6572 - UFRB

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Pneumomediastino e enfisema subcutâneo em um bovino com raiva
paralítica
Stigger, A. L., Marcolongo-Pereira, C., Santos, B. L., Fiss, L., Coelho A. C. B.,Schild, A. L.
Autor correspondente: [email protected] (Schild, A. L.). Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de
veterinária, Laboratório Regional de Diagnóstico, Caixa Postal 354, Campus Universitário S/Nº, Capão do Leão,
RS, CEP 96 010-900.
PALAVRAS-CHAVE: Pneumomediastino, enfisema, raiva.
INTRODUÇÃO: Pneumomediastino é uma condição caracterizada pela presença de ar no mediastino [2]. Em
bovinos esta condição ocorre mais frequentemente em vacas após o parto devido a exacerbação de uma doença
pulmonar crônica pré-existente, ou pelo esforço realizado durante o parto [3]. Pneumomediastino tem sido
descrito, também, em bovinos com broncopneumonia [1] e em equinos como consequência de traumatismos [4].
Em seres humanos, pneumomediastino tem sido associado a traumatismos, a doenças inflamatórias, a
neoplasias[7] e, em raras ocasiões, a raiva paralítica [8,10]. O objetivo deste trabalho é descrever a ocorrência de
pneumomediastino e enfisema subcutâneo em um bovino com raiva paralítica.
MATERIAL E MÉTODOS: Foi realizada uma visita pelos técnicos do Laboratório Regional de Diagnóstico (LRD)
da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) a uma propriedade localizada na região Sul do Rio Grande do Sul na
qual dois bovinos morreram com sinais neurológicos confirmando-se um surto de raiva paralítica.
Posteriormente, um terceiro bovino apresentou sinais neurológicos e foi necropsiado. Fragmentos de todos os
órgãos, incluindo o sistema nervoso central (SNC) foram fixados em formalina 10%, processados rotineiramente
e corados com hematoxilina e eosina (HE). Fragmentos do sistema nervoso central foram submetidos à técnica
de imuno-histoquímica para raiva[9].
RESULTADOS: O bovino Hereford de dois anos apresentou paresia e incoordenação motora por um período de
10 dias. Sete dias após o inicio dos sinais clínicos o animal estava em decúbito, incapaz de se levantar e com
respiração estertorosa e havia desenvolvido severo enfisema subcutâneo que se estendia dos membros
anteriores passando pelo peito e pescoço até a cabeça. Na necropsia havia enfisema subcutâneo acentuado, os
pulmões não colapsaram na aberturada cavidade torácica e estavam enfisematosos, com formação de bolhas. O
enfisema estendia-se pela aorta e envolvia o saco pericárdico. Havia, também, formação de bolhas na superfície
do fígado e do baço. Histologicamente, no pulmão havia enfisema pulmonar. No SNC havia encefalite não
supurativa focalmente extensiva, manguitos perivasculares e gliose multifocal no tronco encefálico. Inclusões
intracitoplasmáticas eosinofílicas (corpúsculos de Negri) foram observadas em neurônios do óbex. Na imunohistoquímica do SNC houve imunomarcação positiva para antígenos do vírus da raiva.
DISCUSSÃO E CONCLUSÃO: O diagnóstico foi realizado com base nos dados epidemiológicos, sinais clínicos,
achados de necropsia, lesões histológicas e imuno-histoquímica positiva para o vírus da raiva. Chama a atenção a
ocorrência de pneumomediastino e enfisema subcutâneo neste caso de raiva paralítica. Uma condição similar foi
descrita em seres humanos infectados com raiva [5]. No presente caso o bovino apresentou sinais clínicos da
doença por um período de 10 dias, mas o enfisema subcutâneo generalizado apresentado pelo animal após sete
dias de sinais neurológicos levou o veterinário da propriedade a descartar a possibilidade de ser raiva por não
reconhecer este sinal clínico como sugestivo desta enfermidade. Em seres humanos, presença de ar no espaço
retrofaríngeo e pneumomediastino podem levar a erros de diagnóstico de raiva, principalmente quando parte do
histórico médico do paciente e os sintomas sugestivos da doença são omitidos [5]. Edema e enfisema pulmonar
agudo (fogfever) e intoxicação por batata doce mofada contaminada por Fusariumsolani em bovinos podem
causar enfisema pulmonar e subcutâneo [6],entretanto, no presente relato o bovino não havia sido transferido
para pastagemexuberante e não recebia batata doce mofada como alimento. Conclui-se que pneumomediastino e
enfisema subcutâneo devem ser considerados como uma complicação incomum da raiva em bovinos, similar ao
que ocorre em seres humanos e esta doença deve ser considerada em casos de enfisema e pneumomediastino,
principalmente se o animal apresentar sinais neurológicos e forem descartadas outras enfermidades que causam
estes sinais clínicos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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pulmonary bullae. J. Am. Vet.Med.Assoc., 206:955-956, 1995.
2. Brockman, D.J.,Puerto, D.A. Pneumomediastinum and pneumothorax. In: King, L.G. (Ed.). Respiratory
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3.
Divers, T.J. Respiratory diseases. In: Divers, T.J.,Peek, S.P. (Eds.). Rebhun’s diseases of dairy cattle. 2.ed.
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4. Hassel, D.M. Thoracic trauma in horses. Vet.Clin.North Am. Equine Pract., 23:67-80, 2007.
5. Kietdumrongwong, P.,Hemachudha, T. Pneumomediastinum as initial presentation of paralytic rabies: a
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6. López, A. Respiratory system, mediastinum, and pleurae. In: McGavin, M.D.,Zachary, J.F. (Eds.).
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7. Maes, S. et al. Pneumomediastinum and subcutaneous emphysema in a cat associated with necrotizing
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8. Omezzine, A. et al. Spontaneous pneumomediastinum: an exceptional complication of rabies.
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9. Stein, L.T. et al. Immunohistochemical study of rabies virus within the central nervous system of
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