o conhecimento dos enfermeiros das equipes de saúde da família

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O CONHECIMENTO DOS ENFERMEIROS DAS EQUIPES DE SAÚDE DA
FAMÍLIA NA REALIZAÇÃO DO EXAME CLÍNICO DAS MAMAS
THE KNOWLEDGE OF FAMILY HEALTH PROGRAM NURSES ABOUT
PERFORMING CLINICAL BREAST EXAMINATIONS
KÊNIA CELY DE LIMA ALMEIDA
Enfermeira do PSF de Francisco Morato – SP
Aluna do curso de pós-graduação em Saúde da Família da Faculdade de Medicina
de Campos
Trata-se de um estudo que busca avaliar o conhecimento dos enfermeiros que
atuam no PSF e freqüentam a pós-graduação em Saúde da Família da FMC em
relação ao exame clínico das mamas. Foram aplicados questionários a 12
enfermeiros em julho de 2008. A análise dos dados foi feita através do programa
Excel e apresentados de forma descritiva, gráficos e tabelas. Concluiu-se que
faltam aos enfermeiros alguns conhecimentos básicos em relação ao exame clínico
das mamas, mostrando a necessidade de capacitação dos profissionais, a fim de
melhorar o atendimento e colaborar com o controle do câncer de mama.
Palavras-chave: câncer de mama, exame clínico das mamas, diagnóstico precoce,
enfermagem, programa saúde da família.
INTRODUÇÃO:
O câncer de mama é um sério problema de Saúde Pública, devido sua
elevada morbi-mortalidade e alto custo social e econômico, ocupando no Brasil, o
primeiro lugar em mortalidade por neoplasias, no sexo feminino. Sua incidência é
maior em mulheres a partir de 40 anos, sendo que cerca de 60% dos casos são
diagnosticados em estágios III e IV¹.
O diagnóstico nas fases iniciais proporciona elevadíssimas chances de cura e,
na maior parte dos casos, permite oferecer um tratamento menos invasivo e
mutilador. As estratégias básicas para sua detecção são: auto-exame mensal das
mamas, exame clínico das mamas (ECM), realizado independente da faixa etária e
em todas as consultas clínicas e exame mamográfico, nas mulheres com idade
entre 50 e 69 anos, com intervalo de no máximo dois anos¹.
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Os profissionais médicos e enfermeiros da atenção primária (Unidades Básicas
de Saúde) devem proceder ao ECM, em todas as mulheres a partir de 25 anos,
rotineiramente. Sinais como assimetria, abaulamentos, retrações, ulcerações,
gânglios linfáticos e nódulos devem ser cuidadosamente pesquisados, na
seqüência: inspeção estática, inspeção dinâmica, palpação das axilas e regiões
supra-claviculares e palpação do tecido mamário¹. Obviamente, conta para a
efetividade do exame, o grau de habilidade obtido pela experiência de detectar
qualquer anomalia nas mamas examinadas², além de ambiente privativo adequado
com boa iluminação e respeito ao recato da mulher.
É importante enfatizar que o enfermeiro é um importante agente no
acompanhamento desses pacientes com CA de Mama; sua ação deve ser integral
e participativa, desenvolvendo ações de saúde individuais e coletivas na sua rotina
de trabalho, que atendam às necessidades dos pacientes. Portanto, o objetivo
deste estudo é avaliar o conhecimento dos enfermeiros das ESF em relação às
técnicas corretas para realização do ECM.
Tendo em vista que o controle do CA de mama depende essencialmente de
ações de promoção de saúde e diagnóstico precoce da doença, torna-se
fundamental a ação dos enfermeiros das ESF, incluindo o ECM na sua rotina de
trabalho. Mas, para isso devem conhecer as técnicas adequadas para cada
momento do exame. Assim, o trabalho em questão contribuirá para que os
enfermeiros avaliem suas ações, melhorem seu atendimento e colaborem com o
controle da doença.
MATERIAL E MÉTODO:
Trata-se de uma pesquisa descritiva de campo, realizada com 12 enfermeiros
que atuam no PSF e freqüentam a pós-graduação em Saúde da Família da
Faculdade de Medicina de Campos (FMC) – amostra de conveniência.
O projeto foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa com
Seres Humanos, parecer n° 015/08, além do consentimento livre e esclarecido da
coordenadora do curso de pós-graduação da FMC e dos respectivos enfermeiros
participantes da pesquisa.
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O período de coleta de dados foi julho de 2008. Como instrumentos de coleta
foram utilizados questionários com perguntas abertas e fechadas com as seguintes
variáveis: - demográficas: idade, sexo, tempo de formação, tempo de atuação; clínicas: exame das mamas, etapas do exame, freqüência de realização; - físicas:
estrutura e espaço adequado.
Os dados obtidos foram analisados através do programa Excel e apresentados
de forma descritiva, gráficos e tabelas, com freqüência absoluta e relativa.
RESULTADOS:
De doze enfermeiros participantes do estudo, 17% tinham 1 ano de formação,
66% de 2 a 4 anos e outros 17% tinham de 5 a 6 anos, sendo que 50% relataram 2
anos de atuação no PSF, como evidenciado na TAB. 1.
TABELA 1: Tempo de atuação dos enfermeiros no PSF.
Tempo de atuação
6 meses
1 ano
2 anos
4 anos
6 anos
TOTAL
N°
01
02
06
02
01
12
%
08%
17%
50%
17%
08%
100%
Como mostra a FIG.1, 33% dos enfermeiros afirmaram ter pouco conhecimento
em relação ao CA de mama e 67% afirmaram ótimo conhecimento.
4
33%
67%
pouco
conhe cim e nto
ótim o
conhe cim e nto
Figura 1: Como os enfermeiros avaliam seu conhecimento em relação ao CA de
mama.
Ao serem questionados se tinham ou não conhecimento em relação aos sinais
e sintomas do CA de mama, passos do exame físico das mamas e qual a
freqüência em que o exame deve ser realizado em relação à idade da paciente, 1
enfermeiro (8%) respondeu que não tinha nenhum conhecimento e 11 (92%) que
tinham conhecimento em relação a esses assuntos (FIG.2). Entretanto, dos 11
enfermeiros que responderam sim, 7 enfermeiros
conseguiram citar dois
sinais/sintomas, apenas 1 enfermeiro citou corretamente todos os passos do ECM
corretamente e nenhum enfermeiro soube relacionar a freqüência de realização do
exame com a idade da paciente.
As técnicas (como realizar) de ECM variam bastante em seus detalhes,
entretanto, todas elas preconizam a inspeção visual, a palpação das mamas e dos
linfonodos (axilares e supraclaviculares)¹. Mas para executar tal técnica, o
enfermeiro deve conhecer bem tal assunto e aplicar seu conhecimento para
suspeita diagnóstica, orientação e encaminhamento de pacientes ao médico da
equipe, para confirmação diagnóstica.
Sobre as circunstâncias nas quais realizavam o ECM, 03 enfermeiros
responderam que não realizavam em nenhum momento do seu atendimento, 07
realizavam na sua rotina de trabalho, 01 realizava apenas em pacientes acima de
40 anos e 01 realizava apenas se a paciente apresentava alguma queixa. O exame
clínico das mamas é fase de avaliação no processo de assistir em enfermagem,
fazendo parte dos protocolos de assistência do Programa Saúde da Família, mais
especificamente do Programa de Saúde da Mulher³, sendo que deveria ser
realizado rotineiramente nas consultas de enfermagem, com a finalidade de
detectar anormalidades na mama num estágio precoce de evolução, sem sobrepor
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ao ato médico e a fim de alcançar a integralidade da assistência à Saúde da
Mulher na Atenção Básica.
Como mostra a FIG.3, 58 % das unidades de saúde não tinham estrutura
adequada, como ambiente privativo e com boa iluminação, importantes para
realização do ECM.
8%
sim
não
92%
Figura 2: Conhecimento dos enfermeiros em relação aos sinais e sintomas, passos
do exame clínico e freqüência de realização.
42%
NÃO
58%
SIM
Figura 3: Opiniões dos enfermeiros em relação à estrutura adequada para
realização do ECM.
CONCLUSÃO:
Com base nos dados apresentados, os enfermeiros entrevistados tinham pouco
tempo de formação e de atuação no PSF; e, apesar de avaliarem seu
conhecimento em relação ao CA de mama de maneira positiva, faltaram alguns
conhecimentos básicos em relação aos sinais e sintomas do CA de mama, passos
do ECM e a freqüência em que o exame deveria ser realizado em relação à idade
das pacientes.
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Apesar do ECM fazer parte dos protocolos do PSF, alguns enfermeiros ainda
não adotaram esse procedimento na sua rotina de trabalho, e grande parte não
têm estrutura adequada para isso, o que impede uma assistência completa.
Portanto, os dados mostraram a necessidade de implantação de protocolos de
assistência nas unidades do PSF e a capacitação dos enfermeiros para o
desenvolvimento de ações de controle do CA de mama, a fim de alcançar a
integralidade à Saúde da Mulher.
ABSTRACT:
The study aims at evaluating the clinical breast examination knowledge
of nurses which work for the Family Health Program and take the graduate
course on Family Health at FMC. The nurses were given 12 questionnaires in July,
2008. The data analysis was made through Microsoft Excel and presented in
charts, tables and descriptive ways. The results show that nurses lack some basic
knowledge regarding clinical breast examinations, resulting in the need of
training these professionals, aiming at improving the attendance and collaborating
with the control of breast cancer.
Key-words: breast cancer, clinical breast examination, early diagnosis,
nursing, Family Health Program
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