FARMÁCIAS COMUNITÁRIAS E O ATENDIMENTO AOS CASOS DE GRIPE: medicamentos de venda livre e o uso racional Natália Vasconcelos Silva de Brito* Elias Borges do Nascimento Júnior** RESUMO: A gripe e o resfriado são infecções respiratórias agudas. Doenças de origem viral que acometem principalmente as vias aéreas superiores, podendo causar cefaléia, mialgia e febre. São diagnosticadas pelo quadro clínico e tratadas, basicamente, com medicamentos de venda livre. Os medicamentos de venda livre podem ser propagandeados para a população leiga por vários meios de comunicação, o que produz um aumento no consumo desses medicamentos e consequentemente o aumento do número de intoxicações por fármacos. O objetivo deste trabalho é mostrar a importância do papel do farmacêutico na orientação aos pacientes que fazem uso de medicamentos de venda livre para favorecer o uso racional desses fármacos, e também, a importância de propiciar treinamento adequado aos funcionários, para que estes também sejam fonte de informações corretas. PALAVRAS-CHAVE: Gripe; resfriado; medicamento de venda livre; uso racional de medicamentos; propaganda de medicamentos, indicação farmacêutica. INTRODUÇÃO espirros e coriza (CASTRO, 2008; FORLEO-NETO, et al., 2003; As causas mais frequentes de infecções das vias aéreas MASSUNARI, et al., 2004). estão relacionadas à gripe e ao resfriado. Essas doenças têm A gripe e o resfriado são diferenciados pelo quadro clínico. As distribuição global, elevada transmissibilidade e possuem mar- manifestações sistêmicas são mais intensas na gripe, tornando cada sazonalidade. Podem ser causados por vários agentes os sintomas de vias aéreas, sintomas que mais incomodam no virais, por exemplo: Influenza, rinovírus, coronavirus, adeno- resfriado, problemas secundários (PITREZ, P.; PITREZ, J., 2003). vírus, entre outros (CASTRO, 2008; CAMPAGNA, et al., 2009; MASSUNARI, et al., 2009). Essas doenças têm curso benigno, todavia, os idosos, crianças, indivíduos imunocomprometidos e portadores de do- Segundo o Centers for Disease Control and Prevention enças crônicas podem desenvolver complicações como pneu- (CDC) 60 milhões de pessoas ficam gripadas ou resfriadas por monias virais e bacterianas, além de descompensação de do- ano nos Estados Unidos, e dessas, 25 milhões procuram aten- enças pré-existentes que necessitem de internação hospitalar dimento médico. Estima-se que, anualmente, cerca de 10% da (CASTRO, 2008). população mundial apresenta um episódio de Influenza (CASTRO, 2008; FORLEO-NETO, et al., 2003). A gripe causa 25 milhões de consultas médicas anuais, centenas de milhares de internações e vários dias de trabalho O principal agente etiológico da gripe é o vírus Influenza. perdidos, o que gera um grande impacto econômico estimado Esses vírus sofrem mutações sazonais facilmente, o que gera em 12 bilhões de dólares anuais nos Estados Unidos (MASSU- ausência de imunidade duradoura. O resfriado comum é cau- NARI, et al., 2004). sado principalmente pelo rinovírus (30 a 50%), que também O tratamento da gripe e do resfriado consiste em minimizar sofre mutações com facilidade. A existência de mais de 100 os sintomas, pois como é uma doença autolimitada, o próprio sorotipos de rinovírus também dificulta a produção de vacinas corpo pode destruir o vírus. Os medicamentos indicados nesse eficazes (CASTRO, 2008; MASSUNARI, et al., 2004; FORLEO- tratamento são chamados “medicamentos para o tratamento NETO, et al., 2003). sintomático da gripe”, já que o termo “antigripal” é utilizado O quadro de sintomas mais frequente da gripe é febre, para denominar medicamentos antivirais, que interferem na calafrios, cefaleia, tosse seca, dor de garganta, congestão na- multiplicação dos vírus como, por exemplo, os inibidores da sal ou coriza, mialgia, anorexia e fadiga. Em adultos e crianças neuraminidase, ou métodos de imunização, como as vacinas saudáveis, a doença pode durar de uma a duas semanas. O (MASSUNARI, et al., 2004). resfriado causa dor e desconforto faríngeo, congestão nasal, Existe uma grande variedade de medicamentos cuja pro- 246 | PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA 1/2012 - EDIÇÃO 5 - ISSN 2176 7785 posta é aliviar os sintomas dessas doenças. As classes mais DESENVOLVIMENTO utilizadas são: descongestionantes de uso tópico ou sistêmico; A GRIPE E O RESFRIADO expectorantes/mucolíticos; antitussígenos; antipiréticos; medicamentos para cefaleia; vitaminas e outros (BRICKS, 1995). A gripe e o resfriado fazem parte do grupo de Infecções Respiratórias Agudas (IRA) que são as principais causas de Por ser uma doença comum na população, algumas pesso- morbidade e mortalidade no mundo. A Organização Mundial de as não procuram ajuda médica e instituem seu próprio tratamen- Saúde (OMS) estima que as IRA causem quatro milhões de óbi- to. Tratamentos estes feitos à base de medicamentos para alívio tos por ano no mundo (FARHAT, et al., 2002). dos sintomas. De fácil acesso, eles despertam nos pacientes/ Ambas apresentam curso benigno, na maioria das vezes. clientes a falsa crença de que são totalmente seguros e não tra- O próprio corpo é capaz de eliminar o vírus entre 3 e 10 dias. A zem malefícios à saúde (BRICKS, 1995). gripe tem duração média de uma a duas semanas, os resfriados Por esse motivo, é necessário que o farmacêutico esteja preparado para intervir e orientar pacientes que procurem por esses medicamentos nas farmácias. O farmacêutico de 7 a 10 dias, quando não há complicações (CASTRO, 2008; FORLEO-NETO et al., 2003). deve realizar ações que favoreçam a utilização correta do fármaco. grande número de pessoas infectadas causa várias consultas Existe a dificuldade de o farmacêutico atender a todos os mento e hospitalização em casos mais complicados, e indiretos pacientes que chegam à farmácia, portanto ele deve contemplar Mesmo sendo doenças comuns e de bom prognóstico, o médicas e um grande consumo de recursos diretos, com o tratacomo faltas no trabalho e na escola (CASTRO, 2008). informações pertinentes aos casos de medicamentos de venda Um entre dez adultos apresenta a infecção por ano. A inci- livre nos treinamentos dos seus funcionários, sempre chamando dência, relatada por clínicas, é de mais de 30% da população sua atenção para que nos casos mais complicados procurem pediátrica atendida, contudo a maior taxa de mortalidade ocorre seu auxilio. Assim o farmacêutico estará, de fato, atuando em em idosos, 10.000 a 40.000 óbitos nos EUA, em cada época busca do uso racional destes medicamentos. sazonal da doença (MASSUNARI, et al., 2004). O objetivo deste trabalho é esclarecer a importância da inte- Os grupos mais susceptíveis a complicações causadas por ração e intervenção do farmacêutico com o paciente na farmácia gripes e resfriados que levam a hospitalização e até óbito, são comunitária, visando promover o uso racional dos medicamen- idosos, portadores de doenças cardiopulmonares, indivíduos tos indicados para tratamento sintomático da gripe como estra- imunossuprimidos, gestantes, portadores de doenças metabóli- tégia para minimizar intoxicações e efeitos adversos causados cas e crianças de até um ano (FARHAT, et al., 2002). Esses grupos de risco são os que mais necessitam de in- por esses fármacos. ternação, sendo eles os que contam mais no número de óbitos MÉTODO por gripes e resfriados no mundo, esses grupos de risco são Pesquisa bibliográfica não sistemática utilizando a Bibliote- os mais propensos a contrair infecções bacterianas, pneumonia viral e/ou bacteriana além do risco de descompensação de do- ca Virtual em Saúde e o portal Capes. Os descritores utilizados na busca foram: gripe, resfriado enças pré-existentes. Essas populações são normalmente alvo comum, gripe humana, infecção respiratória aguda, tratamento de políticas pró-imunização e de prevenção (CASTRO, 2008; da gripe, medicamentos para gripe, prevenção da gripe, me- FORLEO-NETO et al., 2003). dicamentos de venda livre, transtorno menor, automedicação, propaganda de medicamentos, uso racional de medicamentos, indicação farmacêutica e prescrição farmacêutica. INFLUENZA – O AGENTE CAUSADOR DA GRIPE O principal causador da gripe é o vírus Influenza. Ele per- O critério de inclusão dos artigos foi: a disponibilidade do tence à família Orthomyxoviridae. São vírus que possuem como texto na íntegra, o tema principal (gripe e resfriado comum) e material genético uma fita simples de RNA e são envelopados os artigos que priorizavam discussões acerca do tratamento e (CASTRO, 2008; FORLEO-NETO, et al., 2003). prevenção de gripes e resfriados. Foram excluídos os artigos que abordavam as gripes suína e aviária como tema principal. Não houve critério de exclusão referente à utilização de apenas artigos científicos. Alguns textos de opinião e editoriais também foram selecionados para análise. Foram excluídos os artigos com conflito de interesse declarado. Existem três sorotipos do vírus Influenza: A, B e C, sendo que apenas os sorotipos A e B causam doenças em humanos. Os vírus do sorotipo A também infectam outros animais, como porcos e aves (CASTRO, 2008; FORLEO-NETO, et al., 2003). O principal causador de epidemias e pandemias em humanos é o vírus do sorotipo A. Os vírus deste sorotipo apre- PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA 1/2012 - EDIÇÃO 5 - ISSN 2176 7785 l 247 sentam maior variação que os outros sorotipos e são dividi- 1), a hemaglutinina (H) e a neuraminidase (N). No total, foram iden- dos em subgrupos, essa divisão é realizada com base nas tificados 15 hemaglutininas e 9 neuraminidases em várias espécies diferenças das glicoproteínas da membrana viral (CASTRO, animais, apenas três hemaglutininas (H1, H2 e H3) e duas neurami- 2008; FORLEO-NETO, et al., 2003). nidases (N1 e N2) foram identificadas em vírus infectando humanos Existem duas glicoproteínas marcadoras desse sorotipo (FIG. (CASTRO, 2008; FORLEO-NETO, et al., 2003). A imunidade contra esses vírus é gerada pela produção RNA, assim inicia-se o processo de replicação do RNA viral e de anticorpos específicos para essas proteínas de membra- produção de proteínas virais (ALMEIDA, et al., 2009). nas. O vírus Influenza tem alta capacidade de adaptação e Após a replicação de RNA e a produção de novas proteí- durante a fase de replicação podem ocorrer mutações nas nas acontece a germinação dos novos vírus e a sua liberação, principais proteínas de membrana H e N (FORLEO-NETO, et intermeada pela proteína Neuraminidase que rompe a ligação al., 2003). entre os vírions recém-formados e o ácido siálico (ALMEIDA, O vírus Influenza penetra nas células epiteliais colunares et al., 2009). que revestem o trato respiratório através da interação entre O processo de reprodução dura de 1 a 4 dias (FIG. 2). Hemaglutinina e o ácido siálico, receptor presente na célula Após este período de incubação, os vírus se misturam no hospedeira. Após a entrada do vírus o canal iônico M2 permi- muco e estão prontos para serem espalhados (FORLEO-NE- te a acidificação do núcleo viral para que haja a liberação do TO et al., 2003). As epidemias de Influenza são geradas pela ocorrência des- nova epidemia de Influenza, principalmente durante o inverno, sas pequenas mutações que produzem mudanças pontuais em quando o ar está mais seco e o tempo frio faz com que as pes- aminoácidos das glicoproteínas, principalmente na hemaglutini- soas fiquem mais próximas e com o ambiente mais fechado, na, essas pequenas mutações chamadas drifts tornam o vírus o que facilita a disseminação e infecção pelo vírus (FORLEO- resistente aos anticorpos produzidos por infecções prévias e/ou NETO, et al., 2003). vacinação (CASTRO, 2008; FORLEO-NETO, et al., 2003). Foi observado que a cada período de 1 a 3 anos surge uma Existem mutações onde há uma maior variação no material genético dos vírus como, por exemplo, a substituição de um 248 | PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA 1/2012 - EDIÇÃO 5 - ISSN 2176 7785 segmento completo do genoma viral que produz uma nova proteína de membrana, essas mutações são chamadas shifts e são sintomas é de dois a três dias (CASTRO, 2008). Transmissão, contágio e sintomas de gripes e resfriados. as causadoras das pandemias. Casos de pandemias são mais A maneira como os vírus causadores de resfriados e gri- irregulares, estima-se que elas ocorram a cada 30 ou 40 anos pes contaminam as pessoas é basicamente a mesma. O doente (FORLEO-NETO, et al., 2003). transmite o vírus por aerossóis produzidos por espirros, tosses Essas variações são geradas pela recombinação do mate- e até pela fala. O potencial de transmissão é aumentado quan- rial genético de vírus que infectam humanos e vírus que infectam to mais fechado for o ambiente em que o doente se encontra. outros animais, nesses casos um vírus que causaria doenças (FORLEO-NETO et al., 2003; CASTRO, 2008; PITREZ, P.; PI- apenas em animais torna-se capaz de infectar os humanos TREZ, J., 2003). (FORLEO-NETO, et al., 2003). Outra forma de transmissão é o contato direto do indivíduo Nos casos de grandes mutações, a maioria da população sadio com secreções ou objetos contaminados, em que ocorre não tem imunidade nenhuma contra esses novos vírus então, a a auto-inoculação do vírus, ao levar a mão à boca ou coçar os doença é disseminada rapidamente e dependendo da virulên- olhos (CASTRO, 2008; PITREZ, P.; PITREZ, J., 2003). cia da cepa pode causar milhões de mortes (CASTRO, 2008; FORLEO-NETO, et al., 2003). O auge da capacidade de transmissão do vírus está compreendido entre 24 horas antes do início dos sintomas e até dois A maior pandemia de gripe que se tem notícia ocorreu em dias após o início do período sintomático. Existe uma 1918 e foi chamada Gripe espanhola. A letalidade da doença foi preocupação maior com a população de crianças doentes, pois atribuída principalmente às infecções bacterianas que se insta- já foi observado que elas transmitem o vírus por mais tempo que laram na população já debilitada pela fome e pelas condições os adultos (CASTRO, 2008; PITREZ, P.; PITREZ, J., 2003). insalubres de vida (GÉRVAS, 2009). Os sintomas de gripes e resfriados são parecidos. Os qua- Outros casos recentes são a gripe aviária de 2005 e a gripe dros sem complicações apresentam sinais e sintomas caracte- suína de 2009 que causaram pânico na população mundial. A rísticos, como, cefaleia, tosse seca, dor de garganta, conges- previsão da OMS era que sete milhões de pessoas morreriam tão nasal ou coriza, mialgia, anorexia e fadiga (CASTRO, 2008; em decorrência da pandemia de gripe aviária, no entanto o nú- FORLEO-NETO et al., 2003). mero de óbitos foi bem menor, 262 (GÉRVAS, 2009). A febre alta (entre 38 a 40ºC, com duração de um a três Observando isso conclui-se que não se deve alarmar a po- dias, pico nas primeiras 24 horas) é característica da gripe, já o pulação com informações iniciais e tratar a gripe corretamente resfriado pode apresentar um estado febril, ainda assim muito com boa alimentação, repouso, reposição hídrica, boa higiene menos intenso (CASTRO, 2008; FORLEO-NETO et al., 2003). e, no caso de sintomas mais graves, buscar ajuda médica (GÉRVAS, 2009). O resfriado tem quadros nasofaríngeos muito relevantes como: dor e desconforto faríngeo, congestão nasal, espirros e coriza, onde a secreção nasal pode se tornar espessa e até RINOVÍRUS – PRINCIPAL CAUSADOR DOS RESFRIADOS Existem vários vírus capazes de causar o resfriado comum. purulenta, o que não significa necessariamente contaminação bacteriana (CASTRO, 2008). O parainfluenza, vírus sincicial respiratório, adenovírus e entero- Esse quadro é causado principalmente pelas alterações in- vírus são agentes causadores de resfriado comum. Juntos eles flamatórias que a entrada dos vírus causa. Primeiramente esse respondem por cerca de 20% dos casos de resfriados. Contudo, processo inflamatório aumenta a permeabilidade dos vasos e os quadros gerados por esses vírus têm uma variedade maior isso gera a congestão nasal e a coriza, que no início tem aspecto de sintomas e gravidade (CASTRO, 2008). aquoso (CASTRO, 2008). Os rinovírus pertencem à família Picornaviridae e são do A reação inflamatória também compromete o funcionamen- gênero Enterovírus. São os maiores causadores de resfriado to do aparelho mucociliar gerando um acúmulo de muco nos comum, respondem sozinhos por 30 a 50% dos casos. Existem seios da face o que aumenta a viscosidade da coriza, podendo três espécies de rinovírus que infectam humanos, HRV-A, HRV-B ela adquirir aspecto purulento, sendo até confundida com sinu- e HRV-C, e mais de 100 sorotipos foram identificados (CASTRO, site bacteriana (CASTRO, 2008). 2008; FRY et al., 2011). O acúmulo do muco nos seios da face e o comprometi- O quadro de sintomas gerado pela infecção por rinovírus é mento do aparelho mucociliar, que também compromete a tuba geralmente o mesmo, baixa intensidade e restritos ao trato res- auditiva, cria uma condição ideal para o aparecimento de infec- piratório superior, o tempo de incubação até o aparecimento dos ções bacterianas, sinusite e otite média aguda (CASTRO, 2008). PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA 1/2012 - EDIÇÃO 5 - ISSN 2176 7785 l 249 DIAGNÓSTICO DE GRIPES E RESFRIADOS sam ser modificadas, pois o vírus da gripe sofre mutações que A identificação do vírus só é necessária em situações de precisam ser atualizadas para que a vacina seja eficaz. Ela é epidemias, pois as autoridades sanitárias podem utilizar infor- composta basicamente por três cepas, duas do sorotipo A mações sobre a área de aparecimento do vírus para melhor con- (H1N1 e H3N2) e uma do sorotipo B (FARHAT et al., 2002; AL- trole ou prevenção da epidemia. As técnicas de detecção são: MEIDA et al., 2009). cultura de swab com secreção nasal, testes imunoenzimáticos A vacinação deve ocorrer sempre na época que precede e a pesquisa do vírus com técnicas de biologia molecular (CAS- o inverno. É aprovada para indivíduos acima de seis meses TRO, 2008; PITREZ, P.; PITREZ, J., 2003). de vida e no Brasil ela é gratuitamente distribuída para idosos, Na prática, o diagnóstico da gripe é feito apenas com base crianças, grávidas, portadores de doenças crônicas, indivíduos no quadro clínico, porém, existe certa dificuldade em relação a imunocomprometidos e profissionais da área da saúde (ALMEI- esse diagnóstico. Os sintomas apresentados não são totalmen- DA et al., 2009). te específicos e a gripe e o resfriado podem ser confundidos Alguns autores acreditam que a eficiência da vacina é ques- com doenças bacterianas como, por exemplo, sinusite ou farin- tionável, pois a proteção conferida por ela é bem limitada. Em goamigdalite, essa dificuldade acaba gerando um excesso de crianças e adolescentes sua efetividade é de apenas 33% e inútil prescrições de antimicrobianos (PITREZ, P.; PITREZ, J., 2003). em menores de dois anos e a eficácia em adultos e idosos não A própria diferenciação entre gripe e resfriado é complicada. é comprovada (GERVÁS, 2009; RIERA, 2009) O que ajuda a distinguir uma doença da outra é a intensidade Outra medida de prevenção é a higiene adequada. Lavar de alguns sinais e sintomas. A mialgia, febre, e a prostração são as mãos com água e sabão sempre que usar o banheiro, quan- muito mais intensas na gripe. No resfriado, a coriza, dor de gar- do chegar da rua e antes de se alimentar, ou usar álcool gel. ganta e congestão nasal incomodam mais o doente (CASTRO, Evitar levar as mãos ao nariz ou coçar os olhos, quando tossir, 2008; PITREZ, P.; PITREZ, J., 2003). cobrir a boca (de preferencia com um lenço descartável), evitar Algumas informações como a situação da circulação do ví- contato próximo com doentes, e quando doente usar mascara rus da gripe nas comunidades e informes sobre epidemias de cirúrgica simples e evitar o contato com pessoas sadias para gripe podem ajudar no diagnóstico (FORLEO-NETO et al., 2003). não contaminá-las (CDC, 2011; ALMEIDA et al., 2009; RIERA, 2009, GERVÁS, 2009). PREVENÇÃO E TERAPIA NÃO FARMACOLÓGICA PARA GRIPE E RESFRIADO O CDC ainda recomenda que quando o indivíduo contrair gripe deve procurar o médico para ver a possibilidade de utilizar O farmacêutico é parte importante da equipe multidisciplinar um medicamento antiviral. Esse método, seja para tratamento de atendimento a saúde, seu papel nesta equipe é informar o ou prevenção, é duvidoso e não apresenta boa relação risco/ paciente e esclarecer qualquer dúvida que ele tenha quanto a beneficio, pois reduz pouco os dias de doenças e frequente- sua terapia que não é composta apenas de fármacos, medidas mente causam efeitos adversos como vômitos e até alterações não farmacológicas e de prevenção também fazem parte do tra- neuropsiquiátricas (CDC, 2011; GERVÁS, 2009). tamento para buscar e manter a saúde (GALATO, et al., 2009). Os medicamentos utilizados neste caso são de dois tipos, Pensando em um possível atendimento o farmacêutico um bloqueador de canal iônico M2 (impede a liberação do RNA deve ter o conhecimento das medidas não farmacológicas e de viral), no entanto estes fármacos não são boa escolha, pois o prevenção de gripes e resfriados para que possa orientar ade- desenvolvimento de resistência a ele é comum, até um terço da quadamente o paciente. população tratada. Outro medicamento é o inibidor da neurami- As maneiras de prevenção da gripe são simples. Segundo nidase (necessária para liberação dos novos vírus) que podem o CDC, a primeira providência é a vacinação. A vacina é uma diminuir o tempo de doença, e consequentemente evitar com- maneira de adquirir imunidade contra o vírus, assim quando o plicações. Esses medicamentos são opções no tratamento de organismo entra em contato ele já tem anticorpos para combater pessoas com grande risco de complicações, porém, só podem a doença (CDC, 2011). ser usados se prescritos por um médico (CDC, 2011; ALMEIDA No Brasil a vacinação é o principal método de profilaxia da et al., 2009). gripe e está relacionada com a diminuição dos casos de com- As medidas não farmacológicas indicadas em casos de gripes plicações como infecções bacterianas e pneumonias, principal- e resfriados são: reposição hídrica, repouso e boa alimentação. Es- mente em idosos (FARHAT, et al., 2002; ALMEIDA, et al.). sas medidas ajudam no fortalecimento do corpo e do sistema imu- Um inconveniente das vacinas é que todo ano elas preci- nológico, que poderá destruir o vírus (CDC, 2011; GERVÁS, 2009). 250 | PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA 1/2012 - EDIÇÃO 5 - ISSN 2176 7785 A febre pode ser combatida, juntamente com o tratamento farmacológico, utilizando compressas de água fria ou banhos frios, que favorece o aumento da velocidade de redução de temperatura corporal (WANNMACHER; FERREIRA, 2004) acetilsalicílico relacionado a síndrome de Reye em crianças (USPDI, 2006; BRICKS, 2000). O trabalho do farmacêutico é realizar uma anamnese que possa identificar os casos que necessitem de atenção especia- O farmacêutico deve sempre orientar sobre essas medidas lizada. Para os casos que podem ser atendidos na farmácia ele não farmacológicas, pois elas ajudam no fortalecimento do corpo deve indicar o tratamento e orientar o paciente, para que este faça e na recuperação, para que a doença seja menos grave e dure o uso correto da medicação e também das medidas não farma- menos tempo. cológicas. TRATAMENTO DE GRIPES E RESFRIADOS for Responsible Self-medication (TESEMED), criado na Europa, Através do programa Telematics in Community Pharmacies O que se trata da gripe são os sintomas, entretanto nem to- foram publicados vários protocolos para atendimento de trans- dos os indivíduos que apresentem sintomas da gripe podem ser tornos menores, entre eles o de gripes e resfriados (FIG. 3). O tratados sem antes se consultar com um médico. Alguns casos protocolo original foi modificado para melhor entendimento das são complicados e necessitam de atenção médica, principalmen- informações. te os idosos e as crianças. Neste protocolo estão informações importantes que o farma- Os medicamentos de venda livre (paracetamol, ácido ace- cêutico deve conseguir durante a anamnese quando um indivíduo tilsalicílico, ibuprofeno, entre outros) são seguros se utilizados procura a farmácia para tratar da gripe ou resfriado. São detalhes da maneira correta, contudo, a maioria deles não foi submetida que podem garantir a utilização segura dos medicamentos sem a estudos que comprovem sua eficácia e segurança em certas maiores complicações. populações, por exemplo, crianças (BRICKS, 1995). Se o quadro clínico do indivíduo for considerado um mal me- Muitos indivíduos necessitam de ajustes de doses, como ido- nor, caracterizado com auxílio do protocolo, o farmacêutico deve sos, crianças e portadores de doenças hepáticas ou renais ou o indicar o tratamento necessário para melhorar os sintomas do in- próprio medicamento pode ser capaz de causar efeitos indeseja- divíduo. Cada caso é particular e merece atenção diferenciada. dos, como a dipirona suspeita de causar agranulocitose e o ácido PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA 1/2012 - EDIÇÃO 5 - ISSN 2176 7785 l 251 Tratamento farmacológico dos sintomas de gripes e resfriados – associações de fármacos e medicamentos de venda livre no Brasil é a RDC nº 138 de 2003. Nesta resolução estão descritos todos os grupos de indicações terapêuticas que podem O tratamento farmacológico da gripe consiste no uso de ser vendidos sem prescrição, entre eles os anti-histamínicos, medicamentos que diminuem os sintomas (febre, coriza, mial- analgésicos, antipiréticos, e descongestionantes nasais, xa- gia, cefaleia, entre outros). Existe uma classe de medicamen- ropes mucolíticos, expectorantes e antissépticos bucais, que tos para este fim que, normalmente, são associações entre fár- são empregados no tratamento sintomático da gripe (ANVISA, macos com atividades distintas, onde cada um age sobre um 2003b). sintoma. Essas associações são reguladas pela RDC nº 40 de Conhecer as características farmacológicas desses medi- 2003. As principais regras desta RDC estão resumidas em uma camentos é importante para saber quais riscos os pacientes tabela no Anexo A. estão expostos quando utilizam o medicamento. Contra indica- Também podem ser utilizados medicamentos contendo ções, interações, reações adversas, dose e duração do trata- um único fármaco, normalmente são analgésicos e antipiréti- mento são informações básicas que devem ser informadas ao cos cuja segurança foi considerada satisfatória. Esses medi- paciente no momento da dispensação. camentos são comercializados sem a obrigação da prescrição médica, ou seja, são de venda livre (BRICKS, 1995). Alguns exemplos de riscos com medicamentos comumente utilizados para sintomas de gripes estão resumidos na Tabela 1. A legislação que controla os medicamentos de venda livre O paracetamol, fármaco considerado seguro, pode ser al- causar riscos à saúde do usuário, contudo são seguros se usa- tamente tóxico quando tomado em superdose (4 gramas ou 8 dos corretamente. O objetivo de existir medicamentos de venda comprimidos de 500mg), concomitante ao uso de bebidas al- livre parte do princípio que cada pessoa exerce um autocuidado coólicas e inibidores enzimáticos ou em indivíduos com função (International Pharmaceutical Federation – FIP, 1996). hepática comprometida (SWEETMAN, 2007; USP-DI, 2006). A automedicação é reconhecida pela OMS como parte do A dipirona, largamente utilizada no Brasil, foi proibida em autocuidado e quando realizada de maneira correta pode be- vários países da Europa e nos EUA, pois nesses países eles neficiar a saúde do individuo e reduzir custos para o governo consideram que os efeitos adversos causados pela substância (GALATO, et al., 2009). (agranulocitose e outros) superam os seus benefícios (SWEETMAN, 2007; USP-DI, 2006). O processo de autocuidado e a automedicação No Brasil a dipirona ainda não foi retirada do comércio, O autocuidado não se resume apenas a automedicação, possivelmente porque não se constatou número relevante de ações pró-saúde como a prática de exercícios físicos, a boa ali- agranulocitose em nossa população que justifique a retirada de mentação, o consumo moderado de álcool e o não consumo de um medicamento de comprovada eficácia. Entretanto como a cigarros e drogas ilícitas, também são partes do autocuidado e agranulocitose é uma doença rara, mas perigosa o seu uso é são incentivadas pelos governos, pois gera uma redução nos desaconselhável em pacientes com dor moderada e que podem custos de atendimento médico para a população (FIP, 1996). fazer uso de outros medicamentos com efeitos adversos mais previsíveis e evitáveis (WANNMACHER, 2005). Concluímos que os medicamentos de venda livre podem Com o passar dos anos as populações têm estado cada vez mais informadas, contudo, às vezes, não o suficiente para realizar a automedicação sem nenhuma orientação, é neste contex- 252 | PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA 1/2012 - EDIÇÃO 5 - ISSN 2176 7785 to que entra o conceito de automedicação responsável. Segundo A resolução que trata do controle da propaganda no Brasil a Associação Brasileira de Indústrias Farmacêuticas (ABIFARMA) é a RDC nº 96 de 2008 da ANVISA, que substitui a antiga RDC cerca de 80 milhões de brasileiros já eram adeptos da automedica- nº 102 de 2000, que era considerada uma tentativa frustrada ção na década de 90 (BORTOLON et al., 2007). de regular a propaganda de medicamentos. Alguns aspectos Uma pesquisa sobre o perfil da automedicação no Brasil realizada no ano de 1997 revelou que 17,3% dos medica- podem ter melhorado, contudo a nova regra ainda apresenta algumas falhas (NASCIMENTO, 2007). mentos utilizados em automedicação são analgésicos, 7,1% Inicialmente a frase obrigatória na RDC nº 102/00 para to- descongestionantes nasais, 5,6% antiinflamatórios, 3,8% pre- das as peças, “ao persistirem os sintomas o médico deverá parados para tosse e resfriado e 4,0% anti-histamínicos de uso ser consultado”, foi substituída por: “Esta substância é um me- sistêmico (ARRAIS, et al., 1997). dicamento. Seu uso pode trazer riscos. Procure o médico e o Todos esses fármacos podem ser utilizados no tratamento farmacêutico, leia a bula” (ANVISA, 2008). sintomático da gripe e neste estudo representaram um total de A frase da RDC 102/00 levava a entender que o médico era 37,8% de todos os medicamentos utilizados sem prescrição uma parte supérflua no processo de medicação e incentivava o médica na pesquisa. consumo do medicamento (NASCIMENTO, 2007). Do total de casos de intoxicação no Brasil 28% são into- A frase da RDC 96/08 traz o alerta de que o uso do produto xicações medicamentosas. Os campeões de eventos de in- traz riscos, mesmo sendo de venda liberada, e inclui também a toxicação são: benzodiazepínicos, antidepressivos, antiinfla- figura do farmacêutico, como profissional apto a informar, além matórios e os medicamentos para alívio sintomático da gripe. de incentivar a leitura da bula. Segundo a ANVISA o uso incorreto de medicamentos leva um Uma obrigação importante que foi adicionada à nova legis- paciente ao hospital com quadro de intoxicação a cada 20 se- lação, referente aos medicamentos de venda isenta de prescri- gundos (BORTOLON et al., 2007). ção, obriga que algumas substâncias tenham uma advertência O farmacêutico é o profissional apto a informar e orientar a automedicação para que ela seja de fato responsável, com o específica vinculada a propaganda. Alguns exemplos podem ser observados na tabela do Anexo B (ANVISA, 2008). medicamento certo, na dose certa, horário certo, pela via cer- Outras regras para a propaganda de medicamentos em ta, inclusive orientar o paciente a consultar um médico quando geral e os de venda livre da RDC nº 96/08 estão resumidas necessário (FIP, 1996). na tabela do Anexo C, sendo que o artigo 26 trata apenas de A propaganda como inimiga da automedicação responsável medicamentos de venda livre. Existe uma lacuna na relação entre farmacêutico e pacien- Uma pesquisa analisou 100 peças publicitárias de medi- te. Por várias vezes o farmacêutico não está disponível para camentos quando a RDC nº 102/00 foi publicada. Dentre as cumprir o papel de orientar e a população sequer requisita sua peças, 12 eram de analgésicos, 12 medicamentos para gripe, 9 presença para sanar suas dúvidas e, além disso, existe um ini- expectorantes ou antitussígenos, 6 antipiréticos, 3 desconges- migo silencioso que compete contra a automedicação respon- tionantes e 3 antiinflamatórios. Somando são 45 peças sobre sável: as propagandas de medicamentos. medicamentos que podem ser utilizados no tratamento dos Os especialistas em marketing dizem que o objetivo da pro- sintomas da gripe (NASCIMENTO, 2007). paganda é aumentar o lucro da empresa. Pensando nesta ótica O resultado da pesquisa mostra que todas as peças ana- concluímos que o objetivo do marketing vai de encontro ao uso lisadas apresentaram alguma irregularidade, fato este que racional dos medicamentos (NASCIMENTO, 2007; 2010). mostra o total desprezo das companhias farmacêuticas e das O ponto crítico nesta situação é que um bem de saúde, empresas de marketing pelas leis do país. o medicamento, é reduzido a um bem de consumo, e o risco Após a RDC 96/08 não foi realizada nenhuma pesquisa existente está no fato de que as peças publicitárias enaltecem deste tipo, e esse não é um dos objetivos deste trabalho, po- os benefícios dos medicamentos e não citam os riscos e os rém, podemos observar que algumas propagandas que estão efeitos adversos que o medicamento pode causar. E ainda um na mídia atualmente tem certa soberba e dão a entender que o risco pela desinformação (SOYAMA, 2006). medicamento é quase “mágico”. Alguns exemplos são (FIG. 4): PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA 1/2012 - EDIÇÃO 5 - ISSN 2176 7785 l 253 As propagandas representadas na figura 4 (a) e (e) tra- representam uma grande penalidade para as indústrias, compara- zem como personagens de suas campanhas artistas de te- do com os valores investidos nas campanhas. Foi constatado que levisão, o que infringe o artigo 26, inciso III, da RDC nº96/08, em um ano e meio de fiscalização pela ANVISA o valor das multas que proíbe a utilização da figura de celebridades nas peças. aplicadas não chegou nem ao valor de duas peças veiculadas na A frase da antiga RDC 102/00 também não foi adaptada à televisão em horário nobre (NASCIMENTO, 2007; 2010). nova exigência. A RDC 96/08 não especifica as multas que serão aplicadas, A peça representada na figura 4 (d) mostra claramente a mas tem que se levar em conta que a indústria farmacêutica investe soberba das peças dizendo que o medicamento é santo. A pro- de 15% a 20% do faturamento total com propaganda. Entre propa- paganda da figura 4 (b) disfarçadamente sugere diagnóstico ao gandas para o grande público e para profissionais que trabalham perguntar se “é gripe”. Também em sua peça veiculada na tele- com os medicamentos se gasta duas ou três vezes mais do que o visão os atores espirram e tossem, ou seja, mostram sintomas valor investido em pesquisa e inovações (SOYAMA, 2006). de gripe e indicam seu medicamento para tratá-los. Em todos os países existem uma ingênua e demasiada A peça representada na figura 4 (c) traz a sugestão de diag- crença da população no poder dos medicamentos e as empre- nóstico e também emprega palavras, como, “tomou”, que mes- sas de propaganda utilizam isso para estimular o consumo sem mo não estando no imperativo, sugere que o medicamento é in- orientação, e quanto maior esse consumo maior é o risco de falível contra gripes e resfriados, indo contra o artigo 8, inciso VII. intoxicações (ARRAIS, et al. 1997; LESSA; BOCHNER, 2008). É possível observar também que nenhuma das peças in- Segundo a OMS, 50% dos medicamentos são indicados, dis- forma os efeitos adversos e contraindicações principais, logo, pensados ou utilizados de maneira inadequada e esse fato pode subentende-se que o medicamento não traz riscos. gerar intoxicações e internações. De 15% a 20% do orçamento dos As propagandas não têm o objetivo de informar, pois a população desinformada é mais facilmente manipulada com a ilusão de que a saúde pode ser comprada na farmácia (NASCIMENTO, 2007). Um problema remanescente da RDC 102/00 é que as peças publicitárias só são avaliadas após a veiculação para a grande hospitais são gastos no tratamento de indivíduos que usaram produtos farmacêuticos de maneira incorreta (SOYAMA, 2006). Observamos então que a propaganda de medicamentos é um grande problema a ser superado, principalmente no caso dos medicamentos de venda livre, que inclui os medicamentos para alívio sintomático da gripe. massa. No caso de informações erradas ou incompletas é com- O interesse das indústrias farmacêuticas, empresas de plicado modificar a visão da população que já foi exposta ao marketing, varejistas, donos de farmácias e de distribuidoras, anúncio. A RDC 96/08 já prevê que sejam criadas mensagens atualmente, é, somente, a acumulação de capital. Este interes- retificadoras dos anúncios que descumprirem as regras, porém se não deveria nunca sobrepor os interesses da saúde pública esta é uma medida paliativa (ANVISA, 2000; 2008). (NASCIMENTO, 2010). Durante a vigência da RDC 102/00 as multas aplicadas nos O farmacêutico deve ser mais atuante para corrigir informa- casos de desobediência às regras eram valores ínfimos que não ções dos clientes que sejam erradas ou incompletas e garantir 254 | PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA 1/2012 - EDIÇÃO 5 - ISSN 2176 7785 o uso correto dos medicamentos, utilizando a educação como Devido à dificuldade de se consultar pelo serviço público de instrumento, fornecendo treinamentos e reciclagens periódicas saúde (filas enormes), o tempo de espera para conseguir uma aos seus funcionários, para que eles também sejam fontes de consulta (pode chegar até meses), e a falta de recurso da maio- informações corretas, e sempre que necessário estar disponível ria da população, que dificulta pagar uma consulta particular, é para esclarecer qualquer dúvida. mais fácil e barato o individuo se automedicar que procurar por um médico (AQUINO, 2008). A consulta pública 01/10 do Conselho Federal de Farmácia (CFF) Alguns países desenvolvidos já permitem que farmacêu- O CFF, na busca de promover o uso racional dessas es- ticos e até outros profissionais da saúde prescrevam medica- pecialidades farmacêuticas de venda livre, lançou uma consulta mentos, como é o caso do Reino Unido, desde 2003, Canadá, pública em 2010. A consulta pública 01/10, que defende, princi- Estados Unidos e Austrália (BONFIM, 2010). palmente, que esses medicamentos passassem a ser vendidos somente se “prescritos” por farmacêuticos (CFF, 2010). O que deve ser feito é uma discussão mais prolongada sobre o assunto e a iniciativa de lançar uma consulta pública é A consulta pública propõe que o farmacêutico indique os justamente para colher opiniões e assim melhorar a ideia inicial. medicamentos para tratar transtornos menores e essa indica- A consulta pública 01/10 foi encerrada em abril de 2010 e ção fica condicionada a análise do quadro clínico do paciente e até hoje não houve novidades sobre o assunto. As propostas exclusão de possíveis doenças mais graves, pois estas neces- dos que participaram e enviaram suas opiniões ainda devem es- sitam de assistência médica. A indicação de medicamentos de tar sendo avaliadas. tarja vermelha, que exigem prescrição médica, continua vedada ao farmacêutico (CFF, 2010). Em 2007 houve a criação do Comitê Nacional para a Promoção do Uso Racional de Medicamentos, por recomendação Toda a farmácia que prestar este serviço deverá criar os da OMS, cujo objetivo era desenvolver ações que propiciassem Procedimentos Operacionais Padrão (POPS) para o atendimen- esse uso racional. Entre as medidas propostas está a de ampliar to e adicioná-lo ao manual de boas práticas da drogaria. Outra o acesso da população à assistência farmacêutica, educar a po- proposição é que esta atividade seja restrita ao farmacêutico, pulação, aumentar o controle da venda dos medicamentos com sendo vedada a sua prática por balconistas (CFF, 2010). e sem prescrição, incentivar a terapia não medicamentosa, entre O farmacêutico também deve registrar e guardar todos os outras atividades (AQUINO, 2008). dados do paciente e do medicamento indicado em um docu- Podemos pensar, então, que as propostas apresentadas na mento que será chamado Declaração de Serviço Farmacêutico consulta pública 01/10 vêm a corroborar com os objetivos do Co- (DSF). Este documento deverá ser disponibilizado também para mitê Nacional para a Promoção do Uso Racional de Medicamen- o paciente atendido (CFF, 2010). tos e seria um avanço rumo ao uso racional de medicamentos. É inviável armazenar todas as DSF em formato físico, seria O maior controle sobre a venda de medicamentos isentos necessário criar um sistema computadorizado que permitisse de prescrição levaria o paciente a procurar pelo farmacêutico, e esse armazenamento. Contudo programas de gerenciamento quando procurado ele pode orientar a terapia não farmacológica de dados tem um custo, que provavelmente os proprietários das e medidas de prevenção de doenças, tornando o atendimento farmácias preferem não ter. um processo de educação. Se a utilização do medicamento for Esta proposta privilegia a criação de serviços de atenção farmacêutica nas drogarias, pois ajudaria a estreitar os laços entre farmacêutico e paciente, e o banco de dados gerados pelas DSF ajudaria na confecção dos prontuários dos pacientes. Uma dificuldade seria a fiscalização do serviço. Existem necessária o farmacêutico fornecerá todos os detalhes da terapia farmacológica minimizando os riscos para a saúde do paciente. O uso irracional de medicamentos não acontece somente com fármacos de venda livre. Existem outros pontos importantes a serem observados. poucos fiscais e a grande maioria de colaboradores em droga- Os profissionais da área médica que já detêm o poder de rias são balconistas, e não farmacêuticos. Assim seria compli- prescrever, às vezes, instituem terapias medicamentosas sem cado garantir que somente o farmacêutico, prestasse o serviço. necessidade. Existem também casos de medicamentos pres- É complicado afirmar o que aconteceria, teoricamente, se o critos para fins errados, com esquema posológico inadequado, serviço funcionasse como descrito na proposta seria um grande além de prescrições de medicamentos mais caros. passo rumo ao uso racional de medicamentos e uma grande Essas atitudes têm origem na falta de informação, de re- ajuda no sistema de atenção básica, pois nem todos os cida- ferências confiáveis e na falta de ética, através do lobby feito dãos têm acesso fácil a um médico. pelas indústrias farmacêuticas, que oferecem amostras grátis, PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA 1/2012 - EDIÇÃO 5 - ISSN 2176 7785 l 255 financiam congressos e cursos para os profissionais que prescreverem seus medicamentos (SOYAMA, 2006). A falta de informação de profissionais, deficiências técnicas para prescrever, questões relacionadas à educação da população e problemas relacionados à ética profissional merecem atenção em estudos e discussões para buscar o uso racional de ANVISA (b). RDC n.º 138, de 29 de maio de 2003. Disponível em: < http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/2003/rdc/138_03rdc.htm> Acesso em: 07 set. 2011 ANVISA. RDC n.º 102, de 30 de novembro de 2000. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/legis/consolidada/resol_102_00rdc.pdf> Acesso em: 25 out. 2011 medicamentos no nosso país, estes tópicos não serão profundamente discutidos, pois não entram no escopo deste trabalho. CONSIDERAÇÕES FINAIS A gripe e o resfriado são doenças comuns que afetam milhares de pessoas e mesmo sendo autolimitadas são capazes de causar várias complicações e óbitos todos os anos. Por esta razão não podem ser negligenciadas. Essas doenças necessitam de atenção extra do farmacêutico por serem tratadas, principalmente, com medicamentos de venda livre. Esses medicamentos são promovidos em vários meios de comunicação para incentivar o consumo, mas quanto maior o consumo de medicamentos maior será o número de intoxicações causadas por eles. Qualquer setor onde o farmacêutico está inserido o objetivo do seu trabalho é garantir a saúde da população. Nas farmácias ANVISA. RDC n.º 96, de 17 de dezembro de 2008. Disponível em: < http://www.anvisa.gov.br/propaganda/rdc/rdc_96_2008_consolidada. pdf> Acesso em: 25 out. 2011 ARRAIS, Paulo Sérgio D.; COELHO, Helena Lutéscia L.; BATISTA, Maria do Carmo D. S.; CARVALHO, Marisa L.; RIGHI, Roberto E.; ARNAU, Josep Maria. Perfil da automedicação no Brasil. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 31, nº. 1, fev. 1997. Disponível em: <http://www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89101997000100010&lng=p t&nrm=iso>. Acesso em 18 set. 2011. BORTOLON, Paula Chagas; KARMIKOWSKY, Margô Gomes de Oliveira; ASSIS, Mônica de. Automedicação versus indicação farmacêutica: o profissional de farmácia na atenção primária à saúde do idoso. Rev. APS. nº 10, v. 2 p. 200 – 2009. Jul./dez 2007. Disponível em: <http:// www.ufjf.br/nates/files/2009/12/12automedicacao1.pdf> Acesso em: 07 set. 2011 comunitárias o farmacêutico tem que assumir a tarefa de orientar o paciente para colaborar com a diminuição dos casos de intoxicações por medicamentos, com o uso racional e com a busca pela saúde. Para assumir esta responsabilidade é necessário ter conhecimento científico sobre as doenças que ele venha a atender e ter compromisso com a reciclagem e o aprendizado, pois no campo da saúde surgem novidades todos os dias. Todo medicamento vendido na farmácia é de responsabilidade do farmacêutico e qualquer problema que esse medicamento vir a causar, por falta de informação, irá gerar penas e sanções ao responsável técnico. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, Flávia J.; BEREZIN, Eitan N; FARHAT, Calil K.; CINTRA, Otávio A.; STEIN, Renato T.; BURNS, Dennis A. R.; ARNS, Clóvis C.; LOMAR, André V.; TONIOLO NETO, João; MEDEIROS, Rita. Consenso para o Tratamento e Profilaxia da Influenza (Gripe) no Brasil. Sociedade brasileira de pediatria. 2009. Disponível em: <http://www.sbp.com.br/PDFs/ conseso_influenza.pdf> Acesso em: 05 out. 2011 ANVISA (a). RDC n.º 40, de 26 de fevereiro de 2003. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/2003/rdc/40_03rdc.htm> Acesso em: 10 set. 2011 BRICKS, Lucia Ferro. Medicamentos utilizados em crianças para tratamento do resfriado comum: risco vs. benefícios. Pediatria (São Paulo), v. 17, nº 2, p. 72-78. 1995. Disponível em: < http://www.pediatriasaopaulo.usp.br/upload/pdf/189.pdf> Acesso em: 07 set. 2011 BRICKS, Lucia Ferro. Uso de antiinflamatórios não-hormonais em crianças com doenças virais vs. risco potencial para síndrome de Reye e doenças invasivas graves por estreptococos do grupo A. Rev. Pediatria, São Paulo v. 22(1) p. 35-43. 2000. Disponível em: <http:// www.pediatriasaopaulo.usp.br/index.php?p=html&id=450> Acesso em: 07 set. 2011 CAMPAGNA, Aide de Souza; DOURADO, Inês; DUARTE, Elisabeth Carmen; DAUFENBACH, Luciane Zappelini. Mortalidade por causas relacionadas à Influenza em idosos no Brasil, 1992 a 2005. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 18, nº. 3, set. 2009. Disponível em: <http://scielo.iec.pa.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S167949742009000300003&lng=pt&nrm=iso>. Acessos em: 18 set. 2011. CASTRO, Ana Paula B. Moschione. Gripe e resfriados e sua relação com alergias respiratórias. Rev. Pediatr. Mod, vol. 44, nº 3, p. 77-86, mai.-jun. 2008. Disponível em: < http://www.moreirajr.com.br/revistas. asp?fase=r003&id_materia=3849> Acesso em: 07 set. 2011 CDC. CDC says “take 3” actions to fight the flu. 2011. Disponível em: < http://www.cdc.gov/flu/protect/preventing.htm> Acesso em: 15 out. 2011. 256 | PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA 1/2012 - EDIÇÃO 5 - ISSN 2176 7785 CFF. Consulta pública 01 de 2010. Define, regulamenta e estabelece atribuições e competências do farmacêutico na prescrição farmacêutica e dá outras providências. Disponível em: <http://www.crf-rj.org.br/crf/noticia/2010/4/cff_prop%C3%B5e_que_farmac%C3%AAutico_prescreva_ medicamentos_para_transtorno_menor.htm> Acesso em: 07 set. 2011 CORDERO, Luis; FERNÁNDEZ-LLIMÓS, Fernando; CADAVID, María Isabel; GIORGIO, Flora; LOZA, María Isabel. Protocolos para trastornos menores del proyecto TESEMED: gripe y resfriado. Pharmaceutical Care España, vol. 3, p. 5 – 21. 2001. Disponível em: < http://www.ugr. es/~cts131/documentos/DOC0026.PDF> Acesso em: 15 set. 2011 < http://www.equipocesca.org/wp-content/uploads/2009/10/gripe-revport-clin-geral-2009.pdf> Acesso em: 08 out. 2011 LESSA, Marise de Araújo; BOCHNER, Rosany. Análise das internações hospitalares de crianças menores de um ano relacionadas a intoxicações e efeitos adversos de medicamentos no Brasil. Rev. bras. epidemiol., São Paulo, v. 11, nº. 4, dez. 2008. Disponível em: <http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415790X20080004 00013&lng=en&nrm=iso> Acesso em: 15 out. 2011 FARHAT, Calil Kairalla; CINTRA, Augusto Leite; TREGNAGHI, Miguel W. Vacinas e o trato respiratório: o que devemos saber?. J. Pediatr. (Rio J.), Porto Alegre, vol. 78, supl.2, p. 195 – 204. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S002175572002000800010&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 15 set. 2011 MASSUNARI, Gustavo Kiyoshi; MELO, Gisely Cardoso de; MONTEIRO, Wuelton Marcelo; TASCA, Raquel Soares. Medicamentos para o tratamento sintomático da gripe: estudo sobre o cumprimento da resolução RDC 40/02/2003. Pharmacia Brasileira, v. 16, nº. 11-12, p. 7882, 2004. Disponível em: < http://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/ pdf/77/i03-medicamento.pdf> Acesso em: 12 set. 2011 FERRAZ, Sabrine Teixeira; GRUNEWALD, Thiago; ROCHA, Flávio Roberto Silva; CHEHUEN NETO, José Antonio; SIRIMARCO, Mauro Toledo. Comportamento de uma amostra da população urbana de Juiz de Fora – MG perante a automedicação. HU Revista, Juiz de Fora, v. 34, n. 3, p. 185-190, jul. 2008. Disponível em: <http://www.aps.ufjf.br/index. php/hurevista/article/view/144/152> Acesso em: 07 set. 2011 MELO, Daniela Oliveira de; RIBEIRO, Eliane; STORPIRTIS, Sílvia. A importância e a história dos estudos de utilização de medicamentos. Rev. Bras. Cienc. Farm., São Paulo, v. 42, n. 4, p. 475 – 485 Dez. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1516-93322006000400002&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 07 set. 2011 FIP. Autocuidado – Incluída la automedicación responsable – El papel professional del farmacêutico. Set. 1996. Disponível em: <http://www.fip.org/www/uploads/database_file.php?id=207&table_ id=> Acesso em: 07 set. 2011. NASCIMENTO, Álvaro César. Propaganda de medicamentos: como conciliar uso racional e a permanente necessidade de expandir o mercado? Rev. Trabalho, educação e saúde, v. 5 n. 2, p. 189-215, 2007. Disponível em < http://www.revista.epsjv.fiocruz.br/upload/revistas/r167.pdf> Acesso em: 10 set. 2011 FORLEO-NETO, Eduardo; HALKER, Elisa; SANTOS, Verônica Jorge Santos; PAIVA, Terezinha Maria; TONIOLO-NETO, João. Influenza. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., Uberaba, v. 36, nº. 2, abr. 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S003786822003000200011&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 08 out. 2011 FRY, Alicia M.; LU, Xiaoyan; OLSEN, Sonja J.; CHITTAGANPITCH, Malinee; SAWATWONG, Pongpun; CHANTRA, Somrak; BAGGETT, Henry C.; ERDMAN, Dean. Human Rhinovirus Infections in Rural Thailand: Epidemiological Evidence for Rhinovirus as Both Pathogen and Bystander. PLoS One, 6(3). Mar. 2011. 7p. Disponível em: < http://www.ncbi. nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3066183/pdf/pone.0017780.pdf> Acesso em: 18 set. 2011 GALATO, Dayani; GALAFASSI, Luciana de Mattos; ALANO, Graziela Modolon; TRAUTHMAN, Silvana Cristina. Responsible self-medication: review of the process of pharmaceutical attendance. Braz. J. Pharm. Sci., São Paulo, v. 45, nº. 4, dez. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-82502009000400004&lng=e n&nrm=iso> Acesso em: 15 set. 2011 GÉRVAS, Juan. Face à gripe, paciência e tranquilidade: Versão nº 9. Rev. Port. Clin. Geral, v. 25, nº 4, p. 438 – 441. 2009. Disponível em: NASCIMENTO, Álvaro César. Propaganda de medicamentos para grande público: parâmetros conceituais de uma prática produtora de risco. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, vol. 15 (Supl. 3), p. 3423-3431. 2010. Disponível em <http://www.scielosp.org/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232010000900017&lng=pt&nrm =iso> Acesso em: 10 set. 2011 PITREZ, Paulo M.C.; PITREZ, José L.B. Infecções agudas das vias aéreas superiores: diagnóstico e tratamento ambulatorial. J. Pediatr. (Rio J.), Porto Alegre, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572003000700009&lng=en&nrm =iso>. Acesso em: 08 out. 2011 RIERA, Rachel. Prevenção da Influenza (gripe). Diagn. tratamento, vol. 14, nº 4, p. 172 – 173, out-dez. 2009. Disponível em: <http://files. bvs.br/upload/S/1413-9979/2009/v14n4/a172-173.pdf> Acesso em: 07 set. 2011 ROZENFELD, Suely. Prevalência, fatores associados e mal uso de medicamentos entre os idosos: uma revisão. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, jun. 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2003000300004&lng=e n&nrm=iso> Acesso em: 10 set. 2011 PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA 1/2012 - EDIÇÃO 5 - ISSN 2176 7785 l 257 SOYAMA, Paula. Ideia de que a saúde pode ser comprada intensifica o consumo de medicamentos. Cienc. Cult., São Paulo, v. 58, nº. 2, jun. 2006. Disponível em: <http://cienciaecultura.bvs.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252006000200005&lng=en&nrm =iso>. Acesso em: 08 out. 2011. SWEETMAN, Sean C. Martindale: the complete drug reference. 35. ed. London: Pharmaceutical Press, 2007. v. 1 e 2. UNITED States pharmacopeial dispensing information: USP DI. 26th ed. Massachusetts: Micromedex, 2006. v.1. WANNMACHER, Lenita; FERREIRA, Maria Beatriz Cardoso. Febre: mitos que determinam condutas. Organização Pan-americana de Saúde – OPAS. Uso Racional de Medicamentos: Temas Selecionados, vol. 1, nº9. Brasília, Ago. 2004. 6p. Disponível em: < http://www.opas.org.br/medicamentos/ ANEXO B: Tabela com os princípios ativos e advertências se- site/UploadArq/HSE_URM_FEB_0804.pdf> Acesso em: 26 out. 2011. WANNMACHER, Lenita. Paracetamol versus Dipirona: como mensurar o risco? Organização Pan-americana de Saúde – OPAS. Uso Racional de Medicamentos: Temas Selecionados, vol. 2, nº5. Brasília, abr. 2005. 6p. Disponível em: < http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/ pdf/novo_paracetamol.pdf > Acesso em: 09 dez. 2011. NOTAS DE RODAPÉ *Aluna do curso de Farmácia do Centro Universitário Newton Paiva **Professor do curso de Farmácia do Centro Universitário Newton Paiva ANEXOS ANEXO A: Tabela com as principais regras da RDC nº 40 gundo RDC nº 96 258 | PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA 1/2012 - EDIÇÃO 5 - ISSN 2176 7785 ANEXO C: Tabela com as novas regras de propaganda para medicamentos no Brasil PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA 1/2012 - EDIÇÃO 5 - ISSN 2176 7785 l 259