0 UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL DEAg – DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS CURSO DE AGRONOMIA TRATAMENTO DE SEMENTES DE TRIGO (Triticum aestivum L.) COM ÓLEOS ESSENCIAIS FERNANDO TICIANI Ijuí – RS 2013 1 FERNANDO TICIANI TRATAMENTO DE SEMENTES DE TRIGO (Triticum aestivum L.) COM ÓLEOS ESSENCIAIS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Agronomia do Departamento de Estudos Agrários (DEAg) da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), como requisito para a obtenção do título de Engenheiro Agrônomo. Orientador: Prof. MSc. Luiz Volney Mattos Viau Ijuí – RS 2013 2 FERNANDO TICIANI TRATAMENTO DE SEMENTES DE TRIGO (Triticum aestivum L.) COM ÓLEOS ESSENCIAIS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Agronomia do Departamento de Estudos Agrários (DEAg) da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI), defendido perante a banca abaixo subscrita. _____________________________________ Luis Volney Mattos Viau Prof. Msc. DEAg/UNIJUÍ – Orientador _____________________________________ Cleusa Adriane Menegassi Bianchi Krüger Profª. Drª DEAg/UNIJUÍ Ijuí – RS, 17 de dezembro de 2013 3 DEDICATÓRIA Ao final de uma importante etapa conquistada dedico este Trabalho de Conclusão de Curso às pessoas mais importantes na minha vida: meus pais, Gelso Ticiani e Sanira Reginato Ticiani, que confiaram e apoiaram a minha jornada acadêmica, para que eu conseguisse concluir esta etapa. Não conquistaria nada se não estivessem ao meu lado. Obrigado por estarem sempre presentes em todos os momentos, me dando carinho, apoio, incentivo, determinação, fé, acreditando no meu potencial e, principalmente, pelo amor de vocês. 4 AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, por estar sempre me guiando e me dando forças para vencer as dificuldades da vida. A Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul (UNIJUI), pelo comprometimento com a pesquisa e desenvolvimento regional. Ao Departamento de Estudos Agrários, professores e funcionários, pelo apoio e disponibilidade, que se fizeram indispensáveis ao desenvolvimento das atividades. Ao professor Luiz Volney Mattos Viau, pela paciência, coerência, clareza e dedicação em seus ensinamentos, acompanhamento e pela orientação deste trabalho de conclusão de curso. Aos demais professores que participaram do processo de minha formação acadêmica, especialmente a professora Dra. Cleusa Bianchi Krüger por ter me ajudado e ter aceitado o convite para participar da minha avaliação, meu muito obrigado. A todos os colegas de curso pelos bons momentos vividos, pela grande amizade compartilhada e pelo apoio dado durante esta jornada acadêmica, em especial meus amigos Ricardo Dambros Bazzan e Bruno Costa Beber que me ajudaram no desenvolvimento prático deste trabalho. Aos funcionários do Instituto Regional de Desenvolvimento Rural (IRDeR), principalmente ao César Sartori, pelo auxilio prestado, o que possibilitou a boa condução do trabalho a campo. Aos meus pais Gelso Ticiani e Sanira Reginato Ticiani, por terem me incentivado, apoiado e acreditado no meu potencial, não medindo esforços para que eu chegasse ao fim desse curso superior. 5 TRATAMENTO DE SEMENTES DE TRIGO (Triticum aestivum L.) COM ÓLEOS ESSENCIAIS Fernando Ticiani Orientador: Prof. MSc. Luiz Volney Mattos Viau RESUMO O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito dos óleos essenciais no tratamento de sementes de trigo (Triticum aestivum L.) buscando a redução de patógenos associados à semente, foram aplicados os seguintes tratamentos: Eucalyptus globulus 20 e 30%, Eucalyptus citriodora 10%, Schinus molle L. 20%, Elionorus viridulis 20%, Baccharis trimera 10%, Cymbopogon flexuosus 20 e 30%, Vitavax + Thiram e testemunha. O experimento foi instalado no Instituto Regional de Desenvolvimento Rural (IRDER), Augusto Pestana – RS, as parcelas experimentais eram constituídas de 5 fileiras de 5 metro de comprimento, sendo a área de avaliação as três linhas centrais. Os resultados permitem concluir que os óleos essenciais não proporcionaram incremento no rendimento de grãos, entretanto reduziram a incidência de patógenos na semente e tiveram efeito negativo no poder germinativo das sementes de trigo. Palavras-chave: Tratamento de semente, óleos essenciais, fitopatógenos, semente de trigo. 6 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Características agronômicas do cultivar Quartzo ...................................... 21 Quadro 2: Comportamento da cultivar em relação às principais moléstias ................ 21 7 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Resumo da análise de variância para os caracteres: rendimento de grãos (Kg/ha), rendimento biológico aparente (RBA), grãos (g), palha (g), índice de colheita (IC%), peso de grãos por espiga (g), peso do hectolitro (Kg/100l), poder germinativo (%), número de plantas por metro (NPM) de trigo submetido a tratamento de sementes com óleos essenciais, IRDER, Augusto Pestana – RS, 2013 ........................................................................................................................... 25 Tabela 2: Rendimento biológico aparente (RBA), grãos (g), palha (g), índice de colheita (IC) e peso de grãos por espiga (PGE) de trigo submetido ao tratamento de sementes com óleos essenciais e fungicida, IRDER, Augusto Pestana – RS, 2013 ........................................................................................................................... 26 Tabela 3: Rendimento de grãos (Kg/ha), poder germinativo (%) e número de plantas por metro (NPM) de genótipo de trigo submetido ao tratamento de sementes com óleos essenciais, IRDER, Augusto Pestana – RS, 2013.................... 28 Tabela 4: Poder germinativo (%), fusarium (%), alternaria (%), penicilium (%) e Dreschelera tritici (%) em sementes de trigo submetidas ao tratamento com óleos essenciais, IRDER, Augusto Pestana – RS, 2013 ..................................................... 29 Tabela 5: Percentagem de raízes sadias e doentes em plantas de trigo submetidas ao tratamento de sementes com óleos essenciais, IRDER, Augusto Pestana – RS, 2013 ................................................................................................... 30 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 9 1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 11 1.1 A CULTURA DO TRIGO ...................................................................................... 11 1.2 A IMPORTÂNCIA DO TRATAMENTO DE SEMENTES DE TRIGO .................... 12 1.3 ÓLEOS ESSENCIAIS........................................................................................... 13 1.3.1 Eucalyptus citriodora ...................................................................................... 14 1.3.2 Baccharis trimera ............................................................................................ 14 1.3.3 Cymbopogon flexuosus.................................................................................. 15 1.3.4 Eucalyptus globulus ....................................................................................... 15 1.3.5 Elionorus viridulis ........................................................................................... 16 1.3.6 Schinus molle L. .............................................................................................. 16 1.3.7 Vitavax-thiram 200 SC ..................................................................................... 17 1.4 ÓLEOS ESSENCIAIS: USOS NA AGRICULTURA .............................................. 17 2 MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 20 2.1 LOCALIZAÇÃO DO CAMPO EXPERIMENTAL ................................................... 20 2.2 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL .................................................................... 20 2.3 CARACTERÍSTICA DA CULTIVAR ..................................................................... 21 2.4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL.................................................................... 21 2.5 VARIÁVEIS DETERMINADAS ............................................................................. 23 2.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA ...................................................................................... 24 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 25 CONCLUSÕES .......................................................................................................... 31 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 32 ANEXOS .................................................................................................................... 38 9 INTRODUÇÃO A cultura do trigo tem grande importância, sendo um dos cereais mais produzidos mundialmente, por ter grande diversidade genética, se adapta facilmente em diferentes regiões, no Brasil, pode ser cultivado desde a região sul até o cerrado e vem alcançando mais espaço entre os países produtores e exportadores, devido seus ganhos na produtividade, rentabilidade e melhoria da qualidade industrial dos grãos. Devido a grande importância da cultura, é preciso ter cuidados no manejo de pragas e moléstias, pois estas associadas às sementes são as que mais causam danos aos cultivos agrícolas. Com a utilização de agrotóxicos, que além de afetarem a saúde humana, afetam também o meio ambiente, tem se estudado novas alternativas como produtos naturais como extratos e óleos essenciais de origem vegetal, no controle de patógenos associados às sementes. Óleos essenciais são misturas complexas de substâncias voláteis, lipofílicas, com baixo peso molecular, geralmente odoríferas e líquidas, constituídos, na maioria das vezes, por moléculas de natureza terpênica. É importante ressaltar que apesar do grande papel do uso de óleo essencial na agricultura sustentável, esses compostos vegetais (especialmente mono e sesquiterpenos) podem interferir nos processos fisiológicos da planta podendo prejudicar a germinação e o desenvolvimento de plântulas, razão porque devem ser avaliados os parâmetros que conferem uma boa germinação das sementes quando colocadas no campo. Os óleos essenciais provavelmente exercem efeito antimicrobiano afetando a estrutura da parede celular do microrganismo desnaturando e coagulando proteínas. Podem também alterar a permeabilidade da membrana plasmática 10 causando a interrupção de processos vitais, como transporte de elétrons, fosforilação e outras reações resultando em perda do controle quimiosmótico, levando a morte celular. Conforme a utilização de óleos essenciais de espécies aromáticas e medicinais, isoladas ou em combinação com outros métodos, poderá ter um importante papel no controle de fitopatógenos, contribuindo para a redução do uso de fungicidas e, consequentemente, um menor impacto ao ambiente. Devido à escassez de informações sobre o efeito de óleos essenciais na germinação de sementes, bem como o desenvolvimento de plântulas o presente trabalho teve como objetivo identificar os efeitos de óleos essenciais no tratamento de sementes de forma a possibilitar um bom crescimento e desenvolvimento inicial e assim, verificar sua contribuição no incremento da produtividade e nos componentes de rendimento do trigo. 11 1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1.1 A CULTURA DO TRIGO O trigo (Triticum aestivum L.) é um dos cereais mais produzidos no mundo. Graças à sua diversidade genética e a utilização desta variabilidade no melhoramento, possui, atualmente, ampla adaptação edafoclimática, sendo cultivado desde regiões com clima desértico, em alguns países do Oriente Médio, até em regiões com alta precipitação pluvial, como na China e Índia. No Brasil, pode ser cultivado desde a Região Sul até o Cerrado (GUERRA, 1994; GUERRA, 1995). A espécie Triticum aestivum L. está entre as espécies vegetais de maior importância para a alimentação humana. A composição única de suas proteínas de reserva, que permite a obtenção de vários produtos por meio do processo de panificação, faz do trigo um cereal mundialmente consumido (JOSHI et al., 2007). Devido às características de composição do seu grão, o trigo é utilizado na fabricação de pães, bolos, biscoitos, barras de cereais, além de macarrões, massas para pizza entre outras utilizações de seus derivados pela indústria. Sua diversidade de utilização, suas características nutricionais e sua facilidade de armazenamento têm feito do trigo o alimento básico de aproximadamente um terço da população mundial (SLEPER e POEHLMAN, 2006). Por ser um cereal básico é cultivado hoje em diferentes condições ambientais, desde a Argentina até a Finlândia, o que exige trabalhos intensos de seleção, visando à adaptação da cultura ao ambiente de cultivo (KLAR e DENADAI, 1996). Até chegar aos tipos de trigo hoje conhecidos, muitos anos de pesquisa e melhoramento foram necessários. No Brasil a cultura do trigo vem alcançando, a cada dia, maior importância frente aos países produtores e exportadores, alicerçada nos ganhos de produtividade, na rentabilidade e na melhoria de sua qualidade industrial (TIBOLA et al., 2008). O trigo é uma espécie de estação fria e sua produção mundial é superior a 600 milhões de toneladas por ano, sendo a segunda maior produção de grãos em nível mundial (USDA, 2010). O Brasil concentra sua produção na região Sul do país, a qual é responsável por mais de 90% da produção nacional, que em média é de quatro milhões de toneladas (CONAB, 2010). Este montante representa menos de 50% do consumo interno do cereal, fazendo com que o Brasil seja um dos principais 12 países importadores de trigo no mundo. Na região sul do país, principalmente nos estados do Rio Grande do Sul e Paraná, o trigo é uma das principais alternativas de cultivo no inverno (SCHUCH et al., 2000). Segundo Sleper e Poehlman (2006), desde os primeiros trabalhos de melhoramento genético da cultura do trigo busca-se aumento na produção e na qualidade de grãos, além de modificações na arquitetura de plantas, resistência ao acamamento, pragas e doenças. Nos dias de hoje os objetivos visam à criação de novos genótipos com melhor potencial produtivo, melhor estabilidade de produção e que demonstrem qualidade no produto final. 1.2 A IMPORTÂNCIA DO TRATAMENTO DE SEMENTES DE TRIGO A ocorrência de doenças e pragas, associadas às sementes, é um dos fatores que mais causam danos aos cultivos agrícolas e aos agroecossistemas, sendo um problema de importância crescente em todo o mundo. Pela conceituação moderna, o tratamento de sementes é entendido como a aplicação de produtos, químicos, biológicos e agentes físicos diretamente às sementes de maneira isolada ou combinada, ou ainda, o manejo das sementes por meio de processos que possibilitam a melhoria ou garantia do seu real valor cultural e para fins comerciais (MACHADO et al, 2006). De modo geral, o tratamento de sementes pode ser abordado sob dois prismas: a) o tratamento protetor ou sanitário, que visa basicamente ao controle de pragas e doenças; b) o tratamento funcional, cuja finalidade é garantir o desempenho das sementes, seja por produtos ou processos que não apresentam propriedades biocidas. Enquadram-se nesta categoria a peliculização (film coating), com polímeros, peletização, aplicação de corantes, fitormônios, micronutrientes, Rhizobium, ou condicionamento osmótico (priming) e outras formas de valorização de lotes de sementes (MACHADO et al., 2006). A função dos fungicidas de contato é proteger a semente contra fungos de solo e dos fungicidas sistêmicos, principalmente do grupo dos benzimidazóis, é controlar fitopatógenos presentes nas sementes (HENNING, 2005). 13 A eficiência do tratamento de sementes visando o controle de patógenos (doenças) depende do tipo e localização do patógeno, do vigor da semente e da disponibilidade de substâncias e processos adequados (MENTEN e MORAES, 2010; QUEIROGA et al, 2012). Para a escolha de qual produto deve ser utilizado no tratamento deve-se levar em consideração a segurança ambiental e toxicológica do mesmo, associada a garantir uma proteção eficaz contra um amplo espectro de pragas e a um custo benefício interessante ao produtor (JULIATTI, 2010). Para Neergaard (1979) mais de 50% das principais doenças das plantas têm agentes casuais transmitidos através das sementes, o que demonstra que o controle desses patógenos pode possibilitar uma redução significativa no uso posterior de defensivos sintéticos, com menor poluição para o meio ambiente. O tratamento realizado diretamente sobre a superfície da semente pode ser uma opção rápida e eficiente no controle de patógenos, desde que os produtos aplicados reduzam o impacto ao meio ambiente e sejam efetivos para a proteção contra os microorganismos presentes no solo e a preservação da qualidade da semente durante o armazenamento (RAMOS et al. 2008). Como alternativa ao uso de agrotóxicos, têm sido pesquisados produtos naturais, como extratos e óleos essenciais de origem vegetal (SOUZA et al., 2007), que podem apresentar propriedades antimicrobianas capazes de controlar a microflora associada às sementes (MORAIS et al., 2001). 1.3 ÓLEOS ESSENCIAIS Os óleos essenciais (OE) são misturas complexas de substâncias voláteis, lipofílicas, com baixo peso molecular, geralmente odoríferas e líquidas, constituídos, na maioria das vezes, por moléculas de natureza terpênica. Frequentemente apresentam odor agradável e marcante. Podem ser extraídos por meio de arraste com vapor d’água, hidrodestilação ou expressão de pericarpo de frutos cítricos (MORAIS, 2009). Atualmente, a crescente preocupação com o meio ambiente e com a segurança durante a manipulação de sementes tratadas tem aumentado a demanda por tecnologias de aplicação que permitam a redução dos riscos, sem que a qualidade das sementes seja comprometida. O uso de óleos essenciais na 14 agricultura ainda requer muitos estudos, mas são reflexo da preocupação ambiental e com a saúde pública (GONÇALVES, MATTOS, MORAIS, 2009). Sua principal característica é a volatilidade diferindo-se, assim, dos óleos fixos, que são misturas de substâncias lipídicas, obtidos geralmente de sementes de oleaginosas. Outra característica importante é o aroma agradável e intenso da maioria dos óleos voláteis, sendo, por isso, chamados de essências (BIASI; DESCHAMPS, 2009). São solúveis em solventes orgânicos apolares, como éter, recebendo, por isso, a denominação de óleos etéreos. Em água, os óleos voláteis apresentam solubilidade limitada (BIASI; DESCHAMPS, 2009). Devido à importância destes óleos essenciais é importante caracterizar alguns dele, como forma de auxiliar no entendimento, proporcionando assim um maior conhecimento sobre os mesmos, segue abaixo algumas informações sobre os óleos essenciais e também sobre o produto vitavax + thiram. 1.3.1 Eucalyptus citriodora Utilizado como óleo essencial, os rendimentos variam de 1 a 1,6 %, ou seja, a cada tonelada de biomassa foliar destilada pode-se extrair de 10 a 16 kg de óleo. A concentração do seu componente principal, citronelal, varia entre 65 a 85 %. No Brasil o óleo de E. citriodora é comercializado bruto, ou então, tendo como base o citronelal, para obter-se o citronelal, o hidroxicitronelal e o mentol (VITTI, BRITO, 2003). 1.3.2 Baccharis trimera Baccharis trimera, conhecida como carqueja, carqueja-amargosa, é um arbusto pequeno, dióico, ramificado, com ramos sem folhas, trialados, com alas interrompidas alternadamente, membranosas a levemente coriáceas pertencentes à família Asteraceae. O óleo essencial de Baccharis trimera apresentou atividade antimicrobiana sobre S. aureus e E. coli (AVANCINI; WIEST; MUNDSTOCK, 2000). Silva et al. (2007) estudaram a variabilidade sazonal dos óleos essenciais de Baccharis trimera selvagem e cultivada, encontraram como constituintes majoritários o (E)-cariofileno com seu teor variando de 12 a 21%, o germacreno-D com teor entre 15 6,3 e 28% e o biciclogermacreno com teor entre 12 e 23%. O principal óleo essencial da Baccharis trimera é o carquejol, que é também o seu principal constituinte ativo. (CORREA, 1999). 1.3.3 Cymbopogon flexuosus O Cymbopogon flexuosus assim como as outras espécies aromáticas do gênero Cymbopogon são originadas do Sudeste asiático e são exigentes em calor, umidade e radiação solar. Trata-se de uma planta perene, que forma touceiras devido ao intenso perfilhamento, e que pode atingir até 2 metros de altura. Suas folhas ásperas ao tato e cortantes, são glabras, com 60 a 100 cm de comprimento e 0,5 a 1,0 cm de largura. Seu florescimento é raro, ocorrendo apenas em condições climáticas específicas (SILVEIRA et al., 2012). O óleo essencial extraído das folhas de Cymbopogon flexuosus apresenta como principal constituinte o citral, e em menores quantidades o limoneno, citronelal, ß-mirceno e geraniol (SILVEIRA et al., 2012). 1.3.4 Eucalyptus globulus O Eucalyptus globulus L., espécie vegetal conhecida popularmente como eucalipto comum, tem sido amplamente utilizados em pesquisas científicas que buscam reconhecer sua atividade antifúngica. Essa atividade tem sido atribuída, principalmente, à presença de eucaliptol e cineol, encontrados com frequência no óleo essencial (CASTRO; LIMA, 2010). O uso do óleo essencial obtido a partir das suas folhas apresenta importância farmacêutica, sendo propostas múltiplas aplicações medicinais, incluindo atividade anti-inflamatória, analgésica e antioxidante (CASTRO; LIMA, 2010). Estudos demonstraram atividade desse óleo sobre bactérias e fungos (TAKAHASHI; KOKUBO; SAKAINO, 2004; SALARI et al., 2006; CARMELLI et al., 2008), sobre o carrapato Boophilus microplus (CHAGAS et al., 2002), bem como atividade inseticida sobre Pediculus humanus capitis (YANG et al., 2004), além dos coleópteros Acanthoscelides obtectus, Zabrotes subfasciatus e Callosobruchus maculatus (BRITO; OLIVEIRA; BORTOLI, 2006). 16 1.3.5 Elionorus viridulis O gênero Elionurus pertence à família Poaceae, e compreende aproximadamente 15 espécies, sendo comum nas regiões tropicais e subtropicais da América do Sul, África, Austrália e Ásia temperada. Este gênero possui taxonomia complexa com grande variabilidade, porém, ainda pouco esclarecida. No Rio Grande do Sul as espécies Elionurus adustus, E. candidus, E. rostratus, E. tripsacoides e E. viridulus estão entre as principais gramíneas nos campos altos do Bioma Pampa, sendo E. candidus a espécie mais mais abundante. (ARAUJO, 1971; CASTRO e RAMOS, 2002; BANDONI, 2003). O óleo essencial de Elionorus SP é caracterizado pela variabilidade em sua composição química. Tal variabilidade é influenciada pela interação entre o genótipo e o ambiente. Dentre os compostos presentes, o Citral (Neral + geranial) é o que desperta maior interesse por ser empregado nas indústrias de alimentos, cosméticos e produtos de higiene. Na indústria farmacêutica o Citral é utilizado como matériaprima para a síntese de uma séria de ionomas, sendo a β-ionona especialmente utilizada como substância precursora na síntese da vitamina A (KOSHIMA et al., 2006). 1.3.6 Schinus molle L. A Schinus mole é uma planta comum em beiras de rios, córregos e em várzeas úmidas, entretanto, cresce também em terrenos secos pobres. Sua altura varia de 5 a10 m, dotada de copa arredondada. As folhas são do tipo compostas, sua morfologia foliar é caracterizada pela coloração verde-escura das folhas, suas flores são melíferas, de coloração brancas ou de cor amarelo-pálido, extremamente pequenas, suas sementes são amplamente disseminadas por pássaros o que explica sua boa regeneração natural (RIBAS, 2006). Na América Central e do Sul, Shinus mole é também utilizada como adstringente, antibacteriano, balsâmico, colírio, diurético, medicamento estomacal, sendo a planta inteira utilizada topicamente para fraturas, além de ser um eficaz antisséptico. O óleo resinoso é usado como cicatrizante para feridas e dor de dente (LIMA, 2006). 17 Em investigação conduzida com as folhas desta espécie, as diferenças na composição dos quimiotipos da espécie Schinus mole refletem também a variação genotípica destas plantas contém diferenças de quimiotipicos como: limoneno, cissabinol, µ e β-pineno, µ e β –falandreno, cadineno, cadinol, canfeno, carvacrol, cariofileno, terpineol. (ALVES, 2002). 1.3.7 Vitavax-thiram 200 SC O Vitavax-Thiram® 200 SC é um fungicida com apresentação em solução concentrada cujo princípio ativo é 5,6-dihydro-2-methyl-1,4-oxathi-ine-3- carboxanilide (Carboxina), 200 g/L (20% m/v); Tetramethylthiuram disulfide (Tiram), 200 g/L (20% m/v); e Etileno Glicol, 249 g/L (24,9% m/v). Este produto pertence à classe dos fungicidas sistêmicos e de contato para tratamento de sementes do grupo químico Carboxanilida (Carboxina) e Dimetilditiocarbamato (Tiram) (PANDOLFO, 2007; DUPONT, 2012). A apresentação em solução concentrada permite diluição em diferentes dosagens de acordo com a finalidade de aplicação. A dose recomendada para o tratamento de sementes de trigo é 250 a 300 mL/100 kg de semente (PANDOLFO, 2007). O Vitavax-Thiram® 200 SC pertence à classe toxicológica IV – Pouco Tóxico, de acordo com a legislação em vigor para uso de agrotóxicos (PANDOLFO, 2007). A aplicação deve ser feita com equipamentos especialmente desenvolvidos para tratamento de sementes que possibilitem uma distribuição homogênea do produto. (DUPONT, 2012). 1.4 ÓLEOS ESSENCIAIS: USOS NA AGRICULTURA Os principais usos de óleos essenciais na agricultura são para controle de pragas e doenças, repelentes de insetos, indução de resistência nas plantas, com propriedades herbicidas inibidores da germinação de sementes de plantas daninhas (BIASI; DESCHAMPS, 2009). A atividade antifúngica de óleos essenciais extraídos de 22 plantas, pela técnica da hidrodestilação, sobre Rhizoctonia solani foi testada por Kishore et al. (1983). Os autores observaram que o óleo essencial de Lippia alba (cidreira 18 brasileira ou falsa cidreira) inibiu o crescimento micelial do fungo. Esse óleo também inibiu o crescimento de Alternaria alternata, Aspergillus niger, Aspergillus fumigatus, Aspergillus nidulans, Colletotrichum Chaetomium gloeosporioides, globosum, Colletotrichum Cladosporium dematium, cladosporioides, Curvularia lunata, Penicillium italicum e Rhizopus arrhizus. Salgado et al. (2003) avaliaram a atividade fungitóxica do óleo essencial de Eucalyptus citriodora, Eucalyptus camaldulensis e Eucalyptus urophylla nas concentrações de 5,50 e 500 mg/kg, sobre Fusarium oxysporum, Botrytis cinerea e Bipolaris sorokiniana. Os autores observaram redução no crescimento micelial dos fungos pelos três óleos. Segundo os autores, houve mudança na coloração do micélio de Fusarium oxysporum, sugerindo que pode ter havido oxidação, devido à presença de carbonilas, grupos alcoólicos e duplas ligações nas substâncias que compõem os óleos essenciais. A maior ação fungitóxica foi do óleo essencial de Eucalyptus urophylla. Esta atividade foi atribuída ao sesquiterpeno globulol, composto majoritário deste óleo essencial, não detectado nos demais. Estes resultados são semelhantes ao obtidos pro Aleu et al. (2001) que verificaram inibição total do crescimento de Botrytis cinerea, nas concentrações 100 e 200 mg/kg do globulol. A eficiência do óleo essencial de Eucalyptus citriodora na inibição do crescimento micelial de Sclerotium rolfsii, Phytophthora sp., Rhizoctonia solani, Alternaria alternata e Colletotrichum sublineolum foi verificada por Bonaldo et al. (2007). O óleo inibiu também a germinação e a formação de apressórios em Colletotrichum sublineolum, porém, não foi observada a indução de síntese de fitoalexinas em mesocótilos de soja e sorgo. Também Fiori et al. (2000) observaram a inibição no crescimento micelial de Didymella bryoniae pelos óleos de Eucalyptus citriodora, Cymbopogon citratus e Ageratum conizoides. A utilização de óleos essenciais de espécies aromáticas e medicinais, isoladas ou em combinação com outros métodos, poderá ter um importante papel no controle de fitopatógenos, contribuindo para a redução do uso de fungicidas e, consequentemente, um menor impacto ao ambiente (MOTA & PESSOA, 2003). Esses produtos podem ter ação fungitóxica direta, pela inibição da germinação de esporos e do crescimento micelial, ou indireta, pela inibição de produção de fitoalexinas ou outros compostos de defesa da planta (MORAIS, 2009). 19 É importante ressaltar que apesar do grande papel do uso de óleo essencial na agricultura sustentável, esses compostos vegetais (especialmente mono e sesquiterpenos) podem interferir nos processos fisiológicos da planta podendo prejudicar a germinação e o desenvolvimento de plântulas, razão porque devem ser avaliados os parâmetros que conferem uma boa germinação das sementes quando colocadas no campo (BIASI; DESCHAMPS, 2009). Bonna (2012) atribui o mecanismo de ação do óleo essencial à quantidade e variedade dos compostos químicos presentes, o que dificulta a atribuição de um mecanismo de ação específico para a atividade antimicrobiana. Os óleos essenciais provavelmente exercem efeito antimicrobiano afetando a estrutura da parede celular do microrganismo desnaturando e coagulando proteínas. Podem também alterar a permeabilidade da membrana plasmática causando a interrupção de processos vitais, como transporte de elétrons, fosforilação e outras reações resultando em perda do controle quimiosmótico, levando a morte celular. Conforme Mota & Pessoa (2003), a utilização de óleos essenciais de espécies aromáticas e medicinais, isoladas ou em combinação com outros métodos, poderá ter um importante papel no controle de fitopatógenos, contribuindo para a redução do uso de fungicidas e, consequentemente, um menor impacto ao ambiente. 20 2 MATERIAL E MÉTODOS 2.1 LOCALIZAÇÃO DO CAMPO EXPERIMENTAL O trabalho foi desenvolvido na área experimental do Instituto Regional de Desenvolvimento Rural (IRDER), pertencente ao Departamento de Estudos Agrários (DEAg), da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI), localizado no Município de Augusto Pestana, com localização geográfica a 28° 26’ 30’’ de latitude S e 54° 00’ 58’’ de longitude W e uma altitude próxima de 280 m. O solo da região classifica-se com um Latossolo Vermelho Distroférrico Típico, pertencente a Unidade de Mapeamento Santo Ângelo, apresenta um perfil profundo, bem drenado, coloração vermelho escuro, com altos teores de argila e predominância de argilominerais 1:1 e óxi-hidróxidos de ferro e alumínio (SANTOS, 2006). O clima da região, segundo a classificação de Köeppen, é Cfa, clima subtropical úmido, com ocorrência de verões quentes e sem ocorrência de estiagens típicas e prolongadas (KUINCHTNER; BURIOL, 2001). 2.2 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL O experimento foi realizado na safra agrícola 2013/2014, em delineamento experimental de blocos ao acaso com quatro repetições, envolvendo tratamento de sementes com óleos essenciais, um tratamento químico frequentemente usado nas lavouras e a testemunha. Os tratamentos foram os seguintes: Tratamento 1 (T1): Eucalyptus citriodora (10%); Tratamento 2 (T2): Baccharis trimera (10%); Tratamento 3 (T3): Elionorus viridulis (20%); Tratamento 4 (T4): Eucalyptus globulus (20%); Tratamento 5 (T5): Eucalyptus globulus (30%); Tratamento 6 (T6): Cymbopogon flexuosus (20%); Tratamento7 (T7): Cymbopogon flexuosus (30%); Tratamento 8 (T8): Schinus molle L. (20%); Tratamento 9 (T9): Vitavax + Thiram; 21 Tratamento 10 (T10): Testemunha; As parcelas experimentais foram constituídas por cinco linhas de 5 metros de comprimento, com espaçamento de 0,17 metros entre linhas, sendo consideradas como parcela útil ás três fileiras centrais. 2.3 CARACTERÍSTICA DA CULTIVAR A cultivar de trigo utilizada foi o QUARTZO, de alto potencial produtivo e a mais cultivada, suas características e comportamento em relação às principais moléstias, encontram-se nos quadros 1 e 2, respectivamente. Quadro 1: Características agronômicas do cultivar Quartzo Cultivar QUARTZO Habito vegetativo: semi-ereto Perfilhamento: médio Altura da planta: média (75 cm) Reação ao acamamento: moderadamente suscetível Reação à debulha natural: moderadamente suscetível Reação ao alumínio: moderadamente tolerante Resistência à geada na fase vegetativa: moderadamente suscetível Peso de mil grãos (média): 37 g Ciclo: Precoce - espigamento: média 68 dias; maturação: média 122 dias Fonte: Extraído de OR MELHORAMENTO DE SEMENTES LTDA / BIOTRIGO GENÉTICA. Quadro 2: Comportamento da cultivar em relação às principais moléstias Cultivar QUARTZO Ferrugem da Folha: Moderadamente resistente Oídio: Suscetível Giberela: Suscetível Manchas foliares: moderadamente suscetível Mosaico: moderadamente resistente (informação preliminar) VNAC: suscetível Brusone - Moderadamente suscetível a suscetível Fonte: Extraído de OR MELHORAMENTO DE SEMENTES LTDA / BIOTRIGO GENÉTICA. 2.4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Foram avaliados os efeitos dos óleos essenciais nas sementes de trigo, no qual dois experimentos foram elaborados, um em laboratório e outro a campo na área experimental do IRDER. Os óleos essenciais utilizados foram obtidos de folhas frescas de Eucalyptus citriodora, Baccharis trimera, Elionorus viridulis, Eucalyptus globulus, Cymbopogon flexuosus, Schinus molle L. As soluções para a realização dos testes foram preparadas com 10%, 20% e 30% de cada óleo essencial, 22 empregando 1% de propilenoglicol como agente solubilizante. O excipiente utilizado foi água destilada totalizando 50 mL de solução por quilo de semente. Para o tratamento de sementes foi utilizado o método de pulverização manual (ANEXO A), onde foi aplicado os produtos sobre as sementes. Após a pulverização os grãos foram colocados em local aberto e secados a temperatura ambiente (ANEXO B), sendo semeadas 24 horas após o tratamento. Após a aplicação dos produtos nas sementes, foram realizados os testes de germinação e patologia (ANEXO C). O teste de germinação foi realizado segundo as Regras para Análise de Sementes (RAS) (BRASIL, 2009a). Foram utilizadas 400 sementes para cada tratamento, sendo quatro repetições de 100 sementes, as mesmas enroladas em papel Germitest®, umedecidos com água destilada (volume três vezes maior que o peso do papel) e incubadas em germinadoras, sob uma temperatura de 25ºC e com luz permanente. Após sete dias de incubação foi feita a avaliação do poder germinativo. No teste de patologia, foi utilizado 100 sementes por tratamento, sendo quatro repetições com 25 sementes cada, utilizando-se caixas Gerboxes®, contendo três folhas de papel filtro umedecidas com água destilada. As caixas com as sementes foram incubadas na câmara em temperatura de 20ºC com fotoperíodo de 12 horas durante sete dias. Após este período avaliou-se individualmente cada semente com auxílio de microscópios estereoscópios e óptico identificando os fungos a ela associados conforme o Manual de Análise Sanitária de Sementes (BRASIL, 2009b). O experimento conduzido a campo foi sem a utilização de irrigação, seguindo a época de semeadura recomendada para a cultura, conforme as indicações técnicas da cultura do trigo no Rio Grande do Sul, safra 2012/2013. A área na qual foi semeado o experimento tem o sistema de semeadura direta consolidado, implantado sobre o precedente cultural de soja (Glycine max). A área experimental foi previamente dessecada, sendo este procedimento realizado cerca de trinta dias antes da semeadura, com o produto Roundup WG (Glifosato, 720,0 g/kg), na dose de 1,5 Kg/ha, com vazão de 100 litros de água/ha. A semeadura foi realizada dia 13 de Junho de 2013, com auxilio de uma semeadeira de parcela específica para trigo, distribuindo 100 sementes por metro, 23 numa profundidade de 3 a 5 centímetros. A adubação foi realizada no sulco de semeadura com o uso de uma semeadeira para plantio direto, na base de 200 kg/ha de adubo químico da fórmula 05-20-20 (N – P2O5 – K2O), para uma expectativa de produtividade de grãos de 3 t/ha, conforme o Manual de Adubação e Calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina (2004). O controle de plantas invasoras foi realizado no dia 29 de Julho de 2013, (47 dias após a semeadura), utilizou-se do herbicida a base de Iodosulfurom – Metilico (Hussar), na dose de 100 gramas por hectare, com vazão de 100 litros de água/ha. Foi realizada a aplicação de ureia (100 kg/ha), no perfilhamento pleno. A primeira aplicação de fungicida foi realizada no início do florescimento utilizando-se o produto Priori Extra (Azoxistrobina 200 g/L + Ciproconazol), na dose de 300 ml/ha. A segunda aplicação de fungicida foi realizada 20 dias após a primeira com o mesmo fungicida, na dose de 250 ml/ha, acrescido do inseticida Connect (Imidacloprido + Beta-Ciflutrina), na dose de 300 ml/ha, no estádio de espigamento. A terceira aplicação de fungicida na dose de 250 ml/ha no estádio de enchimento de grãos. A aplicação dos produtos foi realizada com pulverizador tratorizado, regulado para um volume de calda de 100 L/ha. No dia 12 de Novembro de 2013 foi realizada a colheita, das duas linhas centrais após trilha para separação dos grãos da palha. (ANEXO D). 2.5 VARIÁVEIS DETERMINADAS As variáveis determinadas foram: - rendimento biológico aparente (RBA): foram colhidas duas amostras de 1 metro de comprimento e pesadas para determinar o RBA; - peso de grãos (PG): das amostras colhidas foi separado o grão da palha e determinado o seu peso; - rendimento de palha (RP): foi obtido pela diferença de peso entre RBA e grãos; - peso de grãos por espiga (PGE): foram separadas ao acaso 10 espigas de cada tratamento e determinado o peso de grãos; - Poder germinativo (PG): determinado conforme Regras para Análise de Sementes (RAS); 24 - índice de colheita (IC): determinado em percentagem pela relação entre grãos e RBA multiplicado por 100; - número de plantas por metro (NPM): determinado pela contagem de 3 amostras de um metro e feita a média; - peso hectolitro (PH): medida de 250 ml de grãos e determinado o seu peso e transformado em kg/100l); - rendimento de grãos (RG): foram colhidas duas linhas de 5 metros de comprimento e determinado o peso de grãos e transformado em Kg/ha; - patologia de sementes: realizada através de regras estabelecidas pelo Manual de Análise Sanitária de Sementes; - incidência de podridão de raiz: determinado em uma amostra de 2 metros lineares de plantas e realizada a contagem de plantas com sintomas de podridão de raiz. 2.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA Os dados foram submetidos a análise de variância pelo programa Genes para identificação do efeito dos tratamentos e aplicação do teste de Tukey a 5% de probabilidade para determinação das diferenças entre média de tratamento. Foi realizado teste de médias mais desvio padrão, para identificar tratamentos superiores e média menos desvio padrão para identificar tratamentos inferiores. 25 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise de variância através do quadrado médio dos caracteres avaliados quando o trigo foi submetido ao tratamento de sementes com óleos essenciais mostrou variação para poder germinativo (PG %) e número de plantas por metro (no). Por outro lado, a análise não evidenciou variação significativa para os caracteres rendimento de grãos (Kg/ha), rendimento biológico aparente (RBA) em gramas, grãos (g), rendimento de palha (g), índice de colheita (IC%), peso de grão por espiga (PGE) em gramas e peso do hectolitro (Kg/100l). Uma análise dos coeficientes de variação revela valores inferiores a 20% para a maioria dos caracteres estudados com exceção da variável grãos que faz parte do cálculo do índice de colheita que apresentou coeficiente de variação considerado elevado para o caráter (20%), conforme pode ser visualizado na tabela 1. Tabela 1: Resumo da análise de variância para os caracteres: rendimento de grãos (Kg/ha), rendimento biológico aparente (RBA), grãos (g), palha (g), índice de colheita (IC%), peso de grãos por espiga (g), peso do hectolitro (Kg/100l), poder germinativo (%), número de plantas por metro (NPM) de trigo submetido a tratamento de sementes com óleos essenciais, IRDER, Augusto Pestana – RS, 2013 Quadrado Médio Bloco Tratamento Erro Rendimento de grão (Kg/ha) 410748 182503 NS 165334 RBA (g) 4705 1395 NS 1116 Grãos (g) 580 613 NS 474 Palha (g) 2836 645 NS 1146 IC (%) 17 28 NS 14 PGE (g) 0,037 0,004 NS 0,007 PH (Kg/100l) 3 4 NS 3 PG (%) 10 2260 * 17 NPM (no) 5 55 * 4 NS – não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F *- significativo a 5% de probabilidade pelo teste F CV% - Coeficiente de Variação em % Causa de Variação CV% 8 10 20 16 12 7 2 7 6 A análise de comparação de médias para os caracteres RBA (g), Grãos (g), Palha (g), IC (%) e PGE (g), não evidenciou diferença significativa entre os tratamentos. (Tabela 2). 26 O IC indica a habilidade de um genótipo em combinar elevada capacidade de produção e de destinar a matéria seca acumulada aos componentes do rendimento de interesse agronômico. Este índice apresenta forte interação Genótipo x Ambiente (DONALD; HAMBLIN, 1976). Tabela 2: Rendimento biológico aparente (RBA), grãos (g), palha (g), índice de colheita (IC) e peso de grãos por espiga (PGE) de trigo submetido ao tratamento de sementes com óleos essenciais e fungicida, IRDER, Augusto Pestana – RS, 2013 RBA Grãos Palha IC Peso Grão por (g) (g) (g) (%) Espiga (g) E. Globulus 30 0,33 a 0,12 a 0,20 a 36 a 1,28 a E. Citriodora 10 0,33 a 0,11 a 0,23 a 35 a 1,25 a E. Globulus 20 0,30 a 0,09 a 0,19 a 33 a 1,22 a Vitavax + Thiran 0,31 a 0,10 a 0,20 a 35 a 1,24 a Testemunha 0,31 a 0,10 a 0,21 a 33 a 1,17 a S. molle 20 0,31 a 0,10 a 0,20 a 32 a 1,24 a E. viridulis 20 0,33 a 0,11 a 0,21 a 33 a 1,21 a B. trimera 10 0,30 a 0,09 a 0,20 a 33 a 1,20 a C. flexuosus 20 0,29 a 0,07 a 0,20 a 27 a 1,28 a C. flexuosus 30 0,33 a 0,10 a 0,23 a 31 a 1,22 a Média 0,31 0,10 0,21 32 1,23 CV % 10 20 16 12 7 Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Tratamento Na tabela 3 encontramos as médias de tratamentos de rendimento de grãos (Kg/ha), poder germinativo (%) e número de plantas por metro (NPM). O caráter rendimento de grãos não foi influenciado pelo tratamento de sementes com óleos essenciais, a média para o caráter foi 4927 Kg/ha. O poder germinativo das sementes de trigo foi influenciado quando as sementes foram tratadas com óleos essenciais. O maior valor para o caráter foi registrado na testemunha (88%) não diferindo estatisticamente das sementes tratadas com vitavax + thiram (82%). Os menores valores para PG foram nos tratamentos Cymbopogon flexuosus 30 (17%), Cymbopogon flexuosus 20 (27%), Elionorus viridulis 20 (38%) e Baccharis trimera 10 (52%). O efeito na redução do poder germinativo das sementes poderia ser explicado pelos inúmeros fatores que interferem na germinação das sementes, uma das grandes influências é a ação de produtos de mecanismos secundários das plantas, promovendo ações prejudiciais na assimilação de agua, captação de 27 nutrientes, síntese de proteína nos processos bioquímicos da germinação entre outros. (MARASCHIN - SILVA, 2004). Brito et al (2010), demonstraram que a concentração de 0,5 % do óleo de canela proporcionou o maior comprimento das plântulas e, maior massa seca foi obtida na concentração de 0,5%, quando usou os óleos de canela e manjericão, concluiu que esses óleos nas concentrações testadas aumentaram o índice de germinação e vigor de sementes de mandacaru. Neto et al. (2012) observaram que o emprego do óleo essencial de anis proporcionou o aumento da germinação das sementes, quando comparadas à Testemunha. O mesmo não foi verificado neste estudo, onde a testemunha não diferenciou estatisticamente dos demais tratamentos. Segundo Gonçalves, Mattos e Morais (2009), não foi possível avaliar o efeito de óleos essenciais na germinação de sementes de milho, sugerindo a realização de novos testes, com os óleos essenciais para verificar se os mesmos podem ser utilizados no tratamento de sementes para plantio, no qual é obrigatório que o tratamento não interfira na germinação. O número de plantas por metro apresentou variação para tratamentos. Os maiores valores foram registrados nos tratamentos E. globulus 30 (40), E. globulus 20 (41), B. trimera 10 (40). Por outro lado o menor NPM, foi registrado nos tratamentos C. flexuosus 30 (30), C. flexuosus 20 (35) S. molle 20 (32) estatisticamente diferente da testemunha (39). (Tabela 3). 28 Tabela 3: Rendimento de grãos (Kg/ha), poder germinativo (%) e número de plantas por metro (NPM) de genótipo de trigo submetido ao tratamento de sementes com óleos essenciais, IRDER, Augusto Pestana – RS, 2013 Rendimento de Poder Plantas por Grãos (Kg/ha) Germinativo (%) Metro (No) E. Globulus 30 5323 a * 69 b * 40 a * E. Citriodora 10 5213 a 65 b 38 ab E. Globulus 20 4931 a 72 b 41 a Vitavax + Thiran 4911 a 82 a 37 abc Testemunha 4911 a 88 a 39 ab S. molle 20 4897 a 72 b 32 cd E. viridulis 20 4860 a 38 d 37 abc B. trimera 10 4852 a 52 c 40 ab C. flexuosus 20 4838 a 27 e 35 bcd C. flexuosus 30 4536 a 17 f 30 d Média 4927 58 37 CV % 8 7 6 *Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. Tratamento A análise de patologia de sementes mostrou diferenças entre tratamentos (Tabela 4). Quando as sementes não foram submetidas ao tratamento de sementes (testemunha) ocorreram as maiores incidência de patógenos (Fusarium 9%, Alternaria 11% e Penicilium 6%). O tratamento com vitavax + thiram proporcionou melhor poder germinativo e revelou ser mais eficiente no controle dos referidos patógenos encontrados nas sementes. Pode-se também constatar que os óleos essenciais E. viridulis 20, B. trimera 10, C. flexuosus 20 e C. flexuosus 30, foram eficientes na eliminação de fungos na semente mas por outro lado interferiram de forma negativa no PG da semente. Salgado et al. (2003) avaliaram a atividade fungitóxica do óleo essencial de Eucalyptus citriodora, Eucalyptus camaldulensis e Eucalyptus urophylla nas concentrações de 5,50 e 500 mg/kg, sobre Fusarium oxysporum, Botrytis cinerea e Bipolaris sorokiniana. Os autores observaram redução no crescimento micelial dos fungos pelos três óleos. Segundo os autores, houve mudança na coloração do micélio de Fusarium oxysporum, sugerindo que pode ter havido oxidação, devido a presença de carbonilas, grupos alcoólicos e duplas ligações nas substâncias que compõem os óleos essenciais. A maior ação fungitóxica foi do óleo essencial de Eucalyptus urophylla. Essa atividade foi atribuída ao sesquiterpeno globulol, composto majoritário deste óleo essencial, não detectado nos demais. (Tabela 4). 29 Tabela 4: Poder germinativo (%), fusarium (%), alternaria (%), penicilium (%) e Dreschelera tritici (%) em sementes de trigo submetidas ao tratamento com óleos essenciais, IRDER, Augusto Pestana – RS, 2013 Poder Fusarium Alternaria Penicilium Dreschelera Germinativo (%) (%) (%) tritici (%) (%) E. Globulus 30 69 b * 4 3 1 E. Citriodora 10 65 b 7 4 1 E. Globulus 20 72 b 1 3 5 1 Vitavax + Thiran 82 a Testemunha 88 a 9 11 6 S. molle 20 72 b 1 4 E. viridulis 20 38 d B. trimera 10 52 c 3 C. flexuosus 20 27 e 1 C. flexuosus 30 17 f 1 1 *Médias com letras diferentes na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Tratamento O trigo quando submetido aos diferentes tratamentos de sementes com E. globulus 30 e B. trimera 10 apresentaram maior ocorrência de raízes sadias quando comparado com os demais tratamentos. Enquanto que os tratamentos com E. globulus 20 e E. viridulis 20 apresentaram os menores valores para o caráter. (Tabela 5). Analisando a percentagem de raízes doentes nos tratamentos E. citriodora 10 e S. molle 20 apresentaram maior percentagem de raízes infectadas provavelmente por podridão comum de raiz, enquanto que o tratamento com vitavax + thiram e E. viridulis apresentaram a menor percentagem de raízes doentes, conforme pode ser visualizado na Tabela 5. O óleo essencial de Elionorus viridulis (80% citral) teve atividade positiva sobre o fungo em função da fitotoxicidade do citral sobre patógenos, entretanto a concentração prejudicou o poder germinativo da semente. O mesmo efeito negativo do citral foi evidente nos tratamentos Cymbopogon flexuosus 20 e Cymbopogon flexuosus 30, tendo em vista, que o teor de citral desses óleos esta em torno de 80% (Tabela 4), (Bettiol et. al. 2009). O óleo essencial conseguiu controlar os patógenos, porem teve resultados negativos sobre o poder germinativo, devido à alta concentração utilizada, sendo assim, seria preciso fazer novos estudos, com menores concentrações, para obter melhores resultados no poder germinativo da semente. 30 Tabela 5: Percentagem de raízes sadias e doentes em plantas de trigo submetidas ao tratamento de sementes com óleos essenciais, IRDER, Augusto Pestana – RS, 2013 Raizes Sadias (%) E. Globulus 30 30 S E. Citriodora 10 22 E. Globulus 20 10 I Vitavax + Thiran 15 Testemunha 17 S. molle 20 16 E. viridulis 20 5I B. trimera 10 29 S C. flexuosus 20 20 C. flexuosus 30 18 Média 18 Desvio Padrão 7 S – superior à média acrescido de um desvio padrão I – inferior à média menos um desvio padrão Tratamento Raizes Doentes (%) 18 29 S 12 9I 21 24 S 10 I 14 20 13 17 6 Com este trabalho é possível levantar a hipótese de que a utilização de óleos essenciais torna-se uma alternativa viável para a agricultura futuramente, mas ainda é preciso estudos sobre os mesmos, pois existem poucos experimentos à campo e poucos resultados na literatura. 31 CONCLUSÕES - O tratamento de sementes de trigo com óleos essenciais não proporcionou incremento no rendimento de grãos, entretanto causou redução do poder germinativo das sementes. - Os tratamentos com óleos essenciais, Elionorus viridulis 20%, Baccharis trimera 10% e Cymbopogon flexuosus 20% foram os mais eficientes na redução de patógenos na semente. 32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALEU, J.; HANSON. 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