Volume Dezembro 17 suplemento ISSN 0102-0536 1999 SOCIEDADE DE OLERICULTURA DO BRASIL Presidente Rumy Goto UNESP-Botucatu Vice-Presidente Nilton Rocha Leal UENF-CCTA 1º Secretário Arlete Marchi T. de Melo IAC 2º Secretário Ingrid B. I. Barros UFRGS-Porto Alegre 1º Tesoureiro Marcelo Pavan UNESP-Botucatu 2º Tesoureiro Osmar Alves Carrijo Embrapa Hortaliças COMISSÃO EDITORIAL DA HORTICULTURA BRASILEIRA Presidente Leonardo de Brito Giordano Embrapa Hortaliças Editor Antônio T. Amaral Jr. UENF-CCTA Editora Arminda Moreira Carvalho Embrapa Cerrado Editor Danilo F. Silva Fo INPA Editor José Magno Q. Luz UFU Editor Marcelo Mancuso da Cunha IICA-MI Editora Maria Aparecida N. Sediyame EPAMIG Editora Maria do Carmo Vieira UFMS - CEUD - DCA Editora Mirtes Freitas Lima Embrapa Semi-Árido Editor Renato Fernando Amabile Embrapa Cerrados Editora Sieglinde Brune Embrapa Hortaliças CORRESPONDÊNCIA: Horticultura Brasileira Caixa Postal 190 70.359-970 - Brasília-DF Tel.: (061) 385-9000/9051 Fax: (061) 556-5744 www.hortbras.com.br [email protected] Hortic. bras., v. 17, sup., dez. 1999. ÍNDICE PALESTRAS Divergência genética entre acessos de moranga do banco de germoplasma de hortaliças da Universidade Federal de Viçosa. A.T. do A. Júnior. Intercâmbio de germoplasma de cucurbitaceas. V. Gonzaga; J. N. L. Fonseca; P. G. Bustamante; R.C.V. Tenente. Caracterização morfológica: experiência do BAG de cucurbitáceas da Embrapa Semi-Árido, com acessos de abóbora e moranga. S. R. R. Ramos; M. A. de Queiróz. Avaliação de resistência a Sphaerotheca fuliginea e a Didymella bryoniae em melancia. R. de C. S. Dias; M. A. de Queiroz;M. Menezes; R. M. E. Borges. Avaliação de germoplasma de melancia a viroses no Submédio do vale São Francisco. M. F. Lima; M. A. de Queiróz; R. de C. S. Dias. Caracterização morfológica de acessos de melancia do Banco de Ativo de Germoplasma (BAG) de cucurbitáceas para o Nordeste do Brasil. R. L. Romão; M. A. de Queiróz; P. S. Martins; C. M. T. Cordeiro. Situação atual e prioridades do Banco Ativo de germoplasma (BAG) de cucurbitáceas do Nordeste brasileiro. M. A. de Queiróz; S. R.R. Ramos; M. da C.C.L. Moura; M.S.V. Costa; M.A.S. da Silva. Metodologia de avaliação da resistência de germoplasma de abóboras e morangas a Phytophthora capsici. J. F. Lopes; S. Brune; G. P. Henz Coleção de base: Conservação de germoplasma de cucurbitáceas a longo prazo. M. G. R. Faiad; P. G. Bustamante 3 6 9 13 20 23 25 30 32 ISSN 0102-0536 Volume 17 supplement December 1999 INDEX Journal of the Brazilian Society of Vegetable Science LECTURE Genetic divergency among pumpkin germplasm accesses from Universidade Federal de Viçosa. A. T. do A. Júnior. Cucurbits germplasm exchange. V. Gonzaga; J. N. L. Fonseca; P. G. Bustamante; R.C.V. Tenente. Morfological characterization: an experience from squash and pumpkin germplasm bank at Embrapa Semi-Árido. S. R. R. Ramos; M. A. de Queiróz. Evaluation of watermelon to Sphaerotheca fuliginea and Didymella bryoniae resistance. R. de C. S. Dias; M. A. de Queiroz; M. Menezes; R. M. E. Borges. Watermelon germplasm evaluation for viruses at São Francisco valley. M. F. Lima; M. A. de Queiróz; R. de C. S. Dias. Watermelon morfological characterization from the cucurbits germplasm bank for the northeast of Brazil. R. L. Romão; M. A. de Queiróz; P. S. Martins; C. M. T. Cordeiro. Currently situation and priorities of germplasm bank of cucurbits in Northeast of Brazil. M. A. de Queiróz; S. R.R. Ramos; M. da C. C. L. Moura; M.S.V. Costa; M. A. S. da Silva. Methodology of resistance evaluation to Phytophthora capsici Leonian in pumpkin and squash germplasm. J. F. Lopes; S. Brune; G. P. Henz. Cole-collection: long term cucurbits germplasm conservation. M. G. R. Faiad; P. G. Bustamante 3 6 9 13 20 23 25 30 32 Address: Caixa Postal 07-190 70359-970 Brasília-DF Tel: (061) 385-9000/9051/9066 Fax: (061) 556-5744 www.hortbras.com.br [email protected] Hortic. bras., v. 17, Sup., dez. 1999. suplemento AMARAL JÚNIOR, A.T. do. Divergência genética entre acessos de moranga do banco de germoplasma de hortaliças da Universidade Federal de Viçosa. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17, p. 03-06, 1999. Palestra. Suplemento. Divergência genética entre acessos de moranga do banco de germoplasma de hortaliças da Universidade Federal de Viçosa. Genetic divergency among pumpkin germplasm accesses from Universidade Federal de Viçosa. Antônio Teixeira do Amaral Júnior UENF – CCTA – LMGV, Av. Alberto Lamego, 2.000 – Horto, 28.015-620 Campos dos Goytacazes - RJ. Palavras-chave: Cucurbita sp., biometria, genética molecular, análise de agrupamento, variáveis canônicas. Keywords: Cucurbita sp., biometry, molecular genetics. COMENTÁRIOS INTRODUTÓRIOS A presente dissertação tem o propósi to principal de descrever, sucintamente, nosso trabalho de avaliação da diversidade genética entre oito acessos de moranga do Banco de Germoplasma de Hortaliças do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa, em Viçosa, MG. Sob a orientação do Prof. Dr. Vicente Wagner Dias Casali e do aconselhamento do Prof. Dr. Cosme Damião Cruz, propusemos estabelecer uma associação entre a Biometria e a Genética Molecular, para obter estimativas da divergência genética entre acessos de moranga. Com base nessa premissa, foram avaliados cinco sistemas isoenzimáticos de folhas – via eletroforese em géis de amido de milho – e sete caracteres morfoagronômicos, pelo emprego de técnicas estatísticas multivariadas, como Análise de Agrupamento e de Variáveis Canônicas. À época do estudo, em 1991, poucas eram as instituições no País que dispunham de equipamentos ideais para a revelação de sistemas isoenzimáticos. O Laboratório de Melhoramento de Hortaliças do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa, naquele momento em fase de expansão, dispunha de alguns equipamentos básicos, além de reagentes para a revelação de alguns sistemas isoenzimáticos. Especificamente em relação à divergência genética, tema central da pesquiHortic. bras., v. 17, sup., dez. 1999. sa, é oportuno destacar a grande importância que suas estimativas representam para o Melhoramento de Plantas. Por fornecerem parâmetros para a identificação de progenitores que, quando cruzados, possibilitarão maior efeito heterótico na progênie e, consequentemente, maior probabilidade de obtenção de genótipos superiores em gerações segregantes. Tais estimativas são fundamentais para o sucesso na condução de um programa de melhoramento envolvendo hibridações. Atualmente, grande aplicabilidade dos estudos de divergência genética está no conhecimento do grau de variabilidade genética das populações, devido à preocupação que ora ocorre com a erosão genética, ou seja, com a redução da variabilidade genética das populações vegetais, decorrente da substituição das antigas variedades por formas genotípicas uniformes e também pela falta de consciência do homem que, no geral, é pouco cuidadoso com a preservação da natureza. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE ANÁLISE MULTIVARIADA O termo Análise Multivariada refere-se à análise conjunta de diversas características simultaneamente. Em outras palavras, a Análise Multivariada constitui-se em um conjunto de técnicas analíticas que permitem o trato das características em conjunto, possibilitando integrar as múltiplas informações extraídas das avaliações experimentais. Portanto, pode ser considerada uma ANÁLISE UNIFICADORA. São exemplos de Técnicas Multivariadas: Análises de Agrupamentos, uso de Componentes Principais e de Variáveis Canônicas etc. Embora as Análises de Agrupamento e de Variáveis Canônicas tenham sido propostas no início dos anos 50, somente a partir do final da década de 80 é que a utilização destes procedimentos alcançou maior intensidade, em decorrência da evolução dos recursos computacionais. As Análises de Agrupamentos têm por finalidade reunir as amostras em vários grupos, de tal forma que exista homogeneidade dentro dos grupos e heterogeneidade entre grupos (Cruz & Regazzi, 1994). Dentre os procedimentos de Agrupamento, o Método Hierárquico do “Vizinho Mais Próximo” e o Método de Tocher, têm sido bastante utilizados pela comunidade científica, por serem eficientes na discriminação genotípica. As Variáveis Canônicas, à exemplo dos Componentes Principais, nada mais são do que combinações lineares das variáveis originais que têm alto poder de discriminação, cuja grande aplicabilidade é possibilitar a avaliação da divergência genética por meio de dispersão gráfica em que se consideram, em geral, dois eixos cartesianos, o que 3 A.T. Amaral Júnior. torna o procedimento de discriminação genotípica mais facilmente perceptível. As Variáveis Canônicas diferenciam-se, fundamentalmente, dos Componentes Principais, por requererem a condução de experimentos com repetições, o que é impraticável em avaliações in situ de recursos genéticos mantidos em reservas naturais (Amaral Júnior & Thiébaut, 1998). Avaliações em Bancos de Germoplasma: Identificação de Tipos de Variáveis e Forma de Analisá-las Em avaliações em Bancos de Germoplasma, particularmente no estudo da diversidade genética e de caracterizações, podem ser utilizadas características expressas por variáveis quantitativas, qualitativas ou, mesmo, ordinais. A esse respeito, não é incomum a indefinição quanto ao(s) tipo(s) de variável(is) que se está trabalhando e como analisá-la(s), se separadamente ou em conjunto com demais tipos. Para evitar classificações equivocadas das categorias de variáveis, é oportuno detalhar suas conceituações. Isto posto, as variáveis quantitativas são aquelas que medem relações quantitativas; por conseguinte, podem ser mensuradas, isto é, representadas pelo seu valor numérico. Há dois tipos de variáveis quantitativas: contínuas e descontínuas (discretas). As quantitativas contínuas são aquelas que assumem quaisquer valores entre certos limites, tais como altura, diâmetro, produtividade etc. As discretas, por outro lado, assumem apenas valores específicos que não são observados em uma escala contínua por causa da existência de descontinuidades (lacunas) entre os valores. Geralmente expressa por números inteiros. Exemplo de variável discreta é a observação do número de plantas mortas por um doença em uma unidade experimental. Outro exemplo seria a contagem de plântulas emergidas em um ensaio de avaliação do vigor de sementes. As variáveis qualitativas são aquelas que expressam relações mutuamente exclusivas, portanto, nãomensuráveis, requerendo, assim, uma codificação. Podem ser binárias ou multicategóricas. As variáveis qualitativas binárias são aquelas que exibem apenas dois estados, como a presença 4 ou ausência de uma dada característica. Como exemplo, tem-se o comportamento de padrões genotípicos em análises eletroforéticas de DNA, que se expressam pela presença ou ausência de determinada banda no gel, cuja codificação pode ser efetuada por meio de 1 (presença) e 0 (ausência). As variáveis qualitativas são multicategóricas quando existem mais de duas características mutuamente exclusivas, mas que não se apresentam numa seqüência lógica de graus de atributo, como é o caso do padrão de cor. Neste caso, a codificação pode ser feita por meio da utilização de uma variável fictícia (“dummy variable”), pela transformação de cada categoria em um caráter presença/ausência (Sneath & Sokal, 1973; Steel & Torrie, 1980; Bussab et al., 1990). Uma variável é denominada ordinal quando pode ser distribuída em determinado número de categorias mutuamente exclusivas, porém, possuindo ordenação natural. Este é o caso de variáveis que podem ser ordenadas numa seqüência lógica de magnitudes, como o grau de instrução de uma população, estádio de desenvolvimento de uma doença etc. De acordo com Sneath & Sokal (1973), estas variáveis podem ser processadas como características qualitativas. Por envolver diversas técnicas analíticas, como Métodos de Agrupamento, Componentes Principais e Variáveis Canônicas, dentre outras, os Procedimentos Multivariados não devem ser aplicados indiscriminadamente quando diversas categorias de variáveis são o objeto de estudo. Assim, é necessário conhecer a peculiaridade dos procedimentos para a adequada avaliação de um grupo de variáveis. Neste aspecto, quando existe repetição de dados, independente do tipo de variável, o uso das Variáveis Canônicas permite, com elevada robustez, extrair informações sobre a diversidade genética presente. Quando, por outro lado, inexistem repetições dos dados, os Componentes Principais apresentam-se como a alternativa analítica mais conveniente. É oportuno ressaltar que tanto para Variáveis Canônicas quanto para Componentes Principais, quando diferentes tipos de variáveis estão presentes, cada categoria deve ser analisada separadamente das demais, atentando-se para o fato de que as variáveis qualitativas multicategóricas podem ser transformadas simplesmente em variáveis binárias, embora esta não seja uma condição essencial para a análise (Amaral Júnior & Thiébaut, 1998). Os Métodos de Aglomeração também apresentam peculiaridade no trato dos diferentes tipos de variáveis, o que é implementado via medidas de distância genética, as quais apresentam especificidade para determinada categoria de variável, bem como pela forma como os dados foram obtidos, se com repetição ou não (Amaral Júnior & Thiébaut, 1998). DIVERSIDADE MORFOAGRONÔMICA NO GERMOPLASMA DE MORANGA E SUAS IMPLICAÇÕES Na avaliação morfoagronômica dos acessos de moranga, as seguintes características foram utilizadas: a) número de dias da semeadura à antese da primeira flor feminina: obtido pela data de abertura da primeira flor feminina; b) comprimento da rama principal até a primeira flor feminina: expresso em centímetros, obtido a partir da primeira folha definitiva até a posição da primeira flor feminina, no dia da antese; c) comprimento da rama principal no dia da antese da primeira flor feminina: expresso em centímetros, obtido a partir da primeira folha definitiva, até o ápice da rama principal; d) número de nós da rama principal até a primeira flor feminina: obtido pela contagem do número de nós da rama principal, a partir da primeira folha definitiva, até a posição da primeira flor feminina, no dia da antese; e) número de nós da rama principal no dia da antese da primeira flor feminina: obtido pela contagem do número de nós da rama principal, a partir da primeira folha definitiva, até o ápice da rama principal; f) comprimento médio do internódio da rama principal até a primeira flor feminina: expresso em centíHortic. bras., v. 17, sup., dez. 1999. Divergência genética entre acessos de moranga do banco de germoplasma de hortaliças da Universidade Federal de Viçosa. metros, obtido pela razão entre as características de ordem b e d; g) comprimento médio do internódio da rama principal no dia da antese da primeira flor feminina: expresso em centímetros, obtido pela razão entre as características expressas nos ítens c e e. As populações avaliadas, num total de oito acessos, são descritas a seguir (Quadro 1), com as seguintes codificações e origens. Em decorrência da Análise de Agrupamento pelo Método de Tocher, foram formados quatros grupos, em que o grupo I incluiu os acessos BGH 1.908, BGH 5.618 e BGH 5.642; o grupo II, os acessos BGH 5.628 e 6.158; o grupo III, os acessos BGH 4.520 e BGH 5.615, enquanto o grupo IV conteve apenas o acesso BGH 5.458. Resultados concordantes foram obtidos pelo Método Hierárquico do “Vizinho Mais Próximo”, em que foram formados os mesmos grupos e, em cada grupo, os mesmos acessos (Amaral Júnior et al., 1996). Por estes resultados, percebe-se que não houve associação entre a diversidade de origem geográfica e a divergência genética, haja vista que os acessos BGH 1.908 e BGH 5.618, provenientes de localidades diferentes (Quadro 1) estiveram presentes num mesmo grupo, ao passo que os acessos BGH 5.618 e BGH 5.628, originários do Ceará, pertenceram a grupos diferentes. Em decorrência, algumas indagações foram enunciadas, como por exemplo: Será que o ambiente pouco influenciou o componente genético dos acessos durante o processo evolutivo? Será que a variabilidade detectada estaria mais associada ao estádio de domesticação das plantas? Será que houve uma conservação da expressão de conteúdo gênico fixado, em decorrência da manipulação pelo homem? Todavia, quaisquer respostas a estes questionamentos seriam evasivas, dada a falta de comprovações científicas palpáveis. Neste aspecto, de forma sensata, pôde-se simplesmente concluir que a avaliação dos acessos em um só ambiente limitou a possibilidade de inferências mais precisas sobre a expressão do potencial genético dos acessos. Por conseguinte, sugeriu-se a inclusão Hortic. bras., v. 17, sup., dez. 1999. QUADRO 1. Acessos de moranga com as respectivas codificações e procedências. Procedências BGH BGH BGH BGH 1.908 4.520 5.458 5.615 Aimorés - MG. Embrapa - Brasília - DF. ESALQ - Piraciaba - SP. Embrapa - Brasília - DF. BGH BGH BGH BGH 5.618 5.628 5.642 6.158 Ceará - CE. Ceará - CE. Embrapa - Brasília - DF. EPAGRI - SC. de novos ambientes em outros estudos, utilizando-se também um número maior de características, principalmente, as relacionadas à produção. Quanto ao estudo das Variáveis Canônicas, as características morfoagronômicas que menos contribuíram para a divergência genética, entre os acessos, foram, hierarquicamente: comprimento médio do internódio da rama principal no dia da antese da primeira flor feminina, número de nós da rama principal até a primeira flor feminina, e número de dias da semeadura à antese da primeira flor feminina (Amaral Júnior et al., 1996). A EXPERIÊNCIA COM O ESTUDO DA VARIABILIDADE ISOENZIMÁTICA NO GERMOPLASMA DE MORANGA E RESULTADOS ALCANÇADOS Os sistemas isoenzimáticos avaliados, foram: esterase, fosfatase ácida, glutamato oxaloacetato transaminase, malato desidrogenase e peroxidase. Invariavelmente ao que ocorre com diversos trabalhos laboratoriais e especificamente no presente caso, foram-nos imprescindíveis pelo menos três atributos para que a pesquisa pudesse ter sido desenvolvida da melhor forma possível: paciência, persistência e versatilidade. Os dois primeiros foram indispensáveis a quem se encorajou a obter uma desejável revelação de isoenzimas em géis de amido de milho nacional (maisena), enquanto os protocolos para revelações isoenzimáticas em Cucurbita propunham o uso de géis de poliacrilamida ou de amido hidrolisado, muito embora a proposta de utilização de amido de milho (maisena), preconizada em 1976 por Carvalho et al., tivesse alcançado sucesso na separação de hemoglobinas. Quanto ao terceiro atributo, versatilidade, este é necessário em diversos momentos a variadas pesquisas, como no presente trabalho em que o refrigerador apropriado para a realização das corridas eletroforéticas danificou-se. Como havia certa premência em efetivar a pesquisa, um balcão frigorífico foi adaptado para este fim, com alteração do seu sistema relé e acoplamento de um ventilador em seu interior, de tal forma que a temperatura interna oscilou entre 2 e 3oC, permitindo, então, a continuidade do trabalho. Além disso, diversas modificações nos protocolos de coloração foram implementadas, para a melhor resolução das bandas isoenzimáticas, conforme relatado em “Ajuste de metodologia da eletroforese de proteínas para a obtenção de fenótipos isoenzimáticos de moranga (Cucurbita maxima Duchesne)”, publicado na Revista Bragantia, em 1994, mais especificamente no volume 53, número 1. De forma geral, os ajustes no tempo de cozimento e de preparo dos géis de amido de milho permitiram boa elasticidade, transparência e translucidez dos géis, com propriedades físicas propícias às corridas eletroforéticas. Dentre os sistemas isoenzimáticos avaliados, apenas a peroxidase apresentou polimorfismo inter e intrapopulacional. Porém, a variabilidade isoenzimática presente nos acessos não correspondeu à discriminada por meio das características morfoagronômicas utilizadas, o que 5 A.T. Amaral Júnior. pode ser atribuído ao fato das isoenzimas não serem eficientes para uma completa “cobertura” do genoma. Atualmente, com o advento de marcadores moleculares ao nível do DNA (RAPD, AFLP, SCARs etc), os quais são mais potentes na discriminação genotípica, novos estudos devem ser implementados, utilizando classes de marcadores que permitam uma fidedigna descrição dos genomas avaliados e, por conseguinte, da diversidade genética presente. LITERATURA CITADA AMARAL JÚNIOR, A.T.; CASALI, V.W.D.; MORAES, C.F.; SEDIYAMA, M.A.N. Ajuste de metodologia da eletroforese de proteínas para obtenção de fenótipos isoenzimáticos de moranga (C ucurbita maxima Duchesne). Bragantia , Campinas, v. 53, n. 1, p. 19-24, 1994. AMARAL JÚNIOR, A.T.; CASALI, V.W.D.; CRUZ, C.D.; FINGER, F.L. Utilização de variáveis canônicas e de análise de agrupamentos na avaliação da divergência genética entre acessos de moranga C ( ucurbita maxima Duchesne). Horticultura Brasileira, Brasília, v. 14, n. 2, p. 182-184, 1996. AMARAL JÚNIOR, A.T.; THIÉBAUT, J.T.L. Análise multivariada na avaliação da diversidade em recursos genéticos vegetais. Campos dos Goytacazes: UENF/FENORTE, 1998. 53 p. (no prelo) BUSSAB, W.O.; MIAZAKI, E.S.; ANDRADE, D.F. Introdução à análise de agrupamento. São Paulo: Associação Brasileira de Estatística (ABE), 1990. 105 p. CARVALHO, R.E.S.; BYRNE, M.C.G.; AZEVEDO, E.S. Melhoria na separação eletroforética das hemoglobinas humanas com utilização de amido brasileiro comercial em mistura com o amido da Sigma, EUA. Ciência e Cultura, v. 28, p. 271-272, 1976. (Suplemento). CRUZ, C.D.; REGAZZI, A.J. Modelos biométricos aplicados ao melhoramento genético. Viçosa, MG: Editora UFV, 1994. 394 p. SNEATH, P.H.A.; SOKAL, R.R. Numerical taxonomy: the principles and practice of numerical classification. San Francisco: W. H. Freeman, 1973. 573 p. STEEL, R.G.D.; TORRIE, J.H. Principles and procedures of statistics: a biometrical approach. New York: McGraw-Hill, 1980. 634 p. GONZAGA, V.; FONSECA, J.N.L.; BUSTAMANTE, P.G.; TENENTE, R.C.V. Intercâmbio de germoplasma de cucurbitáceas. Horticultura Brasileira , Brasília, v. 17, p. 06-09, 1999. Palestra. Suplemento. Intercâmbio de germoplasma de cucurbitaceas. Cucurbits germplasm exchange. Vilmar Gonzaga; José Nelson L. Fonseca; Patricia G. Bustamante; Renata C.V. Tenente Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, SAIN Parque Rural W5/Norte, C. Postal 02372, 70.849-970 Brasília – DF. e.mail: [email protected] Palavras chaves: Cucurbitaceae, germoplasma, intercâmbio, quarentena, legislação. Keywords: Cucurbitaceae, germplasm, exchange, quarantine, acts. A família Cucurbitaceae é conhecida pela versatilidade e valor alimentício dos frutos de algumas espécies dos gêneros Cucurbita (abóboras, abobrinhas e morangas), Cucumis (pepinos, melões, e maxixe), Sechium (chuchu), Citrulus (melancia), Lageraria (abobrinha dágua ou marimba), Luffa (bucha) e Mormodica (Melão de São Caetano). Assim como a maior parte dos produtos que fazem parte da alimentação dos brasileiros, as cucurbitáceas não são originárias do Brasil. A abobrinha (Cucurbita pepo) tem sua origem no norte do México e na região oeste dos EUA; a abóbora (Cucurbita moschata) que é a espécie mais importante na América Tropical, pela área em que se expandiu e pela variabilidade, tem como centro de diversidade a América Central e o México. A moranga (Cucurbita maxima) é de origem Sul-Americana, 6 onde foi cultivada na época Pré Colombiana. Trata-se de uma das mais antigas espécies cultivadas. O melão (Cucumis melo) é de origem africana e o pepino (Cucumis sativus) tem como origem mais provável a Índia. A origem da melancia (Citrulus lanatus) é africana, embora seja encontrada na Índia grande variabilidade da espécie. O chuchu (Langenaria siceraria) tem sua origem provável na América Central e México. As cucurbitáceas, como outras espécies que não são originárias do Brasil, têm se beneficiado da introdução de germoplasma de diversos países, o que permitiu ao país obter variedades mais adaptadas às nossas condições edafoclimáticas, mais produtivas e mais resistentes às pragas. Entretanto, a introdução de germoplasma deve estar baseada numa regulamentação fitossanitária segura e eficaz, pois o movimento desordenado de germoplasma vegetal, inevitavelmente, envolve riscos de introdução de pragas em novas áreas. Importações inadvertidas de material vegetal têm causado sérios prejuízos à agricultura brasileira. Os exemplos mais conhecidos são: o cancro-cítrico, causado pela bactéria Xanthomonas campestris pv. citri (Hasse) Dye, quando foram gastos acima de 5 milhões de dólares para sua erradicação, entretanto, ela continua presente em São Paulo e em outras partes do país; o vírus da tristeza do Citrus, que na época da sua introdução dizimou parte dos nossos pomares; a ferrugem do cafeeiro, causada pelo fungo Hemileia vastatrix Berk & Br., introduzida no Brasil em 1970, que pode causar perdas em torno de 30% na produção quando não controlado, o que equivale a aproximadamente 500 milhões de dólares (Mônaco, 1978). Hortic. bras., v. 17, sup., dez. 1999. Intercâmbio de germoplasma de cucurbitáceas. O bicudo do algodoeiro, Anthonomus grandis Boh., detectado pela primeira vez nas proximidades de Campinas, SP, em fevereiro de 1983, instalou-se definitivamente no mesmo ano na região Nordeste devido ao transporte de caroço de algodão infestado com o inseto proveniente de São Paulo, (Burke, 1986; De Grande, 1991), ocasionando perdas irreparáveis na produção de algodão, principalmente em relação ao algodoeiro arbóreo. Recentemente, foram detectados dois novos patógenos da cultura de soja, o nematóide do cisto, Heterodera glycines I chinohe em 1992 (Mendes & Dickson, 1993) e o fungo Diaporthe phaseolorum (Cke. & Ell) Sace. f. sp. meridionalis agente do cancro da haste, em 1988, que tornaram-se uma ameaça a essa cultura, com níveis de perdas de até 100% (Yorinori, 1990). O Ministério da Agricultura e do Abastecimento (MA), signatário da “Convenção Internacional de Proteção de Vegetais”, é o órgão fiscalizador da introdução de vegetais junto às alfândegas de portos, aeroportos e correios. Cada estado possui um representante oficial do MA nas “Delegacias Federais de Agricultura” – DFA, juntamente com o Ministério da Fazenda (Alfândegas da Receita Federal), que fiscalizam os vegetais importados, tanto para pesquisa como para o comércio, nos principais postos de ingresso do país. Através do Decreto no 24.114 de 12 de abril de 1934 e Portarias complementares, entre elas a de no 224 de 03 de maio de 1977, o Ministério da Agricultura e do Abastecimento – MA credencia a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), através do Centro Nacional de Pesquisa de Recursos Genéticos e Biotecnologia, a executar o intercâmbio e a quarentena de germoplasma vegetal destinado à pesquisa. As “Normas para Importação de Material Destinado à Pesquisa Científica” estão detalhadamente descritas na Instrução Normativa No 1, de 15 de dezembro de 1998 do Diário Oficial. A Embrapa coordena o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA), que inclui as Universidades e os órgãos oficiais de pesquisa. Os pedidos de importação de germoplasma das Hortic. bras., v. 17, sup., dez. 1999. unidades da Embrapa devem ser encaminhados diretamente à Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia/Laboratório de Quarentena Vegetal (LQV), que elaborará um processo para obtenção da “Permissão de Importação” junto ao Departamento de Defesa e Inspeção Vegetal (DDIV/MA). Neste processo deve constar a solicitação da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia ao DDIV para importação do material; o formulário de requerimento, com os dados do solicitante e do produto; e o parecer técnico, que é providenciado pela Gerência de Curadoria da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. De posse da Permissão de Importação o LQV enviará a mesma ao fornecedor do germoplasma, juntamente com a etiqueta de importação, o que possibilitará a entrada do material no Brasil. Os requerimentos de importação de germoplasma solicitados pelos demais órgãos oficiais de pesquisa deverão ser enviados a Delegacia Federal de Agricultura (DFA) do Estado correspondente, que o encaminhará ao DDIV e este solicitará um parecer técnico da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, antes de emitir a “Permissão de Importação”. Os procedimentos posteriores à chegada do germoplasma ao País, cabem à DFA, sendo a quarentena realizada pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Nos últimos 10 anos foram intercambiados 1114 acessos de germoplasma de cucurbitáceas (Tabela 1), entre materiais importados, exportados e de trânsito interno no País. Toda importação de material vegetal deve estar munida da documentação própria, como estabelece a legislação fitossanitária vigente, a ser providenciada única e exclusivamente pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia junto ao MA. Para a importação de produtos vegetais a única exigência requerida é o Certificado Fitossanitário expedido pelo país exportador, desde que concedida a Permissão de Importação pelo DDIV. A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia envia à entidade doadora o pedido de solicitação do material juntamente com a etiqueta de importação. A Portaria n.º 437 de 25 de novem- bro de 1985, regulariza as importações de sementes e/ou mudas para o comércio. Neste caso o pedido é formulado à DFA do Estado correspondente que se for necessário solicita parecer técnico a alguma instituição para assegurar a importação. Os demais procedimentos são estabelecidos pelo DDIV que prescreve as medidas de quarentena, ficando estas acompanhadas e fiscalizadas pela DFA do Estado até a liberação (Batista et al., 1998). No que se refere à exportação de vegetais para o comércio, as normas estão estabelecidas na Portaria n.º 93 de 14 de abril de 1982, Diário Oficial (Brasil,1982). O intercâmbio com os países do Cone Sul segue as normas específicas aprovadas pelo COSAVE. As curcubitáceas devem vir acompanhadas de Certificado Fitossanitário específico do COSAVE. Procedimentos adotados para importação de germoplasma: O material ao chegar ao aeroporto, porto ou correio, é inspecionado pelo inspetor da Delegacia Federal de Agricultura (DFA), que examina as suas condições sanitárias e a documentação. Caso seja constatada a presença de pragas quarentenárias, a DFA procede a sua destruição ou prescreve a quarentena pós-entrada. O material ao ser liberado pela DFA é levado à Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, onde é registrado e em seguida é rigorosamente examinado em sala à prova de insetos para inspeção e qualquer inseto ou ácaro presente é capturado e identificado. Posteriormente, o germoplasma, em sua embalagem original, é fumigado com fosfeto de alumínio (fosfina) transferindo-se cada acesso para nova embalagem. Amostras de cada acesso do germoplasma são providenciadas e examinadas nos respectivos laboratórios para detecção de fungos, vírus, viróides, bactérias e nematóides. O número de sementes que compõe a amostra para as análises depende da disponibilidade de material, entretanto, em geral varia de 2 a 10% do mesmo. Todo material vegetal importado é submetido à quarentena de pós-entrada, que consiste em estabelecer as plantas em casa de vegetação apropriada (quarentenário) 7 V. Gonzaga, et al. Tabela 1. Número de acessos de germoplasma de cucurbitáceas intercambiados pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia no período de 1989 a 1998. Gênero Procedência Cucumis Cucumis Cucumis Cucumis Cucumis Embrapa Embrapa Embrapa Embrapa Embrapa Cucumis Cucumis Cucumis Cucumis Cucumis Embrapa Hortaliças Embrapa Hortaliças USA USA Japão Cucumis Cucumis Cucumis Cucurbita Destino Hortaliças Hortaliças Hortaliças Hortaliças Hortaliças Número de Acessos El Salvador França Peru Paquistão El Salvador 1 2 1 3 1 Bolívia China Embrapa Hortaliças Embrapa Agroind. Tropical Embrapa Hortaliças 2 1 9 18 4 EPAGRI EMPASC Embrapa Recur. Gen. Biotec. Embrapa Hortaliças Embrapa Recur. Gen. Biotec. Embrapa Recur. Gen. Biotec. UNESP/Jaboticabal Paquistão 1 2 2 1 Cucurbita Cucurbita Cucurbita Cucurbita Cucurbita Embrapa Hortaliças Chile Rússia Embrapa Hortaliças Brasília (coleta) Nari - Guyana Embrapa Hortaliças Universidade F. Viçosa Embrapa Recur. Gen. Biotec. Embrapa Recur. Gen. Biotec. 1 13 7 497 1 Cucurbita Cucurbita Cucurbita Cucurbita Cucurbita Paraná (coleta) EPAGRI Universidade F. Viçosa Embrapa Recur. Gen. Biotec. Embrapa Recur. Gen. Biotec. Embrapa Recur. Gen. Biotec. Embrapa Recur. Gen. Biotec. Embrapa Recur. Gen. Biotec. UNESP/Jaboticabal Indios Kraho-Tocantins 1 8 370 37 72 Citrullus Citrullus Citrullus Citrullus Citrullus USA Embrapa Semi Árido Brasília (coleta) Universidade F. Viçosa Embrapa Semi Árido Embrapa Semi Árido UNESP/Jaboticabal Embrapa Recur. Gen. Biotec. Embrapa Recur. Gen. Biotec. EMGOPA 12 1 1 38 4 Mormodica Mormodica Sechium Embrapa Recur. Gen. Biotec. Embrapa Hortaliças Itália Universidade F. Uberlândia Embrapa Recur. Gen. Biotec. Embrapa Recur. Gen. Biotec. TOTAL: 1114 1 1 1 onde ficam em observação por um período de pelo menos uma estação de crescimento (mínimo de 6 semanas após a chegada do material na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia). Durante este período são realizados os testes para detecção de fungos, nematóides, bactérias, vírus e viróides. As informações sobre o germoplasma são conferidas pelo curador de hortaliças, no caso, e registradas no Sistema Brasileiro de Informação de Recursos 8 Tabela 2. Pragas e ervas daninhas quarentenárias de cucurbitáceas para o Brasil. Praga Chromatomyia horticola Dacus spp. Erva Daninha Cirsium arvense Striga spp. Agrotis segetum Taenatherum caput-medusae Genéticos (SIBRARGEN). Procedimentos adotados para exportação de vegetais: Ressalvadas as exigências ou requi- sitos do país importador, poderão os próprios técnicos dos serviços de Defesa Sanitária Vegetal, nos Estados, emitir o Certificado Fitossanitário, afixar as eti- Hortic. bras., v. 17, sup., dez. 1999. Intercâmbio de germoplasma de cucurbitáceas. quetas de identificação, e adotar os demais procedimentos normativos para remessa, ao exterior, de vegetais, atendendo inclusive aos pré-requisitos da Lei no 5.197, de 03.01.67, de proteção à fauna. Todo interessado, representante ou responsável pela expedição, embalagem, identificação e demais requisitos normativos, deverá anexar, devidamente instruídos, os originais de Permissão ou Autorização de Importação, do Serviço de Proteção Vegetal, do país importador. LITERATURA CITADA BATISTA, M.F.; FONSECA, J.N.L.; TENENTE , R.C.V.; MENDES, M.A.S.; URBEN, A.F.; OLIVEIRA M.R.V.; FERREIRA D.N. Intercâmbio e quarentena de germoplasma vegetal. Biotecnologia, Piracicaba, v. 6, 1998. BURKE, H.R.; Situação taxonômica do bicudo do algodoeiro no Brasil e em outras áreas da América do Norte e do Sul. In: BARBOSA, S.: LUKEFAHR, M.J.; BRAGA SOBRINHO, R., ed. O bicudo do algodoeiro. Brasília, EMBRAPA-DDT, 1986. p. 89-134. (EMBRAPA-DDT. Documentos, 4). DEGRANDE, P.E. Aspectos biológicos do bicudo. In: DEGRANDE, P.E., ed. Bicudo do Algodoeiro: manejo integrado. Dourados, UFMS/ EMBRAPA-UEPAE Dourados, p. 11-27, 1991. BRASIL. 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Morfological characterization: an experience from squash and pumpkin germplasm bank at Embrapa Semi-Árido. Semíramis R. R. Ramos; Manoel Abílio de Queiróz Embrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56.300.000 Petrolina – PE. E.mail: [email protected] Palavras-chave: Cucurbita moschata, Cucurbita maxima, descritores, germoplasma, recursos genéticos. Keywords: Cucurbita moschata, Cucurbita maxima, germplasm, genetic resources. O Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da Embrapa Semi - Árido conta atualmente com 1.527 acessos de Cucurbita moschata, Cucurbita maxima, Citrullus lanatus, Cucumis melo, Cucumis anguria e Lagenaria siceraria. Deste total, 735 acessos são de Cucurbita sp. Visando valorizar e maximizar a utilização dos acessos de abóbora e moranga preservados no banco, desde 1991, foram desenvolvidas atividades de caracterização morfológica. Para tanto, foram implementados estudos nos campos experimentais da Embrapa Semi-Árido, objetivando diferenciar os acessos, selecionar variáveis mais importantes na descrição da variabilidade presente no banco, obter estimativa da divergência genética entre as entradas, promovendo o seu agrupamento. Neste informe apresentam-se algumas indicações e resulHortic. bras., v. 17, sup., dez. 1999. tados obtidos pela Embrapa Semi-Árido, com a caracterização morfológica de abóbora e moranga. CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA: PONTOS PRELIMINARES A CONSIDERAR O Banco Ativo de Germoplasma de Cucurbitáceas (BAG) da Embrapa Semi-Árido teve inicio em 1985 com uma pequena coleta de acessos de Citrullus lanatus em seis municípios do semi-árido brasileiro (Queiróz, 1993). Posteriormente, as coletas ampliaramse para outras espécies da família das cucurbitáceas e para diversas áreas dos estados da Bahia, Pernambuco, Maranhão, Ceará, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe (Queiróz, 1992; Ramos & Queiróz, 1992b; Queiróz et al., 1993; Queiróz, 1994; Queiróz et al, 1994; Moura & Queiróz, 1997; Ramos et al., 1997). Atualmente, o banco conta com 1.527 acessos de Cucurbita moschata, Cucurbita maxima, Citrullus lanatus, Cucumis melo, Cucumis anguria e Lagenaria siceraria. Deste total, 735 acessos são de Cucurbita sp.(Queiróz, 1998). A utilidade dessa coleção está basicamente em função da informação que a mesma possa dispor, para os programas de melhoramento, principalmente no que se refere ao fornecimento de informações sobre a variabilidade intra e interpopulacional, estrutura genética da população, duplicações e estabelecimento das coleções nucleares. Na medida em que os acessos estavam sendo resgatados, uma série de anotações sobre a amostra e sobre o ambiente geográfico estavam sendo feitas em 9 S.R.R. Ramos & M.A. de Queiroz caderneta de coleta, constituindo os chamados dados de passaporte. No entanto, para melhor conhecimento dos dados relativos a cada um dos acessos conservados, além dos dados de passaporte, é necessário que se obtenham informações que possam facilitar o mais amplo conhecimento dos acessos. Para tanto, é necessário que os acessos sejam submetidos às etapas de caracterização e, posteriormente, avaliação preliminar e avaliação aprofundada. A caracterização consiste em estabelecer uma identidade para cada entrada, tratando-se de conhecer uma série de dados que permitam estudar a variabilidade genética da amostra, que seja de interesse para o usuário da coleção. Os caracteres estudados na caracterização, podem ser morfológicos, fisiológicos, citológicos, bioquímicos ou moleculares. A maioria desses dados podem ser obtidos através de descritores, os quais constituem um atributo ou caráter observado nos acessos de um banco de germoplasma e que pode ser identificável e mensurável (Howes, 1981). Estes descritores podem ter alguns estados, os quais se referem aos valores que um descritor pode ter especificamente (Querol, 1993). Um bom descritor deverá permitir a distinção entre os acessos diferentes de uma mesma cultura, deve ser praticável, útil e deve evitar redundância, ser ambientalmente estável, mono ou oligogênico e de fácil manipulação pelo melhorista (Howes, 1981; Esquinas-Alcazar & Gullick, 1983; Chapman, 1989). Normalmente, os descritores estão distribuídos em listas, as quais, a princípio, deveriam reunir, de uma forma ordenada e detalhada, todos os descritores individuais utilizados para uma espécie ou grupo de espécies correlacionadas. No entanto, o que se constata normalmente, é que grande parte das listas descritivas convencionais geram alguns obstáculos como a presença mesclada de descritores de caracterização morfológica e de avaliação; não enquadramento dos acessos nos estados previstos para alguns descritores; podendo ainda alguns estados dos descritores listados variarem entre acessos além do previsto nas lis10 tas, como também a constatação da existência de descritores que não são úteis para a quantificação da divergência genética entre os acessos, sendo também de difícil obtenção (Valls, 1995). Tais dificuldades são também sentidas quando da aplicação prática da lista descritiva para Cucurbita sp., publicadas pelo International Plant Genetic Resources Newsletter Institute (IPGRI), de autoria de Esquinas-Alcazar & Gullick (1983). Considerando a necessidade de conhecer, valorizar e utilizar os acessos da coleção de Cucurbita sp. conservados no banco de germoplasma da Embrapa SemiÁrido, a equipe da área de recursos genéticos tem por objetivo informar sobre o processo de caracterização morfológica desenvolvido nesta Instituição. TRABALHOS DESENVOLVIDOS NA EMBRAPA SEMI-ÁRIDO Primeiro experimento: especificações e resultados Os trabalhos desenvolvidos com caracterização morfológica de Cucurbita sp. na Embrapa Semi-Árido, tiveram inicio em 1991, com um experimento de campo de moranga. Foram plantados 16 acessos, provenientes de coletas realizadas nos estados da Bahia e Maranhão. Os acessos foram plantados em linhas contínuas, num espaçamento de 4m x 3m, com doze plantas por fileira, sem repetição. Para descrever os acessos, foi utilizada a lista descritiva de EsquinasAlcazar & Gullick (1983), sendo avaliados os dados vegetativos e de inflorescência, a saber: altura de plântula; cor e pilosidade do cotilédone; dia da antese da primeira flor masculina e feminina e localização do respectivo nó; tipo de sexo; tamanho e pilosidade da folha; margem e faceamento foliar; cor e formato da folha; comprimento do internó; formato do caule; hábito de crescimento e vigor da planta. Após a tomada e comparação dos dados obtidos, constatou-se diferença entre os acessos analisados (Ramos & Queiróz, 1992a). Entretanto, nessa primeira etapa, questionou-se sobre a aplicação prática de alguns descritores (como, por exemplo, “tamanho e coloração de cotilédone”) e sentiu-se dificuldades com relação à obtenção de alguns dados. De forma geral, essa dificuldade foi relacionada à subjetividade de alguns descritores (entre outros, pode-se exemplificar o descritor “separação do pedúnculo”, “separação da semente da placenta”, os quais deveriam ser classificados subjetivamente nas escalas de fácil, intermediário e difícil); descritores com número limitado de estados (formato de fruto, por exemplo); não definição precisa sobre a metodologia para obtenção de alguns dados (pilosidade de folha, matéria seca, sólidos solúveis, textura, entre outros). Devido aos pontos acima citados, o trabalho de caracterização teve poucos fins práticos. No entanto, com base nas dificuldades identificadas, elaborou-se um novo trabalho que teve por principais objetivos a avaliação da praticidade e aplicabilidade dos descritores propostos por Esquinas-Alcazar & Gullick (1983), na diferenciação de acessos, selecionando variáveis mais importantes na descrição da variabilidade presente no banco de germoplasma e, ao mesmo tempo, obtendo uma estimativa da divergência genética entre os acessos, promovendo o seu agrupamento. Segundo experimento: especificações e resultados Foram utilizados 40 acessos de C. moschata provenientes de coletas realizadas nos estados da Bahia, Maranhão e Piauí. Utilizou-se o delineamento de blocos ao acaso com três repetições. Para fins de análise estatística, utilizouse, inicialmente, somente os descritores quantitativos referentes a dados vegetativos e de inflorescência (comprimento médio do internódio; diâmetro médio do caule; comprimento médio do pecíolo; comprimento médio do limbo; largura média do limbo; número médio de dias para florescimento da primeira flor masculina; nó da primeira flor masculina; número médio de dias para florescimento da primeira flor feminina e nó da primeira flor feminina); de fruto (peso médio; comprimento médio; diâmetro maior e menor do fruto; espessura do epicarpo; espessura da polpa; diâmetro da cavidade interna; sólidos Hortic. bras., v. 17, sup., dez. 1999. Caracterização morfológica: experiência do BAG de cucurbitáceas da Embrapa Semi-Árido solúveis e matéria seca) e de semente (número médio de sementes por fruto; comprimento médio de semente; peso médio de cem sementes e número médio de sementes/grama), totalizando 22 descritores. Foi realizada análise de variância para cada caráter pesquisado. A divergência genética entre os acessos foi avaliada com base na análise multivariada, utilizando a Distância Generalizada de Mahalanobis (D 2 ) (Rao, 1952) como medida de dissimilaridade para determinar o grau de divergência entre os pares de acessos. Os grupos foram formados de acordo com o método de Tocher, o qual utiliza o critério de que a distância média intragrupo é inferior às distâncias intergrupo (Cruz & Regazzi, 1994). A dispersão relativa dos acesos foi determinada utilizando-se a técnica da dispersão de escores em gráficos bidimensionais, tendo como eixos as primeiras variáveis canônicas. A escolha da metodologia de variáveis canônicas deveu-se, basicamente, à necessidade de selecionar os descritores mais importantes, na quantificação da variabilidade presente no banco, bem como avaliar o grau de similaridade genética entre os acessos, para fins de identificação de grupos similares em gráficos de dispersão. A seleção dos descritores foi realizada de acordo com o critério proposto por Singh (1981), no qual os mesmos foram identificados com base na contribuição relativa para a divergência, cujo valor foi obtido pelos componentes de D2 , identificandose os descritores correspondentes aos mais altos valores do componentes. ALGUNS RESULTADOS Como resultado desse segundo trabalho de caracterização, verificouse que: - houve a formação de dez grupos pelo método de agrupamento de Tocher, onde 65% dos acessos analisados formaram um único grupo; - os resultados provenientes da análise por dispersão gráfica mostraram-se concordantes com os obtidos pela técnica de agrupamento baseado na distância generalizada de Mahalanobis (D2); Hortic. bras., v. 17, sup., dez. 1999. - o critério de descarte utilizado permitiu reduzir os 22 descritores quantitativos originalmente propostos para sete descritores o que, a principio, facilitaria o trabalho de caracterização morfológica; - os descritores selecionados para caracterização foram: comprimento de semente, comprimento de fruto, diâmetro do caule, número de dias para florescimento da primeira flor feminina, peso de fruto, número de dias para florescimento da primeira flor masculina, número de sementes/grama; - o descritor diâmetro do caule foi proposto neste trabalho, sendo selecionado como sensível na detecção da variabilidade de abóbora; - os descritores selecionados apresentaram coeficientes de correlação de baixa magnitude (r < 0,4279), indicando que o método de seleção empregado foi relativamente eficiente na identificação de descritores discriminantes. Os redundantes estariam indiretamente representados. No entanto, considerando a influência ambiental na expressão desses descritores quantitativos analisados na segunda etapa, optou-se por avaliar, em mais um ano, a consistência dos descritores propostos para a caracterização. Terceiro experimento: especificações e possíveis indicações Nesse trabalho avaliou-se 20 acessos dos 40 originalmente avaliados no segundo experimento e os mesmos 22 descritores quantitativos. A opção por se avaliar em outro ambiente deve-se ao fato de que alguns estudos têm relatado não só números variáveis de “clusters” em diferentes ambientes, mas diferentes “clusters” de genótipos de um ambiente para outro quando os genótipos foram avaliados em condições distintas (Bainiwal & Jatarsa, 1980; Jain et al.,1981; Singh & Gill, 1984). No entanto, apesar das recomendações de se avaliarem genótipos em múltiplos ambientes, não existem indicações do número mínimo de ambientes aos quais os genótipos devam ser submetidos, nem se as condições devam ser favoráveis ou não à manifestação do potencial produtivo dos mesmos. As mudanças nos constituintes dos grupos de um ambiente para outro podem ser explicadas com base na expressão do gene que, dependendo das condições ambientais, pode ser diferente. Quando se considera o desempenho em diferentes ambientes, com diferentes caracteres, com correlação genética entre eles, podem ocorrer duas situações: 1- se a correlação genética for alta, o desempenho de um caráter em dois ambientes será representado, aproximadamente, pelo mesmo grupo de genes; 2 se a correlação for baixa, então os caracteres serão muito diferentes e exigirão um grupo diferente de genes (Falconer, 1987). SITUAÇÃO ATUAL DOS TRABALHOS DE CARACTERIZAÇÃO E RECOMENDAÇÕES GERAIS Até o momento, não foi concluída a análise estatística dos dados obtidos nesse último experimento descrito anteriormente. Mas, acredita-se que, com o resultado da análise morfológica dos dois anos, haja possibilidade de comparar o padrão de redução do número de descritores e melhor indicar aqueles a serem utilizados em futuros trabalhos de caracterização de acessos de abóbora e moranga em bancos de germoplasma. A princípio, pensou-se em adotar a seguinte estratégia para seleção dos descritores: - selecionar como descritores que mais discriminaram os acessos, aqueles que não forem descartados em nenhuma das duas avaliações; - os descritores que foram descartados nas duas avaliações, podem ser considerados de menor importância e desconsiderados na caracterização; - aqueles descritores que forem selecionados em apenas uma avaliação podem ser considerados de importância intermediária; - finalmente, recomenda-se utilizar uma variedade comercial ou híbrido para servir de parâmetro referencial aos descritores a serem obtidos, bem como, realizar análise isoenzimática ou molecular para comparar os grupos de divergência que foram formados por meio da análise multivariada. 11 S.R.R. Ramos & M.A. de Queiroz A análise estatística dos dados qualitativos deverá ser realizada o mais breve para que a caracterização dos acessos torne-se mais completa. AGRADECIMENTOS Os autores expressam os seus agradecimentos ao Prof. Vicente Wagner Dias Casali e ao Prof. Cosme Damião Cruz, pela participação nas etapas de desenvolvimento desse trabalho; à FACEPE, CAPES e CNPq, pelo financiamento de parte deste projeto de pesquisa; à equipe dos campos experimentais da Embrapa Semi-Árido e aos estagiários que contribuíram na coleta dos dados. LITERATURA CITADA BAINIWAL, C.R.; JATARSA, D.S. Genetic divergence in pigeon pea. Indian Journal of Genetics & Plant Breeding, v. 40, n. 1, p. 153156, 1980. CHAPMAN, C. Principles of germplasm evaluation. In: STALKER, H.T.; CHAPMAN, C. (Eds.) Scientific management of germplasm: characterization, evaluation and enhancement. Rome: IBPGR. p. 55-63. 1989. (IBPGR. Training courses: Lecture series, 2). CRUZ, C.D.; REGAZZI, A.J. Modelos biométricos aplicados ao melhoramento genético. Viçosa, UFV, Imprensa Universitária, 1994. 390 p. ESQUINAS-ALCAZAR, J.T.; GULICK, P.J. Genetic resources of cucurbitaceaes. 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Avaliação de resistência a Sphaerotheca fuliginea e a Didymella bryoniae em melancia. Horticultura Brasileira, Brasília, v.17, p. 13 – 19, 1999. Palestra. Suplemento. Avaliação de resistência a Sphaerotheca fuliginea e a Didymella bryoniae em melancia. Evaluation of watermelon to Sphaerotheca fuliginea and Didymella bryoniae resistance. Rita de Cássia Souza Dias 1; Manoel Abilio de Queiroz1 ;Maria Menezes2 ; Rita Mércia Estigarribia Borges1 1 Embrapa Semi–Árido, Caixa Postal 23, 56.300-000 Petrolina - PE; 2 UFRPE/Agronomia, Depto. Fitossanidade, 52l.171-900 Recife - PE. Palavras-chave: Citrullus lanatus, oídio, cancro das hastes, melhoramento. Keywords: Citrullus lanatus, powdery mildew, gummy stem blight, breeding. A tualmente, o cultivo da melancia (Citrullus lanatus) vem se expandindo, com áreas de produção em vários estados brasileiros. O Nordeste se destaca como a maior região produtora, onde a espécie é cultivada tanto na agricultura de sequeiro, por pequenos agricultores, quanto na agricultura irrigada. Segundo o IBGE (1997), a área colhida de melancia, em 1994, foi de 72.213 hectares e a região nordestina contribuiu com 46,69%, sendo os principais produtores os Estados do Maranhão, Bahia, Piauí e Pernambuco. Dados de Makishima (1991) demonstram que a melancia contribuiu com 30% do volume total das hortaliças comercializadas na Central de Abastecimento Geral do estado de São Paulo (CEAGESP) em 1989, tendo índices superiores a outras cucurbitáceas como melão, chuchu, pepino e abobrinha. Em agricultura irrigada, a proximidade das áreas e o cultivo do solo durante todo o ano, frequentemente, sem a rotação de culturas, contribuem para a sobrevivência de patógenos e o aumento de muitas pragas e doenças. Dentre as doenças que atacam a cultura da melancia e outras espécies do gênero, destacam-se o oídio e o cancro das hastes, que ocorrem em diversas regiões do mundo e afetam grande número de cucurbitáceas. Nas condições do Vale do São Francisco, o oídio ocorre durante todo o ano e é causado por Sphaerotheca fuliginea (Schlect.) Salmon. Entretanto, a forma imperfeita do fungo, correspondente a Oidium sp., é predominante na maior parte do mundo (Yarwood, 1978), inHortic. bras., v. 17, sup., dez. 1999. cluindo o Brasil (Bedendo,1995). Este fungo é um parasita obrigado que sobrevive somente em hospedeiro. Os esporos são disseminados pelo vento e sobrevivem nos restos de cultura. Os sintomas da doença se caracterizam pela presença de uma eflorescência pulverulenta, formada por micélio, conidióforos e conídios do patógeno, infectando todos os tecidos clorofilados das folhas, hastes e frutos (Bedendo, 1995). Em infecção severa, pode recobrir toda a folhagem, tornando-a seca, determinando o amadurecimento prematuro dos frutos que apresentam modificações no sabor e diminuição no teor de açúcar. Os frutos tardios não completam a maturação, ficando pequenos e de qualidade muito ruim. A podridão gomosa, crestamento gomoso do caule ou cancro das hastes é causada por Didymella bryoniae (Auersw) Rehm [sinonímia Mycosphaerella citrulina (C.O.Sm. Gross.), cujo anamorfo é Phoma cucurbitacearum (Fr.:Fr.) Sacc. (sinonímia Ascochyta Phoma cucumis Fautrey & Roum)]. A severidade desta doença se evidencia pela destruição dos frutos e pela morte das plantas. Os sintomas ocorrem em plântulas, causando damping-off característico, bem como lesões nos cotilédones, em forma de manchas necróticas circulares, que produzem necrose desses órgãos. Nos ramos, o fungo causa a formação de manchas necróticas, a princípio circulares, depois abrangendo grandes extensões do órgão afetado, e que tendem a se transformar em cancros, com fendilhamento de córtex e exposição do lenho, resultando na morte da planta (Kimati et al., 1980). Muitos autores enfatizam que um grande objetivo do uso de plantas resistentes é a diminuição dos custos referentes à utilização de agrotóxicos. Também a preocupação crescente com o meio ambiente, com a saúde pública e a expansão competitiva do mercado agrícola, vêm motivando os produtores rurais a otimizar as práticas culturais utilizando menos defensivos químicos e optando pela utilização de cultivares resistentes a doenças (Cohen et al., 1993). O ambiente afeta a adaptação do patógeno, a resistência do hospedeiro ou a interação hospedeiro-patógeno (Prabhu & Morais, 1993). O objetivo do presente trabalho foi relacionar alguns aspectos fundamentais dos fungos Sphaerotheca fuliginea (Schlect.) Salmon e Didymella bryoniae (Auersw) Rehm, especialmente os relacionados à variabilidade e interação com suas hospedeiras e descrever a metodologia de avaliação de genótipos de melancia quanto à resistência aos referidos patógenos. Epidemiologia do oídio e influência de fatores ambientais no desenvolvimento da doença A doença se inicia com a germinação dos conídios sobre o hospedeiro, pela formação de um tubo germinativo, geralmente curto, em cuja extremidade forma-se um apressório. A partir deste, uma hifa fina rompe a cutícula e a parede da célula epidérmica, penetrando no hospedeiro e o ápice da hifa se dilata, formando o haustório que retira os nutrientes do citoplasma de células hospedeiras para o patógeno. A penetração pode ocorrer também através dos 13 R. de C. S. Dias et al. estômatos (Bedendo, 1995; Sitterly, 1978). Hashioka (1938) relata que em S. fuliginea, a temperatura de 280C é considerada ideal para a germinação dos conídios e formação de haustórios, sendo, portanto, uma temperatura ótima para a infecção. Yarwood (1957) observou que o desenvolvimento luxuriante do fungo é favorecido por grande quantidade de luminosidade, aumentando o grau de severidade do fungo com o aumento da duração da luz (dias longos). Segundo Sitterly (1978), durante muito tempo, confundiu-se Erysiphe cichoracearum com S. fuliginea, devido ao fato de estas duas espécies terem, aparentemente, conidióforos idênticos. Porém, segundo Kooistra (1968), os conídios de S. fuliginea são caracterizados pela presença de corpúsculos de fibrosina (estrutura encontrada entre os vacuolos, nos conídios) bem desenvolvidos, enquanto que, em E. cichoracearum, essa estrutura encontrase em forma granular. Segundo Kable & Ballantyne (1963), os corpúsculos de fibrosina tornam-se claramente visíveis quando montados em hidróxido de potássio (3%) aquoso, sendo uma técnica importante para a identificação precisa do patógeno. McCreight et al. (1987), realizando estudos com isolados de S. fuliginea coletados em Monfavet, na França, e Riverside, na Califórnia (Estados Unidos), com hospedeiros diferenciais de melão, identificaram três diferentes raças na espécie citada. No Brasil, Reifschneider (1985), fazendo estudos sobre identificação do agente causal do oídio em melão, pepino e abóbora, baseado em características conidiais, caracterizou o patógeno como a raça 1 de S. fuliginea. Na região do Submédio São Francisco, Borges (1997) também definiu o patógeno como S. fuliginea, raça 1. Resistência ao oídio em melancia Ao contrário do que ocorre em melão, existem poucos trabalhos na literatura relacionados à resistência a oídio em melancia. Robinson & Provvidenti (1975) avaliaram a reação ao oídio em 583 introduções de Citrullus lanatus, juntamente com as cultivares Charleston Gray e 14 Sugar Baby, em casa-de-vegetação. Os autores constataram resistência ao fungo em quase todas as introduções de melancia, contrariando os resultados obtidos em outros países, onde a maioria das populações de melancia se comportam como suscetíveis. Os autores argumentaram que, provavelmente, isso aconteceu devido à ocorrência de E. cichoracearum ou de uma raça de S. fuliginea como agente causal no estado de New York. Duarte (1996) avaliou cinco introduções de melancia, tidas como resistentes ao oídio nas condições norte americanas, juntamente com uma introdução, previamente observada como imune ao patógeno, denominada 91-24. Concluiu que as introduções procedentes dos Estados Unidos são suscetíveis a S. fuliginea raça 1 de melão, mas a introdução 91-24 OP é imune ao patógeno. No estudo de herança da imunidade desta introdução, o autor também verificou que ela é controlada por um simples par de genes recessivos, e propôs o símbolo de pmw-l para designá-lo. No Brasil, Araújo et al. (1987) avaliaram populações locais de melancia, juntamente com quatro variedades comerciais (Crimsom Sweet, Pérola, Sunshade e Charleston Gray), em condições de campo, sob inoculação natural e ausência de fungicidas. Constataram alta resistência ao oídio no acesso CPATSA-2 (registrado como 85-030) e um nível de infecção reduzido nos genótipos U-16, CPATSA 3, CPATSA 4, CPATSA 7, CPATSA 8 e CPATSA 10. Todas as cultivares comerciais foram completamente infectadas pelo oídio. A partir dos resultados obtidos, estes acessos foram submetidos a observações mais precisas em casa de vegetação e inoculação artificial por Souza et al. (1988). Oito acessos de melancia, inclusive o 85-030, e as variedades comerciais Charleston Gray e Crimson Sweet, foram avaliados, utilizando-se como principais parâmetros a presença de oídio nos cotilédones e na haste da planta, porcentagem de área infectada e desenvolvimento da epidemia. Os resultados obtidos confirmaram a resistência de 85-030 ao patógeno. Dias et al. (1989), avaliando nove tratamentos, sendo duas variedades co- merciais (Crimson Sweet e Charleston Gray) e os genótipos 88-027, 88-037 88071, 88-072 (gerações descendentes do acesso 85-030), 88-073, 88-074 e a geração F2 do cruzamento de 88-072 com Charleston Gray, observaram que alguns acessos foram tão suscetíveis ao oídio quanto as variedades comerciais, porém, os acessos 88-071, 88-072 e 88-027 apresentaram baixo percentual (abaixo de 5%) de ataque de oídio ao final do ciclo, tendo o acesso 87-027 apresentado o menor percentual (apenas 1,7%). Contudo, por este acesso apresentar várias características indesejáveis, como plantas muito tardias, cor branca da polpa e baixo obrix, optou-se pelo acesso 85-030 como fonte de resistência ao oídio a ser trabalhada. Posteriormente, o acesso 87-027 foi identificado como Citrullus lanatus, variedade citroides (Assis, 1994). Trabalhos de melhoramento genético visando a incorporação da resistência ao oídio (S. fuliginea raça1) de 85030 foram estabelecidos (Dias & Queiroz,1992) através de retrocruzamentos, visando a transferência dessa resistência para a cultivar comercial Crimson Sweet. Hoje, existem linhas homozigotas com características de frutos comerciais e resistentes ao oídio. Duas destas linhagens estão sendo trabalhadas através de indução de poliploidia, para obtenção de híbridos sem sementes (Souza et al., 1997). Borges (1997), utilizando a linha experimental 90-251, resultante do cruzamento de 85-030 com o parental suscetível, cv. Crimson Sweet, estudou a herança da resistência em condições de campo e de casa-de-vegetação, com inoculação artificial de oídio em todos os tratamentos. Concluiu-se que a herança da resistência ao oídio é conferida por um gene dominante, onde na geração F2 se observou uma segregação de três resistentes para um suscetível. Epidemiologia da Didymella bryoniae (Auersw) Rehm e influência de fatores ambientais no desenvolvimento da doença Wiant (1945), Chiu (1948) e Chiu & Walker (1949) observaram que D. bryoniae cresce lentamente a 12o C, tendo como temperatura máxima de crescimento 36o C e ótima, entre 20 e 24oC. Hortic. bras., v. 17, sup., dez. 1999. Avaliação de resistência a Sphaerotheca fuliginea e a Didymella bryoniae em melancia. No entanto, o maior desenvolvimento da doença, causado por este fungo em plântulas de melancia, ocorreu a 24oC, enquanto que em melão foi em torno de 16 a 20o C (Chiu & Walker, 1949). Arny & Rowe (1991), estudando o efeito da temperatura e duração do período da umidade na produção de esporos e infecção de pepino por D. bryoniae, verificaram que a infecção em folhas e pecíolos foi mais influenciada pela duração da umidade na superfície das plantas que pela temperatura. Svedelius & Unestan (1978) observaram que a umidade nas folhas era necessária para iniciar a infecção e que a persistência de 100% de umidade relativa era necessária para subsequente expansão das lesões. Van Steekelenburg (1985) mencionou que folhas de pepino raramente eram infectadas em 65% de umidade relativa, sendo a doença mais freqüente a 95%, e muito severa quando a superfície foliar estava sempre úmida. Uma hora de água livre nas folhas foi suficiente para a infecção. No entanto, a expansão das lesões exige maior persistência da umidade nas mesmas. Outros autores também destacaram a necessidade de condições de umidade relativa elevada, por 48 horas, após inoculação, para se obter infecção em melão, melancia e pepino (Sowell & Pointer, 1962; Sowell et al. 1966; Brown & Preece, 1968). O modo de penetração de D. bryoniae nos tecidos hospedeiros foi estudado por diversos autores, havendo, no entanto, discordância entre eles. Chiu & Walker (1949) mencionaram que a penetração nas folhas se dá diretamente ou através dos espaços intercelulares, ao redor da célula basal de um tricoma desgastado. No entanto, no caule e hipocótilo, a penetração ocorre, aparentemente, através de ferimento de lesões nos cotilédones e folhas. Craw & Decker (1956) relataram a ocorrência de infecção em fruto de melancia somente após ferimentos na casca. Schenck (1962) não observou penetração direta quando inoculou frutos de melancia, verificando que nestes, a penetração se dá através de ferimentos e estômatos. O autor concluiu que, provavelmente, a infecção natural por meio de ferimento tem maior importância do Hortic. bras., v. 17, sup., dez. 1999. que pelos estômatos. De acordo com Svedelius & Unestam (1978), a injúria mecânica facilita a invasão do fungo em folhas de pepino, devido à liberação de nutrientes das células afetadas, promovendo o crescimento do mesmo. Esses autores ainda afirmam que D. bryoniae é um parasita fraco, requerendo tecido senescente e condições especiais para invasão e infecção. Resistência ao Cancro das hastes em melancia Prasad & Norton (1967) afirmaram que um alto nível de resistência ao cancro das hastes era devido a um gene dominante, denominado Mc, sugerindo, também, que uma fonte com moderado grau de resistência tem um outro gene dominante independente, denominado Mc1. No entanto, Robinson et al. (1976) sugeriram a mudança para Mc2, porque a representação Mc1 indica um alelo do locus Mc. O controle do cancro das hastes com fungicidas tem se mostrado ineficiente, devido à necessidade de freqüentes aplicações, não tendo quase efeito sobre as infecções nos frutos, como, também, há relatos de resistência do patógeno a fungicidas (Malathrakis & Vabalounakis, 1983). Assim, o controle de doenças através de variedades resistentes se reveste de grande importância. Contudo, poucos trabalhos de resistência a D. bryoniae em melancia são relatados. Sowell & Pointer (1962) estudaram 439 acessos ou introduções da referida espécie e identificaram resistência ao patógeno (isolado CS-1, obtido de melão) no acesso PI 189225, justificando o seu uso como fonte de resistência. Norton & Cosper (1985) relataram que a descoberta das introduções PI 189225 e PI 271778, que foram resistentes ao cancro das hastes e à antracnose raça 2, determinou o início de um projeto de melhoramento de melancia em 1971. As fontes de resistência foram utilizadas em programas de retrocruzamentos com as cultivares Jubilee e Crimson Sweet, resultando no lançamento de AU-Jubilant e AUProducer, respectivamente, em 1983. Estas duas cultivares mostraram resistência a D. bryoniae, Fusarium oxysporum f.sp. niveum e Colletotrichum lagenarium raça 2. Lhotsky et al. (l991) avaliaram espécies selvagens de Cucumis quanto à resistência a D. byoniae, utilizando uma escala de notas que considerava sintomas visíveis, leve e intenso amarelecimento ou lesões úmidas. Meer et al. (1978) consideraram que os sintomas nos cotilédones e pontos de crescimento não são bases consistentes de avaliação. Dusi et al. (1994) avaliaram genótipos de melão quanto à resistência a D. byoniae, 60 dias após a inoculação, vertendo a suspensão de esporos diretamente no solo, com base em uma escala de notas que considerava o surgimento de lesão encharcada no colo da planta. Dias et al. (1996) adotaram uma escala que possibilitou uma maior abrangência de reação das plantas inoculadas, permitindo uma melhor avaliação dos acessos de melancia a D. bryoniae em um curto espaço de tempo. METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO QUANTO À RESISTÊNCIA A SPHAEROTHECA FULIGINEA Os trabalhos desenvolvidos no Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Semi-Árido desde 1987, para avaliação de genótipos de melancia quanto à resistência ao oídio, são feitos em condições de casa-de-vegetação e a nível de campo. No primeiro caso, os isolados de oídio são obtidos, coletando-se o inóculo em plantios de cucurbitáceas muito infectados. Procede-se à identificação, que poderá ser feita de acordo com a metodologia descrita por Reifschneider et al. (1985), com a utilização de Eosina a 5 ppm para coloração dos conídios e observação da presença de corpos de fibrosina, característico da espécie S. fuliginea. O inóculo é multiplicado em plantas de melancia, cv. Charleston Gray, ou em Curcubita pepo cv. Caserta. A inoculação é feita aos 20 dias após a germinação, através de uma suspensão de conídios, em água destilada, à qual se adiciona o espalhante adesivo Tween 80 a 0,005%. A concentração dos esporos utilizada é em torno de 10 4 conídios/ml. Outra forma de inoculação nas plantas hospedeiras é espargir os esporos com pincel, diretamente sobre as folhas das plantas. Como 15 R. de C. S. Dias et al. o vento dissemina rapidamente os esporos, este método de inoculação, apesar de não muito uniforme, é de muita praticidade e eficácia. Em ambos os métodos, logo após a inoculação, as plantas são mantidas em câmara úmida, por 24 horas, formada por sacos plásticos transparentes e umedecidos internamente, tendo-se o cuidado de evitar a formação de lâmina de água sobre as folhas das plantas. S. fuliginea se desenvolve melhor sob condições secas do que sob condições úmidas. A baixa umidade favorece os processos de colonização, esporulação e dispersão dos conídios, enquanto as condições úmidas favorecem a infecção e sobrevivência dos esporos (Reuveni & Rotem, 1974). Portanto, as plantas, onde será multiplicado o inóculo, ou aquelas que serão avaliadas quanto à resistência, deverão ter o suprimento hídrico através de um sistema de irrigação localizado ou irrigadas por mangueiras no seu colo. A semeadura dos acessos de melancia a serem avaliados quanto à resistência ao oídio, é feita em bandejas de isopor, contendo substrato composto de cinzas vegetais e vermiculita, tratado com brometo de metila. As mudas são transplantadas aos doze dias após a semeadura, para sacos de polietileno, preenchidos com 10 litros de solo esterilizado com brometo de metila, ficando uma planta por saco. A inoculação dos genótipos é realizada de duas a três vezes consecutivas, a intervalos de cinco dias, conforme a metodologia descrita anteriormente, sendo a primeira no estádio de três a cinco folhas definitivas. São realizadas duas avaliações. A primeira leitura é feita sete dias após a última inoculação e a avaliação final, nas condições ambientais do Vale do São Francisco, em torno de 70 dias do plantio, isto é, na fase correspondente à primeira colheita, quando as plantas começam a entrar na fase de senescência. Duarte (1996), citando diversos autores, relata que o processo de infecção tem início nas folhas mais velhas, isto é, nas folhas mais baixas, enquanto as folhas jovens são mais resistentes. O microclima criado pela cobertura de folhas superiores pode, também, influen16 ciar no desenvolvimento das folhas mais velhas. Portanto, coleta-se duas folhas por planta, sendo uma das folhas mais velhas e a outra na altura mediana da planta, que são examinadas à lupa, sendo classificadas através de um método adaptado de Mc Kinney (BUREOU OF PLANT INDUSTRY, SOILS, AND AGRICULTURAL ENGINEERING. Division of Mycology and Disease Survey, 1950) em que as plantas são classificadas em uma das cinco notas, de ausência de oídio a severamente atacada (0,00; 0,75; 1,00; 2,00 e 3,00). Calculase, então, o Índice da Doença (ID) que varia de 0 a 100 [onde: 0 = altamente resistente e 100 = altamente suscetível; ID = (Nota x Frequência da Nota)100/ 3x total de folhas avaliadas]; a escala de notas utilizada varia de 0 a 3, onde 0 = 0 colônias (altamente resistente - AR); 0,75 = 1-30 colônias (resistente - R); 1 = 3160 colônias (moderadamente resistente MR); 2 = 61-90 colônias (suscetível - S); 3 = > 90 colônias (altamente suscetível AS) (Dias et al., no prelo). Na avaliação, as folhas da região basal (folhas mais velhas) são atentamente observadas nas duas faces, pois nelas existe a possibilidade de encontrar alguma colônia de oídio em plantas moderadamente resistentes. Segundo Sitterly (1978), em folhas de cutícula mais espessa, o patógeno requer maior energia para penetração, que ocorre mecânica e enzimaticamente. Além disso, as folhas superiores, que recebem maior incidência de luz e mais calor, causam aumento na respiração dos conídios, levando a uma exaustão dos nutrientes do patógeno. Como as condições ambientais do Vale do São Francisco são muito favoráveis ao oídio, a maioria das avaliações dos acessos e das progênies, visando selecionar plantas de melancia com resistência ao oídio (Sphaerotheca fuliginea) e com características agronômicas desejáveis, foram feitas em condições de campo, sob infecção natural e ausência de oidicida. A cv. Crimson Sweet é utilizada como controle suscetível, colocando-se duas bordas laterais e uma linha no centro do experimento. Citando-se como exemplo, no período de maio a setembro de 1996, na Estação Experimental de Bebedouro, município de Petrolina -PE, com o objetivo de selecionar plantas resistentes ao oídio e com características agronômicas desejáveis, avaliou-se 27 linhas de melancia, oriundas de dois e de três retrocruzamentos, a nível de campo, em condições de infecção natural e ausência de oidicida. Utilizou-se a cv. Crimson Sweet como controle suscetível e testemunha. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, com quatro repetições, e parcela útil de 36 m2 . Antes da primeira colheita, fez-se a última avaliação das linhas de melancia quanto à resistência ao oídio, calculando-se o ID, através da escala de notas, método adaptado de Mc Kinney (BUREOU OF PLANT INDUSTRY, SOILS, AND AGRICULTURAL ENGINEERING. Division of Mycology and Disease Survey, 1950) em que as plantas são classificadas em uma das cinco notas, descritas anteriormente, variando de 0 a 3, onde zero representa a ausência de sintomas e três a superfície foliar totalmente infectada. Verificou-se que os tratamentos diferiram estatisticamente da testemunha, pelo Teste de Tukey, quanto ao ID, à produtividade, ao brix, ao peso médio do fruto e à largura da casca. Observou-se que cv. Crimson Sweet e a linhagem 97.0214.001 (tratamento 22) foram altamente suscetíveis ao oídio (ID =100), enquanto, 22,2% das linhagens estavam segregando para o caráter e 74,07% tiveram reação de alta resistência (ID = 0), isto é, todas as plantas isentas de colônias de oídio (Tabela 1). Quanto ao rendimento, os tratamentos 25, 20, 16 e 26 foram, em média, 75% mais produtivos que a testemunha. Com exceção do tratamento 22, todas as linhagens superaram, no mínimo em 45,4%, a produtividade da cv. Crimson Sweet . O peso médio de fruto das linhagens variou de 9,4 a 5,7 kg , mas 96,3% apresentaram frutos com peso médio superior a 6 kg . Quanto ao teor de sólidos solúveis (oBrix), apenas três linhagens foram diferentes de Crimson Sweet (tratamentos 12, 13 e 23). O maior oBrix foi observado no tratamento 6 (12,650 ), sendo superior à testemunha em 1,30 . Destacaram-se entre as demais, as linhagens 97.0194.001, 97.0199.001, 97.0203.001, 97.0206.001e 97.0207.001, por reunirem as características de resistência ao oídio e boas características de Hortic. bras., v. 17, sup., dez. 1999. Avaliação de resistência a Sphaerotheca fuliginea e a Didymella bryoniae em melancia. Tabela 01. Índice do oídio (ID), produtividade, peso médio de frutos e o Brix de linhagens de melancia. Petrolina-PE, 1996. Tratamento1 1-Crimson Sweet Índice do Oídio (ID) 100,00 a 11.70b Peso Médiode Frutos (kg) 4.8b 11.35 e f g h 11.80 a b c d e f g 12.00 a b c d e f 12.27 a b c d e 12.57 a b Produtividade(t/ha) o Brix 2-97.0194.001 3-97.0195.001 4-97.0196.001 5-97.0197.001 0,00 e 35,83bcd 17,36 de 38,70 bc 38.20 ab 27.80 a b 32.40 a b 21.43 a b 7.7 ab 9.2 a 8.0 a b 7.1 a b 6-97.0198.001 7-97.0199.001 8-97.0200.001 9-97.0201.001 10-97.0202.001 44,05 b 0,00 e 19,25cde 0,00 e 0,00 e 24.30 27.70 28.40 35.30 36.90 7.7 8.1 7.7 6.5 7.7 11-97.0203.001 12-97.0204.001 13-97.0205.001 0,00 e 6,25 e 0,00 e 31.20 a b 32.70 a b 34.00 a b 7.6 a b 6.1 a b 5.7 a b 11.72 a b c d e f g 10.50 h i j 9.82 i j 14-97.0206.001 15-97.0207.001 16-97.0208.001 17-97.0209.001 18-97.0210.001 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 e e e e e 38.80 a b 36.80 a b 45.60 a 33.1 a b 41.10 a b 9.3 a 9.4 a 8.8 a 7.1 a b 7.5 a b 11.55 b c d e f g h 11.57 a b c d e f gh 11.15 f g h 11.17 f g h 10.92 f g h 19-97.0211.001 20-97.0212.001 0,00 e 0,00 e 42.10 a b 47.73 a 7.6 a b 7.6 a b 11.25 e f g h 10.97 f g h 21-97.0213.001 0,00 e 40.90 a b 7.8 a b 11.10 f g h 22-97.0214.001 23-97.0215.001 24-97.0216.001 25-97.0217.001 26-97.0218.001 100,00 a 0,00 e 0,00 e 0,00 e 0,00 e 17.50 a b 34.30 a b 44.00 a b 48.90 a 45.30 a 7.1 8.2 8.4 7.7 7.9 27-97.0219.001 28-97.0220.001 C.V. (%) 0,00 e 0,00 e 56,26 39.60 a b 34.4 a b 35,08 8.5 a b 9.4 a 18,52 1/ a a a a a b b b b b a a a a a a a a a a b b b b b b b b b b 12.65 a 12.35 a b c d 12.47 a b c 11.17 f g h 11.32 d e f g h 11.15 f g h 9.60 j 11.22 e f g h 11.40 c d e f g h 11.42 c d e f g h 10.90 g h i 11.50 b c d e f g h 3,54 Médias seguidas por mesma letra nas colunas não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo Teste de Tukey. fruto. Estas linhagens serão utilizadas nos trabalhos de obtenção de híbridos experimentais de melancia destinados ao mercado interno do Brasil. METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO QUANTO À RESISTÊNCIA A D. BRYONIAE Nos trabalhos realizados na Embrapa Semi-Árido, com o objetivo de selecionar acessos de melancia resistentes à podridão gomosa, tem-se utiliHortic. bras., v. 17, sup., dez. 1999. zado a metodologia descrita em Dias et al. (1996). As sementes dos acessos são semeadas em bandejas de isopor, contendo substrato composto de cinzas vegetais e vermiculita, tratado com brometo de metila. As mudas serão transplantadas aos doze dias, após a semeadura, para sacos de polietileno, preenchidos com 10 litros de solo esterilizado com brometo de metila, podendo ser colocadas até quatro plantas por saco. O isolado de D. bryoniae utilizado deve ser devidamente identificado e feito o teste de patogenicidade. Em câmara asséptica, efetua-se a transferência de estruturas do patógeno (picnídio e micélio), para placas de Petri, contendo batata-dextrose-ágar (BDA). Estas devem ser incubadas à temperatura de aproximadamente 25o C, em regime de luminosidade constante, sob luz negra, por dez dias. O inóculo deve consistir de uma suspensão de conidiósporos na concentração entre 105 e 106 conidiósporos/ml, à qual adiciona-se espalhante adesivo Tween 80 a 0,005%. A inoculação das plantas deve ser efetuada em torno de doze dias após o 17 R. de C. S. Dias et al. Tabela 2. Classificação dos acessos de melancia, de acordo com a reação à D. bryoniae. Acesso PE11 PE12 PI 189225 BA5 Controle não inoculado) Severidade (nota)1 2,62 2,81 2,41 2,75 1,00 Nível de Resistência2 MR** MR** R** MR** Acesso BA6 BA19 MA7 C.SWEET Severida de (nota)1 2,87 3,03 2,69 4,41 Nível de Resistência2 MR** MR** MR** S Fonte: Dias et al. (1996); (1) Médias de 32 plantas ;(2) Resistente (R); Medianamente Resistente (MR); Suscetível (S). *Diferente significativamente a nível de 5% pelo contraste ortogonal entre a testemunha suscetível (cv. Crimson Sweet) e o acesso. **Diferente significativamente a nível de 1% pelo contraste ortogonal entre a testemunha suscetível (cv. Crimson Sweet) e o acesso. semeio, através de pulverização da parte aérea das plantas, no estádio da emissão da primeira folha verdadeira, após a realização dos ferimentos na região do colo, cotilédones e folhas definitivas. Após a inoculação, as plantas devem ser mantidas por 48 horas em câmara úmida, formada por sacos plásticos transparentes e umedecidos internamente. As plantas utilizadas como controle, para cada acesso, têm o mesmo tratamento das plantas inoculadas, sendo o inóculo substituído por água destilada e esterilizada mais Tween 80 na mesma concentração. A avaliação da resistência dos acessos de melancia é realizada aos sete dias após a inoculação, através de uma escala de notas, adaptada de Sowell & Pointer (1962) e Van Steekelenburg (1985), variando de 1 a 5, onde: 1 - ausência de sintomas visíveis (altamente resistente - AR); 2 - manchas pequenas, raras, de contorno bem delimitado e que não evoluem para necrose nas folhas jovens; nenhum escurecimento na região do colo (resistente - R); 3 - leve queima dos bordos dos cotilédones, suave malformação foliar e leve escurecimento na região do colo (medianamente resistente - MR); 4 - necrose dos cotilédones, malformação foliar, colo com acentuado escurecimento ou hiperplasia e início de fendilhamento; plantas com poucas chances de sobrevivência (suscetível - S); 5 - necrose severa dos cotilédones e das folhas jovens, acentuado fendilhamento no colo, incluindo morte da planta (altamente suscetivel - AS). Para a média das notas, é utilizada a seguinte faixa de variação: AR = 1; R = > 1 até 2,5; MR = 2,6 até 3,5; S = 3,6 até 4,5; AS = > 4,5 (Dias, 1993). 18 Na Tabela 2, estão expressos os resultados de um experimento relatado em Dias et al. (1996), que mostra o desempenho das principais fontes de resistência a D. bryoniae do Banco de Germoplasma de Cucurbitáceas para o Nordeste brasileiro da Embrapa SemiÁrido. Finalmente, os resultados obtidos nos experimentos de avaliação de acessos de melancia mostram a possibilidade de se avaliar um grande número de acessos com boa representatividade e, assim, selecionar genótipos mais promissores quanto à resistência a D. bryoniae no estádio juvenil, levando para o campo as plantas selecionadas. Tal metodologia tem sido de grande utilidade em trabalhos de transferência da referida resistência para cultivares comerciais, bem como na avaliação das gerações segregantes visando selecionar plantas resistentes. A avaliação de plantas para resistência a doenças requer o conhecimento profundo do hospedeiro e do patógeno. A resistência ou suscetibilidade de uma planta é sua maior ou menor resposta ao patógeno, avaliada sob condições epifitóticas, além de um suficiente período de tempo para descobrir os limites verdadeiros de sua reação. Escapes de doenças podem ser desastrosos em programas que desejam detectar e avaliar comparativamente níveis de resistência entre plantas de uma população. LITERATURA CITADA ARAÚJO, J.P. de; SOUZA, R. de C.; QUEIRÓZ, M.A. de; CANDEIA, J. de A. Avaliação de germoplasma de melancia em Petrolina-PE, visando resistência ao oídio (Sphaerotheca fuliginea ). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 27, 1987, Curitiba. Anais...Curitiba: SOB, 1987. p. 48. ARNY, C.J.; ROWE, R.C. Effects of temperature and duration of surface wetness on spore production and infection of cucumbers by Didymella bryoniae. Phytopathology, v. 81, n. 2, p. 206-209, 1991. ASSIS, J.G. de A. 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Lima; Manoel Abílio de Queiróz; Rita de Cássia Souza Dias Embrapa Semi-Árido C.Postal 23 CEP 56.300-000 Petrolina-PE. Palavras-chave: Citrullus lanatus, melhoramento, caracterização, PSRV-w, WMV-2. Keywords: Citrullus lanatus, breeding, characterisation, PSRV-w, WMV-2. VIROSES EM CUCURBITÁCEAS E ntre as doenças que infectam plantas da família Cucurbitaceae, aquelas causadas por vírus são complexas e podem ser bastante destrutivas. A incidência e a severidade destas doenças podem variar segundo a relação patógeno x hospedeiro x vetor e sua interação com as condições ambientais (Provvidenti, 1996). Cerca de 50 vírus já foram relatados em Cucurbitáceas, entretanto, apenas 25 infectam naturalmente plantas desta família. No Brasil, até 1991, sete viroses haviam sido registradas infectando Cucurbitáceas: mancha anelar do mamoeiro - estirpe melancia (Papaya ringspot virus – type watermelon, PRSV-w), mosaico da melancia 2 (Watermelon mosaic virus 2 - WMV-2), mosaico do pepino (Cucumber mosaic virus - CMV), mosaico da abóbora (Squash mosaic virus - SqMV), mosaico amarelo da abobrinha-de-moita (Zucchini yellow mosaic virus – ZYMV), vírus da clorose letal da abobrinha (Zucchini lethal chlorotic virus - ZLCV) (Kurosawa & Pavan, 1997) e uma estirpe do vírus do viracabeça do tomateiro (Tomato spotted wilt virus - TSWV). Entre estes, PRSVw, CMV, ZYMV, SqMV e WMV-2 constituem o grupo de vírus mais importante para espécies desta família (Lin et al., 1974; 1980; Lima & Vieira, 1992; Cupertino et al.,1988; Pavan et al., 1989; Zambolin et al., 1989; Dusi et al., 1990). O PRSV-w é o vírus relatado com maior freqüência, encontrando-se amplamente distribuído em todo o mundo, sendo mais comum em áreas tropicais e 20 subtropicais, entretanto, pode causar epidemias ocasionais em regiões temperadas. No Brasil, este é o vírus de maior ocorrência e importância econômica em Cucurbitáceas (Zambolim & Dusi, 1995). O vírus pertence ao grupo Potyvirus, sendo constituído por partículas flexuosas, em bastão, medindo cerca de 780 x 12 nm, contendo uma fita simples de RNA (Provvidenti, 1996). O PRSV-w pode ser encontrado em associação com outros vírus como WMV-2, ZYMV e CMV (Provvidenti, 1996). O seu círculo de hospedeiras é restrito às Cucurbitáceas, infectando 40 espécies em 11 gêneros, além de duas espécies da família Chenopodiaceae, com abóbora, melancia, pepino e melão entre as hospedeiras economicamente mais importantes. O PRSV-w é transmitido de maneira não persistente por afídeos, 24 espécies em 15 gêneros (Purcifull et al., 1982) e mecanicamente, entretanto, não há evidências de transmissão via sementes. As espécies mais suscetíveis de Cucurbitáceas respondem à infecção por PRSV-w com sintomas foliares característicos e severo enfezamento. Os sintomas nas folhas de plantas infectadas são de severo mosaico, malformação, rugosidade, embolhamento, distorção e estreitamento da lâmina foliar, ficando reduzidas às nervuras principais. Plantas severamente atacadas não frutificam ou produzem frutos deformados. Em plantas de melancia infectadas, o PRSVw pode também causar encurtamento da rama principal e das ramas laterais, redução do tamanho de folhas e do número e peso de frutos. Perdas na produção devido às viroses ocorrem em plantas infectadas em quaisquer estádios de desenvolvimento, entretanto, os prejuízos são maiores quanto mais cedo as plantas forem infectadas. Demski & Chalkey (1974) observaram perdas de 19% (infecção tardia) a 73% (infecção precoce). Com relação aos outros vírus, SqMV é menos importante que PRSV-w, CMV e WMV-2, já tendo sido relatado no Distrito Federal, São Paulo e em Estados das regiões Norte e Nordeste, sendo disseminado através de sementes infectadas. Esta virose é mais importante em abóbora e melão, embora, seja encontrado infectando plantas de melancia. O ZYMV é uma virose de grande importância econômica, registrada em 1992, nas culturas da melancia e do pepino, em São Paulo e no Estado de Santa Catarina, respectivamente. O WMV-2 foi primeiro relatado em abobrinha, em 1985, em Campinas, São Paulo, entretanto, este vírus pode infectar a maioria das espécies de Cucurbitáceas e muitas espécies de Leguminosas. Embora seja bastante comum em regiões temperadas, pode ocorrer também em regiões tropicais (Kurosawa & Pavan, 1997). Viroses em melancia no Submédio São Francisco O Submédio do Vale São Francisco, abrangendo parte dos Estados da Bahia e Pernambuco, devido às suas condições climáticas favoráveis, aliadas à irrigação, possui grande potencial para a produção de melancia, terceira hortaliça mais comercializada no Brasil. Embora os Estados do Centro-Sul, como Goiás, São Paulo e Rio Grande do Sul sejam grandes produtores, o cultivo de melancia expandiu-se nos Estados da Bahia, Minas Gerais e Pernambuco, com índiHortic. bras., v. 17, sup., dez. 1999. Avaliação de germoplasma de melancia a viroses no Submédio do vale São Francisco. ces de cerca de 20% no final da década de 80, início da década de 90 (Makishima, 1991). No Brasil, a área plantada com melancia em 1994 foi de 72.726 ha, dos quais 14.619 ha nos Estados da Bahia e Pernambuco. Neste mesmo ano, a produção nacional foi de 149.321 t e para aqueles dois estados, 33.777 t (IBGE, 1996). As condições climáticas do Submédio São Francisco são também propícias ao surgimento de problemas fitossanitários, principalmente aqueles relacionados a pragas. Neste contexto, apesar da mosca branca (Bemisia sp.) detectada na região no final de 1995 (Haji et al.,1997), as viroses transmitidas por afídeos-vetores e relatadas em Cucurbitáceas no Submédio São Francisco desde 1984 (Ávila et al., 1984; Dusi et al., 1991; Lima et al., 1997), constituem-se em um dos principais problemas fitossanitários de plantas desta família, sendo responsável por perdas significativas na produção. Dentre as viroses, o PRSV-w tem ocorrido com maior freqüência, constituindo-se em fator limitante ao cultivo de Cucurbitáceas, destacando-se a melancia como uma das hospedeiras economicamente mais importantes. Em áreas de Projetos de Irrigação do Submédio São Francisco, o PRSV-w tem causado perdas drásticas na produção, onde temse observado perdas de até 100% em algumas áreas, principalmente quando a infecção ocorre na fase inicial de desenvolvimento das plantas. Em levantamento de viroses realizado na cultura da melancia no Submédio São Francisco, amostras, exibindo sintomas típicos de vírus, foram coletadas em plantios dos Projetos de Irrigação Senador Nilo Coelho, Maniçoba, Tourão e do Projeto Bebedouro e analisadas em ELISA-indireto, contra os antissoros de PRSV-w, WMV-2, SqMV e CMV (Lima et al., 1997). Os resultados indicaram a predominância de PRSV-w em melancia, tendo sido identificado em 132 (49,1%) das 269 amostras analisadas. O WMV-2 foi detectado em 35 amostras (13%); CMV em apenas 5 (1,9%) e SqMV não foi detectado em nenhuma das amostras analisadas. A alta incidência de viroses em melancia em regiões como o Submédio São Hortic. bras., v. 17, sup., dez. 1999. Francisco, onde perdas na produção tem sido freqüentes e significativas deve-se a diversos fatores tais como: a alta eficiência de afídeos-vetores na disseminação destas viroses e ao modo de transmissão, de maneira não-persistente; à sobrevivência de afídeos, que são polífagos, em outras plantas hospedeiras; à falta de cultivares resistentes e ao amplo cultivo de ‘Crimson Sweet’, suscetível a viroses; às condições climáticas da região, favoráveis à manutenção de populações do vetor em campo, sem interrupção do seu ciclo de vida; às condições de cultivo de melancia no Submédio São Francisco, em áreas adjacentes e às vezes em plantios sucessivos; à não eliminação de restos culturais ao final da colheita ou a presença de plantas daninhas dentro e nas proximidades da área cultivada, o que favorece a sobrevivência de afídeos-vetores e também à baixa eficiência do controle químico dos insetos-vetores, mesmo com a utilização de inseticidas sistêmicos, considerando que os afídeos, na grande maioria dos casos, já têm inoculado o vírus nas plantas, antes que possam sofrer a ação dos inseticidas. Entretanto, a melhor e a mais eficiente forma de controle destas viroses é evitar a infecção através da incorporação de resistência genética em cultivares comerciais, considerando que aquelas disponíveis no mercado são suscetíveis. Estudos de avaliação de germoplasma de melancia a viroses têm exibido resultados promissores com a identificação de alguns materiais resistentes (Sowll & Demski, 1969; Hojo et al., 1990; Gillaspie et al., 1993; Azevedo et al., 1998). Gillaspie et al. (1993) avaliaram 670 acessos de Citrullus ao WMV-2, em campo e em casa de vegetação, identificando nove acessos de C. lanatus resistentes e cinco acessos de C. colocynthis com algum nível de resistência a esta virose. Azevedo et al. (1998) identificaram a introdução PI 595201 como o material mais promissor, tendo apresentado um bom nível de tolerância ao PRSV-w. Hojo et al. (1990) avaliaram vinte cultivares e híbridos de melancia ao PRSVw. Entretanto apenas uma introdução selvagem da África, BT 8501, mostrou algum nível de tolerância ao vírus, sendo considerada uma fonte promissora, no caso da incorporação de tolerância em cultivares comerciais (Kurosawa & Pavan, 1997). Avaliação de germoplasma de melancia na Embrapa Semi-Árido Como parte do Programa de Melhoramento de Cucurbitáceas da Embrapa Semi-Árido, Petrolina-PE, acessos de melancia, provenientes dos Estados da Bahia, Maranhão e Pernambuco e pertencentes ao Banco Ativo de Germoplasma de Cucurbitáceas, têm sido avaliados ao PRSV-w (Araújo & Souza, 1988; Araújo et al., 1989) e WMV-2 (Lima et al., 1998). Estas pesquisas visam identificar fontes de resistência a estes vírus para que possam ser utilizadas em Programas de Melhoramento de Cucurbitáceas no desenvolvimento de cultivares resistentes com a incorporação de genes de resistência/ tolerância em cultivares comerciais. Araújo & Souza (1988) avaliaram a resistência de 28 introduções de melancia ao PRSV-w e selecionaram um acesso coletado em Ouricuri-PE, como tolerante ao vírus. A partir de cruzamentos entre o acesso ‘Ouricuri’ e ‘Charleston Gray’ (Araújo et al., 1989) estes pesquisadores obtiveram diversas linhagens, das quais ’88-127' foi considerada tolerante ao vírus, porém o trabalho foi descontinuado. O WMV-2 tem sido detectado em Cucurbitáceas em diferentes estados (Sá et al., 1988; Dusi et al., 1991), o que indica a sua expansão no Brasil. Lima et al. (1998) avaliaram a resistência de setenta e sete acessos de melancia (Citrullus lanatus) ao WMV-2, em casade-vegetação telada (anti-afídeos). A inoculação mecânica foi realizada em duas etapas, sendo a primeira no estádio cotiledonar, dez dias após o plantio das sementes e a segunda na primeira folha verdadeira, quatro dias após a primeira inoculação. A cv. Crimson Sweet foi o padrão suscetível ao vírus. A avaliação, trinta dias após a primeira inoculação, foi feita segundo escala de notas (Hojo & Pavan, 1990) onde: 1=ausência de sintomas; 2=clareamento de nervuras e/ou mosqueado; 3=mosaico sem embolhamento e/ou deformação foliar e 4=mosaico severo com embolhamento. Sete dias após a primeira inoculação, sintomas como 21 M.F. Lima et al. mosqueado, clareamento de nervuras e pontos cloróticos já eram facilmente visíveis. Aos trinta dias observaram-se sintomas típicos do WMV-2, com mosaico severo, malformação, retorcimento, embolhamento e redução da lâmina foliar. Todos os acessos testados foram suscetíveis ao WMV-2, sem diferença significativa da testemunha ‘Crimson Sweet’, apresentando notas que variaram de 2,9 a 4,0. Entretanto, observou-se variação com relação aos sintomas entre plantas dentro de um mesmo acesso. As plantas dos acessos avaliados, distribuíram-se da seguinte forma, com relação à escala de notas utilizada na avaliação: 1=2 plantas (0,15%); 2=17 (1,15%); 3=187 (12,47%); 4=1.293 (86,25%). Os mesmos acesso serão avaliados para PRSVw e WMV-2. A avaliação de acessos de melancia continua, considerando que fontes de resistência ao WMV-2 ainda não foram identificadas, além de haver disponibilidade de um grande número de acessos e gerações segregantes que compõem o BAG da Embrapa SemiÁrido que ainda não foram avaliados. LITERATURA CITADA ARAÚJO, J.P.; SOUSA, R. de C. Avaliação de germoplasma de melancia com provável resistência mecânica ao vírus WMV-I em Petrolina (PE). Horticultura Brasileira, Brasília, v. 6, p. 45, 1988. ARAÚJO, J.P.; SOUSA, R. de C.; QUEIRÓZ, M.A.; PESSOA, H.B.S.V. Avaliação de linhagens e germoplasma de melancia visando resistência ao vírus WMV-I. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 7, p. 41, 1989. 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N as últimas décadas o esforço dedicado aos recursos genéticos, inicialmente, quase que exclusivamente à coleta de acessos em muitas espécies vegetais, começa a se deslocar para as fases de conhecimento do material coletado como a caracterização. Isto porque, para um número expressivo de espécies já se dispõe no mundo, de cerca de dois milhões de amostras nas coleções sendo conservadas. No entanto, a sua utilização está muito aquém do esperado (Peeters & Williams, 1984; Nass et al., 1993). A modesta utilização do germoplasma conservado está associada a vários fatores, sendo que a falta de informações sobre os acessos conservados é uma delas (Peeters & Williams, 1984). A coleta de acessos de melancia no Nordeste do Brasil teve início em 1985, quando foram realizadas visitas a áreas de produtores em Petrolina-PE e a alguns municípios vizinhos, ou colhidos frutos das plantas que vegetavam espontaneamente nas Estações Experimentais da Embrapa, no município de Petrolina - PE (Queiróz et al., s.d.). A partir de 1991 foram intensificadas as coletas de acessos de melancia em diversos municípios do Nordeste brasileiro (Queiróz, 1992; Ramos & Queiróz, 1992; Queiróz, 1994; Costa, 1992; Moura & Queiróz, 1997). Tendo em vista que, muitas vezes, o número de sementes coletadas era reduzido, houve a necessidade inicial de multiplicação das amostras conseguidas. Hortic. bras., v. 17, sup., dez. 1999. Primeiro experimento Considerando-se que não havia descritores para serem usados na caracterização das amostras de melancia, o primeiro passo foi o estabelecimento de uma lista preliminar contendo 20 descritores qualitativos e quantitativos com base no conhecimento de caracteres morfológicos variáveis observados em campo nos experimentos de multiplicação, registros na literatura e adaptação das listas de descritores dos gêneros Cucurbita e Cucumis (Romão et al., s.d.; Esquinas-Alcazar & Gulick, 1983; Henderson, 1992). A lista preliminar continha 20 descritores qualitativos e quantitativos e seis dados de manutenção (Romão et al., s.d.). Utilizando esta lista, 25 acessos, sendo quatorze da região de IrecêBA e onze da região de Pastos Bons-MA, foram colocados em campo utilizandose quinze plantas por parcela, em fileira única no espaçamento de 3,0 m entre fila e 0,8 m entre planta. O experimento instalado na Estação Experimental de Bebedouro, Petrolina-PE, foi irrigado por sulcos de infiltração. Os demais tratos culturais foram aqueles adotados para a cultura da melancia irrigada. O resultado obtido no experimento mostrou uma grande variabilidade para os caracteres quantitativos entre as amostras estudadas, pois o número de frutos por planta variou de 1,2 a 7,7; o peso médio de fruto, de 1,4 a 8,4 kg; o número de sementes por fruto, de 203 a 870; o comprimento do fruto, de 15,7 a 41,5 cm e o diâmetro do fruto, de 13,8 a 20,2 cm. Para os caracteres qualitativos, observou-se variação na cor externa do fruto e na cor da polpa. Com o aumento do número de acessos conservados no BAG e com base nos resultados do primeiro experimento de melancia surgiram várias questões, como: magnitude da variabilidade existente entre os acessos de melancia coletados; se os acessos coletados faziam parte de um mesmo conjunto de variabilidade ou a variabilidade encontrada seguia um padrão regional; como realizar a caracterização de todos os acessos do BAG, e, quais seriam os principais descritores responsáveis pela maior discriminação entre os acessos de melancia existentes. Para responder a estas questões, se delineou um outro experimento, com adequação do número de tratamentos e repetições bem como da origem dos tratamentos, tendo-se escolhido acessos provenientes de três regiões distintas. Segundo experimento Foram estudadas 39 populações de melancia (Citrullus lanatus) provenientes da região de Irecê-BA, Pastos BonsMA e Petrolina-PE. Foram utilizadas treze populações por região. Estas regiões são bastante isoladas pela distância e apresentam condições climáticas bem diferenciadas (Romão, 1996). O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso, com quatro repetições. A parcela experimental total foi constituída de uma linha com oito 23 R.L. Romão et al. plantas, num espaçamento de 3,0 m x 1,0 m, sendo a parcela útil de quatro plantas. A caracterização foi realizada com base nas seguintes categorias de descritores: a) descritores de plântula (avaliados ao nível de indivíduo); b) descritores vegetativos (avaliados ao nível de indivíduo); c) descritores de inflorescência (avaliados ao nível de indivíduo); d) descritores de fruto (dados tomados de um fruto maduro por planta), e) descritores de semente (avaliados de um fruto maduro por planta). Foram avaliados 26 descritores, sendo 18 quantitativos (1 - tamanho do cotilédone; 2 - comprimento do cotilédone; 3 - tamanho do limbo; 4 tamanho do pecíolo; 5 - comprimento do internó; 6 – número de ramos; 7 – diâmetro do caule; 8 - início do florescimento; 9 - distância da primeira flor feminina; 10 – comprimento do fruto; 11 – diâmetro do fruto; 12 - espessura da casca; 13- espessura da polpa; 14 - peso; 15 – ºBrix; 16 - número de sementes por fruto; 17 - peso de 50 sementes; 18 - tamanho da semente) e oito qualitativos (1 - formato do fruto; 2 cor externa predominante; 3 - padrão de casca; 4 -cor das listras; 5 - espessura das listras; 6 - textura de polpa; 7 - dureza da casca; 8 - cor de semente). Foram realizadas análises univariadas e multivariadas dos descritores quantitativos e estudada a freqüência dos descritores qualitativos. Observou-se que: a) existe grande variabilidade entre os acessos coletados; b) a variabilidade encontrada apresenta uma forte correlação com as regiões coletadas; c) existem diferenças de variabilidade tanto entre populações dentro de região quanto entre regiões. A partir da análise multivariada, utilizando dezessete descritores quantitativos, foi realizada a análise canônica discriminante e o resultado mostrou que os acesso são agrupados de acordo com as regiões, cada região compondo um grupo particular em variabilidade. Também utilizando análise multivariada se estudou a eliminação de descritores, para os acessos das regiões estudadas, utilizando-se como parâmetro a magnitude dos coeficientes canônicos pela variação dentro de grupos para indicar a retirada de variá24 veis selecionando aquelas com valores acima de |0,70| em pelo menos um dos coeficientes canônicos - CAN 1 e CAN 2. Utilizando esse procedimento foi possível reduzir de dezessete para nove o número de descritores para se estudar a divergência entre os grupos estudados (Romão, 1996). Os resultados obtidos até agora com a caracterização de germoplasma de melancia indicam alguns possíveis caminhos a seguir: 1 - O trabalho se inicia durante a multiplicação em campo que deverá ser feita sem repetições com fileiras de quinze plantas por parcela. Devido ao número grande de acessos a serem trabalhados e à limitação de área, não é possível a caracterização de acessos do BAG com um grande número de repetições. Entretanto, é fundamental que seja utilizado um procedimento em que se possa comparar as caracterizações realizadas umas com as outras. Para tanto é indicado que as caracterizações sejam realizadas utilizando, além dos acessos a serem caracterizados, dois materiais comerciais por experimento. Os mesmos materiais comerciais devem ser repetidos a cada experimento. Estes fornecem parâmetros de comparação entre as diferentes caracterizações e, desse modo, possibilitam a análise desses experimentos utilizando-se a metodologia desenvolvida por Federer (1956) e Federer (1957) que possibilita a obtenção de informações básicas sobre os acessos de forma rápida; 2 - Uma vez identificadas as características gerais de um acesso, os melhoristas poderão realizar avaliações aprofundadas para identificação de características específicas que exigem metodologia apropriada para cada objetivo. Por exemplo, resistência a doenças, resistência a estresses abióticos e divergência genética entre outros; 3 – É possível o descarte de descritores utilizando a Análise de Componentes Principais; 4 – Depois de realizada a caracterização dos acessos do BAG e com base nos dados obtidos, também é possível a identificação de agrupamentos entre os acessos, o que poderá ser utilizado tanto pelos melhoristas, para identificação de grupos divergentes que poderão ser utilizados na obtenção de híbridos, quanto pelos curadores de BAGs, na identificação de acessos duplicados e, ainda, na organização de uma coleção nuclear que reúna o máximo de variabilidade com o menor número de acessos. LITERATURA CITADA COSTA, M.S.V. Relatório de viagem para coleta de germoplasma de cucurbitáceas na Chapada Diamantina, BA. Petrolina, PE, 1992. 15 p. ESQUINAS-ALCAZAR, J.T.; GULICK, P.J. Genetic resources of Cucurbitaceae . Rome: IBPGR, 1983. 101 p.(IBPGR-82/84). FEDERER, W.T. Augmented (or hoonuiaku) designs. 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Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17 p. 25-29, 1999. Palestra. Suplemento. Situação atual e prioridades do Banco Ativo de germoplasma (BAG) de cucurbitáceas do Nordeste brasileiro. Currently situation and priorities of germplasm bank of cucurbits in Northeast of Brazil. Manoel A. de Queiróz 1; Semíramis R.R. Ramos 1; Maria da Cruz C.L. Moura 2; Márcio S.V. Costa 1; Magnólia A.S. da Silva1. 1/ Embrapa Semi-Árido, C. Postal, 23, 56300-000, Petrolina – PE; 2/ Universidade Estadual do Maranhão, C. Postal , São Luís-MA. Palavras-chave: Cucumis melo, Citrullus lanatus, Cucurbita spp. Keywords: Cucumis melo, Citrullus lanatus, Cucurbita spp. Cucurbitáceas no Nordeste brasileiro família das cucurbitáceas contem espécies de importância para o Nordeste brasileiro, seja pela expressão de cultivos comerciais, seja pela diversidade de tipos encontrados. Os cultivos comerciais normalmente são irrigados e conduzidos com uso intenso de agroquímicos e práticas culturais precisas, visando produzir frutos para os mercados externo e interno. O cultivo de maior expressão é o de melão (Cucumis melo), seguido pela melancia (Citrullus lanatus) e jerimum (Cucurbita moschata), cujas cadeias produtivas consideradas no conjunto poderão somar um bilhão de reais por ano, uma vez que a do melão está estimada em cerca de R$ 650 milhões (Dias et al., 1998). Os genótipos utilizados nos cultivos são poucos, foram introduzidos nas últimas décadas e melhorados para condições diferentes daquelas prevalecentes no Nordeste do Brasil, especialmente no semi-árido irrigado. Devido à reduzida variabilidade genética, apresentam, ainda, suscetibilidade a algumas doenças das cucurbitáceas como o oídio (Sphaeroteca fuliginea), micosferela (Didymella bryoniae), murcha de fusário A Hortic. bras., v. 17, sup., dez. 1999. (Fusarium oxysporum f.sp. niveum) e aos vírus PRSV-w e WMV-2. Por outro lado, na agricultura tradicional da região, destacam-se os cultivos de melancia comum (Citrullus lanatus) e forrageira (C. colocynthis var. citroides), os jerimuns (C. moschata e C. maxima), o maxixe (Cucumis anguria) e o melão (Cucumis melo). Em pequena escala, há cultivo de algumas plantas de cabaça (Lagenaria siceraria) ao redor das residências dos agricultores. Os genótipos disponíveis são muitos e apresentam uma grande variabilidade entre si (Queiróz, 1993; Romão, 1996; Dias, 1993; Ferreira, 1996; Ramos; 1996). As espécies do gênero Citrullus e Cucumis foram aqui introduzidas da África há muitos anos (Whitaker & Davis, 1962) tendo sido a costa nordestina local de várias introduções africanas (Romão, 1996). O sistema de produção destas espécies é geralmente consorciado com diferentes culturas alimentares, com áreas variando, por família, de poucas plantas até cultivos comerciais (Queiroz et al., 1993; Queiroz et al., 1994; Silva, 1994; Moura & Queiroz, 1997). As sementes utilizadas para o plantio são provenientes dos próprios campos ou do intercâmbio entre agricultores, em um sistema de manejo próprio de cada família (Queiróz, 1993; Queiróz et al., 1993; Romão, 1996). Em contraposição com os cultivos irrigados, o cultivo das espécies, na agricultura tradicional, é praticado na quase ausência absoluta de agroquímicos. Entretanto, apesar da existência de grande variabilidade genética nos cultivos de espécies de cucurbitáceas na agricultura tradicional, observa-se que existem riscos reais de perda desta variabilidade devido à introdução de cultivares melhoradas, especialmente melancias, e ao abandono do cultivo pelos pequenos produtores, seja pelas perdas dos cultivos nas secas prolongadas seja pelo êxodo rural motivado por várias causas (Queiróz, 1992; Queiróz, 1993). Por esta razão, decidiu-se formar um banco de germoplasma de cucurbitáceas para o Nordeste brasileiro, com os seguintes objetivos: ampliação da variabilidade genética de cucurbitáceas através da coleta de amostras de frutos ou sementes das populações locais e da introdução de acessos de melancia com variabilidade genética específica como cor vermelho intenso da polpa, resistência à murcha de fusariose, ao cancro das 25 M.A.de Queiróz et al. hastes (Didymella bryoniae), ao vírus WMV-2 além de acessos precoces e de frutos pequenos; multiplicação dos acessos coletados; caracterização morfológica dos acessos de Cucurbita moschata e Cucumis sp. coletados na região Nordeste; estabelecimento da lista de descritores para Citrullus lanatus; identificação de caracteres de interesse para o melhoramento através da avaliação preliminar e aprofundada dos acessos; avaliação dos acessos de melancia e jerimuns quanto à resistência aos principais estresses bióticos (oídio, micosferela, viroses, antracnose e murcha de fusariose); estabelecimento de amostras representativas dos acessos coletados visando preservação a longo prazo. Fases de estudos no BAG de cucurbitáceas do Nordeste brasileiro As atividades do banco de germoplasma começaram, de modo muito incipiente, nos anos de 1985 com a coleta de algumas amostras de melancia em Petrolina e municípios vizinhos (Queiróz, 1993). A partir de 1991 os trabalhos se intensificaram, não somente com coletas sistematizadas, bem como com o estudo das demais fases que caracterizam um banco de germoplasma vegetal, a saber: além da coleta na agricultura tradicional, multiplicação e avaliação preliminar, caracterização morfológica, preservação e avaliação aprofundada. Foram adotadas estratégias distintas para o desenvolvimento das diversas fases. Por exemplo, para as coletas de amostras de sementes e frutos na agricultura tradicional, contou-se com a experiência dos técnicos da assistência técnica, professores e pesquisadores com vivência nos locais escolhidos, para orientarem os itinerários de coleta (áreas de expressão de cultivo, feiras livres locais, entre outros), bem como fazer os primeiros contatos com os agricultores. Para os estudos de caracterização morfológica e avaliação aprofundada foram feitas parcerias com centros de pós-graduação do país, de modo que fossem desenvolvidas teses de mestrado sobre os diversos temas de interesse do banco de germoplasma. Assim, foram desenvolvidos estudos de caracterização morfológica e citológica em parceria com o Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais, o Departamento de Fitotecnia da UNESP - Jaboticabal e o Departamento de Genética da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, ambas em São Paulo. Os estudos de avaliação aprofundada foram realizados em parceria com o Departamento de Fitossanidade da Universidade Federal Rural de Pernambuco, o Departamento de Fitotecnia da UNESP - Jaboticabal, São Paulo e o Departamento de Biologia da Universidade Federal de Pernambuco. Principais atividades realizadas no NO BAG Coleta de acessos Os locais de coleta de acessos de cucurbitáceas foram selecionados a par- tir de informações sobre a importância sócio-econômica da produção de uma determinada espécie na agricultura tradicional. Entre 1985 e 1987 foram feitas várias expedições no município de Petrolina e municípios vizinhos, tendo-se coletado 42 amostras de melancia. A partir desse período, várias expedições foram realizadas, a saber: 1991 - expedições a vários municípios das regiões de Irecê - BA e de Pastos Bons - MA; 1992 - expedições às região de Jacobina - BA, Juazeiro - BA, Teresina - PI e Tacaimbó - PE; 1994 - expedição ao município de Maxaranguape - RN; 1995 a 1997 - várias expedições a municípios do estado do Maranhão; 1996 a 1997 - expedições às regiões de Paripiranga e Brumado, no Estado da Bahia. Até o momento foram feitas coletas em 33 municípios da Bahia, 30 municípios do Maranhão, doze municípios do Piauí e quatro municípios de Pernambuco e do Rio Grande do Norte. Ao longo dos doze anos foram resgatados 1527 acessos das diversas espécies de cucurbitáceas (Tabela 1). O número de plantas amostrado, em cada local, variou de acordo com as condições do local de coleta. Por exemplo, no caso do resgate de plantas espontâneas, a coleta foi feita a partir do fruto disponível de uma planta. Em áreas de cultivo, o número de plantas amostradas dependeu do número e da variabilidade apresentada pelas plantas e frutos, bem como da disponibilidade do agricultor Tabela 1. Número de acessos/1 no BAG de cucurbitáceas do Nordeste brasileiro. Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 1998. Anos 1985/87 1991 Número de acessos das diferentes espécies de cucurbitáceas C. moschata 220 C. maxima 69 C. lanatus 42 125 C. melo 23 C. anguria 38 L. siceraria 4 Total 42 479 1992 1993 1994 1995 109 01 02 90 40 51 17 245 03 38 07 03 18 17 - - 418 58 2 163 1996 1997 Total 85 36 543 7 8 192 28 91 572 16 36 103 43 39 107 6 10 185 180 1527 1/ Não estão incluídos os acessos que foram introduzidos dos EUA (fontes de resistência à micosferela, virus WMV-2) bem como os acessos constituídos por variedades comerciais e outros que constituem o “pool” gênico disponível no BAG. 26 Hortic. bras., v. 17, sup., dez. 1999. Situação atual e prioridades do Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de cucurbitáceas do Nordeste brasileiro. para doação ou venda dessas amostras. Em alguns casos, a coleta foi realizada em pontos de venda às margens das rodovias, em feiras livres ou por uma pequena amostra de sementes mantidas pelos agricultores para plantios posteriores. Multiplicação dos acessos coletados O número de frutos ou sementes obtidos por meio das coletas é limitado. Sendo assim, para compor a amostra a ser utilizada e/ou preservada no banco é necessário que esse número seja ampliado através de multiplicação do número de sementes. Dependendo da espécie, as multiplicações foram realizadas em campo ou em casa-de-vegetação telada. Normalmente, foram utilizados cerca de 25 a 30 acessos por experimento, com 20 plantas por acesso, tendo sido este número freqüentemente alterado em função da germinação das sementes disponíveis no acesso originalmente coletado. As polinizações foram controladas e dependendo da sincronia na antese das flores femininas e masculinas, realizou-se três tipos de cruzamentos, a saber: cruzamento em cadeia; cruzamento em cadeia alternada e autofecundação. Até o momento já foram multiplicados 290 acessos de Citrullus lanatus, 108 de Cucurbita moschata, dez de C. maxima, onze de Cucumis anguria e oito de Cucumis melo, perfazendo, no total, 427 acessos. Quando da condução dos experimentos com Citrullus lanatus, Cucumis anguria e Cucumis melo, verificou-se que quando conduzidos a campo, o pegamento de frutos foi ao redor de 20%, ao passo que em casa-de-vegetação telada, o pegamento foi ao redor de 95%. Tal dado demonstra que o número de polinizações controladas a serem feitas nos experimentos de campo, é cerca de cinco vezes maior, além da necessidade de mão-de-obra para se fazer o isolamento individual de flores masculinas e femininas. Por outro lado, na casa-devegetação telada, não foi necessário fazer a proteção individual das flores. Contudo, enfatiza-se a necessidade de verificar cuidadosamente a presença de insetos não tradicionais polinizadores de cucurbitáceas como moscas e formigas, os quais poderão polinizar as flores. Acrescenta-se, ainda, o fato de o amHortic. bras., v. 17, sup., dez. 1999. biente de cultivo estar bastante alterado, não permitindo a expressão de caracteres que sofrem influência do ambiente, como tamanho de frutos e prolificidade, entre outros. No caso específico da melancia, observou-se, também, que quando o acesso não é prolífico, após o pegamento do primeiro fruto, dificilmente se obtém um segundo. Nos experimentos de multiplicação, o número adequado de plantas, por acesso, para cada espécie, ainda não foi determinado, tendo implicações com a representatividade e composição da amostra final a ser preservada ou utilizada em programas de melhoramento. Estimava-se obter, no mínimo, um fruto polinizado por planta, na metodologia de cruzamento em cadeia. No entanto, devido a problemas diversos como ausência de sincronização em cadeia da antese de flores masculinas e femininas e índice elevado de aborto de frutos nos experimentos feitos a campo, durante os períodos de temperaturas elevadas, nem sempre foi possível obter o número mínimo de frutos provenientes da polinização em cadeia. Caracterização morfológica e avaliação aprofundada Até o momento já foram realizados quatro experimentos de campo para caracterizar morfologicamente acessos de Cucurbita moschata e Citrullus lanatus. No primeiro caso foram utilizados parte dos descritores recomendados por Esquinas-Alcazar & Gulick (1983) enquanto que para Citrullus lanatus, devido à inexistência de descritores específicos, foram utilizados descritores concebidos a partir de vários trabalhos existentes na literatura (Romão et al., 1994), bem como de experimentos preliminares conduzidos na Embrapa Semi-Árido. Também foram feitos estudos citológicos em um acesso de melancia coletado no município de Ouricuri-PE e que é utilizado para alimentação animal, constatando-se que do ponto de vista taxonômico o mesmo poderá ser designado de Citrullus lanatus var. citroides (Assis, 1994) o qual contem introgressão de caracteres de C. colocynthis . No tocante à avaliação aprofundada, foram avaliados acessos quanto à resistência ao oídio (Sphaeroteca fuliginea) (Araújo et al., 1987) e à micosferela (Didymella bryoniae) (Dias, 1993). Os resultados dos diversos experimentos serão relatados individualmente em trabalhos específicos. Preservação As atividades desenvolvidas na etapa de preservação objetivam o armazenamento, a médio prazo, dos acessos coletados ou introduzidos no banco, com as respectivas multiplicações, que estão armazenados em câmara fria a 10ºC e 40% da umidade relativa. Os acessos foram armazenados em caixas plásticas, tipo “Tupperware”, tendo sido contabilizado devidamente o número de suas sementes. Já foram desenvolvidas atividades com o objetivo de estudar a preservação da qualidade das sementes em diferentes tipos de embalagens e ambientes de armazenamento. Para tanto, foram realizados testes de teor de umidade, germinação, primeira contagem de germinação, condutividade elétrica, envelhecimento acelerado e emergência de plântulas em campo. No entanto, visando melhor conservação e monitoramento das sementes, será adotado um novo tipo de embalagem para armazenamento, que consiste em potes de vidros hipotérmicos. Será também utilizada uma fina camada de sílica gel, a qual será um indicador do controle da umidade das sementes. Para a preservação a longo prazo, pretende-se formar uma coleção de base com as diversas espécies multiplicadas e enviá-las ao Centro Nacional de Recursos Genéticos e Biotecnologia (CENARGEN) da Embrapa. Variabilidade genética encontrada Durante as fases de multiplicação e caracterização morfológica dos acessos, vários caracteres quantitativos e qualitativos de importância para o melhoramento de plantas foram observados. Os caracteres identificados em Citrullus lanatus foram: fontes de resistência ao oídio (Sphaeroteca fuliginea) e à micosferela (Didymella bryoniae); formato e coloração da folha; plantas prolíficas, precoces e com variação em vigor; formato e tamanho de frutos; teor de sólidos solúveis; tamanho, cor, peso e dormência de sementes; cor da polpa e cor externa do fruto. Os caracteres identificados em Cucurbita moschata foram: 27 M.A.de Queiróz et al. Tabela 2. Escala de notas 1/ para as principais atividades das espécies de cucurbitáceas existentes no Nordeste brasileiro. Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 1998 Espécie Avaliação Caracterização Caracterização DocumenColeta Introdução agronômorfológica molecular tação mica Importância Social Multiplicação Conservação Regional de Acessos Nacional Citrullus lanatus 1 3 1 1 1 2 1 1 1 1 Cucurbita maxima 1 3 1 1 2 2 1 2 1 1 Cucurbita moschata 1 3 1 1 1 2 1 2 1 1 Cucurbita pepo - - - - - - - - - Cucumis melo 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 Cucumis anguria 1 3 1 1 3 2 1 3 1 3 Cucumis sativus - - - - - - - - - Lagenaria siceraria 3 3 - - - 3 3 3 1 1 Luffa cylindrica 2 3 - - - 3 3 3 1 1 Sechium edule - - - - - - 2 3 - - 1 /: 1 - alta prioridade; 2 - média prioridade; 3 - baixa prioridade formato e coloração da folha; formato e tamanho dos frutos; cor e espessura da polpa; cor externa do fruto; teor de sólidos solúveis e matéria seca nos frutos. Os caracteres identificados em Cucumis anguria e C. melo foram os seguintes: tamanho e formato dos frutos, resistência ao oídio e teor de sólidos solúveis em C. melo e variações na distribuição e quantidade de espículos, tamanho e formato do fruto em C. anguria. As plantas que apresentaram caracteres importantes foram autofecundadas e as gerações segregantes foram trabalhadas em experimentos específicos, visando estudos pertinentes, em cada caso. Estudos adicionais são necessários para que tais caracteres sejam considerados em programas de melhoramento. Por exemplo, foi determinado o modo de herança do oídio em melancia (Borges, 1996), bem como foram realizados estudos de capacidades geral e específica de combinação em melancia (Ferreira, 1996). Paralelamente aos experimentos de multiplicação e caracterização morfológica do BAG, identifica-se caracteres de importância para o melhoramento. Essa etapa tem sido designada de avaliação preliminar e tem contribuído de forma significativa para o aumento do uso dos recursos genéticos das espécies do referido BAG. Esse procedimento, juntamente com os experimentos de avaliação aprofundada, permitiu o uso, 28 no caso da melancia, de 349 acessos. Considerando-se que o BAG tem 572 acessos de melancia (Tabela 1), o uso dos mesmos para fins de melhoramento poderá ser considerado como 61%. No caso de acessos do gênero Cucumis, o BAG tem 210 acessos e 74 foram utilizadas nos diversos experimentos (Silva,1997), o que representa 35% de uso dos acessos. Em ambas as situações, o uso é bem superior aos valores correntes da literatura para outras culturas (Peeters & Williams, 1984; Nass et al., 1993). Prioridades para o desenvolvimento de ações de pesquisa com recursos genéticos de cucurbitáceas no Nordeste do Brasil Os estudos desenvolvidos com melancia (Romão, 1996) e jerimum (Ramos, 1996) mostraram que a variabilidade genética encontrada nas populações de regiões distintas era relativamente diferente e, portanto, as coletas deveriam continuar a fim de se obter novos variantes, embora já se conte com um número razoável de acessos coletados e estudados. Apenas os estados do Maranhão e Bahia tiveram maior número de municípios cobertos pelas coletas. À medida que os estudos sobre os acessos coletados estão sendo realizados, observa-se que acessos importantes têm aparecido em locais distintos. Assim, para melancia, prolificidade foi encontrada num acesso proveniente de uma planta de vegetação espontânea na Fazenda de Produção de Sementes Básicas, Petrolina - PE, bem como em um acesso coletado no município de Itaguaçu - BA. Frutos redondos e pequenos foram encontrados em acessos de Petrolina - PE e de Itaguaçu - BA, sendo que nos mesmos acessos foram encontradas fontes de resistência a oídio (Sphaeroteca fuliginea). As características alto teor de açúcar e cor de polpa vermelha intensa foram encontradas em acessos coletados em São Luís - MA e Camamu - BA. Resistência a Didymella bryoniae foi encontrada em plantas de acessos coletados em Petrolina-PE e Pastos Bons - MA. Para este caráter, no entanto, observou-se uma maior freqüência de plantas resistentes provenientes das coletas realizadas no município de Pastos Bons - MA e municípios vizinhos do que nos acessos coletados nas regiões de Irecê e Catinga do Moura, na Bahia, ou Petrolina, em Pernambuco (Queiróz et al., 1994). Os autores sugerem que o ambiente úmido da área de Pastos Bons tenha favorecido a seleção natural de genótipos tolerantes a Didymella bryoniae. No entanto, a multiplicação dos acessos coletados tem sido bem abaixo do esperado, pois apenas um terço dos mesmos foram multiplicados. A caracterização morfológica também está bem abaixo do desejado, pois se dispõe apeHortic. bras., v. 17, sup., dez. 1999. Situação atual e prioridades do Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de cucurbitáceas do Nordeste brasileiro. nas de uma lista preliminar de descritores para melancia, necessitando-se confirmar a consistência dos descritores, especialmente daqueles que forem mais suscetíveis aos efeitos ambientais. Para jerimum, a análise da consistência dos descritores ainda não foi concluída. A avaliação aprofundada, embora já realizada para alguns caracteres como resistência a oídio e micosferela, ainda necessita ser exercitada para as viroses e fusariose, nas principais espécies cultivadas (Citrullus lanatus, Cucurbita moschata e Cucumis melo). À medida que novos estudos forem sendo efetuados, mais informações sobre o germoplasma de cucurbitáceas estarão disponíveis de modo a orientar as ações a serem executadas no futuro. Partindo-se do conhecimento geral sobre as diversas espécies de cucurbitáceas existentes no Nordeste do Brasil, pode-se visualizar quais as ações que deverão ser realizadas no futuro, atribuindo-se uma escala de prioridades (Tabela 2). LITERATURA CITADA ARAÚJO J.P. de; SOUZA, R. de C.; QUEIRÓZ, M.A. de; CANDEIA, J. de A. Avaliação de germoplasma de melancia, em Petrolina - PE, usando a resistência a oídio (Sphaerotheca fuliginea ). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 27., 1987, Curitiba. Resumos... Curitiba: SOB, 1987. ASSIS, J.G. de A. Estudos genéticos no gênero Citrullus. Jaboticabal: UNESP-FCAVJ, 1994. 98 p. (Tese mestrado). BORGES, R.M E. Estudo da herança ao oídio Sphaeroteca fuliginea (Schlecht. ex Fr.) Poll em melancia Citrullus lanatus (Thunb.) Mansf. Recife: UFPE 1996. 63 p. 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A importância da doença vem sendo acentuada pela gravidade de seus danos e incidência crescente. A necessidade de se identificar materiais resistentes a essa doença é de suma importância para programas de melhoramento visando obter variedades resistentes. Esse trabalho teve como objetivo descrever técnicas de avaliação rápida de germoplasma de abóboras e morangas através da inoculação do fungo Phytophthora capsici em plântulas e polpa de frutos de abóboras e morangas. Em campo as plântulas são inoculadas aos 14 dias após a semeadura, através da aplicação de um jato com o inóculo na forma de suspensão de zoósporos. Outra alternativa é a inoculação de plântulas em casa de vegetação, no estádio cotiledonar (10 dias) aplicando 3ml da suspensão de zoósporos no colo de cada plântula. Para a avaliação da resistência de frutos, o fungo (micélio e zoósporos) é inoculado na polpa juntamente com o meio de cultura. Pela rapidez e facilidade de execução, estes métodos permitem a avaliação de grande quantidade de genótipos, sendo ideal para uso em bancos de germoplasma. Os materiais identificados como resistentes podem ser multiplicados, reavaliados ou incluídos em programas de melhoramento. As variedades cultivadas de abóbora e moranga têm-se mostrado suscetíveis a Phytophothora capsici. Essa doença é de origem fúngica, de distribuição cosmopolita, afetando diversas culturas em regiões de clima tropical, subtropical e temperado (Chellemi & Sonoda, 1983). Em abóboras e morangas, 30 o patógeno causa podridão de frutos, além do tombamento em plântulas, podridão das raízes e do colo e lesões no caule. A doença pode surgir em qualquer estádio de desenvolvimento da planta (Cruz Filho & Pinto, 1982), sendo considerado fator limitante à produção de várias espécies cultivadas (Café Filho et al., 1995; Chupp & Sherf, 1960). É crescente a importância dessa doença pela gravidade dos danos que causa, sendo considerada uma das mais relevantes no cultivo de cucurbitáceas no Brasil, com registros de perdas em São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina e Distrito Federal (Cruz Filho & Pinto, 1982; Kuroda et al., 1984; Azevedo & Silva, 1986; Brune & Lopes, 1994). Esta doença ocorre principalmente durante o verão no Brasil Central, ou em regiões quentes e úmidas. Na Embrapa Hortaliças, a presença desta doença tem sido constatada em plantios para multiplicação de materiais genéticos suscetíveis (cultivares Alice, Coroa e exposição) e naqueles para produção de sementes do híbrido experimental de abóbora Jabras, especialmente nos períodos quentes e chuvosos, causando grandes perdas. Em trabalhos desenvolvidos na Embrapa Hortaliças, já foram identificadas algumas linhagens resistentes (Peixoto et al., 1991). Em uma avaliação de resistência de 32 genótipos de C. moschata e C. maxima do Banco Ativo de Germoplasma de cucurbitáceas da Embrapa Hortaliças, Lima & Henz (1994) identificaram seis genótipos resistentes (número 407, 408, 197, 398, 399 e 405) e 16 medianamente resistentes (152, 318, 349, 350 entre outros). Em uma avaliação da resistência de 63 cultivares de cucurbitáceas disponíveis no mercado brasileiro, incluindo pepino, melão, melancia, abobrinha, moranga, abóbora e mogango (Henz & Lima, 1998), as mais resistentes foram as cultivares de pepino, enquanto que a maioria das cultivares de abóbora, abobrinha e moranga foram suscetíveis. Em relação à resistência de frutos, Kuroda et al. (1984) testaram 40 introduções de C. moschata (“baianinha”) e 22 introduções de C. maxima, detectando dentro do grupo “baianinha” linhagens resistentes e susceptíveis bem definidas. Em outra avaliação, Henz et al. (1994) avaliaram a resistência de frutos de 80 genótipos de Cucurbita moschata, identificando 6 como resistentes e 16 como intermediário-resistentes. Sendo o controle desta doença difícil e onerosa, é importante a identificação de fontes de resistência em abóboras e morangas a Phytophothora capsici, e usar a diversidade genética de bancos de germoplasma. O objetivo deste trabalho é descrever detalhadamente o preparo de inóculo, métodos de inoculação e avaliação e análise estatística. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA Preparo do inóculo Para o preparo do inóculo de Phytophothora capsici, deve-se utilizar um isolado de alta virulência e boa esporulação em meio de cultura (Reifschneider et al., 1986). O fungo é repicado para placas de Petri em meio BDA, permanecendo incubado a 25ºC durante 7 dias. Para produção de zoósporos, faz-se uma nova repicagem do fungo para meio composto de 200ml de suco de tomate temperado Hortic. bras., v. 17, sup., dez. 1999. Metodologia de avaliação da resistência de germoplasma de abóboras e morangas a Phytophthora capsici. “Superbom”, 3g de CaCO3, 18g de ágar e 800 ml de água destilada (Urben, 1980). Em seguida, as placas são mantidas a 23 ± 1ºC na presença de luz por 7 dias. Para a liberação de zoósporos, adiciona-se às placas 10ml de água destilada, mantendo-as a 4ºC por duas horas em geladeira e durante 40 minutos à temperatura ambiente (25ºC). A superfície das placas é então raspada e os zoósporos coletados e diluídos em água destilada, ajustando-se a concentração de acordo com as necessidades, em geral em torno de 104 zoósporos/ml. Avaliação da resistência em plântulas a campo Essa metodologia permite avaliar um grande número de plântulas. Consiste em semear cento e cinquenta sementes de cada genótipo em canteiros, dividas em três repetições de 50 sementes cada. As parcelas podem ser dispostas em um delineamento experimental de blocos ao acaso. Cada parcela deve ser constituída de 50 sementes dispostas em duas fileiras distanciadas de 10 cm. Um grande número de genótipos pode ser avaliado. Os dados desse exemplo são baseados numa avaliação feita para 150 genótipos. A suspensão de zoósporos deve ser inoculada na região do colo das plântulas, 14 dias após a semeadura. A inoculação é feita com a ajuda de um pulverizador costal manual, aplicandose um jato de 1 ml de suspensão por plântula, preferentemente à tardinha quando a temperatura é mais amena. Os canteiros devem ser previamente irrigados para facilitar a disseminação do patógeno, conforme sugerido por Cruz Filho & Pinto (1982). A avaliação é feita com base na leitura do número de plântulas sobreviventes aos 7 dias após a inoculação, de acordo com Brune et al. (1990). As plântulas sobreviventes podem ser transplantadas para o campo para multiplicação e assim obter-se maior número de sementes dos genótipos resistentes. Avaliação da resistência em plântulas em casa-de-vegetação Utiliza-se caixas plásticas (40 x 28 x 11cm) contendo 8 litros de solo autoclavado, com 1/3 de esterco curtido, 1/3 de latossolo vermelho ou outro tipo de terra e 1/3 de areia. Pode-se Hortic. bras., v. 17, sup., dez. 1999. conduzir o experimento em blocos ao acaso, com quatro repetições e oito plantas por parcela. A inoculação é feita em torno de 10 dias após a semeadura, no estádio cotiledonar, sendo o solo umedecido 30 minutos antes. A inoculação é feita à tardinha depositando-se 3 ml do inóculo com um pipetador automático no colo de cada planta. A avaliação é feita três dias após a inoculação, arrancando-se as plantas e lavando-se o sistema radicular em água corrente. Observa-se os sintomas no sistema radicular e no colo da planta e atribui-se uma nota de acordo com a escala modificada de Bosland & Lindsey (1991), onde 0= planta aparentemente sem sintomas; 1= leve escurecimento da raiz; 3= lesões na raiz e/ou colo da planta; 5= anelamento na raiz e/ou colo; 7= planta morta. Em alguns casos, pode-se atribuir notas intermediárias (números pares). É conveniente usar-se materiais com resistência já determinada como padrões de resistência e susceptibilidade. Dependendo do número de genótipos avaliados, pode-se usar teste de comparação de médias ou análise de agrupamento para separar os materiais em termos de resistência (Henz & Lima, 1994; Henz & Lima, 1998). Avaliação da resistência em polpa de frutos Para a avaliação da resistência em polpa, depois de colhidos os frutos são levados ao laboratório, descartando-se aqueles que apresentam defeitos ou desuniformidade em relação ao tamanho e cor padrão do genótipo. Os frutos selecionados são então lavados em água corrente e depois desinfestados com uma solução de hipoclorito de sódio (NaClO, 1%) durante 2 minutos, sendo posteriormente deixados para secar em temperatura ambiente. Utiliza-se 10 frutos por genótipo ou mais, dependendo da disponibilidade. Cada fruto representa uma repetição e os tratamentos podem ser expostos em um delineamento experimental de blocos ao acaso (Henz et al., 1994). A inoculação é feita retirando-se um disco da polpa com um perfurador de rolha, de 0,5cm de diâmetro e aproximadamente 0,4cm de profundidade, na parte mediana do fruto, substituindo-o por um disco contendo meio de cultura e micélio de Phytophthora capsici crescido em BDA por 8 dias, com a parte superior (com micélio) voltada para o interior do fruto (Kuroda et al., 1984; Henz et al., 1994). Após a inoculação, os frutos devem ser mantidos em câmara úmida (25oC e 95-100% UR), sendo avaliados três dias após a inoculação através da medida do diâmetro médio das lesões, que ficam amolecidas e apodrecidas. Os métodos descritos anteriormente permitem avaliar convenientemente a resistência de cucurbitáceas à Phytophthora capsici, tanto de plântulas como de frutos. Portanto, é possível avaliar-se um grande número de genótipos de maneira relativamente fácil e rápida, inclusive de bancos de germoplasma. O número de artigos publicados sobre o tema no Brasil cobre diferentes aspectos relativos à interação patógeno x hospedeira, tais como virulência de isolados, fatores que afetam a expressão de sintomas, além da avaliação da resistência de diferentes materiais, inclusive cultivares comerciais. LITERATURA CITADA AZEVEDO, L.A.S.; SILVA, L. Patogenicidade de Phytophthora capsici Leonian isolado de frutos de moranga híbrida Tetsukabuto a frutos de sete espécies olerícolas. 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Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17, p. 32-33, 1999. Palestras. Suplemento. Coleção de base: Conservação de germoplasma de cucurbitáceas a longo prazo. Cole-collection: long term cucurbits germplasm conservation. Marta Gomes Rodrigues Faiad; Patricia Goulart Bustamante Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, SAIN Parque Rural W5;Norte, C. Postal 02372, 70,849-970 Brasília-DF. Palavras-chave: Cucurbitaceae, abóbora, coleção de base, bancos ativos, conservação de longo prazo, germoplasma. Keywords: Cucurbitaceae, pumpkin, base collection, active bank, long term conservation, germplasm. E ntende-se por Coleção de Base, um conjunto de acessos de germoplasma conservados a longo prazo. A Coleção de Base é vista como uma estratégia de segurança, abrigando em seu acervo a duplicação dos Bancos Ativos de Germoplasma e Coleções de Trabalho de pesquisadores. Desta forma, os materiais conservados não têm como objetivo serem utilizados para intercâmbio. Para conservar sementes ortodoxas, como as de Cucurbitáceas a longo prazo, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia tem utilizado técnicas e procedimentos de conservação específicos, como a manutenção em temperatura baixa (-20°C) e o controle dos teores de umidade das sementes entre 5% e 7%, que visam garantir a conservação por até cem anos. Outra importante característica da Coleção de Base é a sua dimensão. De fato, enquanto as coleções de trabalho dos melhoristas são utilizadas como fonte de material, aumentando e diminuindo o número de acessos, a Coleção de Base, que não abrange apenas as necessidades atuais, tende unicamente a aumentar este número. Esta situação é uma conseqüência da finalidade da Coleção de Base, que visa principalmente preservar o máximo possível de alelos para o futuro. 32 O Banco Ativo de Germoplasma (BAG), ao contrário da Coleção de Base, é constituído pelo germoplasma imediatamente disponível para multiplicação e distribuição aos usuários. Por esta razão, freqüentemente os Bancos Ativos mantêm condições de armazenamento de médio prazo. Quanto à distribuição de material, as Coleções de Base são consideradas repositórios de germoplasma para suprimento exclusivo de material a ser utilizado nos BAG’s e coleções de trabalho, através da introdução de novo germoplasma ou pela ativação de material que os BAGs previamente tinham “desativado”. Apenas excepcionalmente a Coleção de Base é utilizada como fonte de distribuição de material para programas de pesquisa ou para uso direto pelos usuários. O enriquecimento da variabilidade genética dos Bancos Ativos é, geralmente, obtido pela introdução de material de outros países, realizada pelos melhoristas, através das coleta de materiais silvestres nas diversas regiões do Brasil ou através de melhoramento e procedimentos biotecnológicos. Para dinamizar as atividades de intercâmbio, coleta, conservação e demais atividades relativas ao manejo dos recursos genéticos, existem os curadores de produtos, que são pesquisa- dores da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia que, entre outras atividades, atuam como principal elo de união entre os Bancos Ativos de Germoplasma e a Coleção de Base. No Sistema Brasileiro de Pesquisa Agropecuária (SNPA), a conservação de longo prazo é feita exclusivamente pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Três dos Bancos Ativos de Germoplasma de Cucurbitáceas existentes no Brasil, estão localizados em Unidades da Embrapa (Hortaliças, SemiÁrido e Clima Temperado). Outros dois BAGs estão localizados no Instituto Agronômico de São Paulo (IAC) e na Universidade Federal de Viçosa (UFV). A conservação da variabilidade genética é fundamental aos melhoristas. Eles não podem prescindir da reserva de possibilidades evolutivas existentes na gama de variabilidade das espécies silvestres. A conservação deste germoplasma é a principal garantia de que vão dispor de matéria prima para seus trabalhos de melhoramento. Para o armazenamento a longo prazo, é necessário seguir determinadas normas e padrões estabelecidos pelo International Plant Genetic Resources Institute (IPGRI) (1992), com adequações para as condições brasileiras, que estabelece a quantidade e a viabilidade preferíveis para cada acesso. Para maHortic. bras., v. 17, sup., dez. 1999. Coleção de base: Conservação de germoplasma de cucurbitáceas a longo prazo. nutenção na Coleção de Base, é recomendado que sejam mantidas 1.500 a 2.000 sementes viáveis. Antes de serem armazenados para conservação na Coleção de Base, os acessos passam por um processo de registro dos dados referentes à origem, procedência, código e nome da espécie e do gênero, denominação da amostra e código do acesso (BRA) para identificação no Brasil e no exterior. As atividades desenvolvidas no processo de armazenamento inicial das coleções se referem à inspeção visual, limpeza, determinação do teor de umidade, secagem, quantificação do número de sementes, teste de germinação, teste de sanidade e documentação. Após o armazenamento, monitorações periódicas dos acessos são realizadas para o acompanhamento da viabilidade das sementes e definição dos processos de multiplicação (para obtenção de sementes de alta qualidade e quantidade suficiente para atender às normas da conservação de longo prazo) e regeneração (para manutenção de sua integridade genética e obtenção de se- mentes de alta qualidade fisiológica). Segundo o IPGRI (1994), a regeneração dos acessos de germoplasma deve ser feita quando a viabilidade das sementes armazenadas reduzir-se para menos de 85% da porcentagem de germinação inicial. Os dados da Coleção de Base estão disponíveis para a comunidade científica através do Sistema Brasileiro de Informação de Recursos Genéticos, SIBRARGEN. Pelos dados apresentados nos relatórios verifica-se que das 750 espécies da família das Cucurbitáceas, 10 são mantidas na Coleção de Base, por serem consideradas as mais importantes como recursos genéticos para o trabalho de melhoramento vegetal: Citrulus lanatus (01), Cucurbita maxima (499), Cucurbita moschata (48), Cucurbita pepo (06), Cucumis melo (01), Cucumis anguria (01), Cucumis sativus(03), Langenaria siceraria (22), Luffa cylindrica (06) e Cucumis sp. (01). A Coleção de Base de Cucurbitáceas está atualmente constituída de 588 acessos, sendo que cerca de 50% das amostras é proveniente do BAG da Embrapa Hortaliças, localizado em Brasília/DF. Grande contribuição também foi dada pelo BAG da Universidade Federal de Viçosa (45%). Os recursos genéticos constituem fatores da maior importância para o desenvolvimento da agricultura e para assegurar a alimentação de mais de 6 bilhões de pessoas que habitam o nosso planeta. A redução da diversidade genética nos centros de origem das plantas cultivadas, exige uma ação efetiva para que o germoplasma seja guardado com segurança. A conservação de longo prazo dos recursos genéticos, mais que preservar germoplasma e contribuir com matéria prima indispensável ao trabalho de melhoristas, também possibilita às populações tradicionais recuperarem germoplasma que julgavam perdido. A conservação de longo prazo em coleções de base representa um seguro e um investimento, ambos necessários para a manutenção da produção e para fornecer opções futuras ao agronegócio brasileiro. normas NORMAS PARA PUBLICAÇÃO Instruções para apresentação de trabalhos à revista Horticultura Brasileira: I. O periódico, em português, é composto das seguintes seções: 1. Artigo Convidado; 2. Carta ao Editor; 3. Pesquisa; 4. Economia e Extensão Rural; 5. Página do Horticultor; 6. Insumos e Cultivares em Teste; 7. Nova Cultivar; 8. Expediente. II. Definição das seções: 1. ARTIGO CONVIDADO: sobre tópico de interesse atual, a convite da Comissão Editorial, tendo forma livre, porém devendo atender obrigatoriamente às alíneas (b) e (d) de PESQUISA, além de apresentar resumo, palavras-chave, abstract, título em inglês e keywords (observe instruções na alínea (e) de PESQUISA). Caso haja co-autores, é obrigatória a sua anuência à publicação. Caso haja citação de literatura, obedecer às alíneas (f) e (g) de PESQUISA. Caso haja tabelas, figuras, fórmulas químicas, referências a agrotóxicos ou inclusão de fotografias, obedecer as alíneas (j), (k), (l), (m) e (n) de PESQUISA; 2. CARTA ao EDITOR: publicada a critério da Comissão Editorial, tendo forma livre, porém devendo atender à alínea (b) de PESQUISA; 3. PESQUISA a) Artigo relatando um trabalho original, referente a resultados de pesquisa, ainda não relatados ou submetidos siHortic. bras., v. 17, sup., dez. 1999. multaneamente à publicação em outro periódico ou veículo de divulgação, com ou sem corpo editorial, e que, após submetidos a Horticultura Brasileira, não poderão ser publicados, parcial ou totalmente, em outro local sem a devida autorização por escrito da Comissão Editorial de Horticultura Brasileira; b) Os originais deverão ser submetidos em três vias, processados em microcomputador, em programa Word 6.0 ou superior, em espaço dois, fonte arial, tamanho doze. O disquete contendo o arquivo deverá ser incluído; c) Cada artigo submetido deverá ser acompanhado da anuência à publicação de todos os autores, assim como de cópia do recibo ou comprovante que o valha de quitação da anuidade corrente da Sociedade de Olericultura do Brasil de pelo menos um dos autores; d) Os artigos serão iniciados com o título do trabalho, que não deve incluir nomes científicos para quaisquer espécies, sejam plantas ou outros organismos, a menos que não haja nome comum em português. Ao título deve seguir o nome e endereço postal completo dos autores (veja padrão de apresentação nos artigos publicados em Horticultura Brasileira, a partir do v. 14). Anotações como novo endereço de algum autor, referência a trabalho de tese, etc (veja padrão de apresentação nos artigos publicados em Horticultura Brasileira, a partir do v. 14) devem ser colocadas em notas de rodapé, com numeração consecutiva. Anotações como entidades financiadoras e concessão de bolsas devem ser colocadas em AGRADECIMENTOS; 33 e) A estrutura dos artigos obedecerá ao seguinte roteiro: 1. Resumo em português, com palavras-chave ao final. As palavras-chave devem ser sempre iniciadas com o(s) nome(s) científico(s) da(s) espécie(s) em questão e nunca devem repetir termos para indexação que já estejam no título; 2. Abstract, em inglês, acompanhado de título e keywords. O abstract, o título em inglês e keywords devem ser versões perfeitas de seus similares em português; 3. Introdução; 4. Material e Métodos; 5. Resultados e Discussão; 6. Agradecimentos; 7. Literatura Citada; 8. Figuras e tabelas. f) Referências à literatura no texto deverão ser feitas conforme os exemplos: Esaú & Hoeffert (1970) ou (Esaú & Hoeffert, 1970). Quando houver mais de dois autores, utilize a expressão latina et alli, de forma abreviada (et al.), sempre em itálico, como segue: De Duve et al. (1951) ou (De Duve et al., 1951); g) As referências bibliográficas citadas no texto deverão ser incluídas em LITERATURA CITADA, em ordem alfabética, pelo primeiro autor. Quando houver mais de um artigo do(s) mesmo(s) autor(es), no mesmo ano, indicar por uma letra minúscula, logo após a data de publicação do trabalho, como segue: 1997a, 1997b. A ordem dos itens em cada referência deverá obedecer as normas vigentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, como segue: Periódico: NOME DOS AUTORES (em caixa alta, separados por ponto-e-vírgula. Independente do número de autores, todos devem ser relacionados, vedando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de et alli na LITERATURA CITADA). Título do artigo. Título do Periódico (em Horticultura Brasileira sempre em itálico, vedando-se a utilização de abreviações), cidade de publicação (apenas para periódicos brasileiros), volume, número do fascículo (quando a informação estiver disponível), paginação inicial e final, mês (indicando com inicial maiúscula os meses para periódicos em inglês e, com inicial minúscula, para periódicos em português, e abreviando-se na terceira letra quando o nome do mês possuir mais de quatro letras), ano de publicação. Recue o início de uma eventual segunda linha de referência até alinhar-se com a terceira letra da linha inicial. Veja o exemplo: VAN DER BERG, L.; LENTZ, C.P. Respiratory heat production of vegetables during refrigerated storage. Journal of the American Society for Horticultural Science, v. 97, n. 3, p. 431 - 432, Mar. 1972. Livro: NOME DOS AUTORES (em caixa alta, separados por ponto-e-vírgula. Independente do número de autores do artigo, todos devem ser relacionados, vedando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de et alli na LITERATURA CITADA). Título do livro (em Horticultura Brasileira sempre em itálico, vedando-se a utilização de abreviações). Cidade de publicação: editora, ano de publicação. Número total de páginas. Recue o início de uma eventual segunda linha de referência até alinhar-se com a terceira letra da linha inicial. Veja o exemplo: ALEXOPOULOS, C.J. Introductory mycology. 3 ed. New York: John Willey, 1979. 632 p. Capítulo de livro: NOME DOS AUTORES DO CAPÍTULO (em caixa alta, separados por ponto-e-vírgula. Independente do número de autores, todos devem ser relacionados, vedando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de et alli na LITERATURA CITADA). Título do capítulo. In: 34 NOME DOS EDITORES OU COORDENADORES DO LIVRO (em caixa alta, separados por ponto-e-vírgula. Independente do número de autores, todos devem ser relacionados, vedando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de et alli na LITERATURA CITADA). Título do livro (em Horticultura Brasileira sempre em itálico, vedando-se a utilização de abreviações). Cidade de publicação: editora, ano de publicação. Páginas inicial e final. Recue o início de uma eventual segunda linha de referência até alinhar-se com a terceira letra da linha inicial. Veja o exemplo: ULLSTRUP, A.J. Diseases of corn. In: SPRAGUE, G.F. ed. Corn and corn improvement. New York: Academic Press, 1955. p. 465 - 536. Tese: NOME DO AUTOR (em caixa alta). Título da tese (em Horticultura Brasileira sempre em itálico, vedandose a utilização de abreviações). Cidade de publicação: instituição, ano de publicação. Número total de páginas. (Tese mestrado ou doutorado). Recue o início de uma eventual segunda linha de referência até alinhar-se com a terceira letra da linha inicial. Veja o exemplo: SILVA, C. Herança da resistência à murcha de Phytophthora em pimentão na fase juvenil. Piracicaba: ESALQ, 71 p. (Tese mestrado). Trabalhos apresentados em congressos (quando não incluídos em periódicos): NOME DOS AUTORES (em caixa alta, separados por ponto-e-vírgula. Independente do número de autores do artigo, todos devem ser relacionados, vedando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de et alli na LITERATURA CITADA). Título do trabalho. In: NOME DO CONGRESSO (em caixa alta, vedando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de abreviações na LITERATURA CITADA), número do congresso. (seguido de ponto), ano de realização do congresso, cidade de realização do congresso. Título da publicação... (Anais...; Proceedings..., etc..., seguido de reticências): Local de edição da publicação: editora ou instituição responsável pela publicação, ano de publicação. Páginas inicial e final do trabalho. Recue o início de uma eventual segunda linha de referência até alinhar-se com a terceira letra da linha inicial. Veja o exemplo: HIROCE, R; CARVALHO, A.M., BATAGLIA, O.C.; FURLANI, P.R.; FURLANI, A.M.C.; SANTOS, R.R.; GALLO, J.R. Composição mineral de frutos tropicais na colheita. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4., 1977, Salvador. Anais... Salvador: SBF, 1977. p. 357 - 364. www site - Autor(es): MASSRUHÁ, S.M.F.S.; MANCINI, A.L.; MEIRA, C.A.A.; MÁXiMO, F.A.; FILETO, R.; PASSOS, S.L.Z. Quando o site não indicar autoria, entrar pelo título (ver exemplo 2). - Título: indica-se o título do documento consultado Ambiente de desenvolvimento de software para o domínio de administração rural. - Fonte (location, site ou host): indica-se, em itálico e na língua do texto, o nome do site onde o documento está armazenado, seguido da data, entre parênteses, em que o mesmo tomou-se disponível na lntemet. Disponível: site Agrosoft (07 fev. 1996) Disponível: Middlebuty College site (Feb. 7, 1996) URL: indica-se o endereço completo do site, preceHortic. bras., v. 17, sup., dez. 1999. dido da sigla URL. URL:http:/Awww.agrosoft.com/agroport/docs95/ doc10.htm - Notas: data de consulta - indica-se, na língua portuguesa, a data em que a consulta foi efetuada. Consultado em 12 fev. 1996. Exemplo 1 MASSRUHÁ, S.M.F.S.; MANCINI, A.L.; MEIRA, C.A.A.; MÁXIMO, F.A.; FILETO, R.; PASSOS, S.L.Z. Ambiente de desenvolvimento de software para o domínio de administração rural. Disponível: site Agrosoft (07 fev. 1996). URL: http://www.agrosoft.com/agroport/docs95/ doc10.htm Consultado em 12 fev.1996. Exemplo 2 MARY Cassatt biographical sketch and paintings. Disponível: WebMuseum Paris site (1994). URL: http://www.oir.ucf.edu/louvre/paintauth/cassat Consultado em 10 abr. 1995. www page - Autor(es): indica-se o(s) nome(s) do(s) autor(es) e em sua ausência, entra-se pelo título - Título: indica-se o título do documento consultado - Fonte (location, site ou host): indica-se, em itálico e na língua do texto, o nome do site onde o documento está armazenado, seguido da data, entre parênteses, em que o mesmo tomou-se disponível na intemet - Disponível: site EMBRAPA (25 set. 1995) - Endereço URL:http:/www.hortbras.com.br/resumos_ dos_artigos.htm - Notas: indica-se na língua portuquesa, a data em que a consulta foi efetuada Horticultura Brasileira. Resumos dos artigos (10 nov. 1998). URL: http:// www.hortibras.com.br/resumos_dos_artigos.htm. consultado em 19 nov. 1999. FTP (file transfer protocol) Citação de arquivo disponível para transferência, atra vés do serviço ftp. - Autor(es), quando conhecidos indica-se o(s) autor(es) BRUCKMAN, A. - Título: indica-se o nome completo do documento, em itálico Approaches to managing deviant behavior in virtual communities. - Fonte: URL ou endereço do site ftp - indica-se o en dereço completo do site URL: ftp.media.mit.edu pub/asb/papers/deviancechi94 ou ftp: ftp.media.mit edu pub/asb/papers/deviance-chi94 - Notas: data de acesso - indica-se, na língua portu guesa, a data em que a consulta foi efetuada. Consul tado em 4 dez. 1994. BRUCKMAN, A. Approaches to managing deviant behavior in virtual communities. ftp.media.mit edu pub/asb/papers/deviance-chi94 Consultado em 4 dez. 1994. Mensagem pessoal Documentos originados do correio eletrônico - Autoria: indica-se o nome do autor FERREIRA, S.M.S. - Assunto: indica-se o assunto, em itálico, no campo correspondente ao título, utilizando as informações con tidas na linha de assunto do e-mail. Hortic. bras., v. 17, sup., dez. 1999. Notícias - Fonte: endereço - indica-se o endereço eletrônico do autor (o endereço pessoal poderá ser omitido, indicando em seu lugar o endereço da lista da qual o autor é assinante). smferrei@spider. usp.br indicação do tipo da mensagem - Mensagem pessoal - Notas: data da mensagem enviada 14 maio 1996 FERREIRA, S.M.S. Notícias. [email protected]. Mensagem pessoal. 14 mai 1996 Artigos de periódico (em CD-ROM e na lnternet) - Autoria. - Título do artigo. - Título do periódico, por extenso, com iniciais maiúsculas. - Local de publicação, se houver. - Número do volume e fascículo e, se houver, o nome da seção. - Páginas (inicial e final) do artigo, ou número parágrafos (quando não apresentar paginação). - Data. - Endereço/protocolo (quando se tratar de documento disponível na intemet). - Indicação do tipo de mídia. - Data de acesso: indica-se, na língua portuguesa, a data em que a consulta foi efetuada, apenas quando se tratar de documentos disponível na lntemet. Exemplos: BARTSCH, S. Actors in the audience. Bryn Mawr Classícal Revíew, v.3, n.2, 10 par., 1995. Disponível: gopher:gopher. lib.virginia.edu:7OlOOIalpha/ bmrciv95195-3-2 Consultado em 07 ago 1996. WENTWORTH, E.P. Pitfalls of conservative garbage collection. Software - Practice & Experience, v.20, n.7, p.719-727, July 1990. CD-ROM. SP & E archive. Eventos Científicos Considerados em parte (em CD-ROM) - Autoria - Título e subtítulo da parte - Nome do evento - Número do evento - Data e local de realização - Título e subtítulo do evento - Local de edição - Editor - Ano de publicação - Páginas (inicial ou final) ou número de parágrafos (quando não apresentar paginação) - Indicação do tipo de mídia CARRILHO, J. Z.; SOARES, J. V.; VALÉRIO FILHO, M. Detecção automática de mudanças como recurso auxiliar no monitoramento da cobertura do terreno. ln: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 8., 1996, Salvador. Anais. São Paulo: INPE / Sociedade Latino-Americana de Sensoriamento Remoto e Sistemas de lnforrnações Espaciais, 1996.26 par. CD-ROM. Seção artigos. h) A citação de resumos apresentados em congressos deve ser limitada a no máximo 20% do total de referências, exceto no caso de assuntos onde não há literatura em quantidade razoável; i) A citação de trabalhos com mais de dez anos de idade 35 deve ser limitada a no máximo 50% do total de referências, exceto no caso de assuntos onde não há literatura em quantidade razoável; j) Somente deverão ser incluídas tabelas e figuras que apresentem dados relevantes à interpretação do assunto e que não possam ser apresentados em poucas linhas de texto. Dados apresentados em figuras não devem ser apresentados novamente em tabelas e vice-versa. As tabelas e figuras devem ser apresentadas ao final do artigo, uma por página, com numeração consecutiva; k) Utilize o padrão da revista para títulos de tabelas, rodapés e legendas, indicando no título ou legenda, nesta ordem: local, instituição e ano de realização do trabalho. Tabelas e figuras devem ser sempre autoexplicativas, ou seja, o leitor deve entender o que está sendo demonstrado, sem ser necessário que consulte o texto. As tabelas devem ser configuradas no padrão SIMPLES do processador de textos Word, ou similar. Linhas verticais não são utilizadas e linhas horizontais devem aparecer somente entre o título e o corpo da tabela; entre o cabeçalho e o conteúdo da tabela e, quando for o caso, entre o conteúdo da tabela e a última linha; l) Ao longo do texto, as fórmulas químicas devem ser indicadas de acordo com a nomenclatura adotada pela Chemical Society (Journal of the Chemical Society, p. 1067, publicado em 1939). Em tabelas, as fórmulas químicas devem ser apresentadas no rodapé; m) No caso de agrotóxicos é vedada a utilização de nomes comerciais. Deve ser utilizado o nome técnico ou a referência ao princípio ativo; n) No caso do trabalho conter fotografias, a Comissão Editorial deve ser consultada. No caso de fotografias coloridas, os autores devem cobrir os custos adicionais. 4. ECONOMIA E EXTENSÃO RURAL: trabalho na área de economia aplicada ou extensão rural, tendo forma livre porém devendo atender obrigatoriamente às alíneas (a), (b), (c), (d), (f), (g), (h) e (i) de PESQUISA, além de apresentar resumo, palavras-chave, abstract, título em inglês e key words (observe instruções na alínea (e) de PESQUISA). Caso haja co-autores, é obrigatória a sua anuência à publicação. Caso haja tabelas, figuras, fórmulas químicas, referências a agrotóxicos ou inclusão de fotografias, obedecer as alíneas (j), (k), (l), (m) e (n) de PESQUISA. 5. PÁGINA DO HORTICULTOR: Comunicação ou nota científica, passível de utilização imediata pelo horticultor. Observar o mesmo padrão de PESQUISA. 6. INSUMOS E CULTIVARES EM TESTE: comunicação ou nota científica relatando ensaio com agrotóxicos, fertilizantes ou cultivares, tendo forma livre, mas devendo obedecer, obrigatoriamente as alíneas (a), (b), (c) e (d) de PESQUISA e, quando aplicável, as alíneas (f), (g), (h) e (i) de PESQUISA, além de apresentar resumo, palavras-chave, abstract, título em inglês e keywords (observe instruções na alínea (e) de PESQUISA). Caso haja co-autores, é obrigatória a sua anuência à publicação. Caso haja tabelas, figuras, fórmulas químicas, referências a agrotóxicos ou inclusão de fotografias, obedecer as alíneas (j), (k), (l), (m) e (n) de PESQUISA. 7. NOVA CULTIVAR: Comunicação relatando o registro de nova cultivar, tendo forma livre, mas devendo obedecer, obrigatoriamente as alíneas (a), (b), (c) e (d) de PESQUISA e, quando aplicável, as alíneas (f), (g), (h) e (i) de PESQUISA, além de apresentar resumo, palavras-chave, abstract, 36 título em inglês e keywords (observe instruções na alínea (e) de PESQUISA). Caso haja co-autores, é obrigatória a sua anuência à publicação. Caso haja tabelas, figuras, fórmulas químicas, referências a agrotóxicos ou inclusão de fotografias, obedecer as alíneas (j), (k), (l), (m) e (n) de PESQUISA. 8. EXPEDIENTE: seção destinada à comunicação entre os leitores e a Comissão Editorial e vice-versa, na forma de breves avisos, sugestões e críticas. O texto não deve exceder 300 palavras (1.200 caracteres) e deve ser enviado em duas cópias devidamente assinadas, acompanhadas de disquete e indicação de que o texto se destina à seção Expediente. Por questões de espaço, nem todas as notas recebidas poderão ser publicadas e algumas poderão ser publicadas apenas parcialmente. 9. Trabalhos que não atendam às alíneas (a), (h) e (i) de PESQUISA não serão aceitos. 10.Trabalhos que não atendam às alíneas (b), (d), (e), (f), (g), (j), (k), (l), (m) de PESQUISA serão devolvidos aos autores para que sejam adequados sem serem registrados na secretaria da revista. 11.Trabalhos que não atendam à alínea (c) de PESQUISA permanecerão na secretaria da revista, com processo de tramitação suspenso, por 90 dias a contar da data constante no aviso de recebimento do trabalho enviada aos autores pela Comissão Editorial. Findo esse prazo, caso as indicações contidas na referida alínea não tenham sido atendidas pelos autores, os originais dos trabalhos serão destruídos e o trabalho será excluído dos registros da secretaria da revista. III. Os manuscritos submetidos à publicação nas seções PESQUISA e ECONOMIA e EXTENSÃO RURAL serão apreciados por no mínimo dois assessores ad hoc, especialistas no tema do artigo apresentado, que darão parecer sobre a conveniência de sua publicação do trabalho, com base na qualidade técnica do trabalho e do texto. Os artigos submetidos à publicação nas demais seções, a critério da Comissão Editorial, podem também ser apreciados por assessores ad hoc. Ao seu critério, os assessores ad hoc poderão sempre que consultados indicar alterações que adequem o artigo ao padrão de publicação da revista. IV. Em caso de dúvidas, consulte a Comissão Editorial ou verifique os padrões de publicação em Horticultura Brasileira, v. 14 em diante. V. Os casos omissos serão decididos pela Comissão Editorial. Se necessário, modificações nas normas de publicação serão feitas posteriormente. VI. Os originais devem ser enviados para: Horticultura Brasileira C. Postal 190 70.359-970 Brasília - DF Tel.: (061) 385.9051 / 385.9000 Fax: (061) 556.5744 E.mail: [email protected] VII. Assuntos relacionados a mudança de endereço, filiação à Sociedade de Olericultura do Brasil - SOB, pagamento de anuidade, devem ser encaminhados à diretoria da SOB, no seguinte endereço: UNESP - FCA-C. Postal 237-18.603-970 Botucatu - SP Tel: (014) 820 7172; Fax: (014) 821 3438 Hortic. bras., v. 17, sup., dez. 1999. A revista Horticultura Brasileira é indexada pelo CAB, AGROBASE, AGRIS/FAO, TROPAG e sumários eletrônicos/IBICT. Programa de apoio a publicações científicas Horticultura Brasileira, v. 1 nº1, 1983 - Brasília, Sociedade de Olericultura do Brasil, 1983. Quadrimestral (1983 - 1998) Títulos anteriores: v. 1-3, 1961-1963, Olericultura. v. 4-18, 1964-1981, Revista de Olericultura. Não foram publicados os v. 5, 1965; 7-9, 1967-1969. Periodicidade até 1981: Anual de 1982 a 1989: Semestral a partir de 1999: Quadrimestral 1. Horticultura - Periódicos. 2. Hortaliças - Periódicos. I. Sociedade de Olericultura do Brasil. CDD 635.05 Tiragem: 1.000 exemplares