A SANTA CEIA - LEONARDO DA VINCI UM DISCURSO SILENCIOSO UM TRATADO ASTROLÓGICO 123456- Áries: Simão; Touro: Judas Tadeu Gêmeos: Mateus Câncer: Filipe Leão: Tiago Menor Virgem: Tomé 7- Libra: João 8- Escorpião: Judas Iscariotes 9- Sagitário: Pedro 10- Capricórnio: André 11- Aquário: Tiago Maior 12- Peixes: Bartolomeu Primeiro eixo Segundo eixo Terceiro eixo Quarto eixo Quinto eixo Sexto eixo MESES E ESTAÇÕES DO ANO Áries: Simão;Touro:Judas Tadeu;Gêmeos: Mateus; Outono: 20 de março Câncer: Filipe; Leão: Tiago Menor; Virgem: Tomé; Inverno: 20 de junho Libra:João; Escorpião: Judas Iscariotes; Sagitário: Pedro; Primavera: 22 de setembro Capricórnio: André; Aquário:Tiago Maior; Peixes: Bartolomeu; Verão:21 de dezembro ESBOÇOS O GÊNIO Leonardo da Vinci, gênio da humanidade, nascido na Itália em 15/04/1452, para uns em Anchiano e para outros perto dos montes Albanos, entre as cidades de Florença e Pisa. Foi destaque em várias áreas do conhecimento humano, pintor, escultor, anatomista, matemático, engenheiro, arquiteto, músico, naturalista, inventor, cientista. Com vasto trabalho científico e projetos. Foi um dos grandes iniciados nos antigos mistérios, e sem dúvida, deixou um grande legado para a posteridade. Da Vinci sempre utilizou dos conhecimentos matemáticos na confecção de suas obras, ele buscava atingir a perfeição e o equilíbrio. Na Santa Ceia, foi utilizada com perfeição a técnica do sfumato. Esta técnica consiste em criar gradientes na criação de sombra e luz numa pintura. Leonardo é considerado o criador desta técnica. Sua obra A Santa Ceia, teria sido baseada no Livro de João, capítulos 13-17, no Novo Testamento. Dimensões: 4,6 m x 8,8 m - Localização: Convento Santa Maria delle Grazie em Milão, Itália. Criação: 1495–1498 Períodos: Renascença italiana, Alta Renascença, Renascimento. A obra de Leonardo da Vinci espelha uma dimensão e profundidade, próprias da mente superior, da fraternidade universal dos gênios da qual ele faz parte. Nela encontram-se surpreendentes símbolos e significados recônditos que guardam todo o conhecimento das ciências filosóficas e metafísicas, produto da harmonia interior cultivada por este gênio e tão bem expressa no sorriso enigmático das suas figuras, onde A Gioconda é apenas o exemplo mais conhecido. Os símbolos são escrituras secretas acessíveis a uns poucos iniciados, pois fornecem as explicações essenciais do nosso mundo, do nosso ser. De algum modo, desde épocas milenares, o homem precisou dos símbolos e, modernamente, a psicanálise mostrou que sejam egípcios, chineses, nórdicos, ocidentais ou latinoamericanos, todos eles têm uma similitude: se repetem e explicam a história do pensamento humano. O AMBIENTE DA SANTA CEIA Existem várias interpretações sobre os simbolismos apresentados nas obras imortalizadas de Leonardo da Vinci, que mostra nesta pintura toda a simbologia astrológica, astronômica, numerológica e espiritual contida nos ensinamentos do cristianismo, sem o intuito de mostrar apenas a religiosidade que ela expressa. Com um discurso silencioso, ele levanta uma ponta do véu para a espiritualidade que a obra revela através de exemplos cósmicos, para os verdadeiros buscadores do conhecimento. Na tela os doze apóstolos estão representando os signos astrológicos de acordo com os estudos da astróloga Emma Costet de Mascheville, que diz: “Leonardo da Vinci era um iniciado e colocou na sua Santa Ceia todo o conhecimento de astrologia. No momento em que a fé e a ciência estavam se separando (Renascimento) e, que a Astrologia estava se desvirtuando, Leonardo legou à humanidade todo seu conhecimento do simbolismo oculto, sob a forma de uma pintura”. Mas ele era também cientista: cem anos antes de Galileu, ele colocou suas descobertas sobre as órbitas dos planetas no célebre retrato da Mona Lisa. Os críticos, porém, preferindo analisar o enigmático sorriso da Gioconda, esqueceram o que existia de mais importante: sua mensagem oculta. Na maneira geométrica de distribuir os volumes, luzes e objetos, Leonardo transmite não apenas uma arte, mas todo um saber universal. Tudo na Santa Ceia é simbologia. Além de ser um discurso astrológico, esse quadro é um verdadeiro tratado de numerologia. Mas a ordem em que eles se encontram distribuídos, a biotipologia, os gestos, a expressão facial e corporal que eles apresentam na Santa Ceia, coincidiam perfeitamente com tudo que Emma tinha encontrado na observação das fisionomias, gestos e vida das pessoas em que vinha fazendo horóscopos há quase trinta anos. Na Santa Ceia podemos reparar que as vigas do teto, as linhas do chão, as linhas superiores das tapeçarias nas paredes, tudo convergia para o coração do Cristo. Existem três aberturas ao fundo que mostram muita claridade, a porta central possui um halo na parte de cima e seu centro é o coração de Cristo. Isso que dizer que ele irradia a luz que ilumina o mundo. Ele é a unidade da vida, rodeado pelos doze tipos fundamentais do ser humano, sendo cada apóstolo é um receptor das doze forças básicas originadas pela Trindade da luz e seu espectro, que formam doze polos e seis eixos. As três aberturas representam o Espiritual. Os quatro painéis laterais em cada uma das paredes, representam o antigo principio dos elementos naturais, a terra, a água, o ar e o fogo, ou seja, a matéria. Na Santa Ceia, nos relatos dos apóstolos não se menciona a posição de cada um dos componentes da mesa. Leonardo ao colocar no centro Cristo como o Sol e os apóstolos em grupos de seis de cada lado representando o zodíaco. Na Astrologia usa-se a distribuição dos signos, que vai de Áries, da esquerda para a direita. Na Astronomia estes signos obedecem a uma distribuição da direita para a esquerda. Como o horóscopo é o espelho do universo, sua ordem é contrária. Leonardo usou a posição da Astronomia, da direita para a esquerda de quem olha. Talvez, seja a pintura mais reproduzida do mundo. Da Vinci trabalhou de 1495 a 1498, pintando-a na parede do refeitório do Convento de Santa Maria dele Grazie, em Milão, na Itália. A MESA DA SANTA CEIA A tela da Santa Ceia é simetria pura, tudo foi colocado em seus exatos lugares com grande precisão. O ponto central e o ponto de fuga, para onde tudo se converge é o coração de Cristo, o sol radiante que tem a sua volta os doze biótipos da humanidade representados pelos apóstolos. Olhando-se o quadro de frente, começando a análise da direita para a esquerda, temos dois grupos de três, O Cristo (o segundo Adão) no centro, e do outro lado, mais dois grupos de três, com um total geral de doze apóstolos, seis de cada lado e formando polos de um mesmo eixo, então, temos as seguintes disposições para o hemisfério sul. 1: 7: - ÁRIES – APÓSTOLO SIMÃO - BALANÇA – APÓSTOLO JOÃO Áries é o líder que usa a energia e a iniciativa, incentivando a decisão e a luta. No quadro, Simão está sentado na cabeceira da mesa, impondo pelas mãos a diretiva a ser tomada. Áries ou Carneiro é aquele que mostra francamente sua personalidade combativa, da força da sua cabeça – a testa de Simão está fortemente iluminada – defendendo a verdade. Ação, coragem e consciência da própria vontade. O “eu sou”, o ser que age de acordo com as conclusões da sua própria cabeça. Balança ou Libra é o signo que está 180º em oposição a Áries. É o símbolo da harmonia da justiça e da beleza. O semblante de João mostra harmonia e beleza, aquele que medita e mede o coordenador. O colaborador está simbolizado nas mãos cruzadas. João aparece inclinado, pois, com esse gesto ele suaviza o impacto da energia de Áries. 2: - TOURO – APÓSTOLO JUDAS TADEU 8: - ESCORPIÃO – APÓSTOLO JUDAS ISCARIOTES O cérebro (Áries) comanda e as glândulas (Touro) executam aglomerando a matéria. Touro é o signo da obediência, realização e fecundidade. Rege a física. Escorpião é o signo da autoridade, organização e força criadora. Rege a química. Um signo depende sempre do outro e Leonardo, conhecendo a importância dessa correspondência deu a ele as figuras dos dois Judas: Tadeu e Iscariotes. Como no corpo humano, as glândulas e órgãos sexuais são indispensáveis para a saúde e realização criadora. São dois polos de um mesmo eixo que não pode ser dividido. Leonardo fez com que a luz incidisse sobre o pescoço de Judas Tadeu, seus cabelos são ricos e abundantes. Seu semblante é atento, mas seu olhar é desconfiado (como se perguntasse: “De onde virá a picada?”). Sua mão está levantada em um gesto de aceitação do comando de Áries. Aceitar, agradar, obedecer para realizar. Mas quem não tem autoridade sobre seus desejos e uma organização consciente nas suas realizações, torna-se escravo da matéria, sucumbe e fracassa sob o peso do jugo nas costas. Escorpião é o signo da química, da transformação e transfiguração da matéria. Quem compreender Judas Iscariotes não chamará mais Escorpião de o pior signo, mas compreenderá sua função na engrenagem do zodíaco e na vida humana. Enquanto Touro aceita e executa, simbolizado na atitude de Judas Tadeu diante de Simão (Áries), o gesto de Judas Iscariotes (escorpião) mostra decisão. Ele enfrenta a autoridade e bate na mesa. Judas Iscariotes era o organizador da comunidade dos apóstolos e nós o vemos sentado, recuado para poder estudar melhor o conjunto, com um saquinho de dinheiro na mão: Eram as finanças da sociedade. Judas Iscariotes derruba o saleiro na mesa. Se Jesus deu a ele essa função é porque viu em Judas Iscariotes um grande administrador. Antes de tudo ele foi um homem político e, talvez, o que mais acreditou na autoridade de Cristo, pois, via nele o Messias que libertaria Israel. Quando Jesus deixou claro que não usaria seus poderes para a libertação da matéria, mas, somente para a libertação do espírito, Judas sente o gosto do fracasso e, como o escorpião, aplica o dardo em si mesmo. Não podemos esquecer que sem Judas não teria havido a cruz nem a prova da ressurreição que libertou a humanidade. Escorpião possui duas almas: a da destruição e a da transmutação. Ele é o químico que decompõe um elemento para criar um novo. Temos dois exemplos de Escorpião entre os seguidores de Jesus: Judas Iscariotes que destrói por usar apenas sua vontade de poder, esquecendo a mansidão do Touro e chegando à autodestruição; e Paulo que de Saulo se transformou em Paulo pela iluminação e transfiguração, vindo a ser organizador da comunidade cristã. 3: - GÊMEOS – APÓSTOLO MATEUS 9: - SAGITÁRIO – APÓSTOLO PEDRO Gêmeos é a esquerda e a direita, o movimento da vida, a formação do intelecto pelo que assimila. Gêmeos possui o dom da palavra, rege o advogado, o repórter, o escritor. No corpo humano Gêmeos rege os braços e os pulmões. Sagitário rege as coxas e a circulação. O terceiro na ordem dos apóstolos é Mateus – repórter e historiador da vida de Cristo. Ele é aquele que viu e viveu, simbolizado pelo gesto duplo: a cabeça em direção de Simão e os braços em direção de Cristo. A dispersão dos movimentos, querendo falar a todos ao mesmo tempo. Seu rosto segue rigorosamente o biótipo dos nascidos sob o signo de Gêmeos: esguio, gesticulação enfática. O nono signo, Sagitário, é simbolizado no centauro, expressando a lei da evolução, sob a forma do animal-humano que busca o divino. Ele representa a lei, o dogma, a religião e a filosofia. A figura 9 no quadro de Leonardo é Pedro, que fez o dogma e instituiu a lei da Igreja. Ainda no quadro, vemos a faca na mão direita, representando a fera no homem. Foi ele que cortou a orelha de um soldado. Seu dedo, porém, aponta para o Cristo. O corpo de Pedro está sobre Judas e avança para frente em um gesto incisivo. É a evolução. 4: 10: - CÂNCER – APÓSTOLO FÍLIPE - CAPRICÓRNIO – APÓSTOLO ANDRÉ A sensibilidade e a visão do amanhã, mais a conservação e a memória emocional do ontem foi simbolizada pelos antigos na figura do caranguejo. Com suas antenas para frente e rabo para trás o caranguejo expressa a fé e a gratidão. A cabra montanhesa, por outro lado, é a expressão da segurança, da prudência, concentração e capacidade de escalar a montanha com seus passos de hoje. Ela inspira a razão e a confiança. A cabra montanhesa é o símbolo de Capricórnio. Existe uma profunda correspondência entre as expressões de Filipe e André no Quadro de Leonardo. Filipe é o encantado pela fé, diante da visão de Cristo. Ele interioriza tudo através dos gestos das mãos que fazem o sinal hieroglífico de Câncer. Fisicamente ele tem tendência a um rosto cheio e mãos suaves, contrastam com as mãos secas e dos ossos salientes do rosto de André, que são as particularidades biotipológicas de Capricórnio. As mãos de Filipe expressam o “vinde a mim”, as de André expressam o “longe de mim”. André parece assustado pelo dever e pelo senso de responsabilidade, sua figura transmite confiança no hoje, mas não tem a visão do amanhã. Ontem, hoje e amanhã não podem ser separados, pois, são polos de um mesmo eixo que é o do eterno presente. 5: 11: - LEÃO – APÓSTOLO TIAGO MENOR - AQUÁRIO – APÓSTOLO TIAGO MAIOR Existem dúvidas sobre qual dos dois apóstolos seja o mais velho. O fato é que para Leonardo os dois formam um só eixo, o da atração e da irradiação. Leão significa rei, centro do governo, exercendo se magnetismo e disciplina sobre seus súditos. Leonardo pintou Tiago Menor, com um gesto largo, aberto, tentando atingir tudo que está ao seu redor. Mas, ele visa seu próprio coração que é o ponto central, como quem diz: quem vai duvidar da minha lealdade? A confiança no próprio poder e força, a alegria de viver e a disciplina são peculiaridades dos nascidos sob o signo do Leão. Eles são sempre o centro das atenções. Oposto a Tiago Menor está seu irmão Maior, a eletricidade cósmica, a irradiação, a tempestade que não podemos deter, pois é a liberdade. O Sol não brilha apenas porque exige e atrai. Seu brilho vem do dar e irradiar. Enquanto as duas energias forem divididas, isso causará muitos conflitos. Leonardo colocou toda sua compreensão de Aquário em Tiago Maior, que visualiza toda a mesa, encostado em Peixes. Ele tem a sua experiência, forma sua ideia própria, mas sua mão nas costas de Pedro é como se perguntasse: o que acha irmão? A vontade da tempestade é sacudir e renovar para ter o progresso, mas ela tem seu limite na lei da ordem e da evolução (é por isso que a mão de Tiago Maior atinge Pedro a rocha, que é Sagitário). Ele não pode sacudir as raízes e o tronco da experiência para não destruir a vida. 6: 12: - VIRGEM – APÓSTOLO TOMÉ - PEIXES – APÓSTOLO BARTOLOMEU Sentado à esquerda de Jesus vemos Tomé, aquele que procura a sabedoria. No fim da mesa, à esquerda do quadro, vemos Bartolomeu. Na ordem do zodíaco ele ocupa a posição de Peixes. Virgem é a natureza em movimento perpétuo, Peixes é a calma. Tomé é a ansiedade, a inquietação. Ele procura prender cada vez mais e não teme questionar o que vê. Ele analisa com minúcias os defeitos que descobre. Até diante de Cristo ele levanta o dedo querendo contestar e criticar. Do lado oposto está Bartolomeu – seus pés estão iluminados, pois Peixe rege os pés. Sua expressão é calma, vista ampla sobre a confusão da mesa, procura sentir, imaginar e penetrar pacificamente na razão de todos os acontecimentos. Ele se afasta da dor e da ansiedade, situando-se na luz. Como se vê, em sua Última Ceia, Leonardo da Vinci retratou, sob a forma de um discurso silencioso, a lei dos opostos universais e o movimento da vida com rara beleza e genialidade. JESUS, O CRISTO - O SOL NO CENTRO DA MESA Jesus, O Cristo, ao centro entre João e Tomé, tem as duas mãos estendidas formando um triângulo, uma para cada lado (a imparcialidade). Sugere-se que com a mão esquerda se doa e com a direita recolhe. Os seis apóstolos do lado direito e Cristo dá um total de sete, o mesmo ocorrendo com o lado esquerdo. O número sete apresenta-se como “esquisito” e, principalmente, como sendo 3 (trindade divina) mais o número quatro estudo do sete provém dos Sumérios, Babilônica. sendo místico, misterioso, aritmeticamente o número da criação, é a soma do número (os quatro elementos do mundo físico). O cuja civilização floresceu bem antes da O número sete é místico por excelência, gozando de privilégios entre ocultistas como também em todas as religiões e seitas. Todos os livros sagrados estão cheios de exemplos da excelência do número sete. Na Bíblia contamos às centenas os exemplos da força e poder do número sete. No Gênesis, vamos encontrar o número sete como sendo o da criação, desde a criação do mundo, um tempo foi impresso ao ritmo universal, quando Deus decidiu que a semana teria sete dias e não cinco ou dez. São sete as virtudes, sete os pecados capitais, sete os sacramentos, sete as notas musicais, sete os Arcanjos judaico-cristãos, sete as cores que formam o branco, sete as camadas de nossa pele, sete as cores do arco-íris, sete aberturas naturais do ser humano e dos animais em geral ou entradas patológicas, sete chacras, sete maravilhas do mundo antigo, sete palmos de terra, missa de sétimo dia, com sete letras se escrevem os algarismos romanos para indicação dos números, o esquadro, símbolo da retidão é um sete. O número sete enriquece o folclore no Brasil e no mundo, conforme os exemplos que se seguem: Pintar o sete: traquinar, divertir-se muito sem constrangimento algum. Fechar a sete chaves: guardar com segurança extrema. Sete é conta de mentiroso. Divulga-se que o gato tem sete vidas. Bicho de sete cabeças: diz-se vulgarmente, de algo que é misterioso ou complicado. Bota de sete léguas: Segundo o conto popular, aquela que servia para transportar o herói a qualquer lugar e em pouco tempo, com enormes passadas. No próprio cristianismo vamos encontrar o número sete na base de sua principal oração, o Pai Nosso, inicia com uma invocação e termina com uma dedicatória. Entre o princípio e o fim vamos encontrar sete petições, as três primeiras são dedicadas a Deus (Espírito) e as quatro seguintes ao homem (matéria). Pai nosso que estais no céu. 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7) Santificado seja o vosso nome. Venha a nós o vosso reino. Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje. Perdoai as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores. Não nos deixeis cair em tentação. Livrai-nos do mal. Porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém! As sete virtudes se dividem em: três são sobrenaturais (Fé, Esperança, Caridade) e quatro são cardeais (Prudência, Justiça, Fortaleza, Temperança). Os sete pecados capitais se dividem em: três que pertencem ao espírito (Soberba, Ira, Inveja) e quatro que pertencem ao corpo (luxúria, Gula, Avareza Preguiça). O número sete é também frequente na Umbanda: sete linhas ou vibrações, sete legiões, sete falanges, sete forças da natureza, sete raças, sete flechas, sete porteiras, sete ciclos evolutivos, sete cachoeiras, sete encruzilhadas, sete rosas brancas, sete pedaços de carvão, sete sombras, sete portas, sete ramos de violeta, sete pedras de raio. Assinale-se que a palavra Umbanda tem sete letras. Na Teosofia: sete corpos, sete planos divinos, sete temperamentos. Os caminhos da Yoga são igualmente sete. O sete é presença em setentrião, que significa norte. Sim, porque no hemisfério norte ou setentrional, se situa a constelação da Ursa Maior, formada por sete estrelas ou flamas. A cultura hebraica também valorizou o sete, como se vê a seguir: Depois de sete dias vieram sobre a terra as águas do dilúvio. Do rio subiam sete vacas gordas e sete vacas magras. E vi sete espigas cheias e boas e sete espigas mirradas. Sete dias de festas propôs Salomão. Sete vezes cairá o justo e se levantará. A construção do Templo de Jerusalém durou sete anos, sete meses e sete dias. O Menorah, candelabro místico utilizado no culto judaico e que simboliza a árvore, tem sete braços que representam: a luz, a justiça, a verdade, a benevolência, o amor fraterno e a harmonia. No Novo Testamento há, igualmente, registros que evidenciam a importância do sete no tempo de Jesus: Mestre, indaga-lhe Pedro, até quantas vezes devo perdoar? Até sete vezes? Jesus, responde-lhe: não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete. Está no Apocalipse: sete amigos, sete baldes, sete candelabros, sete chifres, sete espíritos, sete estrelas, sete lâmpadas, sete reis, sete olhos, sete anjos, sete trombetas, sétimo selo. A tabuada do sete é amais difícil para o aprendizado das crianças e mesmo dos adultos, muitos são os que tropeçam quando lhes perguntamos o resultado de sete vezes oito. O sete é o único número simples que não possui regra fácil se quisermos saber se ele é fator de um determinado número e é o único a ser aritmeticamente nem múltiplo nem divisor de outro número entre 1 e 10. A multiplicação entre si dos sete primeiros algarismos significativos é igual a 5.040, número fantástico, sendo divisível por todos os números de 1 a 10, sem deixar resto. Mas, o mistério aparece nos conjuntos estelares que sempre serviram de orientação aos homens. As constelações de Órion, Ursa Maior, Cruzeiro do Sul, são formadas por sete estrelas visíveis a olho nu normalmente. Como explicar a Plêiade das sete irmãs, quando na verdade apenas seis são visíveis a olho nu? Para entendermos o significado do número sete, podemos analisar os números três e quatro, o ternário e o quaternário. Entre os pitagóricos, o três era considerado o número perfeito, por ter princípio, meio e fim, e seus exemplos estão sempre à nossa volta: Da Trindade Cristã: Pai, Filho e Espírito Santo; Do Tempo: presente, passado e futuro; Da vida: nascimento, existência e morte; Da constituição do ser humano: corpo, alma (10requente10o) e espírito; Da família: pai, mãe e filho; Do hermetismo: archêo, azoth e hylo; Da gnose: princípio, verbo e substância; Da cabala hebraica: Keter (coroa), Hockma (sabedoria) e Binah (inteligência); Da trimurti: Brama, Vishnu e Siva; - Sat, Chit e Amanda; Das “três Gounas”, ou qualidades inerentes à Substância Eterna (Maia), na Índia: Tamas (inércia), Rajas (movimento) e Sattya (harmonia); Do Budismo: Buda (iluminado), Dharma (lei) e Sanga (assembleia de fiéis); Do Egito: Osíris, Ísis e Hórus; - Ammon, Mouth e Khons; Do sol, no Egito: Hórus (nascer), Rá (zênite) e Osíris (ocaso); Da Caldéia: Ulomus (luz), Olosurus (fogo) e Helium (chama). Vejamos o significado do número quatro, ou seja, o quaternário. O quatro sempre foi considerado o número do mundo físico. O quatro está relacionado aos quatro pontos cardeais, vale mesmo a pena perguntar, por que quatro pontos cardeais e não três ou seis? Na Bíblia o rio que sai do paraíso se divide em quatro outros rios. O altar dos sacrifícios tem quatro pontas, os quatro animais que sustentam o trono da revelação, as quatro estações do ano, as quatro fases da lua, as quatro fases do dia. No Novo Testamento encontramos o quatro de forma um tanto dramática: os soldados romanos dividem em quatro partes as roupas do Cristo crucificado, simbolizando a dissolução do seu corpo material e seu retorno aos quatro elementos de que era composto. As pirâmides do Egito estão relacionadas com o número sete em sua construção, a base é quadrada (4) e seu perfil é triangular (3), a pirâmide de Quéops possui três câmaras ligadas por quatro corredores. Temos ainda o sete simbolizado no caduceu. ANÁLISE Leonardo da Vinci em todas as suas pinturas de cunho religioso, as reveste com imensa dose oculta de espiritualidade, como se fosse para acompanhar os ensinamentos de Cristo, que o fazia através de parábolas, para que o conhecimento não fosse dado a qualquer um, e pudesse se perpetuar. Assim está escrito: o “Primeiro homem”, Adão, foi feito alma vivente; o último Adão, em espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual, senão, senão o animal; depois, o espiritual. O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o senhor, é do céu. Qual o terreno, tais são também os terrenos; e qual o celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial (1COR: 15.45-49). Moisés, o servo, que veio trazer a lei, a justiça. Jesus, O Cristo, o filho, que veio cumprir a lei, e trazer o amor. O apóstolo João, forma uma unidade nos capítulos 13 a 17, como o indica o contexto da ceia, em que se desenvolve, e uma série de repetições. Quase não tem ação: salvo o lava-pés no começo, tudo são discursos com alguns momentos de diálogo. A Páscoa judaica tem o sentido de “passagem” com referência a passagem do anjo exterminador, antes da libertação e o caminho para a terra prometida. Cristo (e nós com ele) “passará” deste mundo, escravo do pecado, para o Pai, à terra prometida. A Páscoa judaica e a Páscoa nova de Jesus são a moldura ideal dessa unidade. Não se trata da refeição pascal de que fala Mt 26,17. Analisando o Capítulo 13, temos o seguinte: Pela primeira vez, João põe explicitamente a vida e a morte de Jesus sob o signo do amor que ele tem aos seus. É como um segredo, cuja revelação plena está reservada para os últimos momentos. Até terminar a obra pelo Pai. Costuma-se chama-los discurso de despedida, espécie de testamento espiritual, mais parecido ao de Moisés no Deuteronômio que ao de Jacó (Gn 49) ou ao de Davi (2 Sm 23; 1Rs 2). 13, 1-20 - A cena se atém ao esquema de ação simbólica com explicação. A primeira é a solene introdução, verdadeira abertura dessa cena e do que se segue. A segunda é implicar um dos ouvintes na ação. Daí se segue a terceira, ou seja, a dupla explicação, uma em forma de diálogo, a outra em forma de discurso. A dupla explicação significa um duplo simbolismo? É preciso partir dessa possibilidade, mais ainda levando em conta que João não narra aqui, no seu lugar lógico, a instituição da eucaristia. 13, 1 - O começo é de uma solenidade inusitada. Os sinóticos apresentaram a consciência de Jesus em ação, ao enviar dois discípulos para conseguir o jumentinho e a sala do banquete. João a tematiza num particípio, que é o motor de tudo o que se segue. Propõe também, num versículo, os dois temas condutores da cena: a volta para o Pai e o amor aos seus. João situa a ceia no anoitecer da quinta-feira, e a Paixão durante a sexta-feira da preparação do banquete, que se celebra ao anoitecer da sexta-feira, ou seja, no começo do sábado. 13, 2 - A notícia dá uma cor sombria à cena. O inimigo atua e tem seu agente entre os convidados. Sob a superfície do relato se trava uma batalha: quem será o mais forte: o ódio traidor ou o amor sacrificado? 13, 4-5 - Oferecer ao hóspede água para lavar os pés da poeira do caminho era gesto de cortesia (Gn 18,4); em algum caso um servo podia fazê-lo, ou um discípulo a seu mestre. Jesus, o plenipotenciário, inverte espetacularmente os papéis: sua ação simbólica é quase escandalosa. Isso provoca o diálogo subsequente. 13, 6-10 - O diálogo tem um nível realista: a reação apaixonada de Pedro diante do ato de rebaixar-se do Mestre e o não menos apaixonado de não afastar-se dele. Tem um nível simbólico indicado por Jesus: ele deve realizar o gesto, é condição inevitável para ter parte na herança (celeste) com Jesus, seu sentido profundo não se entende agora. Contudo, mais importante que a humildade e o respeito é obedecer ao Mestre. Pedro o entenderá depois (e os cristãos também). Costuma-se propor o seguinte simbolismo: a humilhação presente de Jesus, voluntária, incrível, representa a morte que ele vai realizar para obter-nos a vida eterna. Colateralmente, na menção de “tomar banho” pode ressoar uma referência batismal (Ef 5,26; Tt 3,5). 13, 6 - O título Senhor sublinha o incrível da situação. 13, 10 - Ao que está sujo por dentro de nada adianta que, por fora, lhe lavem os pés. 13, 12-17 - Eles podem entender agora a segunda explicação: é fácil de compreender, talvez menos fácil de realizar. É o valor exemplar do gesto, o sentido de serviço humilde, que deve animar a vida do cristão e, que carrega consigo uma bemaventurança. 13, 13-14 - Mestre e Senhor podem ter na situação um significado de estima e respeito; mais tarde adquirem o valor de títulos transcendentes. À prática nas comunidades cristãs refere-se 1Tm 5,10. 13, 15 - O que ele fez é no contexto imediato lavar os pés. Logo depois será dar a vida pelos outros. 13, 18-19 - A traição de um não deve desconcertar, pois ele a anuncia de antemão e estava predita na Escritura (Sl 41,10): Jesus aplica a si a oração de um inocente perseguido. O extraordinário é que, ao cumprir-se a traição anunciada, seja motivo de fé na pessoa, Eu sou. Essa fé está na base da missão. A referência serve de transição ao anúncio que se segue. 13, 21-30 - O anúncio da traição se apresenta numa cena dramática que permite contrapor ao traidor o “discípulo predileto” de Jesus. É a primeira vez que a expressão aparece e se repetirá a seguir. O texto bíblico dá indícios não muito seguros para identifica-lo; uma tradição muito antiga o identificou com João Evangelista. O que podemos dizer é que era uma personalidade respeitada nas comunidades onde se escreveu ou se cristalizou o evangelho. No meio está Jesus. Estremece (Sl 42,5.11; Is 21,3) ante a presença do ódio satânico: “mas a morte entrou no mundo pela inveja do diabo” (Sb 2,24; Gn 4,7). Todavia, conserva o domínio soberano: conhece os planos ocultos (Lc 1,17), faz um gesto de afeto particular, dá a ordem de agir. Essa ordem é paradoxal: “dei-lhes preceito que não eram bons?” (Ez 20,25); é que “ninguém me tira a vida, eu a dou livremente”. 13, 25 - O discípulo predileto está num lugar de honra, à direita de Jesus, o inclinar a cabeça para o peito de Jesus foi interpretado por devota tradição como um auscultar o coração, a intimidade de Jesus. 13, 27 - Anteriormente Satã lhe havia “sugerido”, agora entra e se apodera dele: “o pecado espreita à porta. Embora ele te deseje, tu podes dominá-lo” (Gn 4,7). 13,30 - É hora das trevas; Judas se perde na escuridão (Sb 17,21): “sobre eles se estendia pesada noite, imagem das trevas que iriam surpreendê-los”. No meio dessa noite refulge o esplendor da glória, que anuncia a seguir. 13, 31-35 - Enunciam vários temas que retornarão como temas reconhecíveis: relação de Jesus com o Pai, glorificação mútua, proximidade do fim, preceito de amor. A paixão cumprimento do desígnio divino e sacrifício por amor é glorificação de Deus pelo homem e do homem por Deus [contrasta com a glorificação de (Ex 14,4.18)]. Em João 13,31, podemos colocar o começo do grande discurso, que será interrompido por perguntas e diálogos ocasionais. É um testamento, uma despedida, uma instrução. O gênero testamento está bem arraigado nas literaturas bíblica e profana da época. Um personagem ilustre, antes de morrer, reúne os filhos e pronuncia as últimas palavras, à maneira do testamento espiritual: Jacó (Gn 49), Moisés (Dt 32-33), Samuel (1Sm 12), Davi (2Sm 23; 1Rs 2), Matatias (1Mc 2,49-70), Tobias (Tb 14). Não é inusitado o fato de João pôr na boca de Jesus um testamento espiritual. Mais que ato puramente jurídico, o testamento é uma despedida, na qual se ajuntam as lembranças e se cruzam os conselhos. A despedida dá um tom cordial às palavras e um peso acrescido a instruções e conselhos. No caso de Jesus, a despedida é anômala, porque não é a última. Ele se vai, mas tornarão a vê-lo. A ida definitiva será a ascensão (que Lucas narra). É como se oferecessem a um personagem uma grande festa de despedida, em condições propícias, embora a partida vá realizar-se uns meses mais tarde. A de Jesus na ceia é uma despedida definitiva antecipada. É uma explicação. Vai acontecer em breve algo terrível, dificílimo de entender, porque é duro de aceitar, Jesus explica de antemão o sentido profundo de uma execução humilhante que leva à glória, que é plena e definitiva. A explicação vale para os discípulos dentro do livro e para todos os futuros leitores do evangelho. Também os conselhos são legado permanente, perpétuo. Acima de tudo, é uma visão transcendente. Como se já estivesse levantado na cruz, exaltado na glória, subindo ao céu. Seu olhar, mais que o de Moisés (Dt 34), abrange os espaços e os tempos, suas palavras se mostram, ao mesmo tempo, humanas e divinas, e oferecem e solicitam a contemplação. Esta é uma das passagens do Novo Testamento. Por outro lado, a progressão e a composição nos desorientam. Exceto a divisão indicada (13-14, 15,1-1617) e alguns blocos mais consistentes, no resto são frequentes os saltos e as repetições. Especialmente chamativas são as numerosas entre 13,2114,31 e 16,4-33. No texto atual produzem um efeito de espelho. Na gênese do texto atuaram fatores difíceis de identificar com forte probabilidade. Alguns pensam em sentenças soltas de Jesus, recolhidas, entrelaçadas e comentadas. Outros pensam em duas tradições paralelas do mesmo discurso por associação. Tudo isso é plausível, embora impossível de demonstrar. Pois bem, já que não podemos reconstruir o texto original, simples e coerente, temos de abordar sua leitura deixando-nos levar, em ritmo lento, com paradas para que ressoe. Também pelo estilo no qual há muitos aforismos, frases rítmicas, paralelismos quase poéticos. A glorificação de Jesus liga-se à sua partida. Para os judeus, a separação será definitiva (8-21); para os discípulos, momentânea (14,2-3). À ideia da “partida” de Cristo (v.33) que prepara o anúncio da negação de Pedro (vv.36-38), o evangelista une o preceito do amor (vv. 34-35), testamento de Cristo. Esse Preceito, já presente na lei mosaica, é “novo” pela perfeição a que Jesus o faz atingir e porque constitui como que, o distintivo dos tempos novos, inaugurados e revelados pela morte de Jesus. 13 36- É feito o anúncio velado do martírio de Pedro. Pedro Neves & Péricles Neves Escritores e Conferencistas [email protected] [email protected] www.pedroneves.recantodasletras.com.br Palestra apresentada em abril de 1988, na Loja Maçônica Arte Real nº 230, revista e ampliada em 2011. Bibliografia: BÍBLIA DE JERUSALÉM, 1ª edição 2002. SCHÖKEL, Luis Alonso – Bíblia do Peregrino – 3ª edição 2011. ALMEIDA, João Ferreira de, Bíblia Sagrada - Revista e Corrigida, edição 2005. MASCHEVILLE, Emma Costet de, Luz e Sombra – Elementos Básicos de Astrologia – 3ª edição - 1997. Revista Planeta – maio de 1985. Colangelo, Adriano – Leonardo da Vinci – O Mensageiro da Luz. 1985. Zago, Antônio – O Número Sagrado. 1985. Cirlot, Juan-Eduardo – O Universo dos Símbolos. 1985. ALGUMAS OBRAS DE LEONARDO DA VINCI MONA LISA A ANUNCIAÇÃO VIRGEM DAS ROCHAS A VIRGEM E O MENIN0 COM SANTA ANA SÃO JOAO BATISTA O BATISMO DE CRISTO