HIPERTENSÃO GESTACIONAL: USO DE MEDICAMENTOS E FATORES DE RISCO Osvaldo Silva de Oliveira* RESUMO Tema: Revisão sistemática de literatura sobre a relação do uso de medicamentos e fatores de risco relativos à hipertensão gestacional. Objetivos: Apresentar um consolidado sobre a relação do uso de medicamentos e os fatores de risco relativos à hipertensão gestacional. Metodologia: O procedimento metodológico utilizado para dar embasamento a este artigo científico é exclusivamente o da pesquisa bibliográfica. Este consiste numa pesquisa sistemática de literatura, de caráter qualitativo, tendo como principal objetivo avaliar os riscos da hipertensão em gestantes. Abordagem geral: A hipertensão gestacional (Síndromes Hipertensivas Gestacionais – SHG) é uma das causas mais freqüentes de morte materna. Esta doença está associada desde a discreta elevação dos níveis pressóricos até a hipertensão grave com disfunção de vários órgãos, onde são caracterizados por níveis pressóricos sistólicos iguais ou superiores a 140 mmHg e diastólicas iguais ou superiores a 90 mmHg. Pode ser classificada em hipertensão arterial crônica (HC), hipertensão crônica sobreposta à pré-eclampsia, hipertensão gestacional (HG), pré-eclâmpsia (PE) e eclâmpsia (E). O tratamento desse distúrbio é realizado com o uso de hidralazina e metildopa, relaxando a musculatura lisa das arteríolas periféricas e reduzindo a resistência vascular. Palavras-chave: Hipertensão. Gestação. Medicamentos. Fatores de risco. *Farmacêutico-Bioquímico formado pela Universidade Federal da Bahia. Universidade Castelo Branco Atualiza E-mail: [email protected] 2 1 INTRODUÇÃO O presente artigo tem como tema uma revisão sistemática de literatura sobre a relação do uso de medicamentos e fatores de risco relativos à hipertensão gestacional. Sendo a justificativa para a realização deste estudo é que a hipertensão é dos maiores problemas durante a gestação, causa das maiores complicações médicas nesta condição (CECATI, 1998; TANAKA, 1999). Está caracterizada pelo aumento dos níveis pressóricos sistólicos iguais ou superiores a 140 mmHg e diastólicas iguais ou superiores a 90 mmHg, associando desde a discreta elevação dos níveis pressóricos até a hipertensão grave com disfunção de vários órgãos (BEZERRA, 2005; TAN, 1998). Este estudo tem o objetivo de apresentar um consolidado sobre a relação do uso de medicamentos e os fatores de risco relativos à hipertensão gestacional. Avaliando o uso de medicamentos anti-hipertensivos em gestantes e analisando os fatores de risco da hipertensão durante a gravidez para a mãe e para o feto. Esse tipo de doença pode ser diferenciado em hipertensão já existente antes da gravidez e a que surge com a gravidez. Na primeira, o aumento da pressão arterial é devido ao próprio aspecto fisiopatológico da doença; já na segunda, é conseqüência da má adaptação do organismo da mãe à gestação (BEZERRA, 2005; PERAÇOLI, 2005). Essas síndromes hipertensivas na gestação podem ser classificadas em hipertensão arterial crônica (de qualquer origem, quando já está presente antes da gestação, diagnosticada até a vigésima semana ou perdura por mais de 12 semanas após o parto), hipertensão crônica superajuntada à pré-eclampsia (surgimento de proteinúria ≥ 300 mg/ 24 horas em paciente hipertensa que não apresentava proteinúria antes de 20 semanas de gestação ou aumento importante da proteinúria, pressão arterial ou plaquetas < 100.000/mm3 em gestante hipertensa com proteinúria presente antes de 20 semanas de gestação), hipertensão gestacional (pressão arterial alterada após a vigésima semana de gestação e costuma desaparecer até dez dias após o parto, não associado à proteinúria), pré-eclâmpsia (semelhante a HG, associada com proteinúria superior a 300 mg/ 24 horas) e eclâmpsia (distúrbio hipertensivo associado a episódios de convulsão) (OLIVEIRA, 2006). 3 As drogas mais comumente usadas como anti-hipertensivos durante a gestação são a hidralazina e a metildopa, que promovem o relaxamento do músculo liso das arteríolas periféricas e a redução da resistência vascular. O tratamento da PE consiste na redução da pressão sanguínea materna e aumento do fluxo sanguíneo placentário (FERRÃO, 2006). O uso de medicamentos deve ser monitorado, pois podem trazer problemas para a mãe e para o feto. Os Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina (IECA) determinam insuficiência renal fetal e neonatal com morte do concepto; os beta-adrenérgicos podem causar crescimento intra-uterino restrito. Assim como vários outros podem causar reações indesejadas (REZENDE, 2006). 2 METODOLOGIA O procedimento metodológico utilizado para dar embasamento a este artigo científico foi exclusivamente o da pesquisa bibliográfica (GIL, 1996). Este consistiu numa pesquisa sistemática de literatura, de caráter qualitativo, tendo como principal objetivo avaliar os riscos da hipertensão em gestantes. A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas (GIL, 1996). A coleta dos dados foi iniciada em outubro de 2009 e foi até outubro de 2010, através da busca em revistas científicas, trabalhos acadêmicos e livros-texto, assim como em sites da internet, tais como Scielo, Bireme, Lilacs, Medline, CAPES, entre outros. A pesquisa foi realizada através de dados provenientes de estudos e trabalhos científicos relacionados ao tema, minuciosamente selecionados para responderem à questão investigada por esta pesquisa. Os resultados dos trabalhos analisados foram apresentados. As palavraschave que foram parte da busca são: hipertensão, gestação, medicamentos, fatores de risco. 4 3 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A HIPERTENSÃO GESTACIONAL 3.1 DEFINIÇÃO DE HIPERTENSÃO GESTACIONAL A hipertensão arterial existe quando a pressão sistólica está maior ou igual a 140 mmHg e a diastólica maior ou igual a 90 mmHg, medidas em duas ocasiões com 4 horas de intervalo. Quando esse distúrbio está associado à gravidez é mais complicado e os riscos para a gestante e o feto são enormes, sendo uma das maiores causas de complicações médicas nesta condição (REZENDE, 2006). Em pacientes abaixo de 18 anos esses níveis pressóricos podem ser menores, daí a necessidade de um monitoramento maior (SIBAI, 2002). 3.2 CLASSIFICAÇÃO DE HIPERTENSÃO GESTACIONAL É necessário distinguir se a doença é pré-existente ou se surgiu com a gravidez. A hipertensão crônica pode ser pré-existente, quando diagnostica antes de 20 semanas de gestação ou quando permanece presente após 12 semanas do parto e está relacionado ao próprio aspecto fisiopatológico da doença. Já a hipertensão gestacional, a pré-eclâmpsia, eclâmpsia são adquiridos com a condição gestacional e é conseqüência da falta de adaptação do organismo da mãe à gestação, surgindo após a vigésima semana e desaparecendo até 12 semanas do parto. Os piores resultados maternos e perinatais estão associados à pré-eclâmpsia isolada ou quando está sobreposta a hipertensão crônica pré-existente, onde pode levar à lesão de vários órgãos e sistemas maternos, principalmente os sistemas vascular, hepático, renal e cerebral (BEZERRA, 2005; PERAÇOLI, 2005). A hipertensão crônica pode ser classificada em hipertensão primária ou essencial (mais comum), ou em secundária (em 10% dos casos), levando em consideração a sua etiologia; e, de acordo com níveis pressóricos, em leve e grave (pressão arterial maior ou igual a 160/110 mmHg). E de acordo com essa classificação é que vai poder identificar o menor ou maior risco para a paciente durante a gestação e orientar qual será a melhor conduta. O baixo risco vai estar associado à hipertensão essencial controlada, em que vai apresentar um risco de PE sobreposta em torno de 10-25%, risco de descolamento prematuro de placenta (DPP) (0,7-1,5%), 5 ocorrência de prematuridade (33,3%) e baixo peso ao nascer (11,1%). Já o alto risco vai estar associado à hipertensão essencial descontrolada ou secundária, ocorrendo um risco de apresentar lesão em órgão alvo, risco de PE em torno de 50%, risco de DPP (5-10%), ocorrência de prematuridade (62-70%), baixo peso ao nascer (31-40%) e a possibilidades de complicações clínicas graves (edema agudo de pulmão, encefalopatia hipertensiva, hemorragia cerebral, insuficiência renal) (SIBAI, 2002). A hipertensão gestacional está associada a aumento da pressão arterial sem a presença de proteinúria; a pré-eclâmpsia apresenta as mesmas características, mas com a presença de proteinúria acima de 300 mg/ 24 horas; a eclâmpsia está associado também com distúrbios do sistema nervoso central e presença de convulsões; e a hipertensão crônica superajuntada à préeclampsia é quando há o aparecimento de proteinúria ≥ 300 mg/ 24 horas em paciente hipertensa que não apresentava proteinúria antes de 20 semanas de gestação ou aumento importante da proteinúria, pressão arterial ou plaquetas < 100.000/mm3 em gestante hipertensa com proteinúria presente antes de 20 semanas de gestação (OLIVEIRA, 2006). A pré-eclâmpsia pode ser definida como leve ou grave. A primeira apresenta com proteinúria acima de 300 mg até 2 g em 24 horas e pressão arterial até 160/ 110 mmHg. Já a segunda é a de maior preocupação, pois está associado a proteinúria acima de 5 g/ 24 horas, pressão arterial acima de 160/ 110 mmHg, creatinina sérica acima de 1,2 mg/dL, oligúria, anasarca, cefaléia persistente e/ ou dor epigástrica e/ ou distúrbios visuais, mudança de humor, sinais de insuficiência cardíaca aparente, sinais premonitórios de eclâmpsia e síndrome de HELLP (PERAÇOLI, 2005). Síndrome de HELLP é uma complicação grave que pode causar hemólise (anemia hemolítica microangiopática), enzimas hepáticas aumentadas (TGO, TGP, LDH), plaquetopênia (plaquetas abaixo de 100.000/mm3), crescimento intra-uterino retardado. Em algumas gestantes podem surgir apenas uma ou duas destas características da doença, quando isso ocorre é chamado de Síndrome de HELLP parcial. É uma doença difícil de ser diagnosticada, pois seus sintomas são inespecíficos, já que podem ser confundidos com uma síndrome viral, podem apresentar dor epigástrica, mal estar geral, náuseas, vômitos, cefaléia, dor na parte superior do 6 abdômen. Esta síndrome pode causar insuficiência cardíaca e pulmonar, hemorragia interna, alteração hepática, insuficiência renal aguda, acidente vascular cerebral, eclâmpsia, descolamento prematuro de placenta uterina, causando um grande risco de morte para a mãe e o feto (ANGONESI, 2007). Por a Síndrome de HELLP apresentar os mesmos sintomas que muitas outras doenças, podem ser feito o diagnóstico diferencial com síndrome hemolítica urêmica, apendicite, esteatose hepática aguda, gastroenterite, encefalopatia, trombocitopenia idiopática (VASCONCELLOS, 2002). A Eclâmpsia apresenta com as características da pré-eclâmpsia grave e outros sintomas próprios da doença, tais como crises convulsivas de caráter tônico - clônicas, cefaléia, diplopia, visão turva, escotomas, epigastralgia, dor em hipocôndrio direito, podendo estar acompanhada de alterações funcionais no sistema cardiovascular, sistema nervoso central, rins e fígado. Está mais presente no final da gestação, no terceiro trimestre (VASCONCELLOS, 2002). 3.3 ETIOPATOGENIA DA HIPERTENSÃO GESTACIONAL Essas síndromes gestacionais têm importância em saúde pública, mas sua origem ainda é desconhecida. Suspeita-se de um defeito na invasão trofoblástica das arteríolas espiraladas, devido a fatores genéticos, imunológicos, ambientais ainda não definidos (PERAÇOLI, 2005). Segundo Rezende (2006), a pré-eclâmpsia pode ser dividida em dois estágios: um com a invasão superficial da decídua pelo citotrofoblasto extravilositário, causando uma placentação defeituosa e conseqüente hipoxia placentária, esta liberando diversos fatores solúveis e radicais livre de oxigênio na circulação materna que causam a disfunção endotelial sistêmica; outro, em um segundo estágio, manifesta-se com os sinais clínicos próprios da doença, com hipertensão e proteinúria. Os maiores problemas clínicos que ocorrem na pré-eclâmpsia estão associados à disfunção endotelial generalizada, pela hipertensão com tono vascular alterado, proteinúria conseqüente à maior permeabilidade do glomérulo vascular, coagulopatias como resultado da expressão 7 anômala de fatores pró e anticoagulantes e disfunção hepática conseqüente à isquemia determinada pela lesão endotelial e pela vasoconstrição (REZENDE, 2006). Existe uma relação positiva entre a presença de hipertensão arterial e a presença de lesões vasculares crônicas em vasos da decídua. Sendo assim, quanto menor o nível da hipertensão arterial, mais semelhante está às condições vasculares normais e menores problemas vão surgir; e, quanto maior os níveis da hipertensão arterial, mais lesões vasculares são observadas e conseqüentemente, maiores dificuldades para a instalação de processos adaptativos que assegurem as necessidades para o desenvolvimento do feto, aumentando a incidência de retardo de crescimento intra-uterino e de perda fetal (SOUSA, 2008). 3.4 FATORES DE RISCO DA HIPERTENSÃO GESTACIONAL Em pacientes com hipertensão crônica, antes de engravidar devem ser realizados alguns exames para um melhor monitoramento das alterações já existentes e das que podem surgir com o advento da gravidez. Dentre eles existem os exames laboratoriais, que vão servir de parâmetro basal, que incluem uma urocultura, proteinúria de 24 horas, hemograma completo, função renal com eletrólitos e teste de tolerância à glicose; eletrocardiograma e ecocardiograma em pacientes que possuem hipertensão crônica por muitos anos, para avaliar a hipertrofia ventricular esquerda e análise da função sistodiastólica ventricular; exames específicos para investigação de hipertensão secundária, como feocromocitoma (crises paroxísticas de hipertensão, hiperglicemia e sudorese), hiperaldosteronismo primário (hipertensão e hipercalemia) ou estenose da artéria renal (PASCOAL, 2002; SIBAI, 2002). A hipertensão gestacional apresenta piores prognósticos quando está associado à hipertensão crônica anterior, diabetes, idade materna acima de 40 anos, alimentação rica em sódio e pobre em proteína, fatores hereditários, condição física (principalmente em pacientes obesas), nível sócio-econômico (devido a desnutrição, deficiência na atividade muscular e estresses psicológicos) (HORTA, 1996). Na pré-eclâmpsia, os fatores de risco para a mãe são as condições médicas que predispõem à insuficiência vascular subjacente, tais como hipertensão 8 crônica, diabete, lúpus eritematoso sistêmico, trombofilia, gestações múltiplas, sendo esta com diminuição do fluxo placentário (ASSIS, 2008; REZENDE, 2006). A prevalência de hipertensão gestacional em mulheres em idade procriativa vai de 0,6 a 2,0%, na faixa de idade entre 18 e 29 anos, e de 4,6 a 22,3% na faixa de idade entre 30 e 39 anos. A hipertensão arterial na gestação permanece a primeira causa de morte materna direta no Brasil (37%), onde a maior ocorrência está nas regiões Norte e Nordeste e em menor proporção nas outras regiões do país (LAURENTI, 2004). Na pré-eclâmpsia devem ser realizados exames de rotina para evitar a ocorrência desse evento, tais como: avaliação laboratorial quinzenal, com série vermelha, plaquetometria e pesquisa de esquizócitos do hemograma, dosagens de uréia, creatinina, ácido úrico, DHL, AST, ALT, bilirrubinas totais e frações, pesquisa de proteinúria; ultrassonografia, para rastrear o crescimento fetal restrito; diagnóstico do bem-estar fetal, através do cardiotocografia, volume do líquido amniótico e dopplervelocimetria (VASCONCELLOS, 2002). As complicações maternas mais freqüentes são: DPP (1-4%), coagulopatia/ Síndrome HELLP (10-20%), edema pulmonar/ aspiração (2-5%), insuficiência renal aguda (1-5%), eclâmpsia (< 1%), insuficiência hepática ou hemorragia (< 1%), acidente vascular cerebral (AVC), morte, morbidade cardiovascular a longo prazo. Já as complicações neonatais mais freqüentes são: prematuridade (1-5%), restrição de crescimento fetal (10-25%), hipóxia com lesão neurológica (<1%), morte perinatal (1-2%), morbidade cardiovascular a longo prazo associada ao baixo peso ao nascer (P <2,5 kg) (SIBAI, 2005). Pacientes com hipertensão na gravidez possuem um risco de induzir alterações metabólicas e vasculares após o termino da gestação, associadas ao aumento do risco cardiovascular. Mulheres que apresentaram pré-eclâmpsia na gestação possuem 4 vezes mais chances de desenvolver hipertensão arterial crônica e quase duas vezes maior risco de doença arterial coronariana, AVC e tromboembolismo venoso em até 14 anos após o término da gestação. Daí a necessidade de avaliações freqüentes dessas pacientes após a gestação para diminuir os riscos cardiovasculares (CHANDIRAMANI, 2008). 9 Fetos em que a mãe teve hipertensão na gestação possuem um risco aumentado em ter problemas de saúde na vida adulta, já que a restrição de crescimento intrauterino é reconhecida como grande fator de risco de desenvolvimento de aterosclerose precoce. Por isso que neonatos com baixo peso também devem ser avaliados e procurar manter um estilo de vida saudável para evitar problemas futuros (SIBAI, 2005). 3.5 TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO GESTACIONAL As drogas de escolha para o tratamento da hipertensão arterial crônica moderada a grave durante a gestação são o metildopa, os betabloqueadores e vasodilatadores, não podendo usar os IECA, como o captopril, enalapril, benazepril, cilazapril, delapril, fosinopril, lisinopril, quinapril, perindopril, ramipril, trandolapril e antagonistas seletivos de receptores de angiotensina II (ARA-2), como candesartano, irbesartano, losartano, telmisartano, valsartano, pois estes grupos farmacológicos apresentam potencias efeitos teratogênicos (ROMBALDI, 2005). O atenolol, se usado desde os dois primeiros trimestres da gestação, pode ocasionar a redução do peso fetal. Os diuréticos não devem ser usados, pois reduzem o volume plasmático materno, podendo agravar a hemoconcentração quando a HC complica com PE sobreposta (AFIFI, 2003; SIBAI, 2002). Em pacientes hipertensas crônicas, o tratamento com anti-hipertensivos e manutenção da pressão arterial dentro dos níveis ideais ajudam a evitar problemas cardiovasculares, mas não alteram o risco de PE sobreposta (PODYMOW, 2008). Existem fatores de risco que devem ser levados em consideração quanto o inicio do tratamento farmacológico, pois existem casos em que há apenas uma pequena alteração pressórica que não haveria necessidade deste tratamento, mas por estar associado à hipertensão secundária, lesão em órgão alvo, dislipidemia, idade acima de 40 anos, doença microvascular, história de acidente vascular encefálico ou perda prévia perinatal, precisam iniciar esse tratamento, já que podem apresentar maior risco de complicações para a gestante e o feto (SIBAI, 2002) . 10 Apesar de inúmeras drogas anti-hipertensivas existentes, muitas vezes, a alternativa para gestantes com síndromes hipertensivas graves é a interrupção da gravidez para impedir a evolução das alterações fetais e maternas e sofrimento maior para estes (FERRÃO, 2006). Para a pré-eclâmpsia leve a moderada é usada a terapêutica conservadora até o concepto chegar à maturidade (entre 34 a 37 semanas de gestação), monitorando a gestante com avaliação clínicolaboratorial e a vitabilidade do feto. Após o feto maduro (34 a 37 semanas), qualquer forma clínica de toxemia gravídica apresentada deve ser resolvida com o parto, mesmo que depois desapareçam os sinais clínicos e laboratoriais, pois o feto ainda continua em risco, já que diminui a depuração placentária em 50% a normal (REZENDE, 2006). Para a pré-eclâmpsia leve/moderada algumas medidas podem ser adotadas, tais como: profilaxia com uso de aspirina em baixa dose (100 mg por dia), vitaminas C e E (antioxidantes poderosos, já que nesta condição estão diminuídos, necessitando suplementação), exercícios físicos na primeira metade da gestação, evitando exageros; evitar ganho excessivo de peso materno; não consumir álcool e cigarro; repouso no leito em decúbito lateral esquerdo, melhorando o fluxo sanguíneo renal e uteroplacentário; sedação com diazepínicos ou barbitúricos, para um repouso melhor do paciente; entre outros (REZENDE, 2006). Já na pré-eclâmpsia grave ou eclâmpsia, as medidas adotadas podem ser: diminuir ou evitar a convulsão com o uso de sulfato de magnésio e diazepínico, sendo o primeiro usado somente se houver decisão para inicio do parto, e quando não acabar as convulsões com seu uso, está indicado o uso do diazepam em infusão venosa mg/h; combater a hipertensão, evitando o surgimento de acidente vascular cerebral hemorrágico na gestante, sendo a droga de primeira escolha o labetalol (bloqueador α e β-adrenérgico) e depois a nifedipina (bloqueador do canal de cálcio), observando para que os níveis não fiquem abaixo de 130/ 90 mmHg, para não prejudicar o fluxo uteroplacentário (REZENDE, 2006). Alguns critérios são usados para avaliar a gravidade da doença e indicar a interrupção da gravidez. Dentre a gravidade materna, temos: sintomas neurológicos persistentes ou surgimento de eclâmpsia; edema pulmonar ou saturação de oxigênio < 94% por oximetria; dor epigástrica ou no quadrante superior direito, mais aumento do TGO e TGP de 2 vezes o basal; 11 PA descontrolada apesar de dose máximas de anti-hipertensivos; oligúria (<500 ml/ 24 hs) ou creatinina sérica maior ou igual a 1,5 mg/dl; plaquetas com valores persistentes abaixo de 100.000/mm3 ; DPP, progressão do trabalho de parto, ruptura de membranas. Já a gravidade fetal, temos: restrição do crescimento fetal grave; oligohidrâmnio grave persistente (índice de líquido amniótico abaixo de 5 cm); desacelerações tardias ou da freqüência cardíaca fetal repetitivas; perfil biofísico fetal menor ou igual a 4 em duas avaliações com intervalo de 6 horas; fluxo reverso da artéria umbilical ao Doppler; morte fetal (SIBAI, 2007). 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A hipertensão arterial é um problema de saúde pública, que vem aumentando a cada dia e a necessidade de monitorar esses pacientes é uma preocupação cada vez maior dos serviços de saúde. E diante do agravamento da doença quando associado à gestação é que se torna necessário uma programação maior por parte das mulheres antes de engravidar, para minimizar as possíveis complicações na gestação. Após a concepção do feto, é necessário um acompanhamento da gestante por um profissional competente para que seja realizado um pré-natal e avaliado possíveis alterações clínicas e laboratoriais decorrentes da gestação. Alterações estas que podem ser o agravamento da hipertensão de pacientes crônicas e a possibilidade de sobreposição com a pré-eclâmpsia, podendo agravar ainda mais; ou surgimento da hipertensão durante a gestação e possíveis complicações comuns a estas, evitando o agravamento dos problemas para a mãe, o feto e até a interrupção da gravidez. A terapia medicamentosa nem sempre é a opção mais segura para a hipertensão gestacional e deve ser muito bem avaliada antes do seu inicio. Daí a importância de um monitoramento por um profissional competente e usar outras alternativas para o controle pressórico, como a realização de atividades físicas adequadas, alimentação de forma balanceada, evitar exageros, dentre outro cuidados. 12 GESTATIONAL HYPERTENSION: USE OF MEDICINES AND RISK FACTORS ABSTRACT Subject: Systematic literature review on the use of medicines and risk factors related to gestational hypertension. Objectives: To present a consolidated on the use of medicinal products and the risk factors related to gestational hypertension. Methodology: The procedure methodological used to give underpinning this article scientific is exclusively of bibliographic research. This consists of a search systematic literature qualitative nature, having as main objective to evaluate the risks of hypertension in pregnant women. General approach: The gestational hypertension (Hypertensive Syndromes Gestational – SHG) is a most frequent causes of maternal death. This disease is associated since the slight elevation of the pressure levels until the severe hypertension with dysfunction of several organs, where levels are characterized by systolic pressure equal to or greater than 140 mmHg and diastolic pressures equal to or greater than 90 mmHg. May be classified in chronic arterial hypertension (HC), chronic hypertension juxtaposed the preeclampsia, gestational hypertension (HG), preeclampsia (EP) and eclampsia (E). The treatment of this disorder is performed with the use of hydralazine and methyldopa, the smooth muscles relax of arterioles and reducing the peripheral vascular resistance. Keywords: Hypertension. Gestation. Medicinal Products. Risk Factors. REFERÊNCIAS AFIFI. Y; CHURCHILL, D. Pharmacological treatment of hypertension in pregnancy. Curr Pharm Des, v. 9, n. 21, p. 1745-1753, 2003. ANGONESI, J; POLATO, A. Doença Hipertensiva Específica da Gestação (DHEG), incidência à evolução para a Síndrome de HELLP. 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