III SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Local: Centro Universitário São Camilo Data: 21 a 23 de maio de 2015. TRATAMENTO DE DOENÇAS DAS VIAS AÉREAS UTILIZANDO A TUSSILAGEM (Tussilago farfara) 1 1 ALTIERI, Bruna ; ALDIB, Rochin ; SILVA, Alexsandro Macedo 2. 1 Curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo, São Paulo, [email protected] Curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo, São Paulo, SP. 2 Palavras-chave: Vias aéreas. Fitoterápicos. Tussilago farfara. INTRODUÇÃO Quando se respira, alguns microrganismos tendem a entram em contato com as mucosas presentes nas vias aéreas, fazendo com que mecanismos de proteção, como a tosse e a congestão nasal, sejam acionados para a proteção deste. Uma alternativa para aliviar ou até mesmo tratar esses sintomas é a fitoterapia, que utiliza medicamentos obtidos apenas por matérias primas vegetais, e que está sendo associado a tratamentos convencionais no SUS (Sistema Único de Saúde) como práticas integrativas complementares (PIC) para que a população tenha acesso a tratamentos diferenciados. OBJETIVO Avaliar a possibilidade do tratamento de doenças das vias aéreas por meio do uso de Tussilago farfara como um potencial fitoterápico para ser utilizado pelo SUS. METODOLOGIA A partir dos sintomas apresentados pela doença, pesquisou-se plantas que possuem atividade para seu tratamento, observando também a possibilidade da implantação dessa planta no tratamento oferecido pelo SUS no Brasil. Estabelecidos como principais sintomas a tosse e a congestão nasal foi elaborado um plano de pesquisa considerando as características farmacognósticas. Eliminou-se as plantas que tratavam de uma grande quantidade de doenças ao mesmo tempo. Verificou-se se as plantas estavam na lista oficial da ANVISA ou na farmacopeia brasileira. Em seguida, foi visto a condição de plantio nos solos brasileiros. Foi selecionada a planta com princípios ativos mais específicos para o tratamento das doenças e com maior facilidade de adaptação ao solo e clima tropical. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram pesquisadas plantas que pudessem amenizar, controlar ou curar tais sintomas. Inicialmente. Foram achadas 27 plantas que ajudavam no tratamento, porém, muitas delas agiam com várias outras patologias, por isso, a lista foi reduzida a 5 plantas que agiam mais especificamente no problema, sendo essas o eucalipto (Eucalyptus globulus), a malva (Malva sylvestris), o guaco (Mikania guaco), o sabugueiro (Sambucus nigra) e a Tussilagem (Tussilago farfara). Todavia, foi escolhida a planta com melhor potencial farmacológico e maior facilidade para cultivo em hortos medicinais no SUS, a Tussilago farfara (BARNES; ANDERSON; PHILLIPSON, 2012). Com origem na Europa, mas com capacidade de se adaptar ao cultivo em climas tropicais e utilizando pequeno espaço para plantio, por ser uma planta rasteira, a Tussilagem, da família dos Asteraceae, apresenta pequenas flores, inicialmente avermelhadas, mas depois de maduras apresentam uma coloração amarela, e folhas grandes de formato arredondado, que só aparecem depois do amadurecimento das flores (BARNES; ANDERSON; PHILLIPSON, 2012). As flores, que serão usadas no tratamento, devem ser colhidas logo que estiverem maduras, e possuem uma melhor qualidade quando não são utilizados herbicidas em seu cultivo. Ela apresenta propriedades béquicas, que agem contra a tosse, descongestionante, expectorante e broncodilatadora, tudo isso devido a seus princípios ativos, que são alcalóides, como a tussilagina, flavonóides, mucilagem, fitoesteróis, inulina e taninos (KLUWER, 2007). Realização III SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Local: Centro Universitário São Camilo Data: 21 a 23 de maio de 2015. Porém, a planta não pode ser utilizada por períodos prolongados devido a presença de alcalóides hepatotóxicos, que podem causar problemas ou piorar outras patologias já existentes no fígado e nos rins. Esses mesmos alcalóides provocam danos a gestantes ou mulheres que estão no período de amamentação. Existe interação com medicamentos para controle de pressão arterial, anticoagulantes ou para doenças nos rins, podendo agravar os sintomas (KLUWER, 2007). Antes de ser aplicado o tratamento, é realizado com o paciente um questionário que consiste na coleta de dados pessoais para contato e sobre hábitos e doenças já pré-existentes, assim como se já foi utilizado algum outro medicamento para o tratamento dos sintomas apresentados sobre as vias aéreas. Após a coleta das informações e a verificação de que não existirão futuros problemas, como interações medicamentosas, é apresentado ao paciente o programa que será seguido, como deverá ser realizado o tratamento, a preparação do insumo e observações e recomendações sobre o uso do fitoterápico (KLUWER, 2007). A infusão deve ser feita pelo uso das flores da Tussilagem, na proporção de 50 g de flores por 250 mL de água. Após a fervura, as flores devem ser mergulhadas na água e o paciente deverá esperar aproximadamente 15 minutos para o uso, que será feito através de gargarejos, até três vezes ao dia (KLUWER, 2007). Após uma semana de tratamento, o paciente deverá retornar a consulta, onde ocorrerá uma nova avaliação para verificar se ouve melhora dos sintomas e como o fitoterápico está agindo. Caso os sintomas tenham melhorado, o paciente continuará com o tratamento por mais uma semana e retornará para mais uma consulta, já se os sintomas foram sanados, o paciente cessará o tratamento e o tratamento será concluído. Caso o paciente não apresentar melhoras, será oferecido outro tratamento (ANVISA). CONCLUSÃO A Tussilagem seria uma ótima opção para a implantação no SUS para ser usado como um fitoterápico, já que não precisa de uma grande área para plantio e ter alta especificidade no tratamento das vias aéreas. Ela, associada com outras terapias convencionais, diminui o tempo de tratamento por agir contra os sintomas, enquanto os outros medicamentos agirão no foco da doença. Porém, mesmo com estudos comprovando sua eficácia, a Tussilagem não está presente na lista da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ou na farmacopéia brasileira. Seria necessária a realização de mais alguns testes que comprovassem todo seu potencial e que, no futuro, ela estivesse incluída na lista de fitoterápicos do SUS. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARNES, Joanne; ANDERSON, Linda; PHILLIPSON, J. David. Fitoterápicos. ed. 3 São Paulo: Artmed, 2012. 720 p. BRASIL. ANVISA. Farmacopeia Brasileira [Internet]. Disponível <http://www.anvisa.gov.br/hotsite/cd_farmacopeia/index.htm> Acesso em: 19 mar. 2015. em BRASIL. Sociedade Brasileira de Gnosia. Alcalóides [Internet]. <http://www.sbfgnosia.org.br/Ensino/alcaloides.html> Acesso em: 19 mar. 2015. em Disponível KLUWER, Wolters. Coltsfoot [Internet]. Wolters Kluwer Health Inc., [2007]. Disponível em <http://www.drugs.com/npp/coltsfoot.html> Acesso em: 19 mar. 2015. LEVITZKY, Michael. Fisiologia Pulmonar.ed. 6. São Paulo: Manole, 2004. 280 p. SIMÕES, Claudia; SCHENKEL, Eloir; GOSMANN, Grace; MELLO, João; MENTZ, Lilian; PETROVICK, Pedro. Farmacognosia da planta ao medicamento. ed. 5. São Paulo: UFRGS, 2004. 1104 p. Realização