8 Alternativo “Existe uma diferença entre quem estuda o Vinicius e a gente que teve esse convívio que eu tive a sorte de ter” Miucha, cantora, sobre participar de tribito ao centenário de Vinicius de Moraes O Estado do Maranhão - São Luís, 16 de outubro de 2013 - quarta-feira Madonna Show Madonna disse segunda-feira (14), em seu perfil no Instagram, que o projeto de arte Secret project revolution, criado pela cantora e pelo fotógrafo Steven Klein, será apresentado no Brasil. Não há data confirmada para o evento e nem indicação de que Madonna acompanharia a apresentação do projeto no Brasil. O projeto foi apresentado em setembro deste ano, com um curta-metragem em preto e branco no YouTube estrelado pela cantora. Ela também lançou o site artforfreedom.com, em que mostra o filme e pede participação do público. O filme Entre Nós (foto), de Paulo Morelli, representa o cinema brasileiro na oitava edição do Festival de Cinema de Roma, que também recebe em sua competição oficial produções latino-americanas de Chile e México. O festival, que será realizado de 8 a 17 de novembro, escolheu no total 18 filmes. Rodado numa casa de campo na Serra da Mantiqueira, o filme conta a história de um grupo de jovens que têm o seu amor pela literatura como ponto de ligação. Em um fim de semana repleto de sonhos e amizade, eles escrevem cartas para si próprios para serem abertas em exatos 10 anos, mas uma tragédia marca o reencontro do grupo, agora já adulto, que terá que confrontar seus sonhos do passado. Hoje é dia de... Atenas Brasileira: em busca dos porquês Jomar Moraes S ão Luís, a exemplo de outras muitas cidades brasileiras e estrangeiras, foi distinguida com uma antonomásia famosa e que em nosso caso – é correto reconhecer – já gozou de bem maior prestígio num passado que se vai esmaecendo por força de diversos motivos. Entre eles, a progressiva atenuação dos traços regionais distintivos relacionados com a cultura, uma das consequências diretas do predomínio das grandes redes nacionais de comunicação. Para prevenir simplificações deformadoras, convém aditar, quanto às antonomásias, que elas não se circunscrevem às nossas cidades – Veneza Brasileira, v.g., e tantas outras “princesas” microrregionais que em todas as unidades da Federação há -, nem a outras cidades do mundo – Roma Peruana (Arequipa), Atenas Portuguesa (Coimbra), mas igualmente compreendem personalidades cujos feitos notáveis inspiram ou sugerem essa operação metonímica de forte carga simbólica. Assim, a pessoas e cidades que se notabilizam por alguma razão honrosa ou degradante, busca-se associar um cognome emblemático, porque de curso generalizado e de contornos semânticos precisos. Esse cognome, posto na companhia do nome cujas peculiaridades expressa e reflete, vai, crescentemente, conquistando autonomia, até possuí-la por completo. Atingindo tal estágio, passa o cognome a antonomásia. O Pai da Aviação ou o Patriarca da Independência são, desde há muito, cognomes que de tal modo se impuseram como antonomásias, que passaram a designar eficazmente as personalidades a que correspondem: Alberto Santos Dumont e José Bonifácio de Andrada e Silva. E, para trazer à colação um exemplo nada edificante, porque repulsivo, seja lembrado Lázaro de Melo, traidor do Bequimão e tristemente lembrado pela antonomásia Judas maranhense. O mesmo se diga relativamente à capital maranhense, de início referida como São Luís, a Atenas Brasileira, até que, com o decorrer do tempo, o cognome tornou-se antonomásia: Atenas Brasileira. E para prevenir e mesmo expungir ufanismos rudimentares, seja lembrado que igualmente a Salvador, capital da Bahia, foi conferido o cognome de Atenas Brasileira. Por que Atenas, e a partir de quando? A resposta a essa pergunta: porque Atenas, como todos sabemos, é um dos mais ricos, vigorosos e fascinantes símbolos do esplendor cultural de nossa herança ocidental e cristã. E isso desde quando, com o Renascimento, o humanismo triunfante de tantos eruditos difundiu, através do latim e, posteriormente, dos idiomas nacionais que se iam elevando à categoria de línguas de cultura, os grandes textos dos mestres gregos que pontificaram, exponencialmente, em Atenas, que então ressurgiu das cinzas de sua decadência para imporse, pelos ensinamentos de seus muitos sábios, como cátedra suprema do mundo. Mundo que, no período, estava ampliando significativamente seus limites geográficos e seus horizontes culturais, mediante o conhecimento de novas e imensas terras situadas muito além da Taprobana, às quais o homem chegou arrostando mil perigos, entre fúrias e os mistérios “de mares nunca de antes navegados”. Horizontes que também foram ampliados pelas memoráveis incursões intelectuais que propiciaram ao homem um modo renovado de pensar e, portanto, de posicionar-se diante do grande teatro do mundo descoberto pelas navegações e descoberto pelas expedições intelectuais ao universo grego da filosofia, da moral, da ética, da política. É sabido que, por motivo de sua tardia colonização e da prolongada carência de recursos materiais que lhe postergaram o desenvolvimento, durante mais de um século, o Maranhão somente passou a ter vida econômicofinanceira importante a contar da segunda metade do século XVIII, por impulso da Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão. E muito para admirar, realmente, é este fato: São Luís, que nas últimas décadas do Setecentos ainda estava a caminho da construção urbanística que terminaria por conferir, à altura da década de 1860, a feição definitiva de seu centro histórico, já por volta de 1819, ano em que por aqui passaram os naturalistas bávaros Martius e Spix, merecia, segundo o testemunho deles, “o quarto lugar entre as cidades brasileiras, à vista de sua população e riqueza.” Daí em diante, estrangeiros que aqui residiram ou estiveram em visita, não regatearam referências encomiásticas à beleza de São Luís, à hospitalidade e à educação de seus habitantes, especialmente as mulheres, descritas como elegantes no trajar, refinadas no receber, e algumas, educadas em Lisboa ou em Londres. É o que atestam, por exemplo, o argentino naturalizado português Raimundo José de Sou- sa Gaioso (abastado empresário agropastoril no interior no Maranhão), o português Antônio Bernardinho Pereira do Lago (engenheiro militar), e os viajantes Alcides d’Orbigny (naturalista francês), George Gardner (naturalista escocês), Daniel P. Kidder (pastor protestante norte-americano), Luís Agassiz (médico e naturalista suíço), e para não alongar demasiadamente a nominata, o naturalista alemão Robert Avé-Lallemant. Indispensável transcrever breves trechos do que dizem dois desses qualificados visitantes de São Luís. Alcide d’Orlbigny: “Não só a riqueza da região, o desejo de imitar os costumes europeus – cujo gosto foi ministrado por inúmeras casas comerciais francesas e inglesas – mas também, e principalmente, a liberdade, a boa educação, a polidez e doçura dos maranhenses, contribuíram para tornar aquela cidade um dos lugares do Brasil onde é mais agradável a permanência.” Robert Avé-Lallemant: “Creio poder dizer com bastante certeza que nenhuma cidade do Brasil conta, proporcionalmente ao seu tamanho, tantas casas bonitas, grandes e até apalaçadas, como no Maranhão.” Criadas, assim, as condições materiais propícias ao florescimento cultural, de que é parte indissociável a literatura, que “não existe no vácuo”, segundo acertadamente acentuou para Ezra Pound, o Maranhão, que ainda não alcançara uma posição literária relevante, surpreende o Brasil com uma geração de grandes poetas, prosadores e humanistas que também exercem destacados papéis tipicamente sociais e políticos.