do fitopatógeno, aumentando a produtividade do feijoeiro. Em videira, o EA não apresentou efeito antimicrobiano direto no crescimento micelial, esporulação e germinação de esporos de Elsinoe ampelina, nem sobre Plasmopora viticola em discos de folha. Nas estacas, a concentração de 5% reduziu a AACPD, além de aumentar o F‟v/F‟m e o YII. O EA de L. edodes possui potencial no controle do míldio em estacas de videira. Palavras-chave: Phaseolus vulgaris, Vitis vinifera, manejo alternativo iii ABSTRACT OLIVEIRA, Anna Claudia. Aqueous extract of shiitake in induction of resistance and disease control of bean and vine. 2015. 66p. Dissertation (Master of Science in Agronomy). UNICENTRO/PR. The induction of resistance active plant defense mechanisms promoting morphological or physiological changes, after the application of elicitors. Among the elicitors, it has highlighted the use of mushroom extracts. This study verified the potential of the aqueous extract (AE) of Lentinula edodes in induction of resistance, and evaluate whether it can control bean and vine diseases. The treatments for induction of phytoalexins, and peroxidase activity in bean hypocotyl, sorghum mesocotyls and soybean cotyledons application were 0, 1, 5, 10 and 20% AE and acibenzolar-S-methyl (ASM) control. For the field experiment with beans, besides these treatments we used the fungicide Pyraclostrobin as standardcontrol. For the experiment with vine, the control was the Mancozeb fungicide used. In the field experiment with bean were assessed: severity of anthracnose, angular leaf spot and bacterial blight, activity of peroxidase (POX), catalase (CAT) and polyphenoloxidase (PPO) and production components. In vine were carried out in vitro tests with the fungus Elsinoe ampelina, in leaf discs were evaluated the severity and sporulation of Plasmopara viticola, the stakes were assessed the severity of mildew and chlorophyll a fluorescence. The AE in higher concentrations (10 and 20%) have phytoalexin-inducing activity and peroxidases activation, the extract increases the activity of this enzyme to a concentration of 10%. AE in the concentration of 20% did not reduce the severity of anthracnose in beans, however, increased levels of activity of enzymes POX, CAT and PPO, which offset the stress caused by the pathogen attack, increasing the productivity of bean. In vine, AE showed no direct antimicrobial effect on mycelial growth, sporulation and germination Elsinoe ampelina spores or on Plasmopara viticola in leaf discs. The stakes, the concentration of 5% reduced the AUDPC, in addition to increasing the F‟v / F‟m and YII. The AE L. edodes has potential in controlling mildew in grapevine cuttings. Keywords: Phaseolus vulgaris, Vitis vinifera, alternative management iv 1. INTRODUÇÃO Diversos inconvenientes têm sido gerados pelo uso da agricultura convencional: o êxodo rural, o esgotamento dos recursos naturais e, principalmente, a poluição ambiental (COSTA, 2010). Outro fator que a agricultura convencional vem afetando, é no controle de fitopatógenos, pois com o uso indiscriminado de agrotóxicos tem-se observado uma maior suscetibilidade das plantas a doenças. Como a medida mais utilizada no controle de doenças é baseada em aplicação de defensivos químicos, a curto prazo este método pode trazer benefícios, no entanto, a longo prazo, seus resíduos podem contaminar os solos e lençóis freáticos, e ainda provocar a resistência dos patógenos ao seu princípio ativo. A preocupação da sociedade com o impacto das práticas agrícolas no ambiente vem alterando o cenário agrícola, resultando na presença de segmentos de mercado que visam à aquisição de produtos diferenciados. Além disso, a agricultura orgânica também vem crescendo, necessitando, portanto, de produtos alternativos ao uso de agroquímicos. Como método alternativo para controle de doenças tem-se utilizado a indução de resistência (MORANDI e BETTIOL, 2009). A resistência induzida consiste em aumentar o nível de resistência das plantas através do uso de agentes externos, chamados de elicitores ou eliciadores, sem causar qualquer alteração em seus genomas (BONALDO et al., 2005). Como resposta de defesa podem ocorrer alterações morfológicas, como a formação de papilas, ou alterações fisiológicas, como a produção de fitoalexinas, de proteínas relacionadas à patogênese ou de espécies reativas de oxigênio (EROs) (STANGARLIN et al., 2011). Dentre os elicitores, o uso de agentes de origem biótica tem se destacado, como extratos de plantas medicinais ou cogumelos. Trabalhos com extratos de basidiomicetos têm indicado que estes possuem grande potencial no controle de doenças, tanto por terem ação direta, diminuindo o crescimento micelial, a esporulação ou a germinação de esporos, quanto por terem ação indireta, aumentando os níveis de resistência da planta. Extrato aquoso de Lentinula edodes não apresenta efeito inibitório sobre o crescimento da bactéria Ralstonia solanacearum, no entanto, atua como indutor de resistência, alterando os níveis enzimáticos de plantas de berinjela e tomateiro, controlando a murcha bacteriana (SILVA et al., 2008; SILVA et al., 2007). Este extrato também pode ser eficiente no controle de doenças fúngicas, como no oídio da soja (ARRUDA et al., 2012) e doenças foliares do sorgo (PICCININ et al., 2010). 1 2. OBJETIVOS 2.1. OBJETIVO GERAL Verificar o potencial do extrato aquoso de Lentinula edodes na indução de resistência, e avaliar se o mesmo pode controlar doenças de feijoeiro e videira. 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Avaliar a atividade in vitro dos extratos no crescimento micelial, esporulação e germinação de esporos de Elsinoe ampelina, patógeno causador da antracnose em videira; - Verificar a ação in vivo do extrato no controle de doenças foliares (antracnose, crestamento bacteriano e mancha angular) em feijoeiro em campo e míldio em estacas de videira; - Verificar a ação in vivo do extrato na indução de resistência, através da indução de fitoalexinas, atividade de enzimas de defesa (peroxidases, catalase e polifenoloxidase); - Verificar a ação in vivo do extrato na fluorescência da clorofila a após sua aplicação e após inoculação do fitopatógeno Plasmopara viticola em estacas de videira. 2 3. REFERENCIAL TEÓRICO 3.1. CULTURA DO FEIJOEIRO O feijoeiro comum é uma planta anual, pertencente à família Leguminosae, subfamília Papipilionoideae, gênero Phaseolus, espécie P. vulgaris L. Possui sistema radicular composto por raiz principal, raízes basais, raízes adventícias e raízes laterais. Seu caule herbáceo é classificado morfologicamente como haste. Possui dois tipos de folhas, as simples e também chamadas de primárias, e as compostas ou trifoliadas com forma oval ou triangular. O fruto é legume ou vagem (SANTOS e GAVILANES, 2006; RUBIO e LYNCH, 2007). Esta leguminosa é cultivada por pequenos e grandes produtores em todas as regiões brasileiras, tendo como principal produtora a agricultura familiar. É a principal fonte de proteína vegetal da dieta humana, conferindo a esta cultura grande importância econômica e social (AIDAR, 2003; YOKOYAMA, 2003; SIOLVA e WANDER, 2013). A produção de feijão no Brasil em 2013 foi de 2.946.358 ton, em uma área de 2.872.358 ha. O Estado do Paraná é o maior produtor nacional, com participação de 25,7% desta produção (IBGE, 2013). 3.1.1. CULTIVAR IPR TUIUIU Cultivar do grupo preto, registrada para cultivo a partir de abril de 2010 e indicada para cultivo para os estados do PR e SP e em fase de extensão de registro para os estados do RS, SC e GO. Apresenta hábito de crescimento indeterminado tipo II e porte ereto favorecendo a colheita mecânica direta. Apresenta-se como resistente a murcha de Fusarium e ao mosaico comum e moderadamente resistente a ferrugem, mancha angular e oídio, moderadamente suscetível à murcha de Curtobacterium e suscetível a antracnose e crestamento bacteriano comum. Apresenta tolerância intermediaria a altas temperaturas e à seca ocorridas durante a fase reprodutiva e tolerância a baixa disponibilidade de fósforo e acidez do solo. O ciclo médio da emergência a colheita é de 88 dias e o potencial de rendimento é em torno de 3.950kg/ha. As sementes apresentam tempo médio de cozimento de 17 minutos, teor médio de proteína de 24%, teor médio de Fe de 7mg/100g e teor médio de Zn de 4mg/100g. O peso médio de mil sementes é de 227g (IAPAR, 2010). 3.2. DOENÇAS DO FEIJOEIRO O maior comprometimento na produtividade no feijoeiro está na alta suscetibilidade à patógenos. A cultura pode ser afetada por mais de 300 doenças causadas por vírus, bactérias e 3 fungos (VIECELLI et al., 2010). Nos Estados da região Sul do Brasil, a antracnose (Colletotrichum lindemuthianum), a mancha-angular (Pseudocercospora griseola) e o crestamento bacteriano comum (Xanthomonas axonopodis pv. phaseoli) foram classificadas por Thung e Sartorato (2002) como as doenças de maior importância nesta cultura. 3.2.1. ANTRACNOSE - Glomerella cingulata f. sp. phaseoli (Colletotrichum lindemuthianum (Sacc. & Magn.) Br. & Cav.) Br. & Cav.) A antracnose do feijoeiro é causada pelo fungo Colletotrichum lindemuthianum, pertencente à subdivisão Deuteromycotina. A fase perfeita corresponde ao ascomiceto Glomerella cingulata f. sp. phaseoli (BIANCHINI et al., 2005). O micélio é ramificado, septado e sua coloração varia de hialina a quase negra. Os conídios são hialinos, unicelulares, oblongos a cilíndricos, apresentando as extremidades redondas ou uma delas pontiaguda. Normalmente, apresentam na parte central uma área clara semelhante a um vacúolo. A massa de esporos formada nos acérvulos possui coloração rósea. Os conidióforos são hialinos, eretos e sem ramificações. Os acérvulos possuem setas, encontradas no hospedeiro, que são produzidas entre os conidióforos ou nas margens dos acérvulos, são pontiagudas, rígidas, septadas e de coloração castanha (RAVA e SARTORATO, 1994; BIANCHINI et al., 2005). Os conídios que chegam a atingir a área foliar podem germinar entre seis e nove horas em condições de ambiente favorável para o desenvolvimento da doença, formando de um a quatro tubos germinativos e apressório. O fungo se prende à superfície do hospedeiro pela sua camada gelatinosa. A penetração ocorre de forma direta pela pressão exercida pelo apressório do fungo na região da epiderme e cutícula. Hifas infectivas crescem entre a parede celular e o protoplasto durante um período de dois a quatro dias. Após vários dias, as células da parede são degradadas pela ação de enzimas específicas, levando ao surgimento de lesões (DALLA PRIA e SILVA, 2010). A esporulação e a infecção do hospedeiro são favorecidas por temperaturas entre 13 e 27°C, com ótimo em 17°C. Para incubação e subsequente germinação de conídios é necessária umidade relativa superior a 92% ou água livre. Temperaturas superiores a 30°C e inferiores a 6°C são limitantes tanto para a infecção 11 quanto para o desenvolvimento do fungo e consequentemente desenvolvimento da SARTORATO, 1994; DALLA PRIA e SILVA, 2010). 4 doença (HALL, 1994; RAVA; Os sintomas da antracnose ocorrem em toda a parte aérea da planta. As lesões formadas no hipocótilo podem atingir tamanho considerável, iniciando-se por uma mancha diminuta que evolui gradualmente no caule, no sentido longitudinal. Finalmente, as lesões tornam-se deprimidas e de coloração marrom escura (ABREU, 2005). A utilização de cultivares resistentes mostra-se a forma mais prática e menos onerosa de controle para os produtores, entretanto, a imensa variabilidade patogênica do fungo torna por muitas vezes quase que obrigatória a utilização de produtos químicos para o controle efetivo da doença (RAVA, 2002; BIANCHINI et al., 2005). 3.3. CULTURA DA VIDEIRA A videira é uma planta perene, lenhosa, caducifólia e sarmentosa, com órgão de sustentação chamado gavinha. Possui sistema radicial amplamente ramificado, caule ereto, folhas com a presença de pelos na parte abaxial, flores completas ou hermafroditas, frutos tipo baga. Pertencente a família Vitaceae e ao gênero Vitis, que possui duas espécies de maior interesse comercial, V. vinifera e V. labrusca (KISHINO, 2007). A viticultura é um importante segmento da fruticultura e está presente em diversos estados do Brasil. Em 2013 foram produzidas 1.465.734 toneladas em 80.600 ha (IBGE, 2013). Seus frutos são utilizados tanto para a fabricação de vinhos, quanto para o processamento e consumo in natura. Há grande variabilidade genética do material utilizado, com mais de 120 cultivares de V. vinifera e mais de 40 cultivares de híbridas americanas (CAMARGO et al., 2011). Uvas europeias (V. vinifera) são utilizadas para a fabricação de vinhos finos, enquanto as de origem americana (V. labrusca) produzem vinhos comuns (GARRIDO et al., 2004). A prática da viticultura subtropical caracteriza-se em locais de invernos amenos e curtos, sujeita a geadas, ocorrendo um ciclo tradicional, e sob o uso de sistemas de manejo especiais, ocorrem dois ciclos vegetativos (CAMARGO et al., 2011). No Paraná tem se destacado a produção de uvas finas caracterizada por duas safras anuais na região Norte (SATO et al. 2011). O cultivo de uvas americanas está presente em menor escala, as quais são destinadas principalmente ao processamento (KISHINO e ROBERTO, 2007). 5 3.3.1. CULTIVAR BENITAKA A cultivar Benitaka é uma mutação da Itália, destacando-se pelo intenso desenvolvimento da coloração rosada escura, mesmo quando ainda imatura, em qualquer época do ano. Os cachos são grandes, com peso médio de aproximadamente 400g e bagas grandes (8 a 12 g) (LEÃO, 2010). Esta variedade necessita cerca de 2.370 graus-dias de temperatura para completar seu ciclo (NAGATA et al., 2000). 3.4. DOENÇAS DA VIDEIRA A incidência de doenças sobre a cultura pode reduzir a qualidade e a produtividade dos frutos, aumentando os custos da produção. Em sua maioria, são causadas por fungos que afetam a parte aérea das plantas, provocando doenças como a antracnose e o míldio (AMORIM e KUNIYUKI, 2005). No Paraná, as condições de temperatura e umidade do ar durante o ciclo de produção da videira, aumentam a suscetibilidade às doenças fúngicas (RICCE et al., 2013). 3.4.1. ANTRACNOSE - Elsinoe ampelina (de Bary) Schear Também conhecida como olho de passarinho, varola ou varíola, é causada pelo fungo Elsinoe ampelina (de Bary) Schear, com forma sexuada de Sphaceloma ampelinum de Bary (=Gloeosporium ampelophagum (Pass) Sacc.). Originou-se na Europa, enquanto no Brasil a doença surgiu após introdução de cultivares americanas procedentes do Hemisfério Norte. Os conídios de S. ampelinum são unicelulares, medindo 3-6 x 2-8 µm, hialinos, oblongos ou ovóides, curtos e cilíndricos, formados sobre conidióforos emersos numa base estromática dentro de acérvulos (SOUZA e PINHEIRO, 1996; AMORIM e KUNIYUKI, 2005). A antracnose pode causar graves perdas nas safras em áreas com chuva frequente, principalmente porque o E. ampelina pode infectar todas as partes aéreas da videira, induzindo numerosas lesões nas folhas, brotos, pecíolos, ramos e bagas, causando desfolha prematura e a queda das bagas (CARISSE e MORISSETTE-THOMAS, 2013). Nas folhas, formam-se, inicialmente, manchas circulares castanho-escuras e levemente deprimidas que, posteriormente, necrosam. Essas lesões são, normalmente, muito numerosas e podem se unir, tomando grande parte da folha, ou permanecer isoladas. O tecido morto pode desprender-se da lesão, originando um pequeno furo. No pecíolo e nas nervuras da folha essas lesões são mais alongadas, sendo mais facilmente perceptíveis na face inferior. 6 Caso ocorram nas nervuras, provocam o desenvolvimento desuniforme dos tecidos foliares, causando a deformação da folha. Nos brotos, ramos e gavinhas, aparecem lesões necróticas pardo-escuras que vão se alargando, aprofundando-se no centro e transformando-se em cancros, de coloração cinzenta no centro e bordos negros levemente salientes. Nos ramos maduros, os cancros tornam-se profundos, semelhantes a danos causados por granizo, podendo provocar rachaduras ou quebra dos mesmos. Nas bagas, a doença manifesta-se como manchas arredondadas, necróticas e isoladas. O tecido atacado torna-se mumificado adquirindo coloração cinza-escura no centro e pardo- avermelhada nos bordos (GARRIDO e SÔNEGO, 2003; NAVES et al., 2006). O fungo sobrevive de um ano para o outro nas lesões dos sarmentos e gavinhas, bem como sobre os restos culturais no solo. Ao final do ciclo da cultura, pode haver formação de escleródios, que são estruturas de resistência, nos bordos das lesões que, no início da primavera, em condições de alta umidade, dão origem aos conídios. Pela ação dos respingos da água de orvalho ou da chuva e do vento, os conídios são disseminados para as partes verdes da planta em desenvolvimento, iniciando novas infecções. Nas lesões primárias resultantes, produz-se inóculo secundário responsável por lesões em outras partes da planta, como as gavinhas, pecíolos, folhas, pedúnculos e bagas. Em regiões tropicais, onde a videira não entra em dormência e as podas são escalonadas, pode haver constantemente no vinhedo plantas com tecido suscetível, permitindo a produção do inóculo em todas as estações do ano (NAVES et al., 2006). O método de controle mais utilizado é o químico. Devem ser feitas pulverizações a cada 7 ou 14 dias, dependendo das condições climáticas, com fungicidas, desde o período de brotação até o início da colheita (estádio fenológico 5), com produtos à base de clorotalonil, clorotalonil + tiofanato metílico, difenoconazole, tiofanato metílico, folpet, mancozeb, dithianon ou ziram (NOGUEIRA, 2002). 3.4.2. MÍLDIO - Plasmopara viticola (Berkeley e M. A. Curtis) Berlese e De Toni O fungo Plasmopara viticola, agente causal do míldio, é considerado um dos mais importantes patógenos da videira. Também é conhecido como mufa ou mofo, e teve origem nos Estados Unidos, em 1834. É uma doença de difícil controle e de vasta ocorrência nos vinhedos brasileiros, podendo reduzir em até 75% a produção de uva (AMORIM e KUNIYUKI, 2005; MATASCI et al., 2008). 7 Os sintomas de míldio apresentam-se muito severos como os da antracnose, por surgirem em todas as partes verdes da planta. Na parte superior da folha aparecem manchas verde-claras e aspecto oleoso e na face inferior pode-se observar as frutificações do patógeno. Estas lesões evoluem para necrose e em condições de alta severidade a doença causa desfolha prematura da planta. Nas inflorescências, pode causar deformação, na floração a doença causa escurecimento e destruição das flores, sintoma muito semelhante ao causado pela antracnose. A infecção nos ramos, quando ocorre, normalmente realiza-se nos estádios iniciais de crescimento, ou nas extremidades, antes de ocorrerem crescimento secundário (SÔNEGO e GARRIDO, 2003; AMORIM e KUNIYUKI, 2005; GUBLER et al., 2013). A temperatura ideal para o desenvolvimento do patógeno situa-se entre 20 a 25 ºC, e a umidade ótima acima de 95 %, sendo necessária a presença de água livre por um período mínimo de 2 horas para haver novas infecções. O principal meio de sobrevivência do patógeno no inverno em regiões de clima temperado dá-se por uma estrutura de resistência denominada de oósporos, persistindo estes no solo e em folhas mortas. Quando o solo atinge uma temperatura de 18 ºC e alta umidade, os esporângios são produzidos, os quais contem os zoósporos que são responsáveis por infectar o órgão vegetativo (SÔNEGO e GARRIDO, 2003; GOBBIN et al., 2005; GUBLER et al., 2013). A pulverização com fungicidas e a utilização de cultivares resistentes, quando disponíveis, são alguns dos métodos usualmente recomendados para o manejo do míldio. O método de controle adotado com maior frequência pelos produtores é a pulverização com fungicidas de contato e sistêmicos, que requerem diversas aplicações durante o ciclo de crescimento e produção da videira (MADDEN et al., 2000; AMORIM e KUNIYUKI, 2005; SÔNEGO e GARRIDO, 2005). 3.5. CONTROLE ALTERNATIVO DE DOENÇAS DE PLANTAS 3.5.1. INDUÇÃO DE RESISTÊNCIA A indução de resistência em plantas envolve a ativação de mecanismos de defesa em resposta ao tratamento com agentes elicitores, os quais são moléculas capazes de proteger contra infecções subsequentes por patógenos. Entre os elicitores estão agentes de origem biótica ou abiótica (STANGARLIN e PASCHOLATI, 1994; STANGARLIN et al., 1999; BARROS et al., 2010; STANGARLIN et al., 2011). 8 Vários eventos de sinalização acontecem após elicitação, incluindo a fosforilação de proteínas reversíveis, mudanças nas atividades de proteínas da membrana plasmática, variações nas concentrações de cálcio no citosol e no núcleo, produção de óxido nítrico e de espécies reativas de oxigénio. Estes eventos ocorrerem dentro dos primeiros minutos ou até algumas horas após a percepção do elicitor. A via específica de transdução elicitora pode utilizar uma combinação ou várias combinações parciais de tais eventos que podem diferir em cinética e dependem da intensidade do estímulo. As ligações entre os eventos de sinalização permitem a amplificação da transdução do sinal e asseguraram a especificidade para obteremse reações de defesa da planta (GARCIA-BRUGGER et al., 2006). Entre os mecanismos de defesa da planta em resposta à elicitação, podem ocorrer alterações fisiológicas, como uma rápida explosão oxidativa levando a formação de espécies reativas de oxigênio (RESENDE et al., 2003), produção de substâncias antimicrobianas (fitoalexinas) ou a ativação/produção de enzimas relacionadas à defesa da planta. Além disso, a exposição do tecido vegetal à substâncias elicitoras podem alterar outros aspectos fisiológicos das plantas, como na fotossíntese. 3.5.1.1. FITOALEXINAS Fitoalexinas são metabólitos secundários de natureza química diversa, principalmente flavonóides, com baixo peso molecular e sintetizados em plantas após a infecção microbiana. A síntese pode ser desencadeada por diversos fatores, como a ação de indutores, tanto produzidos exógenamente por patógenos, produtos químicos, danos mecânicos, como produzidos endógenamente pelas plantas em resposta a determinadas situações de estresse. A indução da síntese e acumulação de fitoalexinas não apenas provêm da planta hospedeira, mas também do patógeno (fungos, bactérias e vírus) (GARCÍA-MATEOS e PÉREZ-LEAL, 2003). De forma geral, o modo de ação das fitoalexinas inclui granulação citoplasmática, desorganização dos conteúdos celulares, ruptura da membrana plasmática e inibição de enzimas fúngicas. Esses efeitos refletem-se na inibição da germinação e elongação do tubo germinativo e redução ou inibição do crescimento micelial (LO et al., 1996). Existe uma grande variedade de fitoalexinas descobertas que são produzidas pelas plantas cultivadas. No feijão, a fitoalexina mais importante na interação patógeno-planta é a faseolina, que foi primeiramente detectada por Müller (1958) e, desde então, estudos vem 9 comprovando sua ação antifúngica contra Collethotrichum lindemuthianum (DURANGO et al., 2002). Na soja, a gliceolina é a principal fitoalexina acumulada nos tecidos vegetais após exposição a um elicitor (BURDEN e BARLEY, 1975; SMITH, 1996). No sorgo, são produzidos compostos fenólicos, derivados de antocianidinas (desoxiantocianidinas), luteolinidinas, apigeninidinas e metoxiluteolinidinas (NICHOLSON et al., 1987; LO et al., 1996). 3.5.1.2. ENZIMAS RELACIONADAS À DEFESA DA PLANTA 3.5.1.2.1. PEROXIDASES (POX) (POX, EC 1.11.1.7) Peroxidases são enzimas da classe III, e estão envolvidas em uma ampla variedade de processos fisiológicos de todo o ciclo de vida da planta, devido ao elevado número de isoformas enzimáticas (isoenzimas) e a versatilidade de as suas reações catalizadas por estas. São enzimas que participam na lignificação, suberização e no metabolismo da parede celular, por isso são classificadas como proteínas relacionadas à patogênese (PR-proteínas) pertencentes a família PR-9. As macromoléculas polimerizadas pelas POXs são depositadas na superfície extracelular, fortalecendo a parede celular, restringindo assim a invasão por patógenos e a expansão celular, contribuindo ao enrijecimento do corpo da planta (VAN LOON e VAN STREIN, 1999; HIRAGA et al., 2001; ALMAGRO et al., 2009). 3.5.1.2.2. CATALASE (CAT) (CAT, EC 1.11.60) A catalase foi a primeira enzima antioxidante a ser descoberta e caracterizada. Como catalase degrada peróxido sem qualquer poder redutor, esta enzima fornece as plantas uma forma eficiente de energia para remover H2O2. No entanto, a catalase só está ativa durante concentrações relativamente elevadas de H2O2. Menores níveis são eliminados pelas peroxidases (GECHEV et al., 2006; MHAMDI et al., 2010). A organela de maior produção de peróxido são os peroxissomos, portanto local de maior acúmulo de catalase. A presença de atividade de catalase no citosol, cloroplastos e mitocôndrias é menos frequente (SHARMA et al., 2012). 3.5.1.2.3. POLIFENOLOXIDASE (PPO) (PPO, EC 1.10.3.1) As polifenoloxidases catalisam a oxidação de um ou dois elétrons de fenóis em quinonas. São metaloproteínas de cobre que catalisam a hidroxilação de um monofenol, 10 seguida pela sua oxidação para diquinona (atividade da cresolase), ou a oxidação de um odihidroxifenol para diquinona (atividade da catecolase). Os produtos de reação quinonóide formadas pela PPO são familiares para qualquer pessoa que tenha homogeneizado tecidos vegetais. As quinonas geradas por ela são moléculas altamente reativas, eletrofílicas que modificam de forma covalente e reticulam uma variedade de componentes celulares, incluindo proteínas nucleófilas, tais como sulfidrilo, amina, amida e substituintes indole e imidazole. A formação de quinonas (geralmente de cor marrom ou preta) representa o efeito prejudicial primária da enzima no processamento de alimentos e fisiologia pós-colheita de produtos vegetais, e é a principal razão para a importância desta para a indústria alimentícia. Por outro lado, o potencial de quinonas para modificar covalentemente e reduzir o valor de proteínas vegetais também tem gerado interesse em estratégias baseadas em PPO para aumentar a resistência de plantas (STEFFENS et al. 1994). 3.6. FOTOSSÍNTESE Diferentes componentes do processo fotossintético são afetados quando as plantas são submetidas a estresses. A fluorescência, emitida pelo fotossistema II, pode ser utilizada como parâmetro de avaliação dos danos causados por algum estresse. 3.6.1. FLUORESCÊNCIA DA CLOROFILA A energia absorvida pelas plantas é distribuída ao longo de três processos concorrentes: fotossíntese, dissipação térmica e emissão de fluorescência da clorofila (BUSCHMANN, 1999). Fluorescência da clorofila é uma medição não invasiva do fotossistema II (PSII) e é uma técnica utilizada em fisiologia vegetal para avaliar a sensibilidade na atividade deste fotossistema a fatores bióticos e abióticos, e também como um indicador mais amplo de como as plantas respondem a mudanças ambientais (MURCHIE e LAWSON, 2013). Interações compatíveis com agentes patogênicos reduzem o rendimento quântico do PSII, isto porque a indução de defesa das plantas contra fitopatógenos necessita de custo elevado de energia para ativar as respostas de defesa, pois aumenta a demanda de fotoassimilados para a geração destes mecanismos, aumentando assim o metabolismo respiratório (BERGER et al., 2007). Plantas apresentando maior resistência a doenças apresentam menor fluorescência da clorofila quando comparadas com plantas sensíveis. 11 3.7. USO DE BASIDIOMICETOS NO CONTROLE DE DOENÇAS DE PLANTAS Os basidiomicetos possuem grande capacidade de produção de metabólitos secundários, os quais podem exercer diversas atividades biológicas, como antioxidante, antimicrobiana, antifúngica, antiviral ou como reguladores de crescimento vegetal. (BRIZUELA et al., 1998; BARROS et al., 2007; FERREIRA et al., 2007; OYETAYO, 2009). Uma das características dos extratos provenientes de cogumelos é sua capacidade de atuar na constituição fisiológica do mecanismo de defesa do hospedeiro, melhorando sua resistência à doenças (KITZBERGER, 2005). A utilização de extratos de basidiomicetos no controle de doenças de plantas, por ação tanto direta quanto através da indução de resistência, vem sendo comprovada. Domingues et al. (2011) comprovaram que o extrato do basidiomiceto Oudemansiella canarii proporcionou os menores valores de crescimento micelial de Alternaria solani, Colletotrichum acutatum e Sclerotium rolfsii, além inibir totalmente a germinação de conídios de A. solani e C. acutatum e de escleródios de S. rolfsii. Extratos de Pycnoporus sanguineus indicaram potencial na indução de ERO's em feijoeiro no início da infecção por Colletotrichum lindemuthianum e aumentaram a atividade das enzimas peroxidase e polifenoloxidase e os teores de proteínas e clorofilas quando inoculado o fungo Pseudocercospora griseola (VIECELLI et al., 2009; BALDO et al., 2011). No trabalho de Coqueiro et al. (2011), o tratamento com extrato de Agaricus blazei associado à fécula de mandioca (3%) apresentou uma redução significativa da área necrosada por Colletotrichum gloeosporioides em frutos de maracujá-azedo. 3.7.1. SHIITAKE (Lentinula edodes) A classificação taxonômica atualmente empregada para o cogumelo Lentinula edodes (Berk.) Pegler é (NAPPI e MORETTO, 1998): Reino: Fungi Divisão: Mycota Classe: Basiodiomycetes Subclasse: Holobasiodiomycetidae Ordem: Agaricales Família: Tricholomataceae Gênero: Lentinula Espécie: Lentinula edodes. 12 É um dos 11 mais conhecidos e mais bem caracterizados cogumelos usados com propósitos medicinais (OOI, 2000). Apresenta em sua composição 85-95% de água, 10-17% de proteínas (matéria seca), 25-40% de aminoácidos totais, mas com quantidades restritas de metionina, cistina, valina e isoleucinas (CRISAN e SANDS, 1978), 83% de carboidratos (matéria seca) dos quais 13% são fibras (BREENE, 1990). Mattila et al. (2001) determinou o conteúdo de ácidos fenólicos em shiitake, encontrando as seguintes quantidades: 160, 760, 139 e <50 μg/100g em peso seco de tr-cinâmico, p-hidroxibenzóico, protocatequinico e caféico, respectivamente. O principal componente do extrato aquoso deste cogumelo pode ser a lentionina, que é um composto sulfatado, detectado tanto no basidiocarpo como na biomassa micelial produzida em cultura submersa e apresenta forte atividade antibacteriana e antifúngica (HATVANI, 2001; ISHIKAWA et al., 2001; DI PIERO, 2003). 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AIDAR, H. Cultivo do feijoeiro comum - características da cultura. Embrapa Arroz e Feijão, 2003. Disponível em: <http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/ Fontes HTML /Feijao/ CultivodoFeijoeiro/index.htm>. Acesso em: 16/03/2015. ALMAGRO, L.; GOMEZ ROS, L.V.; BELCHI-NAVARRO, S.; BRU, R.; ROS BARCELO, A.; PEDRENO, M.A. Class III peroxidases in plant defence reactions. Journal of Experimental Botany, v. 60, p. 377–390, 2009. AMORIM, L.; KUNIYUKI, H. Doenças da videira. In: Kimati, H.; Amorim, L.; Bergamim Filho, A.; Camargo, L. E. A.; Rezende, J. A. Manual de Fitopatologia: doenças das plantas cultivadas, São Paulo - SP, ed. Ceres, p. 639-651, 2005. 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EXTRATO AQUOSO DE SHIITAKE NA INDUÇÃO DE FITOALEXINAS E ATIVIDADE DE PEROXIDASES EM FEIJÃO, SORGO E SOJA RESUMO A indução de resistência em plantas pode ser verificada através da produção de fitoalexinas e atividade de peroxidases nas células vegetais, podendo ser uma alternativa no controle de fitopatógenos. Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivo verificar o efeito de diferentes doses do extrato aquoso (EA) do cogumelo Lentinula edodes na síntese de fitoalexinas e atividade de peroxidases em hipocótilos de feijão, mesocótilos de sorgo e cotilédones de soja. O pó seco do basidiocarpo foi hidratado na proporção de 1 g para 14 mL de água destilada, durante 24 h a 4°C. Os tratamentos foram 0, 5, 10 ou 20% do EA e acibenzolar-S-metil (ASM) como tratamento padrão. Mensurou-se a produção de fitoalexinas e atividade de peroxidases por espectrofotometria de absorbância. A produção de fitoalexinas faseolinas em feijão, desoxiantocianidinas em sorgo e gliceolinas em soja tiveram um aumento significativo, sendo a concentração que mais induziu a de 20%. Para a atividade de peroxidases, apenas em cotilédones de soja ocorreu diferença estatística, com a dose de 10 diferindo da testemunha. O EA de L. edodes nas maiores doses pode ser uma alternativa no controle de fitopatógenos através da indução de fitoalexinas e ativação de peroxidases. Palavras-chave: indução de resistência, Lentinula edodes, extrato de cogumelo 23 AQUEOUS EXTRACT OF SHIITAKE IN PHYTOALEXINS INDUCTION AND PEROXIDASE ACTIVITY IN BEANS, SORGHUM AND SOYBEAN ABSTRACT Induction of resistance in plants can be verified through the production of phytoalexins and peroxidase activity in plant cells, may be an alternative for the control of plant pathogens. This study verified the effect of different doses of the aqueous extract (AE) of the mushroom Lentinula edodes in phytoalexin synthesis and peroxidase activity in bean hypocotyls, mesocotyls sorghum and soybean cotyledons. The dried powder of the basidiocarp was hydrated in ratio of 1 g in 14 ml distilled water for 24 h at 4 ° C. The treatments were 0, 5, 10 or 20% AE and acibenzolar-S-methyl (ASM) as control. It was measured the production of phytoalexins and peroxidase activity by spectrophotometric absorbance. The production of phytoalexins phaseolin in bean, desoxyanthocyanidins in sorghum and gliceollins in soybean have increased significantly with the concentration that induced more than 20%. For peroxidase activity statistical difference was found only in soybean cotyledons with the dose of 10 differed from the control. The AE of L. edodes in larger doses can be an alternative for the control of plant pathogens by phytoalexin induction and peroxidase activation. Keywords: Induced resistance, Lentinula edodes, mushroom extract 24 1. INTRODUÇÃO A indução de resistência em plantas sobre fitopatógenos caracteriza-se como um processo ativado após o contato de um elicitor com o tecido vegetal, promovendo respostas de defesa. Tais mecanismos são induzidos após exposição da planta aos agentes de indução, estes podendo ser de origem biótica ou abiótica (BARROS et al., 2010; STANGARLIN et al., 2011). Dentre as respostas celulares desencadeadas estão a produção de fitoalexinas e a ativação de peroxidases. As fitoalexinas são compostos antimicrobianos de baixo peso molecular, os quais são caracterizados como mecanismos de defesa bioquímicos pós-formados, produzidos em resposta a infecção ou estresse (JEANDET et al., 2013). As peroxidases são PR-proteínas, presentes nos tecidos das plantas, as quais podem ser ativadas através dos elicitores. Sua função na proteção contra patógenos está relacionada com a participação nos processos de lignificação e suberização da parede celular (ALMAGRO et al., 2009). Extratos de cogumelos têm sido utilizados no controle de doenças de plantas através da resistência induzida. Trabalhos com tais extratos tem verificado o potencial destes na ativação dos mecanismos de defesa vegetal. Peiter-Beninca et al. (2008) trabalhando com extratos do basidiocarpo de Pycnoporus sanguineus verificaram suas ações elicitoras na indução de fitoalexinas e ativação de peroxidases em sorgo e soja. Arruda et al. (2012) observaram um acúmulo de fitoalexinas em cotilédones de soja com a aplicação de extratos aquosos de Agaricus blazei, Lentinula edodes e P. sanguineus. Outros trabalhos também tem verificado o controle de doenças em plantas através da indução de resistência por extratos de basidiomicetos. Silva et al. (2007) observaram que a atividade das peroxidases foi aumentada com a aplicação de extrato aquoso de L. edodes em tomateiro, reduzindo a murcha bacteriana. Plantas de berinjela também obtiveram a atividade das peroxidases aumentada após aplicação de extrato de A. blazei, reduzindo a ocorrência de folhas murchas por Ralstonia solanacearum (SILVA et al., 2008). O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar o efeito do extrato aquoso do basidiocarpo de Lentinula edodes na indução de fitoalexinas e ativação de peroxidases em feijão, sorgo e soja. 25 2. MATERIAL E MÉTODOS Para obtenção dos extratos, o pó do basidiocarpo seco do cogumelo Lentinula edodes foi hidratado na concentração de 1 g 14 mL-1 de água destilada e armazenado a 4 °C por 24 horas no escuro. A suspensão foi filtrada em papel filtro comum e o filtrado foi diluído nas concentrações de 1, 5, 10 e 20 %. Para todos os experimentos os tratamentos consistiram das quatro doses do extrato e como testemunhas, foram utilizadas água destilada e o ativador de defesa vegetal acibenzolar-S-metil (ASM) (200mg L-1 do produto comercial). Para o bioensaio de produção de fitoalexinas faseolinas em hipocótilos de feijão (Phaseolus vulgaris L.), sementes da cultivar IPR Tuiuiu foram semeadas em substrato comercial e mantidas em sala climatizada a 25 °C no escuro para estiolamento dos hipocótilos. Após 10 dias, os hipocótilos foram lavados em água destilada, secos e cortados em segmentos de 5 cm. Cinco hipocótilos foram colocados em placa de Petri com papel filtro umedecido com água destilada estéril. Foi aplicada sobre cada hipocótilo uma alíquota de 75µL de cada tratamento. As placas de Petri foram mantidas a 25 ºC no escuro por 48 horas. Após esse período, quatro hipocótilos (totalizando ±1 g) foram transferidos para tubos de ensaio contendo 10 mL de etanol e mantidos a 4 °C por 48 horas. Em seguida, foram agitados por uma hora para extração da fitoalexina formada. A absorbância foi determinada a 280 nm (BAILEY e BURDEN, 1983). O total de faseolinas formadas foi expresso em absorbância 280 nm por grama de peso fresco (ABS 280 nm g-1 p.f.). Um hipocótilo foi acondicionado em envelope de papel alumínio, congelado e posteriormente utilizado no teste de peroxidases. Para o bioensaio de produção de fitoalexinas desoxiantocianidinas em mesocótilos de sorgo [Sorghum bicolor (L) Moench], sementes da cultivar BRS 810 foram desinfestadas superficialmente com hipoclorito de sódio 1% por 2 minutos, lavadas e deixadas submersas em água destilada por 6 horas. Posteriormente, foram enroladas entre folhas de papel de germinação umedecidas e incubadas a 29 °C por 4 dias no escuro. Após este período, as plântulas foram mantidas por 4 horas na luz visando paralisar a elongação dos mesocótilos. Os mesocótilos foram excisados 0,5 cm acima do nó escutelar e colocados em tubos de ensaio (seis mesocótilos/tubo) contendo uma alíquota de 1 mL de cada tratamento. Os tubos de ensaio foram mantidos em câmara úmida a 25 °C sob luz. Após 60 horas, os mesocótilos foram secos e os 5 mm basais foram excisados e descartados. A porção superior (excetuandose as folhas) foi pesada, cortada em pequenos segmentos e colocada em tubos de vidro contendo 3 mL de metanol 80% acidificado (0,1% HCl; v/v). Os mesocótilos cortados foram 26 mantidos a 4 °C no metanol por 96 horas para extração dos pigmentos e a absorbância determinada em espectrofotômetro a 480 nm (NICHOLSON et al., 1987; NICHOLSON et al., 1988; WULFF e PASCHOLATI, 1999). O total de desoxiantocianidinas formadas foi expresso em absorbância 480 nm por grama de peso fresco (ABS 480 nm g-1 p.f.). As folhas foram acondicionadas em envelope de papel alumínio, congeladas e posteriormente utilizadas no teste de peroxidases. Para o bioensaio de produção de fitoalexinas gliseolinas em cotilédones de soja (Glycine max L.), sementes da cultivar ND 5680 foram semeadas em substrato comercial e mantidas em condições ambientais. Após 10 dias, os cotilédones foram destacados das plântulas, lavados em água destilada, secos e cortados em secção aproximada de 1 mm de espessura e 6 mm de diâmetro a partir da superfície inferior. Cinco cotilédones foram colocados em placa de Petri com papel filtro umedecido com água destilada estéril. Foi aplicada sobre cada cotilédone uma alíquota de 75µL de cada tratamento. As placas de Petri foram mantidas a 25 ºC no escuro por 20 horas, e em seguida, quatro cotilédones (totalizando ± 1 g) foram transferidos para tubos de ensaio contendo 12 mL de água destilada esterilizada e deixados em agitação por uma hora para extração da fitoalexina formada. A absorbância foi determinada a 285 nm (ZIEGLER e PONTZEN, 1982). O total de gliseolinas formada foi expresso em absorbância 285 nm por grama de peso fresco (ABS 285 nm g-1 p.f.). Um cotilédone foi acondicionado em envelope de papel alumínio, congelado e posteriormente utilizado no teste de peroxidases. Para o bioensaio de peroxidases de guaiacol (POX), as amostras remanescentes dos testes de fitoalexinas (um hipocótilo de feijão, folhas do sorgo e um cotilédone de soja) foram homogeneizadas em 2 mL de tampão fosfato 0,01M (pH 7,0) em almofariz de porcelana. O homogeneizado foi centrifugado a 15 000 g durante 30 minutos. O sobrenadante foi considerado como fração contendo a enzima. A atividade específica das peroxidases de guaiacol foi determinada a 30 ºC em espectrofotômetro a 470 nm. A mistura da solução consistiu de 2,9 mL de solução contendo 250 μL de guaiacol e 306 μL de peróxido de hidrogênio em 100 mL de tampão fosfato 0,01 M (pH 6,0) e 100 μL de preparação enzimática (LUSSO e PASCHOLATI, 1999). Os resultados foram expressos em variação de unidades de absorbância min-1 mg-1 proteína (U.A. min-1 mg-1 Proteína). O teor de proteínas foi determinado conforme método de Bradford (1976). 27 Todos os bioensaios foram conduzidos em delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições por tratamento. A análise de variância foi realizada através do programa estatístico SISVAR (FERREIRA, 2011), a comparação das médias entre os tratamentos foi realizada pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade e a análise de regressão para as doses foi ajustada para uma equação de segundo grau. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO O extrato aquoso desencadeou um acúmulo significativo de faseolinas em hipocótilos de feijão (Figura 1). Houve um aumento quadrático negativo em função das doses, o qual nas maiores concentrações observou-se uma maior produção deste composto. Nas concentrações de 10 e 20% ocorreu um aumento de aproximadamente 25 e 14%, respectivamente, quando comparadas à testemunha. Figura 1. Indução de faseolinas em hipocótilos de feijão pelo tratamento com extrato aquoso de Lentinula edodes e acibenzolar-S-metil (ASM); Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade. Em mesocótilos de sorgo ocorreu diferença estatística significativa na indução de fitoalexinas entre o extrato, testemunha e controle ASM. O extrato na concentração de 20% proporcionou um aumento quadrático positivo de 88% quando comparado à testemunha, embora o ASM foi superior aos tratamentos testados (Figura 2). 28 Figura 2. Indução de desoxiantocianidinas em mesocótilos de sorgo pelo tratamento com extrato aquoso de Lentinula edodes e acibenzolar-S-metil (ASM); Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade. Para a indução de fitoalexina em cotilédones de soja, ocorreu diferença estatística significativa. O extrato aquoso diferiu da testemunha e do controle ASM, aumentando em aproximadamente 265% e 452% a produção deste composto, respectivamente, quando comparados com a maior concentração. Em relação às doses, houve um aumento quadrático na indução, proporcional com o incremento destas (Figura 3). Figura 3. Indução de gliseolinas em cotilédones de soja pelo tratamento com extrato aquoso de Lentinula edodes e acibenzolar-S-metil (ASM); Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade. Os resultados obtidos na pesquisa confirmam que a indução de fitoalexinas através da aplicação de um elicitor depende de diversos aspectos como: concentração do elicitor, 29 duração da exposição do elicitor com o tecido vegetal, idade e tipo de cultura utilizada e composição de nutrientes do elicitor (NAMDEO, 2007). O EA de Lentinula edodes em baixas doses foi menos efetivo na indução de fitoalexinas, sendo que o mesmo resultado também foi comprovado por outros pesquisadores (PICCININ et al., 2010; ARRUDA et al., 2012). Também se observou diferença quanto ao tipo de cultura utilizada, pois quando comparadas as testemunhas, houve um maior acúmulo, em porcentagem, de gliseolinas em cotilédones de soja do que faseolinas em hipocótilos de feijão e desoxiantocianidinas em mesocótilos de sorgo. Resultados similares foram observados por Peiter-Beninca et al. (2008), que trabalhando com o extrato hexânico do basidiomiceto Pycnoporus sanguineus na dose de 750 mg L-1, verificaram ação elicitora na cultura do sorgo, no entanto não verificaram na cultura da soja. Na ativação de peroxidases, o extrato foi efetivo apenas em cotilédones de soja, onde o EA de L. edodes proporcionou um incremento na atividade da enzima, com a aplicação das doses de 1, 5 e 10% (Figura 4). Figura 4. Atividade específica de peroxidases de guaiacol (POX) em cotilédones de soja pelo tratamento com extrato aquoso de Lentinula edodes e acibenzolar-S-metil (ASM); Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade. Para a atividade de peroxidases, os resultados apontam que a ativação da mesma através do uso deste elicitor é efetiva até a concentração de 10%. Silva et al. (2007) verificaram maior atividade desta enzima em folhas de tomate tratadas com 10% de extrato aquoso de L. edodes e consequentemente observaram uma redução da severidade da murcha bacteriana por Ralstonia solanacearum. A ativação de peroxidases possivelmente depende da cultura utilizada, pois este mecanismo de defesa foi mais induzido em cotilédones de soja do 30 que em mesocótilos de sorgo em trabalho realizado com o cogumelo P. sanguineus (PEITERBENINCA et al., 2008). 4. CONCLUSÕES O extrato aquoso de Lentinula edodes nas maiores concentrações (10 e 20%) possui atividade indutora de fitoalexinas em hipocótilos de feijão, mesocótilos de sorgo e cotilédones de soja, porém é mais efetivado em soja. Para a ativação de peroxidases, o extrato incrementa a atividade desta enzima até uma concentração de 10%. O efeito do extrato aquoso de L. edodes na ativação dos mecanismos de defesa, fitoalexinas e peroxidases, é dependente da concentração e da cultura em que é aplicado. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMAGRO, L.; GÓMEZ-ROS, L.V.; BELCHI-NAVARRO, S.; BRU, R.; ROS BARCELÓ, A.; PEDREÑO, M.A. Class III peroxidases in plant defence reactions. Journal of Experimental Botany, v. 60, n. 2, p. 377-39, 2009. ARRUDA, R.S.; MESQUINI, R.M.; SCHWAN-ESTRADA, K.R.F.; NASCIMENTO, J.F. Efeito de extratos de cogumelos na indução de fitoalexinas e no controle de oídio da soja em casa de vegetação. Bioscience Journal, v. 28, n. 2, p. 164-172, 2012. 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Com o objetivo de desenvolver métodos alternativos ao químico, verificou-se o potencial do extrato aquoso (EA) de Lentinula edodes no controle de doenças do feijoeiro e para indução de resistência na ativação de enzimas de defesa, como peroxidase, catalase e polifenoloxidase, além de avaliar os componentes de produção. O experimento em campo foi constituído pelos tratamentos com EA nas concentrações de 0, 5, 10 ou 20%, acibenzolar-S-metil (ASM) e fungicida Piraclostrobina como tratamentos padrões. O EA foi efetivo no controle da antracnose nas doses de 1 e 5%. A atividade de todas as enzimas avaliadas foi mais elevada as 12 e 24 horas depois da aplicação dos tratamentos, destacando-se a concentração de 20%. O EA nesta mesma dose aumentou o número de sementes por vagem e a produtividade. O extrato aquoso de Lentinula edodes na concentração de 20% pode ser efetivo na indução de resistência, aumentando os níveis enzimáticos e incrementando nos valores de produtividade. Palavras-chave: Phaseolus vulgaris, Collethotrichum lindemuthianum, manejo alternativo 34 AQUEOUS EXTRACT OF SHIITAKE IN CONTROL AND RESISTANCE INDUCTION TO PATHOGENS OF BEAN ABSTRACT The common bean (Phaseolus vulgaris L.) is one of the main crops of national agriculture and can be affected by various diseases. With the objective of developing alternative methods to chemical, there was the potential of the aqueous extract (AE) of Lentinula edodes in diseases control bean and the induction of resistance in the activation of defense enzymes such as peroxidase, catalase and polyphenoloxidase, more evaluating the production components. The field experiment was by treatments with AE at concentrations of 0, 5, 10 or 20%, acibenzolarS-methyl (ASM) and Pyraclostrobin as the control. The AE was effective in anthracnose control in doses of 1 and 5%. The activity of all enzymes was evaluated higher 12 and 24 hours after treatment application, highlighting the concentration of 20%. AE in the same dose increased the number of seeds per pod and productivity. The aqueous extract from Lentinula edodes 20% can be effective for induction of resistance, increasing enzyme levels and increasing the productivity. Keywords: Phaseolus vulgaris, Collethotrichum lindemuthianum , alternative management 35 1. INTRODUÇÃO O feijoeiro (Phaseolus vulgaris) é uma leguminosa muito cultivada no Sul do Brasil, sendo um dos grãos mais consumidos na alimentação humana diária, principalmente por seu alto teor de proteínas e ferro. Um dos maiores problemas que comprometem a produtividade da cultura é a susceptibilidade a doenças. Segundo Thung e Sartorato (2002), a antracnose (Colletotrichum lindemuthianum), a mancha-angular (Pseudocercospora griseola) e o crestamento bacteriano comum (Xanthomonas axonopodis pv. phaseoli) são as doenças de maior importância da cultura. Diversos métodos de controle podem ser utilizados no manejo destas doenças, no entanto, o uso de agrotóxicos ainda é o mais utilizado. Esta forma de controlar doenças pode ser muito efetiva a curto prazo, porém pode causar danos ao ambiente e/ou resistência dos patógenos ao seu princípio ativo a longo prazo. Diante disso, surge a necessidade de um método alternativo ao uso de agrotóxicos, sendo a indução de resistência uma forma de controlar fitopatógenos através da aplicação de um agente elicitor, a qual desencadeia diferentes eventos na planta a fim de aumentar a sua defesa (STANGARLIN et al., 2011). Dentre os agentes de elicitação, tem-se destacado os extratos provenientes de basidiomicetos, que podem aumentar os níveis de resistência da planta através de diferentes mecanismos. Silva et al. (2007; 2008) ao estudarem a aplicação de extratos aquosos de Lentinula edodes e Agaricus blazei sobre plantas de berinjela e tomateiro no controle de Ralstonia solanacearum observaram um aumento na atividade de quitinase e peroxidase. Estas enzimas são PR-proteínas capazes de induzir resistência às plantas, tendo ação direta no patógeno ou aumentando a barreira para penetração deste. Viecelli et al. (2009; 2010) também observaram um aumento na atividade de peroxidases e polifenoloxidase após aplicação de extratos de Pycnoporus sanguineus em feijoeiro, diminuindo a severidade de mancha angular. Diante do exposto, o trabalho teve como objetivos investigar o potencial do extrato aquoso de Lentinula edodes no controle de doenças do feijoeiro e na indução de resistência por meio da ativação das enzimas peroxidase, catalase e polifenoloxidase, além de avaliar os componentes de produção. 36 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1. Local dos experimentos Os experimentos foram conduzidos no laboratório de Fitopatologia do departamento de Agronomia e em campo, na Universidade Estadual do Centro-Oeste, campus CEDETEG, sob as coordenadas geográficas de 25°23‟36”S e 51°27‟19”O e aproximadamente 1.120 m de altitude, durante a safra 2014/2015. O clima é classificado como subtropical mesotérmico úmido (Cfb), sem estação seca, com verões frescos e inverno moderado. O solo da área experimental é um Latossolo bruno. 2.2. Preparação dos extratos e tratamentos O basidiocarpo seco do cogumelo Lentinula edodes foi obtido comercialmente e posteriormente moído em moinho de facas com peneira de 1 mm. O pó seco foi hidratado na proporção de 1 g 14 mL-1 de água destilada, durante 24 h a 4 °C. Após hidratação o extrato aquoso bruto foi filtrado em papel-filtro comum. Em seguida foi diluído em água destilada para obterem-se as concentrações finais. Como tratamentos utilizaram-se: 1) controle negativo: água, 2) controles positivos: acibenzolar-S-metil (ASM, 200 mg L-1 do produto comercial) e o fungicida piraclostrobina da classe das estrobirulinas (0,3 L ha-1 do produto comercial), e 3) as doses de 1, 5, 10 e 20% do extrato aquoso (EA) de L. edodes. 2.3. Experimento in vivo O experimento em campo foi realizado no período de novembro/2014 a fevereiro/2015 e constituiu de três blocos casualizados, sendo que cada bloco era composto por sete parcelas, e cada parcela dentro de um bloco representava um tratamento, totalizando sete tratamentos. Cada parcela teve quatro linhas de 4 m de comprimento, espaçadas 0,5 m entre si. As duas linhas centrais, descontando-se 0,5 m da bordadura anterior e posterior, foram consideradas área útil para todas as avaliações. Foi utilizada a cultivar IPR Tuiuiu. Foram aplicados 480 kg ha-1 de NPK (04-14-08) no sulco da semeadura e os demais tratos culturais, como capinas manuais, foram realizados sempre que necessário. Os tratamentos foram aplicados por aspersão em toda a planta (0,5 L parcela-1), divididas em duas aplicações: a primeira no estádio vegetativo (V4) e a segunda no estádio reprodutivo (R6). 37 2.3.1. Efeito do EA de L. edodes no controle do crestamento bacteriano, antracnose e mancha angular A severidade das doenças foi avaliada aos 54, 57, 60, 63, 68 dias após semeadura (DAS) e aos 2, 5, 8, 11, 16 dias após a 2ª aplicação (DAA) dos tratamentos, após ocorrência natural dos sintomas das doenças (sem inoculação artificial), através de escalas diagramáticas elaborada por Godoy et al. (1997), Dalla Pria et al. (2003) e Lima et al. (2013), obtendo-se cinco avaliações da porção mediana inferior das plantas. Com as avaliações de severidade da doença, procedeu-se a construção da curva de progresso da doença e a determinação da área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD) (CAMPBELL e MADDEN, 1990). 2.3.2. Efeito do EA de L. edodes na indução de resistência 2.3.2.1. Coleta de amostras para análises bioquímicas As coletas foram realizadas na 2ª aplicação, 52 dias após semeadura (DAS). Discos de folha com 12 mm de diâmetro (cinco discos parcela-1) foram coletados às 12 horas antes da aplicação (HAA), 3, 6, 12 e 24 horas depois da aplicação (HDA). Durante o procedimento, cada amostra coletada foi imediatamente acondicionada em envelopes de papel alumínio e congelada com nitrogênio líquido. Foram coletadas amostras no folíolo central do trifólio superior. 2.3.2.2. Obtenção dos extratos proteicos As amostras de folhas foram homogeneizadas mecanicamente em 2 mL de tampão fosfato de potássio 0,01M (pH 7,0) (tampão de extração), em almofariz de porcelana. O homogenato foi centrifugado a 13.500 g durante 30 min a 4 ºC, sendo o sobrenadante obtido considerado como extrato enzimático para posterior determinação da atividade de peroxidase, catalase, polifenoloxidase e conteúdo proteico. 2.3.2.3. Atividade de peroxidases de guaiacol (POX, EC 1.11.1.7) A atividade específica das peroxidases de guaiacol foi determinada a 30 ºC em espectrofotômetro a 470 nm, durante 2 min. A mistura da solução consistiu de 2,9 mL de solução contendo 250 μL de guaiacol e 306 μL de peróxido de hidrogênio (H2O2) em 100 mL de tampão fosfato de potássio 0,01 M (pH 6,0) e 100 μL de preparação enzimática (LUSSO e 38 PASCHOLATI, 1999). A atividade específica da enzima foi expressa em unidades de absorbância por minuto por mg de proteína (U.A. min-1 mg-1 Proteína). 2.3.2.4. Atividade de catalase (CAT, EC 1.11.60) A atividade específica da catalase foi determinada foi determinada através da quantificação do complexo estável formado pelo molibdato de amônio com o peróxido de hidrogênio (TOMANKOVÁ et al., 2006). O extrato enzimático (100 μL) foi incubado em banho-maria a 38 °C juntamente com 0,5 mL da mistura de reação contendo de peróxido de hidrogênio em tampão fosfato de potássio 0,06 M (pH 7,4) por 2 min. Após esse período adicionou-se 0,5 mL de molibdato de amônio para deter o consumo de peróxido de hidrogênio pela enzima presente no extrato. Foi preparado um branco para cada amostra através da adição de molibdato de amônio à mistura de reação, omitindo o período de incubação. O complexo amarelo de molibdato e peróxido de hidrogênio foram medidos a 405 nm. A diferença entre a absorbância do branco e a amostra incubada indicou a quantidade de peróxido de hidrogênio utilizada pela enzima. A concentração de H2O2 foi determinada utilizando-se o coeficiente de extinção є = 0,0655 mM cm-1. A atividade específica da enzima foi expressa em umol por minuto por mg de proteína (umol min-1 mg-1 Proteína). 2.3.2.5. Atividade de polifenoloxidase (PPO, EC 1.10.3.1) A atividade específica da polifenoloxidase foi determinada a 30 ºC em espectrofotômetro a 420 nm, durante 2 min. A mistura da solução consistiu de 0,9 mL de solução contendo 1,001 g de catecol em 50 mL de tampão fosfato de potássio 0,01 M (pH 6,8) e 100 μL de preparação enzimática (DUANGMAL e APENTEN, 1999). A atividade específica da enzima foi expressa em unidades de absorbância por minuto por mg de proteína (U.A. min-1 mg-1 Proteína). 2.3.2.6. Teor de proteína O teor de proteínas totais foi avaliado pelo método de Bradford (1976). A concentração de proteínas, expressa em termos equivalentes de μg de albumina de soro bovino (ASB) em um mL de amostra (μg proteína mL-1), foi determinada utilizando-se curva padrão de concentrações de ASB. 39 2.4. Componentes de produção Por ocasião da colheita, foi avaliado o rendimento de sementes, os componentes do rendimento (número de vagens por planta, número de sementes por vagem e a massa de mil sementes). As sementes provenientes da debulha manual de todas as vagens forneceram por pesagem o rendimento de sementes (corrigidos para 13% de umidade e transformados em kg ha-1). Todos os componentes de produção foram determinados na área útil da parcela. 2.5. Análise estatística A análise de variância foi realizada através do programa estatístico SISVAR (FERREIRA, 2011) e a comparação das médias entre os tratamentos foi realizada pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES 3.1. Efeito do EA de L. edodes no controle da antracnose, do crestamento bacteriano e da mancha angular em campo Para o controle da antracnose, a diferença estatística foi significativa, sendo que as menores doses foram estatisticamente iguais ao fungicida e ao acibenzolar-S-metil (ASM), a concentração de 1% do EA diminuiu em 58% e a de 5% em 37% a severidade da doença quando comparadas a testemunha (Tabela 1). Não houve diferença estatística para o controle de crestamento bacteriano e mancha angular. Tabela 1. Área abaixo da curva do progresso da doença (AACPD) da antracnose em feijoeiro sob condições de campo, tratados com EA de Lentinula edodes, acibenzolar-S-metil (ASM) e fungicida Piraclostrobina. Tratamento Testemunha 1% EA 5% EA 10% EA 20% EA ASM Piraclostrobina CV (%) AACPD** 7,48b 3,17a 4,68a 10,49b 7,19b 4,68a 3,33a 42,14 ** Significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F; Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott 40 Resultados similares foram encontrados por Viecelli et al. (2010), que ao aplicarem extrato aquoso do micélio de Pycnoporus sanguineus nas concentrações de 10 e 20% em feijoeiro a campo não obtiveram controle da mancha angular na porção inferior das plantas. Baldo (2008), ao utilizar a concentração de 5% do extrato do basidiocarpo de P. sanguineus, observou uma redução no índice de antracnose em hipocótilos de feijão inoculados com Collethotrichum lindemuthianum. Piccinin et al. (2010) obtiveram controle sobre os patógenos Exserohilum turcicum e Colletotrichum sublineolum utilizando a concentração de 2% do extrato aquoso do basidiocarpo de L. edodes, reduzindo a severidade das doenças foliares em sorgo. 3.2. Efeito do EA de L. edodes na indução de resistência Pelos valores obtidos na determinação de peroxidases (POX), catalase (CAT) e polifenoloxidase (PPO), os tratamentos aplicados apresentaram diferenças estatísticas significativas. Observou-se que para o tratamento com o EA a 20% a resposta da atividade de todas as enzimas avaliadas ultrapassou o valor máximo obtido através dos demais tratamentos, tendo seus picos as 12 e 24 horas depois da aplicação (HDA) (Figura 6). Para a enzima peroxidase, o valor médio alcançado pelos tratamentos ficou em torno de 15 U.A.-1 min-1 mg Proteína, enquanto com o tratamento de 20%, as 24 HDA, houve um aumento significativo da atividade enzimática, com valor acima de 22 U.A.-1 min-1 mg Proteína, diferindo estatisticamente dos demais tratamentos (Figura 6.A). Na atividade de catalase, o pico enzimático alcançado através deste tratamento, ocorreu as 12 HDA, a qual foi estatisticamente superior, com valor de aproximadamente 105 umol-1 min-1 mg Proteína, ultrapassando a média dos demais tratamentos (80 umol-1 min-1 mg Proteína) (Figura 6.B). A concentração de 20% do extrato resultou num incremento na atividade da polifenoloxidase as 12 e 24 HDA, diferindo estatisticamente dos demais tratamentos, e passando os valores médios de 0,4 U.A.-1 min-1 mg Proteína destes em aproximadamente 237% (Figura 6.C). 41 Figura 5. Atividade específica de peroxidase (POX), catalase (CAT) e polifenoloxidase (PPO) em plantas de feijoeiro tratadas com EA de Lentinula edodes nas concentrações de 0, 1, 5, 10 e 20%, acibenzolar-S-metil (ASM) e fungicida Piraclostrobina; (**) indica diferença estatística significativa pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade. HAA: horas antes da aplicação e HDA: horas depois da aplicação dos tratamentos. 42 Essa oscilação na atividade de enzimas após a aplicação de extratos de basidiomicetos como elicitor é comum e encontrada em diversos trabalhos (TOILLIER et al., 2010; VIECELLI et al., 2010; VIECELLI et al., 2009; SILVA et al., 2008; SILVA et al., 2007). No trabalho de Toillier et al. (2010), o extrato aquoso do basidiocarpo de Pycnoporus sanguineus nas concentrações de 5 e 10% proporcionaram um incremento na atividade de peroxidase e polifenoloxidase em plantas de feijão após o tratamento e inoculação com a bactéria Xanthomonas axonopodis pv. phaseoli. Ainda em trabalho com feijoeiro, Viecelli et al. (2010) relataram que atividade das enzimas peroxidase e polifenoloxidase foram maiores nas plantas tratadas com extrato do micélio de P. sanguineus na concentração de 20%, quando comparadas com os controles. Silva et al. (2008) observaram uma elevação na atividade de peroxidases e polifenoloxidase em plantas de berinjela tratadas com extrato aquoso de Agaricus blazei e inoculadas com a bactéria Ralstonia solanacearum. Silva et al. (2007) trabalhando com extratos aquosos do basidiocarpo de A. blazei e Lentinula edodes nas concentrações de 10 e 20% no controle da murcha bacteriana por R. solanacearum, obtiveram um aumento na atividade enzimática de tomateiro após aplicação dos tratamentos sem a inoculação do patógeno, comprovando o efeito indutor de resistência, através da elevação enzimática, proporcionado pelos extratos. As peroxidases são enzimas responsáveis pela remoção de átomos de hidrogênio dos grupos álcoois hidroxicinâmicos, cujos radicais se polimerizam para formar lignina nas paredes celulares (CAVALCANTI et al., 2005). Essa modificação estrutural pode ser importante para as plantas, visto que pode ocorrer um aumento na resistência mecânica e química sob condições de estresse, pois com a produção desta enzima e posterior lignificação das paredes celulares há um aumento da rigidez das mesmas e diminuição do seu crescimento (CAMPOS e SILVEIRA, 2003). Os flavonoides são importantes na proteção de plantas a diversos estresses bióticos ou abióticos, principalmente pelo seu potencial citotóxico e capacidade antioxidante. A polifenoloxidase é a principal enzima responsável pela oxidação desses flavonoides nas células vegetais, e normalmente é induzida após algum estresse causado a planta (POURCE et al., 2007). Uma maior atividade de enzimas antioxidantes, como peroxidase, catalase e polifenoloxidase, reflete uma condição de maior estresse, o que foi observado no trabalho com a aplicação da maior concentração do extrato. Uma diminuição na atividade da catalase ou peroxidase pode levar a um aumento na quantidade de peróxido de hidrogênio nas células, 43 o que pode provocar morte celular, caracterizada como uma resposta de hipersensibilidade (SOARES e MACHADO, 2007). Quando o elicitor entra em contato com a célula vegetal, ocorre um aumento no fluxo iônico, na fosforilação/desfosforilação de proteínas produção de moléculas sinalizadoras, tais como o ácido jasmônico, ácido salicílico, etileno e de espécies reativas de oxigênio (BERGER et al., 2007). Portanto, os altos níveis enzimáticos encontrados após aplicação do elicitor, refletem num incremento dos mecanismos de defesa para futuras condições de estresse que a planta possa enfrentar. 3.3. Componentes de produção Para os componentes de produção, o extrato nas concentrações de 1, 10 e 20% aumentou o número de sementes por vagem, sendo estatisticamente igual ao tratamento padrão com fungicida. No entanto, para massa de mil sementes, as duas maiores doses reduziram este valor. Para produtividade, o EA de 10 e 20% não diferiu dos dois tratamentos padrões (Tabela 2). Tabela 2. Número de sementes/ vagem de feijoeiro tratado com extrato aquoso de L. edodes, acibenzolar-S-metil (ASM) e fungicida. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade. Tratamento Testemunha 1% EA 5% EA 10% EA 20% EA ASM Piraclostrobina CV (%) Vagens/ Planta (n°) 10,28a 10,73a 12,86a 12,98a 12,3a 14,13a 11,53a 18,57 Sementes/ Vagem** (n°) 5,05b 5,79a 4,83b 6,36a 6,3a 5,43b 5,61a 8,65 MMS** (g) 255,87a 233,7a 229,2a 210,17b 210,27b 233,9a 243,1a 5,28 Produtividade** (Kg ha-1) 2030,6b 2223,7b 2023,8b 2579,9a 2475,9a 2747,7a 2413,3a 12,87 ** Significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F; Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott Há poucos estudos relacionando o uso de indutores de resistência e produtividade das plantas. Mazaro et al. (2012) não encontraram interferência na produtividade e massa média de frutos de morango com o uso de quitosana e ASM como indutores de resistência. Já Junqueira et al. (2011), obtiveram uma maior produtividade de maracujazeiros aplicando produtos alternativos indutores de resistência. Kehlenbeck e Schönbeck (1995) utilizando Bacillus subtilis na indução de resistência de cevada em condições de campo contra Erysiphe 44 graminis f. sp. hordei, observaram uma redução de 40% na severidade da doença contra 93% do fungicida. No entanto, com o uso do indutor obtiveram uma produtividade maior e a qualidade dos grãos foi melhorada, com maiores teores de amido. No presente estudo, observou-se um aumento na atividade das enzimas antioxidantes, as quais podem atuar nas plantas como anti-estressantes. Um aumento na atividade das enzimas de estresse oxidativo é observado através da aplicação de biorreguladores de crescimento (ZAVALETA-MACERA et al., 2007), os quais favorecem o desenvolvimento ou evitam as limitações na produção (ALBRECHT et al. 2012), aumentando a produtividade na cultura aplicada. 4. CONCLUSÕES O extrato aquoso de Lentinula edodes na concentração de 20% não reduziu a severidade da antracnose, no entanto, aumentou os níveis de atividade das enzimas POX, CAT e PPO, as quais compensaram o estresse causado pelo ataque do fitopatógeno, aumentando a produtividade do feijoeiro. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBRECHT, L.P.; BRACCINI, A.L.; SCAPIM, C.A.; ÁVILA, M.R., ALBRECHT, A.J.P. Biorregulador na composição química e na produtividade de grãos de soja. Revista Ciência Agronômica, v. 43, n. 4, p. 774-782, 2012. BALDO, M. Aspectos histológicos e bioquímicos da indução de resistência em feijoeiro e atividade antifúngica por derivados de Pycnoporus sanguineus. 2008. 83p. Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual do Oeste do Paraná/UNIOESTE, Marechal Cândido Rondon, 2008. BERGER, S.; SINHA, A.K.; ROITSCH, T. Plant physiology meets phytopathology: plant primary metabolism and plant–pathogen interactions. 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O presente trabalho teve como objetivo avaliar o potencial do extrato aquoso (EA) de Lentinula edodes no controle e na indução de resistência de videira a estes patógenos, além de avaliar o efeito do extrato na fluorescência da clorofila a. Os experimentos foram constituídos pelos tratamentos com 0, 1, 5, 10 ou 20% do EA, acibenzolar-S-metil (ASM) e fungicida Mancozeb como padrões. O EA não apresentou efeito antimicrobiano direto no crescimento micelial, esporulação e germinação de esporos de Elsinoe ampelina, nem sobre Plasmopora viticola em discos de folha. Nas estacas, a concentração de 5% reduziu a AACPD, além de aumentar o F‟v/F‟m e o YII. O EA de L. edodes possui potencial no controle do míldio em estacas de videira. Palavras-chave: Vitis vinífera, Lentinula edodes, manejo alternativo, fluorescência da clorofila a 50 AQUEOUS EXTRACT OF SHIITAKE IN CONTROL AND RESISTANCE INDUCTION TO PATHOGENS OF VINE CV.BENITAKA ABSTRACT The mildew and anthracnose are among the major diseases of the vine and have sought alternative methods to the use of pesticides to control these pathogens. This study verified the potential of the aqueous extract (AE) of Lentinula edodes the control and induction of resistance to vine these pathogens and to evaluate the effect of the extract on the chlorophyll a fluorescence. Experiments were made by the treatments with 0, 1, 5, 10 or 20% AE, acibenzolar-S-methyl (ASM) and Mancozeb as control. AE showed no direct antimicrobial effect on mycelial growth, sporulation and spores germination Elsinoe ampelina or on Plasmopara viticola in leaf discs. The stakes, the concentration of 5% reduced the AUDPC, in addition to increasing the F‟v / F‟m and YII. The AE L. edodes has potential in controlling mildew in grapevine cuttings. Keywords: Vitis vinifera, Lentinula edodes, alternative management, chlorophyll a fluorescence 51 1. INTRODUÇÃO A videira (Vitis sp.) é uma frutífera muito cultivada no Sul do Brasil. Seu fruto, a uva, é utilizada tanto para o consumo in natura quanto para a fabricação de vinhos. Um dos maiores problemas que comprometem a produtividade da cultura é a susceptibilidade à doenças. Dentre estas, a antracnose e o míldio, que tem como agente etiológico os fungos Elsinoe ampelina e Plasmopara viticola, respectivamente, afetam o cultivo desta cultura (SÔNEGO e GARRIDO, 2005). O método de controle destas doenças mais utilizado pelos agricultores é a aplicação de fungicidas, que, no entanto, pode ser prejudicial ao ambiente. Como método alternativo ao uso de defensivos químicos, tem se destacado a indução de resistência, que consiste em aumentar os níveis de defesa da planta contra o ataque de fitopatógenos através da aplicação de um elicitor, o qual ativa mecanismos defesa antes latentes. Como agente de elicitação temse os de origem abiótica, como o acibenzolar-S-metil, ou de origem biótica, como extratos de plantas medicinais ou de cogumelos (BARROS et al., 2010; STANGARLIN et al., 2011). Diversos trabalhos têm utilizado extratos de basidiomicetos para verificar o potencial elicitor destes, em diferentes patossistemas. Silva et al. (2007) verificaram o potencial de extratos aquosos de Lentinula edodes e Agaricus blazei contra Ralstonia solanacearum em tomateiro. Silva et al. (2008) testaram os mesmos extratos no controle da murcha por Ralstonia em berinjela. Viecelli et al. (2009; 2010) analisaram o potencial de diferentes preparados do cogumelo Pycnoporus sanguineus contra o patógeno causador da mancha angular em feijoeiro. O potencial destes três basidiomicetos no controle do oídio da soja foram testados por Arruda et al. (2012). Além do efeito de induzir resistência, estes extratos também podem ter ação direta sobre os fitopatógenos, alterando a taxa de crescimento micelial, esporulação e germinação de esporos. Pacumbaba et al. (1999) verificaram o efeito antimicrobiano do micélio de L. edodes sobre várias bactérias fitopatogênicas. Sasaki et al. (2001) observaram um efeito antagônico sobre os fungos Helminthosporium euphorbia, Helminthosporium sp., Fusarium solani e Phomopsis sojae no crescimento micelial destes patógenos. Piccinin et al. (2010) através de extratos aquosos obtidos do basidiocarpo inteiro e de suas partes individualizadas, avaliaram a taxa de crescimento micelial de Exserohilum turcicum e Colletotrichum sublineolum. 52 O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar o efeito do extrato aquoso do basidiocarpo de Lentinula edodes na indução de resistência, na fluorescência da clorofila a e controle de patógenos da videira. 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1. Local dos experimentos Os experimentos foram conduzidos no laboratório e casa de vegetação de Fitopatologia do departamento de Agronomia, na Universidade Estadual do Centro-Oeste, campus CEDETEG. 2.2. Preparação do extrato e tratamentos O basidiocarpo seco do cogumelo Lentinula edodes foi obtido comercialmente e posteriormente moído em moinho de facas com peneira de 1 mm. O pó seco foi hidratado na proporção de 1 g/14 mL de água destilada, durante 24 h a 4°C. Após hidratação o extrato aquoso bruto foi filtrado em papel-filtro comum. Em seguida foi diluído em água destilada para obterem-se as concentrações finais. Como tratamentos utilizaram-se: 1) controle negativo água, 2) controles positivos acibenzolar-S-metil (ASM, 200 mg L-1 do produto comercial) (somente nos experimentos in vivo) e o fungicida mancozeb (350g 100 L-1), e 3) as doses de 1, 5, 10 e 20% do extrato aquoso (EA) de L. edodes. 2.3. Experimentos in vitro 2.3.1. Teste de crescimento micelial e esporulação de Elsinoe ampelina O isolado do fungo Elsinoe ampelina foi obtido da coleção do Laboratório de Fitopatologia da Unicentro, provenientes de plantas doentes de videira. Para o teste de crescimento micelial, após esterilização do meio batata-dextrose-ágar (BDA) em autoclave, durante 15 minutos a 120ºC, sob pressão de 1,1 kgf cm-2, os tratamentos foram adicionados ao meio fundente. Os meios de cultura foram vertidos em placas de Petri de 90 mm, e em seguida feita a repicagem de discos de 8 mm de diâmetro, contendo a colônia do fungo, para o centro de cada placa. As placas foram armazenadas em câmara de crescimento (BOD) à 25 ± 1 °C e fotoperíodo de 12 horas. Mensurou-se o diâmetro da colônia de cada fungo, com auxílio de uma régua, após a primeira colônia tomar conta da placa. 53 Ao final do teste de crescimento micelial, foi avaliada a esporulação de cada uma das colônias. Para isto, preparou-se uma suspensão de esporos através da adição de 10 mL de água destilada esterilizada com Tween 20 na placa, raspando a colônia com alça de Drigalski e filtragem em gaze, determinando-se o número de 106 esporos mL-1 com o auxílio de câmara de Neubauer. 2.3.2. Teste de germinação de esporos de Elsinoe ampelina A suspensão de esporos de E. ampelina foi obtida a partir colônias puras do isolado cultivado em meio BDA com idade de 8 dias. Foram adicionados 10 mL de água destilada com Tween 20 sobre as colônias, na placa de Petri. Posteriormente, com o auxílio de uma alça de Drigalski, as colônias foram raspadas, obtendo-se uma suspensão de esporos. Utilizou-se uma alíquota de 40 µL de suspensão (4 x 104 esporos mL-1), calibradas com o auxílio da câmara de Neubauer, acrescidas de 40 µL de cada tratamento, colocadas em cavidades individuais de placas de teste ELISA (REGENTE et al., 1997). As placas foram incubadas em fotoperíodo de 12 horas à 25 ± 1 °. A porcentagem de germinação foi determinada 24 horas após o início do experimento, através do emprego de 20 µL do corante azul algodão de lactofenol para paralisar a germinação. Em seguida, foram quantificados 100 esporos aleatórios por repetição, considerando como germinado aquele que apresentava tubo germinativo maior ou igual ao tamanho do esporo (BONALDO et al., 2004). 2.4. Experimentos in vivo O material propagativo foi retirado por ocasião de poda de videiras cv. Benitaka, de vinhedo comercial localizado em Maringá/PR.. As estacas lenhosas, contendo de 2 a 3 gemas, foram transferidas para vasos de plástico medindo 45x17x17 cm contendo substrato para mudas florestais a base de casca de pinus Mecplant®, e mantidas em casa de vegetação. 2.4.1. Efeito do EA de L. edodes no controle e esporulação do míldio em discos de folha Discos de folhas sadias com 18 mm de diâmetro foram tratados, acondicionados em caixas do tipo gerbox com espuma umedecida e armazenados em sala aclimatizada a 25 ±1°C, com fotoperíodo de 12h. Transcorridas 24 h, inoculou-se uma suspensão de 104 esporos mL-1 de Plasmopara viticola sobre os discos de folha, seguida da re-incubação na sala aclimatizada. Após aparecimento dos primeiros sintomas, diariamente avaliou-se a severidade 54 do míldio de acordo com a escala diagramática proposta por Azevedo (1997). Com as avaliações de severidade da doença, procedeu-se a construção da curva de progresso da doença e a determinação da área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD) (CAMPBELL e MADDEN, 1990). Após término das avaliações de severidade, os discos de folha foram lavados em água destilada com Tween 20, e raspados com auxílio de alça de Dringalski, para contagem de esporos, determinando-se o número de esporos (104 esporos mL-1) com o auxílio de câmara de Neubauer. 2.4.2. Efeito do EA de L. edodes no controle do míldio em estacas Após a brotação das primeiras folhas, as videiras foram tratadas com pulverizador manual até o ponto de escorrimento. Foram realizadas 4 pulverizações (quinzenais). A inoculação de P. viticola (104 esporos mL-1) foi realizada na 4ª pulverização, 24 h após o tratamento. A severidade da doença foi avaliada logo após aparecimento dos primeiros sintomas, e as avaliações foram realizadas a cada 3 dias, em 6 folhas por planta, através de escala diagramática elaborada por Azevedo (1997), obtendo-se seis avaliações. Com as avaliações de severidade da doença, procedeu-se a construção da curva de progresso da doença e a determinação da área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD) (CAMPBELL e MADDEN, 1990). 2.5. Efeito do EA de L. edodes na fluorescência da clorofila a Foram medidos alguns parâmetros da fluorescência da clorofila a em estacas de plantas de videira adaptadas ao claro (F‟o - fluorescência basal; F‟m - fluorescência máxima; F‟v - fluorescência variável, que é a diferença entre a fluorescência máxima e basal; F‟v/F‟m – eficiência máxima do PSII; Y(II) - rendimento quântico fotoquímico do PSII; e ETR - Taxa de relativa de transferência de elétrons) com um fluorômetro modulado modelo PAM-2500 (Walz, Effeltrich, Alemanha) e computador acoplado ao console. As avaliações foram realizadas na 4ª aplicação dos tratamentos, as 24 horas depois da aplicação e 24 horas depois da inoculação do fitopatógeno Plasmopara viticola, na quinta folha jovem e completamente expandida. 55 2.6. Análise estatística Os experimentos foram conduzidos em delineamento inteiramente casualizado. A análise de variância foi realizada através do programa estatístico SISVAR (FERREIRA, 2011), a comparação das médias entre os tratamentos foi realizada pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade e a análise de regressão, quando significativa, foi ajustada para uma equação de 1° ou 2° grau. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Teste de crescimento micelial e esporulação de Elsinoe ampelina O extrato não apresentou efeito inibitório no crescimento micelial do fungo, apresentando mesmo diâmetro das colônias que a testemunha e apenas diferindo estatisticamente do tratamento com fungicida (figura 6A). No entanto, observou-se um estímulo na esporulação com a adição do extrato ao meio BDA (figura 6B), sendo que todas as concentrações diferiram estatisticamente do controle negativo e do controle positivo. Figura 6. (A) Crescimento micelial e (B) esporulação de Elsinoe ampelina pelo tratamento com EA de Lentinula edodes e fungicida Mancozeb. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. Fiori-Tutida et al. (2007) não encontraram atividade antimicrobiana direta do extrato de L. edodes sobre os fitopatógenos Bipolaris sorokiniana e Puccinia recondita f. sp. tritici. Os extratos aquosos do basidiocarpo de Agaricus blazei e L. edodes não exerceram efeito inibitório no desenvolvimento de Ralstonia solanacearum (SILVA et al., 2007; SILVA et al., 2008). Apesar do extrato do basidiocarpo não apresentar efeito fungitóxico sobre o crescimento micelial de Elsinoe ampelina, Pacumbaba et al. (1999) verificaram efeito antimicrobiano do micélio deste cogumelo sobre várias bactérias fitopatogênicas. Sasaki et al. (2001) observaram um efeito antagônico sobre os fungos Helminthosporium euphorbia, 56 Helminthosporium sp., Fusarium solani e Phomopsis sojae quando extrato do micélio de L. edodes foi incorporado em meio BDA na proporção de 10, 20 e 30%. Piccinin et al. (2010) através de extratos aquosos obtidos do basidiocarpo inteiro e de suas partes individualizadas, píleo e estipe, reduziram a taxa de crescimento micelial de Exserohilum turcicum e Colletotrichum sublineolum. Extratos com outros cogumelos também foram testados na atividade in vitro sobre fungos fitopatogênicos. O filtrado de Pycnoporus sanguineus não apresentou efeito inibitório sobre Pseudocercospora griseola, no entanto, extratos de micélio deste cogumelo reduziram o crescimento micelial deste fungo (VIECELLI et al., 2009; VIECELLI et al., 2010). Portanto, a lentinana, que é um composto sulfatado com atividade antimicrobiana direta (DI PIERO, 2003), provavelmente está presente em maior quantidade no micélio de Lentinula edodes e não no corpo de frutificação. A maioria das substâncias produzidas pelos fungos é processada nos corpos de frutificação ou micélio cultivado em meio nutritivo, mas as suas composições químicas podem variar de acordo com o local onde os cogumelos são produzidos, bem como da espécie produzida (STERNER et al., 1982). 3.2. Teste de germinação de esporos de Elsinoe ampelina Para a germinação de esporos de Elsinoe ampelina houve um efeito linear em função das doses, sendo que estas estimularam a germinação, com todas as concentrações diferindo do fungicida padrão, e as doses de 5, 10 e 20% diferindo também da testemunha. Na concentração de 20% todos os esporos encontravam-se germinados 24 horas após aplicação do tratamento (Figura 7). Figura 7. Germinação de esporos de Elsinoe ampelina 24 horas após o tratamento com EA de Lentinula edodes e fungicida Mancozeb. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. 57 Resultados similares foram obtidos por Di Piero (2003) também que verificou um estímulo na germinação in vitro de Colletotrichum lagenarium com aplicação de extratos de basidiocarpo de L. edodes e Agaricus blazei. Camili et al. (2009) observaram que os extratos brutos de A. blazei e L. edodes estimularam a germinação de conídios de Botrytis cineria, agente causador do mofo cinzento em uvas. Garcia (2014) ao estudar o efeito da suspensão miceliada de Agaricus. brasiliensis, observou um efeito inibitório desta na germinação de esporos de Plasmopara viticola. Fiori-Tutida et al.(2007) não encontraram nenhum efeito do extrato aquoso bruto de A. blazei e L. edodes sobre a germinação de esporos de Bipolaris sorokiniana, no entanto, os extratos inibiram a germinação de esporos de Puccinia recondita f. sp. tritici. Com estes resultados, sugere-se que o estímulo tanto na esporulação quanto na germinação de esporos de Elsinoe ampelina deve-se ao fato de o basidiocarpo do cogumelo L. edodes ser rico em substâncias nutritivas, as quais podem estimular o desenvolvimento do patógeno, e as substâncias com efeito antimicrobiano direto devem estar presentes em maior quantidade no micélio dos cogumelos. Stangarlin et al. (2011) ressaltam ainda que os cogumelos possuem compostos fenólicos que podem ter ação antimicrobiana direta, porém esse efeito inibitório pode variar de acordo com a espécie. 3.3. Efeito do EA de L. edodes no controle e esporulação do míldio em discos de folha No teste de controle de míldio do em discos de folhas diferentes doses do EA não reduziram a AACPD (Figura 8) e a esporulação de Plasmopara viticola (Figura 9). Figura 8. Área abaixo da curva do progresso da doença (AACPD) do míldio em discos de folha de videira tratadas com EA de L. edodes, acibenzolar-S-metil (ASM) e fungicida Mancozeb. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. 58 Figura 9. Esporulação (106 esporos mL-1) do míldio em discos de folha de videira tratadas com EA de Lentinula edodes, acibenzolar-S-metil (ASM) e fungicida Mancozeb. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. Garcia (2014) não obteve controle sobre o míldio de videiras em casa de vegetação com uma única aplicação da suspensão miceliada de Agaricus brasiliensis. Este fato confirma que o extrato aquoso do cogumelo L. edodes também não apresenta efeito inibitório direto sobre o fitopatógeno causador do míldio Plasmopara viticola, e o efeito protetor como indutor de resistência depende da concentração do cogumelo e do intervalo de tempo entre a aplicação dos tratamentos, para que ocorra a indução, para posterior inoculação do patógeno (VIECELLI et al., 2010). 3.4. Efeito do EA de L. edodes no controle do míldio em estacas Para o controle de míldio em estacas, ocorreu um efeito quadrático positivo em função das doses, onde as concentrações de 1, 5 e 10% diferiram estatisticamente da testemunha, e ficaram iguais aos controles ASM e fungicida (Figura 10), a dose de 1% diminuiu em 58% e a de 5% em 52% a severidade da doença quando comparadas a testemunha. 59 Figura 10. Área abaixo da curva do progresso da doença (AACPD) do míldio estacas de videira tratadas com EA de Lentinula edodes. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. Como foram realizadas três aplicações preventivas antes da inoculação do patógeno, sendo que a primeira foi feita logo após o brotamento das primeiras folhas, os tratamentos foram eficazes no efeito protetor como indutor de resistência em plantas de videira, comprovando que para serem efetivos, os indutores dependem da concentração do cogumelo e do intervalo de tempo das aplicações (VIECELLE et al., 2010). Di Piero et al. (2010) relataram que o extrato aquoso do basidiocarpo de L. edodes controlou a severidade do vírus Cowpea aphid-borne mosaic virus em maracujazeiro, quando aplicado 5 dias antes da inoculação. Piccinin et al. (2010) observaram que o extrato de L. edodes reduziram parcialmente a severidade de doenças foliares em sorgo causadas por Exserohilum turcicum e Colletotrichum sublineolum, quando pulverizadas 48 horas antes da inoculação das plantas. Em plantas de soja cultivadas em casa de vegetação, o extrato aquoso do cogumelo shiitake foi eficiente no controle de oídio (ARRUDA et al., 2012). 3.5. Efeito do EA de L. edodes na fluorescência da clorofila a Houve diferença significativa às 24 horas depois da aplicação para os parâmetros fluorescência variável (F‟v), eficiência máxima do PSII (F‟v/F‟m) e rendimento quântico fotoquímico efetivo do PSII (Y(II)) (Figuras 11B, 11C e 11E) e às 24 horas depois da inoculação apenas para o parâmetro taxa relativa de transferência de elétrons (ETR) (Figura 11F). 60 Figura 11. (A) Fluorescência basal (F‟0) e (B) máxima (F‟m); (C) Fluorescência variável (F‟v); (D) Eficiência máxima do PSII (F‟v/F‟m); (E) Rendimento quântico fotoquímico do PSII (Y (II)); (F) Taxa relativa de transferência de elétrons (ETR) de folhas de videira cv. Benitaka adaptadas ao claro; 24 horas depois da aplicação (HDA) dos tratamentos e 24 horas depois da inoculação (HDI) do patógeno Plasmopara viticola. Após a aplicação do EA nas concentrações de 5, 10 e 20%, os parâmetros fluorescência variável (F‟v), eficiência máxima do PSII (F‟v/F‟m) e rendimento quântico fotoquímico do PSII (Y (II)) foram estatisticamente superiores à testemunha e aos controles positivos. Após a inoculação do fitopatógeno, ocorreu uma redução na taxa relativa de transferência de elétrons apenas nas doses de 10 e 20% e na testemunha. Esse aumento na taxa relativa de transporte de elétrons pode ter ocorrido para compensar as dificuldades com as condições fisiológicas do PSII, pois as plantas que receberam esses tratamentos 61 apresentaram os maiores valores de AACPD. Em geral, as plantas quando estão submetidas a algum tipo de estresse, biótico ou abiótico, diminuem a sua eficiência fotossintética, e consequentemente aumentam a absorção de energia luminosa (CHAERLE et al., 2007). Com esse aumento nos níveis de radiação sobre os fotossistemas, há também um incremento na taxa de transporte de elétrons destes, para compensar os altos níveis de energia. Foi observado que os parâmetros eficiência máxima do PSII e rendimento quântico fotoquímico do PSII foram reduzidos após a inoculação do patógeno. Este fato pode ser explicado, visto que o Plasmopara viticola é um agente biotrófico, e sua penetração e esporulação ocorrem via estomatal (ALLÈGRE et al., 2006). Com isso, há uma redução na absorção do CO2 e consequentemente uma queda na atividade fotoquímica. Cséfalvay et al. (2009) relataram mudanças significativas no Fv/Fm e Y(II) de videiras inoculadas com o patógeno Plasmopora viticola. Esses parâmetros foram quantificados antes do aparecimento dos sintomas, e já apresentavam-se reduzidos. Imagens de fluorescência da clorofila em folhas de tabaco durante interação incompatível com Phytophthora nicotianae revelaram que ocorreu uma diminuição na fotossíntese (SCHARTE et al., 2005), propondo-se que plantas diminuem os processos fotossintéticos para iniciar a respiração e outros processos necessárias à sua defesa. Swarbrick et al., 2006 estudando interações entre cevada e Blumeria graminis, causador do oídio, também observaram que as taxas fotossintéticas diminuíram na presença do patógeno. Outro parâmetro observado, é que as plantas de videira deveriam já estar passando por algum outro tipo de estresse, visto que a relação Fv/Fm pode variar numa faixa de 0,75 a 0,85 em plantas em condições ambientais ótimas. A diminuição da relação Fv/Fm é um excelente indicador de efeito fotoinibitório quando as plantas estão submetidas a qualquer tipo de estresse e pode representar tanto uma regulação fotoprotetora reversível ou uma inativação irreversível do PSII (ARAUJO e DEMINICIS, 2009). Zulini et al. (2010) observaram uma redução na variável Fv/Fm em gemas de videiras sob estresse de congelamento. Os autores também obtiveram valores baixos (média de 0,2) após a aplicação do estresse, quando comparado com plantas sob condições normais que ficaram com valores em torno de 0,7. 4. CONCLUSÕES O extrato aquoso de Lentinula edodes não apresenta efeito antimicrobiano direto sob os fungos fitopatogênicos Elsinoe ampelina e Plasmopora viticola. No entanto, o EA foi efetivo 62 no controle do míldio na concentração de 5%, reduzindo a AACPD, e também aumentou os parâmetros Fv/Fm e o YII da fluorescência da clorofila a. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAUJO, S.A.C.; DEMINICIS, B.B. Fotoinibição da Fotossíntese. 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