ISSN 1984-0780 Tendências em HIV•AIDS Volume 5 - Número 1 - 2010 Editor chefe Ricardo Sobhie Diaz – Universidade Federal de São Paulo Corpo editorial Adauto Castelo Filho – Universidade Federal de São Paulo André Lomar – Hospital Israelita Albert Einstein Artur Kalichman – Centro de Referência e Treinamento de DST/AIDS – SP Artur Timerman – Hospital Heliópolis Breno Riegel – Hospital Nossa Senhora da Conceição, Rio Grande do Sul Celso Spada – Universidade Federal de Santa Catarina Celso Ramos – Universidade Federal do Rio de Janeiro Celso Francisco Hernandes Granato – Disciplina de Infectologia, Universidade Federal de São Paulo David Salomão Lewi – Universidade Federal de São Paulo – Hospital Israelita Albert Einstein Eduardo Sprinz – Universidade Federal do Rio Grande do Sul Érico A. Gomes de Arruda – Hospital São José de Doenças Infecciosas do Ceará Esper Georges Kallas – Universidade de São Paulo - USP Estevão Portella – Universidade Federal do Rio de Janeiro Giovana Lótici Baggio-Zappia – Disciplina de Infectologia, Universidade Federal de São Paulo Guido Levi – Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo João da Silva Mendonça – Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo José Luiz de Andrade Neto – Universidade Federal do Paraná Jeová Keny Baima Colares - Universidade de Fortaleza, Ceará. Jorge Simão do Rosário Casseb – Universidade de São Paulo, USP. Márcia Rachid – Assessoria de DST/Aids da Secretaria do Estado do Rio de Janeiro Marcos Montani Caseiro – Fundação Lusíadas, Santos, SP Marcos Vitória – Organização Mundial de Saúde Marinella Della Negra – Instituto de Infectologia Emílio Ribas Paulo Feijó Barroso – Universidade Federal do Rio de Janeiro Paulo Roberto Abrão – Disciplina de Infectologia, Universidade Federal de São Paulo Reinaldo Salomão – Universidade Federal de São Paulo – Casa de Saúde Santa Marcelina Ricardo Pio Marins – Organização Panamericana de Saúde Rosana Del Bianco – Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo Shirley Cavalcante Vasconcelos Komninakis – Fundação Lusíadas, Santos – SP Simone Barros Tenore – Disciplina de Infectologia, Universidade Federal de São Paulo Unaí Tupinambás – Universidade Federal de Minas Gerais Valdez Madruga – Centro de Referência e Treinamento de DST/AIDS – SP Índice Tropismo do HIV-1 aos correceptores: Implicações no Diagnóstico e a aplicação terapêutica............................... 5 Liã Bárbara Arruda, Jorge Casseb Efeito da Infecção pelo GBV-C em Pacientes HIV-HCV co-infectados...................................................................................... 13 Giovana L. Baggio-Zappia, Celso F. H. Granato Epigenética e HIV-1: A participação das histonas na infecção e no tratamento............................................................... 17 Mariana Leão de Lima, Luiz Mário Ramos Janini, Lucilene Delazari dos Santos Uso de Fosamprenavir em paciente com toxicidade a outros inibidores da protease......................................................... 22 Simone Tenore, Paulo Roberto Abrão Ferreira Resumo de Teses.......................................................................................................................................................................................... 25 DESTAQUES...................................................................................................................................................................................................... 29 Atha Comunicação & Editora Planejamento Editorial, Diagramação e Produção Gráfica Rua Machado Bittencourt, 190 - Cep: 04044-000 - São Paulo - SP - Tel: 55-11-5087-9502 - Fax: 55-11-5579-5308 E-mail: [email protected] EDITORIAL Algumas mudanças conceituais vêm ocorrendo em relação ao dano proporcionado pelo HIV no hospedeiro humano. Se fossemos especificar as conseqüências da infecção pelo HIV há alguns anos atrás, diríamos que a infecção por este vírus proporciona uma paulatina e continua perda da imunidade celular podendo culminar com a fragilidade do sistema imune com conseqüente desenvolvimento de manifestações oportunistas, como as infecções e neoplasias relacionadas à aids. Esta definição é simplista e incompleta. Hoje se sabe que a infecção pelo HIV leva a um complexo processo que proporciona sobretudo um envelhecimento prematuro. A infecção pelo HIV, portanto, leva um aceleramento na atrofia encefálica com suas conseqüentes alterações cognitivas, processos ateroscleróticos, disfunção ventricular esquerda, insuficiência renal/hepática e osteopenia com fraturas patológicas. Todos estes processos ocorreriam naturalmente ao longo do envelhecimento normal do ser humano. Na pessoa infectada pelo HIV, o ritmo deste processo está acelerado. Atualmente também se sabe que a viremia relaciona-se à processos patogênicos de forma independente. Assim sendo, a mortalidade de uma forma geral entre os pacientes infectados pelo HIV é diretamente proporcional aos níveis de carga viral, bem como as mortalidades por aids, doença hepática e cardiovascular.1 Apesar de não identificada como causa de mortalidade, a doença renal também se encontra associada a baixos níveis de CD4 e/ou viremia.2 Outro fato interessante é que alguns indivíduos não recuperam os níveis normais de CD4 a despeito do tratamento virologicamente eficaz. Nota-se que a dificuldade na recuperação dos níveis de CD4 por ocasião do tratamento é dependente de dois fatores: o nadir de CD4 por ocasião do início de tratamento e a idade.3,4 Assim sendo, quanto mais baixo o nadir, menores os níveis finais de CD4 após o tratamento. De forma geral, se pode especular que as pessoas que atingem CD4 muito baixo após longo período de infecção, apresentem maior dificuldade para recuperação de níveis adequados de CD4. Nestes, a replicação viral contínua pode levar a fibrose de linfonódos e reservatórios celulares propiciando uma exaustão definitiva deste contingente linfocitário. As pessoas que apresentam queda de CD4 mais rápida teriam hipoteticamente a condição de recuperação dos níveis normais ou próximos do normal rapidamente, com conseqüente risco de síndrome de reconstituição imune. Aparentemente, as pessoas com mais de 50 anos apresentam também maior dificuldade para o incremento do CD4 quando comparados aos indivíduos mais jovens,4 risco este também evidenciado na maior chance de ocorrência de eventos relacionados á aids ou maior mortalidade a despeito do tratamento efetivo.5 Como repercussão disto, as diretrizes sobre quando iniciar o tratamento tem se alterado em todo o mundo, com a evidente tendência em recomendar o início de tratamento mais precocemente, ou seja, com níveis de CD4 mais elevados. Na decisão de tratar um indivíduo mais precocemente, alguns fatores podem ser levados em consideração, como por exemplo o ritmo de queda dos linfócitos T CD4+ devem ser levados em consideração. Neste contexto, existe obviamente o risco associado as variantes do HIV com maior efeito citopático como aquelas que usam o receptor CXCR4 e são conhecidas como X4. Nesta edição, Arruda e Casseb revisam as características do assim chamado tropismo de HIV, explorando detalhes sobre as variantes X4 e R5. Sabe-se também que co-infecções com outros patógenos virais normalmente levam a transativação do HIV acelerando a progressão da doença e replicação viral. Interessantemente existe uma exceção que é a co-infecção com o vírus hepatotrópico GBV-C, que se associa claramente à progressão mais lenta com tendência à preservação dos níveis de CD4. Nesta edição também, Zappia e Granato descrevem os efeitos da infecção pelo GBV-C em pacientes infectados também pelo HIV e HCV, descrevendo o intricamento da infecção tripla nestes hospedeiros humanos. Referências 1. Colette Smith and D:A:D Study Group. Association between Modifiable and Non-modifiable Risk Factors and Specific Causes of Death in the HAART Era: The Data Collection on Adverse Events of Anti-HIV Drugs Study. 16th CROI; 2009; Montreal. Abstract 145. 2. Phillips A. Morbidity and Mortality in the HAART Era. 15th CROI; 2008; Boston. Abstract 8. 3. Moore RD, Keruly JC. CD4+ cell count 6 years after commencement of highly active antiretroviral therapy in persons with sustained virologic suppression. Clin Infect Dis. 2007;44(3):441-446. 4. Gras L, Kesselring AM, Griffin JT, van Sighem AI, Fraser C, Ghani AC, Miedema F, Reiss P, Lange JM, de Wolf F; ATHENA, Netherlands National Observational Cohort Study. CD4 cell counts of 800 cells/mm3 or greater after 7 years of highly active antiretroviral therapy are feasible in most patients starting with 350 cells/mm3 or greater. J Acquir Immune Defic Syndr. 2007 Jun 1;45(2):183-92. 5. Grabar S, Kousignian I, Sobel A, Le Bras P, Gasnault J, Enel P, Jung C, Mahamat A, Lang JM, Costagliola D. Immunologic and clinical responses to highly active antiretroviral therapy over 50 years of age. Results from the French Hospital Database on HIV. AIDS. 2004 Oct 21;18(15):2029-38. Ricardo Sobhie Diaz 4 Artigo de Atualização Tropismo do HIV-1 aos correceptores: Implicações no Diagnóstico e a aplicação terapêutica HIV-1 tropism to coreceptors: Implications for diagnosis and therapeutic application Liã Bárbara Arruda, Jorge Casseb. Instituto de Medicina Tropical de São Paulo da Universidade de São Paulo- LIM56/FMUSP Endereço para correspondência: Jorge Casseb - Laboratório de Investigação em Dermatologia e Imunodeficiências LIM/56 Av. Enéas de Carvalho Aguiar 500, prédio IMT II - 3º andar, CEP: 05403-000 - Email: [email protected] Resumo A sequência de 35 aminoácidos da alça V3 da pg120 do gene env do HIV-1 é o principal determinante do tropismo viral pelos correceptores CCR5 ou CXCR4 utilizados pelo HIV-1 para a entrada na célula. O desenvolvimento de estratégias antirretrovirais baseadas no uso dos correceptores representa um avanço fundamental para o controle da progressão da infecção. Entretando, o uso clínico dos antagonistas de CCR5 implica na determinação do tropismo das cepas virais do indivíduo infectado. A despeito dos testes de fenótipo serem testes-padrão, os programas preditores de bioinformática para a determinação do tropismo podem ser uma alternativa para a triagem dos candidatos ao uso dos antagonistas de CCR5. Descritores: HIV-1, Tropismo, Correceptores, Fenótipo, variabilidade da alça V3 Abstract The 35 amino acids sequence of the V3 loop of the gp120 of HIV-1 env gene is the main determinant of viral tropism by coreceptors CCR5 or CXCR4 used for HIV-1 entry into the cell. The development of antiretroviral strategies based on the coreceptor usage represents an important step for the control of the infection progression. The clinical use of CCR5 antagonists involves the coreceptor usage determination. Despite phenotyping tropism remains the gold standard tool for tropism identification, bioinformatics predictive programs for coreceptor usage determination could be an alternative for the screening of the candidates for use of CCR5 antagonists. Keywords: HIV-1, Tropism, Coreceptors, Phenotyping, V3 loop variability. Introdução A falha de tratamento em pacientes portadores do Vírus HIV, devido à emergência de cepas virais com resistência às drogas dirigiu o desenvolvimento de novas classes de antirretrovirais capazes de suprimir a carga viral em níveis indetectáveis. Entretanto, para pacientes com resistência a multiplas drogas (MDR), as opções de tratamento são limitadas(1). Tendências em HIV • AIDS (Volume 5 - Número 1 - 05-12) A descoberta dos receptores de quimiocinas CCR5 e CXCR4 e seu papel como correceptores essenciais para a entrada viral motivaram uma década de pesquisas sobre os mecanismos de entrada e possíveis alvos para tratamento e prevenção do HIV(1-2). A afinidade ou tropismo in vitro de diferentes cepas do HIV pelos correceptores CCR5 e CXCR4 incitou novas perspectivas sobre a história natural da infecção in vivo, porém, 5 explicações sobre o aparecimento de cepas X4 e R5X4 na progressão da doença e sobre a diferença na patogenicidade destas cepas, ainda representam uma incógnita(2). Entender a base molecular do tropismo do HIV-1 pode representar uma abordagem capaz de definir cofatores celulares que são críticos para passos específicos do ciclo de replicação viral. A identificação e caracterização molecular destes cofatores do HIV-1 poderão propiciar potenciais alvos para o desenvolvimento de novos agentes antivirais(3). O genoma viral é constituído por duas moléculas idênticas de RNA fita simples (~ 9,7 Kb) com polaridade positiva e compreende nove genes flanqueados por regiões de repetições terminais longas (LTR – long terminal repeat) . A replicação eficiente dos retrovírus depende fundamentalmente de três genes: gag, pol e env. Os genes que codificam a expressão proteínas regulatórias são tat e rev, enquanto vif, nef, vpu e vpr são classificados como genes acessórios por não serem essenciais na replicação in vitro(4-5). A entrada do HIV-1 na célula hospedeira O gene env do HIV produz uma poliproteína gp160 que é clivada em duas subunidades, a proteína de superfície gp120 e a proteína transmembrana gp41. A proteína de superfície viral gp120 possui alto grau de variabilidade genética apresentando, em sua sequência de aminoácidos, cinco regiões variáveis (V1-V5) interespaçadas por quatro regiões constantes (C1-C4). Três gp120gp41 associadas formam uma estrutura trimérica em forma de pico na superfície do envelope glicoprotéico(1,6). As proteínas de superfície do HIV ligam-se à superfície celular através do receptor primário CD4 (membro da superfamília das imunoglobulinas), que ancora o vírus na superfície da célula hospedeira e promove uma interação adicional à proteína correceptora(1,6). Uma década após a descoberta de que o CD4 é o principal receptor do HIV, dois receptores 6 de quimiocinas com sete domínios transmembrana acoplados a proteína G, CCR5 e CXCR4, foram descobertos como correceptores determinantes para a entrada do HIV na célula hospedeira(1,3). Após a ligação CD4-vírus e reconhecimento do correceptor, ocorre uma mudança conformacional na gp120 expondo a alça V3. A interação entre a alça V3 e o correceptor implica no melhor ancoramento entre o CD4 celular e a gp120. Esse ancoramento leva a exposição da, até então inacessível, gp41 promovendo a fusão das membranas. Acredita-se que a gp41 assuma uma conformação de seis hélices aproximando as membranas o suficiente para formar o poro de fusão no intuito de internalizar o vírus(1,6). os correceptores Apesar do CCR5 e CXCR4 representarem os correceptores mais relevantes para o HIV-1 in vivo, foram identificados in vitro outros receptores de quimiocinas, como o CCR2, CCR3, CCR8, CCR9, STRL33, Gpr15, Gpr1, APJ e ChemR23 que podem ser utilizados para a entrada de certos isolados de HIV(4,7). As quimiocinas são proteínas pró-inflamatórias que fisiologicamente são responsáveis pela mediação da quimiotaxia das células T e fagócitos para as zonas inflamatórias e na infecção por HIV-1 podem bloquear a replicação viral, ao competir pela ligação aos seus receptores naturais. De acordo com seu motivo comum de cisteínas, as quimiocinas são classificadas em dois grandes grupos: CXC (β-quimiocinas) e CC (β-quimiocinas)(4,8). Ao receptor CCR5 ligam-se as β-quimiocinas RANTES (regulated upon activation T cell expressed and secreted – regulado sobre a ativação de célula T expressa e secretada), MIP-1β (macrophage inhibitory protein - proteína inibitória de macrófago) e MIP-1β, capazes de inibir a entrada de isolados R5 em células T. O SDF-1 (stromal cell-derived factor - fator derivado de estroma celular) é Tendências em HIV • AIDS (Volume 5 - Número 1 - 05-12) o ligante natural do receptor CXCR4, e portanto, capaz de inibir a entrada de isolados X4 em células T(4,7-8). Polimorfismos genéticos ocorrem naturalmente em receptores de quimiocinas e podem estar associados com a progressão mais rápida ou mais branda da infecção. O polimorfismo mais significativo para infecção por HIV-1 é a deleção de 32 pb no gene CCR5 que inibe a expressão deste receptor na superfície celular. A homozigose da mutação CCR5∆32 revelou a resistência completa à infecção pelo HIV em indivíduos expostos ao vírus com tropismo para este correceptor, havendo relatos de casos isolados de infecção por cepas X4 nestes indivíduos. Por outro lado, quando em heterozigose, esta mutação representa uma expressão diminuída de CCR5 na superfície celular e os indivíduos infectados tendem a uma progressão mais lenta da infecção. Esta descoberta reforça a importância do correceptor CCR5 na história natural da infecção(2,4). O polimorfismo CCR5∆32 ocorre em homozigose em 1% da população caucasiana e a frequência da heterozigose ocorre entre cinco e 15%. Apesar desta mutação não ser prejudicial ao funcionamento fisiológico normal do sistema imune, sua presença reduz a progressão da infecção pelo HIV, em receptores CCR5 não-funcionais e leva a completa resistência da infecção pelo HIV. Esse evento sugere a superioridade das cepas R5 na transmissão do HIV embora, desta vez, direcionada pelo hospedeiro ao invés de fatores virais. Os heterozigotos (∆32/wt) estão relacionados a progressão lenta para AIDS e morte(1,9-10). O Tropismo do HIV-1 Dentro de uma determinada espécie, o tropismo de um vírus é caracterizado pelos tecidos capazes de suportar uma infecção produtiva por aquele vírus. Os vírus são completamente dependentes de fatores da célula hospedeira para o sucesso do seu ciclo replicativo e esta dependência inclui Tendências em HIV • AIDS (Volume 5 - Número 1 - 05-12) não apenas receptores na superfície celular, mas também séries de cofatores intracelulares. Quanto mais dependente de um cofator particular for o vírus, mais limitada será sua capacidade de infectar diferentes tipos de células. O HIV-1 apresenta um tropismo muito específico em termos não somente de número de espécies, mas também de número de tecidos em uma espécie particular que são permissivas a este vírus patogênico(3). O HIV-1 pode ser caracterizado de acordo com o correceptor utilizado na infecção das células T CD4+. Os previamente descritos “macrófago-trópicos”, vírus não-indutores de sincício (NSI), correspondem aos vírus CCR5-trópicos (R5), enquanto os “células T-trópicos”, vírus indutores de sincício, os quais são associados a progressão rápida da infecção, correspondem aos vírus CXCR4-trópicos (X4)(11). Isolados de HIV classificados com R5X4 podem ser cepas capazes de infectar tanto células com CCR5 quanto células com CXCR4 na superfície, e desta forma são denominadas duplo-trópicas (D) ou ainda podem representar uma mistura de cepas R5 e X4 (M) que co-infectam um mesmo indivíduo. Ainda não existem métodos capazes de discernir uma mistura de um conjunto de cepas com tropismo duplo(1,3,6,12). Com relação à história natural da infecção, as cepas R5 são relatadas como predominantes na infecção primária e fase assintomática, enquanto as cepas X4 emergem ao longo da infecção e aparentemente são responsáveis pela depleção acelerada de células T e rápida progressão da infecção. Entretanto, não está bem definido se estes eventos clínicos são a causa ou a consequencia do tropismo por CXCR4. As cepas X4R5 surgem durante a infecção, na transição de R5 para X4, mas o papel evolutivo desta transição ainda não foi decifrado(13-15). Adicionalmente, o tropismo é independente da rota de transmissão ou do tropismo que predomina na fonte. Contudo, os vírus R5 parecem melhor adaptados virologicamente 7 em relação aos X4. Estudos sugerem que 81-88% dos infectados que nunca utilizaram antirretrovirais sejam R5, 12-19% sejam R5X4 e menos de 1% seja X4. Entre os pacientes não-expostos a antirretrovirais, vírus X4 estão associados a baixas contagens de células CD4+ e carga viral alta. Se as cepas X4 fossem mais virulentas, a progressão da infecção seria esperada, entretanto, 50% dos pacientes que morreram por AIDS mantiveram-se R5. Assim sendo, a possibilidade de dois fenótipos R5 tem sido sugerida como vírus R5 iniciais e tardios com efeitos imunológicos diferentes. O desenvolvimento de X4 tem sido associado apenas ao uso prolongado de drogas antirretrovirais. Portanto, a pressão pelo uso de drogas pode levar ao escape de cepas que utilizam correceptores alternativos(1). A mudança de tropismo Os mecanismos utilizados pelo HIV para a troca do tropismo ainda não estão claros. Uma possibilidade é que a população viral seja regulada por fatores da célula hospedeira e do sistema imune no início da infecção, resultando em uma população precoce de R5 que é mais propensa a manter o uso exclusivo de R5 ou evoluir para X4 ao longo da infecção. Entretanto, este mecanismo explica apenas porque alguns indivíduos desenvolvem cepas X4(15). Esforços para identificar o gene do HIV-1 que controla os fenótipos levaram a análises mutacionais mais detalhadas que revelaram que o determinante primário do tropismo tecidual do HIV-1 está alocado no terceiro domínio variável, ou V3, da subunidade gp120 do env, mas que regiões do primeiro e segundo domínios podem também modular o tropismo tecidual em menor grau. A alça V3, portanto, é o principal determinante do tropismo, mas mutações genéticas fora desta área também podem afetar o tropismo, como a extensão da região V2 ou o número de sítios de glicosilação na região V1-V3(1,3,15). 8 Observou-se que isolados R5 usualmente apresentam menor carga elétrica molecular na região V3 comparados a isolados X4, enquanto que o correceptor CCR5 caracterizase por maior carga elétrica que o CXCR4. Portanto, mutações que conferem trocas de aminoácidos podem alterar a carga elétrica molecular do correceptor e, conseqüentemente, o tropismo viral(8,16). A ligação entre V3 e o correceptor é determinada pela presença de aminoácidos básicos (K ou R), aminoácidos ácidos (D ou E) ou modificações pós-transcricionais (geralmente N ou O-glicosilações ou sulfatação da tirosina) assim, consequentemente, mutações que afetam a carga elétrica da região V3 estão intrinsecamente correlacionadas com a seletividade do correceptor(16-17). Durante a progressão da infecção, alterações na região V3 podem acarretar na mudança do tropismo, levando a substituição de populações R5 por cepas X4(16-17). A presença de resíduos básicos nas posições 11 e 25 (posições 306 e 322 na sequência consenso do subtipo B) aparece associada a vírus X4 ou duplo-trópicos, enquanto que a presença de um resíduo de carga negativa e um neutro nas posições 25 e 11, respectivamente, correlaciona-se com cepas R5. Numerosas investigações confirmaram que a presença de um resíduo carregado positivamente na posição 25 é capaz de reverter o tropismo de uma cepa R5 para X4(17-19). Ainda não está claro se o aparecimento de aminoácidos básicos nas posições 11 e 25 é suficiente ou mesmo necessário para a emergência de cepas X4. Diferenças intrínsecas na alça V3 entre os subtipos podem levar a diferenças na emergência das cepas X4 e é provável que a troca do tropismo seja um processo gradual de acúmulo de mutações(1,13). Os antagonistas de correceptor Recentemente, novas classes de drogas antirretrovirais baseadas na variabilidade genotípica e fenotípica viral foram desenvolvidas. Tendências em HIV • AIDS (Volume 5 - Número 1 - 05-12) Com foco no processo de entrada do vírus na célula desenvolveram-se os inibidores de ligação, inibidores de fusão e os antagonistas de correceptores. Concomitantemente, o desenvolvimento de novas técnicas de triagem para a avaliação do tropismo viral, vem auxiliando a escolha da melhor classe de antirretrovirais ou adjuvantes a serem usados na clínica médica, de acordo com a necessidade do paciente(4,20-21). Os inibidores de ligação pertencem a uma classe de moléculas que inibem a ligação inicial da gp120 com o receptor CD4. Os inibidores de fusão atuam na gp41, impedindo sua mudança conformacional final, necessária para a fusão do envelope viral à membrana celular, e consequentemente entrada do HIV-1 na célula alvo(21). Os antagonistas de correceptores são uma nova classe de drogas antirretrovirais, que bloqueiam a entrada do vírus na célula por interagirem competitivamente com os receptores de quimiocinas CCR5 e CXCR4. Deste modo, estes antagonistas atuam diretamente nos correceptores presentes nas células-alvo, e propiciam a redução do aparecimento de mutações que conferem resistência aos antirretrovirais(18,21). Por esta razão, a falência ao tratamento anti-HIV de uso corrente, ocasionada por cepas multirresistentes aos inibidores de protease e transcriptase reversa, poderá ser contornada com o uso de antagonistas de correceptores(22). Uma vez que o polimorfismo CCR5∆32 não afeta o funcionamento normal do sistema imunológico, o bloqueio da função do receptor CCR5 representa uma estratégia eficiente para a terapia antirretroviral porque deve interferir significativamente na infecção e progressão da doença(9-10,22). Dentre as diferentes moléculas antagonistas de CCR5 em desenvolvimento, destacam-se três: aplaviroc (APL, AK-602, GlaxoSmithKline, Reino Unido), vicriviroc (VVC, SCH-D, Schering-Ploug, EUA) e maraviroc (MVC, UK-427,857, Pfizer, EUA). O desenvolvimento do aplaviroc foi encerrado, em 2005, nas fases II/III dos tesTendências em HIV • AIDS (Volume 5 - Número 1 - 05-12) tes clínicos devido a ocorrência de hepatoxicidade em vários pacientes. Houve atraso nos testes com o vicriviroc durante a fase II devido a ocorrência de linfomas malignos e adenomas, porém tais suspeitas não foram confirmadas e atualmente os testes clínicos encontram-se na fase III (9-10,23). Em 2007, o maraviroc foi o primeira fármaco antagonista a ser aprovado para uso clínico. Este é o agente antagonista do CCR5 mais avançado, testado em várias doses que, além de poder ser usado concomitantemente com outros antitretrovirais, apresentou efeitos adversos leves como hipotensão leve, cefaléia e náuseas. Estes ensaios clínicos comprovaram a eficácia do maraviroc, demonstrando queda na carga viral para níveis indetectáveis e aumento na contagem de linfócitos T CD4+(2,10,24). Com relação aos antagonistas de CXCR4, apenas a droga AMD3100 apresentou uma redução significativa da carga viral em um pequeno número de pacientes com prevalência de cepas X4. Contudo, esta droga não será desenvolvida para uso clínico devido a sua toxicidade. Outros compostos desta mesma série estão sendo avaliados, como o AMD070 e AMD887, e ambos exibiram atividade frente a cepas multiresistentes a drogas in vitro(10). Determinação do tropismo O uso clínico dos antagonistas de CCR5 implica na triagem dos candidatos a administração desta nova estratégia terapêutica. Visto que indivíduos com prevalência de cepas R5X4 ou X4 não têm indicação para o uso dos antagonistas de CCR5, a determinação do tropismo viral é essencial para a triagem de candidatos ao uso clínico deste antirretroviral(16,18,25). Por esta razão, foram desenvolvidos ensaios moleculares e programas preditores capazes de determinar o tropismo das cepas de HIV-1. Estas metodologias ainda não são rotina e os ensaios padrão-ouro permanecem restritos a alguns laboratórios no exterior(20-21). 9 Ensaios fenotípicos Os primeiros ensaios para a avaliação do fenótipo viral foram desenvolvidos na década de 80, com objetivo de classificar as cepas em indutoras de sincício (SI) ou não indutoras de sincício (NSI). A habilidade de replicação do HIV em linhagens celulares específicas, associada à fusão celular (sincício) indica a presença de vírus X4. Entretanto, estes ensaios requerem isolados virais variados e é um procedimento bastante trabalhoso(20). Os ensaios fenotípicos com vírus recombinantes (RVA – recombinant viral assays) são baseados em populações de pseudovírus marcados os quais são capazes de recombinarem com as populações virais testadas, e permitem inferir o tropismo pelas populações celulares infectadas(21). Atualmente existem quatro ensaios comerciais: Trofile (Monogram Biosciences, São Francisco, EUA), Phenoscriopt (VIRalliance, Paris, França), Xtrackc/PhenX-R (inPheno AG, Basel, Suiça) e Virco (Virco BVBA, Mechelen, Bélgica). Estes ensaios geram pseudovírus capazes de inserir o gene do envelope, por completo ou determinados fragmentos, provenientes da população viral dos pacientes(20). O Trofile é um ensaio de vírus recombinantes em ciclo único de replicação e, atualmente, é o ensaio comercial mais comumente utilizado e o RVA melhor avaliado para a determinação do tropismo de HIV-1 em estudos clínico(20). Este ensaio usa uma região do gene env com tamanho aproximado de 2,5 kb para a determinação do tropismo, que é amplificado por PCR e inserido em um vetor de expressão de envelope. Neste ensaio, uma linhagem de células HEK293 (linhagem de células embrionárias renais) é utilizada para a transfecção do vetor de expressão env e o vetor de HIV genômico transportando o gene reporter luciferase. O processo de infecção é realizado em células U87 (linhagem de células de glioma humano) que expressam CD4/CXCR4 ou CD4/CCR5 na 10 superfície celular. A quantificação da emissão de luz pela expressão do gene reporter de luciferase é controlada pela presença de antagonistas de co-receptor(20-21). O ensaio Trofile é bastante preciso e apresenta boa reprodutibilidade. Entretanto, este ensaio apresenta algumas limitações como alto custo, demora para a confirmação do resultado, difícil disponibilidade (as amostras precisam ser enviadas para o exterior, critérios para a realização do ensaio e o limitado acesso ao países em desenvolvimento(20,26). De modo geral, por serem baseados em experimentos de cultura celular, os ensaios fenotípicos implicam em maior custo, maior tempo para a padronização e realização dos ensaios quando comparados aos testes genotípicos(16,18,20). Ensaios genotípicos e programas preditores Muitos dos determinantes gênicos para a utilização do correceptor estão presentes no envelope do HIV-1, em especial na alça V3, influenciando na especificidade do correceptor utilizado pelas variantes virais, no qual poucas trocas de aminoácidos são suficientes para a alteração do tropismo viral. Consequentemente, esta região é um importante alvo para avaliações baseadas em bioinformática capazes de indicar o fenótipo do tropismo a partir de predições genotípicas que utilizam dados de sequenciamento(25,27-28). Foram publicados diferentes protocolos baseados em sequências de aminoácidos da região V3. Um teste simples e bastante popular é a regra 11/25: se aminoácidos básicos (arginina ou lisina) encontram-se nas posições 11 ou 25 da região V3 o vírus é X4, logo, se não há aminoácidos básicos nesta posição, considera-se R5. Este teste é preciso para a predição de isolados R5, mas não é considerado muito confiável para isolados X4 podem conduzir a conclusões incompletas ou ambíguas(13,16). Desta forma, a fim de contornar tal situação, foram publicados diferentes protocolos para a predição Tendências em HIV • AIDS (Volume 5 - Número 1 - 05-12) do tropismo baseados em sequências de aminoácidos da região V3 utilizando ferramentas de bioinformática capazes de ampliar os parâmetros de análise, garantindo uma predição mais eficiente. Apenas alguns destes métodos de predição estão disponíveis em servidores de acesso livre: WetCat, WebPSSM e geno2pheno[coreceptor]. Estes sistemas utilizam sequências de nucleotídeos ou aminoácidos da região V3, que são enviadas via internet e realizam a predição em tempo real através de matrizes, algorítmos e bases de dados. É possível inserir dados adicionais como carga viral e contagem de linfócitos, por exemplo, que melhoram a especificidade do teste(16). O WetCat é um serviço desenvolvido e mantido pela Universidade da Califórnia (São Francisco, EUA) que consiste em uma regra de cargas implementada por três diferentes árvores de decisão e uma ferramenta de suporte vetorial (SVM – support vector machine). As sequências de nucleotídeos precisam ser traduzidas para aminoácidos e alinhadas manualmente com a sequência consenso disponibilizada pelo web-site, um processo que pode ser trabalhoso e consome bastante tempo. A vantagem é a possibilidade de inserir várias sequências e obter o resultado da predição do tropismo em uma mesma análise(16). O servidor WebPSSM é mantido pela Universidade de Washington (Washington, EUA) e prediz o correceptor a partir de uma sequência de aminoácidos desenvolvida de uma matriz de escore de posição específica (PSSM – position specific score matrice). O alinhamento das amostras com a sequência consenso é automático e pode ser realizado com sequências do subtipo B ou C. O resultado além de indicar o tropismo traz um valor quantitativo, a escore de predição, o intervalo de confiança, entre outros dados(16). A predição pelo geno2pheno[coreceptor], mantido pelo Instituto de Informática Max Plankc (Saarbrücken, Alemanha), é realizada atraTendências em HIV • AIDS (Volume 5 - Número 1 - 05-12) vés de um SVM implementado com outros algorítimos preditivos e os dados podem ser inseridos como sequências de nucleotídeos ou de aminoácidos, desde que contenham a região V3, sendo ainda possível inserir parâmetros clínicos. Desta forma, duas classes de resultados podem ser inferidas: a análise comparativa entre a sequência de aminoácidos ou de nucleotídeos com um padrão de dados obtidos por clones e a comparação com dados obtidos de marcadores clínicos de 1000 pacientes não expostos a terapia antirretroviral(16). A utilização de ferramentas de bioinformática para a predição do tropismo, quando comparada à aplicação de ensaios com vírus recombinantes, torna-se uma alternativa mais simples e financeiramente mais viável para a triagem dos candidatos ao uso antagonistas de CCR5. A inclusão desta estratégia terapêutica mais específica pode desacelerar a progressão da infecção, beneficiando, desta forma, o prognóstico e a qualidade de vida do paciente infectado. Considerações finais O desenvolvimento de estratégias antirretrovirais baseadas no uso dos correceptores representa um avanço fundamental para o controle da progressão da infecção. Estas abordagens podem ser utilizadas principalmente como adjuvantes em terapias aplicadas em pacientes infectados com cepas multi-resistentes a terapia convencional (9). Entretanto, os ensaios fenotípicos para seleção dos candidatos ao uso destas novas estratégias anti-retrovirais ainda não constituem uma rotina clínica, devido aos seus altos custos e baixa disponibilidade, restringindo seu acesso(20). Portanto, a difusão dos softwares preditores de tropismo a partir de sequências de nucleotídeos ou aminoácidos da região V3 pode representar uma alternativa mais viável para a triagem dos candidatos(16). 11 Referências 1.Hughes A, Nelson M. HIV entry: new insights and implications for patient management. Curr Opin Infect Dis. 2009 Feb;22(1):35-42. 16.Sierra S, Kaiser R, Thielen A, Lengauer T. Genotypic coreceptor analysis. Eur J Med Res. 2007 Oct 15;12(9):453-62. 2.Alkhatib G, Berger EA. HIV coreceptors: from discovery and designation to new paradigms and promise. Eur J Med Res. 2007 Oct 15;12(9):375-84. 17.Rosen O, Sharon M, Quadt-Akabayov SR, Anglister J. 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General Valdomiro de Lima 508, Jabaquara, CEP: 04344903, São Paulo-SP, - [email protected] Resumo O GBV-C é um flavivírus intimamente relacionado ao HCV e inicialmente associado a casos de hepatite não-A-B. Estudos posteriores falharam em associar o GBV-C a qualquer doença humana conhecida e o vírus foi negligenciado por um longo período até que estudos sugeriram um efeito benéfico da co-infecção em pacientes HIV soropositivos. Os estudos avaliando o efeito do GBV-C sobre a infecção pelo HIV apresentam resultados controversos e trabalhos avaliando a tripla infecção HIV-HCV-GBV-C ainda são raros. Esta revisão tem como objetivo discutir os resultados publicados à luz de estudos conduzidos recentemente pela equipe. Descritores: interação viral, GBV-C, HCV, HIV, enzimas hepáticas Abstract GBV-C is a flavivirus closely related to HCV and initially associated with non-A-B hepatitis. Subsequent studies failed to associate GBV-C with any known human disease and became neglected until a series of studies associated the virus with prolonged survival in HIV infected recipients. Studies evaluating the co-infection present conflicting results whereas triple HIV-HCV-GBV-C infection remains to be clarified. This review aims to discuss published results in the light of the recent results obtained by the group. Keywords: viral Interaction, GBV-C, HIV, hepatic enzymes Introdução O GBV-C foi descoberto em 1967, quando Deinhardt e colaboradores(1), na tentativa de obter animais de experimentação para o estudo de hepatites virais, inocularam em saguis o soro de pacientes com quadro de hepatite aguda, dentre eles o de um cirurgião de 34 anos, cujas iniciais eram GB. Anos mais tarde Simons e equipe utilizando um “pool” de soros de saguis que continha o que eles chamavam de “agente GB”, inocularam novamente saguis, que também desenvolveram hepatite. Os autores identificaram nesses animais Tendências em HIV • AIDS (Volume 5 - Número 1 - 13-16) dois genomas virais distintos, os quais denominaram GBV-A e GBV-B(2). A descoberta desses dois genomas levou o grupo a desenvolver testes sorológicos baseados nas proteínas recombinantes do GBV-A e do GBV-B com o intuito de determinar a prevalência desses vírus em populações de risco para exposição aos vírus das hepatites. A população africana incluída nesse estudo apresentou elevada soroprevalência para os vírus GBV-A e GBV-B, pelo teste de ELISA. As amostras com IgM positiva foram posteriormente testadas por PCR utilizando primers degenerados capazes de amplificar uma sequência da 13 suposta helicase viral dos vírus GBV-A, GBV-B e HCV-1. O produto da PCR obtido a partir de uma amostra dessa população revelou a presença de uma sequência de nucleotídeos característica dos flavivírus. Análises filogenéticas demonstraram que esse novo vírus era mais proximamente relacionado ao GBV-A, sendo 48% idêntico na sua sequência de nucleotídeos, e por isso os autores o denominaram GBV-C(3). No mesmo ano, a Genelabs Technologies anunciou a descoberta do HGV ou vírus da hepatite G, um novo vírus, intimamente relacionado ao GBV-C, supostamente causador de hepatite em humanos(4). A posterior análise das seqüências genômicas e a análise filogenética revelaram que se tratava de dois isolados do mesmo vírus, com 96% de homologia no genoma viral. Desta forma, ambas as nomenclaturas, GBV-C e HGV, são aceitas e utilizadas na literatura. O GBV-C apresenta distribuição mundial e a infecção é encontrada em indivíduos sadios, com prevalência entre 0,9 e 15%, sendo mais frequente em indivíduos com histórico de exposição a sangue e hemoderivados e usuários de drogas injetáveis(5-6). Estudos de seguimento mostram que cerca de 80% das pessoas sadias eliminam a viremia com concomitante desenvolvimento de anticorpos dirigidos à proteína E2 do GBV-C(7) e, dessa forma, cerca de 20% permanecem cronicamente infectados por um longo período. No Brasil, a prevalência de viremia pelo GBV-C entre doadores de sangue e voluntários sadios está situada entre 5% a 10%. Um estudo realizado pelo Instituto Osvaldo Cruz demonstrou que a soroprevalência é baixa (2,3%) entre crianças abaixo dos 10 anos de idade, aumenta (18%) entre adultos jovens, com idades entre 21 e 30 anos, e diminui nos grupos de maior idade. De acordo, a prevalência de anticorpos anti-E2 foi de 5,6% entre os indivíduos de 18 a 24 anos e aumentou para 35,5% nos indivíduos de 43 a 60 anos(8). Em São Paulo, um estudo conduzido pela equipe de Ribeiro dos Santos avaliou a presença de RNA do GBV-C em uma amostra de 1039 indivíduos da população e encontrou uma prevalência de 5,1% de viremia em indivíduos maiores que 5 anos de idade, sendo que a viremia aumentou para 8,3% quando foram avaliados indivíduos de até 39 anos de idade(9). Devido às vias comuns de transmissão, a infec14 ção pelo GBV-C é comum em indivíduos HIV soropositivos, com prevalência em torno de 30 a 40%, tanto entre os indivíduos que adquiriram HIV pela exposição sexual, quanto entre os que apresentam histórico de exposição sexual. O diagnóstico laboratorial da infecção pelo GBV-C é definido pela detecção do RNA do vírus no plasma, feita pela amplificação do ácido nucléico viral, por meio de métodos moleculares como RT-PCR e nested-PCR, utilizando preferencialmente regiões conservadas do genoma viral, como as regiões 5´UTR, NS3 e NS5. O RNA viral pode ser quantificado por qPCR (PCR em tempo real) e ensaio do bDNA.Técnicas como hibridização in situ e RTPCR in situ podem ser utilizadas com o intuito de identificar os sítios de replicação do GBV-C”. O diagnóstico de resolução da infecção pode ser feito pela presença de anticorpos direcionados à proteína E2 do envelope viral. A porção hidrofóbica localizada na região N-terminal da proteína E2 contém 2 resíduos de asparagina glicosilados e 4 resíduos de cisteína que formam uma estrutura semelhante a uma alça (loop), que fica exposta na superfície do vírus(10). O desenvolvimento de anticorpos específicos contra a glicoproteína E2 do envelope do GBV-C é responsável pela queda da viremia, eliminação da infecção e imunização contra infecções posteriores, na maioria dos indivíduos infectado(11). Cerca de 50 a 74% dos indivíduos saudáveis eliminam as infecções, enquanto uma pequena minoria permanece infectada por anos sem apresentar sinais ou sintomas clínicos(12). Os mecanismos pelos quais o GBV-C evade da resposta imune e desenvolve infecção crônica, assim como as taxas de progressão da infecção para a fase crônica, ainda não são conhecidos, embora estudos relacionem os alelos HLA DQ7, DR15 e DR8 a taxas mais elevadas de clearance viral(13). Papel do GBV-C na co-infecção HIV-HCV O GBV-C foi inicialmente considerado o possível agente etiológico dos casos de hepatite não-A-E e intensamente estudado na tentativa de elucidar sua fisiopatologia. Naquele momento, pelo menos dois grupos, um do Brasil(14) e outro da China(15) demonstraram a presença de RNA do GBV-C em 10% dos casos de hepatite não-A-E. Estudos adicionais também associaram a presença de RNA do GBV-C a casos de hepatite fulminante Tendências em HIV • AIDS (Volume 5 - Número 1 - 13-16) de etiologia desconhecida(16-18) e níveis elevados de transaminases(19). Zhao e colaboradores (20) seguiram 8 pacientes por um intervalo de 2 anos e detectaram a presença de RNA do GBV-C no plasma e nas amostras de tecido do fígado desses pacientes, utilizando a RT-PCR; os autores concluíram que o GBV-C pode causar hepatite moderada e dessa forma pode ser considerado um agente patogênico moderado. Trabalhos posteriores, no entanto, demonstram que o GBV-C não está associado às hepatites não A-E criptogênicas, nem às hepatites não A-E pós-transfusionais(12) e nem mesmo está associado às hepatites fulminantes(21-22). O sítio de replicação do GBV-C tem sido alvo de intensas pesquisas desde a sua descoberta, no entanto, a questão se o GBV-C é capaz de replicar de forma eficiente nos hepatócitos ainda permanece controversa. Estudos utilizando hibridização in situ demonstraram a presença de RNA genômico do GBV-C em hepatócitos(23); além disso, estudos in vitro demonstraram que o GBV-C é capaz de replicar de forma transitória em algumas linhagens celulares de origem hepática como as células HuH-7, PH5GH e HepG2(24-25). Estudos mais recentes apresentam evidências de que o GBV-C é um vírus linfotrópico e que replica primariamente na medula óssea e no baço(26). Uma vez que o HBV, o HCV e o GBV-C compartilham as mesmas vias de transmissão, a co-infecção é encontrada em cerca de 10-25% dos pacientes com hepatite B ou C, dependendo da população estudada(27). Na maior parte dos estudos, os pacientes co-infectados não diferem clinicamente dos pacientes com infecção apenas pelo HCV. Estes estudos relatam que o GBV-C não influencia a doença hepática, não piora o grau de fibrose e nem tem influência sobre os níveis de enzimas hepáticas(28-29). Em um estudo recente, Claret e colaboradores(30) avaliaram a prevalência da viremia pelo GBV-C em uma coorte de 327 crianças saudáveis que apresentavam níveis normais ou elevados de transaminases, que foram divididas nos grupos A e B e outra coorte, de 38 crianças HCV positivas com transmissão maternofetal, que constituíram o grupo C. Os autores concluíram que a presença do GBV-C nessas crianças estava relacionada à infecção pelo HCV e que a viremia não estava relacionada aos níveis elevados de transaminases, uma vez que a prevalência não diferiu entre os grupos A e B. Considerando que vários estudos falharam em asTendências em HIV • AIDS (Volume 5 - Número 1 - 13-16) sociar o GBV-C a qualquer doença humana conhecida e levando em conta a elevada prevalência da infecção entre doadores sadios, sangue e homoderivados não são atualmente triados para este vírus. O interesse pelas pesquisas também diminuiu e o GBV-C ficou esquecido até que os primeiros relatos sobre um possível efeito benéfico no curso da infecção pelo HIV foram publicados, a partir da década de 90. Estudos demonstraram contagens superiores de linfócitos T CD4 e menores níveis plasmáticos de RNA do HIV em indivíduos HIV com replicação ativa pelo GBV-C, quando comparados aos indivíduos infectados somente pelo HIV(24, 31-32). Outros estudos, porém, falharam em associar o GBV-C a níveis mais elevados de células T CD4 ou mesmo menor CV do HIV(33). De acordo, em um estudo recente desenvolvido pelo nosso grupo(34) não foram observadas diferenças significativas entre os grupos com relação aos marcadores imunológicos e virológicos da infecção pelo HIV, quando os grupos foram comparados considerando-se o perfil de infecção. Percebe-se, portanto, que ainda não existe consenso a respeito do papel do GBV-C no contexto da infecção pelo HIV. A interação viral HIV-HCV-GBV-C, a exemplo da co-infecção HIV-GBV-C, também permanece controversa. Estudos relatam que não existe associação entre os marcadores prognósticos da infecção pelo HCV na tripla infecção(35-36), enquanto outros sugerem que existe um efeito protetor do GBV-C nessa situação(37-38). Em um estudo recente publicado pela equipe de Berzsenyi(38) a doença avançada relacionada ao HCV foi menor entre pacientes com tripla infecção, no entanto, a mortalidade foi semelhante no grupo de pacientes HIV-HCV não co-infectados pelo GBV-C, em vigência de terapia antirretroviral altamente potente. Em estudo posterior(34) que incluiu uma coorte de 150 indivíduos HIV soropositivos, quando avaliamos o perfil das enzimas hepáticas AST, ALT e GGT por meio de análise multivariada, observamos níveis mais elevados no grupo de pacientes com tripla infecção, quando comparados aos indivíduos HIV-HCV e ao grupo de pacientes infectados somente pelo HIV. Avaliando as características demográficas, observamos que os grupos são muito semelhantes no que se refere à idade, etilismo, uso de drogas injetáveis, perfil de prescrição de drogas antirretrovirais e tempo de 15 diagnóstico de infecção pelo HIV, sendo todos os pacientes incluídos no estudo classificados como crônicos. Também não houve diferença estatística entre a contagem de células T CD4 e níveis plasmáticos de RNA do HIV entre esses grupos, demonstrando que não existe maior deterioração imunológica ou maior frequência de falha terapêutica entre os grupos. Em concordância, a ocorrência de doença definidora de AIDS não diferiu entre os grupos. Dessa forma, o único fator que parece influenciar na elevação das enzimas hepáticas parece ser a presença da replicação pelo GBV-C, uma vez que a presença de anticorpos anti-E2 não interferiu nesses resultados. Uma vez que a questão se o GBV-C replica nos hepatócitos permanece por ser respondida, esse aumento pode estar refletindo uma sobrecarga dos hepatócitos e poderia ser considerado indicativo de dano hepático. Para melhor avaliar essa questão, um estudo de seguimento, que avaliasse outros marcadores de função hepática, como por exemplo, a produção de proteínas, além da avaliação das biópsias hepáticas desses pacientes, poderia esclarecer essa questão. Considerando que inicialmente em sua descoberta, o GBV-C foi associado a casos de hepatite fulminante não-A-E(14-15) e que pelo menos dois estudos identificaram a presença do RNA do GBV-C em hepatócitos humanos(5, 23), sugerimos que a possibilidade de causar dano hepático não deva ser ignorada antes que se afastem todas as evidências nesse sentido. Referências 1. D einhardt F, Holmes AW, Capps RB, Popper H. Studies on the transmission of human viral hepatitis to marmoset monkeys. I. 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Tendências em HIV • AIDS (Volume 5 - Número 1 - 13-16) Artigo de Atualização Epigenética e HIV-1: A participação das histonas na infecção e no tratamento HIV and epigenetics: Histone role in HIV-1 infection and treatment Mariana Leão de Lima1, Luiz Mário Ramos Janini1, Lucilene Delazari dos Santos2 1- Universidade Federal de São Paulo, 2- Universidade Estadual Julio de Mesquita Filho Endereço para correspondência: Mariana Leão de Lima, Laboratório de Retrovirologia, Rua Pedro de Toledo, 781, 16º andar, Vila Clementino; 04039-032 – São Paulo – SP Lucilene Delazari dos Santos, UNESP Campus Rio Claro, Av 24A 1515, 13506-900 - Bela Vista - Rio Claro - SP Resumo Inicialmente utilizados para silenciar vetores retrovirais, os mecanismos epigenéticos têm se tornado chave para a explicação de fenômenos complexos até então não compreendidos. O efeito da interação do polímero de DNA intramolecular e intermolecularmente afeta, inclusive, o sucesso e o insucesso da infecção viral, a ativação e a inativação da transcrição. Esta revisão tenta discutir um pouco dos conceitos e aplicações da epigenética no tratamento de pacientes portadores do HIV-1. Dentre as perspectivas, a principal é o desenvolvimento de novas drogas que sejam capazes de purgar os reservatórios de latência do HIV-1. Descritores: HIV-1, tratamento, epigenética, histonas, DNA Abstract Previously used as retroviruses vector silencing, epigenetic assays have become a key for understanding high complexity phenomena that is not explained yet. The effect of DNA polymer interaction on intramolecular and intermolecular level has implications on successful or unsuccessful infection, transcription activation and inactivation. This review aims to discuss something about epigenetic concepts and its application on treatment of HIV-harboring patients. Among the perspectives, the most important one is the development of new pharmacological agents to address the purge of latent HIV-1 reservoirs. Keywords: HIV-1, treatment, epigenetics, histones, DNA Introdução Desde o entendimento da disposição estrutural do DNA, na década de 1940, quando o conjunto de proteínas do núcleo celular e o polímero de ácido desoxirribonucleico ainda eram denominados conjuntamente “cromosinas”, a importância das histonas na dinâmica da expressão do gene já era esboçada(1). Seguidamente, o avanço dos conhecimentos de bioquímica de proteínas Tendências em HIV • AIDS (Volume 5 - Número 1 - 17-21) trouxe a noção das modificações póstraducionais (MPT) e das proteínas responsáveis por tais modificações, embasando os conhecimentos de expressão gênica. Hoje, na era pós-genômica, não se estuda a célula sem que sejam considerados os fenômenos epigenéticos(2,3). O controle da expressão gênica em células eucariotas ocorre pela ligação de fatores de transcrição nas regiões promotoras e 17 sequências regulatórias dentro do próprio DNA, as quais são capazes de influenciar a taxa de transcrição. Adicionalmente, a expressão gênica é controlada pelo empacotamento mais ou menos intenso do DNA sob a forma de cromatina ou por modificações covalentes na própria fita de DNA. O termo epigenética significa literalmente “sobre os genes” e se relaciona a eventos que modificam a expressão gênica. Diferentemente do caso de mutações, por exemplo, os fenômenos epigenéticos não agem diretamente sobre a sequência de DNA, e sim na estrutura e permissividade à transcrição da sequência de nucleotídeos existente, permitindo plasticidade fenotípica e resolvendo conflitos intragênicos. Assim sendo, essencialmente, a epigenética se relaciona a dois tipos principais de fenômenos: à metilação do DNA e às MPT nas histonas. As histonas se associam ao DNA e formam uma configuração octamérica contendo duas cópias de cada histona H2A, H2B, H3 e H4 e esta estrutura é denominada nucleossomo. As modificações nas histonas e na cromatina afetam a afinidade para ligação a outras proteínas e a fatores de transcrição do DNA. Quando se fala em metilação do DNA, é conhecido que esta modificação ocorre na posição 5 do anel pirimídico de uma base citosina (C) seguida de base guanina (G) e que essa configuração, denominada seqüência CpG, silencia o gene. Por outro lado, as modificações pós-traducionais em histonas ocorrem na cadeia lateral de resíduos de aminoácidos que se projetam do nucleossomo, dentre as quais as mais comuns são: acetilação (-CH 3CO), metilação (-CH 3), fosforilação (-PO4) e ubiquitinação (adição do peptídeo ubiquitina, de 76 resíduos de aminoácidos). Como dito anteriormente, as modificações covalentes em nível de histonas podem alterar o empacotamento da cromatina, reduzindo ou potencializando o acesso dos fatores de transcrição ao DNA, como por exemplo, os mecanismos de acetilação 18 e deacetilação de histonas. Além disso, as MPT podem gerar interações novas e específicas com outras proteínas associadas à cromatina, que recrutarão seletivamente plataformas de proteínas efetoras para dirigirem diferentes processos biológicos. Salienta-se que as MPTs de histonas são todas reversíveis. Assim, entre os alvos de estudo da epigenética estão: a permutação, o silenciamento genético, a inativação do cromossomo X em mamíferos, os eventos de transversão, os chamados “efeitos maternos”, o efeito de posição, a reprogramação, o bookmarking e mesmo o progresso de eventos de carcinogênese ou alguns efeitos de teratógenos(4-10). As viroses não possuem maquinaria própria e dependem obrigatoriamente do hospedeiro para a replicação. Neste contexto, assim como o DNA original, o DNA viral também está sujeito a interações intra e intermoleculares. No intercurso da infecção viral, há muito a ser entendido sobre como funcionam os mecanismos que regulam a transcrição do HIV-1, particularmente sobre como a conformação da cromatina local auxilia ou prejudica os processos de iniciação e elongação do transcrito viral, pois, após a infecção, o DNA proviral do HIV-1 é incorporado aos nucleossomos da célula hospedeira. Neste sentido, uma abordagem que pode ser utilizada para ilustrar a linguagem epigenética é a adição de um radical neutro como um metil (-CH3) por uma enzima histona metiltransferase (HMTase) a uma histona. Uma modificação desta natureza torna menos forte a interação entre a histona e o DNA, fazendo com que a estrutura nucleossomal da cromatina fique mais “frouxa” no trecho em questão e que, desta forma, a transcrição seja ativada localmente. A retirada deste radical metil por uma enzima complementar, uma histona demetilase (HDMase), tem ação inversa e silencia a transcrição localmente. Contudo, a linguagem da epigenética é mais complexa que o exemplo mencionado e, não poucas vezes, a mesma moTendências em HIV • AIDS (Volume 5 - Número 1 - 17-21) dificação em diferentes resíduos do DNA ou das histonas sinaliza para diferentes mensagens em termos de transcrição. Por exemplo, a metilação dos resíduos 4 e 36 do aminoácido lisina na histona H3 (a notação correta é H3K4 e H3K36) costuma aparecer associada à ativação transcricional, enquanto que a metilação dos resíduos 9 e 27 do aminoácido lisina (H3K9 e H3K27) da mesma histona sinaliza para silenciamento da transcrição(11,12) e, neste contexto, salienta-se ainda que o grau de ativação ou repressão gênica está diretamente associado ao grau de metilação (monometilação, dimetilação ou trimetilação) de um resíduo-alvo de aminoácido. A integração do HIV-1 no genoma hospedeiro ocorre preferencialmente em sítios onde a transcrição ocorre ativamente para que seja favorecida uma eficiente produção de transcritos virais (13). Esta integração, para o hospedeiro, pode ocasionar ativação de proto-oncogenes ou de genes não tecido-específicos(14). Segall e colaboradores desenvolveram uma metodologia computacional a partir da qual é possível, a partir do mapeamento da sequência primária do DNA, inferir a disposição dos nucleotídeos de uma sequência analisada ao longo do nucleossomo(15). Uma abordagem realizada com sequenciamento em larga escala (pirosequencimento) mapeou 40.569 unidades de integração entre o genoma viral e o do hospedeiro para melhor entender quais as regiões do DNA hospedeiro eram mais vezes alvo de integração do DNA proviral. Adicionalmente, foi rastreado que a integração está fortemente associada a sítios de MPT de histonas que sinalizam para transcrição ativa (acetilação de H3, acetilação de H4 e metilação da lisina 4 da histona H3 – H3K4) e negativamente associadas a sítios inibitórios (trimetilação da lisina 27 da histona H3 – H3K27 e sítios de DNA CpG sujeitos à metilação). E, quando esta dinâmica foi observada a partir da morfologia do nucleossomo, no- Tendências em HIV • AIDS (Volume 5 - Número 1 - 17-21) tadamente foi observado que a integração proviral ocorria na face exterior dos principais sulcos envolvidos na constituição do nucleossomo cromossomal. demonstrando a influência da posição dos genes no nucleossomo no processo de integração do HIV-1 à cromatina do hospedeiro(16). Contudo, com relação a estudos envolvendo o HIV-1, uma das principais contribuições que o conhecimento sobre epigenética pode trazer é auxiliar a extinguir os reservatórios de partículas viris latentes porque, em situações não favoráveis, o vírus se utiliza da maquinaria do hospedeiro e entra em estado de latência replicativa. O emprego da HAART permite em certo número de pacientes a restrição da replicação viral em nível de indetecção (< 50 cópias/mL). Contudo, de maneira simplificada, na descontinuidade da terapia, elevados níveis de carga viral voltam a ser detectados rapidamente. A explicação para este fenômeno é que reservatórios de partículas virais competentes em estágio latente de replicação persistem, principalmente em linfócitos T CD4+ em repouso, e que, a ausência do tratamento permite a reativação viral. Neste contexto, a existência de um reservatório de partículas de HIV-1 latentes nos linfócitos T CD4+ de características imunológicas indistinguíveis de células não infectadas, impede que toda a população viral seja exposta à HAART e que seja, portanto, possibilitado o clearance da infecção. Estudos estimaram que seriam necessários até 60 anos de HAART ininterrupta para erradicação dos reservatórios de latência viral, assumindo-se que a dimensão deste reservatório é de apenas 105 células por pessoa infectada (17). Por isso, o acesso a estes mecanismos de latência e ativação viral é fundamental para o expurgo dos reservatórios do HIV-1(18,19). Nos linfócitos T CD4+, o DNA viral está integrado ao DNA celular. A compactação ou permissividade do DNA proviral do HIV-1 é diretamente dependente de mo19 dificações pós traducionais de histonas, como acetilação e metilação(20). A região LTR (LTR – long terminal repeat repetições terminais longas) do HIV-1 funciona como promotor viral para o início da transcrição reversa e está sob controle da estrutura nucleossomal local. A hipermetilação do DNA do HIV-1 na extremidade 5´das LTR em sítios CpG (citosinas seguidas de guanina, como acima referido) constituindo as chamadas “ilhas CpG” no genoma do HIV-1 e estas modificações igualmente silenciam a transcrição viral(21). De acordo com os achados de Blazkova e colaboradores, em pacientes sob HAART com carga viral indetectável são encontradas predominantemente formas hipermetiladas na extremidade 5´ da LTR viral as quais se caracterizaram como bastante resistentes à ativação transcricional, enquanto que em pacientes sob HAART com carga viral mais elevada, são encontradas predominantemente formas hipometiladas na extremidade 5´ da região LTR viral. Estes achados sugerem que a imposição do ambiente celular ou o escape viral de hipermetilação ao DNA HIV-1 podem contribuir na manutenção dos reservatórios virais. Contudo, em modelos in vitro, conseguiu-se reverter o estado de hipermetilação e induzir a reativação viral mesmo quando a extremidade 5´ da LTR do HIV-1 encontrava-se densamente metilada, a partir da estimulação com ácido suberoilanilido-hidroxâmico (SAHA), um inibidor de HDAC(22). Isso ocorre porque, quando um DNA exógeno viral integra-se ao DNA celular, ocorre recrutamento de histonas deacetilases (HDAC) para a região em questão e que estas enzimas realizam a deacetilação daquele trecho, ocasionando maior condensação da cromatina e silenciamento da transcrição do provirus(23,24). Tal é o reconhecimento da importância de se eliminar os reservatórios de latência viral utilizando-se do conhecimento sobre epigenética que, recentemente, publicouse um estudo clínico realizado em pa20 cientes sob uso de HAART (enfuvirtida ou raltegravir) e carga viral indetectável, em que foi administrado concomitantemente ou não um inibidor de histona deacetilase oral, no caso o ácido valproico (Depakote). O estudo, que objetivou mensurar a estabilidade dos reservatórios de latência viral em presença de inibidor de histona deacetilase (HDACs), não conseguiu reduzir a frequência destes reservatórios e nem romper a latência proviral como esperado, mas despertou o interesse da comunidade científica para que sejam testados inibidores de histona acetilases mais potentes ou inibidores de histona acetilases em conjunto com inibidores de histonas metiltransferases (HMT)(25,26). Por fim, ainda com relação à administração de antiretrovirais, recentemente foi documentado que o ácido tânico, cujo efeito já era conhecido por diminuir a nefrotoxicidade induzida por cisplatina em pacientes, também minimizou a hepatotoxicidade do AZT. Análises moleculares identificaram que o ácido tânico reduz danos oxidativos no sistema celular hepático porque atua em nível de histonas, diminuindo a acetilação nas histonas H3, na região do gene que codifica para a expressão da proteína de reparo do DNA, PARG, aumentando a expressão destas proteínas e de suas precursoras(27). Assim sendo, embora muito promissoras, é necessário ainda considerar que terapias que atuam em nível epigenético ainda apresentam algumas limitações. Por exemplo, efeitos sistêmicos na transcrição gênica pelas histonas deacetilases (HDAC) ainda representam uma barreira para a utilização clínica em larga escala. Estudos com arrays de DNA estimaram que cerca de 2 a 20% dos genes celulares expressos podem sofrer alterações diante de exposição a inibidores de HDAC sendo que estes genes podem ser reprimidos ou ativados aleatoriamente(28). Por isso, como discorrido ao longo de todo o texto, a utilização de drogas que atuam em nível epigenético Tendências em HIV • AIDS (Volume 5 - Número 1 - 17-21) é promissora mas não se encontra disponível até o presente momento. Será o conhecimento da linguagem da epigenética, ou melhor, das linguagens epigenéticas, que possibilitarão o desenvolvimento racional de abordagens terapêuticas? Estas abordagens, embora coadjuvantes à HAART, serão fundamentais no tratamento da infecção pelo HIV-1. Outras doenças, cujo mecanismo fisiopatológico está associado a fenômenos epigenéticos já estão sendo objeto de testes com fármacos(29-31). Desta forma, previsivelmente, há expectativas de que, aliado ao esquema da HAART clássico, o paciente portador do HIV-1 também possa ser beneficiado em breve com a utilização de drogas que atuam em nível epigenético. Referências 1. M irsky AE, Pollister AW. Chromosin, a desoxyribose nucleoprotein complex of the cell nucleus. J Gen Physiol 1946; 30: 117-48. infection of CD4+ T cells provides a mechanism for lifelong persistence of HIV-1, even in patients on effective combination therapy. Nat Med 1999; 5: 512-7. 2. G ill KS. Epigenetics of the promorphology of the egg in drosophila melanogaster. J Exp Zool 1964; 155: 91-4. 18. Zhang L, Chung C, Hu BS, He T, Guo Y, et al. Genetic characterization of rebounding HIV-1 after cessation of highly active antiretroviral therapy. J Clin Invest 2000; 106: 839-45. 3. J ohnson LJ, Tricker PJ.Epigenomic plasticity within populations: its evolutionary significance and potential. Heredity 2010 (in press). 4. 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Descritores: alterações metabólicas, fosamprenavir, inibidores de protease Abstract This case report presents the administration of amprenavir in subtitution in a patient with toxicity to other protease inihibitors. The substitution was efficient and comfortable to the patient once fosamprenavir presents administration advantages without food restriction. Nowadays the patient maintains indetectable levels of HIV VL, absence of dyslipidemia and tolerance to HAART. Keywords: metabolic alterations, fosamprenavir, protease inihibitors Introdução Paciente do sexo masculino, caucasiano, 44 anos, natural de RN, procedente de SP. Em novembro de 2003 apresentou quadro clínico de Sarcoma de Kaposi e candidíase oral, quando foi realizada sorologia anti-HIV, com resultado positivo. Nesta época apresentava CD4 de 69 cel/mm3 e CV de 6.3 log10. Iniciado tratamento antirretroviral (TARV) com zidovudina/lamivudina (AZT/3TC) e lopinavir/r. O paciente evoluiu com ganho progressivo de CD4 e supressão da replicação viral. Em 2005 passou a apresentar aumento nos níveis de colesterol e triglicerídeos (Col T: 230 mg/dl, HDL: 30 mg/dl, LDL: 140 mg/dl, TG: 323 mg/dl), glicemia dentro dos limites de referência (82 mg/dl), pressão arterial sem alterações. Como o paciente não era tabagista, seu escore de Framingham(1) apresentava os seguintes valores (Tabela 1) 22 O paciente foi orientado a modificar sua dieta e a praticar exercícios físicos, e seu inibidor de protease foi substituído por atazanavir 400mg/ dia em dezembro de 2006. Em agosto de 2008, ritonavir foi associado ao atazanavir (com redução da dose deste último para 300 mg/dia). Com a associação de ritonavir passou a apresentar icterícia em escleras e dosagem de bilirrubina indireta de 5.6 mg/dl. O indivíduo solicitou uma revisão de seu esquema antirretroviral, pois estava ciente que a icterícia estava sendo causada pelo atazanavir. Nos exames laboratoriais apresentava níveis estáveis de CD4 e CV sempre indetectável. O inibidor de protease foi então substituído por fosamprenavir 1400mg uma vez ao dia associado a 100 mg de ritonavir uma vez ao dia. Atualmente paciente mantém CV indetectavél, ausência de disipidemia, boa tolerância a TARV. Tendências em HIV • AIDS (Volume 5 - Número 1 - 22-24) Tabela 1. Escore de Framingham. Homem Idade Pontos 20-34 -9 35-39 -4 40-44 0 45-49 3 50-54 6 55-59 8 60-64 10 65-69 70-74 11 12 75-79 13 Colesterol total (mg/dL) Idade 20-39 Idade 40-49 Idade 50-59 Idade 60-69 Idade 70-79 < 160 160-199 200-239 240-279 ≥ 280 0 4 7 9 11 0 3 5 6 8 0 2 3 4 5 0 1 1 2 3 0 0 0 1 1 Idade 20-39 Idade 40-49 Idade 50-59 Idade 60-69 Idade 70-79 0 8 0 5 0 3 Fumo Não Sim HDL-colesterol ≥ 60 50-59 40-49 < 40 0 1 Pontos -1 0 1 2 0 1 PA Sistólica (mmHg) Não Tratada Tratada < 120 0 0 120-129 130-139 140-159 > 160 0 1 1 2 1 2 2 3 Discussão: Fosamprenavir comprimido foi aprovado pela FDA em 20 de outubro de 2003, para uso com outros antirretrovirais (ARV) no tratamento da infecção pelo HIV. A dose recomendada de fosamprenavir depende se o indivíduo é virgem de terapêutica antirretroviral ou se já fez uso de outros ARV, especialmente inibidores da protease (IP). Quando utilizado como primeiro esquema ARV, há três posologias: 1) 1.400 mg duas vezes ao dia, sem ritonavir (atualmente o uso de IP sem ritonavir não é mais recomendado, salvo em situações aonde o uso deste último esteja contra-indicado), 2) 1.400 mg mais ritonavir 100 mg uma vez ao dia, ou. 3) 700 mg de fosamprenavir duas vezes ao Tendências em HIV • AIDS (Volume 5 - Número 1 - 22-24) dia mais 100 mg de ritonavir duas vezes ao dia. Para os pacientes já experimentados de ARV, a dose recomendada é de 700 mg de fosamprenavir com ritonavir 100 mg (FPV/r) duas vezes por dia. A associação FPV/r (700/100 mg duas vezes ao dia) demonstrou não inferioridade em relação a lopinavir/ritonavir (LPV/r), 400/100mg duas vezes ao dia, combinado a abacavir/lamivudina (ABC/3TC) em 878 pacientes virgens de terapêutica antiretroviral, em 144 semanas. A tolerabilidade e incidência de eventos adversos foram similares entre os grupos(2). Em um estudo retrospectivo, Calza et. al. demonstraram que FPV/r (700/100 mg duas vezes ao dia) apresentou eficácia similar a LPV/r na dose habitual, ambos associados a dois 23 inibidores da transcriptase reversa análogo de nucleosídeos, tanto em resposta virológica quanto imunológica, porém com menor incidência de diarréia e hipertrigliceridemia quando fosamprenavir/ritonavir foi utilizado como terceira droga do esquema ARV (p=0,006 e p=0,008 respectivamente)(3) O estudo ALERT(4) comparou FPV/r (1400/100mg uma vez ao dia) com atazanavir/ritonavir (ATV/r), 300/100mg uma vez ao dia, associados a tenofovir,entricitabina, demonstrou resposta virológica semelhante entre os grupos e um perfil lipídico favorável para grupo fosampre- navir, semelhante ao do grupo que recebeu atazanavir, evidenciando que, quando utilizado com 100mg de ritonavir, esta associação interfere menos nas alterações de colesterol total e triglicerídeos. Eventos adversos foram mais comuns nos pacientes em uso de ATV/r, principalmente, devido à hiperbilirrubinemia. FPV/r tem a vantagem de administração uma ou duas vezes ao dia, sem restrição alimentar. Associado a 100mg de RTV uma vez ao dia parece ter um perfil metabólico melhor, quando comparado com 200mg/dia de RTV (5). Referências 1. W ilson PW, D’ Agostino RB, Levy D, et al. Prediction of coronary heart disease using risk factor categories. Circulation 1998; 97:1837-47. 2. P ulido F. et. al. Long term efficacy and safety of fosamprenavir plus ritonavir versus lopinavir/ritonavir in combination with abacavir/lamivudine over 144 weeks. HIV Clin. Trials 2009, 10(2):76-87 3. C alza L et al. Efficacy and tolerability of a fosamprenavir/ritonavir-based versus lopinavir/ritonavir-based antiretroviral treatment in 82 therapy-naïve patients with HIV-1 infection. International Journal of STD&AIDS 2008;19:541-544. 24 4. Smith KY, Weinberg WG, Dejesus E, et al. Fosamprenavir or atazanavir once daily boosted with ritonavir 100 mg, plus tenofovir/emtricitabine, for the initial treatment of HIV infection: 48-week results of ALERT. AIDS Res Ther. 2008;5:5. 5. D eJesus E, Sloan L, Sension M, et al. 96-week efficacy/safety data comparing two doses of ritonavir (/r) to boost once-daily (QD) fosamprenavir (FPV), used in combination with abacavir (ABC)/lamivudine (3TC). Program and abstracts of the 48th Annual ICAAC/IDSA 46th Annual Meeting; October 25-28, 2008; Washington, DC. Abstract H-1246. Tendências em HIV • AIDS (Volume 5 - Número 1 - 22-24) Resumo de Dissertações e Teses Aluno: Victor Barreto de Souza Brasil Silva Orientador: Dumith Chequer Bou Habib Instituição: Fundação Oswaldo Cruz- FIOCRUZ - RJ Título: Co-infecção HIV-1/ Tripanossomatídeos em macrófagos humanos: efeito da infecção pelo HIV-1 e da proteína Tat do HIV-1 sobre a replicação parasitária. Protozoários parasitos aparecem como copatógenos em infecções pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV)-1, resultando em um aumento mútuo na replicação viral e parasitária, e facilitando a progressão clínica de ambas as doenças. Os mecanismos pelos quais o HIV-1 induz um aumento na replicação do protozoário são desconhecidos. Neste trabalho, nós investigamos o papel do HIV-1 e da proteína trans-ativadora (Tat) do HIV-1 no aumento da replicação parasitária em macrófagos humanos primários coinfectados ou não com HIV-1 e Leishmania amazonensis ou com HIV-1 e Blastocrithidia culicis. Em alguns experimentos, macrófagos foram infectados somente com L. amazonensis ou B. culicis e expostos à proteína Tat recombinante do HIV-1. As replicações dos protozoários e do HIV-1 foram analisadas por índice endocítico ou ensaio imunoadsorvente ligado a enzima (ELISA) para p24, respectivamente. A infecção pelo HIV-1 dobrou a replicação da Leishmania em macrófagos, e soro contra o Tat do HIV-1 reduziu significativamente a replicação exacerbada do protozoário, indicando uma importante função desta proteína, a qual é liberada pelas células infectadas com HIV-1, neste processo. Corroborando estes resultados, a exposição de macrófagos infectados somente por Leishmania ao Tat recombinante (100 ng/mL) mimetizou a infecção pelo HIV-1. A multiplicação do protozoário diminuiu quanTendências em HIV • AIDS (Volume 5 - Número 1 - 25-28) do células infectadas por Leishmania foram tratadas com Tat na presença de anticorpos neutralizantes contra o Fator de Crescimento e Transformação (TGF)-b1, demonstrando a participação desta citocina no aumento da replicação da L. amazonensis em macrófagos. O tratamento com Tat induziu a expressão da enzima Ciclo-oxigenase (COX)-2 e a secreção de Prostaglandina E2 (PGE2), e o bloqueio da produção de PGE2 aboliu o aumento da replicação da Leishmania induzida por Tat. Adição exógena de PGE2 estimulou o crescimento da Leishmania em macrófagos, e a neutralização imune de TGF-b1 abrandou este efeito. Analisados em conjunto, nós concluímos que Tat estimula a replicação da Leishmania via indução da síntese de PGE2 e conseqüentemente secreção de TGF-b1. Para avaliar se a infecção pelo HIV-1 desativa a atividade microbicida do macrófago, células infectadas com HIV-1 foram co-infectadas com um protozoário não patogênico (Blastocrithidia culicis), e nós observamos que a infecção pelo HIV-1 favoreceu a sobrevivência deste tripanossomatídeo. Por microscopia eletrônica, nós verificamos que tanto o HIV-1 quanto a B. culicis co-habitavam um mesmo macrófago, e que formas em divisão do protozoário podiam ser observadas no interior de macrófagos. De forma similar aos encontrados nos experimentos com Leishmania, o Tat ou o TGF-b1 dobraram o crescimento do protozoário em macrófagos infectados somente por Blastocrithidia. Em conclusão, nós identificamos, pela primeira vez, uma molécula do HIV-1 que promove a multiplicação de um protozoário patogênico (Leishmania), e permite a sobrevivência/crescimento em macrófagos humanos primários de um protozoário habitualmente não patogênico. Uma vez que a neutralização imune do Tat tem sido es25 tudada como uma estratégia de vacinação contra o HIV-1, nossos resultados sugerem que a neutralização desta proteína também pode ser salutar no combate ao protozoário em casos de co-infecção. Aluno: Roberio Dias Leite Orientador: Calil Kairalla Farhat Instituição: Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP - SP Título: Função intestinal, permeabilidade e efeito da alanil-glutamina em pacientes infectados pelo Vírus da Imunodeficiência Humana em Fortaleza. Este estudo teve como objetivo determinar o efeito da suplementação de alanil-glutamina na absorção e na permeabilidade intestinais em pacientes com HIV/AIDS. Métodos: Ensaio clínico randomizado duplo-cego (fase III) utilizando doses isonitrogênicas de alanilglutamina (24g) e de placebo glicina (25g) administrados por via oral sob supervisão durante 10 dias, realizado em Fortaleza – Ceará. Antes e após esta suplementação nutricional foram determinados os percentuais de excreção urinária de lactulose e de manitol, medidos através do método de cromatografia líquida de alta performance com determinação amperométrica pulsada, após ingestão oral destes dois açúcares, além da aferição do peso e da estatura e realização dos seguintes exames: hemograma, TGO, TGP, uréia, creatinina, CD4 e carga viral do HIV. O teste t de Student e os testes do Qui-quadrado e exato de Fisher foram usados para avaliação da homogeneidade dos grupos em estudo e o teste t de Student pareado foi usado para avaliar mudanças ocorridas antes e após a suplementação nutricional. Foi elaborado um sistema de monitoramento de eventos adversos e o protocolo teve aprovação do Comitê de Ética. Valores de p < 0,05 foram considerados estatisticamente significantes para rejeitar a hipótese de nulidade. Resultados: Foram 26 incluídos 52 pacientes com HIV/AIDS, sendo 39 do sexo masculino, 46 adultos com idade (média ± erro padrão) de 37,28 ± 3 anos e seis crianças com idade (média e variação) de 36 (21 – 24) meses. Completaram o estudo clínico 16 e 19 adultos respectivamente nos grupos que receberam alanil-glutamina e glicina, além de duas crianças em cada grupo. A razão lactulose/manitol foi significativamente maior em nove adultos com relato de diarréia nos 14 dias que antecederam o início do estudo quando comparada com a dos outros 35 sem relato deste sintoma (p = 0,0242). O percentual de excreção de manitol na urina aumentou de modo significativo no grupo de adultos que recebeu alanil-glutamina por (p = 0,048), o mesmo não tendo ocorrido no grupo que recebeu glicina. Não houve mudanças significativas no peso corporal, no índice de massa corpórea, na contagem de CD4, na carga viral do HIV, no hemograma e nos testes de função renal e de função hepática realizados, nem diferenças significativas na ocorrência de eventos adversos nos dois grupos de tratamento. Os quatro eventos adversos graves e os eventos adversos ocorridos foram considerados como não relacionados ou possivelmente relacionados aos tratamentos realizados, não tendo sido estabelecida uma relação causa-efeito definitiva. Conclusões: Nossos resultados sugerem que a ocorrência de diarréia tem um impacto negativo significativo na permeabilidade e na absorção intestinal e que a suplementação nutricional com alanyl-glutamina mostrou-se segura e apresentou um efeito positivo na absorção intestinal em pacientes com HIV/AIDS. Aluno: Keli Cardoso de Melo Orientador: Aluisio Augusto Cotrim Segurado Instituição: Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP - SP Título: Avaliação da excreção genital do HIV-1 em mulheres menopausadas e em idade fértil: prevalência e fatores associados. Tendências em HIV • AIDS (Volume 5 - Número 1 - 25-28) Poucos estudos têm focado as modificações fisiológicas que ocorrem no trato genital de mulheres menopausadas infectadas pelo HIV e sua associação com a excreção genital do vírus. Nesse estudo de corte transversal, comparou-se a excreção genital do HIV em mulheres menopausadas e em idade fértil em acompanhamento em um centro especializado em São Paulo, Brasil. Investigou-se também a associação entre a excreção genital de RNA de HIV e a viremia em ambos os grupos. Fatores associados com a intensidade da excreção genital de HIV também foram pesquisados, incluindo achados ginecológicos e marcadores de progressão da infecção por HIV. MÉTODOS: 146 mulheres infectadas pelo HIV [73 menopausadas (M)/73 em idade fértil (F)] foram selecionadas em Serviço de Extensão ao Atendimento de Pacientes com HIV/Aids – Casa da Aids do Hospital das Clínicas da FMUSP, São Paulo, Brasil. As mulheres menopausadas referiram tempo médio de 8,17 anos (DP=6 anos) de menopausa. A contagem de linfócitos T CD4+ foi obtida por citometria de fluxo e a quantificação do RNA do HIV no plasma e no lavado cervicovaginal (LCV) foi realizada por RT-PCR quantitativo, utilizando-se o kit Cobas Amplicor HIV-1 Monitor Test®, no método ultrasensível. Cloreto de lítio foi introduzido no tampão para obtenção do LCV e quantificado antes e depois da coleta do lavado, a fim de determinar o fator de diluição de cada amostra. A deteção do gene SRY por PCR também foi realizada a fim de eliminar amostras com eventual contaminação espermática. A prevalência de excreção genital foi estimada para ambos os grupos e os fatores associados à intensidade da excreção viral foram investigados, utilizando-se modelo de regressão linear múltipla. As variáveis com p<0,2 na análise bivariada foram incluídas na análise multivariada, assim como o grupo em estudo (M ou F). O modelo final incluiu fatores que se Tendências em HIV • AIDS (Volume 5 - Número 1 - 25-28) mostraram independentemente associados com a intensidade da excreção genital de HIV. RESULTADOS: A prevalência de excreção genital de HIV-RNA foi similar em ambos os grupos (M: 17,8%, IC 95% 9,8 – 28,5; F: 22%, IC 95% 13,1 – 33,1, p=0,678). Similarmente, a intensidade de excreção genital do HIV também não se mostrou diferente entre os grupos (mediana - M: 1,4log/mL; F: 1,4log/mL, p=0,587). A carga viral plasmática foi detectável em 34,2% das pacientes menopausadas (IC 95% 23,5 – 46,3) e em 42,5% entre as pacientes em idade fértil (IC 95% 31 – 54,6, p=0,395). Três pacientes (2 M/1 F) exibiram excreção genital de HIV-RNA na ausência de viremia detectável. Existe evidência de correlação entre a carga viral plasmática e a genital em ambos os grupos (rM: 0,658; rF: 0,684, p<0,01). Adicionalmente, o número de células CD4+ periféricas mostrou-se negativamente correlacionada à excreção genital do HIV em ambos os grupos (rM: -0,250; rF: -0,248, p<0,05). À análise multivariada, a carga viral plasmática mostrou-se independentemente associada à ocorrência de excreção genital do HIV em ambos os grupos (OR 4,03, IC 95% 2,52 – 6,45, p<0,001). Já a intensidade de excreção genital mostrou-se independentemente associada ao pH vaginal (p<0,001), concentração de TNF-α no LCV (p=0,01), e à carga viral plasmática (p=0,001), todos com correlação positiva. Apesar das modificações significativas que ocorrem na mucosa vaginal da mulher menopausada, a excreção cervicovaginal do HIV parece não ser significativamente influenciada por esse estado. A carga viral plasmática e o número de células CD4+ periféricas estão correlacionadas com a excreção genital do vírus. A frequência de excreção genital mostrouse independentemente associada à intensidade de viremia. Além disso, o aumento do pH vaginal e evidência de inflamação ge27 nital, associada à concentração de TNF-α no LCV, independentemente aumentam a intensidade de excreção genital nas mulheres estudadas. Financiamento: FAPESP, CNPq Aluno: Elizabeth Cavalieri Orientador: Luiz Mario Ramos Janini Instituição: Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP – SP. Título: Análise de tropismo do vírus da imunodeficiência humana tipo 1 (HIV -1) através de genotipagem da região v3 do envelope viral A região V3 do envelope viral compreende um loop de cerca de 35 aminoácidos formado pela ligação dissulfeto de duas cisteínas e é funcionalmente importante para a infectividade viral, neutralização do vírus e eficiência da replicação e tropismo viral. Estudos mostraram que dois principais correceptores são imprescindíveis para a entrada do HIV-1 na célula hospedeira juntamente com o CD4: os receptores de quimiocina CCR5 e CXCR4. Os isolados virais que infectam células que contém o correceptor CCR5 na membrana são denominados R5 e isolados virais que infectam células que contém o correceptor CXCR4 são denominados X4. O desenvolvimento de vírus T-trópicos (X4) está associado com declínio da contagem de células T CD4+ e progressão para a AIDS. Graças à predominância de variantes virais que utilizam o co-receptor CCR5 na infecção primária, este se tornou um alvo importante na terapia anti-HIV. Antagonistas de CCR5, como o Maraviroque, tem seu uso indicado em indivíduos que possuam apenas variantes virais R5. O desenvolvimento de novos medicamentos antirretrovirais representam um fator importante na qualidade de vida de indivíduos infectados pelo HIV-1. Apesar de não ter sido claramente descrito, existe a suspeita que a supressão de variantes virais R5, através do uso do antagonista de CCR5, favoreceria a expansão de variantes X4, pre28 sentes em minoria, na população quasiespécie viral dos indivíduos infectados. Um total de 120 amostras foram fenotipadas por um teste considerado padrão ouro mundialmente, e entre estas 36 amostras foram clonadas e sequenciadas para estudarmos o tropismo segundo métodos de genotipagem descritos na literatura. Foi realizado também a genotipagem do DNA (n=86) e RNA viral (n=120) PCR normal (bulk PCR) (18 são fenótipo X4, 16 são R5 e duas não tiveram resultado por este teste). Foram realizadas inferências de tropismo viral através de análises genotípicas de 361 clones utilizando técnicas descritas na literatura de somatória de carga dos aminoácidos que compõem o loop V3 do envelope viral, método 11/25 e dois sites online de predição de tropismo (PSSM e Geno2Pheno). Os resultados destas inferências foram comparados entre elas de várias formas na tentativa de estabelecermos um modelo genotípico alternativo de inferência de tropismo. Atingimos sensibilidade de 83,3% utilizando o método de somatória de cargas unido ao método G2P 10%, no banco de amostras clonadas, tomando os resultados de fenotipagem como padrão ouro. Com relação às análises de tropismo a partir de DNA e RNA bulk, verificamos que estas metodologias fornecem sensibilidade baixa quando comparados com os resultados do banco de dados clones (64,4 e 61,5%, respectivamente). Segundo os resultados de fenotipagem não encontramos diferenças nas médias de carga viral e diversidade dos clones virais intrapaciente mostrando que estas variáveis não caracterizam os grupos X4 e R5. Porém, observamos uma diminuição na quantidade de sítios de glicosilação ligados à asparagina no grupo de clones fenotipados como X4. Apesar do número pequeno de amostras analisadas, acreditamos que os resultados de inferência de tropismo através de clonagem do material genômico podem ser uma ferramenta de inferência de tropismo tão confiável quanto a fenotipagem. Tendências em HIV • AIDS (Volume 5 - Número 1 - 25-28) Destaques Nesse número da Tendências em HIV.AIDS organizamos um calendário indicando os principais eventos da área, no Brasil e no mundo, para o próximo período de 2010. Prestigiando os profissionais que organizaram o III Workshop de Hepatopatias e HIV em São Paulo, apresentamos a todos os nossos leitores a palavra do presidente do evento. III Workshop de Hepatopatias e HIV 25 e 26 de junho de 2010-05-12 Hotel Maksoud Plaza – São Paulo Prezados amigos, É com muita alegria que estamos elaborando a terceira edição do HEPATOAIDS. Em 2010 nossa responsabilidade aumenta, pois duas edições anteriores foram um sucesso. Várias novidades estão programadas. No III HEPATOAIDS, teremos uma comissão científica composta por seis autoridades nas áreas da infecção pelo HIV e das hepatites virais, que serão responsáveis pela seleção de trabalhos encaminhados. Os trabalhos selecionados serão apresentados na forma de poster, sendo que os melhores serão apresentados oralmente na plenária. Todos os resumos selecionados serão publicados em um suplemento do Brazilian Journal of Infectious Disease. Mais uma vez, contaremos com cinco professores internacionais e com vários professores brasileiros, todos com alta expressão científica em suas linhas de pesquisa, para abrilhantar a programação de aulas, debates e discussão interativa de casos clínicos. Em 2010, teremos boa parte do programa científico dedicado à discussão de métodos invasivos (biópsia) e não invasivos (elastografia pelo FIBROSCAN e testes sanguíneos) para a avaliação de fibrose hepática. Este assunto, cada vez mais, vem tomando importância na abordagem de pacientes portadores de hepatopatias crônicas. Manteremos o nosso foco na escolha de assuntos relevantes para a epidemiologia, virologia, imunologia, diagnóstico e tratamento da infecção pelo HIV e das hepatites virais e alterações metabólicas. Particular ênfase será dada às novas medicações para o tratamento destas afecções. Esperamos rever todos os amigos para uma discussão produtiva e de alto nível científico. Agenda dos próximos eventos Forte abraço a todos, Paulo Abrão. 17 a 20 de Julho de 2010 6th International AIDS Society (IAS) Conference on HIV Pathogenesis, Treatment and Prevention Rome, Italy 18 a 23 de Julho de 2010-05-12 XVIII International AIDS Conference (AIDS 2010) Vienna, Austria 20 a 22 de Outubro de 2010 Australasian HIV/AIDS Conference 2010 Sydney, NSW, Australia 27 de Novembro de 2010 II Fórum Paulista de Infectologia Santos, SP 2 a 4 de Dezembro de 2010 The Medical Management of HIV/AIDS San Francisco, CA, United States Tendências em HIV • AIDS (Volume 5 - Número 1 - 29) 29 TENDÊNCIAS EM HIV/AIDS INSTRUÇÕES AOS AUTORES A revista Tendências em HIV/AIDS é uma publicação trimestral da Disciplina de Infectologia da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP. O intuito dessa publicação é apresentar artigos de revisão preparados por especialistas da área que expressem o conhecimento e a experiência desses pesquisadores. Os artigos são todos escritos por líderes de opinião nesse campo do conhecimento com o intuito de conhecer como caminha a ciência na área, principalmente no que possa refletir a prática do dia-a-dia do clínico. Muitas das estratégias e opiniões aqui apresentadas são inovadoras e modernas. Portanto, os conceitos apresentados podem estar à frente de consensos e da prática corriqueira atual. Dessa forma, pretende-se manter a missão deste periódico, que é a de disseminar a informação de alta qualidade e com potencial inovador. O seleto corpo editorial da revista é também responsável pela escolha dos temas de interesse e pela indicação de especialistas que se dedicam ao desenvolvimento desses temas. A aprovação dos artigos está sujeita à avaliação por uma comissão de revisores que recebem o texto de forma anônima e decidem por sua publicação, sugerem modificações, requisitam esclarecimentos aos autores e efetuam recomendações ao Editor Chefe que por fim as encaminha aos autores. Categorias: O próprio autor deve indicar se o seu texto pertence à categoria: a) artigo de revisão b) artigo de atualização c) relato de caso A Tendências em HIV/AIDS também publica resumos de teses sobre HIV/ AIDS defendidas no trimestre anterior e resumos de congressos. Artigos de revisão e atualização: Devem ser apresentados de forma didática e conter: resumo, palavraschave, abstract, Keywords, texto, referências bibliográficas. Tabelas e figuras também podem ser apresentadas, se necessário. Relatos de Caso: Deverão conter: resumo, palavras-chave, abstract, Keywords, introdução, descrição do caso, discussão. Normas para preparação dos artigos Os artigos devem ser redigidos em língua portuguesa. É obrigatória a apresentação de um resumo em português e um em inglês. Os artigos devem ser digitados no MS Word, formato txt e encaminhados por e-mail, no endereço eletrônico: [email protected] Em caso de aceite, o autor será comunicado e o artigo será publicado mediante apresentação de carta de autorização de publicação assinada pelos autores. Os autores devem certificar-se de que o manuscrito está de acordo com as “instruções aos autores”. O protocolo estabelece que: a) Os conceitos emitidos nos artigos são de total responsabilidade dos autores; b) Os artigos devem ser inéditos, ou seja, não devem ter sido publicados anteriormente, nem devem ter sido disponibilizados na Internet, com exceção das teses, dissertações e dos trabalhos apresentados em congressos; c) Caso sugestões ou mudanças sejam sugeridas aos autores como condição para publicação na Tendências em HIV/AIDS, os autores devem responder se aceitam ou não essas sugestões dentro de um prazo de 48 horas. Os casos omissos serão resolvidos pela Diretoria da Tendências em HIV/AIDS. Os artigos enviados passarão a ser propriedade da Tendências em HIV/AIDS. d) Uma vez aceito para publicação, o artigo torna-se propriedade Tendências em HIV/AIDS e somente a revista poderá autorizar a reprodução dos artigos nela contidos. e) A publicação do artigo, quando aceita, obedecerá à programação editorial. Página de rosto A página de rosto deve conter: a) o título do artigo, na língua portuguesa e em inglês; b) Categoria a que pertence o trabalho; c) nome completo dos autores e afiliação institucional; d) nome endereço, telefone e e-mail do autor responsável para correspondência. Segunda página a) Resumo, sem exceder 200 palavras; b) Abstract: versão fidedigna do resumo; c) 3 a 6 palavras-chave extraídas do vocabulário DeCS - Descritores de Ciências da Saúde (http://decs.bvs.br); d) 3 a 6 keywords, baseadas no MeSH - Medical Subject Headings sss(http://www.nlm.nih.gov/cgi/mesh/2006/MB_cgi). Caso não sejam encontrados descritores apropriados para cobrirem o assunto do trabalho, poderão ser indicados termos ou expressões de uso conhecido. Referências Bibliográficas As referências devem ser numerar de forma consecutiva, de acordo com a ordem em que forem mencionadas pela primeira vez no texto, utilizandose números arábicos sobrescritos e entre parênteses. As referências devem seguir o estilo Vancouver, como exemplificado: Revistas Científicas Linnen J, Wages J, Jr., Zhang-Keck ZY, Fry KE, Krawczynski KZ, Alter H, et al. Molecular cloning and disease association of hepatitis G virus: a transfusion-transmissible agent. Science 1996;271(5248):505-8. Livros Ringsven MK, Bond D. Gerontology and leadership skills. 2nd ed. Albany(NY): Delmar Publisher; 1996. Capítulos de Livro Phillips SJ, Whisnant JP. Hypertension and stroke. In: Laragh JH, Brenner BM, editors. Hypertension: pathophysiology, diagnosis and management. 2nd ed. New York: Raven Press; 1995. P. 465-78. Anais de Congressos Kimura J, Shibasaki H. Recent advances in clinical neurophysiology. Proceedings of the 10th International Congress of EMG and Clinical Neurophysiology; 1995 Oct 15-19; Kyoto, Japan. Amsterdam: Elsevier; 1996. Dissertações e Teses Kaplan SJ. Post-hospital home health care: the elderly’s access and utilization [dissertation]. St. Louis(MO): Washington Univ.; 1995. Tabelas e Ilustrações a) todas as partes do artigo devem ser incluídas em um único arquivo, sendo que as tabelas e as ilustrações devem ser apresentadas ao final do corpo do texto, após as referências bibliográficas; b) as tabelas deverão ser numeradas seqüencialmente através de algarismos arábicos e identificadas na parte superior pelo termo “Tabela” seguido do número, dois pontos, espaço e seu título; c) as ilustrações deverão ser numeradas seqüencialmente através de algarismos arábicos e identificadas na parte inferior pelo termo “Figura” seguido do número, dois pontos, espaço e seu título; d) os títulos das tabelas devem ser suficientemente explicativos. Conflito de Interesses Conforme exigências do Comitê Internacional de Editores de Diários Médicos (ICMJE), grupo Vancouver e resolução do Conselho Federal de Medicina nº 1595/2000 os autores têm a responsabilidade de reconhecer e declarar conflitos de interesse financeiros e outros (comercial, pessoal, político, etc.) envolvidos no desenvolvimento do trabalho apresentado para publicação. Reprodução Somente a Tendências em HIV/AIDS poderá autorizar a reprodução dos artigos nelas contidos. Estamos acessíveis a críticas e sugestões e poderemos ser contatados pelos endereços eletrônicos: [email protected] e [email protected] Dúvidas e sugestões também podem ser resolvidas através da editora: Atha Comunicação e Editora A/C: Fernanda Colmatti/ Arthur T. Assis Rua: Machado Bittencourt,190, cj.410 - Vila Mariana - São Paulo - Capital - CEP 04044-000 - [email protected] TELZIR® fosamprenavir cálcico. COMPOSIÇÃO: Comprimidos revestidos: 700 mg de fosamprenavir (como fosamprenavir cálcico), excipientes ® qsp 1 comp. APRESENTAÇÃO: Embalagem com 60 comprimidos. INDICAÇÕES: Telzir em combinação com baixas doses de ritonavir é indicado para o tratamento de pacientes infectados com o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), para uso em combinação com outros agentes antiretrovirais. POSOLOGIA: Telzir® pode ser administrado com ou sem alimentos. Adultos (a partir de 18 anos de idade): Pacientes não submetidos a tratamento anterior podem utilizar uma das posologias a seguir: Telzir® 1400 mg uma vez ao dia + ritonavir 200 mg uma vez ao dia ou Telzir® 700 mg duas vezes ao dia + ritonavir 100 mg duas vezes ao dia. Pacientes já submetidos a tratamento com inibidores da protease: Telzir® 700 mg duas vezes ao dia + ritonavir 100 mg duas vezes ao dia. Todos os esquemas têm de ser administrados em combinação com outros agentes antiretrovirais. CONTRA-INDICAÇÕES: Hipersensibilidade conhecida a fosamprenavir, amprenavir e ritonavir ou a qualquer um dos excipientes ® incluídos nas formulações. Pacientes com insuficiência hepática severa. Telzir em combinação com ritonavir não pode ser administrado simultaneamente com rifampicina, devido às grandes reduções previstas nas concentrações plasmáticas de amprenavir. PRECAUÇÕES:Os pacientes devem ser informados de que Telzir® em combinação com ritonavir ou qualquer outro tratamento anti-retroviral existente, não cura a infecção por HIV. Os estudos clínicos não demonstraram que os tratamentos anti-retrovirais existentes, previnam o risco de transmissão do HIV, ® incluindo a combinação de Telzir® /ritonavir. As precauções apropriadas devem continuar a ser tomadas. Telzir contém um componente de sulfonamida. O potencial para sensibilidade cruzada entre fármacos da classe das sulfonamidas e fosamprenavir é desconhecido, portanto a ® combinação de Telzir / ritonavir, deve ser usada com cautela em pacientes com uma alergia conhecida a sulfonamidas. A segurança e a eficácia de ® Telzir em crianças e adolescentes ainda não foram estabelecidas. O uso de Telzir® com ritonavir em doses maiores que a usual resulta em aumento nos níveis de transaminases em alguns pacientes e seu uso não é recomendado. Disfunção Hepática / Renal: Deve-se ter cautela ao administrar a ® combinação de Telzir /ritonavir, a pacientes com insuficiência hepática leve à moderada, e não deve ser utilizado em pacientes com insuficiência hepática grave. Os pacientes com hepatite B ou C subjacentes, ou elevações marcantes nas transaminases antes do tratamento podem correr maior risco de desenvolver elevações nas transaminases. Exames laboratoriais apropriados devem ser conduzidos previamente e a intervalos regulares, durante o tratamento. Como o amprenavir e o ritonavir exibem alta ligação a proteínas plasmáticas, é improvável que a hemodiálise ou a diálise ® peritoneal eliminem os fármacos de maneira significativa. Produtos medicinais – interações potenciais: O amprenavir, o metabólito ativo de Telzir ® e ritonavir, é inibidor da enzima CYP3A4 do citocromo P450. Conseqüentemente, Telzir em combinação com ritonavir não deve ser administrado simultaneamente com medicações que tenham um índice terapêutico restrito e são substratos de CYP3A4, pois pode aumentar os níveis plasmáticos destas substâncias. Devido ao potencial para interações metabólicas com amprenavir, a eficácia de contraceptivos hormonais pode ser modificada, portanto, métodos alternativos de contracepção são recomendados para mulheres em idade fértil. Rash / reações cutâneas: A maioria ® dos pacientes com rash leve ou moderado pode continuar o tratamento com Telzir . Reações cutâneas graves e representando risco à vida, incluindo a síndrome de Stevens-Johnson, foram relatadas em menos de 1% dos participantes recrutados no programa de desenvolvimento clínico. ® Telzir deve ser permanentemente descontinuado em caso de rash grave, ou em caso de rash de intensidade moderada com sintomas sistêmicos ou mucosos. Pacientes hemofílicos: Houve relatos de sangramento aumentado, incluindo hematomas cutâneos espontâneos e hemartroses em pacientes hemofílicos tipos A e B tratados com inibidores da protease. Hiperglicemia: O aparecimento de diabetes mellitus, hiperglicemia ou exacerbação de diabetes mellitus pré-existente foram relatados em pacientes recebendo tratamento anti-retroviral, incluindo inibidores da protease. Elevação de lipídios: O tratamento com fosamprenavir/ritonavir resulta no aumento da concentração de triglicerídeos e colesterol. Exames laboratoriais para triglicerídeos e colesterol devem ser realizados antes do inicio da terapia com Telzir® e em intervalos periódicos após o inicio do tratamento. Transtornos lipídicos devem receber tratamento clínico apropriado. Redistribuição da gordura corporal: O tratamento anti-retroviral combinado, incluindo esquemas contendo um inibidor da protease, está associado com a redistribuição / acúmulo da gordura corporal em alguns pacientes. Síndrome de Reconstituição Imune: Em pacientes infectados pelo HIV com deficiência imune grave na ocasião do início do tratamento anti-retroviral (TAR), pode surgir uma reação inflamatória e infecções oportunistas assintomáticas ou residuais, causando transtornos clínicos graves ou o agravamento dos sintomas. Tipicamente, essas reações foram observadas nas primeiras semanas ou meses após o início do TAR. Exemplos relevantes são a retinite por citomegalovírus, infecções micobacterianas generalizadas ou focais e pneumonia por Pneumocystis jiroveci (P. carinii). Quaisquer sintomas inflamatórios têm de ser avaliados sem demora e o tratamento deve ser iniciado, quando necessário. Gravidez: ® Telzir só deve ser usado durante a gravidez se os benefícios potenciais justificarem o risco potencial para o feto. Lactação: Devido à possibilidade de transferência do vírus HIV pelo leite materno, a amamentação é contra-indicada. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: VER TAMBÉM ® PRECAUÇÕES. As informações completas para prescrição de ritonavir devem ser consultadas antes de se iniciar o tratamento de Telzir e ritonavir. ® Telzir em combinação com ritonavir não deve ser co-administrado com produtos medicinais que sejam altamente dependentes do metabolismo da CYP2D6, e que em elevadas concentrações plasmáticas estão associados a resultados graves, e/ou que representem risco à vida. Estes produtos ® medicinais incluem flecainida e propafenona. A rifampicina reduz a AUC plasmática de amprenavir em aproximadamente 82%. Telzir e ritonavir não podem ser administrados concomitantemente com rifampicina, devido às grandes reduções previstas nas concentrações plasmáticas de amprenavir. Interações potenciais podem ocorrer com os seguintes medicamentos: efavirenz, nevirapina e delavirdina; lopinavir/ritonavir, indinavir, saquinavir e nelfinavir; claritomicina e eritromicina; cetoconazol e itraconazol; rifabutina; ranitidina e cimetidina; amiodarona, quinidina, lidocaína (por via sistêmica), antidepressivos tricíclicos e varfarina; fenitoína, fenobarbital, carbamazepina, alprazolam, clorazepato, diazepam e flurazepam; amlodipina, diltiazem, felodipina, isradipina, nicardipina, nifedipina, nimodipina, nisoldipina e verapamil; dexametasona, agentes para disfunção erétil (inibidores de PDE5), bepridil; halofantrina; lovastatina, sinvastatina e atorvastatina; ciclosporina, rapamicina e tacrolimus; metadona; estrogênios, progestogênios e alguns glicocorticóides; erva de São João (Hyperium perforatum). Nenhum ajuste da dose é considerado com: zidovudina, didanosina, estavudina, lamivudina, abacavir e tenofovir. REAÇÕES ADVERSAS: Os efeitos indesejáveis relatados com mais freqüência (mais de 5%) foram eventos gastrintestinais (náusea , diarréia, dor abdominal, flatulência e vômito) e dor de cabeça. A maioria dos efeitos ® indesejáveis associados com o tratamento com Telzir /ritonavir foi de intensidade leve a moderada, apareceram no início do tratamento, e ® raramente foram limitantes do tratamento. Eventos relatados em pelo menos 2% dos indivíduos tratados com a combinação Telzir /ritonavir: Cefaléia, diarréia, náusea, vômito, dor abnominal, flatulência, rash, síndrome de Stevens Johnson, angioedema, fadiga, hipertrigliceridemia, ® hipercolesterolemia, infarto do miocárdio e cálculo renal. As anormalidades laboratoriais (Grau 3 ou 4) potencialmente relacionados com Telzir em combinação com ritonavir e relatados em 2% ou mais dos indivíduos adultos, incluem: aumento de ALT (8%, APV30002; 5%, APV30003); AST (6%, APV30002; 4%, APV30003); lípase sérica (6%, APV30002; 4%, APV30003) e triglicerídeos (6%, APV30002; 6%, APV30003). USO ADULTO. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. SÓ PODE SER DISPENSADO COM RETENÇÃO DA RECEITA. ATENÇÃO – O USO INCORRETO CAUSA RESISTÊNCIA DO VÍRUS DA AIDS E FALHA NO TRATAMENTO. MS 1.0107.0248. GDS16IPI011 80 80 40 -52% 53,5% p=0,006 % pacientes HIV + % pacientes HIV + -37% 69,8% p=0,008 40 43,6% 25,6% 0 fosamprenavir/ ritonavir 0 lopinavir/ ritonavir fosamprenavir/ ritonavir lopinavir/ ritonavir Adaptado a partir da referência 1 Adaptado a partir da referência 1 Redução significativa de diarréia e hipertrigliceridemia comparada ao lopinavir/ritonavir Material de distribuição exclusiva para profissionais de saúde habilitados a prescrever ou dispensar medicamentos. Recomenda-se a leitura da bula e da monografia do produto, antes da prescrição de qualquer medicamento.Mais informações à disposição sob solicitação ao serviço de informação médica (DDG 0800 701 22 33 ou http://www.sim-gsk.com.br). A minibula encontra-se em outra página desta publicação. Ocorrência de hipertrigliceridemia Ocorrência de diarréia Contra-indicado em pacientes com hipersensibilidade conhecida a fosamprenavir, amprenavir e ritonavir ou a qualquer um dos excipientes incluídos nas formulações.3 Telzir ® em combinação com ritonavir não deve ser coadministrado com produtos medicinais que sejam altamente dependentes do metabolismo da CYP2D6, e que em elevadas concentrações plasmáticas estão associados a resultados graves, e/ou que representem risco à vida.3 Referências bibliográficas: 1- CALZA, L. et al. Efficacy and tolerability of a fosamprenavir-ritonavir-based versus a lopinavir-ritonavir-based antiretroviral treatment in 82 therapy-naïve patients with HIV-1 infection. Int J STD AIDS, 19: 541-4, 2008. 2 - PULIDO, F. et al. Long-Term efficacy and safety of fosamprenavir plus ritonavir versus lopinavir/ritonavir in combination with abacavir/lamivudine over 144 weeks. HIV Clin Trials, 10(2): 76-87, 2009. 3 - Telzir® (fosamprenavir cálcico). Bula do produto. Maio 2010 TEL AN 109 1,2 Telzir - Revista Tend HIV V5 N1 - 1473139 Eficácia mantida a longo prazo Criativa Produtiva 1