PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde Departamento de Medicina Veterinária Curso de Medicina Veterinária em Betim Leonardo Lara Maia Raphael Ruas Gouvêa ESTUDO DO EFEITO DA IDADE DOS PROGENITORES EQUINOS SOBRE A RAZÃO SEXUAL DE SUAS CRIAS Betim 2013 Leonardo Lara Maia Raphael Ruas Gouvêa ESTUDO DO EFEITO DA IDADE DOS PROGENITORES EQUINOS SOBRE A RAZÃO SEXUAL DE SUAS CRIAS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Medicina Veterinária em Betim da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Medicina Veterinária. Monografia apresentada ao Curso de Medicina Veterinária Orientador: Prof. Guilherme Ribeiro da VallePontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Medicina Veterinária. Betim 2013 Leonardo Lara Maia Raphael Ruas Gouvêa ESTUDO DO EFEITO DA IDADE DOS PROGENITORES EQUINOS SOBRE A RAZÃO SEXUAL DE SUAS CRIAS Monografia apresentada ao Curso de Medicina Veterinária da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Medicina Veterinária. _____________________________________________________ Prof. Guilherme Ribeiro Valle (Orientador) – PUC Minas. _____________________________________________________ Profa. Maria Coeli Gomes Reis Lage– PUC Minas. _____________________________________________________ Dra. Laura Maria Godinho Santos Esquário – PMMG Betim, 18 de junho de 2013 DEDICATÓRIA Dedicamos esta a aquele que em todo tempo esteve ao nosso lado, se tornando nosso melhor amigo e nosso maior abrigo. Em tempos bons e ruins, em tempo de júbilo, mas também em épocas de insucessos e incertezas nunca nos deixou só e nunca nos permitiu desanimar. Entendemos que o homem não tem nada se do céu não lhe for dado, e que devemos confiar em ti de todo nosso coração, não nos apoiando em nosso próprio conhecimento e entendimento. A ti Senhor Jesus, nosso maior amigo, dedicamos honra, glória e louvor por esta vitória. AGRADECIMENTOS Agradecemos aos nossos pais, por todo incentivo e dedicação que tiveram durante toda nossa vida, mas em especial por esse tempo em que a caminhada que nos foi proposta se mostrou dura e árdua. Sem vocês o caminho seria mais doloroso e talvez impossível de se suportar. Aos nossos Mestres, e em especial ao Prof. Guilherme Ribeiro Valle devemos eterna gratidão, não apenas por nos apresentarem toda a arte da ciência que mais amamos. Mas por quando, tinham o dever de apenas lecionar, eles nos ensinavam, por quando deveriam apontar nossos erros, eles nos ajudaram a acertar, por quando podiam relevar para se mesmos os nossos fracassos, muitas vezes partilharam da nossa dor. A você que de uma forma direta ou indiretamente participou deste sonho, que o Senhor Jesus os abençoe e os guarde, faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti, que o Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz. RESUMO O objetivo deste trabalho foi avaliar se a idade dos progenitores equinos poderia interferir na razão sexual de seus filhos, variando da razão sexual esperada por Fisher (1958) de 1:1. Foram analisados dados de 262 potros nascidos entre 1995 e 2012 no Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes da Polícia Militar de Minas Gerais (RCATPMMG), oriundos de acasalamentos de 120 éguas com 16 garanhões. A razão sexual dos potros foi analisada de acordo com a comparação entre grupos formados de acordo com a idade da égua (até 15 anos; maior que 15 anos); idade do garanhão (até 15 anos; maior que 15 anos); e diferença de idades garanhão/égua (garanhão mais que 10 anos mais velho; garanhão entre 10 anos mais velho e 10 anos mais novo; garanhão mais que 10 anos mais novo). As comparações de razões sexuais entre grupos foram realizadas utilizando-se o teste de Qui-quadrado quando entre três grupos, e o teste de Fisher quando entre dois grupos. Já a comparação da frequência observada de cada sexo em determinado grupo e a frequência teórica esperada, de 50% para cada sexo, foi realizada pelo teste de Fisher. Para a comparação entre idades do garanhão e da égua entre diferentes grupos foi utilizada a análise não paramétrica de Mann Withney quando entre dois grupos, e Kruskal-Wallis quando entre três grupos, após avaliação de normalidade dos dados pelo teste de Kolmogorov-Smirnoff. Em todos os casos foi considerado o nível de significância de 5% (P<0,05). Observou-se queéguas com 15 ou mais anos de idade produziram mais crias do sexo feminino que masculino na comparação com éguas mais jovens, além de produzirem prole com razão sexual diferente de 1:1, com maior taxa de nascimento de fêmeas. Já a diferença de idade entre égua e garanhão e a idade do garanhão, não afetaram a razão sexual dos potros. Palavras-chave: equino, idade da égua, idade do garanhão, razão sexual. ABSTRACT The aim of this study was to evaluate whether the age of the parents horses could interfere with the sex ratio of their children, ranging from the expected sex ratio by Fisher (1958) 1:1. We analyzed data from 262 foals born between 1995 and 2012 in Cavalry Regiment AlferesTiradentes of the Military Police ofMinas Gerais (RCAT-PMMG), derived from matings of 16 stallions with 120 mares. The sex of the foals was analyzed according to the comparison between groups formed according to the age of the mare (15 years, greater than 15 years), age of the stallion (up to 15 years, greater than 15 years), and difference ages stallion / mare (stallion more than 10 years older; stallion between 10 years older and 10 years younger; stallion more than 10 years younger). The comparisons of sex ratios between groups were performed using the chi-square when between three groups, and the Fisher test when between two groups. The comparison of the observed frequency of each sex in a given group and the theoretical expected frequency of 50% for each sex was performed by Fisher's test. To compare ages stallion and mare among different groups we used the nonparametric Mann-Whitney test when between two groups, and Kruskal-Wallis test when between three groups, after evaluation of data normality using the KolmogorovSmirnoff. In all cases it was considered the level of significance of 5% (P <.05). It was observed that mares with 15 or more years of age produced more female offspring than male compared to younger mares, and produce offspring with different sex ratio of 1:1, with the highest birth rate of females. Already the age difference between mare and stallion and aged stallion, did not affect the sex ratio of foals. Keywords: horse, mare age, old stallion, sex ratio. LISTA DE TABELAS TABELA 1 Razão sexual de potros segundo a idade dos progenitores ................. 31 TABELA 2 Razão sexual de potros a diferença de idade dos progenitores ........... 31 TABELA 3 Razão sexual de potros segundo a idade da égua, quando a diferença de idades entre garanhão e égua era máxima de 10 anos .................... 32 LISTA DE ABREVIATURAS aC – Antes de Cristo CL – Corpo Lúteo cm – centímetro ECG – Gonadotrofina Coriônica Equina IA – Inseminação Artificial LH – Hormônio Luteinizante MG – Minas Gerais mL – mililitro mm – milímetro ng – nanograma PGE2– Prostaglandina E2 PGF2α – Prostaglandina F2 alfa PM – Polícia Militar RCAT – Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 11 2 REVISÃO DA LITERATURA........................................................................... 2.1Determinação sexual em mamíferos............................................................... 2.2 Sobrevivência diferenciada entre embriões masculinos e femininos............ 2.3 Gestação da égua............................................................................................... 2.4 Morte embrionária em equinos........................................................................ 2.4.1Deficiência de progesterona............................................................................ 2.4.2 Endometrites..................................................................................................... 2.4.3 Endometrose.................................................................................................... 2.4.4 Idade da égua................................................................................................... 2.4.5 Estresse............................................................................................................ 2.4.6 Nutrição........................................................................................................... 2.4.7 Genética........................................................................................................... 2.4.8 Local de fixação do embrião no útero............................................................ 2.4.9 Fatores relacionados ao garanhão................................................................. 12 12 14 17 20 21 21 23 24 26 27 27 28 28 3 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................. 29 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................... 30 5CONCLUSÃO....................................................................................................... 34 REFERÊNCIAS....................................................................................................... 35 11 1. INTRODUÇÃO O interesse pelos mecanismos de determinação do sexo dos animais remonta os tempos de Aristóteles (DAMIANI; DICHTCHEKENIAN; SETIAN, 2000). Apesar disso, até hoje não se sabe exatamente que fatores determinam o nascimento de animais do sexo masculino ou feminino, apesar de Fisher (1958) ter proposto que a razão sexual natural seria de 1:1 macho:fêmea, o que não ocorre naturalmente em diversas espécies. Direcionar o nascimento de indivíduos masculinos ou femininos pode ser uma estratégia de preservação das espécies (CONEY; MACKEY, 1998) e também interesse do homem em relação aos animais que cria, permitindo atingir seus interesses econômicos (animais pecuários) ou afetivos (animais de companhia). Estudos em primatas humanos (MANNING; ANDERTON, 1998) e não humanos (BAYFELD; YOUNG, 2002) relatam razão sexual diferente de 1:1 em função da idade dos progenitores. Em estudo recente realizado por Barbosa (2012), se pôde perceber indícios de que éguas mais velhas tendem a produzir mais fetos fêmeas que machos. Diferenças moleculares entre os embriões levam a alterações no metabolismo fazendo com que o embrião masculino tenha uma maior taxa metabólica de glicose e de proteínas, o que podem ter consequência no desenvolvimento do embrião, levando a perda embrionária seletiva em função de capacidades diferentes de resposta a riscos ambientais, como o ambiente uterino. Assim, embriões masculinos são mais sensíveis às condições adversas encontradas durante o seu desenvolvimento inicial (BERMEJO-ALVAREZ et al., 2011). Silva (1991), estudando a ocorrência de diversas patologias genitais relacionadas à idade da égua, evidenciou que de maneira geral, há uma maior ocorrência dessas com o avançar da idade, sendo as lesões inflamatórias uterinas significativamente relacionadas à menor fertilidade. Leblanc (2010) ressalta a maior mortalidade embrionária precoce em éguas com piores condições uterinas. Diante disso, este estudo teve o objetivo de verificar a hipótese de que éguas mais velhas tendem a produzir maior número de potros fêmeas em relação a machos, avaliando os potros nascidos ao longo de 22 anos no Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes (RCAT) da Polícia Militar de Minas Gerais. 12 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. Determinação sexual em mamíferos Em 355 aC, Aristóteles postulava que o dimorfismo sexual surgia de diferenças na temperatura do sêmen no momento da cópula, sendo que sêmen mais aquecido geraria indivíduos do sexo masculino, enquanto que em temperatura mais baixa geraria indivíduos do sexo feminino (DAMIANI; DICHTCHEKENIAN; SETIAN, 2000). O interesse científico pelo conhecimento sobre os determinantes do sexo ao nascimento se desenvolveu, inicialmente, para tentar explicar a predominância mundialmente observada do nascimento de indivíduos do sexo masculino sobre o feminino em seres humanos, bem como pelo interesse de algumas culturas na possibilidade de determinação prévia do sexo de sua prole (GRAY et al., 1998). No primeiro quarto do século XX surgiu a ideia da determinação cromossômica do sexo, desacreditando várias teorias já existentes. O estudo dos cromossomos dos seres humanos e de outros mamíferos no terceiro quarto desse mesmo século, aliado à descoberta de aberrações dos cromossomos sexuais, enfatizou a importância do cromossomo Y para a determinação sexual masculina (MITTWOCH, 2005). Hoje em dia há tecnologias que nos auxiliam, fazendo com que haja maior chance que o embrião seja do sexo desejado, favorecendo a presença dos espermatozóides que carreiam cromossomas X ou Y no momento da fertilização, promovendo alteração na proporção normal do sexo. As técnicas incluem o uso da citometria de fluxo para separar os espermatozóides X e Y, sendo usado o sêmen sexado para realizar inseminação artificial (IA) (FUGGER, 1999; LU; CRAN; SEIDEL 1999; JOHNSON, 2000). Entretanto, técnicas de manejo reprodutivo poderiam ser utilizadas para a determinação prévia do sexo. Silva et al. (2008), mostraram que novilhas Nelore inseminadas mais tardiamente no cio apresentavam maior proporção de nascimento de bezerros machos. O controle fisiológico do sexo à concepção parece estar relacionado à capacitação espermática, quando os espermatozóides carreadores do cromossomo Y capacitam-se 13 primeiro, em virtude da maior sensibilidade à concentrações iônicas no útero em relação aos espermatozóides contendo o cromossomo X, indicando que a seleção do sexo do embrião pode ocorrer no ambiente uterino, pela seleção dos espermatozóides (PELLEGRINO et al., 2003). Assim Pugh et al. (1999) mencionam que ao inseminar vacas mais cedo em relação ao momento da ovulação os espermatozóides carreadores do cromossomo Y seriam capacitados primeiro e não resistiriam até a chegada do ovócito na ampola da tuba para fertilização. Por conseguinte, os espermatozóides com o cromossomo X teriam maior chance de fertilizar o ovócito. Em seres humanos, há relatos de que o muco cervical selecionaria espermatozóides X e Y. Martin (1997) propôs um modelo de determinação sexual afetado pelas características do muco cervical da mulher, em que a elevação de níveis de estrógeno nos dias que precedem a ovulação faria com que aumentasse a penetrabilidade do muco cervical pelos espermatozóides. Por outro lado, o aumento dos níveis de progesterona, na presença de corpo lúteo, faria com que esta penetrabilidade diminuísse. Assim, relações sexuais mais distantes do momento da ovulação tornariam mais difícil a penetração dos espermatozóides no muco cervical, privilegiando os espermatozóides Y, com maior habilidade em ultrapassar o orifício cervical e chegar à luz uterina, consequentemente chegando ao ovócito em maior proporção que espermatozóides X. Isso afetaria a proporção sexual das crianças. Pyrsak (1994) relata que espermatozóides Y compõem 66-71% da primeira de 10% dos espermatozóides que nadam através de um gradiente de albumina. Quando ocorre o aumento de progesterona ocorre maior secreção uterina, isto faz com que se aumente a concentração iônica no útero privilegiando segundo Pellegrino et al. (2003) os espermatozóides Y. Há relatos de que a diferença de idade entre homens e mulheres determinaria o sexo de crianças recém-nascidas. Quando os homens são mais velhos do que as mulheres há tendência ao nascimento de meninos; mas quando as mulheres são mais velhas do que os homens, há tendência ao nascimento de meninas (MANNING; ANDERTON, 1998). Situação semelhante foi demonstrada por Bayfeld e Young (2002) para micos leões dourados criados em cativeiro, havendo maior proporção de nascimento de fêmeas quando a progenitora era cinco ou mais anos mais velha que o progenitor. 14 Em equinos, trabalhando com dados de sexagem fetal aos 70 dias, Barbosa (2012) mostrou que fêmeas equinas doadoras de embrião com cinco ou mais anos de idade produziam proporção de fetos fêmea (64%) maior que a de machos (36%); bem como fêmeas seis ou mais anos mais velhas do que garanhões tiveram razão sexual (0,6:1,0) diferente de quando a diferença de idades era menor (1,2:1,0). Entretanto como o diagnóstico do sexo dos fetos foi aos 70 dias de gestação, não se pôde afirmar que a mesma proporção iria se manter até o nascimento, pois poderia ocorrer perdas gestacionais posteriores. A partir da segunda metade do século XX foram desenvolvidas teorias para explicar desvios encontrados em diversas espécies animais da razão sexual 1:1, resultante do acaso no momento de fertilização (princípio de Fisher; FISHER, 1958). O equilíbrio ideal entre gêneros não é necessariamente o de 1:1, devendo ser levado em consideração fatores diversos da ecologia que levam a um equilíbrio ideal próprio de cada espécie em cada situação que faz com que haja a perpetuação desta espécie. Tais fatores, atuando através da fêmea, ajustariam a razão sexual ao nascimento buscando o equilíbrio necessário à manutenção da espécie, desviando-se da proporção genética imposta pelo acaso no momento da fertilização (CONEY, MACKEY, 1998). 2.2. Sobrevivência diferenciada entre embriões masculinos e femininos Alguns estudos mostram que a sobrevivência dos embriões na fase de préimplantação pode ser influenciada pelas diferenças fenotípicas entre embriões masculinos e femininos. Sugere-se que os embriões masculinos seriam mais vulneráveis que os femininos em determinadas condições de estresse. Entretanto, são todos estudos realizados in vitro. Em cavalos selvagens, a razão de sexo de nascimento pode variar de 3 a 81% do sexo masculino entre éguas, dependendo se eles estavam em balanço energético negativo ou positivo, respectivamente (CAMERON; LINKLATER, 2007). Dentre esses estudos Bermejo-Alvarez et al. (2011) mostraram que durante a fase de pré-implantação embriões masculinos e femininos podem exibir diferenças fenotípicas, que só podem ser atribuídas às diferenças resultantes da transcrição do cromossomo sexual 15 diferente. Assim, todos os genes expressos ligados ao Y e os genes ligados ao X que escapam totalmente ou parcialmente, a inativação do cromossoma X, em cada fase de exibição do dimorfismo sexual tem efeito da transcrição específica de desenvolvimento. Além disso, estes cromossomas do sexo transcritos diferencialmente podem regular a transcrição de genes autossômicos, levando a um grande dimorfismo sexual transcricional. As diferenças de transcrição sexo-dependentes podem afetar várias vias moleculares, como o metabolismo da glicose, a metilação do DNA e regulação epigenética, e metabolismo de proteínas. Estas diferenças moleculares podem ter consequências para o desenvolvimento do embrião, incluindo a perda sexo seletivo e as respostas específicas do sexo epigenética aos perigos ambientais como o ambiente uterino. Assim, embriões masculinos seriam mais sensíveis às condições adversas encontradas durante o seu desenvolvimento inicial. Dois estudos de transcrição globais relataram que muitos genes ligados ao X são regulada em blastocistos femininos em camundongos e especialmente em gado, onde a maioria (90%) são altamente expressos em fêmeas. Além disso, imprimindo de mecanismos que afetam genes ligados ao X, fazendo com que uma expressão única ou preferencial do alelo paterno, possa ter um papel nas diferenças de transcrições relacionados com o sexo, como embriões machos não possuem o herdado maternalmente cromossoma X. Neste sentido, alguns genes ligados ao X, tais como, RHOX5 BEX1, BEX2, CAPN6, SRPX2 e UBE2A tinham sido relatados para serem parcialmente impressos durante o desenvolvimento pré-implantação (BERMEJO-AVAREZ et al. 2011 citando KOBAYASHI et al. 2.006), sugerindo efeito sinérgico de X dose dupla e os mecanismos de imprinting sobre as diferenças de transcrição relacionados com o sexo (BERMEJO-AVAREZ et al. 2011). Entre as transcrições regulada no sexo feminino, um quarto estavam ligadas ao X, com o resto sendo autossômica. Em bovinos, a extensão das diferenças sexuais somaram quase um terço dos transcritos expressos, com a maioria deles, sendo autossômica codificado. Esses estudos fornecem evidências de um grande cromossomo sexual liderando a regulação da transcrição de genes autossômicos (BERMEJO-AVAREZ et al. 2011). Embriões do sexo masculino produzidos in vitro possuem taxas metabólica de desenvolvimento superior aos embriões femininos. Este fato pode ser devido à expressão de alguns genes do cromossoma Y que aceleram o desenvolvimento embrionário, enquanto a 16 expressão de outros genes, localizados no cromossoma X, de origem materna ou paterna, retardam o desenvolvimento embrionário. Assim, condições ambientais, tanto naturais como artificiais, poderiam interferir na sobrevivência de embriões de diferentes maneiras, dependendo do seu gênero. O meio de cultura in vitro pode favorecer o embrião masculino por ser rico em nutrientes, estes que são melhores aproveitados pelos embriões masculinos, enquanto que naturalmente quando há éguas com poucos nutrientes o embrião fêmea se daria melhor do que o macho devido ao seu baixo metabolismo (GUTIÉRREZ-ADÁN et al., 2006). Segundo Rheingantz et al. (2004), vários estudos têm reportado uma elevada proporção de machos entre os embriões mamíferos produzidos in vitro. Entretanto, apesar das causas deste desvio ainda não estarem esclarecidas, há especulações de que as condições de cultivo in vitro, como por exemplo a maior quantidade de nutrientes, possam estar relacionadas com esta proporção. (GUTIÉRREZ-ADÁN et al., 2006). Alguns autores, como Grisart et al. (1995) e Yadav, King e Betteridge (1993), sustentam que os componentes do meio de cultivo podem influenciar a velocidade de desenvolvimento e/ou a sobrevivência dos embriões de determinado sexo, interferindo, assim, a proporção macho:fêmea devido a diferenças metabólicas ligadas ao sexo do embrião. De acordo com Gutiérrez (1993), citado por Peipo e Bredbacka (1996), o metabolismo da glicose parece estar envolvido na ocorrência do desvio na proporção macho:fêmea resultante da diferente velocidade de desenvolvimento entre os sexos. Nas primeiras horas após a fecundação, embriões bovinos do sexo masculino clivam mais rapidamente do que os do sexo feminino, quando cultivados em meio contendo 5,56 mm de glicose (PEIPO; BREDBACKA, 1996; PEIPO; BREDBACKA, 2001). Segundo Tiffin (1991), o metabolismo da glicose é significativamente maior em embriões bovinos do sexo masculino do que nos do sexo feminino. De acordo com Rheingantz et al. (2004), a presença de radicais de oxigênio no meio de cultivo também parece participar do mecanismo que determina este desvio macho:fêmea relacionado com a velocidade de desenvolvimento. Estes radicais, embora apresentem ação citotóxica, possuem também efeito estimulante sobre o desenvolvimento dos embriões. 17 Segundo Peipo e Bredbacka (1995), os radicais livres são encontrados em menores concentrações nos embriões femininos do que nos masculinos. Apesar de que no estudo de Gutierrez et al. (1993) ter sido observado que as condições de cultivo in vitro interferem na proporção de embriões machos e fêmeas, revelando maior perda de embriões do sexo masculino, o mesmo não ocorreu em outros estudos. King et al. (1991) não observaram essa distorção para embriões bovinos; assim como Holme e Callesen (1998) relataram proporção macho:fêmea similares logo após a fecundação e em todos os eventos de clivagem, incluindo o estágio de compactação e formação de blastocele. Lê Bourhis et al.(1998) não observaram diferenças significativas nas taxas de blastocistos produzidos por transferência nuclear a partir de núcleos embrionários masculinos e femininos analisados no sétimo dia de cultivo in vitro. 2.3. Gestação da égua O início da gestação equina envolve aspectos específicos do gênero Equus sp., e no momento apropriado o embrião deve sinalizar a sua presença no sistema genital materno, sinal este necessário para a manutenção do corpo lúteo (CL), produção de progesterona e continuidade do desenvolvimento do endométrio e sua atividade secretora. Outros sinais utilizados pelo embrião, como síntese de hormônios e proteínas, parecem também ser responsáveis pelo reconhecimento materno da gestação, sendo alvo de estudos e pesquisas (BORÉM; CAIXETA, 2008). A própria progesterona é importante no controle do mecanismo de luteólise, por inibir o desenvolvimento de receptores endometriais para a ocitocina (VALLET; LAMMING, 1991). O CL é a glândula produtora de progesterona, cuja secreção contínua é essencial para o início e a manutenção da gestação em fêmeas equinas (ARRUDA et al., 2001). Após a ovulação, o CL passa a produzir progesterona, cuja produção atinge concentrações plasmáticas de 6 a 10 ng/mL no 5º dia após a ovulação. A progesterona estimula a proliferação e secreção do epitélio glandular do endométrio (secreção histotrófica ou leite uterino). Esta secreção é a única fonte de nutrientes para o crescimento do concepto antes que ocorra a placentação. Além disso, a progesterona reduz a contratilidade uterina e 18 mantém a contratilidade cervical, deixando que o concepto e a placenta possam se desenvolver sem serem expulsos do útero através da cérvix (STEVENSON, 1998). Com o crescimento do CL na égua gestante até os 35 a 40 dias de gestação, quando a placenta inicia a produção de gonadotrofina coriônica equina (ECG) pelos cálices endometriais, ocorre a formação de CLs acessórios (CARVALHO et al., 2001). Após a fertilização na tuba uterina, o zigoto atinge o útero, no quinto ou sexto dia após a ovulação (LOPES, 2004). No útero, o embrião sinaliza sua presença à mãe, através de mecanismo chamado de reconhecimento materno da gestação (ALLEN, 1994). Acredita-se que desde o sétimo dia de vida o embrião começa a secretar estrógeno (ALLEN, 2001; HAFEZ; HAFEZ, 2004), que inibe a produção de prostaglandina F2 alfa (PGF2α) pelo endométrio, consequentemente mantendo concentrações adequadas de progesterona circulante (MOREL, 2003). Caso esse reconhecimento não ocorra, as células endometriais sintetizarão e liberarão PGF2α, que atuará no CL determinando sua lise e o fim da produção de progesterona, podendo levar a manifestação de um novo estro (LOPES, 2004). Entre os dias seis a 22 após a ovulação, o embrião está envolto por uma resistente cápsula que o mantém esférico e livre dentro da luz uterina. Entre os dias nove a 17 o embrião se move continuamente de uma extremidade à outra dos cornos uterinos, levado por contrações peristálticas do miométrio (GINTHER, 1992; ALLEN, 1994; HAFEZ; HAFEZ, 2004). É importante que o endométrio esteja em boas condições e sem nenhuma barreira que impeça a movimentação do concepto, como cistos ou septos endometriais, que podem levar a interrupção da gestação (ALLEN, 2001). Este processo de mobilidade do concepto persiste até o dia 16 ou 17 após a ovulação, momento em que ocorre um súbito incremento do tônus miometrial, este incremento do tônus faz com que haja uma expansão da musculatura do útero diminuindo o diâmetro da luz uterina, que, juntamente com o aumento do diâmetro do embrião, leva à fixação do concepto na base de um dos cornos uterinos (BORÉM; CAIXETA, 2008). Segundo alguns autores (ALLEN, 2001; STOUT; ALLEN, 2002), o concepto equino tem a capacidade de secretar grande quantidade de PGF2α e prostaglandina E2 (PGE2). Essa produção é alta no dia 10 após a ovulação quando se comparada aos outros dias, mas não têm acesso à circulação sistêmica em quantidade suficiente que comprometa a função do CL. A função destas prostaglandinas não é completamente definida, porém tem 19 sido proposto que elas são necessárias para estimular localmente os movimentos peristálticos tubáricos e uterinos, envolvendo contração e relaxamento coordenados da musculatura lisa requeridos para propelir o concepto até o útero e de uma extremidade à outra de sua luz. Propõe-se também que tenham outras funções, como promover a rápida expansão inicial do blastocisto e aumentarem o fluxo sanguíneo uterino e permeabilidade vascular, facilitando a distribuição de nutrientes para o desenvolvimento do concepto. A partir dos 17 dias, apesar de já fixo em um dos cornos uterinos, ainda não há conexão direta entre o embrião e o útero. Algumas proteínas do fluido uterino se associam à cápsula embrionária e são responsabilizadas pela nutrição do embrião fazendo parte dessa membrana envoltória (GORETTI, 2005). A secreção endometrial, chamada de “leite uterino”, é a única fonte de nutrientes para o crescimento do embrião antes que ocorra a placentação (PAIVA; COSTA, 2004). Os CLs ovarianos, primário e acessórios, são a fonte de progesterona nos primeiros 120 dias de gestação (GUEDES, 2010). Sendo a produção desse hormônio pela placenta, iniciada entre os dias 50 a 70 de gestação. Essa é a única fonte deste hormônio a partir dos 150 dias (DAELS, 2007). Assim dessa forma a progesterona placentária gradualmente se torna a principal fonte e a partir de 150 dias a produção ovariana não é mais necessária, ocorrendo neste período a regressão dos CLs (MOREL, 2003). A placenta equina é epitéliocorial difusa microcotiledonária e adeciduada, com aderência ocorrendo entre 24 e 40dias de gestação (HAFEZ; HAFEZ, 2004). Este tipo de placentação é não invasiva e produz uma mínima resposta celular materna (GINTHER, 1992). É epitéliocorial uma vez que o epitélio uterino está em contato com o epitélio coriônico, apresentando, portanto, seis camadas de tecido separando as circulações materna e fetal, incluindo endotélio materno e embrionário/fetal; tecido conjuntivo materno e embrionário/fetal; epitélio uterino; e células trofoblásticas. Além disso, há quatro membranas basais a serem transpostas (FLOOD, 1993). É difusa pelo fato de que as vilosidades do córion estão distribuídas uniformemente sobre toda a superfície de tecido materno, resultando em pequenos agrupamentos, os vilos que formam os microcotilédones (STOUT; ALLEN, 2002). Esses possibilitam significativa troca de substâncias entre o sangue materno e embrionário/fetal, sem haver, no entanto, comunicação direta entre eles 20 (GRUNERT; BIRGEL, 1982). É adeciduada pelo fato de não ocorrer perda de tecido materno ao parto (GINTHER, 1992). As funções da placenta são diversas, e incluem nutrição e respiração fetal, retirada de detritos e proteção do concepto da resposta imune materna, direcionada contra o concepto e/ou antígenos placentários (GINTHER, 1992). Após a fixação da vesícula embrionária, o concepto passa pelo processo de implantação (SOUZA et al., 2007). A partir da quarta semana inicia-se a formação das vilosidades na superfície coriônica. Por volta da sétima semana essas vilosidades penetram nas criptas maternas, formando os microcotilédones, e com 50 a 75 dias de gestação a placenta está completamente formada (TONIOLLO; VICENTE, 1992). A cintura coriônica, o surgimento dos cálices endometriais e sua invasão no endométrio materno surgem do 35º ao 37º dia de gestação (LEY, 2006). Por volta do 42º dia os cálices endometriais começam a produzir e secretar ECG, que tem ação semelhante ao hormônio luteinizante (LH), estimulando o crescimento de vários folículos que podem ovular ou luteinizar, formando os CLs acessórios (SALLES; ARAÚJO, 2010). Após 140 dias de gestação os cálices endometriais desaparecem, devido a uma reação imunológica tissular uterina, havendo o término de produção de ECG (TONIOLLO; VICENTE, 1992). 2.4. Morte embrionária em equinos A morte embrionária precoce em éguas é definida, apesar de não haver consenso na literatura, como a perda gestacional que ocorre da fertilização até os 40 dias de gestação. A perda gestacional que ocorre a partir dos 40 dias é classificada como morte fetal (GINTHER, 1992; VANDERWALL; NEWCOMBE, 2007). Entretanto, é importante detectar perdas embrionárias que ocorram previamente ao momento em que pode ser diagnosticada a gestação, a fim de se fazer a diferenciação entre perda embrionária e falha de fertilização (VANDERWALL, 2008). Vários estudos descrevem a perda embrionária precoce como um distúrbio reprodutivo frequente e que assume uma considerável importância na eficiência reprodutiva do rebanho equino (PAIVA, 2004). São mais intensas quando comparadas com as perdas em estádios de gestação mais avançados (GINTHER, 1985), com maior ocorrência no 21 período que antecede o 18° dia de gestação (PAIVA, 2004). Entretanto, Villahoz (1985) e Jainudeen e Hafez (2000) verificaram a maior percentagem de morte embrionária antes do 35° dia de gestação, com a fase mais crítica entre os 30 e 35 dias. Vanderwall (2008) considera que os fatores que podem contribuir para a ocorrência de perda embrionária precoce podem ser intrínsecos, extrínsecos e embrionários. Os fatores intrínsecos incluem patologia endometrial, níveis baixos de progesterona, idade da mãe, amamentação, cio do potro, tempo decorrido entre a cobrição e a ovulação, local de fixação intrauterina da vesícula embrionária e anomalias nos cromossomas maternos. Entre os fatores extrínsecos incluem-se o estresse, a nutrição, a época do ano/clima, manipulação genital por palpação retal/ultrassonografia e a qualidade e processamento do sêmen. Os fatores embrionários incluem anomalias cromossômicas e outras características inerentes ao embrião. 2.4.1. Deficiência de progesterona A redução na concentração de progesterona circulante pode resultar em perda embrionária na égua. Concentrações plasmáticas reduzidas entre o sétimo e 17° dia foram encontradas cem éguas que apresentaram morte embrionária entre o 11° e 15° dias de gestação (GINTHER, 1985). Concentrações de progesterona inferiores a 2,5 ng/mL no 12º dia da gestação foram considerados críticos, identificando éguas com disfunção luteal (DUARTE; VIEIRA; SILVA, 2002; CAIADO et al., 2007). Perdas embrionárias em receptoras de embrião ocorreram quando concentrações séricas de progesterona foram inferiores a 2,0 ng/mL (GORETTI, 2005). Estudos revelam que a terapia com progesterona exógena é frequentemente usada numa tentativa de evitar perda embrionária em éguas (DUARTE; VIEIRA; SILVA, 2002; CAIADO et al., 2007). 2.4.2. Endometrites As endometrites causam relevantes prejuízos na reprodução de equinos, por acarretarem baixa fertilidade, morte embrionária e abortamentos. Ocorrem frequentemente 22 devido a alterações nos mecanismos de defesa responsáveis pela eliminação de microrganismos existentes no útero. Nestas condições, as bactérias contaminantes do coito e do parto se instalam, desenvolvendo processo infeccioso que leva à infertilidade por ocasionar, na maioria das vezes, morte embrionária precoce (MATTOS; MALSCHITZKY; JOBIM, 2003). Existem dois mecanismos pelos quais as bactérias ganham acesso ao trato genital da égua: introduzidas durante a cópula, IA, transferência de embrião, infusão uterina ou coleta de amostras para citologia e/ou histopatologia endometrial; e por fatores inerentes à égua que reduzam sua capacidade de defesa contra infecções ascendentes, como na pneumovagina (MELO et al., 2008). Na espécie equina, independentemente do método de cobrição, o sêmen é depositado na luz uterina. Portanto, neste momento as barreiras físicas de acesso à luz uterina são ultrapassadas, sendo o espermatozoide, proteínas do plasma seminal e bactérias do sêmen e pênis, responsáveis pela indução de uma resposta inflamatória uterina aguda (TROEDSSON, 1997). Este quadro inflamatório é um evento fisiológico (TROEDSSON, 1997), porém, o processo inflamatório persistente induz a secreção de PGF2α pelo endométrio, levando à luteólise e impedindo a manutenção da gestação (FERNANDES; FIGUEIREDO, 2007). O útero deve ser capaz de eliminar o processo inflamatório até o quinto dia após a ovulação, momento de entrada do embrião no útero, a fim de proporcionar um ambiente propício para seu desenvolvimento (MALSCHITZKY et al., 2007). Na maioria das éguas esta inflamação desaparece entre um a dois dias pós-cio (ALBERTO; COSTA, 2010).As éguas que conseguem eliminar facilmente a contaminação são ditas éguas resistentes à endometrite, e éguas que falham em eliminar o agente desenvolvem endometrite persistente, sendo denominadas éguas sensíveis à endometrite (ALBERTO; COSTA, 2010). O útero reage rapidamente à presença do sêmen através de um aporte de neutrófilos, que são identificados nesse órgão 30 minutos após a cópula. Esta resposta objetiva a eliminação do excesso de espermatozóides e daqueles defeituosos ou mortos (TROEDSSON; LIU; CRABO, 1998). Segundo Katila (1995), com um aumento na concentração de neutrófilos e a ação dos componentes do sistema complemento e 23 imunoglobulinas, atinge-se o pico inflamatório entre quatro e 24 horas, estando ausente após 48 horas. Barreiras físicas, como a vulva, a prega vestíbulo-vaginal e a cérvix, impedem o acesso de microrganismos ao útero (Troedsson, 1998).Essas barreiras anatômicas devem ser íntegras, já que mudanças conformacionais tendem a predispor a égua a endometrite persistente (KATILA, 1996). A pneumovagina é causa comum de infertilidade na égua e pode ser resultado de alterações na conformação e relaxamento vulvar, que se tornam mais acentuadas durante o estro, senilidade, sucessivas gestações, enfraquecimento da musculatura abdominal, bem como causas de deslocamento do trato gastrintestinal em direção crânio-ventral (MELO et al., 2008). Um importante mecanismo para a eliminação rápida do agente agressor e dos componentes e subprodutos inflamatórios é a contratilidade miometrial. Durante o estro ocorrem períodos de atividade contrátil de aproximadamente cinco minutos, alternados com períodos equivalentes de repouso. O desempenho deste mecanismo requer adequado relaxamento da cérvix. Éguas sensíveis e de idade avançada apresentam menor capacidade de limpeza mecânica através da cérvix e menor drenagem linfática uterina, acumulando fluido no útero (LEBLANC, 2010). A diminuição da fertilidade causada pela endometrite resulta do efeito sobre a viabilidade dos espermatozóides e dos embriões, caso ocorra a fertilização. A persistência da endometrite, além de cinco dias pós-ovulação, quando o embrião chega ao útero e o CL se torna sensível à PGF2α, pode causar morte embrionária precoce (WATSON, 2000). 2.4.3. Endometrose Esta enfermidade é caracterizada por alterações crônicas e degenerativas do endométrio, como fibrose periglandular, estase linfática e dilatação glandular, podendo ser resultado de repetidas inflamações uterinas. Entretanto, essa enfermidade observada em éguas velhas, que não apresentam histórico de endometrites, sugere que a fibrose degenerativa do endométrio pode ser resultado do envelhecimento (BRITO; BARTH, 2003). Em um estudo feito por Hoffmann (2009), foi observado que éguas que 24 apresentavam endometrose mais severa eram aquelas que já haviam apresentado endometrite. Segundo Carnevale e Ginther (1994), em éguas mais velhas, o período interovulatório é maior que 80 dias, fato que pode decorrer da morte tardia do embrião, após reconhecimento materno da gestação, em consequência da endometrose avançada e deficiência de secreções uterinas para manter o embrião. Cistos endometriais na luz uterina, resultantes de fibrose periglandular, tendem a impedir a movimentação embrionária, restringindo a capacidade da vesícula embrionária em prevenir a luteólise a partir do 10° dia pós-ovulação (GINTHER, 1983). A prevalência em éguas de cistos endometriais varia entre 22 e 27% (EILTS; SCHOLL; PACCAMONTI, 1995; TANNUS; THUN, 1995). Se ocorrer a implantação o contato da parede do cisto e membrana alantóide pode dificultar as trocas placentárias (BROOK; FRANKEL, 1987). Histologicamente, o grau de endometrose é determinado pela frequência de glândulas com fibrose e formação de ninhos glandulares fibrosados, que pode variar numa escala de I a III (KENNEY; DOIG, 1986). 2.4.4. Idade da égua O efeito da idade da égua sobre a fertilidade tem sido amplamente demonstrado na literatura, sendo os piores resultados atribuídos aos animais mais velhos (LAING; LEECH, 1975; HENRY, 1981; LOFSTEDT, 1988; WAELCHLI, 1990; VANDERWAL; WOODS, 1991; CARNEVALE; GINTHER, 1992; GIBBS; DAVISON, 1992; BRINSKO; BALL; ELLINGTON, 1995; VALLE et al., 1999; LEBLANC, 2010) e aos animais muito jovens (VLACHOS; PASCHALERI, 1965; LOFSTEDT, 1988), sendo que éguas com mais de 15 anos já são consideradas velhas e éguas menores que 4 anos são consideradas novas. Segundo Ball (2000), muitas vezes as éguas idosas são mais valiosas devido às provas já prestadas que atestam o seu valor zootécnico, sendo comum encontrar éguas com mais de 20 anos em programas de reprodução, como nos de transferência de embrião, mesmo tendo pior desempenho reprodutivo. Com o avanço da idade ocorre a redução da fertilidade atribuída a diversos fatores. Ginther (1992) relata que com a idade advém menor contratilidade uterina e, assim, menor 25 habilidade para expulsar corpos estranhos do útero e, consequentemente, maior ocorrência de endometrites. Está consolidado pela literatura a menor capacidade de éguas velhas eliminarem corpos estranhos e bactérias da luz uterina, contribuindo para maior susceptibilidade a infecções e alterações inflamatórias e degenerativas (HUGHES; LOY, 1969). Silva (1991), estudando a ocorrência de diversas patologias genitais relacionadas à idade da égua, evidenciou que, de maneira geral, há maior ocorrência dessas com o avançar da idade. A funcionalidade dos ovários, a viabilidade dos ovócitos e embriões e funcionalidade das tubas uterinas também são afetadas com o avançar da idade (BLANCHARD; VARNER, 2003). Henry (1981) relata a ocorrência de salpingites e Bennett (2007) a existência de massas tubárias que causam oclusões da sua luz, todas com maior incidência em éguas idosas. Com relação à atividade cíclica, apesar de muitas éguas ainda ciclarem após 20 anos, há aumento do número de folículos pré-ovulatórios da puberdade até os cinco anos de idade, estabilização dos seis aos 15 anos e declínio a partir daí, caminhando para a senescência (GINTHER, 1992). O processo de senescência progride da seguinte forma: a) alongamento da fase folicular e redução do número de folículos; b) ovulações ocasionais com período inter-ovulatório maior que 80 dias; e c) persistência da inatividade ovariana, com folículos menores que 0,5 cm de diâmetro (CARNEVALE; GINTHER, 1994). Éguas idosas são mais susceptíveis a endometrites persistentes (LEBLANC, 2010), sendo éguas virgens e jovens geralmente consideradas como resistentes às endometrites, com base em sua boa resposta às infecções uterinas experimentais (HUGHES; LOY, 1975; EVANS; HAMER; GASON, 1986). No entanto, os resultados apresentados por Malschitzky, Aguir e Trein (2006) demonstram que, em éguas virgens, a endometrite persistente pós-cio é também uma causa potencial de falha reprodutiva, devendo receber estas a mesma atenção que é dada ao quadro em outras categorias de éguas. Segundo Leblanc (2003)a função anormal da cérvix, com fechamento precoce ao final do cio, é a principal causa de falha de limpeza física do útero em éguas virgens. No estudo de Valle (1999) o grupo de éguas de 15 a 19 anos de idade necessitaram maior número de ciclos para concepção se comparadas com grupos de éguas mais novas, onde esse grupo teve uma média de 3,4 ciclos por concepção, o grupo de éguas de 3 a 6 anos tiveram uma média de 1,61, o grupo de 7 a 10 anos uma média de 1,57 e o grupo de 26 éguas de 11 a 14 anos uma média de 1,91, mostrando que o grupo de éguas mais velhas teve uma eficiência de prenhez inferior aos grupos de éguas mais novas. Entretanto, apesar da fertilidade das éguas decair a partir dos 15 anos de idade, a senescência não ocorreu até os 19 anos. A fim de investigar a qualidade do ovócito, Carnevale, Griffin e Ginther (1993) verificaram que alguns ovócitos de éguas idosas apresentavam anomalias morfológicas, não detectadas nos de éguas jovens, incluindo grandes vesículas no citoplasma ou anomalias associadas ao núcleo, formas irregulares ou alongadas, áreas de citoplasma sem organelas e seções de membrana plasmática com poucas microvilosidades. Mais recentemente, Rambags, Krijtenburg e Drie (2005) identificaram que, após a maturação in vitro, o número de mitocôndrias era significativamente menor nos ovócitos de éguas idosas. A microscopia eletrônica de transmissão demonstrou que as mitocôndrias dos ovócitos das éguas idosas apareciam muitas vezes tumefatas e com danificação extensa das cristas. Carnevale e Ginther (1995) colheram ovócitos das tubas uterinas de éguas jovens e idosas e transferiram-nos para tubas de éguas receptoras jovens, sendo a taxa de gestação menor para os provenientes de éguas idosas. Estudos de Brinsko et al. (1994) e Brinsko, Ball e Ellington (1995) sugerem que a iniciação da transcrição embrionária, que ocorre no estágio de quatro a oito células, durante a embriogênese, pode ser um fator associado com a mortalidade embrionária em éguas idosas. A avaliação do desenvolvimento in vitro de embriões de éguas idosas e jovens demonstrou que, embora não haja alterações no desenvolvimento dos embriões de éguas idosas, estes eram constituídos por blastômeros menores e de menor qualidade do que os embriões de éguas jovens. Ball (2000) afirma que os blastocistos das éguas idosas apresentam mais defeitos morfológicos e menores taxas de sobrevivência após transferência para éguas receptoras saudáveis. 2.4.5. Estresse O estresse é citado por alguns autores como um dos responsáveis pela morte embrionária precoce. Segundo Vanderwall (2008), é importante evitar situações de estresse 27 em éguas no início de gestação, como introdução de animais novos em grupos estáveis, competição pelo alimento e temperatura ambiente muito elevada. Ball (1988) relatou um aparente declínio nas concentrações periféricas de progestinas totais em éguas que passaram por estresse relacionado à dor, doença infecciosa ou desmame de suas crias durante a gestação, propondo que isto se deveu a uma maior liberação de corticóides maternos. Newcombe e Wilson (2005) sugerem que o estresse social, principalmente em éguas recém incluídas num lote de cria, também pode contribuir para a perda embrionária. Entretanto, estudo de Baucus et al. (1990) evidenciou que o transporte de éguas entre a terceira e quinta semanas de gestação, apesar de ter alterado os níveis séricos de progesterona e cortisol, não interferiu a taxa de morte embrionária nas éguas. Stout (2009) cita que o estresse térmico parece influenciar a etapa final do desenvolvimento folicular, a taxa de fertilização e o desenvolvimento do embrião durante os seus primeiros sete dias. 2.4.6. Nutrição Henneke, Potter e Kreider (1984) demonstraram que éguas com má condição corporal dos 90 dias antes aos 90 dias após o parto tiveram taxa de perda embrionária de 75% dos dias 30 a 90 de gestação. Esta taxa foi maior que a de animais que perderam condição corporal até o parto e a recuperaram após; os que mantiveram condição até o parto e após; e os que mantiveram condição até o parto e a perderam após. Ball (1993) também relatou a ocorrência de perdas embrionárias em razão da queda na condição corporal em éguas submetidas à restrição de energia na dieta durante os períodos pré e pósparto. 2.4.7. Genética Anomalias cromossômicas foram indicadas como sendo a maior causa de mortalidade embrionária em todas as espécies (BISHOP, 1964). Em seres humanos, a frequência dessas anomalias em conceptos abortados é estimada em 60% no primeiro 28 trimestre de gestação, caindo para 7% no final da 24a semana (PLACHOT; POPESCU, 1993). Segundo Lear et al. (2008), são seis as translocações autossomais na égua que podem causar mortalidade embrionária, resultando em subfertilidade e infertilidade. Dependendo da combinação gênica e segregação cromossômica na meiose, as translocações podem produzir gametas normais ou alterados. 2.4.8. Local de fixação do embrião no útero O local de fixação do embrião no útero também infllui no seu desenvolvimento, embriões que se fixam no corpo uterino têm menor chance de desenvolvimento do que os que se fixam no corno uterino (JOBERT; LEBLANC; PIERCE, 2005; DAVOLLI, 2010). 2.4.9. Fatores relacionados ao garanhão Ball (1988) reportou maior incidência de perdas embrionárias e fetais em éguas cobertas com um determinado garanhão quando comparada às de outros dois, todos utilizados no mesmo rebanho por cinco anos. Também Ball (1988) relatou uma maior incidência de morte embrionária em éguas cobertas com um determinado grupo de garanhões, garanhões esses que apresentaram anormalidades cromossômicas que incluíam cariótipos 63X0, 65XXY e 64XY. Também são considerados por Ball (1988) como fatores ligados ao garanhão, que causam morte embrionária, a transmissão venérea de doenças, como a metrite contagiosa equina, a arterite viral equina e agentes como a Pseudomonas aeruginosa e Klebsiela pneumoniae. 29 3. MATERIAL E MÉTODOS Foram avaliados os dados provenientes dos arquivos de registro de animais do Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes (RCAT), da Polícia Militar de Minas Gerais, dos quais foram selecionados aqueles animais cujos progenitores tinham identificação precisa de suas idades à concepção dos potros. Assim, dados de 262 potros nascidos entre 1989 e 2010, oriundos de acasalamentos de 120 éguas com 16 garanhões, foram utilizados. As progenitoras eram de padrões raciais diversos, incluindo as raças Crioula, Brasileira de Hipismo, Puro Sangue Inglês e mestiças. Os progenitores eram de diversas raças de hipismo. Ao longo destes anos, foram realizadas estações de monta entre setembro e abril, respeitando a estação reprodutiva fisiológica para equinos nesta região, sendo as éguas submetidas a controle de desenvolvimento folicular e rufiações, e cobrições realizadas por meio de monta natural ou inseminação artificial. Grupos de potros foram formados de acordo com a idade da égua (até 15 anos; maior que 15 anos); idade do garanhão (até 15 anos; maior que 15 anos); e diferença de idades garanhão/égua (garanhão 10 ou mais anos mais velho; garanhão entre 10 anos mais velho e 10 anos mais jovem; garanhão 10 ou mais anos mais jovem). Estes grupos foram formados levando-se em consideração a idade que a égua já começa a ter problemas reprodutivos, para alterar significativamente sua fertilidade. As comparações de razões sexuais entre grupos foram realizadas utilizando-se o teste de Qui-quadrado, quando entre três grupos, e o teste de Fisher, quando entre dois grupos. Já a comparação da frequência observada de cada sexo em determinado grupo e a frequência teórica esperada, de 50% para cada sexo, foi realizada pelo teste de Fisher. Para a comparação entre idades do garanhão e égua dos diferentes grupos foi utilizada a análise não paramétrica de Mann-Withney, quando entre dois grupos, e KruskalWallis, quando entre três grupos, após avaliação de normalidade dos dados pelo teste de Kolmogorov-Smirnoff. Em todos os casos foi considerado o nível de significância de 5% (P<0,05). 30 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO A razão sexual geral do grupo (115 machos e147 fêmeas) foi de 1,0:1,3 macho:fêmea, semelhante estatisticamente à de 1:1 (P = 0,19). Isso mostra não ter havido divergência da frequência esperada à concepção, como proposto por Fisher (1958), de 1:1. Observou-se razão sexual semelhante entre diferentes idades de garanhão (P>0,05), havendo maior proporção de fêmeas no grupo de éguas mais velhas em comparação as éguas mais jovens (P<0,05). Já a razão sexual de cada grupo, quando comparada com a razão teórica de 1:1, mostrou que o grupo de éguas mais velhas proporcionou maior nascimento de fêmeas que de machos (P<0,05). A idade do parceiro (égua ou garanhão) não diferiu entre os grupos de idades de garanhão e de égua (P>0,05), revelando não ter havido interferência da idade do parceiro sobre os resultados. Entretanto, a diferença de idade entre parceiros foi diferente entre grupos (P<0,05), tanto na análise para garanhões como para éguas (Tabela 1). Há relatos de que a diferença de idades entre progenitores interfere a razão sexual da prole. Em trabalho realizado anteriormente por Barbosa (2012), também com equinos, observou-se que a diferença de idade entre égua e garanhão provocou razão sexual de fetos diferente de 1:1 quando a égua era mais velha que o garanhão em seis ou mais anos; e em seres humanos, Manning e Anderton (1998) demonstraram maior nascimento de meninos quando pais eram mais velhos que as mães; e Bayfield e Young (2002) que, numa população de primatas não humanos, quando as fêmeas eram mais velhas que os machos estas pariram mais filhotes fêmea. A fim de verificar se houve interferência da diferença de idades entre progenitores nos resultados da tabela 1, foram formados grupos de distintas diferenças de idade entre progenitores (Tabela 2). Não houve diferença na razão sexual entre grupos (P>0,05), e nem de cada grupo com a razão teórica de 1:1 (P>0,05). Entretanto, as idades dos parceiros, égua ou garanhão, foram diferentes entre os grupos (P<0,05), o que poderia, em princípio, ter interferido nos resultados obtidos. A eliminação de tais potenciais interferências nos resultados obtidos é difícil de controlar, pois sempre que o garanhão ou a égua são mais velhos que o parceiro, naturalmente eles têm idade mais avançada, e vice-versa. Tal situação poderia ser evitada 31 se houvesse uma amostra de animais grande o suficiente para excluir extremos de idades de égua ou garanhão. Tabela 1: Razão sexual de potros nascidos no RCAT entre 1989 e 2010, segundo a idade dos progenitores. Idade do garanhão (anos) Machos / Fêmeas nascidos <15 ≥15 86 / 105 29 / 42 1,0:1,2 Razão sexual / 1,0:1,5 Valor de P 0,58 1 (vs 1:1)0,36 1 / 0,32 1 Idade égua (anos) 10,7 ± 4,6 11,9 ± 4,8 0,07 2 Dif. idade garanhão/ égua(anos) - 4,1 ± 5,0 8,7 ± 5,1 < 0,01 2 Idade da égua (anos) Machos / Fêmeas nascidos <15 ≥15 95 / 98 18 / 42 1,0:1,0 Razão sexual / 1,0:2,3 0,011 (vs 1:1)0,90 1 / 0,041 Idade garanhão (anos) 9,6 ± 6,2 11,0 ± 6,4 0,06 2 Dif. idade garanhão/ égua(anos) 0,8 ± 6,7 - 6,7 ± 7,1 < 0,01 2 1) Teste Exato de Fisher; 2) Teste de Mann-Whitney Tabela 2: Razão sexual de potros nascidos no RCAT entre 1989 e 2010, de acordo com a diferença de idade entre progenitores. Idade do garanhão subtraída a idade da égua (anos) < -10 -10 a +10 > +10 Machos / Fêmeas nascidos 6 / 16 Razão sexual 1,0:2,7 93 / 115 / 1,0:1,24 16 / 16 / 1,0:1,0 Valor de P 0,22 1 (vs 1:1) 0,12 1 / 0,28 1 / 1,00 1 Idade égua (anos) 19,8 ± 2,6 10,7 ± 4,0 7,7 ± 1,9 < 0,01 2 Idade garanhão (anos) 5,8 ± 0,9 9,2 ± 5,7 20,9 ± 1,6 < 0,01 2 1) Teste Exato de Fisher; 2) Teste de Mann-Whitney Numa outra tentativa de eliminar tais problemas das análises, realizou-se a comparação mostrada na tabela 3, onde foram formados os mesmos dois grupos de idades de éguas dentre os casos em que a diferença de idade entre garanhão e égua era de, no máximo, 10 anos (grupo “-10 a +10”, da tabela 2). 32 Tabela 3: Razão sexual de potros nascidos no RCAT entre 1989 e 2010, segundo a idade da égua, quando a diferença de idades entre progenitores era máxima de 10 anos. Idade da égua (anos) <15 ≥15 Machos / Fêmeas nascidos 80 / 80 13 / 35 Razão sexual 1,0:1,0 / 1,0:2,7 Valor de P <0,01 1 (vs 1:1)1,001 / 0,021 Idade garanhão (anos) 7,6 ± 4,2 14,8 ± 6,8 <0,01 2 Dif. idade garanhão/ égua(anos) -1,7 ± 4,6 0,0 ± 5,2 0,032 1) Teste Exato de Fisher; 2) Teste de Mann-Whitney Manteve-se maior nascimento de fêmeas no grupo de éguas mais velhas (P<0,05), assim como a razão sexual diferente da teórica de 1:1 (P<0,05) neste mesmo grupo, o que não ocorreu no grupo de éguas mais jovens (P>0,05). Apesar da diferença de idades entre garanhão e égua se apresentar estatisticamente distinta entre os grupos (P<0,05), esta não parece ser biologicamente relevante, já que foram menores que dois anos nos dois grupos. Já com relação à diferença de idade média do garanhão entre grupos, detectada (P<0,05), se a idade mais avançada dos garanhões no mesmo grupo de maior faixa etária das éguas tivesse exercido algum efeito, privilegiando o nascimento de potros machos, já que o embrião sempre tende para o sexo do progenitor com a idade avançada como vimos na literatura, haveria razão sexual semelhante a 1:1 neste grupo, o que não ocorreu. Isto parece suficiente para demonstrar que o efeito da idade avançada da égua se sobrepôs ao efeito da idade avançada do garanhão, se é que este último existiu, já que neste estudo isso não foi evidenciado, influenciando o gênero dos potros ao nascimento. No trabalho de Barbosa (2012) observou-se maior percentual de fetos fêmea que machos filhos de doadoras de embriões com cinco ou mais anos de idade, mas foi semelhante à razão de 1:1. Entretanto, naquele estudo foram avaliados fetos oriundos de transferência de embrião e sexados aos 70 dias de idade, fato que pode ter interferido na sobrevivência embrionária diferenciada, mesmo em éguas mais jovens que aos 15 anos de idade. A pior qualidade uterina de éguas idosas torna sua eficiência reprodutiva mais baixa, estando o envelhecimento da égua relacionado com menores taxas de gestação 33 (VALLE et al., 1999) e aumento das taxas de mortalidade embrionária (LEBLANC, 1994;BLANCHARD, 2003; VANDERWALL, 2008). Trabalhando com o mesmo rebanho deste estudo, Valle et al. (1999) observaram pior fertilidade em éguas a partir dos 15 anos de idade, onde o número de ciclos por gestação nestas éguas é maior que o dobro se comparado a éguas de 3 a 10 anos. A maior perda embrionária em éguas mais velhas, por si só, não explica o razão sexual diferenciada entre grupos etários. Entretanto, pode ter havido taxa de mortalidade diferenciada entre embriões masculinos e femininos na fase de pré-implantação. Segundo Bermejo-Alvarez et al. (2011), embriões bovinos masculinos e femininos podem exibir diferenças fenotípicas devido a transcrição de alguns genes específicos dos cromossomas sexuais, levando a perda embrionária seletiva, em função de capacidades diferentes de resposta a riscos ambientais, como o ambiente uterino. Assim, embriões masculinos seriam mais sensíveis às condições adversas encontradas durante o seu desenvolvimento inicial. Havendo morte precocemente do embrião masculino, cria-se uma nova oportunidade de que, no próximo ciclo estral, seja gerado um embrião feminino, que poderá ser capaz de sobreviver em condições uterinas nas quais o embrião masculino não sobreviveu. Esta estratégia possibilitaria o nascimento de uma fêmea para substituir esta égua idosa, vindo ao encontro da proposta de Coney e McKey (1998). Segundo estes autores (CONEY; MCKEY, 1998), o equilíbrio ideal entre gêneros não é necessariamente o de 1:1, devendo ser levados em consideração fatores diversos da ecologia que levam a um equilíbrio ideal próprio de cada espécie e em cada situação, desviando-se da proporção genética imposta pelo acaso no momento da fertilização, de 1:1. Segundo os autores, não é simplesmente o acaso que determina o sexo genético ao nascimento, pois o ambiente intrauterino pode interferir nesta razão sexual. Entretanto, há estudos que indicam haver, previamente à fertilização, seleção de espermatozóides de acordo com o cromossoma sexual que carrega, relacionando maior habilidade dos espermatozóides que carreiam Y em atingir o ovócito em seres humanos (MARTIN, 1997) e bovinos (SILVA et al., 2008), relacionada à capacitação mais precoce daqueles com cromossoma Y. Assim, em teoria, cópulas ou Ias próximas à ovulação privilegiariam espermatozóides Y, e mais distantes, espermatozóides X. Entretanto, os resultados práticos, in vivo, não são consistentes. No trabalho de Barbosa (2012), não foi observada diferença 34 nas razões sexuais entre grupos distintos de intervalos entre IA e ovulação na égua, apesar de terem sido avaliados poucos dados, onde 330 animais nasceram com IA pré-ovulação e 16 nasceram pós-ovulação Não foram encontrados outros relatos semelhantes para equinos na literatura consultada. Diferentemente do que ocorre na fêmea, a única maneira que o garanhão teria para selecionar a geração de embriões masculinos em detrimento dos femininos, a fim de repor um macho no rebanho, seria através da formação privilegiada de espermatozóides Y em garanhões mais velhos, ou que estes espermatozóides tivessem maior habilidade para fertilizar os ovócitos que os que carregam o cromossomo X. Nenhuma informação a este respeito foi encontrada na literatura consultada. No entanto é possível perceber que, de acordo com a tabela 1, não há indícios de que isso ocorra. 5. CONCLUSÃO Diante dos resultados obtidos, pode-se observar que as éguas mais velhas produziram mais potros do sexo feminino que masculino, independente da idade do garanhão. Suspeita-se que isso se deve ao fato de éguas mais velhas possuírem pior qualidade uterina, ou seja, tem uma menor taxa de gestação se comparada a éguas mais novas devido a patologias uterinas, gerando condições desfavoráveis de sobrevivência a embriões masculinos em relação aos femininos. Entretanto, tal hipótese para explicar o fato deve ser investigada. 35 6. REFERÊNCIAS ALBERTO, A. C. V.; COSTA, L. L. Fatores intervenientes na eficiência de programas de transferência de embriões: a égua doadora idosa. 2010. 70f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) – Universidade Técnica de Lisboa, Faculdade de Medicina Veterinária, Lisboa. ALLEN, W. E. Fertilidade e Obstetrícia Equina. São Paulo: Varela, 1994. ALLEN, W.R. Fetomaternal interactions and influences during equine pregnancy. 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