IDADE ANTIGA CLÁSSICA: ROMA CONTEÚDOS Características Gerais Sociedade Evolução Política (Monarquia, República e Império) Mitologia e Religião Cultura, artes e ciências AMPLIANDO SEUS CONHECIMENTOS Características Gerais Roma foi uma cidade do mundo antigo que, até hoje gera fascínio por sua história de vitórias e conquistas. Todos os territórios que o exército romano conquistou e manteve sob o seu poder, eram lugares que pertenciam a uma única cidade-estado, ou seja, o grande império era composto pelos domínios da cidade de Roma. Figura 1 – Domínios do Império Romano no ano de 116 (século 2) Fonte: Fundação Bradesco A história da cidade de Roma na Antiguidade, inicia-se por volta do século 8 a.C., na península Itálica do continente europeu (seu povo foi composto da mistura de etruscos e latinos que chegaram a essa região), e sua longa trajetória, basicamente, encerra-se no século 5 d.C., com a queda do Império Romano do Ocidente, agravada pelas invasões bárbaras. Esse grande império estendeu-se por todas as terras em torno do Mar Mediterrâneo e, por isso, era comum os romanos chamá-lo de Mare Nostro (nosso mar). Curiosidade: Os romanos acreditavam que eram os descendentes dos gêmeos Rômulo e Remo, que eram filhos do deus Marte com Reia, uma princesa mortal. As crianças, devido serem fruto de um abuso, segundo a mitologia, foram abandonadas para morrerem na floresta, mas acabaram sendo criadas por uma loba selvagem que os alimentou com seu próprio leite. Assim, ao se tornarem adultos, Rômulo e Remo decidem fundar uma cidade, porém, houve um desentendimento entre os irmãos e, no auge da discussão, Rômulo mata Remo e se torna o primeiro monarca de Roma. Figura 2 – Estátua da Loba Capitolina Romana Fonte: Wikimedia Commons A estátua de bronze da loba tornou-se um símbolo da cidade de Roma. As estátuas das duas crianças não faziam parte da obra original e foram colocadas depois para reforçar o mito. Mas existem muitas dúvidas sobre a relação dessa estátua, com a lenda, uma vez que a loba também era um símbolo de fertilidade para os romanos e as técnicas de fundição do metal utilizado são tipicamente medievais. Sociedade A sociedade romana era organizada de forma patriarcal e tradicional. A ascensão social era reduzida e uma das poucas formas de crescer socialmente era por meio do exército. Observe a seguir, um esquema de organização social em Roma. Figura 3 – Classes sociais de Roma Fonte: Fundação Bradesco Os patrícios eram a classe mais elevada e importante dentro do império. Eles eram os ricos proprietários de terras. Um dado importante era que em Roma, as terras não eram passíveis de compra e venda, sendo assim, a única forma de se tornar patrício era por meio da herança, ou seja, ser filho de um pai patrício, ou ainda, por meio do exército, já que alguns dos melhores soldados poderiam ser recompensados pelo seu general que lhe doaria parte das novas terras conquistadas. Os clientes eram os agregados de uma família patrícia, ou seja, eles acabavam gozando da influência da família que os protegia. Em geral, eles eram talentosos artistas, ou habilidosos artesões e até mesmo comerciantes de gêneros raros, que acabavam dando status à família a qual estavam associados. Quanto mais clientes um patrício tinha, mais importante socialmente ele se tornava. Os plebeus eram os pobres trabalhadores, rurais ou urbanos, que trabalhavam em troca de uma remuneração. Os plebeus eram uma classe muito numerosa e constituía a base da produção romana, desde a sua origem até a introdução maciça da mão de obra escrava, em decorrência da expansão territorial romana. Os escravos não eram muito comuns no início da história de Roma (entre os séculos 8 a.C. e 3 a.C.), apesar de existirem tanto os escravos por dívidas, quanto os escravos de conquista, aprisionados em guerras. Vale destacar que foi apenas durante o século 4 a.C. que a escravidão por dívida passou a ser proibida em Roma, sendo assim, na República e no Império Romano (fase em que houve o apogeu da escravidão em Roma) os escravos seriam apenas aqueles obtidos por meio das conquistas. Curiosidade: A única forma de um plebeu tornar-se patrício era entrando no exército e se destacando como soldado para receber o reconhecimento do general que poderia lhe conceder terras. Porém, se todos os plebeus fossem para o exército, faltaria mão de obra para trabalhar nas lavouras. Desse modo, para dificultar a entrada de plebeus no exército romano, ficou determinado que os soldados deveriam lutar sem remuneração alguma e que as armas que eles utilizassem deveriam ser compradas por seus familiares. Assim, os filhos das famílias ricas conseguiriam ser bancados por seus pais para lutarem no exército, enquanto que os filhos das famílias mais pobres, ficavam automaticamente excluídos. Foi apenas durante o governo de Mário I (século 1 a.C.), que os soldados passaram a ser pagos (com sal, um produto de grande valor na época) e as armas passaram a ser fornecidas pelo Estado. Assim, qualquer cidadão romano poderia se alistar, o que aumentou bastante o contingente de soldados no exército. Evolução Política Politicamente, a cidade de Roma teve três formas políticas, a saber, a Monarquia (entre os séculos 8 a.C. e 4 a.C.), a República (entre os séculos 4 a.C. e 1 a.C.) e o Império (entre os séculos 1 a.C. e 5 d.C.), sendo que a grande expansão militar territorial, ocorreu a partir da República Romana. Durante a fase monárquica, a cidade de Roma era governada por reis eleitos pelos patrícios e que governavam por leis orais. O mandato desses monarcas era vitalício, mas não era hereditário, assim, quando o rei falecia, os patrícios reuniam-se para eleger um novo rei. Como as demais classes sociais não participavam dessas eleições e, também, não eram beneficiadas por esses governos, houve uma série de revoltas que acabaram por culminar com o fim do regime e a proclamação da república. Na república romana, pouca coisa mudou para os plebeus, pois, no novo regime, o poder estava na mão dos senadores e de dois cônsules que inicialmente, eram exclusivamente patrícios. Por isso, novas revoltas surgiram e, dessa vez, uma grande paralização da classe plebeia, que se recusava a voltar aos seus trabalhos caso não conquistassem alguns direitos e participação política. Desse modo, para acalmá-los e reestabelecer a ordem, esse governo estabeleceu a Lei das 12 Tábuas, criou o cargo de Tribunos da Plebe (representante dos interesses plebeus no senado), proibiu a escravidão por dívidas de romanos e autorizou o casamento entre patrícios e plebeus. Essas reformas fizeram os plebeus retomarem o seu trabalho e a economia da cidade voltou a ser produtiva. Assim, houve uma relativa estabilização política que motivou os romanos a expandirem seus domínios conquistando novos territórios. Um importante conflito que surgiu nesse período (entre os séculos 3 a.C. e 2 a.C.) foi as Guerras Púnicas, uma série de três grandes batalhas entre Romanos e Cartagineses, que garantiram a vitória e o domínio romano sobre o mediterrâneo. Após vitória e destruição de Cartago, os romanos salgaram o território cartaginês, tornando-o infértil. Figura 4 – Estátua de Marte, o deus da guerra em Roma Fonte: Wikimedia Commons Com o avanço das conquistas, a cidade de Roma cresce, graças às riquezas (provenientes da pilhagem das áreas dominadas) e ao número de escravos (capturados em batalha). Esse gigantesco aumento de mão de obra escrava disponível, fez com que o preço de compra de um escravo caísse, e que gradativamente, os latifúndios substituíssem a mão de obra livre plebeia, pelos escravos. O desemprego de uma grande massa plebeia, virou um dos maiores problemas que Roma enfrentou. Isso, associado ao fato do exército romano contar nessa época, com poucos homens para dar conta das novas fronteiras do império, agravava a crise romana. Nesse contexto, para tentar aliviar os principais problemas de Roma, os irmãos Graco (que eram tribunos da Plebe), propuseram um projeto de reforma agrária nas terras do estado. Assim, o plebeu que estava desempregado receberia um lote de terras e passaria a produzir, podendo com os lucros, manter alguns de seus filhos como soldados no exército romano. Porém, a ganância das elites patrícias, fez com que eles se posicionassem contra a doação de terras aos plebeus e, por isso, mataram Tibério e Caio Graco. A morte dos irmãos Graco só veio a agravar ainda mais a crise levando Roma a uma grande guerra civil. Figura 5 – Ruinas do Grande Palácio no Monte Palatino em Roma Fonte: Wikimedia Commons Aproveitando-se dessa guerra interna, o general Mário I estabelece tréguas nas guerras externas e usa o exército que estava sobre seu comando para invadir Roma e estabelecer uma tirania. Durante os anos em que ele se manteve no poder, as estruturas democráticas foram ignoradas. Porém, ao estabelecer um salário para os soldados, ele conseguiu resolver os maiores problemas de Roma, pacificando a cidade. Com o pagamento dos soldados, os plebeus que estavam desempregados, ingressariam no exército e com mais soldados, Roma poderia realizar novas conquistas que reverteriam em novos ganhos, que cobririam as despesas com o salário dos soldados e ainda, garantiria muitas riquezas ao império. Para derrubar a tirania de Mário I, os patrícios passaram a apoiar o general Sila, que usa as legiões externas para tomar o poder. Como Sila não tinha a mesma popularidade de Mário, foi fácil para os senadores depô-lo e reestabelecerem a República. Frente a esse cenário de golpes políticos, o senado romano estabeleceu os triunviratos (governo de três generais) para evitar que outros militares tomassem o poder e criassem novas tiranias. O primeiro triunvirato foi composto por Crasso, Pompeu e Júlio Cesar. Com a morte desses três generais, fez se necessário criar um segundo triunvirato, agora composto por Lépido, Otávio e Marco Antônio. Por meio de uma série de manobras políticas, Otávio se livra dos outros dois generais e torna-se o primeiro imperador de Roma, transformando esse cargo em um posto vitalício e hereditário. O período chamado de Império, pode ser subdividido em Alto Império Romano (que representa o seu apogeu) e Baixo Império Romano (que representa o seu declínio). No Alto Império Romano, estradas com calçamento de pedra foram construídas ligando várias províncias romanas à capital. Houve um forte incentivo à produção artística e muitos palácios, termas, templos, arcos e estádios foram construídos. Nas novas áreas dominadas pelo exército romano, passou-se a usar a autoridade local como representante legal do governo romano, como a finalidade de se evitar rebeliões. Outro ponto de destaque nesse período é que todos os imperadores de Roma incentivavam as políticas públicas de controle da massa de excluídos, como foi o caso da famosa política do “Pão e Circo”. Vale destacar que essa prática já existia desde os tempos da República e que sua finalidade era organizar grandes espetáculos para entreter a população. Durante as exibições, distribuía-se alimentos gratuitamente, ou vendiam-se estes a um baixo valor. Assim, o povo saciava a fome e desviava a atenção da política, mantendo-se alheio as ações do governo. Figura 6 – Ruínas do Coliseu Romano Fonte: Wikimedia Commons Os espetáculos aconteciam em grandes estádios como, por exemplo, o Coliseu, onde se tinha as representações teatrais, ou as lutas de gladiadores. No caso das lutas, os gladiadores eram guerreiros estrangeiros que foram capturados em batalha e que lutavam nas arenas, uns com os outros, buscando a sua sobrevivência e um possível sonho de liberdade. Além dos gladiadores, nas arenas também se enfrentavam homens e animais (leões, tigres, crocodilos e elefantes). No geral, essa mobilidade de luta com feras era destinada aos dissidentes políticos e religiosos, como era o exemplo dos cristãos. Os imperadores do Alto Império Romano, frente a toda a grandeza e glamour que atingiram, deixaram de se dedicar às conquistas, estabelecendo a grande Pax Romana (período de relativa paz interna e externa). Dessa forma, como praticamente esses imperadores deixaram de se dedicar às guerras, seus mandatos passaram a ser excêntricos. Eles estavam mais preocupados com seus caprichos e luxo do que com a manutenção do império, iniciando, com isso, a decadência do Baixo Império Romano. Sem o dinheiro proveniente das conquistas e com um governo extremamente corrupto, os tributos arrecadados acabavam não sendo suficientes para manter os muitos gastos desse Estado, durante o Baixo Império Romano. Assim, funcionários públicos e soldados deixaram de ser pagos e, com isso, a administração e defesa do império começaram a ruir. Sem guerras externas, também cessou o fluxo de escravos, gerando uma grave crise de mão de obra no campo, o que só agravava mais o problema. Figura 7 - Soldado Romano Fonte: Fun Way Illustration/Shutterstock.com Para tentar salvar Roma da decadência e garantir alguma sobrevida ao império, Diocleciano (o antepenúltimo imperador de Roma unificada) decide descentralizar o poder, dividindo o império em quatro partes, que seriam mais facilmente governadas e fiscalizadas por governos locais que prestariam contas diretamente ao imperador. Esse esquema recebeu o nome de Tetrarquia. Outro ponto proposto por Diocleciano, foi usar o regime de Colonato para conseguir mão de obra barata para suprir a falta de escravos no trabalho do campo. Na prática, o colonato propunha aos desempregados de Roma a chance de trabalhar no campo em troca de uma parte da produção. Essa estrutura de trabalho, mais tarde será a base do trabalho servil da Idade Média. O governo de Constantino (penúltimo imperador de Roma unificada) reunifica o governo, transferindo a capital do império para a cidade de Bizâncio que passou a se chamar Constantinopla. Devido essa cidade ser geograficamente melhor localizada, Constantino pretendia exercer um maior controle sobre o Império Romano. Essa região, além de ser mais central, também era mais próspera economicamente devido ao intenso comércio entre o oriente e o ocidente que ali existia. Além disso, a cidade estava longe das áreas de mais forte pressão popular do império, como Roma, por exemplo. Outro ponto importante do governo de Constantino é que ele ao perceber que o número de cristãos crescia exponencialmente no império, persegui-los, como tradicionalmente era feito, deixou de ser estratégico. Assim, para buscar apoio desse grupo para o seu governo, ele assina o Édito de Milão, que concede a liberdade de culto aos cristãos. Por fim, Teodósio (último imperador de Roma unificada) decide eleger o cristianismo como religião oficial do Império, estabelecendo uma hierarquia religiosa muito parecida com a hierarquia política de Roma. Além disso, ele também determinou que após a sua morte o grande Império Romano seria dividido em dois impérios distintos, o Império Romano do Ocidente, com a capital na cidade de Roma e o Império Romano do Oriente com a capital em Constantinopla. Figura 8 – Divisão do Império Romano entre Ocidente e Oriente Fonte: Fundação Bradesco Curiosidade: Os povos bárbaros era a denominação que se dava na época, a todos aqueles que não fossem romanos. Assim, vale destacar que existiram povos bárbaros nas fronteiras de Roma durante todos os anos de sua história. Mesmo assim, os bárbaros não foram os causadores da decadência romana. Por exemplo, os povos bárbaros do norte da Europa, só iniciaram as invasões aos territórios romanos quando o império já estava em crise e suas fronteiras estavam desprotegidas pela falta de soldados. Outro dado importante é que as invasões bárbaras, a fragmentação e ocupação do território ocorreram praticamente nos territórios do Império Romano do Ocidente, apenas. Mitologia e Religião Como já foi dito no Tema de Estudo de História - Idade Antiga Clássica: Grécia, a palavra “mito” vem do grego “mythos” que significa conto, ou seja, trata-se de um relato de feitos maravilhosos cujos protagonistas são personagens sobrenaturais (deuses, monstros, espíritos) ou extraordinários (heróis, sábios, guerreiros). Por definição, um “mito” é uma narrativa acerca dos tempos heroicos de uma civilização. Geralmente, o mito guarda um fundo de verdade ou traz uma instrução moral que deve ser valorizada pelo receptor da mensagem. Os mitos romanos são, em sua maioria, muito parecidos com os mitos gregos. Isso pode ser entendido dado os anos de ocupação e a influência da cultura grega no sul da Península Itálica. Dica: Para entender melhor e se aprofundar nesse assunto, faça a oficina sobre Mitologia disponível no Portal EJ@, na seção Área do Educador do Ensino Médio, na Socialização de Práticas Pedagógicas de Ciências Humanas. Oficina - Mitologia O politeísmo era a religião oficial de Roma, que considerava o imperador como um semideus, atrelando a religiosidade à política. Dessa forma, uma parte de seus deuses estavam atrelados à personalidade dos ancestrais comuns como por exemplo, Rômulo. Por outro lado, os romanos também cultuavam uma série de outros deuses, que apresentavam uma estreita relação com os deuses gregos, como se praticamente, fossem os mesmos apenas com outros nomes. Figura 9 – Ruínas do Panteão Romano Fonte: Wikimedia Commons Assim como os gregos, os romanos acreditavam que os três irmãos que representavam as suas maiores divindades, haviam dividido os domínios do mundo em partes equivalentes. Devido a esses deuses terem a mesma importância e força, Netuno passou a controlar o reino das águas, Plutão o reino dos mortos e Júpiter o reino dos vivos. Desse modo é um equívoco colocar Júpiter como superior aos demais deuses, ou demonizar Plutão. A deusa Juno (protetora da família) casa-se com seu irmão Júpiter e gera novos deuses romanos. Observem a seguir, um quadro com algumas das principais divindades romanas. - Deus da Beleza, da Música e das Artes. Apolo Filhos de uma relação extraconjugal de Zeus, nascem os gêmeos Apolo e Diana. O Sol representa a carruagem de ouro com que Apolo desfila pelo céu. Ele é considerado o deus mais belo do Olimpo. - Deusa da Lua, da Caça e dos Animais Selvagens. Diana A deusa, irmã gêmea de Apolo, está ligada ao universo da magia e, por se manter eternamente virgem, ela também é conhecida por proteger as meninas. - Deus da Matança, do Sangue e da Guerra Irracional. Marte Filho legítimo de Júpiter e Juno, ficou famoso pelo seu espírito de guerreiro selvagem. Sua sede por sangue e matanças o faz vulnerável à corrupção. - Deusa da Inteligência, da Justiça e da Guerra. Minerva Foi gerada exclusivamente por Júpiter, nascendo de sua cabeça. Ela representa a divindade que nunca se corrompe e sempre está ao lado dos justos e merecedores da sua razão. Ela geralmente está acompanhada pela coruja do conhecimento. - Deus dos Rebanhos, dos Ladrões e o Mensageiro dos Deuses. Mercúrio Filho de uma relação extraconjugal de Júpiter, essa divindade se destacou logo cedo, criando as sandálias aladas e a lira. Ainda conseguiu roubar 50 vacas do rebanho de Apolo, sem que ele percebesse. - Deus do Fogo, da Forja e dos Metais. Vulcano Foi gerado exclusivamente por Juno, porém nasceu feio e coxo, representando a solidão e amargura de sua mãe. Pela sua aparência monstruosa, ele vive em um vulcão, bem longe dos demais deuses. - Deus do Vinho e das Festas. Baco É uma exceção entre os deuses, uma vez que tem pai divino, Júpiter, e mãe mortal. Conseguiu sua divindade embriagando e enlouquecendo os outros deuses. Figura 10 – Estátua de Júpiter Figura 11 – Pintura de Jesus Cristo Fonte: Wikimedia Commons Fonte: Wikimedia Commons O cristianismo, assim como todas as demais religiões que não reconheciam a divindade dos imperadores, eram perseguidas em Roma. À medida em que os cristãos pregavam uma religião baseada na igualdade de direitos e na crença de um deus único desvinculado da política, eles despertavam a ira do império contra eles. Dessa forma, os seus seguidores, muitas vezes eram lançados nas arenas para lutar com feras. Porém, com o avançar da crise do Baixo Império Romano, essa religião passou a ganhar força e seu número de fiéis, cresceu como nunca antes visto. Na decadência do império, quando Roma já estava fadada a cair, o imperador Constantino assinou o Édito de Milão, que garantiu a liberdade de culto aos cristãos. Essa medida mantinha o politeísmo como religião oficial de Roma, mas ela acabava oficialmente com as perseguições e condenações desse grupo religioso à morte. A oficialização do cristianismo como religião do Império Romano, deu-se apenas no governo do último imperador da Roma unificada, Teodósio. Um dado curioso, é que as invasões bárbaras terminaram de destruir as estruturas do Império Romano do Ocidente, esses povos não preservavam as cidades ou estrutura política de Roma, porém o legado da religião cristã foi preservado e adotado por eles em seus novos domínios, tornando-se a religião oficial da Europa na Idade Média. Cultura No campo da cultura, os romanos da antiguidade clássica destacaram-se pelo domínio de um vasto e rico conhecimento. Eles absorveram a maior parte dos conhecimentos das áreas que dominavam e, com isso, acabaram desenvolvendo a filosofia, a astronomia, a matemática, a alquimia, a literatura, a escultura, a música e o teatro. Na filosofia, os romanos não lançaram nenhuma grande corrente, basicamente eles se apoiaram nos principais filósofos da Grécia Antiga como Sócrates, Platão e Aristóteles, para discutirem aspectos de moral e política. Porém, eles foram responsáveis por criar registros regulares da história do seu império, nos quais se destacam historiadores como Apiano, Tácito e Tito Lívio. Curiosidade: A língua oficial de Roma era o latim. Atualmente, ela é considerada uma língua morta, e é utilizada apenas em algumas celebrações da Igreja Católica ou como designação de termos técnicos da biologia. Algumas expressões do latim também aparecem nos processos judiciais. Além disso, as línguas modernas como o português, espanhol, francês, italiano e polonês têm a raiz de suas palavras derivadas do latim. Nas artes plásticas, os romanos valorizavam mais as esculturas do que a pintura (que era considerada uma arte menor), daí observarmos uma grande riqueza de acervo em estátuas que ornamentavam praças, palácios e templos. A arquitetura desses espaços favorecia esse tipo de decoração por se tratarem de construções simétricas, amplas e com estilo simples de aspecto leve. Figura 12 - Busto do Poeta Virgílio em Nápoles Fonte: Wikimedia commons Na literatura, destacaram-se poetas como Horácio e Virgílio, sendo que esse último escreveu “Eneida”, obra que conta a epopeia de Enéias que remete a origem do romano. Já no teatro, os romanos destacavam-se, além dos gêneros da tragédia e comédia, nas representações de suas grandes guerras e batalhas. Assim, como muitas dessas peças eram encenadas em grandes estádios como o Coliseu, surge a necessidade dos atores usarem máscaras para marcarem seus personagens. ATIVIDADES 1. (VUNESP-2002) Tito Lívio, em História de Roma, referindo-se às lutas entre patrícios e plebeus que se estenderam do século 5 a.C. ao 4 a.C., escreveu: “(…) apesar da oposição da nobreza, houve eleições consulares em que Lúcio Séxtio foi nomeado o primeiro cônsul plebeu. A luta, entretanto, não terminara. Os patrícios declararam que não ratificariam essa eleição e esperava-se uma nova secessão da plebe e outras terríveis ameaças de guerra civil quando, finalmente, um acordo apaziguou a discórdia. A nobreza concedia à plebe seu cônsul plebeu, e a plebe concedeu à nobreza o direito de eleger um pretor único, patrício, que seria encarregado de exercer a justiça em Roma.” a) Em 450 a.C., sob a pressão de uma revolta plebeia, os patrícios foram obrigados a escrever as leis que até aquela data eram orais. Que nome receberam estas leis escritas? b) Como se explica o poder de pressão dos plebeus sobre os patrícios, a ponto de estes últimos serem obrigados a aceitar algumas de suas reivindicações? 2. O Mar Mediterrâneo foi o centro comercial do mundo antigo, sendo assim, dominá-lo significava exercer plena hegemonia política e militar nessa região. Nesse contexto, os romanos só passaram a ter o controle absoluto desse mar, a partir das a) Guerras Púnicas, que assegurou-lhes o domínio do norte da África. b) Guerras Médicas, que assegurou-lhes novas rotas para o Oriente. c) Guerras da Reconquista, que assegurou-lhes o controle dos cristãos. d) Guerras Napoleônicas, que assegurou-lhes comando de terras francesas. e) Guerras do Peloponeso, que assegurou-lhes o controle dos Balcãs. 3. (ENEM-2000) “Somos servos da lei para podermos ser livres.” (Cícero) “O que apraz ao príncipe tem força de lei.” (Ulpiano) As frases acima são de dois cidadãos da Roma Clássica que viveram praticamente no mesmo século, quando ocorreu a transição da República (Cícero) para o Império (Ulpiano). Tendo como base as sentenças acima, considere as afirmações: I. A diferença nos significados da lei é apenas aparente, uma vez que os romanos não levavam em consideração as normas jurídicas. II. Tanto na República como no Império, a lei era o resultado de discussões entre os representantes escolhidos pelo povo romano. III. A lei republicana definia que os direitos de um cidadão acabavam quando começavam os direitos de outro cidadão. IV. Existia, na época imperial, um poder acima da legislação romana. Estão corretas, apenas: a) I e II. b) I e III. c) II e III. d) II e IV. e) III e IV. 4. Explique o que foi a política do “Pão e Circo” na Roma Antiga e dê um exemplo de como ela pode ser aplicada com eficiência nos dias atuais. LEITURA COMPLEMENTAR Guerras Púnicas Na Antiguidade, podemos observar que o mar Mediterrâneo foi um dos maiores centros comerciais da História. Interligando as diferentes civilizações que se desenvolviam em suas proximidades, a navegação de fim comercial pelo Mediterrâneo era de extrema importância para a economia desses diferentes povos. Por volta do século III a. C., Cartago abrigou uma das mais prósperas civilizações comerciais do Mundo Antigo. Localizados no Norte da África, os cartagineses produziam riquezas que circulavam pelas regiões da Europa e da Ásia Menor. Até então, Roma era uma das principais aliadas comerciais de Cartago. Em geral, comercializavam perfumes, trigo, pedrarias, tecidos e metais. No entanto, com o início do projeto expansionista romano, as relações entre cartagineses e romanos começaram a se estremecer. De aliadas, as duas civilizações começaram a rivalizar a hegemonia comercial sobre o Mar Mediterrâneo. Na guerra pelo domínio da Messina, em 264 a.C., região de acesso à Península Itálica, os romanos entraram em conflito com as frentes de batalha de Cartago. Logo após incessantes batalhas navais, a Primeira Guerra Púnica acabou em 241 a.C. com a vitória dos romanos que receberam grandes indenizações e o controle sobre as ilhas da Sicília, da Sardenha e de Córsega. Inconformados com as derrotas sofridas, Cartago combateu os romanos vinte e três anos mais tarde. A Segunda Guerra Púnica deflagrou-se em torno do controle das regiões mineradoras do norte da Península Ibérica. Aníbal Barca, general cartaginês, empreendeu uma forte investida militar que ameaçou seriamente os romanos. Incitando os gregos a se rebelarem contra os macedônios, aliados dos cartagineses, Roma conseguiu fazer frente às forças militares de Cartago. Na batalha de Metauro, em 207 a.C., os romanos conseguiram uma significativa vitória que acuou as tropas cartaginesas. Sob o comando do general romano Cipão, os romanos conseguiram impor mais uma derrota aos cartagineses. Dessa vez, Cartago foi obrigada a ceder suas posses na Península Ibérica, repassar todas as embarcações militares aos romanos e prometer não invadir a região da Numídia. Acuada pelas derrotas sofridas, a economia cartaginesa foi obrigada a focar-se nas atividades agrárias. Com passar do tempo, os produtos agrícolas de Cartago conseguiram fazer frente aos romanos. Os comerciantes da Península Itálica sentiram a concorrência dos gêneros agrícolas cartagineses. Os patrícios, que cobiçavam as terras cartaginesas, apoiaram a guerra contra Cartago. Em 146 a.C., os romanos destruíram a cidade de Cartago, que se tornou província de Roma. Com a vitória definitiva nessa guerra, Roma empreendeu o processo expansionista que a transformou em um império. O Mar Mediterrâneo, a partir de então, passou a ser chamado pelos romanos de “mare nostrum” (mar nosso). Roma transformou-se na maior potência política, militar e econômica da Antiguidade. SOUSA, Rainer Gonçalves. Guerras Púnicas. Mundo Educação. Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/guerras-punicas.htm>. Acesso em: 27 jan. 2016. 14h. INDICAÇÃO FUNDAÇÃO BRADESCO. Portal EJ@ - Planos de aula_Oficinas: Mitologia. Disponível em: <http://www.eja.educacao.org.br>. Acesso em: 22 jan. 2016. 11h. REFERÊNCIAS CORASSIN, Maria Luiza. A reforma agrária na Roma antiga. São Paulo: Brasiliense, 1998. CORASSIN, Maria Luiza. Sociedade e política na Roma antiga. São Paulo: Contexto, 2003. FEIJÓ, Martin Cezar. Roma Antiga. Coleção: O Cotidiano da História. São Paulo: Ática, 2004. FERREIRA, Olavo Leonel. Visita à Roma Antiga. Coleção: Desafios. São Paulo: Moderna, 2003. FUNARI, Pedro Paulo. Império e família em Roma. São Paulo: Atual Editora, 2000. 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Dessa forma, fazê-los voltar ao trabalho era fundamental para a economia de Roma e, por isso, valeria a pena fazer algumas concessões que os beneficiassem. 2. Alternativa A. Comentário: Cartago era um império do norte da África que controlava importantes rotas comerciais e pontos estratégicos do Mar Mediterrâneo, como por exemplo a ilha da Sicília. Foram preciso 3 grandes batalhas para que os romanos vencessem definitivamente os cartagineses nas Guerras Púnicas. Assim, com a vitória romana e a destruição de Cartago, iniciou-se uma nova fase de domínio e expansão pelos territórios que circundavam esse mar, uma vez que Roma, gradativamente, passaria a controlar todo o Mediterrâneo. 3. Alternativa E. Comentário: Nessa questão, para se chegar à resposta, é necessário articular muitas habilidades. Primeiro é preciso interpretar as frases de cada pensador citado, depois relacioná-las ao tempo histórico e forma de governo que Roma apresentava no momento em que elas foram escritas, para depois julgar as afirmativas. Assim, é possível perceber um contraste de opiniões, já que Cícero afirma que a liberdade da república está no cumprimento das leis, enquanto que Ulpiano defende que, durante o império, o governante está acima das leis. Levando esse dado em consideração, é possível descartar a afirmativa I que não contempla a ideia de que as leis eram seguidas durante a república e a afirmativa II que não contempla que no império, o governante ditava as ordens independentemente das leis. Por outro lado, as afirmativas III e IV estão corretas e em sintonia com o que foi dito na citação. Isso confirma a resposta que apresenta apenas essas duas afirmativas como corretas. 4. Comentário: A política do “Pão e Circo” baseava-se na distribuição de alimentos durante os espetáculos gratuitos, que ocorria em Roma com uma certa frequência. Esses eventos aconteciam em grandes estádios como, por exemplo, o Coliseu, onde ocorriam as representações teatrais, ou as lutas de gladiadores. A estratégia de controle social servia para manter as massas alienadas quanto à política, evitando revoltas e insurreições. Atualmente, no Brasil, pode-se observar que essa política de controle das massas ainda é utilizada, um exemplo de aplicação dela pode ser notado durante os anos eleitorais que, curiosamente coincidem ora com a Copa do Mundo de Futebol (Presidente e Governador), ora com as Olimpíadas (Prefeitos). A televisão e os demais meios de comunicação em massa, também exercem tal papel, convencendo a população das ideologias que representam os interesses da classe dominante. É muito comum, por exemplo, noticiar exaustivamente os crimes cometidos por excluídos sociais e, convenientemente, omitir os delitos das elites, como uma forma de gerar nas massas uma indignação seletiva.