Faculdade de Ciências Médicas Universidade Nova de Lisboa Sangue Nesta lâmina observa-se um esfregaço de sangue, que constitui um tipo de tecido conjuntivo fluído constituído por células emersas em matriz extracelular – plasma. O plasma é uma solução aquosa de sais inorgânicos que contém proteínas plasmáticas (albumina, globulinas e fibrinogénio), que exercem pressão coloidal osmótica dentro do sistema circulatório, que facilita troca entre plasma e líquido extracelular. Existem vários tipos de células: Os eritrócitos são o elemento mais abundante, com forma de disco bicôncavo, mais espesso à periferia, não têm organelos citoplasmáticos (não têm núcleo portanto) e coram fortemente de rosa devido à eosinofilia da hemoglobina. Os leucócitos são um grupo de células heterogéneo – 5 tipos, divididos em 2 grupos, com base na forma nuclear e grânulos citoplasmáticos: Granulócitos – neutrófilos (40-75%), eosinófilos (5%) e basófilos (0,5%); Agranulócitos – linfócitos (20-50%) e monócitos (1-5%). - Os neutrófilos (os + comuns) possuem núcleo multilobulado, (com 3 a 5 lobos) o seu citoplasma possui grânulos de cor púrpura (grânulos primários ou lisossomas, secundários e terciários) - Os eosinófilos são maiores que os neutrófilos, têm núcleo bilobado (sendo este parcialmente obscurecido pelos grânulos citoplasmáticos densamente agrupados) são facilmente reconhecíveis pelos seus grânulos eosinófilos. - Os basófilos são células menos abundantes, apresentam um tamanho intermédio entre neutrófilos e eosinófilos, o seu núcleo é bilobado (usualmente obscurecido pelos grânulos citoplasmáticos) e apresentam grânulos citoplasmáticos grandes e intensamente basófilos. - Os linfócitos são as células menores da série leucocitária, sendo ligeiramente maiores que os eritrócitos, apresentam um núcleo grande, redondo, densamente corado e citoplasma pouco abundante basófilo e não granular. - Os monócitos são as células de maiores dimensões da série leucocitária, têm núcleo grande, reniforme, ocupando uma posição excêntrica e pouco corado. O seu citoplasma é abundante e não granular. As plaquetas são células pequenas, anucleadas, em forma de disco e com citoplasma corado de púrpura e aspecto granular devido aos abundantes organelos que tendem a concentrar-se no centro da célula. Notas: - Nos neutrófilos femininos é visível o corpúsculo de Barr. Lâminas de Histologia 1 Faculdade de Ciências Médicas Universidade Nova de Lisboa Medula Óssea Nesta lâmina observa-se uma preparação de medula óssea. A medula óssea activa apresenta dois componentes principais: uma rede complexa de reticulina e fibroblastos especializados, que em conjunto servem de suporte ás células sanguíneas em desenvolvimento e a um sistema de capilares sanguíneos interligados que drenam para uma veia central. Os capilares da medula óssea são contínuos e não fenestrados, mas apresentam a particularidade de a sua membrana basal ser descontínua. Por baixo do endotélio e da sua membrana basal existe uma camada descontínua de fibroblastos (reticulócitos) que apresentam extensos prolongamentos citoplasmáticos que envolvem a parede dos capilares e se ramificam para os espaços hematopoiéticos. Os reticulócitos sintetizam fibras de reticulina que juntamente com os prolongamentos citoplasmáticos formam uma estrutura de suporte para as células hematopoiéticas. Alguns reticulócitos acumulam moléculas lipídicas originando adipócitos. Alguns macrófagos podem também ser observados. Esta lâmina mostra os cordões de células hematopoiéticas separados por capilares que no seu interior contêm eritrócitos e ocasionalmente leucócitos. Notas: - A predominância de eritrócitos em maturação nos ossos jovens confere uma coloração avermelhada a esta estrutura – medula vermelha; com a idade ocorre uma acumulação de adipócitos e passamos a falar de medula amarela. Lâminas de Histologia 2 Faculdade de Ciências Médicas Universidade Nova de Lisboa Timo Nesta lâmina observa-se uma preparação de Timo que é um órgão linfóide, revestido por uma cápsula de tecido conjuntivo laxo, a partir da qual curtos septos interlobulares contendo vasos sanguíneos irradiam para o interior do órgão, dividindo-o em numerosos lóbulos. A superfície interna da cápsula tímica e dos septos está revestida por uma camada contínua de células epiteliais tímicas que repousam na membrana basal. O epitélio também cresce, rodeando os vasos sanguíneos, para formar uma barreira para a entrada de material antigénio, denominada de barreira hemato-tímica. Em cada lóbulo tímico, delimitado por tecido conjuntivo, distinguem-se duas zonas: uma externa, o córtex, e outra interna, a medula. O córtex do timo é densamente povoado por células T imaturas e em maturação, frequentemente chamadas de timócitos e daí a profunda basofilia do córtex. Grandes linfócitos (linfoblastos) dividem-se por mitose para produzir clones de células T menores maduras; estas sofrem maturação adicional à medida que se deslocam mais profundamente para dentro do córtex, em direcção à medula. Observam-se também macrófagos vacuolizados pálidos, que removem os linfócitos mortos, e pequenos capilares revestidos por células achatadas, os epiteliócitos. A medula do timo é um componente epitelial robusto, tendo os epiteliócitos os núcleos ovais, citoplasma eosinófilo, membranas basais proeminentes e apresentam coloração branca. Estas células promovem a diferenciação, proliferação e maturação dos subtipos de linfócitos T e a secreção das hormonas tímicas. Uma característica particular são os corpúsculos de Hassal, concentricamente lamelados à volta de um glóbulo central bem visível, que são formados por grupos de células epiteliais queratinizadas e provavelmente representam um fenómeno degenerativo. Notas: Lâminas de Histologia 3 Faculdade de Ciências Médicas Universidade Nova de Lisboa BAÇO Nesta lâmina observa-se uma preparação de baço que é um órgão maciço revestido externamente por uma cápsula de tecido conjuntivo denso fibroelástico, que envia septos curtos e incompletos (visto que são interrompidos) para o interior do órgão – lóbulos A cápsula é espessada no hilo e é contínua com os tecidos de sustentação que revestem os vasos sanguíneos maiores que entram e saem do órgão. O baço é constituído por nódulos brancos discretos – polpa branca, incluídos numa matriz vermelha – polpa vermelha. A cápsula e as bainhas de sustentação perivasculares fornecem uma armação robusta que sustenta uma fina rede de reticulina que se ramifica por todo o órgão dentro da polpa vermelha. O esqueleto reticular está quase ausente no centro dos nódulos da polpa branca, mas é bem desenvolvido nas margens e em torno da arteríola central. A Polpa Branca é constituída por linfócitos B e T. Os linfócitos T formam tipicamente uma bainha linfóide em torno de uma arteríola excêntrica - bainha linfóide periarteriolar. Os linfócitos B formam folículos usualmente localizados na vizinhança duma arteríola. Os folículos possuem uma zona central mais clara que corresponde ao centro germinativo, onde se encontram os linfócitos em proliferação, e uma zona periférica mais escura, povoada por linfócitos maiores e mais maturos. A Polpa Vermelha consiste num tecido de sustentação laxo apoiado sobre fibras reticulares com várias áreas funcionais: - os capilares, que terminam a drenar para um espaço fusiforme revestido por macrófagos, formando os capilares elipsóides; - um parênquima composto por células reticulares estreladas, através das quais o sangue dos capilares elipsóides é filtrado lentamente, constituindo estas estruturas alongadas os cordões esplénicos ou de Billroth. - os seios venosos que drenam o sangue que foi filtrado através do parênquima, assim como o sangue que veio directamente dos capilares elipsóides. Os seios são revestidos por células epiteliais achatadas que repousam sobre uma membrana basal descontínua que é interrompida por numerosas fendas através das quais as células passam. As células fagocitárias estão estreitamente associadas à parede destes seios. Notas: Lâminas de Histologia 4 Faculdade de Ciências Médicas Universidade Nova de Lisboa Amígdala Nesta lâmina observa-se uma preparação de amígdala que constitui uma grande massa de tecido linfóide não encapsulado. A superfície luminal é coberta por um epitélio estratificado pavimentoso semelhante ao da mucosa bucal que se invagina profundamente na amígdala, formando as criptas de fundo cego. A base da amígdala é separada do músculo subjacente por uma densa hemicápsula colagénia. O parênquima da amígdala contém numerosos folículos linfóides disseminados imediatamente abaixo do epitélio das criptas. Estes folículos possuem centros germinativos que são os sítios de proliferação dos linfócitos B e são mais pálidos devido ao facto de a cromatina nuclear destas células não se encontram condensada. A envolver a porção central eosinófila de linfócitos B em fase de proliferação e secreção, encontra-se uma porção periférica de linfócitos T, existindo entre estes dois tipos de linfócitos uma barreira constituída por macrófagos. Os folículos estão muito próximos entre si, chegando em alguns casos a fundir-se. Na zona mais profunda do órgão encontra-se tecido conjuntivo fibroso, que tem como função a formação de uma barreira a possíveis infecções, assim como o suporte do esqueleto, representado pelos septos emitidos e que separam as séries de folículos correspondentes a duas criptas vizinhas. Notas: Lâminas de Histologia 5 Faculdade de Ciências Médicas Universidade Nova de Lisboa Gânglio Linfático Nesta lâmina observa-se uma preparação de gânglio linfático que é um órgão linfóide maciço de dimensões reduzidas, em forma de feijão. Apresenta uma cápsula, corada intensamente de rosa, de tecido conjuntivo denso, perfurada por vãos linfáticos aferentes e sob a qual é observado o seio subcapsular, que envia septos para o interior e é preenchido por linfa rica em proteínas e corado de rosa claro. Logo abaixo encontra-se o parênquima do órgão que é constituído por uma rede aberta de fibras de reticulina que fornece sustentação a uma população de linfócitos que muda constantemente. Estes linfócitos são caracterizados por núcleos proeminentes com pouco citoplasma a rodeá-los, são corados de violeta e portanto responsáveis pela forte coloração do parênquima de violeta. O parênquima do gânglio linfático é dividido em duas zonas: uma externa – o córtex, muito celular e subdividida em córtex superficial e paracórtex e outra interna – a medula, pouco celular. O córtex superficial é caracterizado por agregados esféricos, densamente corados, de linfócitos, os folículos linfóides, com o seu maior eixo voltado em ângulo recto para a cápsula do gânglio linfático. Os folículos linfóides são classificados como folículos secundários, se a área pálida, o centro germinativo, estiver presente. Os centros germinativos são os sítios de proliferação dos linfócitos B e são mais pálidos porque a cromatina nuclear das células não se encontra condensada, como nos pequenos linfócitos que constituem os folículos primários. Os folículos secundários apresentam uma porção central eosinófila com linfócitos B em fase de proliferação e secreção, rodeada por uma porção periférica de linfócitos T, existindo entre estes dois tipos de linfócitos uma barreira constituída por macrófagos. Nas zonas que envolvem os folículos, as fibras de reticulina apresentam um maior espessamento para formar locas. Na paracórtex, os linfócitos (essencialmente T) não estão dispostos em folículos, mas em camadas. Observam-se também vénulas de endotélio alto pós-capilares revestidas por um epitélio cúbico em abundância, visto que, devido à sua estrutura pouco comum, facilitam a passagem dos linfócitos da corrente sanguíneos para o gânglio linfático. A medula é formada pelos cordões medulares ramificados separados pelos seios medulares irregulares. Os cordões medulares contêm sobretudo plasmócitos e precursores de plasmócitos, pequenos linfócitos e macrófagos. Por toda a medula há trabéculas que se estendem a partir do tecido de sustentação colagénio da cápsula e do hilo e que conduzem vasos sanguíneos aferentes e eferentes. Notas: Lâminas de Histologia 6 Faculdade de Ciências Médicas Universidade Nova de Lisboa Coração Nesta lâmina observa-se uma preparação de coração, em que se verifica um predomínio das células musculares cardíacas mas podem contudo distinguir-se 3 camadas: epicárdio, miocárdio e endocárdio. O epicárdio é a camada mais externa, constituída por um epitélio simples pavimentosos (mesotélio), suportado por um tecido conjuntivo laxo com algumas fibras elásticas e uma estrutura fibrilhar densa de colagénio. Esta camada de tecido fibroelástico está ligada ao miocárdio por uma larga faixa de tecido adiposo. Vasos coronários e nervos autónomos passam pelo epicárdio para nutrir o miocárdio. O miocárdio é a porção mais volumosa do coração, constituída essencialmente por fibras musculares cardíacas anastomosadas, orientadas em sentidos diversos. As várias células encontram-se separadas por septos conjuntivo-vasculares (tecido conjuntivo laxo e vasos). O endocárdio é a camada mais interna do coração, constituída por uma camada única de células epiteliais achatadas que é contínua com o endotélio dos vasos que entram e saem do coração. Esta camada é sustentada por uma camada delicada de tecido colagénio, abaixo da qual fica uma camada fibroelástica mais robusta que acomoda o movimento do miocárdio sem lesar o endotélio. No endocárdio encontram-se vasos sanguíneos, nervos e ramos do sistema de condução do coração. Notas: Lâminas de Histologia 7 Faculdade de Ciências Médicas Universidade Nova de Lisboa Artéria Elástica Nesta lâmina observa-se uma preparação de aorta, ou seja, de uma artéria elástica. Esta artéria tem uma estrutura tubular, sendo a sua parede constituída por três túnicas ou camadas: íntima, média e adventícia (de dentro para fora). A túnica íntima, a mais interna, é composta por uma única camada de células epiteliais achatadas (endotélio) que é muito espessa devido ao grande desenvolvimento da camada subendotelial, rica em fibras elásticas. A túnica média é uma camada particularmente espessa, composta por lamelas elásticas concêntricas, coradas de preto, separadas por tecido colagenoso corado de vermelho e com poucas fibras musculares lisas coradas de amarelo. A túnica adventícia é uma camada de tecido conjuntivo pouco desenvolvida que contém pequenos vasa vasorum (vasos dos vasos). A artéria caracteriza-se ainda por apresentar um lúmen regular e uma parede espessa. Notas: Lâminas de Histologia 8 Faculdade de Ciências Médicas Universidade Nova de Lisboa Artéria Muscular Nesta lâmina observa-se uma preparação de uma artéria muscular. Esta artéria tem uma estrutura tubular, sendo a sua parede constituída por três túnicas ou camadas: íntima, média e adventícia (de dentro para fora). A túnica íntima, a mais interna, é composta por uma única camada de células epiteliais achatadas (endotélio) apoiadas numa camada subendotelial de tecido conjuntivo laxo, limitada externamente por uma lâmina limitante interna (fibras elásticas). A túnica média é uma camada espessa de fibras musculares lisas dispostas concentricamente, com poucas fibras elásticas. A túnica adventícia é composta por fibras de colagénio e fibras elásticas, que constituem a lâmina limitante externa, mais fina e menos definida que a interna. A artéria caracteriza-se ainda por apresentar um lúmen regular e uma parede espessa. Notas: Lâminas de Histologia 9 Faculdade de Ciências Médicas Universidade Nova de Lisboa Feixe Vásculo-Nervoso Nesta lâmina observa-se uma preparação de um feixe vásculo-nervoso, visto que os vasos que irrigam uma determinada área tendem a seguir juntos, frequentemente acompanhados por um nervo periférico e por vezes alguns vasos linfáticos, estando ligados através de tecido conjuntivo. Nos vasos sanguíneos observam-se as três camadas comuns, sendo que a camada média é menos espessa nas vénulas do que nas arteríolas e a adventícia e maior na vénula. O lúmen da vénula é maior e mais irregular do que o da arteríola. As vénulas são estruturas tubulares, cuja parede é constituída por 3 túnicas: íntima, média e adventícia. A túnica íntima, a mais interna, é constituída por uma camada única de células epiteliais achatadas (endotélio), suportadas por uma delgada camada subendotelial de tecido conjuntivo laxo. A camada média é formada por uma (ou poucas mais) camadas de fibras musculares lisas ou no caso das vénulas mais pequenas, por perícitos. A túnica adventícia é a camada mais espessa da parede do vaso sendo composta por espessas fibras de colagénio dispostas longitudinalmente, que se fundem com o tecido conjuntivo circundante. As arteríolas são também estruturas tubulares, cuja parede é constituída por 3 túnicas: íntima, média e adventícia. A túnica íntima, a mais interna, é constituída por uma camada única de células epiteliais achatadas (endotélio), suportadas por uma única camada subendotelial: membrana basal (arteríolas menores) ou lâmina limitante interna (arteríolas maiores). A túnica média é formada por seis camadas de fibras musculares lisas concêntricas. A túnica adventícia continua-se com o tecido conjuntivo circundante e não tem lâmina limitante externa. O nervo possui vários núcleos que correspondem ás células de Schwann que marcam o trajecto do axónio. O vaso linfático distingue-se pela ausência de eritrócitos e presença de linfócitos. Notas: Lâminas de Histologia 10 Faculdade de Ciências Médicas Universidade Nova de Lisboa Lâminas de Histologia 11