Auto hemo3 - Luzimar Teixeira

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Cresce em Goiânia número de adeptos
da auto-hemoterapia. Técnica consiste em retirar da veia e reaplicar próprio sangue no
músculo. Conselho de Medicina não reconhece prática e alerta para os riscos.
De: Wanda Oliveira
Da editoria de Educação & Saúde
Uma técnica de quase 100 anos avança neste início do século 21 no Brasil. Denominada
de auto-hemoterapia, pacientes retiram sangue da própria veia da prega do cotovelo e
aplicam no músculo do braço ou nas nádegas para prevenir e curar doenças crônicas,
além de uma série de infecções. A terapia é disseminada pelo País. Em Goiás, há
número significativo de adeptos.
O responsável pela divulgação da auto-hemoterapia no País é o clínico geral Luiz
Moura, 81. Natural do Rio de Janeiro, o especialista explica por meio de DVD a técnica
que faz há 20 anos no Brasil. Cita exemplos de casos que aconteceram com ele desde os
40 até 70 anos de idade.
Em Goiânia, já circulam várias unidades de DVDs. O interesse é geral, tanto por parte
de pacientes, que querem se submeter ao tratamento, quanto de profissionais, a fim de
realizá-lo em seus consultórios. O médico carioca garante no seu documetário que a
auto-hemoterapia é um procedimento que aumenta a defesa do organismo.
Segundo Luiz Moura, após a retirada de sangue de uma das veias da prega do cotovelo,
aplica-se imediatamente no músculo do braço ou nádegas. Esse procedimento
estimularia o aumento dos macrófagos, que são células responsáveis pela limpeza do
organismo. O DM tentou falar com o médico, mas ele não foi localizado.
Na opinião dos médicos que utilizam a prática, a técnica é eficiente, porque o sangue
que será aplicado no paciente não recebe tratamento. De acordo com o clínico geral
Marcos Paiva, 60, um dos pioneiros da aplicação da auto-hemoterapia em Recife (PE), a
principal finalidade dessa técnica é aumentar a defesa orgânica.
Segundo Marcos Paiva, o procedimento também pode ser utilizado e associado ao
tratamento de várias patologias, como acne, viroses, infecções, cistos ovarianos,
miomas, artrites reumatóides, lupus eridematoso, verrugas e doenças da pele. O médico
diz que a auto-hemoterapia é indicada a gestantes e até mesmo a portadores de HIV. O
profissional recifense, que utiliza a auto-hemoterapia há cinco meses, afirma que a
prática é segura, porque se usa o sangue do próprio paciente sem qualquer modificação.
Procura silenciosa – A procura pela auto-hemoterapia ocorre de maneira silenciosa
porque o procedimento não é reconhecido como especialidade médica pelo Conselho
Federal de Medicina (CFM). O órgão regional (Cremego) desconhece o uso da técnica
por médicos no Estado. Conforme apurou o DM, existem apenas estudiosos na área em
Goiás, que, por enquanto, não querem comentar o assunto. Em Goiânia, há uma
enfermeira que utiliza a auto-hemoterapia e sua clientela já é superior a 30 pacientes. De
acordo com nota do Cremego à imprensa, a Resolução nº 1.499/98 do CFM proíbe os
médicos de adotar práticas terapêuticas não reconhecidas pela comunidade científica.
O documento veda também qualquer vinculação de profissionais a anúncios sobre o
tema. O presidente do Cremego, Salomão Rodrigues Filho, alerta que essa técnica pode
expor o paciente a riscos e, dependendo das condições em que o sangue é retirado e
reaplicado no músculo, pode causar infecções e deixar hematomas, entre outras
complicações. Os defensores afirmam que a prática é simples e segura à saúde.
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