AULA Nº 6 aparelhos de circulação de ar forçada ou folhas de papel para seca-las à sombra em local ventilado. As sementes ortodoxas devem ser conservadas em sacolas ventiladas até que sejam levadas ao local definitivo. As sementes recalcitrantes e outras estruturas propagativas devem ser conservadas em locais com papel umedecido de modo a conservar a sua umidade, estas também podem ser conservadas em bolsas de isopor ou em refrigeradores adaptados ao transporte. Pode-se fazer envio parciais pelo correios para as instituições de origem de modo a garantir a menor perda de viabilidade dos acessos coletados. A coleta pode ser feita “in vitro” para espécies que são difíceis de manejar, tais como: coco, algodão, cacao, abacate, uva, forrageiras d) Documentação durante a coleta Durante a coleta registram-se os dados de passaporte. e) Movimentação de germoplasma A movimentação de germoplasma de um país ao outro requer cuidados especiais principalmente no tocante a pragas e doenças que podem ser transportadas. Desta forma estes acessos devem ser enviados, no caso do Brasil, ao CENARGEN para que após quarentena recebam o certificado de livre riscos de pragas e doenças. 27 f) Multiplicação preliminar e conservação do material Se a quantidade do material coletado não é suficiente para ser conservado deve-se fazer uma multiplicação preliminar com o objetivo de garantir a conservação. As sementes não ortodoxas, recalcitrantes, e as plantas de propagação vegetativa devem ser levadas diretamente para os campos de manutenção de coleção. As sementes ortodoxas antes de serem armazenadas devem ser analisadas a sua viabilidade. Busca-se garantir que a porcentagem de germinação esteja em torno de 85% e preferencialmente deve conservar 2000 sementes por amostra. G) Armazenamento e conservação do germoplasma Podem-se utilizar todas as técnicas disponíveis para a conservação tais como: refrigeração (sementes ortoxas) armazenamento a seco (sementes semi ortoxas), cultivo “in vitro” cujas vantagens são: permite manter muitas espécies com grande diversidade de amostras em pouco espaço, facilita o intercâmbio de germoplasma, entretanto é dependente do desenvolvimento desta tecnologia para espécies e é considerada cara; crescimento lento (baixa temperatura, luz, Co2 etc); Criopreservação, que consiste em colocar os explantes em nitrogênio líquido (-196 ºC), para paralisar o crescimento esta tecnologia é muito útil para conservar a viabilidade fisiológica e genética principalmente para espécies de sementes recalcitrantes e plantas de propagação clonal. 28 4. MANEJO DO GERMOPLASMA CONSERVADO 4.1 Caracterização e avaliação Para se utilizar os recursos genéticos deve-se conhecer suas características e potencialidades. Para tanto se devem analisar as características do germoplasma em diversas fases da conservação. Entretanto a principal destas é a caracterização e avaliação do germoplasma. A caracterização e avaliação são tarefas complementares que consistem em descrever os atributos qualitativos e quantitativos dos acessos de uma mesma espécie para diferenciá-los, determinar sua utilidade, estrutura e variabilidade genética, correlações, localizar genes de interesse para o melhoramento. a) Caracterização Caracterizar germoplasma consiste em descrever sistematicamente os acessos de uma espécie a partir de características qualitativas como o hábito de crescimento, altura da planta, cor das flores. Estas características são de alta herdabilidade e, portanto não variam muito entre os ambientes. Para descrever os diferentes acessos utilizamos os descritores: que são características mensuráveis ou subjetivas de um acesso, como altura da planta, cor da flor, comprimento do pecíolo, forma da folha etc. Os critérios quantitativos de um descritor devem ser específicos para cada espécie. Muitas características podem ser utilizadas para descrever os acessos, porém os descritores mais úteis são aqueles que podem ser detectados á vista desarmada. 29 Para a caracterização deve trabalhar com população com tamanho efetivo capaz de representar pelo menos 95 % da variabilidade do acesso. b) Avaliação Uma vez conhecida às características morfológicas, anatômicas etc. Passase a etapa posterior que é a da avaliação, que consiste em descrever as características agronômicas dos acessos (produção, resistência aos estresses bióticos e abióticos) estas são geralmente características de baixa herdabilidade e portanto se deve avaliar no maior número de ambientes com o objetivo de identificar os acessos mais adaptados e com genes úteis para a produção de alimentos e para o melhoramento. Normalmente esta etapa é feita por melhoristas. Para a avaliação são necessários todos os cuidados para se montar um experimento ou seja: população representativa da variabilidade do acesso, trabalhar com os descritores, repetições no tempo e no espaço e manejo homogêneo das parcelas. 4.2 Manejo dos dados de caracterização e avaliação. Os dados levantados durante a caracterização e avaliação devem ser utilizados mediante análise estatística para diferenciar os acessos de uma coleção. Para estas descrições pode-se utilizar desde simples gráficos de barras bem como análises de variança que podem ser uni ou multivariadas. Neste sentido as análises multivariadas são indicadas por trabalharem com diversos aspectos dos acessos de um única vez e não apenas com uma característica por vez como acontece na análise univariada. 30 Algumas vezes os dados de caracterização e avaliação morfoagronômicas não são suficientes para estabelecer as diferenças entre as espécies ou entre os acessos. Neste caso, pode-se utilizar recursos como: cariótipo, número de cromossomos, nível de ploidia. Também se pode estudar diretamente o genoma com marcadores bioquímicos (isoenzimas) e moleculares (microssatélites, RFLP, RAPD, QTL etc.) As metodologias moleculares permitem identificar os genes ou a região onde possivelmente se encontra o gene, entretanto não avalia a influência do ambiente sobre o gene. Caracteres que são governados por muitos genes podem ser influenciados pelo ambiente em razão dos diferentes graus de penetrância dos diferentes genes. Desta forma fica claro que a avaliação molecular assim como a morfoagronômica são complementares e a sua utilização em associação somente contribui para melhorar a avaliação da divergência genética do material. 5. Multiplicação e regeneração. Ao longo do processo de armazenamento dos recursos genéticos, muitas amostras dos acessos podem ser fornecidas às entidades, pelo processo de doação de germoplasma e por outro lado a viabilidade ou seja a capacidade de germinação dos acessos normalmente reduz-se ao longo do tempo. Para repor a quantidade de semente e para recuperar a viabilidade das sementes deve-se periodicamente fazer a multiplicação e regeneração dos acessos. 31 A multiplicação é feita para recuperar o tamanho das amostras e a regeneração é para otimizar a viabilidade, a porcentagem de germinação dos acessos. Para isto os acessos devem ser cultivados todas as vezes que o poder germinativo esteja abaixo de 85% ou que o tamanho das amostras seja inferior a 1500 a 2000 sementes por acessos. Entretanto esta é uma tarefa muito difícil em função dos custos e do risco do acesso perder a representativa genética em relação às populações originais. Os riscos na manutenção da integridade genética dos acessos são: 1) alteração da freqüência gênica pela ocorrência de pólen estranho durante a fertilização; 2) mistura durante a colheita, debulha e empacotamento; 3) mutação gênica 4) deriva genética devido à perda ao acaso de genes, particularmente em populações pequenas; 5) perda seletiva de alelos devido à seleção natural inconsciente. Portanto para cada espécie deve-se considerar: a) necessidade de isolamento e como proceder; b) técnica para realização dos cruzamentos, a técnica mais eficiente é a do acasalamento em cadeia.; c) Tamanho efetivo populacional; e d) Condições de cultivo para minimizar os efeitos da seleção inconsciente ou de seleção natural. 32