seção notas de pesquisa áreas de preservação ambiental como

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Revista Práticas de Geografia. – ano I, n.1, 2014.
SEÇÃO NOTAS DE PESQUISA
ÁREAS DE PRESERVAÇÃO
AMBIENTAL COMO TERRITÓRIOS
DE CIDANIA ATRAVÉS DO
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TURISMO
Alda Maria de Oliveira1
O município de Nova Friburgo tem uma admirável cota de área verde formada, principalmente
por áreas remanescentes de Mata Atlântica que integram campos de altitude, capoeiras,
capoeirões, fragmentos de mata primária, principalmente em Macaé de Cima – Cabeceiras, no
5º distrito de Lumiar e pequena parte no 8º distrito de Muri mas também em parte dos Três
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* Engª Agrª pela Universidade Federal de Pelotas, RS, em 1968; M. Sc. pela Universidade de Londres,
em 1976; especializada em Engenharia Ambiental pela Universidade Cândido Mendes – campus de Nova
Friburgo, em 2011 e Subsecretária de Pesquisa, Planejamento Urbano, Preservação Ambiental e
Regularização Fundiária da Secretária Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano
Sustentável da Prefeitura Municipal de Nova Friburgo a partir de 2 de janeiro de 2013.
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Territórios de Cidadania através do Turismo.
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Picos e Fazenda Campestre, no 3º distrito de Campo do Coelho e uma área maior de floresta em
regeneração até em áreas do 1º distrito como é a área verde do Horto do Vino, em Conselheiro
Paulino, 6º distrito.
É inegável a importância desse patrimônio verde para amenizar as temperaturas mais altas de
verão, proteger as inúmeras nascentes que vão formar as três Bacias Hidrográficas do Rio
Bengalas, do Rio Macaé e do Rio Grande, guardar e alimentar a fauna da região e contribuir
para entrada financeira do município com atividades de baixo impacto ambiental como é o
turismo ecológico aumentando a qualidade de vida da população.
Áreas de Proteção Ambiental necessitam, além de lei de criação, de conselhos gestores
formados, planos de manejo construídos e, principalmente de programas de educação ambiental
com a população para que a mesma conheça o território protegido e dele se aproprie para se
tornar sua guardiã e beneficiária.
Dentro do leque de áreas de proteção ambiental dentro do município, já estão com seus
conselhos gestores formados, o Parque Estadual dos Três Picos e a APA Estadual de Macaé de
Cima. O Parque construiu o seu plano de manejo e o setor governamental vem tentando
aumentar e qualificar a participação das organizações da sociedade civil através de reuniões
bimestrais, com calendário pré-estabelecido, inclusive com o concurso de uma rádio
comunitária em processo de instalação nos Três Picos, próximo à Fazenda-Escola Rei Alberto I,
parceria entre estado e município, administrada pelo IBELGA.
A APA Estadual de Macaé de Cima, em processo de renovação de seu conselho gestor a ser
instalado e plano de manejo em sua versão final a ser discutido e aprovado pelo conselho
conseguiu, depois de vários anos de gestões junto ao governo do estado, ter sua sede própria, em
Lumiar. Há segmentos do Conselho Gestor que discordam das ações de implantação da APA e
se retiraram do Conselho; entre eles os agricultores familiares. Muito mais porque o tempo dos
agricultores familiares não espera pelas demoras em que a burocracia do poder público
mergulha e não responde como é esperado.
As APA’s municipais, em número de quatro, criados nos anos 90 do século passado, se
localizam nos Três Picos, na Caledônia, em Macaé de Cima, desde as Cabeceiras até a Escola
Monsenhor depois do Córrego do Macuco e a de Rio Bonito. Nos anos de 2008 e 2009, a Rede
Brasileira Agroflorestal – REBRAF – realizou um trabalho em Nova Friburgo, com as
comunidades no entorno dos Três Picos e da Caledônia visando fornecer indicações para um
plano de manejo dessas duas APA’s e para a formação dos respectivos conselhos gestores, com
financiamento do Ministério do Meio Ambiente. O trabalho, fundamentado por uma extensa
pesquisa bibliográfica e observações ‘in loco’ realizadas por profissionais com conhecimento da
região sobre fauna e flora produziu uma serie de dados cujo relatório final foi entregue à
Prefeitura Municipal de Nova Friburgo, impresso e em cópias digitais.
O momento de início de novos gestores municipais é importante para a retomada desses
trabalhos e tornar as APA’s municipais territórios onde os seus habitantes possam descobrir
possibilidades de atividades remuneradoras sem agressão ao meio ambiente.
Além disso, existe a real possibilidade de se aumentar o número de Reservas Particulares do
Patrimônio Natural (RPPN’s), já com várias delas implantadas na Bacia Hidrográfica do Rio
Macaé, uma em andamento na Bacia Hidrográfica do Rio Bengalas e nenhuma na Bacia
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Hidrográfica do Rio Grande, até com desenho territorial que possibilite a criação de corredores
de vegetação que aumentem as chances de deslocamento mais seguro da fauna e a ampliação
das trocas genéticas entre exemplares de diferentes espaços silvestres.
Há todo um trabalho de capacitação desafiador que é dar concretitude à lei municipal de
educação ambiental, de 2007, levando-a, através das organizações de ensino municipais,
estaduais e universitárias públicas e privadas com sede em Nova Friburgo para o máximo de
crianças, jovens e adultos de forma que o patrimônio de área verde que tem o município seja
fonte de lazer, de cultura em fauna, flora, cursos hídricos, montanhas e solo e que cada vez
mais, se conheça também os limites que a natureza nos indica onde não construir.
A construção da carta geotécnica em discussão no município com o estado e o governo federal
pode ser uma das melhores bases para ampliarmos e delimitarmos nossas áreas verdes de
preservação.
Após essa fase, a capacitação de moradores das APA’s, RPPN’s em turismo vai ser o desafio
onde a sabedoria popular de uns precisa encontrar eco no saber acadêmico de outros para que,
juntos, deem forma a atividade que mais cresce no mundo, que menos impacto ambiental
ocasiona e cujo volume de recursos financeiros que movimenta já ultrapassa a indústria bélica.
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Se abre a possibilidade de ampliação do processo de cidadania pela prática do conhecer, saber
e compartilhar com o visitante o vasto patrimônio verde de Nova Friburgo. Não é difícil. É
complexo. Mas o desafio pode valer a pena. E ainda vai render mais ICMS Verde para o
município se fizermos o dever de casa. Bem feito. Com inclusão das classes populares, atenção
para a classe média e apoio da classe mais abastada. Se assim fizermos estaremos dizendo à
Natureza que aprendemos parte da lição de janeiro de 2011.
FOTOS:
Floresta nebulosa - Apa Pico do Caledônia
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Três Picos – conjunto de montanhas que dá o nome a APA dos Três Picos
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Vista do maciço do Caleônia (APA do Pico da Caledônia)
Referência bibliográfica.
REBRAF. Relatório final – projeto de capacitação, plano de manejo, e implementação de
procedimentos relativos à compensação ambiental nas APAs do Pico da Caledônia e dos
Três Picos / Nova Friburgo – RJ. 888p. 2010.
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