UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS – GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE RECUPERAÇÃO DOS ECOSSISTEMAS DEGRADADOS NA RODOVIA NITERÓI - MANILHA Mário José dos Santos Orientador Profº Francisco Carrera Rio de Janeiro 20l0 2 Universidade Cândido Mendes Pós – Graduação Lato Sensu Instituto a Vez do Mestre RECUPERAÇÃO DOS ECOSSISTEMAS DEGRADADOS NA RODOVIA NITERÓI- MANILHA Apresentação de monografia ao Instituto a Vez do Mestre como requisito parcial para obtenção do grau de especialista Direito Ambiental Por : Mário José dos Santos Mat. K212893 em 3 Agradecimento Agradeço a Deus a minha esposa e filhas 4 Dedicatória Dedico a todos que lutam para defender e preservar o meio ambiente. 5 Resumo O presente trabalho busca a recuperação dos ecossistemas degradados dos manguezais entorno da Baía da Guanabara, causada pela construção da Rodovia Niterói – Manilha Os manguezais desempenham papel como exportador de matéria orgânica para os estuários contribuindo para a produtividade primaria costeira. Por essa razão , constituem em ecossistemas complexos e dos mais férteis e diversidades do planeta São ecossistemas de grande importância no equilíbrio ecológico , sendo um berçário favorável para o desenvolvimento de muitas espécies de animais e plantas. 6 Metodologia Pesquisa bibliográfica sobre a importância dos manguezais como berço para o desenvolvimento de várias espécies da flora e fauna e a utilização desses ecossistemas. Produção de mudas , utilizando sedimento lamoso do manguezal, misturado a argila , nas seguintes proporções: uma parte de sedimento para duas partes de argila. A semente chamada de propágulo utilizados foram provenientes do manguezal do estuário da Baía da Guanabara, município de São Gonçalo.A coleta foi manual, realizada durante a maré baixa , ocasião em que também se coletava o sedimento necessário. Todo o processo foi feito com a participação da comunidade. 7 Sumário INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - A importância dos manguezais 10 CAPÍTULO II - A fauna e a flora dos manguezais 11 CAPÍTULO III - Caracterização da zona costeira 14 Capítulo IV - Ações antrópicas nocivas aos manguezais medidas recomendadas 15 Capítulo V - Legislação e competência legal 18 CONCLUSÃO 21 ANEXOS 22 BIBLIOGRAFIA 23 FOLHA DE AVALIAÇÃO 8 Introdução O mangue é um ambiente típico do litoral de praias , com solo lodoso, das regiões tropicais. Localizam-se em redor de um ambiente aquático ou salobro (estuário, lagoa, baia , enseada ). O manguezal é um ecossistema costeiro, de transição entre os ambientes terrestre e marinho, característico de regiões tropicais e subtropicais , sujeito ao regime de marés. É constituído de espécies vegetais lenhosas típicas, além de micro e macroalgas, e apresenta condições propicias para alimentação, proteção e reprodução de muitas espécies animais (SchaefferNovelli, 1995). Esse ecossistema representa um ambiente especial para o litoral de muitos países intertropicais, onde o emaranhado de raízes de mangue cria uma local bastante atrativo para muitas espécies vegetais e animais habitarem. Segundo Sant’Anna e Whately ( 1981), os manguezais apresentam grande produtividade biológica e alto teor de matéria orgânica e são considerados muito importantes do ponto de vista ecológico por sua contribuição na cadeia alimentar costeira. As florestas de mangue distribuem-se ao longo de 6.800 km da costa brasileira, estendendo-se do Cabo Orange, no Amapá, a laguna , em Santa Cataria, onde tem o seu limite sul. De acordo com Lacerda & Kjerfve (1994), a área de cobertura é de 1,38 milhão de ha. O principal uso dos manguezais é para a pesca e aproveitamento de seus produtos. A produtividade dos manguezais , ou taxa de produção, é elevada , especialmente nas latitudes mais baixas, onde a temperatura é alta durante todo o ano, e nas áreas de monções, em que as estações são bem marcadas pela regularidade do padrão de precipitação. A vida do pescador também se regula pelas marés ,pela lua e pelas chuvas, num ritmo que corresponde ao comportamento dos animais e à vida e aos ciclos sazonais das plantas e animais. Devido à grande densidade populacional no litoral brasileiro e seu alto grau de industrialização , os impactos antrópicos sobre os manguezais são intensos e diversificados. Os principais impactos são o desmatamento para 9 projetos industriais, urbanísticos e turísticos e a contaminação dos mangues e seus produtos por substâncias químicas. Outro importante impacto é a deposição de resíduos sólidos urbanos. 10 Capítulos – I A importância dos manguezais A importância do ecossistema manguezal, existe uma série de utilidades que poderá servir tanto para as populações ribeirinhas e espécies de animais, bem como para os ambientes estuarinos e litorâneos. Esse ecossistema tem uma grande importância para as populações de baixa renda que moram nas suas margens, pois a maioria da população sobrevive dos recursos do meio, tirando seu sustento da coleta de moluscos , crustáceos e peixes. Os manguezais são ambientes que apresentam condições propícias para o desenvolvimento de uma grande quantidade de organismos que se instalam em decorrência do intrincamento de árvores existentes no local, além de possuir um menor número de predadores, em relação ao mar. Serve ainda como alimentação e reprodução para animais marinhos e terrestres de grande valor econômico e ecológico. 11 Capítulo II Fauna Os manguezais são conhecidos como berçários, porque existe uma série de animais que se reproduzem nestes locais. Ali, os filhotes também são criados. Os camarões se reproduzem no mar, na região da plataforma continental . Suas larvas migram para as regiões dos manguezais, onde se alimentam e crescem antes de retornarem ao mar. Uma grande variedade de peixes costuma entrar no mangue para se reproduzir e se alimentar, como os robalos e as tainhas. Muitas aves utilizam esse ambiente para procriar. Podem ser espécies que habitam os mangues ou aves migratórias, que usam os manguezais para se alimentar e descansar. São guarás, colhereiros , graças, socós e martins-pescadores. Ao contrário de outras florestas, os manguezais não são muito ricos em espécies, porém se destacam pela grande abundância das populações que neles vivem. Por isso, podem ser considerados um dos mais produtivos ambientes naturais do Brasil. Devido à riqueza de matéria orgânica disponível, uma grande variedade de seres vegetais e animais irão utiliza-la : centenas de diferentes tipos fr minúsculos seres denominados plâncton. A fração vegetal do plâncton, denominado fitoplâncton, retira os sais minerais da água e, através da fotossíntese, cresce e se multiplicam. Agora, a porção animal do plâncton, o zooplâncton , alimenta-se das microalgas do fitoplâncton e de matéria orgânica em suspensão. Larvas de camarões, caranguejos e siris filtram a água e retiram microalgas e matéria orgânica . Pequenos peixes filtradores como a manjuba, também se alimentam desse rico caldo orgânico. A partir das microalgas , se estabelece uma complexa cadeia alimentar. Quanta à fauna, destacam-se as várias espécies de caranguejos , formando enormes populações nos fundos lodosos. Nos troncos submersos, vários animais filtradores , tais como as ostras, alimentam-se de partículas suspensas na água. Os caranguejos em sua maioria são ativos na maré baixa, enquanto os moluscos alimentam-se durante a maré alta. Uma grande variedade de peixes penetra nos manguezais na maré alta. Muitos dos peixes que constiutem o estoque pesqueiro das águas costeiras dependem das fontes alimentares do manguezal , pelo menos na fase jovem. Diversas 12 espécies de aves comedoras de peixes e de invertebrados marinhos nidificam nas árvores do manguezal. Alimentam-se especialmente na maré baixa, quando os fundos lodosos estão expostos. 13 Flora Possui vegetação típica, que apresenta uma série de adaptações às condições existentes nos manguezais. Esta vegetação é tão especializada que se pode verificar a ocorrência de determinadas espécies de plantas nos manguezais de todo mundo, como é o caso da Rizhophora mangle , conhecida vulgarmente no Brasil como mangue vermelho. Associados ao mangue vermelho, destacam-se a presença da Laguncularia e Avicennia schaureiana. O mangue- vermelho ( R. mangle) possui esse nome popular por apresentar uma cor vermelha ao raspar a sua casca. Seu característico sistema radicular é constituído por rizóforos que partem dos troncos e ramos, ramificando-se em arcos até atingir o solo. Esse emaranhado de raízes permite a sustentação da planta no sedimento lamoso e atrai uma diversificada fauna, que procura este ambiente em busca de proteção contra predadores, muito alimento disponível e local para reprodução. Outra característica importante da espécie é o fato da semente começar a germinar ainda presa à planta materna. Essa semente germinada tem a forma de caneta ou lança , sendo alongada e apontada para baixo, e é chamada de propágulo. O propágulo, ao cair, enterra-se na lama por ocasião da baixa-mar ou pode flutuar na água até encontrar condições favoráveis para sua fixação e desenvolvimento. As espécies de Rhizophoraceae possuem propágulos que vivem alguns meses nas árvores, se estes propágulos são demasiadamente jovens não serão capazes de enraizarse e poderão morrer após algumas semanas de serem plantados. Portanto, é de suma importância selecionar propágulos maduros. 14 Capítulo IV- - Caracterização da zona costeira Apresenta grandes variações na sua formação geológica. Devido a essa diferenciação como habitat, ela abriga muitas variedades de vegetais e animais. Em seu contorno localizam-se regiões com certa aridez, restingas, bancos de areia e lagunas, manguezais , matas paludosas e planícies arenosas. Em trechos intermitentes, principalmente nas serras, encontram-se remanescentes significativos da Mata Atlântica. No litoral estabelecem-se os primeiros núcleos de colonização , de modo que foi aí que se iniciaram os conflitos das atividades antrópicas com o meio ambiente , os quais, no decorrer dos séculos, se traduziram em diferentes tipos de ocupação desordenada do espaço e em atividades produtivas danosas à qualidade ambiental. Poluição e outras formas de degradação apresentam índices alarmantes. O grande significado dos ecossistemas litorâneos, para além dos desmandos antrópicos , reside na sua função ecológica de transição e viabilidade de trocas genéticas entre os ecossistemas continentais e os marinhos , num espaço em que os biomas são ricos de recursos alimentares e paisagísticos , entre outros. 15 Capítulo IV -Ações Antrópicas Nocivas aos Manguezais e Medidas Recomendadas Os prejuízos sobre os manguezais resultam, sobretudo , de ações econômicas, do desmatamento dos bosques e a sua conversão para aproveitamento de lenha, agricultura e pastagem, implantação de instalações para aqüicultura, loteamento imobiliários, instalações de indústrias e depósito de lixo. A poluição das águas dos manguezais por atividades industriais , como mineração , descargas de efluentes químicos e térmicos e os derivados de petróleo são responsáveis pela maioria dos impactos instantâneos , e ás vezes irreversíveis, sobre a fauna e flora, bem como dos substratos dos manguezais. De uma maneira geral , todas as construções que inibem ou interferem a livre passagem do fluxo das águas ( p.ex. barragens, cursos d’água doce desviados , estradas mal planejadas , estabelecimento urbanos, portos, marinas, canais, projetos de agricultura e aqüicultura etc.), alteram as taxas de sedimentação destruindo as comunidades dos manguezais e todos os ramos de produção associados a este ecossistema. A alternativa para reverter esse quadro está na correta gestão dos Manguezais. Nesse sentido, é opinião corrente entre os técnicos, que devem ser adotados as seguintes linhas de ação para proteger a aproveitar este sistema natural: pesquisa, educação ambiental, gerenciamento integrado do ecossistema e a criação de mais Unidades de Conservação;. 16 Razões para Conservar os Manguezais • Dão suporte à biodiversidade • Mantêm os ecossistemas adjacentes • Constituem-se em hábitos para migração • Representam locais de procriação e desenvolvimento de diversas espécies • Fornecem e reciclam nutrientes • Mantém e protegem recifes de corais • Previnem erosão marinha e fluvial • São reservatórios regionais de água • Constituem em tampões dos tensores biológicos e físico-químico originários da poluição da água • Regulam a vazão nos períodos de enchentes • São ambientes de recreação e pesquisas 17 Principais Atividades Desenvolvidas nos Manguezais O ecossistema manguezal contém recursos naturais utilizados pelas pessoas que habitam a região, seja uso direto e indireto. Dentre as atividades mais freqüentes desenvolvidas neste ambiente, podemos citar: • Extração ilegal de madeira para construção e / ou lenha • Extração de tanino • Extração de recursos medicinais • Apicultura • Piscicultura • Pesca artesanal • Pesca esportiva • Catação de crustáceos • Catação de moluscos e mariscos • Aqüicultura • Turismo ecológico • Pesquisa cientifica 18 Capítulo V – Legislação e Competência Legal O Instituto Brasileiros do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis –IBAMA, é o órgão que possui competência legal para encaminhar as questões relativas a preservação e manejo do ecossistema manguezal no Brasil. De acordo com artigo 18 da Lei 6.938/81, são transformadas em Reservas Ecológicas, sob responsabilidade do IBAMA, as florestas e as demais formas de vegetação natural de preservação permanente, relacionadas no artigo 2º da Lei 4.771, de 15 de setembro de 1965 ( Código Florestal ) . Entretanto , são muitas as legislações ambientais específicas à zona costeira e, em particular, aos manguezais . Além dos atos internacionais, a Constituição Federal , em seu artigo 20 diz que “ são bens da União : VII – os terrenos da Marinha e seus acrescidos “. Neste caso , os manguezais encontram-se situados exatamente em terrenos da marinha, na faixa entre marés, sendo considerados, portanto, bens da União. Temos ainda, inúmeras Leis, Decretos, Resoluções e Portarias que respaldam o IBAMA no sentido de preservar , conservar, fiscalizar e controlar o uso dos manguezais e da zona costeira como um todo, bem como fomentar estudos e pesquisas que possibilitem ampliar o conhecimento sobre o mesmo . O artigo 26, aliena “a” da lei 4.771, de 15/09/65 ( Código Florestal ), estabelece contravenção penal por destruir ou danificar a floresta considerada de preservação permanente ( Artigo 2º e 3º ), mesmo que em formação , ou utilizá-la com infringência das normas estabelecidas ou previstas neste Lei, bem como cortar árvores em florestas de preservação permanente, sem permissão da autoridade competente, de acordo com a alínea “b”, Art 26, com o agravante do Art 31, alínea “b” desta lei. Constitui –se ainda, contravenção penal, de acordo com o Art 26, alínea “e” penetrar em florestas de preservação permanente, conduzindo 19 armas , substâncias ou instrumentos próprios para exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem estar munido de licença da autoridade competente. Ao infringir o disposto na legislação referenciada anteriormente , o infrator incorrerá nas penalidades previstas no Art 26 caput da Lei 4.771/65 e art 14, inciso I, da Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, bem como a aplicação do inciso IV e do parágrafo 1º do mesmo artigo, no caso de suspensão das atividades ( interdição ou embargo) e reparação dos danos causados Resolução 303, de 20 de março de 2002, do Conselho Nacional do Meio ambiente – CONAMA – Dispõe sobre parâmetros , definições e limites de Áreas de Preservação Permanente. Art 1º Constitui objeto da presente Resolução o estabelecimento de parâmetros , definidos e limites referentes às Áreas de Preservação Permanente. IX – manguezal : ecossistema litorâneo que ocorre em terrenos baixos, sujeitos à ação das marés, formando por vasas lodosas recentes ou arenosas, às quais se associa, , predominantemente, a vegetação natural conhecida como mangue. Com influência flúvio-marinha, típica de solos limosos de regiões estuarinas e com dispersão descontínua ao longo da costa brasileira , entre os estados do Amapá e Santa Catarina. Art 3º Constitui Área de Preservação Permanente a área situada: X – em manguezal, em toda a sua extensão 20 CONCLUSÃO Toda transformação necessária de uma sociedade passa por uma conscientização ambiental. Esta será possível se o Estado ,Município e a Concessionária que administra a Rodovia Niterói – Manilha fizerem um trabalho que inclua um programa de educação ambiental. O ecossistema manguezal na Rodovia Niterói- Manilha há muitos anos vem sendo submetido a ações predatórias da humanidade , em função da exploração da flora e da fauna, bem como da má ocupação do solo, sobretudo com o desmatamento durante a construção da rodovia . A recuperação dos ecossistemas degradados e o replantio de mudas Rhizophora mangle tem a finalidade de proteger a fauna, flora e a diversidade biológica, recuperando assim a cadeia alimentar nesse berçário extremamente produtivo. 21 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA Van der Molen, Yara Fleury Ecologia / Yara Feury van der Molen São Paulo : EPU, 1981 Milare, Edis Direito do ambiente: a gestão ambiental em foco São Paulo – Revista dos Tribunais, 2009 Fiorillo, Celso Antonio Pacheco Curso de direito ambiental brasileiro São Paulo – Saraiva, 2007 Coletânea de Legislação Ambiental, Constituição Federal Organização Odete Medauar – 8 ed. Ver. Ampl. E atual São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009 Revista da Casa de Geografia de Sobral, Sobral, 2002/2003 www.manguezais.vilabol.uol.com.br Portal São Francisco – Manguezais Programa de Recuperação de Manguezais Degradados no Litoral Norte de Pernambuco. IBAMA – GTS – Áreas de Preservação Permanente 22 Anexos 23 24 25 26 27