Relatório de Conjuntura – abril de 2016 O que esperar da economia brasileira sob o governo Michel Temer? Relatório de Conjuntura – abril de 2016 A economia seguirá altamente dependente de fatores políticos. Caso o cenário mais provável se confirme – continuidade com leve abrandamento da crise política – a recuperação econômica não deverá acontecer no curto prazo. Temer sinaliza um aumento das privatizações e concessões, fim do reajuste automático do salário mínimo e das aposentadorias e avanço da reforma previdenciária. O objetivo é equacionar a situação fiscal e recuperar a confiança na economia Após a aprovação do congresso, estimase que o parecer de uma comissão especial possa ir à votação de todos os 81 senadores da República já no mês de maio. Caso seja aprovada por maioria simples a instauração do processo de impeachment no Senado, a presidente fica afastada de suas funções por até 180 dias. Para posteriormente efetivar o processo, serão necessários 2/3 de votos favoráveis ao impeachment novamente no Senado. Porém, enquanto corre o processo no Senado, Michel Temer poderá assumir a presidência temporariamente. No dia 17 de abril de 2016, a câmara dos deputados decidiu em Brasília dar prosseguimento ao processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT). O processo, que precisava de 66% dos votos a favor para ser aprovado, recebeu 367 votos de um total de 513, representando 71% do total. Essa é a segunda vez que o congresso aprova um processo de impeachment contra um presidente no país. Em Setembro de 1992, Fernando Collor de Mello, atual senador da República, teve seu processo de impeachment aceito na câmara dos deputados com 441 em um total de 503, representando 88% do total de votos no momento. O que esperar desse período, caso o Senado decida dar prosseguimento ao processo? Abaixo serão identificados os principais cenários políticos que ele poderá enfrentar e, em seguida, os pontos mais relevantes que potencialmente nortearão sua política econômica. http://www.macromatica.com.br/ Cenários políticos para o governo Michel Temer Cenário 1. O quarto turno (Probabilidade: 65%) Alguns analistas apontam que imediatamente após a derrota no segundo turno das eleições presidenciais em 2014, a oposição teria iniciado uma disputa pelo 1 Relatório de Conjuntura – abril de 2016 poder que ficou conhecida como “terceiro turno” das eleições, aprofundando a crise política e – consequentemente – a crise econômica. No cenário intitulado “quarto turno”, os papéis se inverterão, mas a instabilidade política continuará, com PT e aliados apostando no Senado e no Supremo Tribunal Federal para a recuperação do mandato. Imagina-se também forte pressão política e de movimentos sociais pelo processo de impeachment de Michel Temer, dado que o pemedebista está sendo acusado de ter cometido as mesmas irregularidades que levaram ao julgamento de Dilma. Porque apostar nesse cenário: Pesquisas apontam que enquanto 61% da população aprova o impeachment de Dilma Rousseff, praticamente o mesmo percentual, 58%, apoia também a saída de Temer. O PMDB nesse caso faria um governo de transição sem consenso, ao contrário, por exemplo, do período Itamar Franco. Com a aproximação da eleição de 2018, o governo não conseguiria aprovar mudanças significativas e teríamos um cenário de estagnação econômica tendendo a uma recessão mais leve do que as experimentadas em 2015 e 2016. A aprovação do impeachment pelo congresso significaria, nesse caso, apenas mais um capítulo da crise política. Temer e aliados não iriam conseguir implementar assuntos mais polêmicos de sua pauta, como a reforma constitucional. Para se avançar em mudanças na constituição, é necessária a aprovação de 3/5 do congresso, ou seja, 308 votos dos 513. A bancada de oposição, formada por PT, o PCdoB, o PSOL e o PDT contariam com ao menos 100 votos, fazendo com que as propostas dependessem de ampla aceitação entre os outros partidos para serem aprovadas. Assim, a implementação da agenda econômica proposta por Temer seria apenas parcial. Porque não apostar nesse cenário: Apesar de mais provável, ele pode não ocorrer dado o agravamento das tensões sociais, poder de mobilização da nova oposição formada por PT e aliados; alterações no cenário econômico global; possibilidade que o PMDB consiga formar uma forte base de apoio junto a outros partidos para conduzir o país até a eleição de 2018. A economia continuaria sofrendo com a turbulência política, com mais dúvidas que certezas sobre a viabilidade de um novo governo diante do cenário de elevada tensão política, sem apresentar, todavia, um aprofundamento da crise e com potencial para o início de uma leve recuperação entre 2017-2018. http://www.macromatica.com.br/ Cenário 2. Temer no país das maravilhas (Probabilidade: 25%) O governo Temer consegue formar uma coalizão sólida e a oposição liderada pelo PT não tem força suficiente para interromper a implementação da agenda política e econômica do PMDB. Os pedidos de impeachment de Michel Temer não recebem respaldo significativo no legislativo e o governo consegue restaurar a confiança na economia brasileira. Porque apostar nesse cenário: Possível fim da operação “Lava Jato” em dezem- 2 Relatório de Conjuntura – abril de 2016 bro, melhora no cenário externo com recuperação do preço das commodities, Lula e PT não conseguindo recuperar seu alto poder de mobilização dos movimentos sociais após o desgaste sofrido nos últimos anos. Porque não apostar nesse cenário: É necessária uma alta coincidência de fatores para que isso aconteça, o que torna sua probabilidade mais baixa. Cenário 3. Eu era feliz e não sabia (Probabilidade: 10%) A crise política, e consequentemente a econômica, se aprofunda. Temer não consegue formar um governo de coalizão e passa a conviver com a ferrenha oposição do PT e aliados. Um aumento da tensão social com a mobilização de entidades sociais e patronais ligadas ao PT, como o Movimento dos Sem Terra (MST), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a União Nacional dos Estudantes (UNE), entre outros também é previsto. A legitimidade do governo é contestada e a crise política toma maiores proporções, com aprofundamento das tensões sociais, refletindo em um quadro econômico ainda mais recessivo. Porque apostar nesse cenário: Índice de desemprego atual rondando os dois dígitos pode aprofundar as tensões sociais; PT no passado se mostrou uma oposição muito combativa e o PMDB pode não ter unidade e apoio suficiente para governar; analistas mais pessimistas acreditam que a recuperação ocorrida no preço das commodities no primeiro trimestre de 2016 vai ser revertida em http://www.macromatica.com.br/ breve, o que torna a situação externa do país mais delicada. Porque não apostar nesse cenário: Essa seria uma situação extrema do primeiro cenário, onde não só a disputa política continua como piora. Para que ocorra, todos os elementos presentes anteriormente também deverão coincidir e o poder de mobilização do PT e aliados junto a movimentos sociais, sindicatos e outras entidades tem que ser muito alto. Além disso, a economia global ainda deve apresentar uma piora, impedindo a recuperação da economia pelo lado das exportações e investimentos/financiamentos estrangeiros. O que esperar da política econômica no governo Michel Temer? Michel Temer propõe aumento das privatizações e concessões, fim do reajuste automático para salário mínimo e aposentadorias, flexibilização dos limites mínimos constitucionais de investimentos em áreas como saúde e educação, simplificação tributária e aumento de acordos comerciais. Para equacionar a questão fiscal no curto prazo, esperase que ele aumente a arrecadação com a volta da CPMF e privatizações e diminua as despesas. Os resultados da política econômica implementada dependerão, em larga escala, do ambiente político do país. Projeta-se para 2016 queda de 3.8% do PIB, inflação abaixo de 7%, desemprego próximo a dois dígitos e câmbio em 3,8 Reais por Dólar. 3 Relatório de Conjuntura – abril de 2016 Seguindo o exemplo de Luís Inácio Lula da Silva, que através do Partido dos Trabalhadores, lançou em 2002 a chamada “Carta ao povo brasileiro”, o então vicepresidente Michel Temer divulgou em outubro de 2015, o documento intitulado “Uma ponte para o futuro” – elaborado pelo PMDB e pela fundação Ulysses Guimarães. O mesmo tem como objetivo apresentar diagnósticos e propor soluções para que a economia brasileira retome uma trajetória de crescimento no curto prazo e apresentar um caminho de desenvolvimento sustentável para o longo prazo. Assim, uma análise do seu conteúdo oferece uma indicação de quais serão as prioridades e diretrizes da política econômica a ser adotada durante o seu governo. De acordo com o texto, o desequilíbrio fiscal é a raiz principal dos males da economia, sendo responsável por uma ampla gama de males, tais como: i) aumento da inflação, ii) juros altos, iii) incerteza sobre a evolução da economia, iv) impostos elevados, v) pressão cambial e, por fim, a vi) retração do investimento privado. Quais foram as origens da crise econômica de acordo com o documento? Dado o atual momento da economia brasileira, entendemos que o PMDB poderá pedir acréscimo ou criação de algum tributo adicional. Por exemplo, a volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) poderá ser uma das saídas adotadas por Temer para diminuir o déficit orçamentário. O texto pode ser entendido como uma sinalização ao mercado e à sociedade de quais seriam os principais pontos da política econômica no governo pemedebista. O documento apresenta somente elementos domésticos no seu diagnóstico sobre a crise econômica vivenciada pelo Brasil, iniciada em 2013/2014 e aprofundada em 2015 e 2016. De tal modo, a forte desaceleração econômica experimentada pela China – que é o maior parceiro comercial do país –, o colapso ocorrido no preço internacional do mercado de matérias-primas e a diminuição da liquidez global para os países emergentes durante o período, são desconsiderados. http://www.macromatica.com.br/ Portanto, para uma retomada do crescimento econômico, o ponto crucial seria o alcance de um superávit nas contas públicas, não só em resultados cíclicos, mas de forma estrutural. Tal resultado seria alcançado pela diminuição e melhora da gestão dos gastos públicos. O aumento de impostos é visto como indesejável, sendo considerada uma medida correta somente em situações de “extrema emergência”. Qual seria então a receita para alcançar o equilíbrio fiscal? Apontam-se três eixos principais. O primeiro é o fim das vinculações constitucionais estabelecidas pela Constituição de 1988. Gastos em saúde e educação, por exemplo, deixariam de ter seu mínimo fixado e passariam a depender do orçamento decidido anualmente pelo poder legislativo. O segundo é o fim das indexações, inclusive a de salários e aposentadorias. De tal modo, os mesmos poderão passar a 4 Relatório de Conjuntura – abril de 2016 sofrer perdas reais constantes. Os reajustes oferecidos ao salário mínimo recebem atenção especial e são apontados como injustos, pois contribuiriam para uma transferência de renda forçada, visto que tais aumentos deveriam ser compensados por uma correspondente diminuição de outros investimentos, como saúde e educação, prejudicando assim as camadas mais pobres da sociedade. Tal ponto do documento carece de melhor explicação, pois não fica claro como um aumento do salário mínimo representaria um maior prejuízo exatamente para as camadas mais desfavorecidas. O terceiro eixo é representado pelos gastos da previdência pública. De fato, o Brasil tem um gasto muito superior em comparação a países demograficamente similares. As propostas vão desde o aumento da idade para aposentadoria, como o corte de benefícios reais (através da desindexação proposta no segundo eixo). Não se especifica os efeitos distributivos de tais medidas ou quem herdaria a maior parte do ônus do ajuste. A agenda proposta, ou “um caminho para o futuro” Propõe-se uma agenda que crie condições de elevação da renda por habitante de, no mínimo, 2,5% ao ano. Apesar de a primeira vista tal meta não parecer ousada para um país emergente, tal resultado não foi observado em nenhuma das décadas pós anos 70. Desde então, a década com melhor resultado em crescimento econômico, a década dos anos http://www.macromatica.com.br/ 2000, apresentou um aumento médio de apenas 2.1% do PIB per capita. Indica-se que a dívida bruta em relação ao PIB do país é alta para um país emergente e que, principalmente, a taxa de juros paga em cima dessa dívida faz com que sua trajetória seja insustentável. O documento propõe a adoção de superávits primários para diminuir o crescimento da dívida e – através do canal de expectativas – fomentar o investimento do setor privado. De fato, tal argumento não traz nenhuma novidade, representando uma retomada ao proposto originalmente em 1999 por Armínio Fraga quando da adoção do tripé macroeconômico, que consiste em metas de inflação, câmbio flexível e superávit primário. O documento identifica ainda que o ciclo de crescimento experimentado no período 2003-2013 foi gerado pelo aumento do consumo interno – aumento do crédito, diminuição da pobreza e desigualdade – e sustentado pelo boom do preço das commodities. Argumenta-se que tal ciclo estaria saturado e agora o país deveria passar a uma nova estratégia apoiada na expansão dos investimentos do setor privado e aumento da competitividade internacional, apostando em um crescimento liderado pelas exportações. Ou seja, uma parcial mimetização do “modelo de crescimento liderado pelas exportações”. A liberalização do comércio tem um papel de protagonismo nessa estratégia, e a adoção de acordos de livre comércio são vistos como necessários. Portanto, há uma clara sinalização de que políticas de conteúdo local, proteção à indústria 5 Relatório de Conjuntura – abril de 2016 nascente e outras medidas recentemente adotadas no país serão abandonadas. Ou seja, se propõe que o país siga seus vizinhos do chamado “corredor do pacífico” e tal como Chile, Peru e Colômbia adote acordos multilaterais e bilaterais de comércio, diminuindo drasticamente tarifas de importação. Os resultados em termos de impactos no emprego, atividade industrial e efeitos distributivos não são discutidos. Ainda, o documento propõe um limite para as despesas de custeio inferior ao crescimento do PIB como forma de atingir uma trajetória de equilíbrio fiscal duradouro. De tal modo, o país lograria a estabilidade da relação Dívida/PIB, com inflação controlada. Tais resultados seriam responsáveis pela volta da confiança na economia nacional e a retomada dos investimentos privados – alavancados, inclusive, através de privatizações e concessões – tanto por empresas domésticas quanto estrangeiras e a criação de um ambiente de negócios visto como mais favorável ao empreendedor. Todavia, não fica claro o que seria feito em momentos recessivos. No caso de uma queda no PIB, seriam cortados gastos para o ano seguinte? Mesmo se a recessão estiver acompanhada de insuficiência da demanda agregada? Acreditamos que a análise discricionária deve ser melhor do que o uso de regras nesse caso. Por fim, a racionalização da burocracia, aumento da transparência pública, simplificação tributária e alta prioridade à pesquisa e o desenvolvimento tecnológico completam a agenda de reformas necessárias para a retomada do crescimento econômico do país. http://www.macromatica.com.br/ A economia com Temer O que esperar da política econômica do governo Temer? Ao analisar a carta de intenções propostas por ele em outubro de 2015, podemos identificar algumas das características que deverão nortear seu governo. Espera-se uma retomada das privatizações, aumento das concessões, flexibilização de direitos trabalhistas e foco no ajuste fiscal, com redução dos gastos públicos com previdência, salários (através do fim da indexação) e uma maior liberdade ao legislativo e executivo na alocação de recursos, com o fim das restrições de gastos mínimos impostas pela atual constituição da república. Portanto, propõe-se uma maior abertura da economia brasileira, austeridade nos gastos públicos – abrindo, potencialmente, espaço para o aumento dos gastos privados – e a criação de um ambiente que seja visto como mais amigável aos negócios. O documento não faz menção a programas de combate à desigualdade de renda nem institui metas para a criação de empregos. A estratégia a ser perseguida possui características parecidas com as utilizadas por México e Chile, de menor participação do Estado na economia, pouca proteção social e foco na competitividade de setores exportadores dentro de um contexto de livre comércio. 6 Relatório de Conjuntura – abril de 2016 PROJEÇÕES Expectativa para 2016 PIB -3,8% Inflação 6,5% a 6,75% Câmbio 3,70 Desemprego 11% Juros (SELIC) 12,75% • PIB O ano de 2016 deve repetir o fraco desempenho observado no ano anterior, quando o país experimentou uma queda de 3,80% do PIB. Como o relatório trimestral de comércio do primeiro trimestre de 2016 elaborado pela MacroMatica indicou, a melhora da balança comercial não será forte o suficiente para recuperar o dinamismo da economia. O aumento do desemprego, associado à paralisação dos investimentos dado a crise política, podem fazer com que o resultado esse ano seja praticamente idêntico ao do ano passado, com uma queda de 3.90%, o que representa uma perda de quase 5% de produto bruto por habitante. Já para 2017 e 2018, espera-se uma gradual recuperação da economia brasileira, com arrefecimento da recessão em 2017 e início da recuperação em 2018. Todavia, o componente principal para a retomada do crescimento continua sendo o equacionamento da crise política que assola o país. • Inflação A inflação de 10,67% experimentada pelo Brasil em 2015 foi resultado de um http://www.macromatica.com.br/ choque de preços administrados, desvalorização da moeda doméstica e indexação da economia. Tais elementos em conjunto fazem com que a inflação tenha sofrido um salto preocupante. Mantido o presente cenário, de ausência de outro reajuste dos preços administrados, do aprofundamento da crise política, e desvalorização do real, a inflação deve convergir para algo próximo do teto da meta. Ademais, o alto desemprego e diminuição do salário real impactam negativamente pelo lado da demanda, reforçando a pressão para baixo dos índices de preços. O mercado espera um resultado próximo de 7% para 2016. Nossos modelos apontam para uma inflação em 2016 fechando entre 6,50% e 6,75%. Espera-se que o BC consiga se aproxima ao centro da meta (4,50%) somente em 2017. • Câmbio Como já discutido anteriormente, o câmbio estará diretamente associado ao cenário político. No curtíssimo prazo o impeachment deve gerar uma onda de euforia no mercado, levando a depreciação do real, que flutuará em uma banda entre 3,30 e 3,60. No entanto, no curto/médio prazo deve ocorrer um reajuste das expectativas caso prevaleça o cenário mais provável de incerteza política. Assim, espera-se que o câmbio permaneça em uma banda entre 3,60 e 4 Reais por Dólar. A sobre apreciação do Real experimentada durante anos anteriores, que contribuiu para a fragilização das contas externas, não deve ser repetir no curto e médio prazo, dado o cenário externo desfavorável. Para o final de 7 Relatório de Conjuntura – abril de 2016 2016 nossos modelos apontam para um patamar de 3,80 reais por dólar. • Desemprego O desemprego, que encerrou o ano de 2015 em 6,80%, tende a apresentar uma considerável elevação no ano de 2016, chegando aos dois dígitos. Caso a política do governo Temer priorize o equacionamento da questão fiscal do governo federal, mesmo que tenhamos um cenário favorável com crescimento econômico moderado nos próximos anos, o desemprego deve demorar a reagir. A solução do problema fiscal pode trazer melhor horizonte para o emprego no médio e longo prazo, mas no curto prazo não se espera um impacto positivo. Para 2016 estimamos a taxa de desemprego em 11%. • Juros Com um dos maiores juros básicos do mundo, o governo dificilmente encontrará espaço político para maiores subidas com o intuito de trazer mais rapidamente a inflação para o centro da meta. De fato, a forte desaceleração dos principais índices de inflação mostra que a recessão do país e a queda dos preços administrados tiveram um impacto positivo na inflação, podendo levar esta a fechar dentro do teto da meta (6,5%). Se mantida a tendência de queda da inflação deste primeiro semestre de 2016, a política monetária do Banco Central deve tender a um maior afrouxamento monetário, seguindo a tendência dos países centrais. Para o final de 2016, estimamos uma SELIC de 12,75%. http://www.macromatica.com.br/ • Bolsa de valores Desde o início de março de 2016, a bolsa brasileira entrou em um rally de alta liderado especialmente por papéis que o mercado acredita que se beneficiariam de um governo menos intervencionista, como PETROBRAS e outras empresas públicas. De tal modo, no curtíssimo prazo, o mercado possui tendência de alta. No entanto, no curto prazo, dado que a as condições internas e externas da economia não devem sofrer grandes mudanças, a tendência é um cenário de acomodação com a bolsa recuando para um patamar menos eufórico. A incerteza sobre a força de um governo Temer em implementar suas propostas deve suplantar o otimismo do mercado com a troca do governo. Ações voltadas para o consumo interno devem ser vistas com cautela. A PETROBRAS, que enfrenta graves problemas financeiros, pode optar pela privatização de sua subsidiária BR Distribuidora, abrindo mão do controle da empresa. Uma privatização da PETROBRAS é muito improvável visto a falta de consenso que há na sociedade. Seria necessário um capital político muito grande para propor tal medida. Por fim, a abertura de capital da CAIXA ECONÔMICA pode ser realizada em breve já que a medida vinha sendo discutida inclusive durante o governo Rousseff. MacroMatica economia inteligente 8