CAPÍTULO 1 ASPECTOS E CONCEITOS ECOLÓGICOS FUNDAMENTAIS A palavra “ecologia” deriva do grego (oikos, casa e logos, estudo), significando então “estudo da casa”. Literalmente, então, a ecologia é o estudo do “lugar onde se vive” (WEBSTER’S UNABRIDGED DICTIONARY, s.d. apud ODUM, 1988). Ernst Haeckel deu à palavra Ecologia, um significado mais abrangente em 1870, dizendo que “por ecologia, quer-se dizer o corpo de conhecimento referente à economia da natureza”, além das relações dos animais e plantas com o ambiente (AVILA-PIRES, 1999). Odum (1988) ainda compara a palavra “economia” com a ecologia, já que derivam da mesma palavra (oikos), e nomia significa manejo; economia seria o manejo da casa. Entendese então o porquê de “economia da natureza”. A palavra ecologia passou a ter uso geral somente no fim dos anos 1800, quando os cientistas americanos e europeus começaram a se autodenominar ecólogos. As primeiras sociedades e periódicos dedicados à Ecologia apareceram nas primeiras décadas do século vinte. Desde então, a Ecologia tem passado por um enorme crescimento e diversificação, e os ecólogos profissionais agora são em número de dezenas de milhares. (RICKLEFS, 2003) O estudo da ecologia sempre foi fundamental desde muito cedo na história humana. Para sobrevivência, é necessário conhecimento do ambiente. E segundo Ricklefs (2003), a ecologia é a ciência pela qual se estuda (além da “casa”), como os organismos (animais, plantas e micróbios) interagem entre si e com o mundo natural. A ciência da ecologia estuda todas as interações entre os seres vivos, incluídos os seres humanos e seu ambiente. O ar e até algumas rochas que funcionam como partes dos ciclos da vida também estão incluídos. Quando os ecologistas examinam [por exemplo] uma minhoca, o objetivo consiste em compreender suas funções em seu ecossistema. (CALLENBACH, 2001) Quando se fala em ecologia, muito é dito a respeito dos Ecossistemas, que é um sistema ecológico, assim como podem ser muitos outros. Ricklefs (2003) diz que os sistemas ecológicos podem ser tão pequenos quanto os organismos ou tão grandes quanto à biosfera inteira. E ainda completa: pode ser um organismo, uma população, um conjunto de populações vivendo juntos (freqüentemente chamados de comunidade), um ecossistema [ou a biosfera inteira da Terra]. Segundo Odum (1988, p. 9): Os organismos vivos e o seu ambiente não-vivo (abiótico) estão inseparavelmente inter-relacionados e interagem entre si. Chamamos de sistema ecológico ou ecossistema qualquer unidade (biosfera) que abranja todos os organismos que funcionam em conjunto (a comunidade biótica) numa dada área, interagindo com o ambiente físico de tal forma que um fluxo de energia produza estruturas bióticas claramente definidas e uma ciclagem de materiais entre as partes vivas e não-vivas. O primeiro entre os proponentes desse novo ponto de vista ecológico, durante os anos 1920, foi o ecólogo inglês Charles Elton. Uma década mais tarde, o ecólogo vegetal Arthur George Tansley avançou com a idéia de Elton. Porém foi Raymond Lindeman, um ecólogo aquático, que em 1942 trouxe o conceito de ecossistema como um sistema transformador de energia (RICKLEFS, 2003). Um ecossistema é considerado unidade funcional na ecologia, pois contém tanto os organismos (biótico) quanto o ambiente abiótico. Ainda, têm-se três componentes básicos: (1) a comunidade, (2) o fluxo de energia e (3) a ciclagem de materiais (ODUM, 1988). Uma representação de um ecossistema e seus componentes básicos pode ser vista na figura 1. Figura 1 – Representação gráfica de um ecossistema, segundo Odum (1988, p. 11). Um ecossistema não é um ambiente fechado: inclui ambientes de entrada e de saída junto com o sistema delimitado. Caso a “caixa” central (observando a figura 1) fosse um recipiente impermeável, o seu conteúdo vivo (um lago, uma cidade, etc.) não sobreviveria a tal fechamento. Essa mesma “caixa” central não precisa ser um local específico como uma cidade ou um lago, podendo ter limites arbitrários (eventuais), porém precisam ser definidos geometricamente falando. Um ecossistema funcional ou do mundo real precisa de uma entrada para manter os processos vitais e, na maioria dos casos, um meio de exportar a energia e os materiais já processados. Tanto ambiente de entrada quanto de saída são essenciais para que um ecossistema funcione e se mantenha (ODUM, 1988). O tamanho dos ambientes de entrada e saída pode variar e depende de alguns fatores como, por exemplo: 1) tamanho do sistema, 2) intensidade metabólica, 3) equilíbrio autotrófico-heterotrófico (relação com a cadeia alimentar e o fluxo de energia (RICKLEFS, 2003) e 4) estádio do desenvolvimento. Pensando assim, uma grande serra florestada apresenta ambientes de entrada e saída muito menores do que um riacho ou uma cidade. (ODUM, 1988) Sob o ponto de vista trófico um ecossistema apresenta um estrato (camada) autotrófico (auto-alimentador) e heterotrófico (necessidade de alimentos já elaborados), além de outros componentes: 1) substâncias inorgânicas (C, N, CO2, H2O e outras, envolvidas nos ciclos de materiais); 2) compostos orgânicos (proteínas, carboidratos, lipídios, substâncias húmicas, etc.) que ligam o biótico e o abiótico; 3) o ambiente atmosférico, hidrológico e do substrato, incluindo o regime climático e outros fatores físicos; 4) produtores, organismos autotróficos (plantas verdes); 5) macroconsumidores ou fagótrofos, organismos heterotróficos; 6) microconsumidores, saprótrofos, decompositores ou osmótrofos, organismos heterotróficos (bactérias e fungos) que obtém sua energia através da degradação de tecidos mortos ou absorvendo matéria orgânica dissolvida. Uma característica dos ecossistemas é a interação dos componentes autotróficos e heterotróficos (ODUM, 1988, p. 11). Dentro dos ecossistemas, é fundamental a existência de três itens, como já falado. Se tratando de comunidade, há vários conceitos. Pinto-Coelho (2002) define como uma unidade ecológica, sendo que os organismos interagem com o meio físico, sofrendo influências do mesmo; é a reunião entre a totalidade dos organismos. Ricklefs (2003), diz que muitas populações de diferentes tipos que vivem no mesmo lugar formam uma comunidade ecológica. Tais comunidades não possuem fronteiras definidas. É uma abstração, representando um nível de organização mais do que uma unidade discreta de estrutura na Ecologia. As comunidades exibem certas propriedades estruturais e funcionais: 1) presença de muitas espécies em uma determinada área; 2) recorrência (ou repetição) da “comunidade” no tempo e no espaço e 3) a presença de mecanismos de controle, homeostase (PINTO-COELHO, 2002). Portanto, comunidade dentro de ecologia visa o estudo das interações entre as populações componentes além das interações com o meio físico, possuindo mecanismos internos de “controle” destas populações (RICKLEFS, 2003). Foi dito que o ecossistema pode ser do tamanho de uma comunidade ou tão grande quanto à biosfera inteira. A própria comunidade pode ser aplicada de tal conceito. Uma comunidade pode ser tão pequena como um emaranhado microbiano ao longo do leito dos rios ou tão grande como uma floresta tropical (CALLENBACH, 2001). Deve-se lembrar que todos que participam de um ecossistema estão inseridos na comunidade. Seja ele produtor, consumidor ou decompositor, independente do nível trófico em que se encontra. Todos são organismos participantes de uma unidade maior, a comunidade. E não há como negar a inter-relação entre eles: somente o fato da energia passar por entre os organismos (fixada pelos produtores – autótrofos), já os põe numa relação (CALLENBACH, 2001). Podem-se entender os conceitos básicos sobre energia observando as cadeias alimentares. Como visto, a energia dentro de um ecossistema de uma cadeia alimentar é um fluxo, que ocorre num só sentido. Uma parte da energia solar que entra é transformada, e sua quantidade, elevada (quer dizer, é convertida em matéria orgânica, uma forma de energia mais concentrada que a luz solar) pela comunidade, mas a maior parte é degradada, passa pelo sistema e sai dele na forma de energia calórica, de baixa qualidade (sumidouro – escoamento de calor). A energia pode ser transformada, mas não reutilizada (ODUM, 1988). Para melhor explicar, Callenbach (2001, p. 77) cita as duas Leis da Energia: Primeira Lei da Energia: a energia não pode ser criada nem destruída – ela só muda de forma. Segunda Lei da Energia: quando a energia passa de uma forma a outra, parte dela acaba numa forma mais dispersa e menos útil – em geral, algum tipo de calor. A essa energia não-disponível, de menor utilidade, resultante das transformações, é dado o nome de entropia (este termo também é usado como índice geral da desordem associada com a degradação da energia) (ODUM, 1988). Callenbach (2001) diz que os nutrientes básicos são reciclados pela vida. Os seres humanos (ao usar a energia) reciclam o metal ou o papel. Embora a matéria se movimente em ciclos, a energia só flui. Com os conceitos de cadeia alimentar e suas relações com o ecossistema, Lindeman propôs a utilização da energia dentro dos sistemas, como sendo de uma pirâmide, onde no topo estaria a menor quantidade dela, referente ao último nível trófico antes dos decompositores e na base estariam os produtores ou autótrofos. Argumentava ainda, que a energia é perdida em cada nível por causa do trabalho realizado pelos organismos naquele nível e pela ineficiência das transformações biológicas de energia (RICKLEFS, 2003). Ainda de acordo com Ricklefs, Eugene P. Odum foi um dos mais fortes proponentes de uma abordagem sobre uma nova estrutura conceitual de medição do fluxo de energia e reciclagem de nutrientes. Odum retratou os ecossistemas como diagramas de fluxo de energia (figura 2). Com isso, evidenciava-se o princípio de que a energia passa de um elo para o outro na cadeia alimentar. Figura 2 – Diagramas do fluxo de energia nos ecossistemas segundo Odum (RICKLEFS, 2003, p. 119) Os organismos, os ecossistemas e a biosfera inteira conseguem manter uma pequena quantidade de entropia interna, através de uma contínua e eficiente dissipação de energia de alta utilidade para dar energia de baixa utilidade. Com isso, é possível dentro destes organismos e ecossistemas criar e manter um alto grau de ordem interna (ODUM, 1988). Para finalizar os três itens básicos de um Ecossistema, existem os ciclos biogeoquímicos. Segundo o Dicionário Silveira Bueno, ciclo é uma “série de fenômenos que se sucedem numa certa ordem”. Bio trata de organismos vivos, de vida e geo, às rochas, ar e água da Terra; a geoquímica trata da composição química do planeta e com as trocas de elementos entre as várias partes da crosta terrestre, da atmosfera e dos oceanos, rios ou outras massas de água. Portanto, pode-se dizer que ciclo biogeoquímico é a circulação dos elementos químicos (essenciais à vida) no ambiente, aos organismos e destes ao ambiente novamente; também é chamado por ciclagem de nutrientes (ODUM, 1988). Ao contrário da energia, os componentes orgânicos dos ecossistemas se mantêm dentro dos mesmos, porém energia e ciclagem de materiais estão interligadas (RICKLEFS, 2003). Alguns elementos são mais importantes aos seres vivos do que outros. Segundo Odum (1988), de 30 a 40 elementos (dos mais de 90 conhecidos na Natureza) são essenciais aos organismos vivos, alguns em maior quantidade, outros em menores. Alguns elementos não essenciais também fluem e muitas vezes, ligados àqueles essenciais, como é o caso do estrôncio, entrando na alimentação animal e como conseqüência, na humana, sendo depositado nos ossos. Para Callenbach (2001), os principais ciclos biogeoquímicos são os ciclos da água, do nitrogênio, do carbono, do enxofre e do fósforo. Estes três itens básicos característicos dos ecossistemas formam os mecanismos de homeostasia do mesmo. Esta homeostase é que determina a estabilidade do sistema, e pode ser dividida de duas formas: 1) a estabilidade de resistência indica a capacidade de um ecossistema de resistir a perturbações e a 2) estabilidade de elasticidade, indica a capacidade de se recuperar quando o sistema é perturbado. Uma é excludente à outra, ou seja, é difícil os dois desenvolverem-se juntas. Assim, uma floresta de pinheiros da Califórnia é bastante resistente ao fogo (com cortiça grossa e outras adaptações), mas se queimar recuperar-se-á muito lentamente, ou talvez nunca. Por outro lado, a vegetação de chaparral da Califórnia pega fogo com facilidade (pouca estabilidade de resistência), mas se recupera rapidamente, em poucos anos (excelente estabilidade de elasticidade) (ODUM, 1988, p. 33). Pensando na Terra em homeostase dentro da Ecologia, James Lovelock, cientista, físico, inventor e engenheiro em colaboração com Lynn Margulis em 1973, explicam a Teoria Gaia, que sustenta que os organismos, principalmente os microorganismos, evoluíram junto com o ambiente físico, formando um sistema complexo de controle, o qual mantém favoráveis à vida as condições da Terra. (LOVELOCK, 1979 apud ODUM, 1988). Dentro deste equilíbrio, estão todos os componentes básicos de um ecossistema; sendo assim, podemos pensar na Terra (biosfera) como um grande ecossistema. Haja vista o que fora falado sobre tais componentes básicos de um ecossistema (fluxo de energia, comunidade e ciclagem de materiais) e o foco principal do presente trabalho, pode-se trabalhar a cidade ou sistemas urbanos ou ainda áreas metropolitanas, como ecossistemas, apesar de alguns autores o chamarem de ecossistema incompleto ou heterotrófico; heterotrófico, pois a produção de alimentos é mais encontrada nas áreas rurais vizinhas (ODUM et al, 1987). CAPÍTULO 2 ECOSSISTEMAS URBANOS – CIDADES O homem desde o princípio de sua existência tem tendência a formar bandos ou grupos. Viver isoladamente não era e nem continua sendo vantagem, principalmente nos tempos mais remotos, onde a sobrevivência era mais complicada que nos dias atuais, claro. Alimentação, moradia, trabalhos, etc. eram muito mais fáceis de realizar em comunidades. Essa constante vivência seria ainda pior, caso o homem não possuísse uma característica fundamental, que o difere dos outros animais, que é sua adaptação perante o ambiente: vive nas terras geladas do Norte, nos desertos, nos trópicos, etc. Assim como ele aprendeu a conviver em outros locais, perante a necessidade ele aprendeu também a conviver nas cidades, porém muitas vezes este aprendizado levou ou ainda leva grandes sistemas naturais ao completo declínio (BRANCO, 2003). Ainda de acordo com o autor acima, o ambiente da cidade é atraente para a população rural, visto que na cidade existem inúmeras possibilidades de lazer e aperfeiçoamento cultural. Sendo assim, estas pessoas tentam abandonar o meio rural, enfrentando diversos problemas como a falta de segurança e outros fatores que não são habituais a elas. Figura 3 – Proporção da população por situação de domicílio (1980 – 2000). Fonte: IBGE. É notável que apesar da “fuga” da população rural para os centros urbanos (figura 3), há também certa quantidade de pessoas que saem das grandes cidades (metrópoles) e procuram as cidades mais interioranas. As razões que as levam a buscar outras cidades, já são conhecidas: insegurança, congestionamentos, ruídos, etc. Novaes (2002) coloca que os habitantes das metrópoles (que podem) começam a fugir, em busca de segurança, melhor qualidade de vida e de empregos, crescente em alguns setores do interior e Odum et al (1987) completa dizendo que esta ida em direção ao interior, também está ligada ao encarecimento dos combustíveis e procura por impostos mais baixos. As cidades também recebem o nome de centros urbanos (figura 4). Centro é uma denominação muito correta, haja vista que nela são agrupados os principais serviços e produtos de determinada região. O que difere uma cidade, um “ecossistema urbano” de um “ecossistema natural” pode ser resumido simplificadamente na palavra auto-suficiência. Para tal comparação, é conveniente pensar em uma floresta, que possui tal suficiência, consegue sobreviver sozinha, sem a necessidade de introdução de materiais oriundos do meio externo, ela é equilibrada. Uma cidade necessita entrar em equilíbrio com os recursos naturais que ainda fazem parte de suas terras: as águas, o ar e o solo (BRANCO, 2003). Segundo Odum (1988), um ecossistema urbano pode ser também analisado como um ecossistema natural, ao afirmar que a cidade se difere de um sistema heterotrófico (não autosuficiente) natural (um recife de ostras, por exemplo), pois apresenta um metabolismo mais intenso, exigindo um influxo (força) maior de energia concentrada, atualmente suprida na maior parte por combustíveis fosseis. Além da energia, uma grande necessidade de entrada de materiais (para uso comercial e industrial) e por fim uma saída maior e mais venenosa de resíduos (que em grande parte do tempo necessita ser retirada do ambiente urbano, sob risco de causar poluição – BRANCO, 2003), muitas vezes, substâncias mais tóxicas que suas precursoras. Apesar disto, a cidade apresenta um cinturão verde (árvores, por exemplo), mas é incapaz de prover subsistência à população. Para que se possa entender melhor a comparação de uma cidade com um ecossistema, deve ser levado em conta o fato das cidades crescerem. Pode parecer um ponto normal o crescimento urbano, mas fundamental quando é pensado na maneira como as atividades humanas aconteciam há tempos atrás. Por exemplo, a ciclagem de materiais, onde os resíduos urbanos eram capturados pelas populações rurais para que fosse utilizado como fertilizante, novamente produzindo alimentos e provendo assim sustento às cidades maiores, obtendo um ciclo dos nutrientes. Com o crescimento urbano esta ciclagem tem um fim, além da utilização dos fertilizantes propriamente ditos. O tamanho dos sistemas urbanos também parece estar introduzido na comparação com ecossistemas, haja vista que as cidades seguem uma espécie de hierarquia, onde cidades menores dão suporte às maiores (ODUM et al, 1988). A figura 4 ilustra a explicação. Figura 4 – Apresentação de mapa de uma região, mostrando diferentes cidades, demonstrando a idéia de hierarquias (ODUM et al, 1987). A hierarquia também está contida no fluxo de energia, presente nas cidades como alimentos e em sua maioria, combustíveis fósseis. É válido lembrar aqui, que para uma cidade grande a luz solar praticamente não é aproveitada ou pelo menos não da forma como nas populações rurais e cidades pequenas. Melhor definindo a energia em sistemas urbanos, seria dizer convergência de energia das menores cidades às maiores, pois muitas populações pequenas sustentam uma maior, muitas sustentam outra maior ainda, sucessivamente ou ainda, imaginar essa convergência como uma rede alimentar (ODUM et al, 1988; ODUM, 1988). Figura 5 - Diagrama de energia de uma cidade, de acordo com Odum et al (1987). Conforme discutido no capítulo I, na Segunda Lei sobre energia, quando é passada de uma forma à outra, é gerado calor. Este calor constitui um grave problema, pois está presente em vários locais das cidades. Considerando um carro se movendo e a transformação da energia presente no álcool em energia de movimento, há formação de calor. É possível pensar agora no quanto calor é aumentado em uma cidade, que possui milhares de carros em sua frota. Somando a isso, as transformações caloríficas que acontecem em fábricas, casas, grandes edifícios, etc. Arrumar uma forma de diminuir esta energia é necessário para que a no âmbito geral, possa-se reduzir temperaturas urbanas, diminuindo um pouco o efeito chamado “ilhas de calor”. Isto agrava a situação da cidade, elevando consideravelmente suas temperaturas (BRANCO, 2003). Vários “fluxos” podem ser agregados a sistemas urbanos. Apesar de não haver a ciclagem de nutrientes ou esta ser bem reduzida, o dinheiro, por exemplo, flui entrando e saindo de sistemas urbanos além da circulação interna. Entretenimento Informação Educação Tecnologia Pessoas Energia solar Calor Ruído Água Esgotos A CIDADE Alimentos Ar poluído Lixos Ar Matériaprima Bens manufaturados Serviços Combustíveis Figura 6 – Metabolismo dos ecossistemas urbanos segundo DIAS (2000, p. 229). Os combustíveis e a energia elétrica vêm de fora da cidade sendo então considerados subsídios para a mesma. A migração de pessoas também é um ciclo, porém com um ponto interessante dentro. Caso a migração seja demasiada grande, a cidade necessitará aumentar diversos parâmetros (impostos, áreas para construção de casas, caminhos, etc.). Quando uma população já não suporta mais o crescimento urbano, começa o êxodo, com as pessoas buscando cidades menores e com melhor “qualidade de vida” (ODUM et al, 1987). Geralmente as cidades menores, interioranas, são as mais procuradas, devido à tradicional “calmaria” das mesmas, pois não há como negar, por exemplo, que o fluxo de carros e o índice de poluição sejam menores nas cidades que dão suporte às maiores (figura 4 e 5). Um desequilíbrio em alguma das três características básicas de ecossistema, dentro da cidade, pode provocar um acontecimento muito conhecido que é da poluição. De acordo com a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (apud SIRVINSKAS, 2006): [...] conceitua poluição como “a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bemestar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos” (art. 3º, III, da Lei n. 6.938/81). Além dos mais diversos tipos, existem as mais diversas origens e conseqüências. Talvez seja a poluição um dos fatores que levem ao êxodo urbano. As pessoas em busca de melhoria na saúde, devido os diversos tipos de poluição, tendem a deixar os grandes centros urbanos. Derisio (2000) cita os tipos de poluição, como sendo: • das águas: pode ser natural (folhas, animais mortos), de ordem industrial (despejos), esgotos domésticos, agropastoril (fertilizantes, defensivos agrícolas, trazidos pela chuva). • do ar: pode-se dividir em relação à saúde, onde pode provocar doenças agudas, crônicas e levar à morte, encurtamento da vida ou dano ao crescimento, além de alterações fisiológicas; aos materiais, relacionado com a abrasão, deposição, remoção, ataque químico direto/indireto e corrosão eletroquímica; às propriedades da atmosfera, principalmente relacionado à visibilidade (maior distância onde é possível ver e identificar “a olho nu” um objeto); à vegetação, havendo redução da capacidade de fotossíntese, deposição de poluentes no solo e penetração pelos estômatos; à economia, onde os efeitos provocados pela poluição do ar geram custos aos habitantes (gastos com controle e danos causados). • do solo: o dano principal é a suscetibilidade à erosão, com inundações e alterações de cursos d’água como conseqüências indiretas, mas também se tem mostrado inadequado a disposição indiscriminada de resíduos no solo, que podem ser carregados para os aqüíferos subterrâneos pelas águas pluviais que se infiltram. Também se torna problemática a presença de metais nos resíduos aplicados ao solo, uma vez que podem inibir a reposição da vegetação. • auditiva: sob o ponto de vista sociológico, levam à irritação geral, perturbação na comunicação, prejuízo ao repouso, ao relaxamento, à concentração e à performance, perturbação do sono, associação de medo e ansiedade, mudança na conduta social e restrições na vida doméstica. • vibração: uma das problemáticas é vir acompanhada do ruído, porém não afeta somente humanos mas também materiais. O corpo humano sob efeito da vibração pode ser acometido de transtornos como visão obscura, perda de equilíbrio, perda de concentração, deformações etc. Porém é válido lembrar que tais efeitos ocorrem com a vibração direta sobre o corpo, à distância somente o ruído é perceptível. • visual: é o comércio de produtos ou serviços atuando através dos anúncios de seus produtos por meio de outdoors, cartazes, painéis eletrônicos, fachadas de néon, distribuição de prospectos (folhetos) nos faróis, etc.; anúncios e cartazes também são colocados ao longo das rodovias e estradas cobrindo inclusive paisagens naturais; tecnicamente, a poluição visual é a degradação ambiental resultante das publicidades comerciais e sociais que direta ou indiretamente coloquem em risco a segurança, o bem-estar da comunidade ou afetem as condições estéticas do meio ambiente urbano ou rural (SIRVINSKAS, 2006). Segundo o Dicionário Silveira Bueno, poluição também é chamada de sujeira. Desde jovens, as pessoas aprendem que sujeira não é interessante e nem um pouco saudável. E isto se torna um grave problema quando grandes centros urbanos são o foco da situação. A poluição seja ela qualquer um dos tipos, diminui a qualidade de vida das pessoas, alterando o ambiente em que se vive. Incluído nisso, estão as áreas verdes dentro dos centros urbanos, que podem sofrer alterações também, modificando suas características “naturais”. Algumas áreas como praças, por exemplo, podem ficar completamente descaracterizadas, necessitando de auxílio ou até mesmo de sua total reforma. Para que seja possível mensurar a valorização das áreas verdes urbanas por moradores, é necessária uma correta interpretação do que eles vêem e pensam sobre tais locais. Assim, é possível analisar o impacto que tais áreas causam na vida das pessoas e muitas vezes consegue-se identificar problemas nestas áreas. Essa interpretação da visão dos moradores, é chamado percepção ambiental. CAPÍTULO 3 PERCEPÇÃO AMBIENTAL De acordo com Faggionato (1996), a percepção é algo individual e a partir de cada um, a resposta perante diversas situações será diferente. O estudo da percepção ambiental é de fundamental importância para que se possam compreender melhor as inter-relações entre o homem e o ambiente; também é possível descobrir as impressões que os indivíduos têm sobre determinado assunto. Também é notável através da percepção ambiental, a satisfação ou a insatisfação da pessoa a respeito do assunto. Perceber um fato, um fenômeno, significa capta-los bem, dar conta deles com alguma profundidade; através da percepção, pode-se passar do subjetivismo à objetividade; pode-se tirar de ‘dados obscuros’ certa claridade que norteia o estudo (PHILIPPI JR., 2004). Assim que obtido a percepção ambiental individual, é possível adquirir a percepção coletiva e conseguindo dados maciços de moradores, traçar perfis sobre a opinião pública à respeito de determinado local. A percepção ambiental está intrinsecamente ligada à valores. A percepção que determinada pessoa tem sobre meio ambiente, por exemplo, está relacionada à valores adquiridos por ela ao longo da vida. Se for tratado à respeito da percepção ambiental ligada às árvores, bem provável que as pessoas se recordem de experiências que tenham tido com árvores e assim gerem ‘sua percepção’. Pode-se chamar de valores ou então significados, aquilo que seja significante para o indivíduo (LIMA, 1993; SOUSA, 2004) A investigação acerca da percepção ambiental pode resultar em soluções mais rápidas e efetivas para problemas desta ordem. Sendo assim, a própria percepção ambiental é uma forma de índice (LIMA, 1993). Dentre os vários usos que podem ser atrelados à percepção ambiental, são destacáveis alguns mais próprios ao trabalho: a) uma avaliação da degradação ambiental (FERREIRA, 2001 apud SCHMITZ, 2005); b) a elaboração de um plano para o ambiente e c) o desenvolvimento conjunto de percepção ambiental e educação ambiental. Todos estes visam melhor qualidade de vida, melhor qualidade do ambiente e uma reaproximação do homem ao seu natural (SCHMITZ, 2005). CAPÍTULO 4 METODOLOGIA CARACTERIZAÇAO GERAL DO MUNICÍPO DE BATATAIS (SP) 4.1 Breve descrição histórica Por volta de 1594, os Afonso Sardinha e João do Prado atravessaram a “Paragem dos Batatais”, habitada pelos índios caiapós. Já em meados de 1725, Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhangüera passou pela região em busca de ouro. A região passa então a ser alvo de muitas pessoas atraídas pelas descobertas de riquezas. O nome Batatais aparece em 1728 em documentos de doação de uma sesmaria (terreno inculto ou abandonado que era doado; antiga medida agrária) com esse nome. No começo do século XIX, havia 15 posses de sesmarias na região hoje conhecida por Batatais, que foram dividindo-se e constituindo fazendas. Em 1810 já havia um cemitério e em 1814 já existia capelas e povoados. Em 1815, houve a elevação à categoria de freguesia. Em 14 de março (aniversário da cidade atualmente) de 1839, a freguesia foi elevada à vila. Em 1875 passou-se então ao nível de cidade, com a instalação da comarca acontecendo poucos dias depois. Já em 1994 (23 de dezembro), a recebeu então o título de Estância Turística (site DA PREFEITURA MUNICIPAL DA ESTÂNCIA TURÍSTICA DE BATATAIS, s.d.; site BATATAISONLINE.COM.BR, s.d.) 4.2 Dados sócio-econômicos Batatais dista 355 quilômetros da capital do Estado, São Paulo; 481 quilômetros de Belo Horizonte (MG) e 750 quilômetros do Rio de Janeiro (RJ). Está situado entre duas importantes cidades, Ribeirão Preto (SP) a 42 quilômetros à sudoeste e Franca (SP) a 49 quilômetros ao norte. Faz divisa com Sales Oliveira, Nuporanga, São José da Bela Vista, Restinga, Patrocínio Paulista, Altinópolis, Brodowski e Jardinópolis. Suas principais vias de acesso são a Rodovia Cândido Portinari (SP-334), a Rodovia Estadual Altino Arantes (SP351) e a Via Anhanguera (SP-330). Localizado pelas coordenadas geográficas 20º 53’ 34’’ S e 47º 35’ 31’’ O, estando a 862 metros acima do nível do mar. De acordo com o site da Prefeitura Municipal da Estância Turística de Batatais (PMETB, 2006), sua área é de 851 km2. O site do SEADE (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados, 2006), coloca que a área do município em 2005 era de 838 km2. Figura 7 – Batatais e cidades circunvizinhas. O ponto vermelho é a referência para a localização do município no sistema de Mapas Interativos do IBGE. Escala 1:446.730. Fonte: IBGE1. De acordo com o site do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2006), o número de habitantes em 01/07/2005 era de 55.501 pessoas, resultando em uma densidade demográfica de 65,21 hab/km2 (adotando a área municipal como sendo a fornecida pelo mesmo site, de 851 km2). E de acordo com dados do IBGE (apud Prefeitura Municipal da Estância Turística de Batatais, s.d.), a estimativa para 2006 era de 56.920 pessoas, aumentando a densidade demográfica para 66,14 hab/km2 (0,93 hab/km2 a mais que o ano anterior). O site do SEADE coloca que em 2005 a população urbana era de 51.990 habitantes e a população rural era de 2.580 habitantes (total de 54.570 habitantes). 60.000 50.000 Habitantes 40.000 30.000 20.000 10.000 Pop. Rural 2005 2004 2003 2002 2001 2000 Pop. Urbana 99 98 97 96 95 94 93 92 91 90 89 88 87 86 85 84 83 82 81 80 0 Anos Figura 8 – População urbana e rural ao longo dos últimos 25 anos no município. Dados obtidos junto ao SEADE; acervo pessoal. A taxa de mortalidade registrada em 2004 foi de 6,63 mortes por mil habitantes e a taxa de natalidade do mesmo ano foi de 14,58 por mil habitantes. No ano 2000 havia 14.992 domicílios e destes, 99,30% possuíam abastecimento de água; 14.115 domicílios na área urbana e 877 domicílios na área rural. Em 1999, 100% da área urbana era atendida pela coleta de lixo e em 2000, o nível de atendimento de esgoto sanitário era de 98,59%. Em 2003, havia 100 leitos hospitalares disponíveis pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Em 2000, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal era de 0,825 (alto desenvolvimento humano para valores maiores de 0,800; calculado dividindo-se por três a somatória do índice de longevidade, índice de educação e índice de renda) (SEADE, 2006). A respeito da Educação, o IBGE (2006) afirma que em 2004 a matrícula total do Ensino Fundamental foi de 7.410 matrículas, 2.388 matrículas do Ensino Médio e em 2003, 2.348 matrículas do Ensino Superior. 4.3 Dados Físicos Batatais apresenta clima úmido, com 3 meses de seca e temperaturas subquentes, com médias entre 15 e 18º em pelo menos um mês, de acordo com o site do IBGE (2006). Já o site da PMETB (2006) coloca o clima da cidade como tropical (ameno) com inverno seco, chovendo principalmente de novembro a março, com temperatura máxima de 34º C, mínima de 8ºC e médias de 21º C. Em relação às chuvas, o site do SIGRH (Sistema de Informações para o Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, 2006), informa os dados de quantidade mensal de chuvas desde 1943 até 2004. Para o estudo, iniciou-se a verificação dos dados a partir de 1976, sendo que em 2000 têm-se somente os meses de abril a dezembro e em 2004 somente janeiro e fevereiro. 400,0 350,0 300,0 250,0 200,0 150,0 100,0 50,0 jan e fev/2004 2003 2002 2001 99 98 97 96 95 94 93 92 91 90 89 88 87 86 85 84 83 82 81 abril a dez/2000 Mensal Média 80 79 78 77 76 0,0 Figura 9 – Precipitação mensal média (em mm3), desde 1976 até fevereiro de 2004. Dados obtidos junto ao site do SIGRH. Acervo pessoal. De acordo com o site Climatempo, uma previsão para o dia 18/10/2006 (quarta-feira), mostrava para Batatais temperatura máxima de 29º C e mínima de 23º C, ventos em média 12,6 km/h, umidade relativa do ar em 80%, 20 mm de precipitação e índice UV (ultravioleta) entre moderado e baixo. Já o site do CPTEC (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos) para a mesma data, apresentava temperatura máxima de 29º C e mínima de 19º C e índice UV extremo (12; índice UV para céu claro). Temperatura em º C 30 25 20 15 10 5 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Meses Figura 10 – Temperatura média durante o período de 20/02/2002 até 26/10/2006. Fonte: IAC/CIIAGRO, 2006. O município faz parte do cerrado, segundo os Mapas Interativos do IBGE, e sua constituição Geológica é composta por rochas vulcânicas de composição básica da Era Mesozóica. Faz parte do Patamar Oriental da Bacia do Paraná, da classe de bacias e coberturas sedimentares, subclasse da Bacia Sedimentar do Paraná. Sua topografia é considerada ondulada, situada entre duas colinas (Site PMETB). Figura 11 – Demonstrativo do relevo do município estudado. Fonte: EMBRAPA – Brasil em relevo – Satélite Landsat2. De acordo com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (2006) com relação à Biodiversidade (Vegetação), Batatais apresenta uma área de 83.800 ha., sendo 4.049 ha. de vegetação natural remanescente, equivalente a 4,8%. Possui ainda uma Unidade de Conservação (UC) sendo esta uma Floresta Estadual com área de 1.353,27 ha. de Mata Atlântica (Floresta Estacional Semidecidual), criada em 1943 (Fundação Florestal, 2006). Entre os habitantes do município, a UC é chama de Horto Municipal. S Figura 12 – Mapa da cobertura vegetal do Estado de São Paulo. Extraído e modificado do site do IBGE (s.d.). No quadrado, destaque do município de Batatais. A área S significa Savana (Cerrado) com atividades agrárias; F, Vegetação secundária e atividades agrárias; SN, Savana/Floresta Nacional.3 A predominância pedológica é do tipo Latossolo Vermelho, com pequeno aparecimento de Latossolo Vermelho-Amarelo (site IBGE, 2006). O município faz parte da Bacia Hidrográfica do Rio da Prata, Sub-Bacia Hidrográfica do Rio Paraná (site IBGE, 2006). A cidade tem o Rio Sapucaí fazendo divisa com os municípios de São José da Bela Vista, Restinga, Franca e Patrocínio Paulista (site PMETB, 2006). Figura 13 – Hidrografia do município e municípios vizinhos; dentro do quadrado tracejado a cidade de Batatais; a seta indica o Rio Sapucaí; o círculo tracejado indica o que o IBGE define como “terreno sujeito à inundação” – área aprox. de 17 km2 – distância aprox. de 16 km do ponto dentro do quadrado. Fonte: IBGE.4 De acordo com as divisões hídricas feitas pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (2006) no seu Relatório de Qualidade Ambiental do Estado de São Paulo 2006, a cidade de Batatais junto com outros 23 municípios, compõem a UGRHI 08 (Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos nº. 08), abrangidos pelos Rios Sapucaí e Grande. Segundo a divisão Geomorfológica do Estado de São Paulo, a maior parte desta Unidade está inserida nas Cuestas Basálticas e parcialmente no Planalto Ocidental Paulista, constituída das bacias hidrográficas dos rios Sapucaí, das Canoas, do Carmo e de outros de menor porte, todas as bacias drenando para o Rio Grande. Sobre dados biológicos, de acordo com relatório emitido pela CETESB (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) – Setor de Águas Interiores referente ao ano de 2005, a última análise foi no dia 12/12/2005, 9:45h, na ponte que liga Nuporanga à São José da Bela Vista, local de coleta mais próximo da cidade de Batatais. Havia registro de chuvas nas últimas 24h, sendo a coloração da água marrom, pH 5,5*, temperatura do ar e da água em 20ºC. Do parâmetro Ecotoxicológico, a toxicidade foi considerada crônica* e a respeito dos parâmetros Microbiológicos, os níveis de Coli Termo eram de 7900* Unidades formadoras de colônia/100mL. Todos os itens assinalados com asterisco (*) estão fora do padrão de qualidade da Resolução CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) 357/05. É importante destacar que em todas as outras cinco coletas ao longo do ano de 2005, todos os resultados estiveram dentro dos padrões de qualidade, sem números com alta variação. Conforme descrito no item 4.1, Batatais apresenta-se como Estância Turística. Segundo o Governo do Estado de São Paulo (2006), a classificação de Estância Turística é concedida às cidades que: “Ofereçam condições de lazer, recreação, recursos naturais e culturais específicos; além disso, a cidade também tem de ter infra-estrutura e serviços direcionados ao turismo, seguindo legislação específica e pré-requisitos para qualificação”. Tais pré-requisitos são encontrados no Decreto nº. 11.022 de 28 de dezembro de 1971 (Site da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, s.d.): existência atrativos de natureza histórica, artística ou religiosa, ou de recursos naturais e paisagísticos; bem como condições para o lazer, dentro dos itens de salubridade ambiental como águas sem contaminação e níveis mínimos de poluição, abastecimento regular de água potável e coleta de esgoto mesmo na época de maior afluxo de turistas, ar atmosférico sem alterações nocivas ou ofensivas à saúde, rede hoteleira e área para lazer e recreação como jardins, bosques ou passeios públicos. Sendo assim, para que o título de Estância Turística seja obtido é necessário que alguns padrões sejam alcançados. E é perfeitamente possível que caso não haja devido cuidado com a cidade, perde-se o título. Dessa forma, uma forma de controle é necessária pois muitas vezes os Governos não dão tanta atenção à algumas áreas. Com o índice de qualidade ambiental urbana, pode-se delimitar um padrão de comparação entre cidades para que uma melhoria nos serviços seja conquistada. Além disso, com a percepção ambiental é possível ouvir a opinião e denotar a visão que os moradores têm sobre a cidade e com isso fortalecer o padrão de qualidade ambiental urbano pois os habitantes da cidade é que usufruem dos serviços oferecidos pelos Governos, sabendo então dizer onde e o que tem problemas. 4.4 Percepção ambiental Para desenvolvimento da percepção ambiental no município de Batatais – SP foi utilizada metodologia proposta por Queiroz e Montefeltro (2004), baseado na análise qualitativa e quantitativa dos dados, obtidos através de questionários com perguntas de múltipla escolha e perguntas descritivas. Um modelo deste questionário se encontra no apêndice do trabalho. Foram realizadas 60 entrevistas durante um período de sessenta e quatro dias nos meses de julho, agosto e setembro de 2006. Visto o objetivo em saber a percepção ambiental da cidade de Batatais, as entrevistas foram realizadas somente com os “moradores fixos” sendo os transeuntes, não entrevistados. A área urbana do município estudado foi dividida em quatro faixas circulares (X, Y, W, Z), tendo como centro o ponto entre a Praça da Matriz e a Praça dos Jardins (com arte topiaria), conforme ilustrado na figura 14 e 15 a seguir. As faixas eram traçadas com raios de múltiplos de 5 cm, sendo que a faixa inicial ‘X’ foi traçada com raio de 5 cm no mapa que equivalem a 500 metros; ‘Y’ distava 1000 metros do ponto central; ‘W’, 1500 metros e ‘Z’ 2000 metros. A escolha do método de círculos foi adotada pelo fato da cidade possuir uma distribuição que se assemelha a tal. Foram entrevistados 15 moradores por faixa. À medida que as pessoas eram entrevistadas, foi-se criando uma seqüência numérica identificadora e estes números inseridos no mapa, representado pela figura 15. 2 1 Figura 14 – Ponto central para delimitação dos círculos que separarão a cidade em faixas. A seta 1 indica a Praça da Matriz e a seta 2 a Praça dos Jardins; o quadrado entre as duas é o ponto central (v. figura 15); escala 1:10.000. Figura 15 – Círculos traçados para divisão das quatro áreas para entrevistas com moradores; escala 1:10.000. O questionário continha 15 perguntas, além de especificação de data e hora da entrevista. Começando por um básico questionário sócio-econômico, onde fora anotado sexo, há quanto tempo reside no local, idade na data da entrevista, estado civil declarado, escolaridade e ocupação atual do entrevistado além da anotação do endereço. Especificando para área ambiental, foram feitas perguntas sobre entendimento de áreas verdes na cidade (análise da percepção ambiental na cidade), razão da procura destas áreas além do dia que visita ou visitaria estas áreas e quanto tempo despenderia no local (análise da utilização dos recursos), todas estas questões de múltipla escolha. Passando às questões dissertativas, foram questionadas quais áreas verdes a pessoa conhecia na cidade (conhecimento da cidade), o que era entendido por meio ambiente, quais são os principais problemas ambientais municipais e por fim era pedido para que a pessoa colocasse numa ordem de preferência, uma seqüência de seis fotos, que se encontram disponíveis abaixo. Com estas questões, além da percepção ambiental sobre o município, pretendeu-se levantar a percepção que as pessoas têm sobre o conceito de meio ambiente, de áreas verdes e sua inter-relação; o relacionamento do meio ambiente com o município e o relacionamento das questões ambientais com o próprio morador. O questionário que foi aplicado bem como as fotos apresentadas aos moradores, é demonstrado no apêndice. Para obtenção de uma preferência média das fotos demonstradas também foi utilizado o cálculo citado por Queiroz e Montefeltro (2004), onde: PM significa Preferência média; xi é a ordem de preferência pela paisagem; fi é o número de vezes que a paisagem foi citada na respectiva ordem de preferência e n é o número de indivíduos amostrados. O resultado de PM pode variar de 1 a 6. Quanto menor o resultado da PM, maior a preferência pela paisagem. Para as questões dissertativas, foram reunidas as respostas e comentadas nos Resultados. Alguns dados foram tabulados e organizados em gráficos para melhor entendimento. Todos os gráficos contidos no capítulo 5 foram gerados pelo autor. CAPÍTULO 5 RESULTADOS Sobre a questão um, das 60 pessoas entrevistadas, 45 eram do sexo feminino e 15 do sexo masculino. 25% feminino masculino 75% Figura 16 – Distribuição dos entrevistados com relação à sexo (questão 1). Fonte: acervo pessoal. Sobre a questão dois, há quantos anos reside no local (da entrevista), a mínima obtida foi de menos de um ano (com valores variando de 15 dias até 9 meses), a máxima foi de 86 anos e em média, 23 anos. Foram criados intervalos de dados (de 10 anos) para melhor agrupar os moradores. Intevalo de tempo mais de 41 anos de 31 anos até 40 de 21 anos até 30 de 11 anos até 20 menos de 1 ano até 10 anos 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% Porcentagem de moradores Figura 17 – Porcentagem dos moradores a respeito da quantidade de tempo que mora no local (questão 2). Fonte: acervo pessoal. Para a questão três, sobre a idade dos entrevistados, a mínima foi de 11 anos, máxima de 86 e média de 51 anos. No intervalo de tempo criado (a cada 15 anos), a maior concentração de pessoas está na faixa com mais de 61 anos (35%). Moradores 40% 30% 20% 10% 0% menos ou igual a 15 anos de 16 a 30 anos de 31 a 45 anos de 46 a 60 anos mais de 61 anos Intervalos de 15 anos Figura 18 – Distribuição da porcentagem dos moradores dentro do intervalo de idade de 15 anos (questão 3). Fonte: acervo pessoal. Sobre a declaração do estado civil atual dos moradores, na questão quatro, foram citados cinco tipos diferentes: casado(a), viúvo(a), solteiro(a), divorciado(a) e separado(a), ficando distribuídas conforme a figura 19 sendo que a maior parte são de casados com pouco mais de 48%. 3,3% 1,7% casados viúvos 28,3% 48,3% solteiros divorciados separados 18,3% Figura 19 – Distribuição do estado civil declarado pelos moradores (questão 4). Fonte: acervo pessoal. Para a quinta questão, a respeito da escolaridade, o máximo grau de instrução declarado foi pós-graduação (especialista) completa, estando o 2º grau completo e o 1º grau incompleto com o mesmo número de entrevistados (20). Pós-graduação completa Superior incompleto Grau de escolaridade Superior - cursando Superior completo 2º Grau incompleto 2º Grau - cursando 2º Grau completo 1º Grau incompleto 1º Grau - cursando 1º Grau completo Sem estudo 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% Moradores Figura 20 – Escolaridade declarada pelos entrevistados (questão 5). Fonte: acervo pessoal. Para a sexta questão, sobre a ocupação exercida atualmente, as respostas encontram-se agrupadas na tabela 1. Tabela 1 – Agrupamento das ocupações declaradas pelos moradores. OCUPAÇÕES do lar/dona de casa aposentado(a) ocupações que aparecem uma única vez estudante costureira/reforma roupas vendedor(a) doméstica/doméstica (trabalha em casa) bancário/estágio no banco TOTAL % 38,3% 21,7% 16,7% 8,3% 5,0% 3,3% 3,3% 3,3% 100,0% Fonte: acervo pessoal. Na questão sete, sobre o que os moradores acreditam ser áreas verdes, é válido lembrar que mais de uma alternativa poderia ser marcada. Sendo assim, a figura 21 apresenta as respostas mais citadas dos moradores. Destaque para a opção ‘Bosques’, onde 90% dos Porcentagem dos moradores moradores disseram acreditar que é uma área verde. 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Praças Parques Cemitérios Bosques Ruas com árvores Terrenos com mato Áreas verdes Figura 21 – Porcentagem da opinião dos moradores sobre o que eles acreditam ser áreas verdes dentro de áreas urbanas (questão 7). Fonte: acervo pessoal. Sobre a oitava questão, onde novamente era possível marcar mais de uma opção, foi exposto o motivo que leva os moradores a freqüentarem as áreas citadas. Destaca-se aqui a alternativa ‘Contato com a natureza’, onde pouco mais de 80% dos moradores afirmaram ser Porcentagem dos moradores um dos motivos que os levam a tais áreas. 100% 80% 60% 40% 20% 0% Lazer Passeio Descanso Contato com a natureza Motivo da procura das áreas verdes Figura 22 – Motivos mais citados da procura das áreas verdes pelos moradores (questão 8). Fonte: acervo pessoal. Sobre a questão nove, à respeito de que dia o morador freqüenta o que considera áreas verdes, também era possível assinalar mais de uma opção. Caso o morador declare que qualquer dia seria bom para visita ou declare que todos os dias são bons para visitas, todos os dias eram assinalados. Aqui, com valores próximos dos 80%, Domingo foi o dia mais Porcentagem dos moradores escolhido pelos moradores para visitação à estas áreas. 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Dias preferidos para visitação Figura 23 – Porcentagem de moradores indicando a preferência dos dias para visitação dos locais que considera como áreas verdes urbanas (questão 9). Fonte: acervo pessoal. Já que há maior procura por tais áreas aos finais de semana (sábado e domingo), ações junto da comunidade podem ser desenvolvidas. Por exemplo, oficinas rápidas de educação ambiental, reciclagem ou cuidados com lixo e com a área. Geralmente é o tempo que as famílias tem para levar seus filhos à estes locais, sendo assim uma ferramenta para atingir à todas as pessoas, desde os mais novos. Sobre a questão dez, quanto tempo o morador gasta nos locais considerados áreas verdes, houve certo equilíbrio entre as respostas (figura 24). 13% 13% até 30 minutos entre 30 minutos e 1 hora entre 1 e 2 horas 37% 37% mais que duas horas Figura 24 – Tempo despendido nos locais que o morador considera área verde (questão 10). Fonte: acervo pessoal. Sobre a questão 11, de quais áreas verdes o morador conhece na cidade (lembrando que se tratava de questão dissertativa) foram selecionadas as cinco áreas mais citadas. Para tal, os locais foram agrupados. Citações como Praça Matriz, Praça da Igreja, Jardins da Igreja, Jardins, eram considerados como Praça Matriz/Praça dos Jardins e colocados em um segmento. Porém, claro, somente uma citação por unidade era considerado. Caso houvesse como resposta de um morador Jardins, Praça Matriz e Bosque na mesma resposta eram considerados um “ponto” como Praça Matriz/Praça Jardins e um “ponto” como Bosque. Pela tabela 2 e pela figura 25 pode-se verificar o agrupamento realizado. Tabela 2 – Áreas verdes mais citadas pelos moradores Cinco áreas mais citadas Bosque (Bosque Municipal Dr. Alberto G. Gomes) Praça Matriz, Praça Igreja, Jardins da Igreja, Jardins Horto Cachoeira (Centro Náutico Engº. Carlos Zamboni) Ruas, ruas arborizadas, várias ruas, arborização das ruas Fonte: acervo pessoal. Nº. de citações 49 29 19 14 6 Porcentagem dos moradores 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Praça Matriz, Bosque (Bosque Municipal Dr. Praça Igreja, Alberto G. Gomes) Jardins da Igreja, Jardins Horto Cachoeira (Centro Ruas, ruas Náutico Engº. arborizadas, várias Carlos Zamboni) ruas, arborização das ruas Áreas verdes citadas Figura 25 – Porcentagem das cinco áreas verdes mais citadas pelos moradores. Fonte: acervo pessoal. Acredita-se que estes cinco locais foram os mais destacados pois há uma agregação de valores por parte dos moradores. O Bosque Municipal tem pistas para prática de caminhadas; no percurso, vários exercícios físicos podem ser acompanhados por instruções em cartazes; além do lazer, é um estímulo à atividade física. A Praça da Matriz e a Praça dos Jardins se destacam por conter arte de topiaria, onde os arbustos que crescem são modelados para terem aspecto de estátuas, formatos, etc. O Horto (Floresta Estadual de Batatais), possui trilhas espalhadas por uma grande área. Na Cachoeira (Centro Náutico), várias atividades de lazer e passeio podem ser realizadas. Por fim as Ruas arborizadas não possuem exatamente uma função a não ser mais propriamente a estética; porém é esta que dá características de “boa qualidade de vida” ao local onde se vive; ruas ‘desertificadas’ são consideradas feias pela população; já locais onde as ruas são amplamente arborizadas, seja ela com arvores recentes ou antigas, são mais bem vistos. Na tabela 3 a seguir, estão dispostas fotos dos cinco locais mais citados. Tabela 3 – Fotos locais das cinco áreas verdes mais citadas como conhecidas pelos moradores na cidade5. 1º - Bosque Municipal Dr. Alberto Gaspar Gomes Figura 26 – Entrada do Bosque Municipal, pela Av. Francisco Faggioni. Figura 27 – Entrada do Bosque Municipal pela Rua Coronel Ovídio. 2º - Praça da Matriz e Praça dos Jardins Figura 28 – Praça da Matriz Figura 29 – Praça dos Jardins 3º - Horto Municipal (Floresta Estadual de Batatais) Figura 30 – Entrada do Horto Municipal Figura 31 – Horto Municipal 4º - Cachoeira (Centro Náutico Engº. Carlos Zamboni) Figura 32 – Centro Náutico Engº. Carlos Zamboni Figura 33 – Vista aérea do Centro Náutico 5º - Ruas arborizadas Figura 34 – Rua Dr. Chiquinho Arantes A respeito da décima segunda questão, do que o morador entendia por meio ambiente, 17 pessoas, cerca de 28,3%, preferiram não responder a questão, incluindo-se aqui um morador que declarou “que não entende direito das coisas”. Acredita-se que o motivo seja por não saberem se expressar, conceituar ou simplesmente não sabiam o que era meio ambiente. Foram citadas muitas respostas para tal questão. Podem-se destacar muitas vezes respostas como “meio/lugar em que vivemos”, idéias associadas à “verde” e elementos naturais como árvores, ar, água, reforçado com a palavra natureza, concordando com a resposta da questão 8, onde a maior parte dos moradores declarou que visita tais áreas para um maior contato com a natureza. Percebeu-se também muita confusão entre o que é meio ambiente (o morador que diz “ambiente saudável, onde possa se respirar ar puro, respirar saúde”) e ações para serem feitas com relação ao meio ambiente (segundo o morador, “trazer tudo muito limpo, não jogar coisas no córrego”). Ainda dentro desta idéia sobre fazer algo com relação ao meio ambiente, muitas respostas como “plantar” e “cuidar do verde” foram citadas. Muitos não sabiam definir meio ambiente, porém não ligaram a pergunta ao tema da pesquisa, sobre áreas verdes. De acordo com Reigota (1991) apud Fiori (2002), as concepções gerais de meio ambiente são: a) Naturalista, onde o meio ambiente é visto como sinônimo de natureza intocada, evidenciando-se somente o aspecto natural; b) Globalizante, onde são vistas as relações recíprocas entre natureza e sociedade e c) Antropocêntrica, onde se evidencia a utilização dos recursos naturais para a sobrevivência do ser humano. Com base nestas divisões, podem-se enquadrar as respostas desta questão de acordo com a tabela 4. Tabela 4 – Distribuição dos entrevistados sobre a concepção de meio ambiente. Concepção Naturalista Globalizante Antropocêntrico Não responderam Resposta não contextualizada TOTAL Moradores 13 23 6 17 1 60 Porcentagem 21,7% 38,3% 10,0% 28,3% 1,7% 100,0% Fonte: acervo pessoal. Para uma melhor definição de Meio Ambiente, pode-se citar Reigota (2004): Um lugar determinado e/ou percebido onde estão em relações dinâmicas e em constante interação os aspectos naturais e sociais; essas relações acarretam processos de criação cultural e tecnológica e processos históricos e políticos de transformação da natureza e da sociedade. Sobre a questão treze, as respostas foram classificadas de acordo com o tipo, seguindo o que Antunes (2002) apud Bento (2004) diz judicialmente sobre o dano ambiental. Porém, ao invés de dano, foi utilizado o problema ambiental citado pelos moradores, como: a) ecológico, (ex: “falta de árvores”); b) saúde e bem estar da população (ex: “falta de água, ruas sujas, praças também”); c) segurança (“drogas”) e d) atividades produtivas (não citados). Sendo assim, a tabela 5 reúne estes conceitos: Tabela 5 – Classificação dos problemas ambientais citados pelos moradores. CONSEQÜÊNCIA DO PROBLEMA Não respondeu, não sabe, acredita não ter Saúde e bem estar Ecológico Segurança Atividades produtivas TOTAL % 33,3% 31,7% 30,0% 5,0% 0,0% 100% Fonte: acervo pessoal. É importante destacar aqui, algumas respostas que sobressaíram, como por exemplo, a quantidade de pessoas que respondeu “descaso”, tanto do Governo municipal quanto da população. Além disso, “queimada de cana” também foi muito citada. Devido ao forte potencial canavieiro da região, a quantidade de queimada é grande. Algumas respostas um pouco fora do foco da pergunta também são destacadas, como “bagunça, folia na rua, drogas”, além de um morador dizer que é necessário “canalizar córrego para eliminar mau cheiro e insetos”. Sobre a questão 14, para ordenação de seqüência de fotos foi feita tabela (tabela 6) contendo as seis imagens e a colocação que recebeu de todos os questionários. Por exemplo, a foto ‘A’ foi citada 29 vezes em primeiro lugar, 14 em segundo, 11 em terceiro, 4 em quarto, 2 em quinto e nenhuma vez foi citada na sexta posição. Tabela 6 – Quantidade de vezes que as fotos foram citadas de acordo com sua colocação; em negrito, as fotos mais citadas em cada posição (foto B, Praça, não se destacou em nenhuma) Fotos A B C D E F 1º lugar 2º lugar 3º lugar 4º lugar 5º lugar 6º lugar 14 11 4 2 0 29 15 13 11 17 4 0 1 2 6 5 9 37 5 14 2 2 21 16 9 10 5 2 16 18 1 0 0 2 10 47 Fonte: acervo pessoal. Utilizando a fórmula citada na Metodologia, foi possível calcular a Preferência média (Pm) dos entrevistados (figura 25). Vale lembrar que, de acordo com Queiroz e Montefeltro (2004), quanto menor o valor numérico de Pm, maior a preferência por determinado tipo de paisagem. 6,0 5,68 Preferência média 5,0 4,70 4,0 3,0 2,0 1,0 3,10 2,88 2,70 1,93 0,0 A B C D E F Fotos Pm dos moradores Figura 25 – Preferência média dos moradores. Fonte: acervo pessoal. Sendo assim, de acordo com a figura 25, fica definida a posição em termos de preferência pela população: Tabela 7 – Demonstração das posições das Preferências médias. Posição 1º 2º 3º 4º 5º 6º Foto A B D E C F Pm 1,93 2,70 2,88 3,10 4,70 5,68 Fonte: acervo pessoal. A interpretação da tabela indica que a foto A do Parque é a preferida dos moradores (paisagem que mais gostou) provavelmente pelo fato de ser uma grande área verde que o entrevistado se identifica bem, mostrando sua preferência por locais amplos, abertos e com muita arborização; em segundo lugar, pela foto B da Praça, despertando a atenção das pessoas pelos jardins, bancos (para descanso) e é bem possível que o fato de constar uma igreja, tenha ajudado na escolha da resposta; em terceiro lugar, a foto D da Rua com árvores provavelmente associada à ruas em que o morador conhece mostrando assim que o entrevistado gosta de ter árvores por perto, seja em frente à sua casa ou quando anda pela rua; em quarto lugar a foto E, do Bosque, pelo fato de serem áreas com remanescente de vegetação natural, intocada pelo homem, aumentando a idéia de contato com a natureza; em quinto lugar, a foto C da Cidade, seria justificável sua posição pelo fato de dar a impressão de toda cidade ser suja, movimentada e poluída (atenção para o fato de não ser falado que a foto era da cidade de São Paulo) sendo assim uma das últimas escolhas do morador e por último lugar, a foto F do Tráfego (paisagem que menos gostou), pois passa a idéia de atraso, cansaço e poluição constantes, itens que a população não busca em local algum (MIRANDA et al, 2003).