UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DELANO

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
DELANO PINHEIRO GOMES
RITMO VERSUS INTENSIDADE NO CICLISMO INDOOR
Palhoça
2015
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DELANO PINHEIRO GOMES
RITMO VERSUS INTENSIDADE NO CICLISMO INDOOR
Trabalho de conclusão de Curso apresentado
ao curso de Educação Física da Universidade
do Sul de Santa Catarina como requisito
parcial para obtenção do título de Bacharel em
Educação Física.
Orientador: Prof. Erasmo Paulo Miliorini Ouriques, Msc
Palhoça
2015
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RESUMO
O presente estudo teve como objetivo geral analisar as respostas da frequência cardíaca de
adultos praticantes de ciclismo indoor em aulas de RPM. Dessa forma, serão beneficiados
além dos participantes, treinadores de diversas modalidades e professores do RPM, visto que
terão embasamento teórico ao explicar a influência da intensidade e do ritmo do RPM
enquanto objetivo de treino de cada aluno. Participaram da pesquisa 6 sujeitos, sendo 3 do
gênero masculino e 3 do gênero feminino. Cada participante teve um perfil específico. A
pesquisa foi realizada na academia Live Sports Center localizada no munícipio de Palhoça,
Santa Catarina. De acordo com as variáveis obtidas foi utilizada frequência cardíaca média
apresentada através de gráficos e tabelas. Durante a aula pôde-se observar que as todos os
participantes apresentaram diferentes respostas percentuais de frequência cardíaca de treino.
Em alguns momentos, como nas músicas 3 e 5, por exemplo, a intensidade ultrapassou a
máxima calculada dos participantes. Quando comparados entre si podemos observar
relevantes respostas nos valores de frequência cardíaca. Na música 3, “P2”, “P4” e “P6”,
ficaram acima de 100% e “P1”, “P3” e “P5” acima de 90% do valor da frequência cardíaca de
treinamento. Deste modo, observa-se que em um mesmo ritmo de RPM a intensidade varia
entre os diferentes perfis analisados. Sendo assim, todos os objetivos traçados neste estudo
foram alcançados, sugerindo a utilização de frequencímetro como controle de treinamento
além do acompanhamento de um profissional de educação física durante as aulas.
Palavras-chave: RPM. Ciclismo indoor. Intensidade. Frequência cardíaca de treino.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 5
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA PROBLEMA .......................................................... 5
1.2 OBJETIVO GERAL ............................................................................................................. 6
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................... 6
1.4 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................. 7
2 REVISÃO LITERATURA ................................................................................................... 9
2.1 HISTÓRICO CICLISMO INDOOR E RPM ....................................................................... 9
2.2 TÉCNICA DE PEDALADA .............................................................................................. 10
2.3 CICLISMO INDOOR COMO EXERCÍCIO AERÓBICO E ANAERÓBICO ................. 11
2.4 SISTEMAS ENERGÉTICOS ............................................................................................ 12
2.5 INTENSIDADE E FREQUENCIA CARDÍACA .............................................................. 14
3 MÉTODOS ........................................................................................................................... 17
3.1 TIPO DE PESQUISA ......................................................................................................... 17
3.2 PARTICIPANTES DA PESQUISA................................................................................... 17
3.3 INSTRUMENTOS DE PESQUISA ................................................................................... 18
3.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS .............................................................. 19
3.5 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................................... 20
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................................ 21
5 CONCLUSÃO E SUGESTÕES ......................................................................................... 31
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 32
ANEXOS ................................................................................................................................. 35
ANEXO A: Modelo TCLE
ANEXO B - Parecer do Cep
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1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA PROBLEMA
Desde a sua origem mais remota, o homem vem adaptando-se, criando fórmulas,
buscando novas soluções para seguir adiante no seu processo de evolução. O homem
primitivo, em função do habitat hostil, desenvolveu hábitos específicos para essas condições,
onde a luta com animais como também a caça ao alimento incorporavam no seu dia a dia as
primeiras caracterizações de “Educação Física” (MARINHO, 1980; COSTA, 1996; NETTO;
NOVAES, 1996).
Entende-se por Ginástica a exercitação corporal, o conjunto de exercícios físicos e
mentais em ações que ativem e solicitem os diversos sistemas e aparelhos orgânicos, visando
o desenvolvimento de qualidades físicas, mentais e sociais do ser humano (PEREIRA, 1988).
Podendo ser executada de forma individual ou coletiva, com ou sem o uso de implementos,
tem caráter utilitário, pedagógico ou terapêutico, utilizada tanto para o fortalecimento
corporal, integral do ser humano, como para o lazer e também para a reabilitação física
(COSTA, 1996).
Barbanti (1994) afirma que o termo ginástica originou-se aproximadamente em 400
a.C. É derivado de Gymnos, que quer dizer nu, levemente vestido, e geralmente se refere a
todo tipo de exercícios físicos para os quais se tem que tirar a roupa de uso diário. A ginástica
já foi utilizada para diversos fins, como sobrevivência, lutas, preparação militar e culto ao
corpo (NORONHA, 2007).
As primeiras academias de ginástica do Brasil surgiram em meados da década de
1930, no Rio de Janeiro (NOVAES, 1991). Hoje, as academias de ginástica são centros de
referência na prática de exercícios físicos, onde são realizadas avaliação, prescrição e
orientação, sob supervisão direta de profissionais de educação física (TOSCANO, 2001).
Segundo Oehlschlaeger et al (2004, p.157) a prática regular de atividade física
apresenta uma relação inversa com risco de doenças crônico- degenerativas e tem um efeito
positivo na qualidade de vida e em outras variáveis psicológicas. Países desenvolvidos, por
meio de instituições e organizações, têm concentrado seus esforços na área da saúde pública e
na prevenção de várias doenças como as coronarianas e hipertensão. Para tanto, tem sido dada
ênfase à redução do sedentarismo, mediante planos de adoção de atividade física regular para
melhoria da saúde individual e coletiva.
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Nahas (2010, p. 21) afirma que a saúde é um dos atributos mais preciosos dos
indivíduos. Mesmo assim, a maioria das pessoas só pensa em manter ou melhorar a saúde
quando está se sentindo ameaçada mais seriamente e os sintomas de doenças são evidentes.
Alguns estudos enfatizam aspectos benéficos que a atividade física proporciona,
traduzidos, muitas vezes, na motivação desses sujeitos. Estes estudos relacionam aspectos
associados ao bem-estar mental (VLACHOPOULOS; MICHAILIDOU, 2006), à redução do
estresse (RYAN; FREDERICK, 1993), à socialização dos adultos (DECI et al., 2006;
CARRON et al., 1999) vinculados à participação em grupos esportivos, entre outros.
O conhecimento da resposta da FC nas diversas situações de exercício torna se
essencial para a correta prescrição e posterior controle das cargas de treinamento aeróbio,
assim como a identificação dos métodos e modelos de treinamento que resultam em uma
menor sobrecarga cardíaca. Deve-se observar a FC na condição de repouso e no transiente
inicial do exercício. Da mesma forma, a compreensão dos resultados de um teste de exercício
máximo quanto às respostas cronotrópicas tanto ao longo da duração do teste como nos
instantes após sua realização, oferecem subsídios para a orientação do aluno/atleta/paciente
para a prática dos exercícios de forma segura e eficiente (ALMEIDA, 2007, p. 197).
Dessa forma a presente pesquisa analisará as respostas da frequência cardíaca de
adultos praticantes e não praticantes de ciclismo indoor em aulas de RPM.
1.2 OBJETIVO GERAL

Analisar as respostas da frequência cardíaca de adultos praticantes e não praticantes de
ciclismo indoor em aulas de RPM®.
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Estimar a FCmáx dos participantes da pesquisa.

Monitorar o comportamento da frequência cardíaca durante aulas ciclismo indoor
modelo RPM®.

Comparar o comportamento da frequência cardíaca mensurada com a intensidade de
esforço estimada em BPM.
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1.4 JUSTIFICATIVA
Segundo Saba (2001), Mesmo com a crescente divulgação dos benefícios da prática de
exercícios físicos ainda há muitas pessoas que não a praticam preferindo o sedentarismo. O
autor comenta que as justificativas para este comportamento podem ser por razões pessoais
histórico, ocupação, escolaridade, nível de aptidão física e motivação e ambientais, apoio do
companheiro, acesso ao local, segurança e característica do exercício, qualidade dos
professores e efetividade da tarefa.
O mercado fitness há anos vem adotando formas para captação, aderência, retenção e
fidelização de clientes e a inclusão de aulas pré-coreografadas passou a fazer parte das aulas
das academias de ginástica. Muitas dessas modalidades exigem que o profissional seja
devidamente credenciado, cadastrado e treinado para ministrar as aulas. Essa exigência faz
com que esses profissionais estejam aptos para dar as aulas e também os preparam para
motivarem os alunos a atingirem os seus objetivos e continuarem no programa.
O Raw Power in Motion (RPM-Roda Bruta em Movimento) é uma aula de ciclismo
indoor onde os participantes (alunos) pedalam em bicicletas estacionárias buscando um
melhor condicionamento físico através de posições diversas, simulando um passeio ou
viagem, pedalando em pé, sentado, ou em alta velocidade (ZWARG, 2003, p. 7).
Normalmente, a carga de trabalho na bicicleta é escolhida pelo próprio aluno, mas
como o sucesso do treinamento depende do apurado controle de intensidade, um erro no
controle desta variável pode comprometer o sucesso do programa por não surtir os efeitos
desejados ou colocar a vida de seus praticantes em risco.
A frequência cardíaca (FC) tem sido utilizada como uma das principais variáveis
fisiológicas relacionadas à prescrição e controle do exercício físico. Suas respostas e
adaptações são objeto de investigação científica, da mais simples à mais sofisticada, sendo
inclusive apontada, como a mais destacada informação extraída de um teste de exercício
cardiopulmonar máximo.
Desse modo, o presente estudo vem comparar a intensidade e o ritmo nas aulas de
RPM entre alunos de diferentes perfis. Dessa forma, os participantes e professores da
modalidade serão beneficiados, visto que terão embasamento teórico ao explicar a influência
da intensidade e do ritmo do RPM enquanto objetivo de treino de cada aluno. Por
consequência, a profissão passa a ser mais valorizada e fidelizada, visto que a frequência de
treino será utilizada para avaliar os resultados, com isso o estudo levará em conta tanto a
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sobrecarga que o RPM proporciona durante o treino quanto a individualidade biológica de
cada aluno.
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2 REVISÃO LITERATURA
2.1 HISTÓRICO CICLISMO INDOOR E RPM
Desde os tempos mais remotos, o homem buscou meios para facilitar sua permanência
e transporte no planeta. Dentre muitas invenções que buscaram facilitar seu deslocamento, a
bicicleta a cada dia apresenta inúmeras vantagens sobre os outros meios de transportes e,
como estes, evoluiu e adaptou-se a novas realidades (SILVA; OLIVEIRA, 2002, p.8).
Pelo fato do inverno ser muito rigoroso, Johnny G., um ciclista sul africano, com a
necessidade de continuar seu treinamento inventou um programa para ser realizado em
ambiente fechado. No entanto se viu forçado a inventar uma bicicleta especial. Esta bicicleta
começou a ser fabricada pela empresa americana Mad Dogg Athletics, sendo comercializada
com o nome de spinner, talvez por esta razão as aulas ministradas com essa bicicleta
passaram a ser chamadas de spinning, a partir de 1987 (GOLDBERG, 2000).
Novas modalidades de atividade física vêm ganhando popularidade nos últimos anos,
pois
recentemente
inúmeras
pessoas
vêm
buscando
alternativas
para
adquirir
condicionamento físico. Programas de exercício físico em bicicleta estacionária conhecidos
como ciclismo indoor (CI), que simulam situações de ciclismo de rua, cada vez mais ganham
espaços em academias e clubes esportivos, visando o desenvolvimento do condicionamento
muscular e cardiorrespiratório (DIAZ-RIOS et al, 2008, p. 119).
O ciclismo indoor surgiu como nova alternativa de atividade aeróbica dentro das
academias, através de um programa de treinamento contínuo ou intervalado, visando a
manutenção e melhoria do sistema cardiovascular (MELLO, 2003, p.31).
O Indoor Cycle ou ciclismo indoor, surgiu no final da década de 80 como uma nova
alternativa
de
atividade
cardiovascular
dentro
dos
ginásios
e
tem
aumentado
significativamente a adesão por parte dos participantes, o que evidencia a sua crescente
popularidade. Contudo, devido à grande intensidade de esforço que a modalidade exige, esta
apresenta algumas limitações no que respeita ao controle da intensidade de exercitação dos
participantes (LEITE, 2006, p.17).
O RPM (Raw Power in Motion) é um programa de ciclismo indoor pré-coreografado
que faz parte do Body Training Systems, desenvolvido pelo instituto neozelandês Les Mills.
A aula, com duração média de 45 minutos, exige uma grande demanda do sistema aeróbico
(LES MILLS, 2013).
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O RPM é um programa de treinamento cardiovascular que atrai diferentes tipos de
pessoas por causa de sua natureza isenta de impacto, tornando-se uma opção muito atrativa
para indivíduos bem e mal condicionados (BARRY et al., 2007).
Há tempos estudos tentam bases científicas para encontrar a cadência de pedalada
ideal, na qual haja um menor gasto energético e uma pedalada mais eficiente (DIAS; LIMA;
NOVAES, 2007, p. 2).
2.2 TÉCNICA DE PEDALADA
A forma correta de se pedalar é buscando um movimento contínuo e circular (Fig. 1)
durante todo ciclo da pedalada, com aplicação de força regular sobre os pedais (técnica de
“ankling” - Fig. 2), segundo (TOWN, 1988; BARBOSA, 2000 apud SILVA;
OLIVEIRA,2002, p.17).
Este é apenas um dos parâmetros técnicos para se realizar uma boa pedalada. Se o
aluno estiver desconfortavelmente posicionado, nenhuma técnica será realmente eficaz.
Aqui se evidencia outro aspecto importante e, consequentemente, uma conduta, que
seria a verificação, por parte do professor, se o aluno está realizando o padrão de pedalada
comentado como o ideal.
Figura 1- Direção e descrição de cada fase da pedalada.
Fonte: Google (2015).
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Figura 2 - Movimentação natural do pé (a), comparada à técnica de “ankling” (b), técnica que
tem a função de aumentar o torque
Fonte: Town (1988 apud SILVA; OLIVEIRA, 2002, p.17).
A bicicleta é totalmente ajustável, permitindo um posicionamento correto e
confortável a qualquer pessoa, independente de estatura, comprimento dos membros
inferiores (MMII) e membros superiores (MMSS). Os ajustes são três: regulagem da altura do
guidom, da altura do selim e regulagem ântero-posterior do selim (SILVA; OLIVEIRA, 2002,
p. 4).
2.3 CICLISMO INDOOR COMO EXERCÍCIO AERÓBICO E ANAERÓBICO
Cabe destacar entre as possibilidades para a prática da atividade física os exercícios
aeróbios, os quais oferecem inúmeras opções às pessoas, entre elas: a caminhada, a corrida, a
natação, o ciclismo, a ginástica entre outras. Em função destas características acima citadas e
da grande necessidade de adquirir hábitos saudáveis de vida, houve um aumento na procura e
frequência da sociedade às praças de esporte, locais públicos destinados à prática de
exercícios físicos, aos clubes esportivos e principalmente às academias de ginástica, onde se
encontra hoje uma diversidade enorme de modalidades a serem praticadas como, por
exemplo, a musculação, as aulas de ginástica localizada, ciclismo indoor, entre outras
(MONTEIRO et al, 2006).
Visando a melhoria da saúde e retenção de alunos a LES MILLS INTERNACIONAL
(LMI) criou um programa de ciclismo indoor conhecido como RPM®. O programa visa a
melhoria da aptidão física, exige baixo padrão de coordenação, aperfeiçoa o sistema
cardiorrespiratório, estimula a perda de peso e apresenta baixo impacto nas articulações dos
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membros inferiores. Neste contexto, a intensidade do treino é estipulada por valores que a
LMI predita a partir de testes realizados a cada três meses a fim de validar a eficiência,
segurança e resposta da frequência cardíaca durante a aula de RPM®. (LES MILLS BODY
TRAINING SYSTEMS, 2011).
A aula de RPM® ganha uma relevante importância por recrutar grandes grupos
musculares e solicitar diferentes percentuais de vias metabólicas (sistema alático, sistema
lático e sistema aeróbio) podendo sofrer influência da especificidade do movimento realizado
no ambiente indoor. Segundo Barbanti (1996), o princípio da especificidade se caracteriza na
adaptação do organismo ao estímulo oferecido, produzindo respostas específicas necessárias à
realização de determinada habilidade esportiva.
A natureza intervalada do RPM, dentro do formato padrão de treino de 45 min.
permite um volume significante de exercícios submáximos, que segundo Barry et al (2007),
promovem aumento da resistência geral e aptidão física do indivíduo.
De acordo com Mello et al (2003, p.7), a transferência do ciclismo de rua para as
academias traduz não só maior segurança, como também a possibilidade de se ter uma
atividade orientada, que otimize o treinamento, sob os aspectos de tempo e de resultado. O
Ciclismo Indoor (CI) tornou-se uma atividade indispensável nas academias pelos seus
benefícios relacionados à aptidão cardiorrespiratória, a redução da gordura corporal e a
minimização de riscos de doenças cardiovasculares.
2.4 SISTEMAS ENERGÉTICOS
O principal sistema energético utilizado no RPM é o sistema aeróbico junto a uma
demanda moderada do sistema anaeróbico lático. A ativação do sistema aeróbico envolve um
aumento na captação de oxigênio durante os primeiros minutos do exercício, até que um platô
ou um steady-state seja atingido, refletindo um equilíbrio entre a energia utilizada pelos
músculos ativos e a quantidade de ATP produzida. Em steady-state, o oxigênio supre a maior
parte da energia necessária ao exercício com mínimo acúmulo de ácido láctico (BARRY et al,
2007).
Uma das adaptações mais importantes do treinamento aeróbio é um aumento do
número de capilares que circundam cada fibra muscular, aumentando a perfusão sanguínea
através dos músculos e, consequentemente, aumentam a troca gasosa de produtos metabólicos
e de nutrientes entre o sangue e a fibra muscular. Dessa maneira, o ambiente mantém-se
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adequado para produção de energia e para contrações musculares repetidas (WILMORE;
COSTILL, 2001).
Segundo McArdle et al (1998), os fosfatos de alta energia devem ser ressintetizados
continuamente em um ritmo rápido, para que o exercício extenuante possa continuar além de
um curto período de tempo. Para fosforilar um ADP num exercício intenso, a energia provém
principalmente do glicogênio muscular armazenado através da glicólise anaeróbica, tornando
possível a formação rápida de ATP pela fosforilação ao nível do substrato, mesmo quando o
fornecimento de oxigênio é insuficiente e/ou quando as demandas energéticas ultrapassam a
capacidade do músculo para a ressíntese aeróbica do ATP.
A energia anaeróbica láctica ocorre em intensidades submáximas, as quais acontecem
no RPM com cargas intervaladas e giros de pedal de moderados a rápidos, gerando demandas
sucessivas no sistema anaeróbico láctico para suprir o ATP durante períodos curtos e intensos
de atividade. A produção do ácido láctico como subproduto deste tipo de treinamento pode
interferir na contração muscular, na condução do estímulo nervoso e na produção de energia,
levando a um alto índice de fadiga (BARRY et al, 2007).
O sistema anaeróbico alático (fosforilação) é usado muito pouco no RPM, pois é
solicitado somente quando não há tempo suficiente para o corpo degradar o glicogênio e
manufaturar a energia do ATP pela utilização de oxigênio. Em atividades de alta duração e
curta intensidade, como um sprint, exige um fornecimento imediato e rápido de energia,
proporcionada quase exclusivamente pelos fosfatos de alta energia ou fosfagênios (ATP-CP)
armazenados dentro dos músculos específicos ativados durante o exercício (MCARDLE et al,
1998).
Vale lembrar que o RPM se encaixa no modelo de treinamento nomeado de Fartlek,
induzindo o indivíduo a treinar em zonas aeróbias e anaeróbias otimizando a atividade
enzimática e endócrina, metabolismo pós-exercício e aumentando a capacidade de oxidação
dos carboidratos e lipídios. De acordo com Bekene et al (2003), esse método combina
variações na frequência cardíaca em picos altos e baixos diminuindo a taxa glicolítica e
aumenta a remoção do lactato na fase de recuperação, consequentemente retardando a fadiga
e favorecendo a perda de gordura.
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2.5 INTENSIDADE E FREQUENCIA CARDÍACA
Sabemos da importância da intensidade nos exercícios físicos, uma das maneiras para
se medir essa intensidade é através da FC que é o método preferido de monitoração da
intensidade do exercício, pois além de ser um método não invasivo, de fácil aplicabilidade e
baixo custo operacional, pode ser determinada com auxílio de aparelhos como
frequencímetros ou simplesmente pela palpação das artérias radial e/ou carótida, está
relacionada com o trabalho cardiorrespiratório (ou ao estresse imposto ao coração).
Wilmore e David (2001) afirmam que a frequência cardíaca (FC) reflete a quantidade
de trabalho que o coração deve realizar para satisfazer as demandas aumentadas do corpo
durante uma atividade.
O conhecimento da resposta da FC nas diversas situações de exercício torna-se
essencial para a correta prescrição e posterior controle das cargas de treinamento aeróbio,
assim como a identificação dos métodos e modelos de treinamento de força que resultam em
menor sobrecarga cardíaca. Deve-se observar a FC na condição de repouso e no transiente
inicial do exercício. Da mesma forma, a compreensão dos resultados de um teste de exercício
máximo quanto às respostas cronotrópicas tanto ao longo da duração do teste como nos
instantes após sua realização, oferecem subsídios para a orientação do aluno/atleta/paciente
para a prática dos exercícios de forma segura e eficiente (ALMEIDA, 2007, p. 197).
Muito tem se discutido sobre as formas diretas e indiretas de avaliar o esforço físico de
cada indivíduo. Pois, o controle da intensidade propicia a realização de um exercício seguro e
ajustado aos objetivos de cada praticante, visando benefícios, em médio e longo prazo, com
menor risco de lesões e sobrecargas. Entretanto, nota-se uma grande dificuldade para adequar
os percentuais de frequência cardíaca e entender como utilizar a Percepção Subjetiva de
Esforço (PSE) (FERNANDES, 2008, p. 4).
De acordo com Tubino, “chama-se individualidade biológica o fenômeno que explica
a variabilidade entre elementos da mesma espécie, o que faz que com que não existam
pessoas iguais entre si.” (TUBINO, 1984, p. 100).
A FC de repouso pode variar entre os 60-80 batimentos por minuto (bpm). Todavia,
em indivíduos sedentários, os valores podem ultrapassar os 100 bpm. Com o treino, a
tendência da FC de repouso é baixar, podendo encontrar-se atletas de elite com frequências
que oscilam entre 28-40 bpm (BATISTA, 2010, p.43).
A aptidão cardiorrespiratória é o que determina a intensidade de esforço que os
sistemas cardíaco e respiratório suportam. Ela é individual e depende de fatores genéticos e do
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nível de atividade física que o indivíduo está acostumado a praticar. A frequência cardíaca
máxima está diretamente associada à aptidão cardiorrespiratória. Expressa o número máximo
de vezes que o coração é capaz de bater por minuto (SABA, 2008, p. 110).
Segundo Saba (2008, p. 116) o desenvolvimento de qualquer aptidão física (muscular,
aeróbia, etc.) só é possível a partir de estímulos necessariamente mais fortes do que aqueles a
que se está acostumado. O treinamento de uma capacidade física se dá pelo aumento
progressivo do esforço a ela relacionado. Esse aumento é chamado de sobrecarga.
Saba (2008, p.116), afirma que a sobrecarga adequada a um exercício físico é aquela
que causa um gasto considerável de energia e provoca mudanças funcionais no corpo. E cada
sobrecarga utilizada no programa de treinamento tem “data de validade”, ou seja, após certo
período ela deixa de promover progressos na aptidão física, sendo necessário modificar
novamente o estímulo. Abaixo do suficiente, o esforço não traz efeito positivo ao treinamento
e pode até reduzir a capacidade funcional do organismo.
O que o professor ou o treinador deve ter é o bom senso ao definir a sobrecarga que
vai trabalhar com o seu aluno ou atleta, observando todos os outros Princípios do
Treinamento Esportivo, sempre respeitando as necessidades e anseios do atleta e,
principalmente, os limites éticos do treinamento (LUSSAC, 2008, p.5).
Nesse sentido Mcardle; Katch (2008 p. 492), afirmam que um método alternativo e
igualmente efetivo de estabelecer o limiar do treinamento, denominado método de Karnoven,
exige que os indivíduos se exercitem com uma frequência cardíaca igual a 60% da diferença
entre o valor máximo. Com o método de Karnoven, pode-se calcular assim a frequência
cardíaca de treinamento:
FClimiar = FCrepouso + % (FCmáx – FCrepouso)
Nessa modalidade, há situações de esforço considerável que variam entre 65% e 92%
da frequência cardíaca máxima (FCmáx) com alternância ou não de intervalos de recuperação
ativa (treinamento intervalado). O monitoramento cardíaco para o controle de intensidade do
exercício é acompanhado por um profissional de educação física ou um instrutor, que por sua
vez, prescreve as zonas alvo de treinamento tendo como base a equação 220 – idade, seguindo
as recomendações do Programa Johnny G. Spinning (GOMES et al, 2004, p. 2).
Para esse estudo foi utilizada a equação de Calvert et al., 1977 na qual há valores
diferentes para ambos os sexos, sendo:
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FCmáx = 192- (0,7 x idade) para mulheres e FCmáx = 201 – (0,6 x idade) para
homens.
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3 MÉTODOS
3.1 TIPO DE PESQUISA
Quanto à abordagem do problema a pesquisa é classificada como quantitativa, visto
que objetiva analisar o ritmo e intensidade das aulas de RPM entre alunos e professores,
utilizando como parâmetro a FC treino. Os resultados serão analisados através da construção
de gráficos e tabelas.
Quanto aos objetivos o estudo caracteriza-se como descritivo. Santos (2007), afirma
que os estudos descritivos procuram especificar as propriedades, as características e os perfis
importantes de pessoas, grupos, comunidades ou qualquer outro fenômeno que se submeta à
análise.
Quanto aos procedimentos técnicos, o estudo tem característica empírica descritiva,
visto que, observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos sem manipulá-los.
3.2 PARTICIPANTES DA PESQUISA
Participaram da pesquisa 6 adultos, sendo eles 3 do gênero feminino e 3 do gênero
masculino. Os participantes tiveram um perfil específico que será descrito abaixo:
P1: Homem de 27 anos com experiência em ciclismo de rua há mais de 1 ano, mas
com inexperiência no ciclismo indoor.
P2: Mulher de 30 anos com experiência em ciclismo de rua e indoor há mais de 1 ano.
P3 – Homem de 26 anos praticante de musculação há mais de 1 ano, mas com
inexperiência no ciclismo indoor.
P4 – Mulher de 26 anos professora de ginástica da modalidade há mais de 1 ano.
P5 - Homem de 26 anos praticante de musculação e aulas ginástica, mas com
inexperiência no ciclismo indoor.
P6 - Mulher de 22 anos não praticante de exercícios físicos.
Os participantes foram escolhidos pelo pesquisador de acordo com o perfil desejado.
Os sujeitos foram selecionados de maneira intencional e por conveniência, visto que
apresentaram facilidade de acesso ao pesquisador.
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Apesar dos 6 perfis serem diferentes, a aula será a mesma para todos os participantes,
pois a pesquisa simula uma realidade que as academias vivem hoje em dia, na qual há alunos
com diferentes níveis de condicionamento participando das suas aulas coletivas.
A coleta de dados aconteceu na academia Live Sports Center localizada no munícipio
de Palhoça, Santa Catarina. Todos os participantes assinarão um Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido.
3.3 INSTRUMENTOS DE PESQUISA
Para realização deste estudo foram utilizados os seguintes instrumentos: bicicleta
estacionária do tipo GT-1 da marca Fitness One e relógio polar do tipo ft7.
Figura 3 - Bicicleta estacionária GT-1 da marca Fitness One
Fonte: http://fitnessone.com.br/home/spinning/gt-1/ (2015).
A bicicleta spinning GT-1 possui selim Pro-II profissional, sistema de transmissão por
correia, que é mais silencioso e macio, e sistema de carga brake-pad de feltro anti-vibração. O
equipamento possui pintura epoxi cromo-zinco preta e pedais com clip para sapatilha. Seu
design e acessórios plásticos e alumínio foram desenvolvidos para proteger o produto contra o
contato com o suor.
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Figura 4 - Relógio Polar modelo FT7
Fonte: Google (2015).
Zona alvo automática baseada na idade do usuário, oferece a frequência cardíaca
máxima e média. Salva os treinos, mostra quantas calorias foram gastas no exercício.
3.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS
Para a coleta de dados, o pesquisador chegou com antecedência para organizar as
bicicletas em uma distância entre 2 e 4 metros para evitar interferência nos sensores e, dessa
forma, ocorrer alteração na frequência cardíaca coletada. Os sujeitos da pesquisa chegaram
com antecedência para que fossem assinados os termos de consentimento livre e esclarecido e
em seguida foram ajustados os frequencímetros e as bikes de acordo com cada perfil. A aula
foi composta por 8 músicas, sendo 3 de aquecimento, resfriamento e alongamento
respectivamente e 5 músicas de treino. Durante a aula, as anotações foram feitas da seguinte
forma, na metade de cada música o pesquisador levantou a mão para avisar que todos os
sujeitos deveriam olhar para o seu monitor e ver a frequência atingida no momento. Em
seguida o pesquisador passou nas 6 bikes para coletar a frequência de cada um.
A aula durou cerca de 45 minutos, abaixo segue o tempo de cada música e a descrição
de cada ritmo de acordo com a body systems.
Música 1: Aquecimento com duração de 4 minutos e 44segundos;
Música 2: Primeiro treino. Algumas subidas para aumentar a intensidade. Duração de
4 minutos e 33 segundos;
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Música 3: Primeiro morro. Simula uma subida de montanha. Duração de 5 minutos e
45 segundos;
Música 4: Treina velocidade com algumas subidas. Tem por objetivo a recuperação
que antecede o próximo treino de montanha. Duração de 4 minutos e 2 segundos;
Música 5: Ataque, segundo morro. Música com subidas e descidas. Duração de 7
minutos e 18 segundos;
Música 6: Último morro. Duração de 6 minutos e 38 segundos;
Música 7: Volta a calma em giro. Duração de 3 minutos e 34 segundos;
Música 8: Alongamento fora da bike. Duração de 3 minutos e 48 segundos.
3.5 ANÁLISE DOS DADOS
Para análise dos dados foi utilizada a estatística descritiva através da frequência
relativa. As variáveis obtidas foram apresentadas através de gráficos. Os resultados da
pesquisa foram apresentados para os participantes e profissionais envolvidos após o término
do relatório final com as devidas sugestões da banca. Os dados foram armazenados e serão
mantidos por um período de 5 anos. Após esse período eles serão incinerados.
21
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A empresa responsável pelo RPM disponibiliza para os treinadores um gráfico que
orienta e sugere o trabalho das porcentagens máximas em cada trecho (Track).
Figura 5 – Gráfico da Intensidade sugerida pelo percentual da FC máx. disponibilizada pela
body systems
Fonte: Body systems (2015).
Utilizando esse gráfico o treinador consegue saber qual intensidade os alunos devem
chegar em cada música.
Foi analisada a intensidade (FC TREINO) atingida pelos participantes em um mesmo
ritmo, durante uma aula de RPM. O gráfico 1 mostra a intensidade atingida pelos
participantes.
22
Gráfico 1: Intensidade (%FC TREINO) que os participantes atingiram em todas as músicas.
120,0
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
P1
% M1
P2
% M2
P3
% M3
% M4
P4
% M5
P5
% M6
P6
% M7
% M8
Fonte: Elaborado por autores, 2015.
Neste gráfico pode-se ver o resumo do que foi a pesquisa com todos os percentuais de
FC Treino atingidos em todas as músicas.
Atualmente o ciclismo indoor é considerado como uma modalidade de atividade física
muito popular sendo praticada tanto por homens quanto mulheres. Durante uma aula
padronizada, os praticantes são orientados a aumentar ou diminuir sua carga e/ou sua rotação
por minuto de acordo com a fase da aula, atingindo assim diferentes intensidades de exercício
durante uma sessão de ciclismo indoor, provocando ajustes fisiológicos determinados pela
intensidade e duração (FAVARO e VIDOTTI, 2010, p.560).
A estrutura do RPM reflete os princípios do treinamento intermitente com quatro
fases: (1) aquecimento para elevar a temperatura corporal, aumentar a mobilidade e preparar o
indivíduo psicologicamente; (2) intervalos sequenciados e recuperações ativas para
condicionar os sistemas energéticos específicos com elevações repetidas e cargas variadas
levando um aumento da resistência e força muscular; (3) recuperações ativas e alterações
posturais entre as músicas assegurando a manutenção de um trabalho alcançável e efetivo e
(4) a fase de volta a calma, incluindo giros de recuperação e alongamentos posturais para
promover o retorno do corpo aos níveis próximo do repouso (BARRY et al, 2007).
Foi elaborada um gráfico com a média de variação das respostas da intensidade (FC
TREINO) em cada ritmo. O gráfico 2 mostra a variação atingida pelos participantes.
23
Gráfico 2: Variação da intensidade (%FC TREINO) que os participantes atingiram em cada
ritmo.
120,0
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
M1
M2
M3
MÉDIA - DESVIO
M4
M5
MÉDIA
M6
M7
M8
Média + DESVIO
Fonte: Elaborado por autores, 2015.
O gráfico 2 apresenta a média do percentual de variação em cada ritmo. Podemos
observar que as músicas 3 e 5 foram as que tiveram menor variação entre os participantes.
Isso é um bom indicativo já que as respectivas músicas são uma das mais intensas da aula e
com isso não havendo uma discrepância na variação de intensidade nos participantes.
Foi verificada a intensidade (FC TREINO) atingida de cada participante em cada ritmo
(MÚSICA). O gráfico 3 mostra o percentual da FC Treino de cada participante atingida em
cada ritmo.
24
Gráfico 3: Percentual de intensidade (FC TREINO) atingida pelos participantes na música 1
120,0
100,0
68,5
80,0
56,8 51,9
60,0
40,0
37,5 42,0
31,5
20,0
P1
P2
P3
P4
P5
P6
Fonte: Elaborado por autores, 2015.
No gráfico da música 1 pode-se observar que “P1” e “P5” estão em uma zona de baixa
intensidade. Essa música objetivava o aquecimento, consequentemente um aumento na FC
teria que acontecer, o que não foi o caso de “P1” e “P5”
O Indoor Cycle ou ciclismo indoor, ganhou muitos adeptos e se popularizou no mundo
todo, mas segundo Leite (2006), devido à grande intensidade de esforço que a modalidade
exige, esta apresenta algumas limitações no que respeita ao controle da intensidade de
exercitação dos participantes.
Normalmente, a carga de trabalho na bicicleta é escolhida pelo próprio aluno, mas
como o sucesso do treinamento depende do apurado controle de intensidade, um erro no
controle desta variável pode comprometer o sucesso do programa por não surtir os efeitos
desejados ou colocar a vida de seus praticantes em risco.
Podemos ver que na primeira música houve essa limitação, pois “P1” e “P5”
provavelmente não ajustaram a carga de acordo com o recomendado pela professora.
25
Gráfico 4: Percentual de intensidade (FC TREINO) atingida pelos participantes na música 2
120,0
89,0
100,0
80,0
94,6 99,3
83,5
71,9
58,4
60,0
40,0
20,0
P1
P2
P3
P4
P5
P6
Fonte: Elaborado por autores, 2015.
Na música 2, que é o considerada a primeira música com intensidade mais alta nota-se
que “P3” e “P4” já atingiram mais de 90% da intensidade (FC TREINO). Nas academias o
perfil de “P3” e “P4” são encontrados muito facilmente, deve-se ter um cuidado com a
prescrição da prática na modalidade, pois se o sujeito tiver alguma limitação cardíaca,
segundo CARIA. 2007, ele deverá realizar exames prévios antes de praticar uma aula de
RPM.
Já “P4” entra numa justificativa parecida, pois é professora da modalidade e ministra
aulas diárias de RPM. Se “P4” manter essa intensidade em todo as aulas ministradas poderá
sobrecarregar fisiologicamente o seu sistema cardiovascular a longo prazo.
Já “P6” está com a sua FC baixa comparada com os outros participantes, visto que ela
não pratica exercícios físicos regulares e com isso a sua FC era para estar mais alta que
58,4%. Acredita-se que como ela não tem experiência com o ciclismo indoor ela pode ter se
guardado nessa segunda música.
26
Gráfico 5: Percentual de intensidade (FC TREINO) atingida pelos participantes na música 3
120,0
100,0
92,1
103,4 98,8 106,3
106,6
92,0
80,0
60,0
40,0
20,0
P1
P2
P3
P4
P5
P6
Fonte: Elaborado por autores, 2015.
Já na música 3, que é considerada a primeira simulação de subida de morro, nota-se
um grande aumento no percentual atingido por todos participantes. Todos ficaram acima de
90% e “P2”, “P4” e “P6” atingiram a intensidade acima de 100%.
Pode-se constatar que houve valores distintos entre os participantes em uma mesma
música (ritmo). “P2” pratica aulas semanais de ciclismo indoor há mais de um ano, com essa
frequência nota-se que “P2” participa das aulas e dá o seu máximo, pois mesmo com prática
na modalidade ela atingiu uma frequência acima da sua máxima calculada.
“P4” que tem mais experiência na prática da modalidade também atingiu um valor
superior a sua máxima calculada, mais um vez ressaltando que pode estar sujeito a danos no
sistema cardiovascular, se isso foi feito com muita frequência, visto que “P4” ministra aulas
diárias de ciclismo indoor.
“P6” que na música 2 atingiu 58,4% na música 3 atingiu o seu maior percentual, que
foi de 106,6%. Essa grande variação de uma música para outra pode ser prejudicial para “P6”
já que ela tem um perfil na qual não pratica exercícios físicos regulares.
Estudos sustentam que em aulas de ciclismo indoor são atingidas altas intensidades de
exercício, com valores transitando entre o domínio moderado a muito pesado. Vidotti e
Favaro (2011) dividiram um grupo de nove mulheres em duas categorias, treinadas e
iniciantes, e através dos valores da FC investigaram a intensidade do exercício. Foi visto que
27
durante a maior parte da aula de RPM as participantes treinadas ultrapassam o limite da
máxima prevista (>90%FCM). Segundo o Colégio Americano de Medicina Esportiva
(ACSM, 1995) é recomendada intensidades variando entre 55% a 90% da FCM. Para as
participantes iniciantes, a FC se manteve dentro das recomendações da ACSM, embora a
intensidade segundo a PSE tenha se situado na intensidade pesada. (VIDOTTI; FAVARO,
2011). Machado et. al (2010) também pesquisou mulheres praticantes de RPM comprovou
que o valor da FC ultrapassou a FCM em diversos momentos da aula, classificando que a
intensidade do treino estava entre moderada-intensa e intensa-severa. (MACHADO et al.,
2010).
Por isso, o controle de intensidade durante o treino deve ser visto com certa ressalva já
que os valores de FC são muito elevados e populações de risco podem ser prejudicadas. Dessa
forma, recomenda-se que indivíduos sedentários, idosos e cardiopatas realizem exames
prévios antes de realizar uma aula de RPM®. (CARIA et. al., 2007). Intensidades de exercício
muito altas apresentam associação com risco cardiovascular podendo acarretar a baixa
aderência ao programa de treinamento. Por isso, Vidotti e Favaro (2010) recomendam que a
intensidade para indivíduos iniciantes em programas de atividade física deve permanecer
baixa e depois progredir para intensidades mais elevadas, de acordo com um programa
periodizado.
Gráfico 6: Percentual de intensidade (FC TREINO) atingida pelos participantes na música 4
120,0
100,0
80,0
60,6
75,4 72,9
87,9
55,4 53,3
60,0
40,0
20,0
P1
P2
P3
P4
P5
P6
Fonte: Elaborado por autores, 2015.
A música 4 objetiva a recuperação dos participantes, mas nota-se que “P4” está com a
frequência muito alta para uma música que tem o objetivo de recuperação. É muito importante
28
deixar claro que a “P4” ministrou a aula, pois a mesma é professora da modalidade há mais de
um ano. A frequência elevada pode ser pelo esforço extra que ela teve, pelo fato de estar
orientando os outros participantes e isso consequentemente colaborou para não deixar que a
sua FC não baixasse tanto na hora da coleta da música 4.
Em aulas de ciclismo indoor, a queda da FC durante a recuperação ativa do esforço
pode não ser tão evidente. Isto se justifica pelo fato da presença da adrenalina e noradrenalina
na corrente sanguínea, exercendo forte influência sobre o ritmo cardíaco. Como muitas vezes
os métodos de treinamento de ciclismo indoor são baseados no estilo conhecido como fartlek,
o qual não determina uma única relação temporal entre os estímulos fortes e fracos, é possível
que a resposta da FC não represente a intensidade real de esforço durante a pedalada
(ALMEIDA, 2007, p.198).
Gráfico 7: Percentual de intensidade (FC TREINO) atingida pelos participantes na música 5
120,0
100,0
86,4
99,2
92,1
100,2
89,4
99,4
80,0
60,0
40,0
20,0
P1
P2
P3
P4
P5
P6
Fonte: Elaborado por autores, 2015.
Na música 5 todos os participantes aumentaram o percentual da sua FC. Vale destacar
que “P2”, “P5” e “P6” tiveram uma grande variação na música 4 para 5. “P2” aumentou o
percentual da FC de 75,4% para 99,2%, “P5” de 55,4% para 89,4% e “P6” de 53,3% para
99,4%.
Mcardle, 1998, disse que o sistema anaeróbico alático (fosfato creatina) é usado muito
pouco no RPM, pois é solicitado somente quando não há tempo suficiente para o corpo
degradar o glicogênio e manufaturar a energia do ATP pela utilização de oxigênio. Em
atividades de alta intensidade e curta duração, como um sprint, exige um fornecimento
imediato e rápido de energia, proporcionada quase exclusivamente pelos fosfatos de alta
29
energia ou fosfagênios (ATP-CP) armazenados dentro dos músculos específicos ativados
durante o exercício.
Gráfico 8: Percentual de intensidade (FC TREINO) atingida pelos participantes na música 6
114,2
120,0
100,0
89,7
100,0
93,8
80,9
74,8
80,0
60,0
40,0
20,0
P1
P2
P3
P4
P5
P6
Fonte: Elaborado por autores, 2015.
A música 6 é considerada a última simulação de subida de morro. Podemos ver que
todos os participantes aumentaram a sua frequência cardíaca, menos “P3” que quase manteve
e “P5” que diminuiu. Como a música 6 era a última música mais intensa acredita-se que todos
os participantes já estavam cansados. Sendo assim é bem provável que “P3” e “P5” não
acompanharam os outros participantes com o aumento da FC por conta da fadiga.
Gráfico 9: Percentual de intensidade (FC TREINO) atingida pelos participantes nas músicas 7
e8
30
120,0
100,0
80,0
82,6
59,8
64,4 65,3
54,5 54,3
60,0
55,7
56,8
66,8
53,6
44,3 48,2
40,0
20,0
M7
P1
M8
P2
P3
P4
P5
P6
Fonte: Elaborado por autores, 2015.
Nas músicas 7 e 8 que objetivaram a recuperação dos participantes não tivemos uma
discrepância na variação da FC treino, mas podemos ver que “P4” na música 7 estava com
82,6% da FC treino, na qual a música tinha o objetivo de recuperar e baixar a frequência
cardíaca, mas esse aumento pode ter como justificativa que “P4” teve uma esforço maior por
estar ministrando a aula.
Exceto “P4” Todos os valores foram diminuídos, isso significa que o objetivo das
músicas 7 e 8 foram alcançados fazendo com que os participantes voltassem para uma
frequência parecida na qual estavam antes de começar a aula.
31
5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES
O principal objetivo da pesquisa era analisar o comportamento da frequência cardíaca
em praticantes e não praticantes de ciclismo indoor durante uma aula de ciclismo indoor.
Levando em consideração os valores de frequência cardíaca vimos que cada perfil mostrou
uma reposta de acordo com o seu condicionamento.
Foi usada a equação de Calvert et al, 1977 para estimar a frequência de treino dos
participantes, na qual é separada por gênero.
Os resultados indicam que durante um mesmo ritmo em aula de ciclismo indoor a
intensidade varia nos diferentes perfis analisados.
Em todas as músicas tivemos respostas diferentes das previstas de acordo com o
gráfico de intensidade sugerido pela body systems. As músicas que mais exigem dos alunos
sugerem que eles não ultrapassem 90% da sua FC máx. Entretanto nessa pesquisa podemos
ver que isso não foi possível. Como exemplo disso temos a música 3 na qual todos os
participantes passaram de 90% da sua FC treino e alguns até passaram de 100% da sua FC
treino calculada.
“P1” foi o participante que teve menor discrepâncias nos valores das respostas da
frequência cardíaca, “P2” mesmo com experiência na pratica de ciclismo de rua e no ciclismo
indoor, teve respostas altas na sua frequência cardíaca, “P3” e “P5” que são considerados
fisicamente ativos, pois fazem atividades que exigem bastante do sistema cardiovascular,
também tiveram valores altos, “P4” teve o percentual da sua frequência cardíaca de treino
elevada praticamente durante toda a aula e “P6” foi o sujeito que atingiu a maior intensidade.
Tivemos diferentes níveis de condicionamentos e também diferentes respostas de
acordo com cada participante da pesquisa. Foram variações de intensidades relevantes, pois
foram levados em consideração a individualidade biológica de cada participante calculando a
frequência cardíaca de treino de acordo com cada gênero.
O condicionamento físico sofre variação de um perfil para o outro e como a
intensidade da aula depende muito do aluno na hora de aumentar e diminuir a carga é
necessário além de resistência cardiorrespiratória e força, é exigido também muito o lado
psicológico do aluno, principalmente com experiências anteriores de esforços de alta
intensidade.
32
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35
ANEXOS
36
UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA - CEP UNISUL
[email protected] (48) 3279 1036
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
PARA PESQUISA ENVOLVENDO SERES HUMANOS
Você está sendo convidado (a) para participar, como vo1untário (a), em uma pesquisa
que tem como título “Ritmo versus intensidade no ciclismo indoor”. O estudo tem como
objetivo geral verificar a variação da intensidade de acordo com o ritmo em aulas de Ciclismo
Indoor entre 10 sujeitos. O tema surge da importância de considerar a individualidade
biológica na prática de exercícios físicos. Dessa forma, serão beneficiados além dos
participantes, treinadores de diversas modalidades e professores do Ciclismo Indoor, visto que
terão embasamento teórico ao explicar a influência da intensidade e do ritmo nas aulas
enquanto objetivo de treino de cada aluno. Por consequência, a profissão passa a ser mais
valorizada e fidelizada, visto que a frequência de treino será utilizada para avaliar os
resultados, com isso o estudo levará em conta tanto a sobrecarga que o RPM proporciona
durante o treino quanto à individualidade biológica de cada aluno.
Participarão da pesquisa 6 sujeitos praticantes do Ciclismo Indoor, sendo 3 do gênero
feminino e 3 do gênero masculino. Cada participante terá um perfil específico, serão eles: 1
homem de 27 anos com prática há mais de um ano no ciclismo de rua, mas sem prática no
ciclismo indoor, 1 mulher de 30 anos com prática há mais de um ano no ciclismo de rua e
indoor, 1 homem de 26 anos praticante de musculação há mais de um ano, mas sem prática no
ciclismo indoor, 1 homem de 26 anos praticante de musculação e de aulas de ginástica há
mais de um ano, mas sem prática no ciclismo indoor, 1 mulher de 26 anos professora de
ginástica da modalidade há mais de um ano e 1 mulher de 22 anos não praticante de
exercícios físicos. A pesquisa acontecerá na academia Live Sports Center, no munícipio de
Palhoça, Santa Catarina. Os participantes irão utilizar um frequencímetro com o intuito de
verificar a Frequência Cardíaca durante o treino e consequentemente analisar a intensidade do
exercício. Apesar dos 6 perfis serem diferentes, a aula será a mesma para todos os
participantes, pois a pesquisa simula uma realidade que as academias vivem hoje em dia, na
qual há alunos com diferentes níveis de condicionamento participando das suas aulas
coletivas. A aula de RPM dura cerca de 45 minutos e é composta por sete músicas préestabelecidas pela Body Systems.
37
Os resultados da pesquisa serão apresentados para os participantes e profissionais
envolvidos após o término do relatório final com as devidas sugestões da banca.
Você não é obrigado (a) a participar da pesquisa e poderá desistir de participar do
estudo a qualquer momento (antes, durante ou depois de já ter aceitado participar), sem ser
prejudicado (a) por isso. A partir dessa pesquisa, como benefício, você terá acesso aos
resultados obtidos e poderá utilizá-lo, através do auxílio do pesquisador, para melhora do seu
desempenho. Não são previstos desconfortos durante a pesquisa. Mas, caso você se sinta
desconfortável durante a aula, é importante que diga isso ao (à) pesquisador (a) para que ele
(ela) possa auxiliá-lo (a).
Você poderá quando quiser pedir informações sobre a pesquisa ao (à) pesquisador (a).
Esse pedido pode ser feito pessoalmente, antes ou durante a aula, ou depois dela, por telefone,
a partir dos contatos do pesquisador que constam no final deste documento.
Todos os seus dados de identificação serão mantidos em sigilo e a sua identidade não
será revelada em momento algum. Em caso de necessidade, serão adotados códigos de
identificação ou nomes fictícios. Dessa forma, os dados que você fornecer serão mantidos em
sigilo e, quando utilizados em eventos e artigos científicos, assim corno em campanhas de
prevenção, a sua identidade será sempre preservada.
Lembramos que sua participação é voluntária, o que significa que você não poderá ser
pago, de nenhuma maneira, por participar desta pesquisa.
Eu, _______________________________, abaixo assinado, concordo em participar
desse estudo como sujeito. Fui informado (a) e esclarecido (a) pelo pesquisador
________________________ sobre o tema e o objetivo da pesquisa, assim como a maneira
como ela será feita e os benefícios e os possíveis riscos decorrentes de minha participação.
Recebi a garantia de que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto
me traga qualquer prejuízo.
Nome por extenso:
_______________________________________________
_______________________________________________
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RG:
Local e Data:
_______________________________________________
Assinatura:
_______________________________________________
Pesquisador Responsável: Erasmo Paulo Miliorini Ouriques
Telefone para contato: (48) 9632-5213
Outros Pesquisadores: Delano Pinheiro Gomes
Telefone para contato: (48) 9604-9986
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