UFU - Janeiro/2008 Rápidas mudanças de regime marcaram a efervescência social e política na França entre o final do século XVIII e início do XIX. Após a crise da Monarquia Absoluta (1789), o governo estruturouse, sucessivamente, segundo vários regimes políticos: Monarquia Constitucional (1791), Primeira República (1793), Diretório (1795), Consulado (1799), Primeiro Império (1804). Esse processo acarretou importantes consequências, não só para os franceses. As instabilidades e mobilizações políticas atravessaram, ainda, todo o século XIX, mas não deixaram de fixar um modelo de revolução política como referência histórica desde então. A partir dos dados acima e dos estudos sobre o contexto a que se referem, faça o que se pede: A) Diferencie a Primeira República do Diretório em relação aos grupos, aos projetos e às alianças políticas que nortearam cada um desses momentos. B) Por que esse processo revolucionário pode ser considerado um marco histórico e político, não só para os franceses? CONSIDERAÇÕES I NICIAIS: O texto da questão traz algumas imprecisões que podem confundir o candidato que se preparou tendo como referências bibliográficas sugerida pela instituição. Nesta bibliografia as informações não coincidem com as do texto sugerido, a saber: A monarquia, desde a promulgação da CONSTITUIÇÃO em 1791, foi limitada até setembro de 1792 quando da deposição Luis XVI e da proclamação do REGIME REPUBLICANO. O NOVO REGIME POLÍTICO apresentou-se na forma “REPUBLICANA”, entre setembro de 1792 – 1804, e neste período foi conduzida pelos seguintes grupos e/ou instituições: Girondinos, entre setembro de 1792 e Junho de 1793; Jacobinos entre Junho de 1793 e Julho de 94: Girondinos e lideranças da Planície (constituintes do “Diretório”), entre 1794 e 1799 e o “Consulado”, entre 1799 e 1804, tendo à frente os militares encabeçados por Napoleão Bonaparte. RESOLUÇÃO: A) Entre a proclamação da República e o Golpe Termidoriano (28 de Julho de 1794) observouse uma acirrada disputa pelo governo entre Girondinos e Jacobinos. Após uma efêmera, conturbada e desgastada gestão Girondina, os Jacobinos vencem as eleições legislativas, conquistam maioria na “CONVENÇÃO NACIONAL” e conduzem Maximilian Robespierre a chefia do governo e das forças armadas. O governo Robespierre imprimiu uma gestão ditatorial (Terror) sob a justificativa de era preciso salvar o país e garantir as mudanças ensejadas pelo processo revolucionário. Robespierre contou com os apoios de grande parte dos setores populares, especialmente os sans-cullotes e da pequena burguesia, contudo perde parte expressiva destes apoios após ter excluído, silenciado e eliminados os principais lideres da “ala raivosa” do jacobinismo liderada Hébert. Vale lembrar que o projeto Jacobino defendia a manutenção de um regime republicano que tivesse como referências o “principio da soberania popular” e uma gestão de reformas que diminuíssem as desigualdades socioeconômicas. O DIRETÓRIO era constituído por lideranças identificadas com as teses liberais “moderadas” dos pensadores Locke (1632 – 1704) e Montesquieu (1689 – 1745) e comprometidas com setores mais abastados da sociedade civil (alta burguesia financeira, manufatureira e mercantil e Média e Alta Nobrezas laicas e eclesiásticas) B) As mudanças observadas na França diante do colapso do “Antigo Regime francês” repercutiram sobretudo na correlação de forças políticas em todo o continente europeu. Uma prova desta conclusão foi a articulação das casas reais absolutistas e as cúpulas da Igreja Católica em favor dos setores sociais prejudicados pela revolução. Isto se tornou mais evidente quando da ascensão de Napoleão Bonaparte ao governo. Este adota uma política externa anexonista e belicista sob a justificativa de que era preciso “solidarizar-se com as forças sociais e políticas identificadas com a luta pelo fim do arbítrio em toda a Europa”. Apresentou-se como liderança da ofensiva liberal em todo o continente. Também, influiu nos processos emancipatórios nas regiões colonizadas pelos europeus pois estes eram liderados por pessoas e grupos identificados com os ideais revolucionários/ liberais que norteavam a revolução francesa e o governo de Napoleão. Enfim a grande importância do processo revolucionário francês para o mundo, é seu legado liberal que foi cada vez mais divulgado e expandido para o mundo além França, diferentemente do ostracismo da luta pela independência das treze colônias britânicas. H I S T Ó R I A