Outubro—Dezembro 2007 Ano I—nº1/07 Nesta edição: Editorial Editorial 1 Tema Livre 2 Caros amigos, colegas e cidadãos, Este boletim informativo pretende reforçar e melhorar a comunicação entre a nossa Unidade de Saúde os cida- Assunto temático dãos e outras instituições da nossa comunidade. Preten3 demos manter uma publicação trimestral na nossa intranet (e de futuro na Internet) com participação de cida- Página do Cidadão 4 Página Ecológica 5 dãos e instituições interessadas em divulgar a sua perspectiva sobre a nossa comunidade, estilos de vida saudáveis, educação para a saúde, espaços saudáveis, actividades de lazer e bem estar, eventos de interesse para os nossos utentes e respectivos programas, ou efectuar uma Galeria de Arte 8 Doenças de Gente Famosa 9 abordagem crítica e actual sobre estes e outros temas pertinentes. Gostaríamos de incluir neste projecto todos os que quiserem colaborar. Nesta edição temos assuntos tão diversificados como a Riscos para a População 10 gripe, o consumismo e os custos ambientais, os direitos e os deveres do utente ou o poeta Bocage. Porém, a alimentação destaca-se por ser o tema mais abordado. Gabinete Jurídico 13 Entre excelentes contributos oferecidos a este boletim, uma educadora de infância propôs-nos uma reflexão crítica sobre um “retrato duma realidade dos bairros sociais, das escolas em zonas problemáticas, das famílias no fio da navalha”. A Divina comédia ali mesmo ao virar da esquina, irresistível… Américo Varela Coordenador da Unidade de Saúde do Monte de Caparica Seguinte > Ano I – nº1/07 Página 2 Tema Livre O MELHOR ALIMENTO O melhor alimento para o bebé é o leite materno. Isso é dos livros. Em todas as primeiras consultas dos recém-nascidos não me canso de repetir as virtudes do leite materno: está sempre pronto a ser consumido, tem a temperatura ideal, a composição óptima e, ainda por cima, é de borla. bém que, algumas delas, se vão esquecer deste ou daquele pormenor. No entanto, não fico muito preocupado porque, durante o primeiro mês de vida, o bebé vem semanalmente ao Centro de Saúde para se pesar e a enfermeira que trabalha comigo chama-me sempre para eu dar um olhinho ao umbigo do miúdo ou tirar uma dúvida à mãe. A dúvida da Margarida, no outro dia, deixou-me perplexo: Ó doutor, as vitaminas que o doutor receitou eram para mim ou para o João Pedro?... O quê? - espantei-me. - Tu não me digas que tu é que estás a tomar as vitaminas do miúdo!... Quadro de Picasso, A Maternidade Sim... - respondeu a Margarida muito corada – O doutor disse que tudo o que eu comesse passava pelo meu leite para o bebé... Aviso a mãezinha que, no entanto, deve ter cuidado com o que come porque toda a sua alimentação se pode repercutir no bebé. Nada de álcool, nada de tabaco, nada de café e nada de comidas esquisitas que possam, eventualmente, causar alguma alergia ou mau estar gastrointestinal ao petiz. Tenho ainda o hábito já antigo – e talvez ultrapassado – de receitar ao bebé umas gotinhas de vitamina C e vitamina D. A consulta do recém-nascido é sempre algo cansativa porque, para além da observação da criancinha, há uma série de conselhos a dar à mãe, chamar-lhe a atenção para a importância de fazer a consulta do puerpério e mais isto e mais aquilo. Sei que, para muitas das minhas doentes, aquela consulta contém mais informação do que um telejornal do fim de semana e sei tam<< < Anterior | Seguinte > Artur Couto e Santos “um médico por família” “O doutor disse que tudo o que eu comesse passava pelo meu leite para o bebé…” Ano I – nº1/07 Página 3 Assunto temático vados; produtos de pastelaria e Saladas de Higiene Alimentar produtos sensíveis. As bactérias são microrganismos produtores de doenças que muito vulgarmente se encontram nos alimentos ou/e na água. A ingestão de alimentos que não foram adequadamente conservados ou tratados, e nos quais se deu a proliferação de germes ou o aparecimento de toxinas, é a causa mais frequente de Os factores de risco mais frequentes na Restauração, são: alimentos preparados com demasiada antecedência; alimentos reaquecidos a temperatura insuficiente; alimentos cozinhados a partir de matériasprimas contaminadas; carnes e produtos derivados mal cozinhados; congelação e descongelação lenta; contaminações cru- intoxicações alimentares. zadas; conservação dos alimentos quentes A contaminação bacteriana dos alimen- entre os 5ºC e os 65ºC e contaminação tos pode acontecer em qualquer ponto pelos manipuladores. do seu processo: na sua produção (devido às infecções dos animais), na sua transformação, no transporte, no armazenamento, nos estabelecimentos de venda e na preparação e/ou conservação dos alimentos antes de os consumir. É, por isso necessário, manter adequadas medidas higiénicas, em cada etapa do seu processamento. Pelo efeito, devem ser tomadas medidas de prevenção em relação ao perigo de contaminação cruzada (cruzamento de alimentos crus/confeccionados; de diferentes tipos (como carne/peixe); cruzamento entre áreas/zonas (Como zona da confecção ser a mesma da preparação ou de lixos, etc...); durante as diversas operações de manuseamento dos géneros ali- Os alimentos que correm maiores riscos mentícios. de contaminação , são os alimentos Tal como devem ser implementadas boas crus, os que se conservam à temperatu- práticas de higiene e medidas preventivas ra ambiente e os que forem insuficien- em relação a equipamentos, materiais, temente aquecidos, São também muito ingredientes e matérias-primas, água, sis- susceptíveis de alteração os alimentos temas de ventilação, pessoal e fontes perecíveis, aqueles que têm muita água externas de contaminação. na sua constituição como é exemplo o fiambre, a alface, o tomate entre outros. Entre os alimentos “sensíveis”, destacam-se: Ovos, molhos, maionese; carne picada, hambúrgueres, salsichas frescas; galinhas, frangos, patos e outras aves; produtos de caça; pesca- É por isso neste sentido que cada vez mais se aposta e se deve investir na verificação e controlo destes pontos críticos, nos sectores da actividade alimentar, nomeadamente refeitórios, bares e cantinas escolares. dos e mariscos; leite, queijo fresco, Marisa Cristina Gonçalves Pereira natas, manteiga, iogurte e outros deri- Técnica de nutrição << < Anterior | Seguinte > Ano I – nº1/07 Página 4 Página do Cidadão “DIVIDA COMÉDIA Criancinhas A criancinha quer Playstation. A gente dá. A criancinha quer estrangular o gato. A gente deixa. A criancinha berra porque não quer comer a sopa. A gente eliminaa da ementa e acaba tudo em festim de chocolate. A criancinha quer bife e batatas fritas. Hambúrgueres muitos. Pizzas, umas tantas. Coca-Colas, às litradas. A gente olha para o lado e ela incha. A criancinha quer camisola adidas e ténis nike. A gente dá porque a criancinha tem tanto direito como os colegas da escola e é perigoso ser diferente. A criancinha quer ficar a ver televisão até tarde. A gente senta-a ao nosso lado no sofá e passa-lhe o comando. A criancinha desata num berreiro no restaurante. A gente faz de conta e o berreiro c o n t i n u a . Entretanto, a criancinha cresce. Faz-se projecto de homem ou m u l h e r . D e s p e r t a . É então que a criancinha, já mais crescida, começa a pedir mesada, semanada, diária. E gasta metade do orçamento familiar em saídas, roupa da moda, jantares e bares. A criancinha já estuda. Às vezes passa de ano, outras nem por isso. Mas não se pode pressioná-la por- que ela já tem uma vida stressante, de convívio em convívio e de noitada em noitada. A criancinha cresce a ver Morangos com Açúcar, cheia de pinta e tal, e torna-se mais exigente com os papás. Agora, já não lhe basta que eles estejam por perto. Convém que se comecem a chegar à frente na mota, no popó e numas férias à maneira. A criancinha, entregue aos seus desejos e sem referências, inicia o processo de independência meramente informal. A rebeldia é de trazer por casa. Responde torto aos papás, põe a avó em sentido, suja e não lava, come e não limpa, desarruma e não arruma, as tarefas domésticas são «uma s e c a » . Um dia, na escola, o professor dá-lhe um berro, tenta em cinco minutos pôr nos eixos a criancinha que os papás abandonaram à sua sorte, mimo e umbiguismo. A criancinha, já crescidinha, fica traumatizada. Sente-se vítima de violência verbal e etc e tal. Em casa, faz queixinhas, lamenta-se, chora. Os papás, arrepiados com a violência sobre as criancinhas de que a televisão fala e na dúvida entre a conta de um eventual psiquiatra e o derreter do ordenado em folias de << < Anterior | Seguinte > hipermercado, correm para a escola e espetam duas bofetadas bem dadas no professor «que não tem nada que se armar em paizinho, pois quem sabe do meu filho sou eu». A criancinha cresce. Cresce e cresce. Aos 30 anos, ainda será criancinha, continuará a viver na casa dos papás, a levar a gorda fatia do salário deles. Provavelmente, não terá um emprego. «Mas ao menos não anda para aí a fazer p o r c a r i a s » . Não é este um fiel retrato da realidade dos bairros sociais, das escolas em zonas problemáticas, das famílias no fio da navalha? Pois não, bem sei. Estou apenas a antecipar-me. Um dia destes, vão ser os paizinhos a ir parar ao hospital com um pontapé e um murro das criancinhas no olho esquerdo. E então teremos muitos congressos e debates para nos entretermos.” Miguel Carvalho Ano I – nº1/07 Página 5 Página Ecológica Investigação revela: À medida que o consumo alastra, o planeta sofre. @ jpg, FCT/UNL, 2007 * Americanos e Europeus iniciaram, há décadas, um consumo e desenvolvimento insustentáveis. Mas agora, de acordo com o relatório do Instituto Worldwatch (2004), os países em vias de desenvolvimento entraram igualmente nas vias dum crescimento rápido e constante, em detrimento do ambiente, da saúde e da felicidade. Perfeitamente cronometrado com os excessos das férias desse ano, o relatório divulgado pelo Worldwatch em Washington, D.C., focou-se na investigação sobre o consumismo do ano (2004). Aproximadamente 1,7 biliões de pessoas em todo o Mundo pertenciam ao grupo ou classe dos ditos consumidores, caracterizado por um consumo de dietas alimentares altamente processadas, desejo de maiores casas e mais e maiores carros, níveis de gastos mais elevados, e estilos de vida regidos pela acumulação de bens não essenciais. Quase cerca de metade destes consumidores, residia em países em vias de desenvolvimento - incluindo 240 milhões de Chineses e 120 milhões de Indianos – quer dizer nos mercados com maior potencial de expansão no Mundo. “O incremento do consumo ajudou a resolver os problemas das necessidades básicas e criação de emprego,” afirmou Christopher Flavin, presidente do Worldwatch Institute, durante uma reunião com a imprensa, “mas à medida que se entra no novo século, este apetite dos consumidores, sem precedente à escala humana, mina e ameaça os sistemas naturais de que todos os humanos dependem, e está a tornar mais difícil aos pobres do mundo satisfazerem as suas necessidades básicas.” A ameaça às fontes de água do planeta, o desperdício dos recursos naturais, e a destruição dos ecossistemas, encontram-se associados ao uso duma imensidão de materiais descartáveis, de sacos plásticos do lixo, e de bens baratos tornados obsoletos, relacionados com a mentalidade moderna do “usa e deita fora”. A maioria das questões e problemas ambientais, hoje vividos, pode estar relacionada com um (o) excesso de consumo. Apenas um pequeno exemplo: cerca de quase metade das espécies vivas, poderão extinguir-se a muito curto prazo devido a mudanças climáticas, relacionadas directamente com o consumo. Da Luxúria à Necessidade A globalização é um factor director que, pode tornar bens e serviços previamente fora do alcance em países subdesenvolvidos ou em vias de desenvolvimento, agora muito mais disponíveis. Artigos que foram em determinada altura considerados de luxo – e.g. televisores, telefones celulares, computadores, e sistemas de ar condicionado, são agora considerados como necessidades pelo mais comum dos mortais. A China fornece um exemplo desta mudança de mentalidade. Por muitos anos, as ruas de cidades principais de China forram caracterizadas por um mar virtual de pessoas de bicicletas, e há 25 anos eram raros os carros próprios. Cerca do ano 2000, existiam já 5 milhões de carros na deslocação de pessoas e serviços e esperava-se que esse << < Anterior | Seguinte > Ano I – nº1/07 Página 6 número atingisse 24 milhões em 2005. O aumento da confiança nos automóveis significa mais poluição, maior tráfego e gastos maiores de combustíveis fósseis. Os carros e outras formas de transporte contribuem para quase 30 % do gasto da energia do mundo e 95 por cento do consumo global de petróleo. A mudança da dieta alimentar, com ênfase crescente no consumo de carne, (sobretudo de bovino) ilustra o preço ambiental e social exigido pelo consumo desenfreado. Para produzir mais carne de vaca, galinha, e porco, a bastante para satisfazer a actual procura, a indústria de criação de animais domésticos moveu-se para uma produção fabril em série. Produzir oito onças da carne requer 6.600 galões (25.000 litros) da água; 95 % de colheitas da soja do mundo são consumidos pelo gado, e 16 % do metano atmosférico, um gás poluidor responsável pelo efeito de estufa, são emitidos pela flatulência dos animais domésticos. O escoamento das enormes quantidades do esterco produzidas nas fazendas fabris transformou-se em um desperdício tóxico, mais do que num fertilizante, ameaçando as enseadas, baías, e estuários circundantes. As galinhas são mantidas em fazendas de exploração em gaiolas com aproximadamente nove polegadas quadradas (aproximadamente 60 centímetros quadrados) do espaço /por animal. Para forçá-los a colocar mais ovos, são frequentemente colocadas em regime subalimentar. As galinhas massacradas para carne são sobretudo engordadas com hormonas, às vezes até as suas patas não conseguirem sustentar o peso do seu corpo. As circunstâncias da aglomeração podem conduzir à propagação rápida da doença entre os animais. Para impedir isto, são incluídos antibióticos em larga escala na sua alimentação. A organização de mundial de saúde (OMS) alerta para o uso difundido destas drogas na indústria dos animais domésticos que torna os micróbios resistentes aos antibióticos, e complica o tratamento das doenças, quer nos animais quer nas pessoas. Mas as transgressões têm continuado. Em 2002, uma cadeia de refeições rápidas (“fast-food”) anunciou que não compraria mais ovos aos fornecedores que mantivessem galinhas confinadas em gaiolas, em ou regime de alimentar que as forçasse à postura adicional. Em 2004, outra cadeia de “fast-food” requereu aos seus fornecedores de frango que parassem de administrar antibióticos para promover o crescimento das aves. Estes factos dão uma pálida ideia do descalabro a que chegou a situação. O Banco Mundial repensou, também, a sua política de financiamento às “fábricas” de animais domésticos. Em 2001, um relatório do banco concluiu que “há um perigo significativo que as pessoas pobres estejam a ser aglomeradas em baldios, o ambiente corroído, a protecção global e a segurança do alimentar ameaçadas.” Limitações à Felicidade De acordo com diversos estudos, o aumento na prosperidade não está a tornar os seres humanos mais felizes ou mais saudáveis. Os resultados das análises à satisfação da vida em mais de 65 países, indicou que salários e felicidade tendem a estar correlacionados até ao valor aproximado de US $13.000 do salário anual por pessoa (1995) (isto é, cerca de 10 000€). Para além deste valor, salários superiores parecem produzir somente modestos incrementos na felicidade auto-relatada. O aumento do consumismo tem revelado custos muito elevados. As pessoas estão a endividar-se e a trabalhar mais tempo para ter um estilo de vida mais consumista, e consequentemente gastando menos tempo com família, amigos, e organizações comunitárias. “O consumo excessivo parece ser contra-produtivo,” afirma Gardner. “A ironia é que níveis mais baixos do consumo podem realmente sanar alguns << < Anterior | Seguinte > Ano I – nº1/07 Página 7 destes problemas.” As dietas alimentares de componentes altamente processados e o estilo de vida sedentário, confiado na condução de viaturas automóveis, têm conduzido a uma epidemia mundial de obesidade. Nos USA, estima-se que cerca de 65 % dos adultos possuem peso excessivo ou são obesos, e o país possui a taxa a mais elevada no mundo de obesidade entre adolescentes. Os resultados são taxas crescentes de doenças cardíacas e diabetes, custos exponenciais nos cuidados de saúde, e uma qualidade mais baixa de vida quotidiana. Alguns aspectos deste consumismo galopante, tiveram consequências anormalmente gritantes. O Instituto Worldwatch reportou que as despesas anuais mundiais com cosméticos totalizaram US $18 biliões e a estimativa para as despesas anuais requeridas para eliminar a fome e a subnutrição seria de $19 biliões. As despesas com os alimentos de animais de estimação nos USA e CEE totalizam $17 biliões anuais e o custo estimado de imunização de todas as crianças, do fornecimento de água potável para todas, e implementação da alfabetização básica universal seria de $16.3 biliões. Não há, naturalmente, nenhuma solução fácil para o problema. Os investigadores têm exigido impostos verdes (que reflictam os verdadeiros custos ambientais dos produtos), e programas de reciclagem de produtos ou bens por parte dos produtores/fabricantes, bem como de programas de consciencialização e educação ambiental para os consumidores. Mas, o mais importante e acima de tudo seria reorientar a forma de pensar do Homem Moderno. Sugere-se a partir desta advertência, uma mudança paradigmática no sentido de estabelecer as bases dum novo paradigma ambiental baseado na reorientação da forma do pensamento humano. É necessário mudar a forma de realização/produção de bens mas é igualmente importante mudar as for- mas como se consome, como se compreende e como se age para com o ambiente. REFERÊNCIA. Do texto introdutório à investigação do Prof. Auxiliar; João Pereira Gama, ED. D. FCT/UNL, 2007, com base em Hillary Mayell for National Geographic News, January 12, 2004 << < Anterior | Seguinte > Ano I – nº1/07 Página 8 Galeria de Arte Cecília Data de Nascimento: 27-8-1971 Nasceu na cidade do rio azul (Setúbal), onde reside. Desde garota que sempre gostou de trabalhos manuais, actividade que ainda mantém nos tempos livres. Desde que deixou a carreira militar (ex-tenente do exército) tem se dedicado com mais afectividade a esses trabalhos. Considera-se apenas uma “curiosa” que gosta de novos desafios e de ensinálos a quem os quiser aprender. VER TRABALHOS Saraiva Data de Nascimento: 13-11-1955 Pertence à equipa da Unidade de Saúde do Monte. Dedica o seu tempo disponível na arte gastronómica. VER TRABALHOS Fernanda Data de Nascimento: 29-04-1953 Além da minha actividade profissional no âmbito da Saúde, dedico todo o pouco tempo disponível na minha aula de pintura meramente como obi. Gosto de criar e pintar. VER TRABALHOS Marisa Data de Nascimento: 18-01-1980 É Técnica de Nutrição a exercer funções nos Serviços de Acção Social do Instituto Politécnico de Setúbal. Apresento estes trabalhos esperando corresponder às expectativas. VER TRABALHOS Beatriz Data de nascimento: 23-05-1990 Frequenta a Escola Secundária Artística António Arroio. Escolheu esta escola porque é exclusivamente de artes. Começou por se interessar mais pelo desenho de banda desenhada e a partir dos seus estudos na disciplina de Desenho, evoluiu o seu estilo e traço próprio. VER TRABALHOS << < Anterior | Seguinte > Ano I – nº1/07 Página 9 Doenças de Gente Famosa BOCAGE Bocage nasceu em Setúbal em 1765, a 15/09, um bonito dia a despedir-se do Verão. Foi baptizado na Igreja de S. Sebastião, freguesia a que pertenciam os moradores do Largo de Santa Maria. Chamaram-lhe Manuel e acrescentaram Maria em homenagem à Virgem – Manuel Maria de Barbosa L'Heclois du Bocage. Nasceu numa casa de boa construção, no Largo de Santa Maria, comprada pelo bisavô materno Leonardo Lestoff, um holandês respeitado, cônsul do seu país, que enriquecera com o comércio do sal. Em 1801, depois de uma vida de turbulência e desgaste, os médicos diagnosticaram-lhe um aneurisma. O mesmo era dizer, uma condenação à morte com prazo incerto. Em 1805, morre o Intendente Pina Manique. Bocage sentiu a falta do seu velho inimigo ... “também os inimigos fazem falta para espicaçar o talento” "Magro, de olhos azuis, carão moreno", como o poeta se auto-retratou e como o pintor (Elói) o viu (Câmara Municipal de Setúbal) Nesse mesmo ano, a doença ia fazendo estragos no aspecto do poeta; a pele morena converteu-se em baça e terrosa, os olhos azuis perderam o brilho e olhavam para um ponto invisível, os sulcos do envelhecimento foram cavando a face e o ânimo pousava numa tristeza de adivinhação do fim próximo. O último papel escrito que caíra da mão do poeta ... Fachada da Casa onde o poeta morreu, na Travessa de André Valente, em Lisboa. Exausto por uma vida agitada, Bocage ali viveu os últimos tempos, regenerado pelo trabalho, purificado pelo sofrimento, confortado por amigos e admiradores, reconciliado até com velhos inimigos. A casa onde nasceu Bocage, segundo uma aguarela de Alberto de Sousa existente na Câmara Municipal de Setúbal. O poeta, maltratado pela miséria, nasceu numa família da alta burguesia. << < Anterior | Seguinte > “Já Bocage não sou! ... À cova escura Meu estro vai parar desfeito em vento ... Eu aos céus ultrajei! O meu tormento Leve me torne sempre a terra dura.” Ano I – nº1/07 Página 10 Riscos para a População As vacinas desenvolvidas e admi- O que é a Gripe A gripe é uma doença contagiosa resultante da infecção pelo vírus influenza. O vírus influenza infecta o tracto respiratório (nariz, seios nasais, garganta, pulmões e ouvid o s ) . A maior parte das pessoas recupera em uma a duas semanas. A gripe é mais perigosa nas crianças pequenas, nos idosos (com mais de 65 anos de idade), nos doentes com problemas do sistema imunitário (infectados pelo VIH ou transplantados), ou com doenças crónicas (pulmonares, renais ou cardíacas). Nestes grupos de doentes a gripe pode levar a complicações graves, é nos quais ocorre o maior número de hospitalizações e de mortes. Gripe aviária ou gripe das aves nistradas até à data para a prevenção da gripe não seriam eficazes contra este novo vírus mutante, o que torna a espécie humana vulnerável à infecção. Os peritos consideram que a próxima pandemia (epidemias de grandes proporções que surgem em diversas zonas geográficas mais ou menos em simultâneo) de gripe poderá vir a surgir desta forma. Os sintomas da Gripe A gripe caracteriza-se pelo início súbito de sintomas que incluem frequentemente: • Febre elevada • Arrepios • Dor de cabeça • Dor muscular • Garganta inflamada • Nariz entupido • Tosse seca Na gripe sem complicações, a doença aguda geralmente resolvese ao fim de cerca de 5 dias e a maioria dos doentes recupera em 1-2 semanas. Porém, em algumas pessoas, os sintomas de fadiga A maioria dos vírus da gripe das aves não são infecciosos para o podem persistir várias semanas. Homem. No entanto, se um vírus Como se transmite o vírus da Gripe da gripe humana e outro da gripe O vírus da gripe (vírus influenza) aviaria infectarem uma pessoa ou transmite-se facilmente de pessoa um animal, os dois tipos de vírus para pessoa através das gotículas podem unir-se, sofrer mutações e emitidas com a tosse ou os espir- dar origem a um vírus novo, passí- r o s . vel de se transmitir dos animais para o Homem, ou de pessoa para A inalação dessas gotículas atra- p vés do nariz ou garganta permite e s s o a . << < Anterior | Seguinte > Ano I – nº1/07 Página 11 a entrada do vírus no organismo. mam num organismo diferente, a Uma vez dentro do organismo, o vacinação deve também ser repeti- vírus destrói a membrana mucosa da anualmente para poder ser efi- do tracto respiratório e infecta as caz. Estudos apontam para que a c . vacina da gripe oferece uma pro- É relativamente frequente a proli- é tecção de 30% a 90% aos indiví- feração bacteriana nas membra- duos vacinados. nas l u mucosas l a s danificadas pela infecção pelo vírus influenza, que provocam infecções secundárias como pneumonia, sinusite, faringite, otite ou bronquite. Gripe - Tratamento Habitualmente, a gripe é tratada com medicamentos para o alívio dos sintomas (analgésicos, antipiréticos, descongestionantes nasais, Complicações da Gripe O risco de ocorrência de complica- e t c ) . ções, hospitalização ou morte, em resultado da gripe, é maior nos Os antibióticos são ineficazes con- idosos (com mais de 65 anos), nas tra a infecção viral mas podem ser crianças pequenas e nos doentes prescritos se surgir uma infecção c r ó n i c o s . bacteriana secundária à gripe. Existem actualmente medicamen- As complicações da gripe podem tos inibidores da neuraminidase, incluir a exacerbação de doenças que bloqueiam a multiplicação dos já existentes ou problemas respi- vírus responsáveis pela gripe. Des- ratórios (a pneumonia viral e/ou a ta forma consegue-se suspender a pneumonia bacteriana secundária rápida proliferação do vírus e con- são as complicações respiratórias trolar a doença. mais graves mas pode surgir otite média, bronquite, etc) ou não respiratórios (convulsões febris, síndroma de Guillain-Barré, encefalopatia, miosite, miocardite, entre outras). Prevenção da Gripe A principal medida de prevenção da gripe é a vacinação. A vacinação deve ser repetida anualmente e deve ser feita especialmente nos grupos de risco (idosos, crianças e d o e n t e s c r ó n i c o s ) . Uma vez que o vírus sofre alterações frequentes que o transfor- Plano Pandémico As pandemias de gripe são eventos raros, mas recorrentes. Ocorrem normalmente com intervalos de 10 a 40 anos. O exemplo mais conhecido é a pandemia de 'gripe espanhola' de 1918, que se estima que tenha causado a morte a 30 a 50 milhões de pessoas em todo o m u n d o . De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma pandemia de gripe ocorre quando aparece uma nova estirpe do vírus influenza A contra a qual a população humana não tem imunidade. << < Anterior | Seguinte > Ano I – nº1/07 Página 12 Em todo o mundo, ocorrem surtos sucessivos que podem dar origem a números elevados de mortes e casos de doença, causando uma perturbação generalizada da estrutura social. Segundo a Direcção Geral de Saúde: "A OMS recomenda que os países e as empresas se preparem para uma possível pandemia de gripe, pois, apesar de não se poder prever quando vai ser o seu início, existe actualm e n t e e s s e r i s c o . ter Planos de Contingência que contemplem a redução dos riscos para a saúde dos trabalhadores e a continuidade das actividades essenciais, de forma a minimizar o impacte de qualquer disrupção e a assegurar o funcionamento da sociedade." Em situação de pandemia de gripe, as empresas têm um papel fulcral a desempenhar na protecção da saúde e segurança dos seus empregados, colaboradores e clientes, assim como na limitação do impacte negativo sobre a economia e a sociedade. Deste modo, as empresas deverão Gripe vs Constipação << < Anterior | Seguinte > Ano I – nº1/07 Página 13 Gabinete Jurídico consciência que as suas acções podem pôr em causa a sua saúde, mas também a dos outros (riscos colectivos provocados pelo homem: pense-se no caso da poluição resultante dos gases dos automóveis e nos consequentes danos para os O Gabinete Jurídico é um espaço seres humanos). Existe um dever dirigido ao Utente/Cidadão, no qual fundamental de proteger a sua pró- se poderá manter informado sobre pria saúde, pois a vida não é feita os direitos e interesses legalmente unicamente de direitos, mas tam- protegidos, mas também dos seus bém de deveres. deveres. Aqui poderá colocar questões e esclarecer dúvidas. “Todos têm direito à protecção da saúde e o dever de a defender e A saúde é um direito fundamen- promover” (art.64ºCRP). Segundo tal consagrado no artigo 64º da este art. “O direito à protecção da Constituição da República. saúde é realizado: A saúde é um bem a que todos • Através de um serviço nacional temos direito. Contudo, ao contrá- de saúde universal e geral e, rio do que se possa pensar os cui- tendo em conta as condições dados de saúde não se restringem económicas e sociais dos cida- aos que são prestados pelos médi- dãos, tendencialmente gratui- cos, enfermeiros, paramédicos e outros profissionais de saúde. O to; • Pela criação de condições eco- primeiro passo cabe a cada um de nómicas, sociais, culturais e nós, cidadãos do mundo, um mun- ambientais do que evolui a um ritmo frenético. designadamente, a protecção Assim, para pôr em prática este da infância, da juventude e da direito fundamental, torna-se indis- velhice, e pela melhoria siste- pensável referir as pré-condições mática das condições de vida e para a saúde (água potável, sanea- de trabalho, bem como pela mento e alimentação adequadas, promoção da cultura física e saúde ambiental, saúde ocupacio- desportiva, escolar e popular, nal, informação relativa à saúde). e ainda pelo desenvolvimento que garantem, Como diz o ditado “mais vale da educação sanitária do povo prevenir, do que remediar”, a nos- e de práticas de vida saudá- sa conduta torna-se por isso muito vel.” importante. Actualmente, existem inúmeras campanhas publicitárias a O conhecimento dos Direitos e incentivar o desporto, uma alimen- Deveres dos Utentes das Unidades tação saudável, vacinações e testes Sanitárias para doença uma intervenção activa na melhoria (rastreio). As pessoas têm que ter progressiva dos Cuidados e Servi- detectar sinais de << < Anterior | Seguinte > possibilita aos utentes Ano I – nº1/07 Página 14 ços. recusar o seu consentimento explí- “A «Carta dos Direitos e Deveres cito, antes de qualquer acto médico dos Utentes» representa mais um invasivo ou de participação em passo no caminho da dignificação qualquer projecto de investigação dos utentes e da humanização dos ou ensaio clínico. Cuidados de Saúde, caminho que os utentes, os profissionais e a 8. O utente tem direito à prestação comunidade devem percorrer lado de cuidados continuados e a bene- a lado.” ficiar do sistema de referência. Direitos dos Utentes 9. O utente tem direito ao respeito pelas suas convicções culturais, 1. O utente tem direito a ser trata- filosóficas e religiosas, desde que do com cortesia e no respeito pela elas não comportem risco grave dignidade humana. para a sua vida. 2. O utente tem direito a receber 10. O utente tem direito por si, ou informações sobre a promoção da por quem o represente, a apresen- Saúde e cuidados preventivos, tar sugestões e reclamações. curativos, de reabilitação e terminais, apropriados ao seu estado de 11. O utente tem direito ao apoio Saúde. familiar e as crianças têm direito a ser acompanhadas pelas suas mães 3. O utente tem direito a não ser ou avós. discriminado, nem na base do sexo, da raça ou etnia, da condição socio-económica, da religião, das Deveres dos utentes suas opções políticas ou ideológi- 1. O utente tem o dever de zelar cas, nem ainda da doença de que pelo seu estado de Saúde, de padecem. adoptar modos de vida saudáveis e 4. O utente tem direito à confiden- de procurar cuidados preventivos. cialidade de toda a informação clí- 2. O utente tem o dever de forne- nica e elementos identificativos que cer aos profissionais de saúde lhe respeitam. todas as informações necessárias 5. O utente tem direito à privacida- para obtenção de um correcto diagnóstico e adequado tratamento. de na prestação de todo e qualquer acto médico. 3. O utente tem o dever de respei- 6. O utente tem direito a ser infor- tar os direitos dos outros utentes. mado sobre a sua situação de Saú- 4. O utente tem o dever de colabo- de e a aceder aos dados registados rar com os profissionais de saúde, no seu processo clínico respeitando as indicações que lhe 7. O utente tem direito a dar ou são recomendadas. << < Anterior | Seguinte > Ano I – nº1/07 Página 15 5. O utente tem o dever de respeitar as regras de funcionamento dos Serviços de Saúde. 6. O utente tem o dever de utilizar os serviços de saúde de forma apropriada e de colaborar activamente na redução de gastos desnecessários. 7. O utente tem o dever de denunciar cobranças ilícitas e outras formas de comportamentos incorrectos por parte de trabalhadores de Saúde. 8. O utente tem o dever de pagar taxas moderadoras dentro das suas possibilidades económicas. O Serviço Nacional de Saúde (SNS) é o prestador universal de Cuidados de Saúde pelo que deve prestar Cuidados de Saúde a todos os cidadãos, segundo o princípio da igualdade e sem discriminação de qualquer tipo. Assim, não podem ser feitas cobranças elevadas fora das capacidades da maioria da população. No entanto, o SNS pode requerer dos utentes pequenas contribuições que se destinem a desencorajar e evitar o uso indevido e exagerado dos Serviços de Saúde para além do que é estritamente necessário. São estas quantias módicas e ao alcance da maioria da população que são chamadas «taxas moderadoras» e que os utentes têm o dever de pagar. Em caso de pobreza extrema, o utente ficará isento do pagamento dessas taxas moderadoras, e em nenhum caso podem ser recusados cuidados de urgência por falta de pagamento das taxas moderadoras. Existem, actualmente, cerca de 55% de pessoas isentas em Portugal. A saúde não pode ser totalmente gratuita, ao contrário do que todos gostaríamos, e isso pelo facto de que nada é totalmente gratuito. Poderíamos não pagar nada no acto da inscrição da consulta, mas para isso os impostos teriam de aumentar. Para além de outros problemas que surgiriam automaticamente; veja-se, com 3 exemplos: a) quando alguns antibióticos eram gratuitos, foram usados no gado (em Portugal e Espanha) b) quando a ADSE subsidiava todos os produtos farmacêuticos muitos beneficiários só usavam pastas de dentes e cremes “medicinais” (saíam-lhes mais baratos, porque nós pagávamos para eles) c) dar camas articuladas e cadeiras de rodas sem critério social e sem controlo, levou a que depois fossem revendidas pelos particulares (custo público, beneficio privado) Os impostos são já muito altos em Portugal e o esforço a fazer deve ser para os reduzir; para além disso o SNS tem sido responsável por défices sucessivos que levam a mais divida e mais juros a pagar no futuro. Assim é necessário que os utentes paguem «taxas moderadoras», têm o dever de pagar. Mas não se pode pensar que apenas os utentes dos serviços pagam; quem é que paga a diferença entre a taxa moderadora e o custo real, por exemplo de uma consulta hospitalar que são respectivamente 3€ e 30€? É o Estado que paga os custos do tratamento dos doentes conforme preconiza a Constituição. O rico paga para o pobre, o são paga para o doente, o jovem/activo para o reformado/inactivo. << < Anterior