UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE AGRONOMIA DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE GEOLOGIA ra Ob C ra pa Título do Trabalho su on Estudo das Vibrações Geradas pelo Desmonte de Rochas com uso de Explosivos e a sua relação com as Fraturas da Pedreira Bangu – RJ Nome do Aluno Nome do Orientador Rosana Elisa Coppede Silva Mês e ano Dezembro/2009 lta Douglas Gomes dos Santos Agradecimentos: Este é um momento muito importante, lembra e mencionar as pessoas que fizeram parte dessa caminhada longa. Agradeço a Deus por ter me dado força e coragem para desafiar esse mundo mágico do conhecimento e por ter colocado pessoas tão importante ao meu lado para que quando eu Ob pensasse em desistir estivessem ao meu lado para poder me animar. Pessoas essas como: Meus pais “Lino Roberto César dos Santos e Norete Gomes dos Santos” que lutaram e batalharão, me ajudando a vencer mais uma etapa da minha vida. ra Meus amigos l Amarelinho, Somália, Patolino Evandro Arekipá, Alemão, Marcos Mineiro, Felipe Angélica que realmente foram, são e sempre serão meus amigos de coração. Não posso esquecer da minha turma oficial (2005) e da minha turma agregada (2006) que me deram muitos pa momentos de alegria. A minha linda namorada e futura esposa Gisele por ter me ajudado muito nos momentos difíceis ra dessa minha caminhada. A Geóloga Rosana Coppede, Geólogo João Prado e o Engenheiro José Veleda por terem me ajudado muito na elaboração deste trabalho. ul ns Co ta i Sumário: 1 – INTRODUÇÃO...........................................................................................................................................................7 2 – OBJETIVOS ...............................................................................................................................................................8 3 – LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO. ............................................................................................................9 4 – METODOLOGIA......................................................................................................................................................10 5 – EXPLOSIVOS. .........................................................................................................................................................11 Ob ra 5.1 – HISTÓRIA DOS EXPLOSIVOS. ..............................................................................................................................11 5.2 – EXPLOSIVOS E SUAS COMPOSIÇÕES. ................................................................................................................12 5.3 – CARACTERÍSTICAS DOS EXPLOSIVOS. ...............................................................................................................13 5.3.1 – Energia de explosão. ............................................................................................................................13 5.3.2 – Densidade. ..............................................................................................................................................13 5.3.3 – Velocidade de detonação. ...................................................................................................................14 5.3.4 – Pressão específica................................................................................................................................14 5.3.5 – Sensibilidade. .........................................................................................................................................14 5.3.6 – Distância de choque. ............................................................................................................................15 5.3.7 – Gases gerados na explosão. ..............................................................................................................15 5.3.8 – Resistência à água................................................................................................................................15 5.3.9 – Resistências às altas e às baixas temperaturas. ..........................................................................16 5.3.10 – Resistência à pressão........................................................................................................................16 5.3.11 – Exsudação. ...........................................................................................................................................16 5.4 – EXPLOSÃO E SUA DINÂMICA NA ROCHA.............................................................................................................17 pa 6 – VIBRAÇÕES. ...........................................................................................................................................................19 ra 6.1 – AS GRANDEZAS DAS VIBRAÇÕES.......................................................................................................................20 6.1.1 – Deslocamento. .......................................................................................................................................20 6.1.2 – Aceleração. .............................................................................................................................................20 6.1.3 – Freqüência. .............................................................................................................................................21 6.1.4 – Velocidade de Vibração da Partícula. ..............................................................................................23 6.2 – TIPOS DE MOVIMENTO DE ONDAS.......................................................................................................................24 6.3 – PROPAGAÇÃO DAS ONDAS. ...............................................................................................................................27 6.4 – REFLEXÃO, REFRAÇÃO E ATENUAÇÃO DAS ONDAS. .........................................................................................28 ns Co 7 – ASPECTOS FISIOGRÁFICOS. ............................................................................................................................29 7.1 – GEOLOGIA REGIONAL.........................................................................................................................................29 7.2 – GEOLOGIA LOCAL. .............................................................................................................................................31 7.2.1 – Rochas Encaixantes. ............................................................................................................................31 7.2.2 – Rochas Intrusivas. ................................................................................................................................34 7.3 – ASPECTOS PEDOLÓGICOS. ................................................................................................................................35 7.4 – FRATURAS. .........................................................................................................................................................36 7.5 – CARACTERIZAÇÃO GEOMECÂNICA DO MACIÇO ROCHOSO ..............................................................................37 7.5.1 – SISTEMA Q ..............................................................................................................................................37 ul 8 - PRINCIPAIS NORMAS E APLICAÇÕES AO DESMONTE DE ROCHA COM USO DE EXPLOSIVOS. .42 8.1 – A NORMA ALEMÃ (DIN 4150). ..........................................................................................................................42 8.2 – NORMA NORTE-AMERICANA - USBM (RI 8507) E OSMRE. ..........................................................................43 ta 9 - OBTENÇÕES E TRATAMENTO DE DADOS.....................................................................................................48 9. 1 - SISMÓGRAFO UTILIZADO NESTE ESTUDO ..........................................................................................................48 9.2 - COMPONENTES DO SISMÓGRAFO .......................................................................................................................50 9.2.1 - Sensores (geofones) .............................................................................................................................50 9.2.2 - Cabos de Transmissão .........................................................................................................................51 9.2.3 – Receptor ..................................................................................................................................................51 9.2.4 - Coleta de dados e monitoramento.....................................................................................................51 10 – APRESENTAÇÕES DOS DADOS OBTIDOS. ................................................................................................52 11 – CONCLUSÕES......................................................................................................................................................55 12 – BIBLIOGRAFIAS ..................................................................................................................................................56 ii Lista de Tabelas 36 Tabela 2 - Parâmetros Geomecânicos para Classificação de Maciços Rochosos. 38 Tabela 3 - Parâmetros de qualificação do maciço rochoso. 39 Tabela 4 - Categorias do maciço rochoso segundo o índice RMR. 40 Tabela 5 - Valores admitidos pela norma alemã DIN 4150 para danos em edifícios. 43 Tabela 6 - Níveis seguros de velocidades de vibração da partícula para estruturas civis. 45 ra Ob Tabela 1 - Famílias de fraturas e suas características. pa Tabela 7 - Limites de velocidade de vibração de partícula de pico por faixas de freqüência 47 ra Tabela 8 – Relações das detonações com as direções preferenciais das fraturas. 54 ul ns Co ta iii Lista de Figuras Figura 1 - Mapa de localização da lavra no bairro de Bangu. 9 Figura 2 - Aspecto do Fraturamento e deformação da roca nas proximidades da explosão. 17 Ob Figura 3 - Fraturas geradas na rocha após a detonação da carga explosiva. 18 Figura 4 - Oscilações harmônicas das ondas sísmicas. 21 ra 25 Figura 6 - Representação esquemática da onda secundária e da movimentação da partícula na sua passagem. 25 Figura 7 - Representação esquemática da onda de Rayleigh e da movimentação da partícula na sua passagem 26 Figura 1 - Representação esquamática da onda de Love e da movimentação da partícula na sua passagem. 26 ra pa Figura 5 - Representação esquemática da onda primária e da movimentação de partículas na sua passagem. ns Co 36 Figura 10 - Diagrama representando os limites de Vp e de deslocamento. 45 Figura 11: Representação gráfica dos limites de velocidade de vibração de partícula de pico por faixas de freqüência 47 Figura 12 – Geofone 50 ul Figura 9 - Perfil pedológico da área de estudo. ta Figura 13 – Pontos de monitoramentos e das detonações Figura 14 - Diagrama de contagem representando as famílias da Área I 52 53 iv Figura 15 - Diagrama de contagem representando as famílias da Área II 53 Figura 16 - Diagrama de contagem representando as famílias da Área III 53 ra Ob ra pa ul ns Co ta v Lista de Fotos 32 Foto 2 - Assembléia mineral do Granito Favela, sob luz polarizada. 33 Foto 3 - Afloramento do Biotita Gnaisse, onde se observa bandamento composicional e boudinagem de foliação. 34 ra Ob Foto 1 - Assembléia mineral do Granito Pedra Branca, sob luz polarizada. 35 Foto 5 - Assembléia mineral do Biotita Gnaisse, sob luz polarizada, composta por biotita, plagioclásio, quartzo, apatita e zircão. 35 Foto 6 - Assembléia mineral do Biotita Gnaisse, sob luz polarizada, onde se observa microclina micropertítica e germinação in Tartan. 36 Foto 7- Dique de Diabásio. 36 ra pa Foto 4 - Biotita Gnaisse migmatítico, cortado por inúmeros veios aplíticos ns Co Foto 8 - Textura ofititica no Diabásio, observada sob luz polarizada. 37 Foto 9 - Sismógrafo de engenharia – MineMate Plus 51 ul ta vi 1 – Introdução. A mineração é uma atividade extremamente importante para o homem, sobretudo nos dias atuais em que o crescimento populacional aumenta a cada ano, incrementando a demanda por minerais diversos. Não obstante, muitos recursos minerais são essenciais para o desenvolvimento de atividades econômicas importantes como a construção civil. Ob Neste contexto, o mercado de agregados para construção civil, principalmente o de brita, cresce a cada ano, sobretudo pelo déficit de investimentos públicos e privados em programas habitacionais e de infra-estrutura, que vem sendo retomado ao longo dos últimos anos. Como conseqüência ra disso e considerando que, como toda atividade de exploração, a mineração proporciona impactos positivos e negativos ao meio ambiente e ao homem, a intensificação da exploração dos agregados e os métodos de extração dos mesmos, aumentam as demandas por controle ambiental por parte das empresas. Um dos impactos negativos que geram maiores transtornos à pa população vizinha aos empreendimentos minerários é a vibração oriunda do desmonte de rochas com explosivos. ra Diante deste fato, é imperativo o monitoramento das vibrações ocasionadas, utilizando equipamentos especializados, dentre eles o sismógrafo de engenharia, o qual mede a velocidade da partícula do terreno e a sobrepressão atmosférica. Um ponto importante neste monitoramento é relativo á ocorrência de fraturas nas rochas, as quais segundo a bibliografia estudada, ns Co intensificam a vibração gerada, pois representa um espaço vazio no qual a velocidade da partícula é aumentada. Sendo assim, este trabalho analisou as fraturas encontradas na cava o empreendimento Pedreira Bangu e associou as mesmas aos resultados obtidos por meio de monitoramento sismográfico das detonações, de forma a comprovar a relação entre fraturas de rochas e aumento da vibração do terreno na detonação das mesmas. ul ta 7 2 – Objetivos O objetivo da presente proposta é analisar os dados sismográfico gerados pelos monitoramentos das detonações do ano de 2009, realizado na Pedreira Bangu e correlacioná-las às fraturas medidas em sua cava, para assim obter um melhor entendimento das vibrações das partículas no terreno geradas ao redor da mina. ra Ob ra pa ul ns Co ta 8 3 – Localização da área de estudo. A área estudada se localiza entre os contrafortes rochosos do Morro do Sandá, situado no bairro de Bangu, dentro do perímetro urbano do município do Rio de Janeiro, especificamente limitada pelas coordenadas UTM 657803E; 7468357S e 658371E; 7467774S. O acesso ao local da jazida, partindo do centro da cidade do Rio de Janeiro, pode ser feito por Ob vários itinerários, entretanto, o mais adequado é pela Avenida Brasil sentido zona oeste, seguindo até Bangu passando anteriormente pelo bairro de Deodoro. Do centro de Bangu segue-se pela Rua da Usina até o entroncamento com a Rua Maravilha, esquina onde se encontra a entrada da Pedreira. ra Na Figura 1 é mostrada a localização da Lavra no bairro de Bangu, Rio de Janeiro. (Google Maps, acessado em 03/11/2009). ra pa ul ns Co Figura 1 - Mapa de localização da lavra no bairro de Bangu. ta 9 4 – Metodologia. A metodologia utilizada buscou integrar diversos campos do conhecimento científico, de forma a gerar um diagnóstico sobre a dinâmica que envolve o desmonte de rocha com uso de explosivo as fraturas encontradas no maciço explorado. Para tanto, o trabalho de pesquisa foi dividido em cinco etapas: Ob • Primeira etapa - Planejamento das atividades de pesquisa, levantamento das normas técnicas, revisão bibliográfica sobre a área estudada visando um melhor aproveitamento das informações, definição das áreas a serem monitoradas tomando como base as regiões com maiores reclamações das comunidades vizinhas e com uma geologia favorável. ra • Segunda etapa – Realização de visitas técnicas à Pedreira Bangu, munido de questionário, que foi respondido durante cada visita pelo blaster responsável das detonações. Os itens a serem respondidos caracterizaram a quantidade de explosivo pa usado em cada fogo, método utilizado para extração e os pontos com maiores vibrações do terreno. ra • Terceira etapa – Monitorar os desmontes de rocha nas áreas definidas usando um sismógrafo de engenharia, estando sempre atento à distância do ponto monitorado e à bancada a ser desmontada. Após ter os dados obtidos de cada detonação, analisar os dados no laboratório com o auxilio do software do aparelho instalado num computador. ns Co • Quarta etapa – Realização de um levantamento das estruturas do maciço estudado, medindo as fraturas encontradas na cava, utilizando uma bússola do tipo CLAR e um aparelho GPS para obter a posição das famílias de fraturas a serem analisadas. • Quinta etapa – Compilação e análise dos dados obtidos nas etapas anteriores e ul conclusão. ta 10 5 – Explosivos. 5.1 – História dos explosivos. As primeiras notícias sobre o uso de explosivos ocorreram na China no ano de 220 a.C. com a descoberta da pólvora negra, que é um material composto por nitrato de potássio, enxofre, carvão Ob vegetal e nitrato de sódio, sendo ele considerado o explosivo mais antigo usado pelo homem. Segundo Bacci (2000) no final do ano de 1500 se utilizou a pólvora negra como explosivos em desmonte de rocha em trabalhos minerários. Até na metade do século XIX, manteve como o único ra explosivo usado em escavações. O ano de 1845 foi considerado o marco para evolução dos explosivos devido a descoberta da pa nitroglicerina por Ascanio Sobrero, que deu toda base científica para futuramente vir a desenvolver um explosivo mais moderno. Por volta de 1953, foi desenvolvido o explosivo ANFO (ammonium nitrate and fuel oil), considerado um explosivo bastante seguro, de grande poder de detonação e baixo custo. ra Em 1956, M.A.Cook e H. Farnam desenvolveram um novo tipo de explosivo na forma gelatinosa “water gel”, ou “slurry”, também à base de Nitrato de Amônio, que permitia sua utilização com boa resistência à água, característica que não se observava nos explosivos à base de ANFO. Wilbrand ns Co em 1863 inventou o trinitrotolueno (TNT) um explosivo de grande potência, mas de difícil manuseio. Alfred Nobel foi um dos primeiros cientistas a utilizar, como explosivo, a nitroglicerina em seu estado líquido nas escavações. No entanto, devido a grande sensibilidade desse material ocorreram vários acidentes envolvendo vítimas fatais por todo o mundo, Nobel então misturou ul essa substância a um material fóssil (diatomácias) e observou que a mesma perdia sensibilidade, mas conservando inalteradas as suas propriedade e sua potência explosiva. Essa mistura foi denominada em 1865 de dinamite. ta No ano de 1970 iniciou-se a comercialização de emulsões explosivas, que consistiam de gotículas submicroscópicas em soluções oxidantes à base de nitrato de amônio em mistura com óleo combustível ou óleo mineral, resultando num produto de enorme eficiência devido ao íntimo contato entre o Nitrato de Amônio e o óleo, além de ser resistente à água. 11 5.2 – Explosivos e suas composições. Explosivo são substâncias ou misturas, em qualquer estado físico, que, quando submetidas a uma determinada condição térmica ou mecânica (calor, atrito, impacto etc.), transformam-se total ou parcialmente em gases, em um intervalo de tempo muito curto, liberando expressiva quantidade de energia. No sentido muito amplo, é um material extremamente instável (metaestável) que se pode decompor rapidamente formando produtos estáveis. Ob Detonação é um processo de combustão supersônica em que a energia liberada na zona inicial de reação propaga-se através do material na forma de uma onda de choque. Esta onda de choque comprime as moléculas do material, elevando sua temperatura até o ponto de ignição. Du Pont ra (1977) definiu os explosivos em função da sua sensibilidade aos estímulos térmicos, em deflagrantes ou baixo explosivos e altos explosivos. pa Os explosivos deflagrantes também chamados baixo explosivos são explosivos que apresentam baixa velocidade (500 a 1000 m/s) tendo uma queima rápida e progressiva, sem produzir intensas ondas de choques. O exemplo mais conhecido é a pólvora negra. Sua iniciação é feita através de choque, fricção, centelha ou fogo. Já os alto explosivos são explosivos que apresentam altas ra velocidades (1500 a 7500 m/s), cuja sua decomposição, por detonação, instantânea, dando características de ação violenta. Um exemplo desse tipo de explosivo é a dinamite, onde sua reação iniciada e mantida pela onde de choque que a provocou. Sua iniciação, necessitar de um impulso de uma detonação primária feita através da espoleta ou cordel detonante. ns Co Existem vários tipos de composição para formação de um artefato explosivo, mas os agentes detonantes de uso mais corriqueiros são os explosivos compostos a nitroclecerina, a base de nitrato de amônia e emulsões. Dentre os explosivos compostos por nitroclicerina, a dinamite é o melhor e o mais conhecido ul exemplo de agente explosivo composto por nitroglicerina. Esse artefato explosivo foi extremante usado no século passado e é ainda utilizado nos dias de hoje em algumas minerações de rochas ornamentais. Outro exemplo desse tipo explosivo é a lama explosiva que é uma pasta fluida ta composta por nitroglicerina e água que apresenta alta densidade, grande plasticidade e uma razão linear de carregamento alta. É usado como carga de fundo, sendo alternado com ANFO em carga de coluna. Com relação aos explosivos a base de nitrato de amônia os exemplos mais conhecidos são os do tipo slurry, os do tipo ANFO e os do tipo pulvurulento. Os do tipo slurry são compostos por uma solução saturada em água com nitrato de amônia, contendo óleos combustíveis em suspensão. 12 Seu estado físico é pastoso. Não contém nitroglicerina e, portanto, não geram nenhum tipo de distúrbio fisiológico em seu manuseio (S.E.I.,1980). Por sua vez, o ANFO se constitui de uma mistura de nitrato de amônia (94%) e óleo diesel (6%). Possui, aproximadamente, 70% da força da nitroglicerina e não apresenta nenhuma resistência à água, devendo ser utilizada em tempo em locais bem secos, além de possuir baixa sensibilidade (Britanite,1980). Por fim, os explosivos pulvurulentos são compostos basicamente por nitrato de amônia, no qual vêm acrescentadas, dependendo do tipo, diversas substâncias combustíveis ou explosivas (ITALESTLOSIVII, 1983). Ob Existe ainda o grupo explosivo formado pela emulsões. Este grupo é considerado como o tipo de explosivo de mais alta aplicação, atualmente. Fazem parte de sua composição nitrato de amônia, produtos aluminizados, óleo diesel etc., que dão uma consistência pastosa à massa explosiva, ra proporcionando o total preenchido dos furos. Devido à sua alta densidade, as emulsões permitem a utilização de malhas alongadas, com um desempenho muito melhor que o de outros tipos de explosivos. Tem uma excelente resistência á água, podendo ser utilizadas na presença destas. pa 5.3 – Características dos explosivos. Os explosivos podem ter diversas características, que de uma forma ou outra, dão uma idéia da ra sua aplicabilidade em determinadas circunstâncias. A seguir serão descritas algumas características básicas dos explosivos, segundo Bacci (2000). ns Co 5.3.1 – Energia de explosão. É uma grandeza deduzida indiretamente, por via teórica, a parti da composição do explosivo, ou medido diretamente por ensaios calorimétricos. É expressa em unidade térmica (calor de expansão) ou mecânica (trabalho de explosão), referente à unidade de massa: MJ/Kg. 5.3.2 – Densidade. ul É a relação entre a massa e o volume de explosivos e é expressa em Kg/m3. Um explosivo com ta densidade mais alta é útil, especialmente, nos furos de pequeno diâmetro, por sua boa concentração, enquanto que um explosivo de densidade baixa pode ser melhor distribuído no maciço rochoso, sendo particularmente indicado nos furos de diâmetro. 13 5.3.3 – Velocidade de detonação. É a indicação, em metros por segundo, da rapidez com que a onda gerada pela detonação se propaga ao longo da coluna de explosivo. Nos explosivos normais, segundo a densidade de carregamento e da eficácia do conteúdo, o valor da velocidade de detonação esta compreendido entre 1800 e 8000 m/s, e esse valor pode ser medido com precisão. Ob Junto com a densidade de carregamento, a velocidade de detonação influencia no rendimento da energia transmitida à rocha. Observa-se que a velocidade dos explosivos detonantes é função de muitos fatores como diâmetro, a densidade, perda de ar e umidade, entre outros. ra 5.3.4 – Pressão específica. Indica uma pressão atingida por uma carga de 1.000 Kg detonada em uma câmara com volume pa de 1m3, admitindo-se que os gases sigam a lei do gás perfeito. O valor da pressão especifica, expresso em MPa, é um dado importante para avaliação da pressão no caso de desmonte controlados. ra 5.3.5 – Sensibilidade. É o índice de capacidade do explosivo de detonar e propagar regularmente a detonação da ns Co própria massa, por efeito de iniciação. É definida através da potencia do detonador que inicia o explosivo. Atualmente, refere-se à escala-Sellier-Bellot que compreende uma série de 10 detonadores, do numero 1 ao 10, aos quais correspondem um peso de carga crescente. Na pratica, todos os explosivos, hoje no mercado, são sensíveis ao detonador número 8, de carga equivalente a 2 g de fulminato de mercúrio (explosivos detonante primário, pólvora branca e cinza, densidade de 4.420 Kg/m3, que explode à temperatura de 165°C). Todavia, para o ANFO, é preferível uma iniciação com o numero 10, que equivalente a uma carga de 3 g de fulminato de ul mercúrio. É importante que os explosivos sejam suficientemente sensíveis para assegura a detonação de ta toda a extensão da carga; no entanto, não devem ser tão sensíveis a ponto de se tomarem perigosas durante o manuseio. A sensibilidade aumenta com diâmetro do explosivo e diminui com seu o tempo de estocagem (Du Pont). 14 5.3.6 – Distância de choque. Corresponde a distancia máxima entre cartuchos (expressa em polegadas), na qual ainda verifica a propagação da detonação de um cartucho para outro (Du Pont, op cit,). É a distancia de transmissão da detonação entre cargas vizinhas, mas não em contato. Para sua Ob avaliação colocam-se, coaxialmente, sobre uma camada de areia dois cartuchos e, por tentativa, procura-se determinar a que distância um cartucho provoca a detonação segura do outro. O valor da distancia de choque depende, também, do diâmetro dos cartuchos. ra A possibilidade de comunicação das cargas à distancias típicas de certos explosivos é uma característica importante, que garante a completa detonação das cargas contidas em um furo, mesmo no caso de os cartuchos não estarem em contato, por erro de carregamento. pa 5.3.7 – Gases gerados na explosão. Os gases que, teoricamente, deveriam se diluir na detonação dos explosivos comerciais são ra dióxidos de carbônico (CO2), nitrogênio (N2) e vapor d’água (H2O), todos não-tóxicos. Na realidade, tal situação ideal não se verifica e, em cada detonação, forma-se monóxido de carbono (CO) e óxido de nitrogênio (NO e NO2) que são substâncias tóxicas. ns Co A natureza é quantidade de gases tóxicos variam por diferentes tipos e espécies de explosivos e até com suas condições de uso. Os trabalhos a céu aberto, o aparecimento de gases, normalmente, não exerce maiores influências; porem, em trabalhos subterrâneos, exige-se especial cuidado na escolha e na quantidade do explosivo, nas condições de detonação e, sobre tudo, na ventilação (Du Pont 1977). 5.3.8 – Resistência à água. ul A resistência à água corresponde a tempo que o explosivo resiste à ação da água, sem perder diferem entre si, de maneira notável, no comportamento e presença de água. ta suas principais propriedades, como força, sensibilidade e etc. (Du Pont op, cit). Os explosivos As dinamites gelatinosas, contendo nitroglicerina, apresentam maior resistência à água, conforme o percentual desse componente, sendo, praticamente, à prova d’água. Assim, em geral, quanto maior for a porcentagem da nitroglicerina (NG) na composição do explosivo, maior será sua resistência à água. Dessa mesma conduta, os explosivos tipo lama (water gel) também possui boa resistência à água. 15 Ao contrário, as dinamites a base de nitrato de amônia (ANFOS), são pouco resistentes à água, pois são facilmente solúveis. Os efeitos da umidade ou da água sobre os explosivos são: diminuição da sua eficiência, perda da sensibilidade e deterioração, quando estocados por muito tempo. No entanto, quando se trabalha a seco, a resistência à água não é significativo. 5.3.9 – Resistências às altas e às baixas temperaturas. Ob Todos os tipos de explosivos podem ser armazenados em depósitos com temperaturas variáveis de -20°C a +50ºC, por longos períodos, podendo ser empregados com temperatura variável de 20ºC a +65ºC. ra 5.3.10 – Resistência à pressão. Os explosivos contendo nitroglicerina não detonam se submetidos à compressão superior a pa determinados valores. Tal situação verifica-se na prática a se utilizar explosivo imerso em água ou lama. O fenômeno será mais evidenciado, quando maiores forem os percentuais de nitroglicerina dos explosivos e quanto maior o tempo de permanência sobre pressão. Estudos mostraram que ra isso não significa em pressões até 0,15 MPa, que podem ser representadas por uma camada de água de cerca de 15m, por um período de 12 horas. 5.3.11 – Exsudação. ns Co Corresponde à segregação dos ingredientes sólidos e líquidos do explosivo, podendo ocorre devido às seguintes causas: longo período de estocagem más condições de aeração durante a estocagem; elevada temperatura; grandes variações na pressão atmosférica; gelatinização defeituosa. Como conseqüência, ocorre na deterioração do explosivo que, nessas condições, toma-se perigoso (Du Pont,1977). ul Segundo Bacci, 2000. “O tipo de explosão deve ser escolhido em função das suas características e do tipo de rocha a ser desmontada. De modo geral, quanto mais dura for a rocha, maior deve ta ser a velocidade de detonação e a força do explosivo, embora alguns estudos mostre que, para rocha muitos fragmentadas, seja preferível uma velocidade de detonação mais baixa. Além disso, quanto maior a densidade do explosivo, maiores serão o afastamento e o espaçamento para uma dada razão de carregamento e, portanto, menor será a quantidade de furos necessário. O diâmetro adequado para o explosivo está relacionado ao diâmetro da perfuração, de forma que o explosivo preencha o furo sem esforço, mais também sem folgar excessiva, pois, quanto mais justo o contato entre o explosivo e a rocha, melhor será sua detonação. 16 5.4 – Explosão e sua dinâmica na rocha. A característica essencial de uma explosão é a de liberar, em um tempo brevíssimo, uma grande quantidade de energia nas formas de onda de choque e gases, à pressão e temperatura muito alta (Berta, 1985). Na rocha, a propagação da energia liberada inicia-se na frente de detonação, através de Ob uma onda de choque que atinge um pico de pressão suficiente para quebra e detonar a rocha ao redor dos furos. A onda de choque age numa determinada área ao redor do furo, denominada zona moída, com raio R que, geralmente, não ultrapassa o diâmetro da carga explosiva, essa dinâmica é representa pela Figura 2. ra ra pa ns Co Figura 2 - Aspecto do Fraturamento e deformação da roca nas proximidades da explosão. Fonte: Berta, 1985. ul Além da zona moída, o pico da pressão cai de forma notável, mas as forças de tração ortogonais à direção da onda de choque mantêm-se suficiente para produzir uma serie de fraturas radiais, ta que corresponde a micro-lesões na rocha. Essas fraturas podem ser observadas que o raio apresentam de 4 a 6 vezes o diâmetro da carga explosiva, na chamada zona de fratura. A etapa é definida como fase dinâmica da detonação (Bacci, 2000). Segundo Bacci (2000) com o aumento da distancia em relação ao ponto de detonação, a onda de choque atravessa a rocha à velocidade do som, sem provocar fraturas e sem ultrapassar seu limite de resistência. O comportamento da onda passa, então, ao campo elástico e as deformações constituem-se em vibrações atenuadas (zona elástica) 17 A onda de choque, ao atingir a superfície livre, representada pela frente da bancada, reflete-se como onda de tração. Se as forças de tração de onda refletida forem superiores á resistência da rocha, são geradas fraturas paralelas à superfície livre e, então, a rocha tende à fratura (Figura 3). ra Ob ra pa ns Co Figura 3 – Fraturas geradas na rocha após a detonação da carga explosiva. Fonte: Berta, 1985 ul As fraturas produzidas pela onda de choque facilitam a penetração dos gases que exercem uma tração ainda maior nas suas paredes, completando o desmonte da rocha. Os gases participam no ta desmonte de rocha (fase quase estática) também provocam fraturas perpendiculares à sua direção de expansão, as quais também contribuem para a fragmentação da rocha (Bacci, 2000). Quando a onda de choque compressiva atinge uma face ou superfície livre, ela se reflete como onda de tração e, para que se verifique o fenômeno de ruptura da rocha por reflexão da onda de choque, sua superfície livre deve estar a uma distância determinada, denominada de afastamento. 18 6 – Vibrações. A vibração é um tipo particular de movimento, caracterizado por deslocamentos repetidos de uma porção de matéria ao redor de uma posição de repouso (Mancini, 1994). As vibrações podem ser presenciadas em varias ocasiões, como por exemplo, um objeto que é arremessado na água de uma lagoa ou qualquer outro corpo hídrico, tendo seu impacto a gera uma frente de onda na Ob superfície ar – água que se propaga, em forma circular, a parti do ponto de impacto. Um outro exemplo é de um navio que navega pelo mar, que quando é atingindo por uma frente de onda, inicia um movimento vertical para cima e para baixo do seu ponto de repouso. Passando essa frente de onda ele volta a sua posição inicial. ra A principal característica das ondas sísmicas geradas nas rochas é que elas são ondas elásticas, enquanto que as ondas na superfície aquosas, como exemplos citados acima, são ondas gravitacionais (Mancini, 1994). pa Os exemplos que foram citados acima podem ser comparados a uma detonação realizada em uma mineração. Por exemplo. O objeto arremessado quando bate na água pode ser comparado ra com a própria “detonação”. Segundo Bacci 2000, para ter um movimento vibratório, são necessárias três condições: um corpo dotado de massa (massa vibratória), um agente perturbado que afasta a massa de sua posição de ns Co equilíbrio (repouso) e uma força recuperadora que a faça retorna à sua posição inicial, quando agente perturbado deixa de atuar. Por exemplo, no desmonte de rocha com uso de explosivo, a massa vibratória corresponde ao maciço rochoso, o agente perturbado é a onda sísmica na forma de vibrações e a força recuperadora é a própria elasticidade do material, que faz retorna à sua forma original. Um corpo elástico é aquele que, submetido a uma determinada força, se deforma (alongando-se ou ul encurtando-se), mas, uma vez lhe retirada à força, retorna à forma e dimensão ortogonais. Para que o corpo seja rompido, é necessária uma força superior à resistência do material a esse tipo de ta solicitação, denominada carga e ruptura (Bacci, 2000). A maioria dos corpos rochosos apresenta uma elasticidade, e o uso de explosivo para sua explotação causam sua ruptura. Portanto qualquer método utilizado para o desmonte de rocha produzirá vibrações e conseqüentemente impactos ao meio ambiente, mesmo que por proporções mínimas. 19 Mesmo que a ruptura não seja atingida, não é possível aplicar a um corpo elástico uma força sem nele produzir vibrações (Mancini, 1994). Portanto, vibrações são, a resposta do maciço a tais perturbações formada pela as detonações dos explosivos, e podem ser quantificadas através das grandezas deslocamento, aceleração, freqüência e velocidade de partícula , assim denominada para diferenciá-la da velocidade de propagação da onda. Dadas as características da fonte, essas vibrações são classificadas como transientes. Ob 6.1 – As grandezas das vibrações. 6.1.1 – Deslocamento. ra O deslocamento de um corpo é definido físicamente como a variação de posição de um móvel dentro de uma trajetória determinada. O deslocamento representa a porção da trajetória pela qual o móvel se deslocou, formando um afastamento; pode ser expresso na forma escalar ou na forma pa vetorial. u = A sen wt (mm, cm ou m). onde: ra u = deslocamento (mm, cm ou m), A = amplitude do movimento (m) “Maximo Afastamento”, W = freqüência angular (rad/s), t = tempo (s). ns Co 6.1.2 – Aceleração. É a razão de aumento na velocidade de vibração da partícula, ou seja, de como ela oscila em torno de sua posição de repouso. a = -Aw2 sen wt (g) onde: A = amplitude do movimento (m), t = tempo (seg). ta w = freqüência angular (rad/seg), ul a = aceleração (g), 20 6.1.3 – Freqüência. É o numero de oscilações que ocorrem durante 1 segundo e tem como unidade Hetz (Hz). f = 1/T = w/2 π (s-1). Onde: f = freqüência (Hz), Ob T = período, w = freqüência angular (rad/s). ra ra pa ns Co Figura 4 - Oscilações harmônicas das ondas sísmicas. Fonte: Persson et al., 1994. ul As detonações com explosivos geram freqüências elevadas e de curta duração. A freqüência levada em considerações na avaliação dos danos gerados é aquela comoscilação de maior amplitude, denominada freqüência principal. ta A freqüência das vibrações depende, fundamentalmente, das características do maciço rochoso e da distância da detonação. Em rochas mais brandas, verificam-se vibrações de baixa freqüência (abaixo de 20 Hz) e em rochas compactas, duras, vibrações de alta freqüência (acima de 40 Hz).As fraturas em geral, falhas ou outras estruturas geológicas, presentes no corpo rochoso explotado, e que estejam localizados na trajetória de propagação das ondas sísmica, podem fornece diversos valores de freqüência. 21 As freqüências analisadas nas detonações realizadas na Pedreira Bangu apresentaram valores aproximados entre 15 a 86 Hz. O US Bureau of Mines admite os seguintes valores: Para terrenos com coberturas dentríticas de grande espessura, a freqüência varia de 4 a 10 Hz; Ob Para terrenos com coberturas dentríticas com espessura média, a freqüência varia de 10 20 Hz e para rochas compactas, de 20 a 80Hz. Um dos maiores problemas da mineração em meio urbanos são os incômodos causados pelas ra vibrações geradas pelos empreendimentos a comunidade vizinha. Velocidade de vibração da partícula e principalmente a freqüência associada podem apresentar um grande perigo as estruturas civis, devido ao fenômeno natural denominado de ressonância. pa A ressonância é quando as freqüências de vibração que atingi uma estrutura qualquer, se coincidiram com a sua freqüência natural, fazendo com quer a estrutura sofra grandes danos ou ate mesmo o seu desabamento. Um exemplo desse caso ocorre nos abalos sísmicos ra (terremotos). Na freqüência ressonante, a vibração das estruturas das residências pode ser amplificada de 2,5 ns Co vezes em relação ao pico de vibração do terreno. Já a vibração das paredes internas das residências pode ser amplificadas de 8 vezes (Siskind e Stagg, 1997). As freqüências naturais dos edifícios convencionais variam entre 4 e 28 Hz, decrescendo com o aumento na altura da estrutura; portanto, as vibrações mais perigosas relacionadas a essas construções serão aquelas com freqüência dentro desse intervalo. As vibrações que apresentam altas freqüências são menos perigosas as edificações. ul ta 22 6.1.4 – Velocidade de Vibração da Partícula. É o deslocamento no tempo durante um movimento vibratório de uma partícula. V = Aw cos wt (mm/s ou cm/s). Onde: V = velocidade (mm/s, ou cm/s), Ob A = amplitude máxima, W = frequencia angular, t = tempo (s). A manifestação física da propagação das ondas sísmicas num meio material é a vibração das ra partículas do terreno no qual as ondas se propagam (IPT, 1988). No entanto, a velocidade de vibração da partícula é diferente da velocidade de propagação da onda sísmica e não deve com esta ser confinada, já que é muito baixa (Bacci, 2000). pa O movimento vibratório das partículas tem características teóricas do movimento harmônico simples. As variáveis do movimento vibratório do terreno estão condicionadas às características das ondas sísmicas que solicitam, dinamicamente, os meios de sua propagação, assim como as ra características e propriedades desse meio (Bacci, 2000). Essa grandeza é a atualmente a mais importante, para medições realizadas nos desmontes de ns Co rocha com uso de explosivos. Já que a sua intensidade pode danificar gravemente uma estrutura. Walter (1997) descreveu a influencia da variação litológica nas produções das vibrações, mostrando como a presença de lentes e camada de matérias dura em conglomerados friáveis provoca um aumento nos níveis de vibração gerado pelo uso de explosivos. O autor descreve a construção de uma vala para implantação de uma comunidade de classe média, onde o meio rochoso escavado é um conglomerado friável que apresenta em seu interior lentes finas, compostas por um material de dureza e competência alta. As ocorrências dessas lentes são variação drástica no nível da vibração registrado quando ele ocorre. ul casuais, abruptas, com maior ou menor transição dentro do conglomerado, o que causa uma ta Durante a escavação do canal, com 7800 m de comprimento e 4 a 6 m de altura, o nível de vibrações estava muito próximo do limite de e segurança, a distancia entre 12 e 18 m das casas. Com essa distancias a carga explosiva máxima por espera usada, deveria ser muito baixas para que as vibrações não ultrapassassem os 50 mm/s limite estabelecido por lei dependendo do valor da Freqüência. Novos cálculos foram feitos e a carga a ser utilizada foi estipulada dentro do limite permitido. 23 Nas primeiras detonações, como já era esperado devido a proximidade das casas, o nível de vibração medido foi superior ao limite admissível (50mm/s). Porém, nos desmontes sucessivos, os valores de vibração baixaram para níveis normais de operação. Entretanto, no decorre do trabalho, observou-se um aumento repentino nos níveis de vibração, sem que fossem alteradas as características do plano de fogo, que é o planejamento da seqüência de detonação de explosivos. Walter analisou todos os fatores envolvidos como: dureza da rocha, possíveis falhas nos disparos, Ob pequeno fraturamento no material desmontado, geologia local etc., depois de varias analises concluiu que as lentes de sílica eram as causadoras do aumento repentino da velocidade, já que as áreas que forneciam altos níveis de vibração coincidiam com aquelas de baixa fragmentação. Para sanar o problema os planos de fogo eram modificados quando durante a perfuração ra encontrassem uma lente de sílica. 6.2 – Tipos de movimento de ondas. pa É a energia liberada na detonação gera um campo de força dinâmica que produzem uma deformação do tipo elástica na rocha, propagando-se na forma de ondas sísmicas (Bacci, 2000). No caso de fontes sísmicas esféricas (como as cargas explosivas) um meio elástico homogêneo ra ideal, o único tipo de movimento gerado é o movimento compressivo, com oscilações das partículas na direção de propagação da onda. Como a detonação de cargas não é perfeitamente esférica, e o meio através do qual as ondas se propagam não é contínuo, homogêneo e (Scott,1996). ns Co isotrópico, não refletindo, portanto, condições ideais,vários tipos de ondas sísmicas são geradas Existem quatro tipos de ondas elásticas possíveis de serem observadas nos ensaios sísmicos. Delas, a onda mais rápida que atravessa a rocha é denominada Primária (onda P, compressional ou longitudinal). Propaga-se em todas as direções, radial ou longitudinalmente a parti de fonte de energia, com compressões e trações orientadas na direção de propagação. Assim, os ul deslocamentos das partículas ocorrem ao longo da direção de propagação (Figura 5). ta 24 Ob Figura 5 - Representação esquemática da onda primária e da movimentação de partículas na sua passagem. ra Paralelamente a onda P, surge uma onda mais lenta, denominada de onda Secundária (onda S, cisalhante ou transversal). São ondas do tipo cisalhante que movimentam as partículas pa perpendicularmente à direção de propagação, nas suas infinitas direções (figura 6) ra ns Co Figura 6 - Representação esquemática da onda secundária e da movimentação da partícula na sua passagem . Fonte: Scott, 1996. ul As ondas P e S são denominadas de ondas de corpo, por apresentarem capacidade de se propagarem na superfície e no interior dos maciços rochosos. Quando essas ondas atingem a ta superfícies, surgem outras formas de ondas, chamadas de superficiais. Essas ondas apresentam um movimento bem diferente das de corpo, tendo grandes amplitudes, baixas freqüências e menores velocidades de propagação. Esse tipo de onda é divida em duas, ondas Rayleigh e Love. As ondas de Rayleigh, ou ondas R, são caracterizadas pelo movimento elíptico retrógrado das partículas num plano da direção de propagação da onda (Figura 7). Essa só tem existência no 25 plano radial vertical, ou seja, não tem componentes transversal num meio perfeito e não precisam de camada para sua existência (Oriard, 1982). ra Ob Figura 7 - Representação esquemática da onda de Rayleigh e da movimentação da partícula na sua passagem. Fonte: Scott, 1996. pa As ondas Love são caracterizadas pelo movimento das partículas num plano tangente à superfície na direção horizontal à direção de propagação; não tem componente vertical de movimento e requerem, pelo menos, uma camada sólida na parte superior do semi-espaço para a sua ra existência (IPT, 1988). Essas ondas podem ser visualizadas na Figura 8, a seguir. ns Co ul Figura 8 - Representação esquamática da onda de Love e da movimentação da partícula na sua passagem. Fonte: Scott, 1996. ta 26 6.3 – Propagação das ondas. Para uma visualização intuitiva do fenômeno de propagação das ondas no terreno, pode se imaginar que, do ponto de vista inicialmente perturbado do corpo (fonte de energia), parta uma ordem ou um sinal que faz entrar em vibrações, sucessivamente, todas as partículas do corpo; a velocidade com a qual a ordem inicial atinge uma partícula depois da outra é a velocidade de Ob propagação da onda no terreno a qual tem valores diversos, dependendo do tipo de material que atravessa. Para ondas elásticas, no geral, os valores são mais elevados quanto mais rígido e mais denso é o ra meio de propagação. Quanto maior a deformação do corpo rochoso, menor é a vibração gerada (Mancini, 1994). As características das vibrações e a propagação das ondas geradas no desmontes de rocha, são pa influenciadas por inúmeros parâmetros, principalmente pela geometria do plano de fogo (espaçamento entre furos, afastamentos, inclinação, profundidade, sub-furação, diâmetro, arranjo dos furos), distribuição da carga explosiva, seqüência de detonação, peso da carga explosiva por ra espera, peso da carga total, tamanho do retardo, distância entre o ponto de observação e o local da detonação, qualidade da propriedade do maciço rochoso na qual a onda se propaga entre outras. ns Co Um extenso estudo sobre as diversas formas de interferências da qualidade geotécnica de maciços, a partir da velocidade de propagação de ondas, foi realizado por Sjogrenn em 1979 e tempos depois em 1991 por Malagutti Filho. Esses autores obtiveram correlações empíricas de velocidade de partícula (Vp) com o Rock Quality Designatation (Designação do índice de Qualidade – RQD), e com o numero de fratura por metros, denominadas com base na observação e cerca de 1700 m de amostra de sondagens mecânicas, executadas em maciços ígneos e metamórficos. As boas correlações médias, obtidas entre a velocidade de propagação, o RQD e o ul número de fraturas por metro, levaram os autores à conclusão de que a velocidade de propagação da onda longitudinal pode ser adequadamente utilizada na previsão do fraturamento projetos, em que não se dispõem de sondagens. ta de maciços rochosos de natureza ígnea e metamórfica, principalmente em fases prévias de 27 6.4 – Reflexão, refração e atenuação das ondas. As leis os princípios válidos para propagação das ondas de luz são aplicadas à propagação das ondas elásticas (lei de Huyghens, Princípio de Fermat, Lei de Snell) ocorrendo fenômenos de reflexão e refração das ondas, tão mais intenso quanto mais nítida a superfície de separação desses meios mais diferentes as suas propriedades mecânicas (Bacci,2000). Ob Na refração a menor densidade do meio refratada desempenha o papel de retardar da velocidade de propagação da frente de onda. Como conseqüência desse fenômeno físico meios com menores densidades e, portanto, com menores impedâncias apresentam maiores amplitudes de ra ondas (IPT, 1988). A impedância do meio é representada pelo produto da sua densidade, e pela velocidade de propagação sísmica. Quando uma onda atravessa um novo meio de propagação com impedância pa diferente do interior, uma fração de energia será refletida e outra fração será transmitida ao meio. Os maciços rochosos não são perfeitamente elásticos, a energia liberada na detonação explosiva, quando transmitida à zona sísmica, é decepada seguindo determinada lei de atenuação, que acontece devido a diminuição de energia emanada da fonte e a perda de energia por calor, em ra virtude do atrito entre partículas, e conseqüências de fenômenos físicos como o movimento dos cristais ou própria visco-elasticidade do meio. ns Co As presenças de uma o mais descontinuidades transversais na trajetória de onda, provoca reflexão e refração, originando novas ondas com características diversas. A descontinuidade mais marcantes de todas é o contato sólido-ar, denominado “superfície livre”, já que o sólido não está confinado pelo material adjacente. A descontinuidade natural mais significativa desse tipo, encontrada na natureza, é a superfície da terra, onde são realizadas as observações das ondas (IPT, 1988). ul ta 28 7 – Aspectos Fisiográficos. 7.1 – Geologia regional. Ocupando uma área de 44.268 km², o Estado do Rio de Janeiro é predominantemente formado de rochas do Pré - Cambriano, sobressaindo-se migmatitos, gnaisses de diversos tipos e harnoquitos Ob subordinamente, além de rochas plutônicas básicas e granitóides. Restritamente ocorrem rochas alcalinas provenientes de um magmatismo cretácico-terciário, depósitos de pequenas bacias terciárias e faixas contínuas correspondentes aos depósitos quaternários de restingas ou fluviais. ra No município do Rio de Janeiro ocorrem regionalmente gnaisses e migmatitos de composições e estruturas variadas, estudados, mapeados e subdivididos em duas séries distintas: a Série inferior, ortognáissica e a Série superior, paragnáissica (Hembold et al). As intrusivas ácidas do município do Rio de Janeiro ocorrem amplamente, sob diversas formas, estruturas e texturas pa (Rubem Porto Jr. & Sergio de Castro Valente, 1988). O Maciço da Pedra Branca, onde está localizado a área, é formado por gnaisses e migmatitos ra encaixantes, com granitóides de várias gerações (Rubem Porto Jr. & Sergio de Castro Valente, 1988) que alguns pesquisadores acreditam gradar de uma composição granodiorítica nas partes centrais, até tipos mais ácidos em direção às bordas norte e sul (Penha, 1984; Penha & Wiedemann, 1984). ns Co Regionalmente as rochas encaixantes são ganisses fortemente bandados, com granulometria média a fina, geralmente escuros ou, no máximo, acinzentados. A petrografia na composição modal varia de granítica a quartzo-diorítica, com textura granular hipidiomórfica e com granulometria média. Os gnaisses graníticos são leucocráticos com foliação denotada por biotitas e também pelo alinhamento dos grãos de microclina e segregação de bandas quartzosas. ul Os gnaisses quartzo-dioríticos são mesocráticos, com bandamento félsico-máfico bem marcado. A banda félsica é caracterizada por plagioclásio, quartzo, biotita e microclina-micropertítica. A banda ta máfica é caracterizada pela presença de hornblenda em cristais médios de hábito tabular, rica em intrusões de apatita, minerais opacos e titanita, mostrando nítida associação com biotita. As diferenças entre as bandas félsicas e máficas se resumem à ausência de feldspato alcalino, a menor quantidade de quartzo e a abundância de hornblenda na banda máfica (Rubem Porto Jr. & Sergio de Castro Valente, 1988). Ocorrem vários granitóides na área, com texturas e estruturas diversas, e que também podem ser distintos no campo por outros critérios. 29 O granitóide de maior distribuição foi denominado de granitóide Pedra Branca (Foto 1), que é uma rocha leucocrática, inequigranular-hipidiomórfica, porfirítica, com granulometria variando de fina a grossa. É caracterizado pela abundância de megacristais de microclina-micropertítica poiquilítica, com granulometria média de 3 cm. A composição média em percentual de volume pode ser expressa por : microclina - 31 %, plagioclásio- 26 %, oligloclásio- 8 %, quartzo- 24 %, biotita- 8% e outros- 3%. Assim, segundo Campo 3B de Streckeisen, 1976, o granitóide pode ser classificado como Monzogranito (Rubem Porto Jr. & Sergio de Castro Valente, 1988). ra Ob ra pa ns Co Foto 1 - Assembléia mineral do Granito Pedra Branca, sob luz polarizada. O outro corpo granítico observado possui caraterísticas muito distintas do Granito Pedra Branca e são intrusões tabulares, discordantes com a foliação gnáissica, e que também cortam o Granito Pedra Branca e os veios aplíticos e pegmatíticos a ele relacionados, sendo, portanto um granito mais jovem, tendo sido denominado de Granito Favela (Pires et alli, op. cit.). Trata-se de uma biotita granito debilmente foliado, leucocrático, com textura inequigranular hipidiomórfica. Sua (Rubem Porto Jr. & Sergio de Castro Valente, 1988). ul mineralogia básica é formada por microclina, ortoclásio, plagioclásio, quartzo, biotita e acessórios ta O Granito Favela, ao contrário do Granito Pedra Branca, não possui, fase aplítica desenvolvida e estruturalmente encontra-se uma orientação linear, preferencialmente planar, de megacristais de microclina que, volumetricamente são bem mais restritos do que aqueles encontrados no outro granitóide (Foto 2). 30 ra Ob pa Foto 2 - Assembléia mineral do Granito Favela, sob luz polarizada. Observa-se a textura granoblástica, mais grosseira do que o Granito Pedra Branca. 7.2 – Geologia Local. ra Como decorrência dos trabalhos geológicos, na escala, 1:1.000, obteve-se a definição das unidades litológicas que compõem o Maciço do Sandá, onde está localizada a pedreira Bangu. Para tal definição foram levados em consideração o conteúdo mineralógico de cada unidade, ns Co idades relativas, trama principal, orientação e geometria das estruturas. A integração das informações obtidas em campo e laboratório (lâminas petrográficas), permitiram então a definição de duas unidades litológicas, sendo estas as rochas encaixantes e as rochas intrusivas. 7.2.1 – Rochas Encaixantes. ul Esta unidade representa quase que a totalidade da reserva da jazida e é composta por ortognaisses migmatíticos que formam a série inferior do município do Rio de Janeiro (Hembold et ali, 1965). Trata-se de uma rocha essencialmente gnaissica, um Biotita Gnaisse, de granulação melanocrático secundariamente. ta variável de média a grosseira, preferencialmente mesocráticas, podendo ocorrer porções Nota-se ainda que esta rocha apresenta um bandamento composicional descontínuo com espessura variando de centimétrico a métrico, gerando uma alternância irregular de níveis félsicos e máficos. Nas porções mais migmatíticas, a rocha apresenta estruturas planares menos marcantes, mostrando áreas de fusão parcial, formando manchas irregulares e veios aplíticos de 31 quartzo e feldspato (neossoma) apagando elementos da trama. Estas regiões mais fundidas são bordejadas por orlas escuras ricas em biotita (melanossoma). Estes restitos máficos, apresentam sua orientação principal bem marcada. Sob luz polarizada, observa-se que esta rocha possui comumente uma textura inequigranular granoblástica nas porções mais félsicas e granolepidoblásticas nas porções mais máficas. A assembléia mineral é dominada microclina, plagioclásio, quartzo e biotita. Apatita, zircão e opacos são acessórios comuns. Os minerais secundários são clorita, sericita, muscovita, carbonato e epidoto. Ob A microclina é micropertítica e poiquilítica, apresenta-se xenomórfica ou subhédrica, e geralmente apresenta a típica geminação in tartan. O plagioclásio é do tipo oligoclásio-andesina e ocorre sob a forma de cristais tabulares, assim como também cristais xenomórficos, mostrando geminação ra polissintética. A alteração mais observada nesses cristais de feldspato são a sericitização, a epidotização, e o aparecimento de carbonatos e muscovita. pa O quartzo ocorre comumente xenomórfico, exibindo efeitos deformacionais variáveis; podem apresentar tanto extinção ondulante como também podem apresentar-se límpidos, de coloração cinza ou amarelada. O quartzo ocorre comumente xenomórfico, exibindo efeitos deformacionais variáveis; podem apresentar tanto extinção ondulante como também podem apresentar-se ra límpidos, de coloração cinza ou amarelada. A biotita apresenta uma orientação preferencial de suas lamelas tabulares e mostram um ns Co pleocroísmo acentuado que varia de amarelo pálido a marrom escuro, exibindo por vezes, uma parcial alteração para clorita. Observa-se ainda neste mineral as inclusões de apatita e zircão. ul ta Foto 3 - Afloramento do Biotita Gnaisse, onde se observa bandamento composicional e boudinagem de foliação 32 ra Ob pa Foto 4 - Assembléia mineral do Biotita Gnaisse, sob luz polarizada, composta por biotita, plagioclásio, quartzo, apatita e zircão. ra ul ns Co ta Foto 5 - Assembléia mineral do Biotita Gnaisse, sob luz polarizada, onde se observa a alteração de biotita para clorita e saussaritização de microclina. 33 ra Ob pa Foto 6 - Assembléia mineral do Biotita Gnaisse, sob luz polarizada, onde se observa microclina micropertítica e germinação in Tartan. 7.2.2 – Rochas Intrusivas. ra As rochas intrusivas observadas se tratam de diabásios e ocorrem sob a forma de diques tabulares verticalizados com espessuras que variam de centimétricas a métricas. ul ns Co ta Foto 7 - Dique de Diabásio. 34 ra Ob Foto 8 - Textura ofititica no Diabásio, observada sob luz polarizada. pa 7.3 – Aspectos Pedológicos. A Região é composta por Litossolos que aparecem nas porções mais elevadas do maciço bem ra como na sua encosta, são rasos pouco desenvolvidos de fertilidade variável e sustentam a cobertura de resquícios de floresta tropical. Junto ao sopé dos morros observam-se Cambissolos, mais desenvolvidos, com maior ns Co profundidade, apresentando os horizontes A e B, apresentando no horizonte B, relevante acumulação de argila (fração 0,002mm), possivelmente translocada por iluviação, apresentando coloração bruno/amarelo/alaranjado. O horizonte B mostra ainda um aparente desenvolvimento de uma seção subsuperficial relativamente compacta, que se apresenta adensada e aparentemente cimentada quando seca, ul constituída predominantemente por quartzo e argila. As planícies próximas apresentam latossolos vermelho/alaranjados e solos podzólicos. São bem drenados e apresentam textura média a argilosa. ta 35 Na região abrangente da pesquisa, o perfil estratigráfico é apresentado a seguir : Horizonte A – 0,20 m Ob Horizonte B – 1,30m- sub-solo amarelo ocre , arenoso pouco intemperizado Horizonte A – 0,20 m ra Figura 9 - Perfil pedológico da área de estudo. pa 7.4 – Fraturas. Na área da cava foram constatados três tipos de fraturas, as naturais, de alívio e fraturas ra formadas pelas detonações. Segundo Bacci, 2000 as fraturas subhorizontais (de alívio) apresenta pouca significância no estudo das vibrações, pois a onda sísmica caminhando paralelamente ao plano de mergulho subhorizontal, não sofre atenuação devido à este sistema, sendo assim não influenciando nas vibração, já as fraturas provocadas pela detonação só tem influencia local, não ns Co tendo um valor significativo para intensificação da vibração. Portanto as fraturas de alívio e as formadas por detonações não foram utilizadas nas analises. As fraturas analisadas foram separadas em duas famílias, a primeira denominada de FB1 apresenta direção nordeste-sudoeste, com mergulho acentuado e segunda denominada de FB2 apresenta direção noroeste-sudeste, com o mergulho também acentuado (Tabela 1). FB1 - ul Família Direção Mergulho Espaçamento (m) 245 80° 5 (o espaçamento aumenta com a ta profundidade) FB2 - 175 82° 5 (o espaçamento aumenta com a profundidade) Tabela 1 - Famílias de fraturas e suas características. 36 7.5 – Caracterização Geomecânica do Maciço Rochoso A seguir será apresentado a classificação geomecanica do maciço rochoso, através do sistema Q de Barton et ali (1994) e do critério do RMR – Rock Mass Rating, proposto por Bieniawiski, Z.T (1989). Ob 7.5.1 – SISTEMA Q Segundo Barton et ali (1994), os parâmetros geomecânicos observados no campo para a classificação do maciço são os seguintes (tabela 2): ra Jv: número de juntas por m³ Jn: índice de diáclases Jr: índice de rugosidade pa Ja: índice de alteração Jw: coeficiente redutor pela presença de água SRF: coeficiente redutor devido às tensões ra RQD: qualidade do maciço rochoso RQD = 115 – 3,3 Jv (RQD = 100 para Jv < 4,5) Q = RQD x Jr x Jw ns Co Jn Ja SRF Os parâmetros Jv, Jn e SRF foram observados no paredão de rocha exposta na atual frente de lavra a céu aberto, o que facilitou muito a observação do tamanho de blocos que as fraturas geram, o número de famílias de fraturas e a avaliação do maciço segundo o zoneamento das fraturas (se há uma ou mais regiões de fraqueza com presença de argila), respectivamente. ul Os parâmetros Jr (a situação do contato entre as faces da descontinuidade), Ja (a alteração do material de contato da descontinuidade) e Jw (a presença de água nas fraturas) puderam ser ta observados nas fraturas acessíveis do maciço já lavrado, nas partes mais elevadas e mais rebaixadas da pedreira. No caso da área em estudo, os valores dos parâmetros foram os seguintes: RQD = 100 (pois Jv < 4,5); Jn = 3,0; Jr = 2,0; Ja = 1,0; Jw = 1,0 e SRF = 2,5 (tabela 2). Q = 100 x 4,0 x 1,0 = 10,0 (bom) 4,0 4,0 2,5 37 ra Ob ra pa ul ns Co ta Tabela 2 - Parâmetros Geomecânicos para Classificação de Maciços Rochosos. Fonte: Barton et al., 1994. 38 7.5.2 – RMR Segundo o critério do RMR – Rock Mass Rating, proposto por Bieniawski, Z.T. (1989) os parâmetros geomecânicos observados no campo e nos resultados dos ensaios para a classificação do maciço são os seguintes: Ob σc: valores de tensão RQD: valores de RQD nos testemunhos de sondagem S: valores de espaçamento das juntas J: valores de condições das juntas ra W: valores para água subterrânea RMR = σc + RQD + S + Jcondition + Water Valor (kg/cm²) pa RMR – Resistência à compressão simples da rocha intacta > 2500 1000-2500 500- 250-500 50-250 10-50 <10 4 2 1 0 1000 15 12 7 ra Ponderação RMR RQD e separação de fraturas 0 1 2 10 11 12 13 14 15 Ponderação 40 34 31 29 28 27 26 25 24 23 22 21 20 19 18 17 Juntas por metro 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 Ponderação 17 16 15 14 14 13 13 12 12 11 11 10 10 9 Juntas por metro 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 Ponderação 9 4 4 8 3 8 4 7 5 6 7 8 9 ns Co Juntas por metro 7 7 6 6 6 5 5 5 9 4 RMR estado das fraturas 1–3m 3 – 10 m 10 – 20 m 20 m Ponderação 6 4 2 1 0 Abertura 0 <0.1 mm 0.1 – 1 mm 1 – 5 mm 5 mm Ponderação 6 5 4 1 0 Rugosidade Muito Rugoso Ligeirament Liso rugoso Ponderação Preenchimento Ponderação e rugoso Espelho de ta <1 ul Resistência falha 6 5 3 1 Não há Duro com Duro com Brando com Brando com espessura espessura espessura espessura < 5 mm > 5 mm < 5 mm > 5 mm 5 4 1 0 6 0 39 Alteração Não afetado Ligeiro Moderado Alto Decomposto 6 5 3 2 0 Ponderação RMR efeito da água Estado Seco Lig. úmido Úmido Pingando Escoamento 15 10 7 4 0 Ponderação Direção perpendicular ao eixo de escavação Ob Direção paralela ao eixo Mergu- da escavação lho de 0°-20° qualquer direção Escavação contra o mergulho mergulho ra Escavação a favor do Mergulho Mergulho Mergulho Mergulho Mergulho 45° - 90° 20° - 45° 45° - 90° 20° - 45° 45° - 90° 20° - 45° Muito favorável Favorável Média Desfavorá Muito Média Média -vel desfavoráve -5 -5 -2 -5 l -10 ra 0 pa Mergulho -12 Tabela 3 - Parâmetros de qualificação do maciço rochoso. Fonte: Bieniawski, 1989. RMR Categoria Estado da ns Co rocha 81-100 I Muito boa 61-80 II 41-60 III Média 21-40 IV Ruim < 20 V Muito ruim Boa Tabela 4 - Categorias do maciço rochoso segundo o índice RMR. Fonte: Bieniawski, 1989. ul Como não dispomos do testemunho de sondagem para o cálculo do RQD, utilizaremos o valor da ta classificação de Barton (RQD = 100). O valor da resistência a compressão uniaxial simples, fornecido pela empresa foi de 2585,7 kgf/cm², que na ponderação corresponde ao valor 12. O RQD adotado a partir dos parâmetros de Barton corresponde ao valor 1, cuja ponderação corresponde ao número 34. A influência da água no maciço foi avaliada como pingando, correspondendo ao número 4 na ponderação. 40 As condições das fraturas corresponderam aos seguintes valores: espaçamento de 1-3 m; abertura de 1 a 5 mm; ligeiramente rugosas; sem preenchimento, com, alteração ligeira. O somatório das ponderações corresponde aos seguintes valores respectivamente: 4 + 1 + 3 + 6 + 5 = 19 (S + Jcondition) O resultado para o maciço em estudo é de: Ob RMR = 15 + 29 + 19 + 10 = 73 (Categoria II – Boa) Os valores encontrados são característicos de rochas competentes, consideradas boas em termos de estabilidade. ra ra pa ul ns Co ta 41 8 - Principais Normas e Aplicações ao Desmonte de Rocha com Uso de Explosivos. Todas as atividades mineradoras ou ate mesmo de construção civil que se utiliza de explosivos, são controladas por normas técnicas, que determinam não só o valor limite de vibração e ruídos das sobpressões, mas também os danos estruturais a edificações vizinhas. Ob Segundo Bacci, algumas normas existentes foram elaboradas com base em dados experimentais, analisando parâmetros como o tipo de construção e o material utilizado, outras se basearam apenas em valores empíricos, mas todas elas apresentam valores conservativos. ra A seguir serão apresentadas às compilações de três normas importantes apresentadas no trabalho de Bacci, 2003, e são elas: a Alemã, por ser considerada a mais completa e por ter sido referencia para elaboração de outras normas, a Americana, porque é utilizada em quase todo pa continente americano e também devido ela ser base para os valores registrados pelos aparelhos sismográficos usado neste trabalho e por fim, a Brasileira que é usada no território nacional. ra 8.1 – A Norma Alemã (DIN 4150). Antes dos anos 80, vigoravam duas normas distintas na Alemanha, até então dividida. Na Alemanha Oriental, a recomendação vigente considerava dois parâmetros: a tipologia estrutural ns Co do edifício submetido aos efeitos da vibração, subdividido em quatro classes distintas, e a freqüência característica do fenômeno vibratório, enquanto que, na Alemanha Ocidental, admitiam-se diferentes freqüências em função da tipologia estrutural do edifício, tomando como referência apenas a componente vertical da velocidade de vibração da partícula (Vp). Com o decorrer dos anos, e após a unificação das duas Alemanhas em 1989, a Norma DIN 4150 (1986) foi adotada como norma-padrão e tem sido atualizada desde então. Ela fornece os valores ul limites de velocidade de vibração de partícula em mm/s, considerando o tipo de estrutura civil e o intervalo de freqüência em Hz, os quais demonstram estarem os edifícios fora de risco de danos. As três classes de edifício definidas pela norma são: b) Habitações. c) Monumentos e construções delicadas. ta a) Edifícios estruturais. As freqüências são analisadas em três intervalos, ou seja, valores menores que 10Hz, valores entre 10-50Hz e valores entre 50-100Hz. A norma prevê que, para freqüências acima de 100Hz, a estrutura suporta níveis altos de vibração. Os valores de velocidade de vibração de partícula 42 definidos variam de 3mm/s, no caso de monumentos e construções delicadas com freqüência inferior à 10Hz, até 50mm/s, no caso de estruturas industriais com freqüência entre 50 -100Hz. Na avaliação dos danos estruturais causados pelas vibrações do terreno, os valores-limites de Vp admitidos para diversos tipos de construções, em função da freqüência, são apresentados na Tabela 5. Valores de freqüências acima de 100Hz podem ser aceitos nas partes mais altas dos edifícios. Outros valores, medidos abaixo dos limites especificados anteriormente, são considerados não danosos à estrutura civil. Ob Essa norma é aceita em toda comunidade européia como norma-padrão. Muitos países europeus desenvolveram suas próprias normas, baseando-as na DIN 4150 ou relacionando-as a ela. ra ra pa ns Co Tabela 5 - Valores admitidos pela norma alemã DIN 4150 para danos em edifícios. Fonte: Bacci, 2000, adaptado de Berta, 1985. ul 8.2 – Norma Norte-Americana - USBM (RI 8507) e OSMRE. ta O Bureau of Mines americano sempre se destacou como pioneiro nos estudos das vibrações, tendo como preocupação o estabelecimento de um limite de segurança que não causasse danos estruturais em construções civis. A maioria dos seus trabalhos correlaciona os parâmetros deslocamento, freqüência, velocidade máxima de partícula e distância segura com a energia liberada na detonação. 43 Duvall e Fogelson (1962) concluíram que danos em residências são propocionais à velocidade de vibração de partícula e que danos maiores (queda de reboco ou rachaduras) podem ser esperados a partir de Vp de 190mm/s (7,6pol/s). Já danos menores (trincas no reboco, abertura de rachaduras preexistentes) podem ser esperados a partir de Vp de 140mm/s (5,6pol/s) e que 50mm/s (2,0pol/s) representa um valor razoável de separação entre zona de segurança e uma zona de prováveis danos. Ob O Boletim 656, publicado pelo Bureau of Mines em 1971, intitulado "Blasting Vibrations and Their Effects of Structures", propôs uma velocidade máxima de partícula de 50mm/s (2,0pol/s) como o nível de segurança para as construções civis. A probabilidade de danos a uma estrutura residencial varia conforme aumenta ou diminui, em proporção, o nível de vibração acima ou ra abaixo de 50mm/s. O critério atual de danos desenvolvido pelo United States Bureau of Mines (USBM) baseia-se nas pesquisas realizadas em minerações a céu aberto e publicadas em 1980 no Report of pa Investigation RI 8507, intitulado "Structure Response & Damage Produced by Ground Vibration from Surface Mine Blasting" (Siskind et al., 1980). Nesse trabalho, foi constatado que existe um sério problema com a ressonância estrutural, originada em resposta à vibração de baixa ra freqüência propagada no terreno, apresentando como resultado aumentos em deslocamentos e deformações, o que veio reforçar a idéia de que danos podem ser ocasionados pela freqüência. Os limites de danos adotados no RI 8507 foram definidos para "danos domésticos do tipo mais ns Co superficial", ou seja, fissuras internas que se desenvolvem em todas as residências, independentemente das vibrações geradas pela detonação de explosivos. Os níveis de vibração de partícula seguros foram definidos como "níveis com improbabilidade de produzir fissuras no interior de residências ou quaisquer outros danos". Esses níveis são apresentados na Tabela 6 e são definidos como limites conservativos. Os valores foram muito criticados pela indústria das pedreiras por serem considerados desfavoráveis à produção. ul ta 44 Ob ra Tabela 6 - Níveis seguros de velocidades de vibração da partícula para estruturas civis. Fonte: Bacci, 2000, adaptado de Siskind et al., 1980. O United States Bureau of Mines (USBM) e o Office for Surface Mining Reclamation pa (OSRME) estabeleceram dois critérios para o controle dos danos provocados pelas vibrações no terreno. Os dois critérios, mostrados na Figura 10, constituem uma referência de velocidade máxima de vibração de partícula (Vp) em função da freqüência. ra ul ns Co ta Figura 10 - Diagrama representando os limites de Vp e de deslocamento, sugeridos pelo USBM e OSMRE, medidos em mm/s e mm, respectivamente, em função da freqüência, em Hz. A linha tracejada, em baixo, refere-se aos valores propostos pelo USBM para paredes rebocadas. Fonte: Bacci, 2000, modificado de Berta, 1985. 45 8.3. Norma Brasileira (NBR 9653) - Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) Publicada inicialmente em 1986, a norma brasileira NBR 9653, foi concebida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas a partir do monitoramento da vibração produzida pelos desmontes de rocha com uso de explosivos em pedreiras operando junto à periferia das grandes concentrações urbanas, sendo coletados dados para estudo desde a década de 70. Todos os dados foram tratados estatisticamente com os seguintes objetivos: Caracterizar as operações médias de operação das pedreiras, que correspondam às condições econômicas favoráveis, já que não houve nenhum condicionamento contrário a economicidade, por ocasião das medidas realizadas. Caracterizar o nível de vibrações correspondentes àquelas condições econômicas de operação. ra Ob Observando-se as correlações existentes entre as variáveis envolvidas no fenômeno: Carga máxima por espera (Q) e Distância (D), variáveis independentes, com a variável dependente Velocidade da partícula (Vp), observada ou medida nos trabalhos realizados, obteve-se: - ra pa No caso geral (227 medições) para todos os tipos de rochas estudados (gnaisse, granito, calcário e basalto), não foram observados valores de vibração da partícula (Vp) superiores a 15mm/s, a partir de 200 metros das detonações; Para faixas de valores de (D) inferiores a 200 metros, sugeriu-se limites de uso de carga máxima por espera (Q), de modo a não exceder os valores de velocidade de vibração da partícula em 15mm/s, ou seja: para 140< D <200 , (Q) <100 Kg/espera para 40< D <140, (Q) <30 Kg/espera ns Co Com base nos estudos realizados a CE-18.205.02 redigiu e aprovou a norma NBR 9653, estabelecendo, como limite máximo de vibração admissível nos arredores das áreas de pedreiras a (Vp) de 15 mm/s. Esta norma estabelece ainda que não devem ocorrer de forma alguma, ultralançamentos de fragmentos e sobrepressões atmosféricas excessivas. A velocidade resultante da partícula deve ser calculada com base na seguinte fórmula: Vr = [ (VL)2 + (VT)2 + (VV)2 ]1/2 Onde: ul VR = Velocidade resultante de vibração da partícula, em mm/s VL = Velocidade de vibração na direção longitudinal, em mm/s VT = Velocidade de vibração na direção transversal, em mm/s VV = Velocidade de vibração na direção vertical, em mm/s ta Sendo as velocidades medidas de zero até o pico, e as três direções definidas em relação à reta que passa pelo ponto da detonação e pelo ponto da medição, não devendo ultrapassar 15 mm/s. A norma também define o nível de pressão acústica, medido além da área de operação, não devendo ultrapassar o valor de 134 dBL pico. Em sua primeira edição (1986), a norma brasileira não tratava da frequência dos fenômenos vibratórios, nem determinava os tipos de edificações afetadas pelas vibrações. No entanto, a partir de 31 de outubro de 2005, uma nova edição, revisada e atualizada, substituiu a primeira. 46 A principal alteração é que a nova versão avalia os riscos de ocorrência de danos induzidos por vibrações do terreno levando-se em consideração a magnitude e a freqüência de vibração de partícula. Os limites para velocidade de vibração de partícula pico acima dos quais podem ocorrer danos induzidos por vibrações do terreno são apresentados numericamente na tabela 7 e graficamente na Figura 11. Faixa de freqüência Limite de velocidade de vibração de partícula de pico 4 Hz a 15 Hz Iniciando em 15 mm/s, aumenta linearmente até 20 mm/s 15 Hz a 40 Hz Acima de 20 mm/s, aumenta linearmente até 50 mm/s Ob Acima de 40 Hz 50 mm/s Nota: Para valores de freqüência abaixo de 4 Hz, deve ser utilizado como limite o critério de deslocamento de partícula de pico de no máximo 0,6 mm (de zero a pico). Tabela 7: Limites de velocidade de vibração de partícula de pico por faixas de freqüência (valores de referência válidos a partir de 31 de outubro de 2005). ra ra pa ns Co Figura 11: Representação gráfica dos limites de velocidade de vibração de partícula de pico por faixas de freqüência (válidos a partir de 31 de outubro de 2005). ul ta 47 9 - Obtenções e Tratamento de Dados As medições das vibrações e sobrepressões atmosféricas geradas pelo desmonte de rocha nas minerações e em construções civis, principalmente em áreas urbanas, tem como objetivo monitorar e controlar o efeito das vibrações nas estruturas, o grau de perturbação nas pessoas e a variação das ondas de choque em relação à localização dos pontos de medição. Ob Atualmente existem vários tipos de sismógrafos no mercado, uns são usados para pesquisas e coletas de dados das estruturas geológicas e outros para controlar os efeitos das vibrações no desmonte da rocha. Para tipo de pesquisa como o deste trabalho o instrumento de medição mais utilizado é o ra sismógrafo de engenharia, que tem por objetivo registra os valores produzidos pelas vibrações no terreno e à sobrepressão atmosférica. 9. 1 - Sismógrafo Utilizado neste estudo pa O sismógrafo de engenharia recebeu essa denominação para diferenciá-lo dos sismograficos utilizada na sismologia para medições da sismocidade natural ou induzida (Bacci, 2000). Esse equipamento registra eventos gerados pelas detonações nas rochas realizada nas minerações, ra bem como as medições das vibrações nas estruturas civis, sobrepressões atmosférica produzidas pela detonação de explosivos e as perturbações causadas nos seres humanos. Neste estudo foi utilizado um mini-sismógrafo, modelo MineMate Plus (Foto 9) fabricado pela ns Co empresa canadense Instantel, que foi escolhido devido ao seu fácil manuseio e praticidade para o seu deslocamento de um ponto para outro. Este aparelho registra velocidade, freqüência e sobrepressão atmosférica e calcula a aceleração e o deslocamento da partícula. ul ta Foto 9 – Sismógrafo de engenharia – MineMate Plus 48 O MineMate Plus é um equipamento composto de um corpo receptor de dimensão 81 mm x 91 mm x 160 mm e peso de 1,4 Kg, 1 Geofone externo com canais de registro sísmico dispostos ortogonalmente e um 1 microfone (canal de ar), também externo para registrar a sobrepressão atmosférica, captando e processando os sinais recebidos. Abaixo são apresentadas as características do sismógrafo citado: Ob - velocidade: limites de 0, 127 mm/s a 254 mm/s; - aceleração e deslocamento: calculados usando o sismograma e não os valores de pico; - disparo: a parti de 0, 127 mm/s de 0,01 em 0,01 mm até 254 mm/s; ra - tipos de registro: velocidade, aceleração, deslocamento, freqüência e sobrepressão; - registros por segundo: 1.024 vezes por canal; - canais: 3 sísmicos e 1 de ar; - tempo de registro: automático (até o final do evento) ou manual (até 10 segundos); pa - capacidade de memória RAM: 1mega (300 eventos); - reposta de freqüência: 2 a 300 HZ - 6 módulos de registro: tiro simples, contínuo, histograma, manual, programado e - calibração: anual; ra automático; - bateria: até 10 dias contínuos; - microfone linear: limites de 88 – 148 dB (550Pa) e resolução de 0,1dB (0,25 Pa) acima ns Co de 120 dB; disparo: de 100-148dB de 1 em 1 dB. O sismógrafo só calcula a freqüência abaixo de 100 Hz, devido ao alto nível de erro para medições de 1.024 vezes por minuto. Quando ocorre a freqüência acima de 100 Hz, o aparelho fornece a mensagem “No Aplicavel”. Este instrumento registra os dados imediatamente, dando o valor calculado como, a velocidade de ul vibração da partícula (Vp), freqüência e aceleração, captadas pelo geofone e a sobrepressão atmosférica pelo microfone. Já no laboratório os registros do evento são mais completos, onde Waveforms, Frequency Spectrum e Event Report. ta incluí analise de espectro de freqüência, ilustrados através dos Event Summary Sheet, Event No laboratório são analisados os registros na memória do sismógrafo, parti do computador que utiliza o programa Instantel DS-577 Analizer, onde apresenta: 49 - vista completa ou expandida dos espectros; - observação total de amplitude em função temporal; - sumário da detonação; - conjunto de parâmetros para arquivo; - análise de freqüência - controle remoto total das funções sismografias; e - gráficos da velocidade de partícula versus freqüência, segundo critério USBM RI8507/OSMRE Ob (para danos em construções civis). 9.2 - Componentes do Sismógrafo ra 9.2.1 - Sensores (geofones) pa O MineMate Plus possui um sensor de velocidade e quatro canais e registro, sendo o sensor um geofone do tipo triaxial e o microfone (canal de ar) é linear. O geofone e o microfone são peças externas do aparelho. ra O geofone é composto por uma aspiral de ferro suspenso em torno de uma bobina magnética. Este bobina é livre para mover-se dentro do campo magnético (Bacci, 2000). Na detonação a bobina se movimenta devido à onda de choque, porque o gefone fica diretamente em contato com terreno através de três pinos enterrado no solo ou fixado por gesso quando no caso é colocado ns Co numa estrutura de concreto. Na detonação a bobina se movimenta e o espiral não, devido à inércia do espiral se forma um campo magnético que induz uma força eletromotriz proporcional à velocidade de vibração da partícula, onde gerará um dado (Figura 12). ul ta Figura 12 - Geofone. Fonte : Manual da Instantel 50 9.2.2 - Cabos de Transmissão O cabo de transmissão conectar o geofone e o microfone ao corpo do sismógrafo, onde envia os dados para ser processados. 9.2.3 – Receptor Ob É o corpo do sismógrafo que tem a função de receber, processar e registrar as informações enviadas pelo sensor. ra 9.2.4 - Coleta de dados e monitoramento As coletas das informações foram feitas nos monitoramentos sismograficos dos desmontes de rochas com uso de explosivos realizado na Pedreira Bangu. pa Foram realizados no ano de 2009, oito monitoramentos que procuraram cobrir todas as áreas importantes nas frentes de lavras detonadas deste ano. Os pontos de coletas foram determinados pelo Blaster responsável e o estudante realizado desta pesquisa, tendo como base os pontos que ra apresentavam maiores reclamação por parte da população vizinha e das áreas com uma geologia favorável para sismos de intensidade elevada. ul ns Co ta 51 10 – Apresentações dos dados obtidos. Foram realizados oito monitoramentos durante esse trabalho, sendo escolhido como ponto de monitoramento, locais dentro da própria pedreira e ruas vizinhas (Figura 13) tendo como objetivo obter valores sobre velocidade de partícula e sua freqüência associada. ra Ob ra pa ns Co Figura 13 – Pontos de monitoramentos e da detonação O levantamento das fraturas na área I (retângulo vermelho), área II (retângulo azul) e área III (retângulo amarelo) visto na figura 13 foi realizada com o auxilio de uma bússola tipo CLAR para medir a direção e mergulho das fraturas, tendo como objetivo principal correlacionar suas direções preferenciais de ocorrência, nas três áreas mencionadas acima, com as velocidades de vibração padrão de fraturamento local. ul da partícula a fim de estabelecer uma relação entre propagação e atenuação das vibrações e o ta A direção preferencial das fraturas foi determinada com o uso de diagramas de contagens, confeccionados paras três áreas de desmonte realizado no ano de 2009. Os diagramas estão representados na Figura 14, 15 e 16 52 Ob Figura 14 - Diagrama de contagem representando as famílias da Área I ra ra pa Figura 15 - Diagrama de contagem representando as famílias da Área II ul ns Co ta Figura 16 - Diagrama de contagem representando as famílias da Área III 53 Duas famílias de fraturas podem ser interpretadas pelo diagrama, a primeira denominada de FB1 com direção preferências nordeste – sudoeste se apresenta em grande quantidade na área I, II e com menor quantidade na área III, já a segunda família com direção preferência noroeste – sudeste pode ser observada nas três áreas, mas com uma quantidade menor em relação a primeira família. A parti destas analise foi elaborado a tabela 8 que mostra as relações das detonações com as Ob direções preferenciais das fraturas, envolvendo a direção média de propagação, relação espaciais com o fraturamento, distancia da bancada com o fraturamento, velocidade de pico e a freqüência associada. ra Direção Média de Propagação I Norte Relações espaciais com o fraturamento pa Detonação Distancia da Bancada com ponto de monitoramento (m) 347 Vp pico (mm/s) Freqüência (Hz) ra Oblíqua à FB1 1,25 51 e Perpendicular FB2 II Noroeste Perpendicular à 140 16,03 85 FB1 e Paralela à FB2 III Leste Oblíqua à FB1 305 2.22 8.1 e Perpendicular à FB2 IV Nordeste Paralela à FB1 398 1,36 47 e Perpendicular FB2 V Noroeste Perpendicular à 383 3,52 61 FB1 e Oblíqua à FB2 VI Nordeste Paralela à FB1 398 1,46 47 e Perpendicular FB2 VII Nordeste Paralela à FB1 290 1,02 34 e Perpendicular FB2 VIII Nordeste Paralela à FB1 182 4.06 57 e Perpendicular FB2 Tabela 8 – relações das detonações com as direções preferenciais das fraturas ul ns Co ta 54 11 – Conclusões A tabela 8 mostra que quando a propagação da onda é perpendicular à família de fratura FB1, a velocidade da partícula do terreno aumenta muito em relação de quando a propagação da onda é paralela a essa família. Ob Já a família de fratura FB2, independente da direção de propagação, influencia muito pouco na velocidade da partícula no terreno podendo ser associada a sua menor quantidade em relação à família de fratura FB1. ra Portanto se conclui que a grande quantidade de fraturas com direção perpendicular a propagação da onde de choque, influência significativamente no aumento da vibração que consequentemente gerará maior incomodo a moradores vizinhos ao empreendimento. ra pa ul ns Co ta 55 12 – Bibliografias BACCI, D. C. 2000 Vibrações geradas pelo uso de explosivos no desmonte de rochas : Avaliações dos parâmetros físicos do terreno e dos efeitos ambientais. Universidade Estadual Paulista. Tese de doutorado. BARTON, N.R. Review of a new shear strength criterion for rock joints. Engineering Geology, 7, 287-332, 1973 Ob BARTON, N.R. The shear strength of rock and rock joints. International Journal Mechanics Mining Science & Geomechanics Abstracts, 10 (10) 1-24, 1976. 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