estimulação diafragmática elétrica transcutânea (eDeT

resenha / review
Estimulação diafragmática elétrica
transcutânea (EDET) em ratos com
fibrose pulmonar induzida por bleomicina
“Estimulação diafragmática elétrica transcutânea
(EDET) em ratos com fibrose pulmonar induzida por
bleomicina”, de Karina Maria Cancelliero.
Tese de Doutorado, Universidade Federal de São Carlos,
2007, 114 p.
Orientador: Prof. Dr. Dirceu Costa
Laisa Antonela dos Santos
Graduada em Fisioterapia e Mestranda em
Fisioterapia, Universidade Metodista de Piracicaba, Unimep.
E-mail: [email protected]
Sáude em Revista
Estimulação diafragmática elétrica transcutânea
Essa tese foi desenvolvida no Programa de PósGraduação em Fisioterapia da Universidade Federal de
São Carlos, pela fisioterapeuta e mestra Karina Maria
Cancelliero, sob orientação do Prof. Dr. Dirceu Costa. O
estudo aborda a aplicação da estimulação diafragmática
elétrica transcutânea (EDET) num modelo experimental
em ratos, sob uma condição patológica, fibrose
pulmonar, induzida pelo antineoplásico bleomicina. O
tema da pesquisa foi relevante e inédito, uma vez que foi
o primeiro trabalho a adaptar os parâmetros da corrente
para estudos experimentais, possibilitando análises
invasivas fisiológicas e histológicas.
Na contextualização, a autora cita a necessidade de
se estudar melhor os efeitos fisiológicos da EDET no
músculo diafragma, pois nenhum trabalho experimental
em animais foi encontrado, apontando uma escassez
referente a essa linha de pesquisa. A partir disso, propôs
um protocolo de EDET aplicado a ratos, acrescentando
uma condição patológica pulmonar desencadeada pelo
quimioterápico bleomicina.
A revisão da literatura descreve o interesse dos
pesquisadores em estimular eletricamente o músculo
diafragma, a busca pelos parâmetros mais adequados, o
melhor posicionamento dos eletrodos, além de estudos em
busca de possíveis alterações hemodinâmicas e no ritmo
cardíaco, por se tratar de uma corrente elétrica aplicada na
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região torácica. São descritos diversos estudos que aplicam
a EDET em inúmeros quadros clínicos, como pacientes
portadores de disfunções musculares diafragmáticas,
paralisia de hemicúpula diafragmática e em humanos
submetidos a treinamento muscular profilático.
Em relação à bleomicina, a autora detalha sua
definição, utilização e importância na prática clínica,
utilizada para tratamento quimioterápico geralmente em
carcinomas localizados em região de cabeça e pescoço,
linfomas e derrames pleurais malignos. No entanto, o
fármaco tem como principal efeito colateral toxidade
pulmonar, que pode desencadear fibrose, alterando a
função e a mecânica respiratória.
Conforme o exposto, o objetivo do estudo foi avaliar a
aplicação da EDET, analisando alterações na homeostasia
dos músculos respiratórios, componentes plasmáticos e a
função de alguns órgãos, além do seu efeito na fibrose
pulmonar provocada pela bleomicina.
Foram realizadas análises do conteúdo de glicogênio
muscular, conteúdo de proteínas totais e DNA, TBARS,
determinação dos tipos de fibras musculares, respirometria
de fluxo aberto, eletrocardiograma, sensibilidade atrial
às catecolaminas, imuno-histoquímica do nervo vago,
efluxo de 86Rb+ , análise da população de receptores de
insulina, insulina plasmática, secreção estática de insulina,
teste de tolerância à glicose (GTT), teste de tolerância à
insulina (ITT), dosagem de insulina, PKA, PKC, GLUT2
das ilhotas pancreáticas, perfil hematológico, fragilidade
osmótica, concentração plasmática de glicose, lactato,
creatinina, ureia, fosfatase alcalina, ALT, AST e ácidos
graxos livres, análise de úlcera gástrica, perfil bioquímico
durante uma sessão de EDET, análise morfométrica do
tecido pulmonar, análise das metaloproteases musculares
e análise das citocinas plasmáticas.
Os resultados presentes nessa tese comprovaram
que a EDET promoveu uma expressiva elevação na
concentração de glicogênio muscular, além de alteração
na tipagem de fibra muscular, diminuindo as fibras
do tipo I e aumentando as fibras do tipo IID. Foram
encontradas alterações nas funções pancreáticas, no
entanto não foi observada presença de úlcera nos
estômagos dos animais que fizeram a EDET. A insulina,
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glicemia e lactacidemia sofreram oscilações durante o
tratamento, mas retornaram aos níveis de normalidade
após um período. Quanto às outras avaliações, não
foi apresentada nenhuma diferença estatisticamente
significativa, com ênfase na ausência de alterações
significativas na frequência cardíaca que poderiam ter
ocorrido pela estimulação na região.
Quanto à bleomicina, os resultados indicaram redução
significativa na densidade de área alveolar, além de aumento
no ácido tiobarbitúrico (TBARS), alteração na velocidade
de redução da glicemia, aumento da lactacidemia e dos
ácidos graxos livres. Com o tratamento fisioterapêutico, o
principal resultado encontrado foi o aumento expressivo
no conteúdo de glicogênio muscular, bem como nos
receptores de insulina no músculo diafragma.
Pautada na literatura para cada análise realizada,
a pesquisadora contrastou os resultados encontrados
e buscou principalmente verificar a segurança do
protocolo proposto em relação aos possíveis efeitos
adversos, como alteração do ritmo cardíaco e ativação
vagal. Ela observou que a EDET pode interferir na
homeostasia do sistema secretório de insulina, no
entanto não influenciou o ritmo cardíaco.
Esses achados possibilitam ao profissional adotar
condutas de caráter mais individualistas, ou seja, adequadas
a cada paciente. Quanto à ação da bleomicina, conforme
encontrado na literatura, esta apresentou uma toxidade
pulmonar que pode levar à fibrose pulmonar, além de
desencadear inúmeras alterações quimiometabólicas em
tecidos que não são alvos primários do fármaco. O estudo
da bleomicina associado à EDET pode variar dependendo
do tempo de ação da bleomicina administrada, sendo que,
no presente estudo, o tratamento com a EDET foi precoce:
administrou-se a bleomicina e, logo após, o treinamento
muscular respiratório.
A partir desse estudo, a pesquisadora propõe um
protocolo de EDET aplicado a ratos que pode subsidiar
novas pesquisas para estudos fisiológicos, morfológicos
e moleculares, fundamentando a prática da fisioterapia
respiratória. Ademais, aponta a sua importância, para
que os fisioterapeutas conheçam os parâmetros e as
reações que podem advir do uso dessa corrente.
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Estimulação diafragmática elétrica transcutânea
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